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Construção de Estruturas e
Fundações.
i
1 DEFINIÇÃO E TIPOS DE FUNDAÇÕES DIRETAS 1
2 PROJETO DE FUNDAÇÕES 4
3 RECALQUES 38
ii
3.1 Determinação dos parâmetros de compressibilidade dos solos (Es e ) 40
3.2 Recalques imediatos MEH no caso de camada de solo semi-infinita. 41
3.3 Recalques imediatos em MEH no caso de uma camada de solo finita. 42
3.4 Recalques imediatos em MEH no caso de multicamadas. 43
3.5 Recalque em Meio Elástico Não Homogêneo (areias) 44
3.6 Recalques admissíveis 48
3.6.1 DISTORÇÃO ANGULAR. 48
3.6.2 RECALQUES TOTAIS LIMITES 49
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50
5 ANEXO - TABELAS 52
iii
Dimensionamento e Projeto de Fundações Superficiais.
(B – Largura; L – Comprimento)
1.4 Radier
Elemento de fundação superficial que comporta o carregamento parcial ou total dos
pilares de uma estrutura.
desempenham funções importantes tais como: (a) impedir deslocamentos horizontais das
fundações; (b) limitar rotações (absorvendo momentos) decorrentes de excentricidades
construtivas; (c) definir o comprimento de flambagem do primeiro trecho de pilares, no caso de
fundações profundas ou de sapatas implantadas a grandes profundidades; (d) servir de fundação
para paredes no pavimento térreo.
2 Projeto de fundações
O projeto de fundações tem como premissa básica o conceito de que as tensões aplicadas
no solo pelos elementos estruturais sejam inferiores às tensões de suporte do solo de modo que
este não se deforme excessivamente. As dimensões do elemento estrutural são determinadas em
função das tensões admissíveis do solo. A deformação do solo decorrente da aplicação da carga
do elemento estrutural deve também ser limitada de modo a não gerar deformações que possam
comprometer a integridade da estrutura como um todo.
Coleta de dados
Os dados necessários ao projeto de fundações são:
Cargas atuantes
Características da construção
Topografia do terreno
Caracterização do solo
Viabilidade de execução e equipamentos necessários
Concepção do projeto
Consiste na escolha do tipo de fundação a ser adotada. Depende do tipo de solo
caracterizado pelos resultados de sondagem, das características e condições das estruturas
vizinhas, e da disponibilidade de equipamentos, materiais e mão de obra. Adicionalmente,
durante a concepção do projeto é imprescindível que:
As cargas da estrutura devem ser transmitidas a camada do terreno capaz de suporta-las
As deformações do solo decorrentes da aplicação da carga estrutural devem ser
compatíveis com as deformações que as estruturas podem sofrer.
A execução das fundações não deve comprometer ou causar dano às estruturas vizinhas.
Além do aspecto técnico a escolha do tipo de fundação deve também atender o aspecto
econômico, com base no seu processo executivo, equipamentos adequados, e a
necessidade de eventual proteção às construções vizinhas.
Cálculo e detalhamento
Conhecidos os parâmetros geotécnicos e o tipo de fundação a ser adotado determinam-se
no processo de cálculo e detalhamento as dimensões dos elementos de fundação e o
dimensionamento e detalhamento das armaduras. Na determinação do dimensionamento
geométrico das fundações, devem ser consideradas tanto a ação de cargas centradas, como a de
cargas excêntricas. No cálculo estrutural as sapatas isoladas e as sapatas corridas podem ser
calculadas como placas, e os blocos de fundação são calculados de modo que a altura adotada
gere esforços de tração na base do elemento de fundação que possam ser suportados pelo
concreto sem o uso de armadura. O tópico seguinte (item 3) apresenta todo o processo de
cálculo e detalhamento de fundações diretas.
