O poeta dramaturgo, escritor e professor Ariano Suassuna em suas obras
defende ardorosamente a cultura brasileira e a idéia da identidade nacional do povo brasileiro, contra o lixo cultural e estrangeirismos na língua Portuguesa, importados principalmente dos Estados Unidos. Em uma de suas célebres frases, Ariano afirma “arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa”, resumindo assim sua intensa e importante trajetória na literatura brasileira. A decisão de homenagear e valorizar a literatura brasileira, conta com o resgate da literatura de Cordel presentes na cultura do nordeste. Estas são as características principais do seu belo trabalho como escritor e professor, na qual estão presentes os elementos que compõem a cultura regional do brasileiro, assim como o linguajar popular das histórias contadas pelo povo, bem como os costumes, danças típicas, músicas entre outros. Em suas belas palavras, apenas elogios ao povo brasileiro, assim é Ariano Suassuna, simples e de fala mansa. Segundo suas próprias palavras, tem como sua missão mostrar que "vivemos em um grande país, com uma grande cultura e nosso povo é um grande povo" portanto multicultural, rico em diversidade cultural e étnica, cercada por lugares lindos e histórias encantadas que o povo conta. As aulas shows apresentam-se em teatros, escolas, em praças, através de narrativas e boas histórias, danças e músicas, reunindo cultura popular e ritmos do nordeste, principalmente valorizando os aspectos da cultura regional. Nas aulas shows com Ariano Suassuna, a oralidade é marcante, tem o sabor de uma boa prosa entre amigos e de um bom orador e contador de histórias, pois nem todo mundo sabe fazê-lo, esse é Ariano Suassuna! Em alguns documentários e entrevistas disponíveis sobre o autor, é possível conhecer como através do tempo, foi construída a literatura de Cordel, o processo
1 Aluna do curso de Letras-Licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura da Língua Portuguesa da
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul- UERGS.Outubro de 2020. de elaboração dos livros através de pequenos carimbos em marchetaria. Também apresenta a música entre o clássico e o barroco como um elemento de construção da poesia de cordel. O autor declara algumas questões, que o levam a valorizar em sua trajetória, a cultura local do país, na qual podemos observar presentes em suas obras. Uma das mais famosas está "o auto da Compadecida" de 1955, que o projetou para todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". O Auto da Compadecida foi sua obra mais conhecida, já foi montada por grupos teatrais de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema. Ariano afirma e parafraseia com algumas palavras de Machado de Assis, algumas teses compartilhadas por ele, "Machado de Assis dizia que no Brasil existem dois países, o país real é bom e revela os melhores instintos, mas o Brasil oficial é caricato e burlesco" nós todos somos nascidos, criados e deformados pelo Brasil oficial, afirma e complementa Ariano. Em 1976, defendeu sua tese de livre-docência, intitulada “A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão Sobre a Cultura Brasileira”, na qual afirmava: "você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda escrevendo com uma linguagem coloquial." O Movimento Armorial foi lançado por ele em 18 de outubro de 1970, e foi um movimento artístico que apresentou o sertão como um universo cultural e lúdico, espaço até então colocado em segundo plano na cultura brasileira. A intenção era construir uma arte essencialmente erudita por meio de elementos autenticamente nacionais, fundindo a cultura popular com o intrincado universo erudito. O Movimento Armorial tinha por objetivo também subverter a estética regionalista dos anos 30, demasiadamente preocupada com questões sociopolíticas.Sobre as questões levantadas em suas obras, entre anjos e demônios e a fé popular, sobre o bem e o mal ele afirma,
….."Em quase todo o meu teatro, um pouco por causa da natureza da
sátira, mas também um pouco, parece, por causa da minha formação calvinista, eu passo o tempo todo julgando os outros e a mim mesmo, absolvendo ou condenando os bons e os maus.[...] Talvez no supra- moralismo do Deus dos Profetas caibam não só as vítimas, mas os chicotes, as espadas, aqueles que os empunharam e até o chefe de todos eles, o Demônio, cujo papel e cuja missão só Deus pode entender. Em suma, dentro da minha cegueira, o que acho é que Deus, para nós, é um arquejo, uma aspiração"...Ariano Suassuna Referências
Ariano Suassuna - Aula-Espetáculo Circo da Onça Malhada em Camocim de
São Félix-11/07/2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=zHnU55hJgMg>Acesso Out.de 2020.