𝑃 𝑀 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥
𝜎= ± → 𝜎𝑚𝑎𝑥 = + 𝜎𝑚𝑖𝑛 = −
𝐴 𝑊 𝐴 𝑊 𝐴 𝑊
→ No caso de excentricidade (ex > a/6 – fora do núcleo central) em apenas uma direção
temos o caso onde as tensões máximas e mínimas são definidas por:
→ No caso de excentricidade nas duas direções ortogonais (ex ≤ a/6 e ey ≤ b/6 – Região
1) em apenas uma direção temos o caso onde as tensões máximas e mínimas são definidas por:
𝑃 𝑀𝑦 𝑀𝑥
σ= ± ±
𝐴 𝑊𝑦 𝑊𝑥
𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃. 𝑒𝑦 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃. 𝑒𝑦
σ1 = − − ; σ2 = + −
𝐴 𝑊𝑦 𝑊𝑥 𝐴 𝑊𝑦 𝑊𝑥
𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃. 𝑒𝑦 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃. 𝑒𝑦
σ3 = − + ; σ4 = + +
𝐴 𝑊𝑦 𝑊𝑥 𝐴 𝑊𝑦 𝑊𝑥
Substituindo os módulos de resistência Wx e Wy nas equações acimas temos:
𝑃 6. 𝑒𝑥 6. 𝑒𝑦 𝑃 6. 𝑒𝑥 6. 𝑒𝑦
σ1 = (1 − − ); σ2 = (1 + − )
𝐴 𝑎 𝑏 𝐴 𝑎 𝑏
𝑃 6. 𝑒𝑥 6. 𝑒𝑦 𝑃 6. 𝑒𝑥 6. 𝑒𝑦
σ3 = (1 − + ); σ4 = (1 + + )
𝐴 𝑎 𝑏 𝐴 𝑎 𝑏
3 𝑎 − 2𝑒𝑥
tan 𝛼 =
2 𝑠 + 𝑒𝑦
12 𝑃 𝑏+2𝑠
𝜎𝑚𝑎𝑥 =
𝑏 tan 𝛼 𝑏 2 + 12 𝑠 2
3 𝑏−2𝑒𝑦
tan 𝛽 = 2 𝑡+𝑒𝑥
12 𝑃 𝑎+2𝑡
𝜎𝑚𝑎𝑥 = 𝑎
𝑎 tan 𝛽 𝑎2 + 12 𝑡 2
→ Se excentricidade da carga estiver na região 5, a aplicação da tensão no solo está
representada pela área sombreada na ilustração seguinte. Neste caso a tensão máxima aplicada no
solo é dada por:
𝑒𝑥 𝑒𝑦
𝛼= +
𝑎 𝑏
𝑃
𝜎𝑚𝑎𝑥 = 𝛼 [12 − 3,9 (6𝛼 − 1)(1 − 2𝛼)(2,3 − 2𝛼)]
𝑎𝑏
𝐴𝑠𝑎𝑝
𝑎. 𝑏 = 𝐴𝑠𝑎𝑝 → 𝑎=
𝑏
𝐴𝑠𝑎𝑝
− 𝑏 = 𝑎𝑝 − 𝑏𝑝
𝑏
𝐵2 + 𝑎𝑝 − 𝑏𝑝 𝐵 − 𝐴𝑠𝑎𝑝 = 0
1 1 2
𝑏= 𝑏𝑝 − 𝑎𝑝 + 𝑎 − 𝑏𝑝 + 𝐴𝑠𝑎𝑝
2 4 𝑝
No caso de ação de momentos fletores juntamente com a carga P deve ter em mente que
as dimensões a e b serão superiores às calculadas pelas equações acima. Neste caso devem ser
escolhidas dimensões a e b de modo que a tensão máxima aplicada seja inferior a resistida pelo
solo.
A condição estabelecida entre as dimensões a e b do elemento de fundação pela relação
acima confere que os balanços (abas) da sapata sejam iguais nas duas direções. No caso de se
adotar abas com comprimentos diferentes, deve-se tentar e estabelecer a condição em que a
relação entre as a maior e a menor dimensão seja menor ou igual a 3.
Onde: N1 e N2 são as cargas dos pilares e s a distância entre os centros dos pilares; σsoloadm
tensão admissível do solo e 1,1 é o fator que leva em consideração o peso próprio do elemento
de fundação (sapata + viga de rigidez).
As dimensões a e b em planta da fundação devem ser estabelecidas de modo que os três
balanços “x” sejam iguais.
No caso de ação simultânea de cargas verticais e momentos, a sapata associada deve
possuir dimensões a e b de modo que a tensão máxima aplicada no solo seja inferior à tensão
admissível deste.
𝑎 − 𝑎𝑝 𝑏 − 𝑏𝑝
ℎ≥ ℎ≥
3 3
Obs: de acordo com o método das bielas as sapatas são consideradas como rígidas para:
h ≥ (a-ap)/4 e h ≥ (a-bp)/4 → (β≥26,6°)
tan β = h/c
Para valores de tan β inferiores a 0,5 a sapata é considerada como flexível e para valores
superiores 1,5 como bloco de fundação.
ℎ > 𝑙𝑏 + 𝑐
A sapata isolada possui comportamento similar a uma laje lisa (cogumelo) invertida, onde
um pilar central sustenta uma estrutura em balanço nas duas direções, submetida aos esforços
cortantes e momento fletor. De acordo com a NBR 6118 o comportamento estrutural das
sapatas pode ser analisado com base na rigidez das sapatas (rígida ou flexível).
As sapatas rígidas são preferenciais no projeto de fundações por sua menor deformação,
segurança e resistência a ruptura por punção. As sapatas flexíveis são caracterizadas por pequena
altura. Segundo a NBR 6118, embora seja mais raro seu uso, podem ser utilizadas para fundações
de cargas pequenas e solos relativamente fracos.
𝑐 ℎ
≤ ℎ ≤ 2𝑐 𝑜𝑢 0,5 ≤ ≤2
2 𝑐
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
0,85𝑓𝑦𝑑
Onde: fyd é a tensão de dimensionamento do aço. No caso do aço CA-50 = 5 [tf/cm²] /1,15 =
4,35 [tf/cm²]; Md o Momento de projeto
De acordo coma NBR 6118 a armadura de flexão deve ser uniformemente distribuída ao
longo da largura da sapata, devendo-se estender de face a face e terminar em gancho de forma a
atender o comprimento de ancoragem necessário. É recomendado que o espaçamento da
armadura de flexão seja entre 10 e 20cm.
Nas sapatas quadradas a armadura pode ser igualmente distribuída. Entretanto, nas sapatas
retangulares, de acordo com CEB-70, deve ser seguida a seguinte recomendação.
No caso da verificação da força cortante, o método CEB-70 considera que a força cortante
tem que ser verificada nas duas direções da sapata em uma seção de referência distante d/2 da
face do pilar, e que a força cortante atuante deve ser menor que a força cortante limite. Segundo
Machado4 a força preconizada pela CEB-70 é muito baixa (conservadora), e por isso não deve
ser empregada no projeto de sapatas rígidas. De acordo com a NBR 6118 em sapatas rígidas não
ocorre a ruptura por tração diagonal, mas sim a condição de ruptura da diagonal comprimida.
Verificação da diagonal comprimida. A NBR 6188 recomenda a verificação da tensão
resistente de compressão diagonal do concreto na superfície crítica C que no caso em questão
refere-se ao perímetro do pilar de modo que a tensão de cisalhamento atuante seja menor que a
tensão de cisalhamento resistente.
1,4 𝑃
𝜏𝑠𝑑 = ≤ 𝜏𝑅𝑑2 = 0,27𝛼𝑉 𝑓𝑐𝑑
𝑢. 𝑑
Onde:
P - carga do pilar
d – altura útil d sapata
u – perímetro do pilar;
𝛼𝑉 = 1 − (𝑓𝑐𝑘(𝑀𝑝𝑎))/250
fcd = fck/1,4 onde fck – resistência característica do concreto
1,1 . 1250
𝐴𝑠𝑎𝑝 = = 52885 𝑐𝑚2
0,026
4 MACHADO, C.P. Edifícios de Concreto Armado – Fundações. São Paulo, FDTE, EPUSP, nov. 1985
O fator 1,1 tem como objetivo levar em conta o peso próprio da sapata. Considerando balanços iguais na
sapata, isto é cA = cB, temos:
1 1 1 1
𝐵= 𝑏𝑝 − 𝑎𝑝 + √ (𝑏𝑝 − 𝑎𝑝 )2 + 𝐴𝑠𝑎𝑝 → 𝐵 = (80 − 20) + √ (80 − 20)2 + 52885 = 201,9 𝑐𝑚 →
2 4 2 4
205 𝑐𝑚
𝐴 − 𝐵 = 𝑎𝑝 − 𝑏𝑝 → 𝐴 − 205 = 80 − 20 → 𝐴 = 265𝑐𝑚
𝐴−𝑎𝑝 265−80
𝑐𝐴 = 𝑐𝐵 = = = 92,5𝑐𝑚
2 2
Com base na NBR 6118 a sapata é configurada como rígida para alturas a partir de:
𝐴 − 𝑎𝑝 265 − 80
ℎ≥ ≥ ≥ 61,7 𝑐𝑚
3 3
Além da resistência ao cisalhamento, outros ponto a ser considerado na determinação da altura da sapata
diz respeito ao comprimento necessário para a ancoragem da armadura do pilar (zona de boa aderência
Tabela 1). Para armadura do pilar de 16mm o comprimento necessário é de pelo menos 42cm. Neste caso
adotando uma altura de 70 cm para sapata teremos uma altura útil (d) considerando um cobrimento de
4cm para armadura de flexão da sapata de aproximadamente 65cm (70 – (4+1)), estimando 1cm o centro
de gravidade da armadura.
A altura das faces verticais (ho) nas extremidades da sapata e o ângulo da superfície inclinada da sapata
devem obedecer a relação abaixo:
ℎ/3 = 70/3 = 23,3𝑐𝑚
ℎ𝑜 ≥ { → 25 𝑐𝑚
20 𝑐𝑚
ℎ−ℎ𝑜 70−25
tan 𝛼 = = → 𝛼 = 25,9° (≤30° ok)
𝐶 92,5
A determinação dos momentos fletores internos solicitantes é feita com base na tensão de reação do solo
em função da carga vertical e eventuais momentos atuantes no elemento de fundação. É importante
ressaltar que esta tensão não deve ser confundida com a tensão admissível do solo. As cargas devidas ao
peso próprio da sapata no solo não devem ser consideradas no cálculo do momento fletor, devido a
majoração da carga do pilar pelo coeficiente γf = 1,4. Tensão aplicada no solo:
1,4 . 1250
𝜎 𝑜𝑢 𝑝 = = 0,03221 𝑘𝑁/𝑐𝑚2
205 . 265
A relação h/c = 70/92,5 = 0,76, encontra-se dentro dos limites estabelecidos pelo CEB-70 (0,5≤ h/c≤2).
No caso de balanços diferentes (cA ≠ cB) a verificação deve ser feita nas duas direções da sapata.
𝑀1𝐴 36053
𝐴𝑠𝐴 = = = 15,01 𝑐𝑚2 → ∅10 𝑐 10 𝑐𝑚
0,85𝑑𝑓𝑦𝑑 0,85.65.43,48
𝑀1𝐵 38924
𝐴𝑠𝐵 = = = 16,20 𝑐𝑚2 → ∅10 𝑐 13 𝑐𝑚
0,85𝑑𝑓𝑦𝑑 0,85.65.43,48
Detalhamento da armadura
A NBR 6118 preconiza que a armadura seja uniformemente distribuída ao longo das dimensões da sapata.
Entretanto o CEB-70 apresenta uma distribuição mais concentrada de armadura próxima ao pilar quando
as dimensões da sapata são muito distintas. No caso em questão considerando que a sapata não é muito
retangular as armaduras serão distribuídas uniformemente ao longo das dimensões das sapatas.
Sendo 10 mm o diâmetro da armação adotada, e adotado concreto CA25 e região de boa aderência e
ancoragem sem gancho, temos com base na Tabela 1 um comprimento de ancoragem de 38 cm.
Exemplo
Calcular as armaduras de flexão da sapata do Exemplo 1 pelo “Método das Bielas”. Os dados
considerados no exemplo anterior são: bp = 20cm; ap = 80 cm; P = 1.250 kN, A = 265 cm, B = 205 cm
Limite prático método das bielas h ≥(265-80)/4 = 46,3 cm. De acordo com NBR 6118 a sapata será
considerada como rígida para alturas superiores a 62 cm (h ≥(265-80)/3). Adotando h= 70 cm e
Considerando altura útil d = 70-5 = 65 cm
A taxa de armadura calculada pelo método das bielas foi um pouco inferior à calculada pelo
método anterior (16,20 cm²) A NBR 6118 (item 19.5.3.1) recomenda a verificação da tensão na diagonal
comprimida.
Em uma sapata de área Asap considerando o caso cujo ponto de aplicação da forca P está
localizado dentro do núcleo central de inércia como disposto abaixo temos
𝑃 𝑀 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥
𝜎= ± → 𝜎𝑚𝑎𝑥 = + 𝜎𝑚𝑖𝑛 = −
𝐴𝑠𝑎𝑝 𝑊 𝐴 𝑊 𝐴 𝑊
𝑃 𝑃. 𝑒𝑥 𝑃 𝑃. 𝑒𝑥
𝜎𝑚𝑎𝑥 = + 𝜎𝑚𝑖𝑛 = −
𝐴 𝑊 𝐴 𝑊
𝑐 ℎ
≤ ℎ ≤ 2𝑐 𝑜𝑢 0,5 ≤ ≤2
2 𝑐
O momento atuante na sapata para efeito do cálculo da armadura em relação à seção S1A é
dado por:
Onde Ms é o momento na seção; d – altura útil da sapata; fyd – tensão de cálculo do aço =
fyk/1,15.
1 1 2 1 1
𝑏= 𝑏 − 𝑎𝑝 + 𝑎 − 𝑏𝑝 + 𝐴𝑠𝑎𝑝 →𝐵= (20 − 100) + (20 − 100)2 + 56000 = 200 𝑐𝑚
2 𝑝 4 𝑝 2 4
Fazendo A = 300 cm → B = 220 cm (Asap = 66.000 cm2) e recalculando a tensão máxima e tensão
mínima.
𝐴 − 𝑎𝑝 300 − 100
= = 67 𝑐𝑚
ℎ≥ { 3 3
𝑙𝑏 = 53 𝑐𝑚 → 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟
Adotando h = 80 cm d = 75 cm
ℎ 80
ℎ𝑜 ≥ {3 = 3 = 27 𝑐𝑚 → 30 𝑐𝑚
15 𝑐𝑚
ℎ − ℎ𝑜 80 − 30
𝑡𝑔𝛼 = = → 𝛼 = 27°
𝑐 100
𝑐 ℎ 80
≤ ℎ ≤ 2𝑐 𝑜𝑢 0,5 ≤ ≤2 → = 0,8 𝑜𝑘!
2 𝑐 100
𝑃 𝑀 𝐵𝐴2 220 . 3002
𝜎= ± ∴ 𝑊= =
𝐴𝑠𝑎𝑝 𝑊 6 6
Determinação das seções de referências (comprimento dos balanços) e momentos atuantes nas seções.
P1 = 115 . 3,49 . 220 = 88297 kgf (88,297tf); P2 = [(115 . 0,33)/2] . 220 = 4174,50 kgf (4,174tf)
MS1A =P1 . (xa/2) + P2 . (2xa/3) = 88,297. (115/2) + 4,174 . (2 .115/3) = 5397,1 tf.cm
MS1B = 3,395 . 103 . 300 . (103/2) = 5402633 kgf .cm = 5402,6 tf.cm 2,97
xb
3,395
𝑀
𝐴𝑠 =
0,85 𝑑 𝑓𝑦𝑑
5397,1
𝐴𝑠𝐴 = = 19,47 𝑐𝑚2 → 25∅10 𝑐/9𝑐𝑚 2,97 3,82
0,85 . 75 . 4,348 xa
5402,6
𝐴𝑠𝐵 = = 19,49 𝑐𝑚2 → 25∅10 𝑐/12𝑐𝑚 3,49
0,85 . 75 . 4,348 3,82
Para armadura de flexão é recomendado que o espaçamento das barras esteja compreendido entre 10 e 20
cm
Detalhamento da armadura
Os carregamentos aplicados nas sapatas de divisa são em geral excêntricos, gerando uma
tendência ao tombamento, que é combatida por uma associação de uma viga de equilíbrio a um
elemento de fundação mais próximo.
Considerando o equilíbrio dos momentos, tomando como referência o eixo do pilar interno, temos:
𝑁1 𝑧
𝑁 1 𝑧 = 𝑅1 (𝑧 − 𝑒1 ) → 𝑅1 = ∴ 𝑒1 = (𝐵1 − 𝑏𝑏1 )/2
(𝑧 − 𝑒1 )
Observação NBR 6122/2010: Quando ocorre uma redução de carga devido à utilização de viga alavanca, a fundação deve ser
dimensionada considerando-se apenas 50 % desta redução. Quando a soma dos alívios totais puder resultar em tração na fundação do
pilar aliviado, sua fundação deve ser dimensionada para suportar a tração total e pelo menos 50 % da carga de compressão deste pilar
(sem o alívio).
𝑅1 ′ = 1,2𝑁1
𝑁1 𝑧
𝑅1 " = ∴ 𝑒1 = (𝐵1 − 𝑏𝑏1 )/2
(𝑧 − 𝑒1 )
- Se 0,95 R1’’ ≤ R1’ ≤ 1,05 R1’’, B1 calculado acima e Asap como abaixo:
1,1 𝑅1 "
𝐴𝑠𝑎𝑝 =
𝜎𝑎𝑑𝑚
- Se R1’ ≠ R1’’ e fora dos limites acima, voltar ao procedimento acima fazendo
1,1 𝑅1 " 𝐴𝑠𝑎𝑝
𝐴𝑠𝑎𝑝 = 𝐵1 =
𝜎𝑎𝑑𝑚 2
𝐴1 − 𝑏𝑤 𝑅1
𝐹 = 𝑥𝑎 . 𝐵1 . 𝑝 ∴ 𝑥𝑎 = + 0,15𝑏𝑤 𝑝=
2 𝐴1 𝐵1
𝑥𝑎 𝑥𝑎 2
𝑀=𝐹. → 𝑀 = 𝐵1 . 𝑝 .
2 2
- A altura da sapata (condição de sapata rígida) é dada por:
𝐴1 − 𝑏𝑤
ℎ1 ≥ ∴ 𝑑1 = ℎ1 − 5𝑐𝑚
3
- A área de aço necessário para resistir a flexão:
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
0,85 𝑑1 𝑓𝑦𝑑
0,2𝐴𝑠
𝐴𝑠𝑑𝑖𝑠𝑡 = { 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑠 ≤ 33𝑐𝑚
0,9 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑁1 𝑅1 𝑁1 𝑧
𝑞1 = 𝑝1 = ∴ 𝑅1 =
𝑏𝑝1 𝐵1 (𝑧 − 𝑒1 )
Seção S1
q1bp1
S1 S2
S1
p1bp1
Seção S2
S2
B1
Mmax
Seção 1 (S1):
𝑉2𝐿 = 𝑝1 𝐵1 − 𝑞1 𝑏𝑝1
𝐵1 2 𝑏𝑝1
𝑀2𝐿 = 𝑝1 . − 𝑞1 𝑏𝑝1 (𝐵1 − )
2 2
𝑉12 = 𝑝1 𝑥 − 𝑞1 𝑏𝑝1
𝑥 𝑏𝑝1 𝑥2 𝑏𝑝1
𝑀𝑆12 = 𝑝1 . 𝑥. − 𝑞1 𝑏𝑝1 (𝑥 − ) → 𝑀𝑆12 = 𝑝1 . − 𝑞1 𝑏𝑝1 (𝑥 − )
2 2 2 2
𝑞1 𝑏𝑝1
𝑉12 = 𝑝1 𝑥 − 𝑞1 𝑏𝑝1 → 0 = 𝑝1 𝑥 − 𝑞1 𝑏𝑝1 → 𝑥=
𝑝1
𝑞1 𝑏𝑝1 2 𝑞1
𝑀𝑚𝑎𝑥 = (1 − )
2 𝑝1
Exemplo: Dimensionar uma sapata de divisa associada a uma viga de equilíbrio conforme esquema
ilustrativo abaixo. Dados: aço CA-50 (fyd = 43,5 tf/cm2); Cobrimento das armadura 4 cm; σadm = 0,02
kN/cm²; Pilar de divisa 550 kN e Pilar interno 850 kN; armadura longitudinal do pilar composta por 10
barras de 12,5 mm de diâmetro.
Fazendo 𝐴1 = 2𝐵1
𝐴𝑠𝑎𝑝 36300
𝐵1 = → 𝐵1 = = 134,7 = 135 𝑐𝑚
2 2
𝑁1 𝑧 550 . 400
𝑅1 " = = = 628,6 𝑘𝑁 ∴ 𝑒1 = (𝐵1 − 𝑏𝑏1 )/2 = ((135 − 30)/2) − 2,5 = 50𝑐𝑚
(𝑧 − 𝑒1 ) (400 − 50)
- 0,95 R1’’ ≤ R1’ ≤ 1,05 R1’’ → 597,14 ≤ R1’ ≤ 660 ok B1 = 135 cm:
𝐴1 = 260 𝑐𝑚 𝐵1 = 135 𝑐𝑚
𝐴1 − 𝑏𝑤 260 − 35
𝑥𝑎 = + 0,15𝑏𝑤 → 𝑥𝑎 = + 0,15 . 35 = 117,75
2 2
𝑅1 1,1 . 628,6
𝑝= → 𝑝= = 0,02𝑘𝑁/𝑐𝑚²
𝐴1 𝐵1 260 . 135
𝑥𝑎 2 117,752
𝑀 = 𝐵1 . 𝑝 . → 𝑀 = 135 . 0,02 . = 18717,8 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
𝐴1 −𝑏𝑤 260−35
ℎ1 ≥ ≥ ≥ 75 𝑐𝑚 ∴ 𝑑1 = ℎ1 − 5𝑐𝑚 = 70𝑐𝑚
3 3
𝑀𝑑 1,4 . 18717,8
𝐴𝑠 = → 𝐴𝑠 = = 10,13 𝑐𝑚2 → 13 ∅ 10,0 𝑚𝑚 𝑐 17
0,85 𝑑1 𝑓𝑦𝑑 0,85 . 70 . 43,5
0,2𝐴𝑠 2 𝑐𝑚2
𝐴𝑠𝑑𝑖𝑠𝑡 = { 2 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑠 ≤ 33𝑐𝑚 → 𝐴𝑠𝑑𝑖𝑠𝑡 = { 𝑠 ≤ 33𝑐𝑚 → 8∅ 10,0 𝑚𝑚 𝑐 33𝑐𝑚
0,9 𝑐𝑚 /𝑚 2,34 𝑐𝑚2
Seção 1 (S1):
𝑅1 𝑁1
𝑉1𝐿 = 𝑏𝑝1 (𝑝1 − 𝑞1 ) ∴ 𝑝1 = 𝑞1 =
𝐵1 𝑏𝑝1
628,6 𝑘𝑁 550 𝑘𝑁
𝑝1 = = 4,656 𝑞1 = = 18,333
135 𝑚 30 𝑚
𝑏𝑝1 2 302
𝑀1𝐿 = (𝑝1 − 𝑞1 ) = (4,656 − 18,333) = 6,155 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2
Seção 2 (S2):
𝐵1 2 𝑏𝑝1 1352 30
𝑀2𝐿 = 𝑝1 . − 𝑞1 𝑏𝑝1 (𝐵1 − ) = 4,656. − 18,333 . 30 (135 − ) = 23571 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
2 2 2 2
Entre seções 1 e 2:
Kc = bw . d2 NBR 6118 As = Ks . Md
Md d
DIAMMAX <= 1/10 h
Md = 1,4M A. AÇO MIN ≤ 0.15% bw h fcd = fck / 1,4
+++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++++
bitola utilizada 16.0 mm bitola utilizada 16.0 mm
número de ferros 6.09 número de ferros 6.09
número de ferros 7 número de ferros 7
Dimensionamento da armadura transversal para esforço cortante máximo (410 kN) - armadura de
cisalhamento no trecho da sapata de divisa
𝑉𝑆𝑑
𝐴 𝑆𝑤 𝑐𝑚²/𝑚 = 2,55 − 0,023 𝑏𝑤 𝑓𝑐𝑘 2
𝑑
𝑓𝑐𝑘 6 𝑓𝑐𝑘 2
2
𝑉 𝑑2 = 0,27 1 − 𝑓 𝑏 𝑑 𝑉𝑆𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,0137 𝑏𝑤 𝑑 𝑓𝑐𝑘 𝐴 𝑆𝑤,𝑚𝑖𝑛 (𝑐𝑚²/𝑚) = 𝑏𝑤
250 𝑐𝑑 𝑤 500
Vsd ≤ Vrd2 - Condição para que não ocorra esmagamento das bielas de compressão
Vsd ≤ Vsdmin - Condição para uso de armadura minima
𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 𝑓 𝑉 = 574.4 KN < 𝑉 𝑑2 = 0,27 1 − 𝑓 𝑏 𝑑 = 869.4 KN Vsd <= Vrd2 -- ok
250 𝑐𝑑 𝑤
𝑉𝑆𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,0137 𝑏𝑤 𝑑 𝑓𝑐𝑘 2 = 247.3 KN < 𝑉𝑠𝑑 = 𝑓 𝑉 = 574.4 KN Vsdm in <= Vsd -- Usar arm adura Asw
6 𝑓 2 𝑉𝑆𝑑
𝐴 𝑆𝑤,𝑚𝑖𝑛 (𝑐𝑚²/𝑚) = 𝑏𝑤 = 3.1 cm²/m 𝐴 𝑆𝑤 𝑐𝑚²/𝑚 = 2,55 − 0,023 𝑏𝑤 𝑓𝑐𝑘 2 = 15.0 cm²/m ←
500 𝑑
número de ramos 4
+++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++++
bitola utilizada 8.0 mm ø 8.0 mm c/ 13 cm
número de ferros 7.46
número de ferros 8 (𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑁5)
Espaçamento (cm) 13
Dimensionamento da armadura transversal para esforço cortante (78,6 kN) - armadura de cisalhamento
no trecho entre limite da sapata de divisa e pilar interno.
𝑉𝑆𝑑
𝐴 𝑆𝑤 𝑐𝑚²/𝑚 = 2,55 − 0,023 𝑏𝑤 𝑓𝑐𝑘 2
𝑑
𝑓𝑐𝑘 6 𝑓𝑐𝑘 2
𝑉 𝑑2 = 0,27 1 − 𝑓 𝑏 𝑑 𝑉𝑆𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,0137 𝑏𝑤 𝑑 𝑓𝑐𝑘 2 𝐴 𝑆𝑤,𝑚𝑖𝑛 (𝑐𝑚²/𝑚) = 𝑏𝑤
250 𝑐𝑑 𝑤 500
Vsd ≤ Vrd2 - Condição para que não ocorra esmagamento das bielas de compressão
Vsd ≤ Vsdmin - Condição para uso de armadura minima
d (cm) = 35
𝑓𝑐𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 𝑓 𝑉 = 110.0 KN < 𝑉 𝑑2 = 0,27 1 − 𝑓 𝑏 𝑑 = 434.7 KN Vsd <= Vrd2 -- ok
250 𝑐𝑑 𝑤
𝑉𝑆𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,0137 𝑏𝑤 𝑑 𝑓𝑐𝑘 2 = 123.7 KN > 𝑉𝑠𝑑 = 𝑓 𝑉 = 110.0 KN Vsdm in > Vsd -- Usar arm adura m ínim a Asw m in
6 𝑓 2 𝑉𝑆𝑑
𝐴 𝑆𝑤,𝑚𝑖𝑛 (𝑐𝑚²/𝑚) = 𝑏𝑤 = 3.1 cm²/m ← 𝐴 𝑆𝑤 𝑐𝑚²/𝑚 = 2,55 − 0,023 𝑏𝑤 𝑓𝑐𝑘 2 = 2.1 cm²/m
500 𝑑
número de ramos 4
+++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++++
bitola utilizada 5.0 mm ø 5.0 mm c/ 21 cm
número de ferros 3.94
número de ferros 4 (𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑁6)
Espaçamento (cm) 25
Esta armadura é colocada na extensão da largura da sapata de divisa (B1), abaixo da armadura
longitudinal negativa ao longo da altura da viga, e tem a finalidade de aumentar a resistência e ductilidade
da viga de equilíbrio.
𝐴𝑠 𝑐𝑜𝑠𝑡 = 0,4 𝐴𝑠 → 𝐴𝑠 𝑐𝑜𝑠𝑡 = 0,4 . 12,24 = 4,89 𝑐𝑚2 → 10 ∅ 8 𝑚𝑚 (𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑁2)
⁄3
𝑓𝑐𝑡𝑘 = 0,21𝑓𝑐𝑘 2
Exemplo: Dimensionar um bloco de fundação para um pilar de 50 x 50 cm, que suporta uma carga total
de 3500 kN, utilizando concreto C25.
β = 60 graus
𝑀𝑡 = 𝐹𝐻 . ℎ + 𝑀
𝑀𝑒 = (𝑁 + 𝑃). (𝐴⁄2)
𝑀𝑒 ≥ 1.5 𝑀𝑡
2 2
𝐹𝑒𝑠𝑡 = (𝑁 + 𝑃) tan ( 𝜙) + 𝐴 ( 𝑐) ∴ 𝐹𝑒𝑠𝑡 ≥ 1,5𝐹ℎ
3 3
Onde:
= ângulo de atrito interno do solo;
c = coesão do solo;
A = dimensão da base em contato com o solo
3 Recalques
O recalque compreende o deslocamento da base do elemento de fundação em relação a
um referencial fixo. Os recalques são decorrentes da diminuição do volume do solo sob a
fundação em função da tensão aplicada sobre o solo. Sua estimativa deve fazer parte do projeto
de fundações, devendo ser inferior à admissível conforme exposto a seguir.
Por definição seguem os seguintes conceitos de recalque:
Recalque diferencial () - corresponde a diferença entre os recalques de dois pontos
quaisquer da fundação;
Recalque diferencial específico (/L) - relação entre o recalque diferencial e a distância
horizontal entre dois pontos
Recalque imediato – ocorre imediatamente após a aplicação da carga
Recalque por adensamento - típico de argilas saturadas sob carregamentos permanentes
que resulta em deformações volumétricas. Este recalque se processa lentamente com a dissipação
das pressões neutras em função da baixa permeabilidade das argilas que dificulta o processo de
expulsão da água intersticial.
O recalque absoluto () de uma fundação compreende duas parcelas: recalque imediato (i)
e recalque de adensamento (c).
= i +c
O recalque por adensamento característico de argilas saturadas sob carregamentos
permanentes resulta da deformação volumétrica em função da diminuição do índice de vazios. O
adensamento ocorre devido a dissipação das pressões neutras lentamente, uma vez que a baixa
permeabilidade das argilas dificulta da água intersticial.
O cálculo por adensamento não pode ser ignorado no caso de fundações diretas em argilas
saturadas, a não ser que sapatas ou tubulões sejam apoiados em argilas sobreadensadas, aplicando
tensões inferiores à tensão de pré-adensamento. O recalque por adensamento é parte integrante
da disciplina de mecânica dos solos, sendo sugerida a revisão acerca do tema com base em leitura
de material complementar.
As fundações diretas também sofrem recalques decorrentes de deformações ocorridas no
solo, sob volume constante, sem redução do índice de vazios. Ocorrem em intervalo de tempo
quase simultâneo à aplicação da carga em condições não drenadas (recalque imediato). O
recalque imediato corresponde a distorção de um elemento de solo (sem a diminuição do seu
volume) sob uma sapata ou tubulão.
O recalque imediato é calculado pela Teoria da Elasticidade Linear. Em alguns casos o
recalque imediato é também denominado recalque elástico. Entretanto, tal denominação pode
levar a suposição equivocada de que solo retornaria a situação original após a aplicação da carga,
o que de fato que não ocorre. Deste modo, no cálculo do recalque é preferível utilizar o termo
Módulo de Deformabilidade ao invés do termo Módulo de Elasticidade. É importante ter em
mente que um material pode se comportar de modo elástico-linear (A); elástico não linear (B); ou
linear não elástico (C), como ilustrado a seguir nas condições de carregamento e
descarregamento.
𝐸𝑠 = 𝛼 𝑞𝑐 𝐸𝑠 = 𝛼 𝐾𝑁𝑠𝑝𝑡 ∴ 𝑞𝑐 = 𝐾𝑁
Exemplo: Estimar o recalque imediato de uma sapata rígida quadrada com 3m de lado, assentada sobre
uma camada semi-infinita de argila rígida e cujo índice de resistência a penetração (Nspt) é 15. Tensão
aplicada no solo – 0,2 MPa
1 − 𝜈2
𝜌𝑖 = 𝜎 𝐵 [ ] 𝐼𝜌
𝐸𝑠
Para a sapata rígida temos Ip=0,99, e argila saturada =0,5; =7; K=0,15 Mpa (valor extrapolado).
1 − 𝜈2 1 − 0,52
𝜌𝑖 = 𝜎 𝐵 [ ] 𝐼𝜌 → 𝜌𝑖 = 0,2 . 3000 [ ] 0,99 → 𝜌𝑖 = 27,8 𝑚𝑚
𝐸𝑠 16
Exemplo: Estimar o recalque imediato de uma sapata rígida quadrada com 3m de lado, assentada a 1,5m
conforme ilustra o esquema a seguir referente a disposição de camadas. Tensão aplicada no solo: 0,2 Mpa.
H/B → 6/3 = 2
𝜎𝐵 0,2 . 3000
𝜌𝑖 = 𝜇0 𝜇1 → 𝜌𝑖 = 0,85 . 0,55 = 18,1𝑚𝑚
𝐸𝑠 16
Camada 1:
𝜌𝑖 = 𝜌1 + 𝜌2
Camada 2:
Para o cálculo do recalque da segunda camada 2, estimaremos a propagação das tensões na proporção
1:2 até o topo da camada 2, resultando em uma sapata fictícia na cota -7,5 m cujo lado equivale a:
∆𝜎 𝐵′ 0,022 . 9000
𝜌2 = 𝜇0 𝜇1 → 𝜌2 = 0,77 . 0,35 = 2,1𝑚𝑚
𝐸𝑠2 26
– coeficiente de Poisson (Barata 1983). Deve-se notar que, na maioria dos casos, o valor em
torno de 0,3 é aceitável. Erros de avaliação neste coeficiente não geram erros significativos na
estimativa dos recalques visto que a parcela correspondente no cálculo é (1-μ2);
a – coeficiente de Buisman.
Segundo Barata (1984) o módulo de elasticidade 𝐸𝑧 deve ser calculado ao longo de todo o bulbo
de pressões no centro da área carregada. A tabela seguinte apresenta valores de α, que definirá a
profundidade máxima atingida pelo bulbo (α.B), onde B é a menor dimensão da fundação.
Exemplo: Calcule o recalque de uma sapata quadrada de 2,5 m x 2,5 m, assentada na superfície, com uma
carga aplicada de 1344 kN. Considere o seguinte perfil de sondagem (SPT) de um solo de areia siltosa.
𝑝
∆ℎ = 𝜆 𝑐Δ 𝐵 (1 − 𝜇 2 )
𝐸𝑧
13
16
19
22
25
26
0,3 - adotado
Cálculo do recalque:
215,04
∆ℎ = 1,0 × 0,82 × × 2,5(1 − 0,32 ) = 0,039 𝑚 = 39 𝑚𝑚
10.250
A título de exemplo, considerando um vão de 6 metros entre dois pilares, tem-se para os
limites acima um recalque diferencial máximo de 2 cm para que não ocorra danos arquitetônicos
e 4 cm para que não ocorram danos estruturais.
A distorção angular depende: do tipo e características do solo; do tipo de fundação; do
tipo, porte, função e rigidez das superestruturas; dos materiais empregados e de suas
propriedades.
4 Referências bibliográficas
Apostila Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado à Força Cortante da Fundação
UNESP – Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos
(Abr/2017) (www.p.feb.unesp.br/pbastos)
Apostila Sapatas da Fundação UNESP – Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. Paulo
Sérgio dos Santos Bastos (Dez/2016) (www.p.feb.unesp.br/pbastos)
Caputo, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Volume 4. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 1977. 184 p.
Cintra, José Carlos Ângelo; Aoki, Nelson; Albiero, José Henrique. Fundações diretas: projeto
geotécnico, 2011.
Exercícios de fundações 2 ed. 2010 autor: Urbano Rodriguez Alonso. editora: Blucher
Hachini, W.; Falconi, F.F.; Saes, J.L.; Frota, R.G.Q.; Carvalho, C. S. & Niyama, S. : editores.
Fundações: Teoria e Prática. 3ª Edição, São Paulo: PINI, 2016.
Pinto, C. de S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3ª Edição, São Paulo: Oficina de Textos,
2006.
5 Anexo - Tabelas
Valores de Kc e Ks para o aço CA-50 (para concretos do Grupo I de resistência – fck ≤ 50 MPa, gc = 1,4, γs =
1,15).
Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (Tabela 17.3 da NBR 6118).