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Um lugar ao sol...

Tempo livre. Algo tão raro nos dias de hoje que tornou-se o novo
regente dos parâmetros do status social moderno. Segundo as últimas
definições da sociologia do capital ter dinheiro já não basta: a
somatória de renda financeira e tempo livre é o que edifica um maior
status. Se alguns podem fazer compras ou jogar golfe, serão poucos
entre eles que poderão fazê-lo numa tarde de um dia de semana.
Mas se tempo livre tornou-se sinônimo de status, o que levariam
pessoas a investi-lo em partidas de tênis? Atividade física,
competitividade, criatividade, expressão, paixão...? Todos bons
candidatos, mas nenhum comparável ao elemento “prazer”. Dentre as
muitas facetas que este se revela , aquelas associadas a êxito e
sucesso são as mais sedutoras: o prazer de ganhar!

Vencer no tênis é indescritível. Paradoxalmente perder também.


Sentimentos tão contraditórios presentes no mesmo palco. Nas mãos
da trajetória da bola, alguém vai desfrutar no fim do jogo boas
emoções, não se podendo dizer o mesmo da outra parte. Há diferentes
intensidades de reação quanto a isto obviamente. Desde sair gritando
de alegria, até quebrar a raquete, passando por uma quase
indiferença, uma coisa é certa: ganhar é bem melhor que perder.

Contudo vencer implica bem mais que meras emoções. Em cada


micro mundo onde alguém realiza seus jogos e torneios, haverá uma
sutil hierarquia baseada na estratificação correlata ao nível de jogo de
cada um. Naquele ambiente, sempre haverá um respeito e carisma
atrelados ao quanto se joga. Os melhores jogadores encontrarão

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parceiros para jogar mais facilmente, serão mais conhecidos e serão
inclusive formadores de opinião nos assuntos inerentes a modalidade.
A sociabilidade daquele grupo será, de forma desapercebida,
fortemente influenciada pelo nível de habilidade de seus integrantes.

Fica claro porque tantos tenistas sociais procuram aulas para


melhorar seu jogo, subir no ranking ou ir bem no torneio interno.
Vencer se torna ainda mais prazeroso quando se está imbuído em um
contexto maior que é suscetível a estes resultados. Vivemos em um
mundo competitivo, estratificado e hierárquico: seria ingenuidade
acreditarmos que não haveria uma intuitiva reprodução
comportamental destes elementos em nossos muitos cenários.

Por mais que tais envolvimentos sejam relativos, de intensidade


inerente a cada personalidade, é senso comum haver bastidores por
trás de cada jogo. Há sempre algo mais envolvido. Aqueles
profissionais de sucesso são vertiginosamente atraídos por
conhecerem sua própria vulnerabilidade ao acumularem algumas
derrotas. Quem traz algumas frustrações do viver pode experimentar
trunfos revitalizantes no fim do dia. Buscando o que está alem de si
próprio, as lições da quadra guiam seus seguidores a se descobrirem.
A intrigante sensação de surpreender-se consigo mesmo.

Vemos que a teia tecida envolve de forma dualista: enquanto o


indivíduo busca um melhor reconhecimento perante seus elementos de
convívio, é posto em constante contato com seus múltiplos
personagens. Na constante alternância entre as antíteses do eu
interior e do externo, estas duas realidades vão se miscigenando,
envolvendo o praticante. Já longe de casa, cada um pode se reinventar
como bem quiser.

Com tantas coisas em jogo, muitas vezes se faz de tudo menos


jogar. Tênis é uma atividade de forte cunho psicológico. Não se deve

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dar as costas a isto quando se entra em quadra. Sempre há dois
caminhos ao golpear a bola: para acertar ou para não errar. No
primeiro caso busca-se o sucesso, no segundo evita-se o fracasso. A
sutil diferença de jogar para ganhar ou para não perder. Quem
procurar acertar está mais próximo de seu melhor rendimento, quem
evita o erro foge de seus golpes. Parece simples fazer a escolha certa,
mas tudo depende do quanto está em jogo. A interpretação subjetiva
de cada partida, de cada momento do confronto, pode te levar de uma
lado a outro destes extremos. Muitos nem percebem estas diferenças e
são presas fáceis do processo. Os mais experientes ainda podem
manter-se do melhor lado através de rotinas e rituais desenvolvidos ou
treinados. Independente do final da estória, o interessante a se notar
que há uma luta entre duas criaturas separadas por uma rede e outra
batalha dentro de cada um...

Com o tempo aprendemos a nos perdoar após erros bobos. Não


tentamos demasiado quando já sabemos que não estamos no nosso
melhor dia. Ousamos ousar coisas novas. Lembramos que do outro
lado tem alguém que também tem capacidades e que pode fazer algo
realmente interessante, e que aplaudi-lo é o melhor para nós mesmos.
Sorrimos para a sorte e até fazemos o mesmo para o azar, afinal já
entendemos que tem tanta coisa alem de nós que não é sensato
encontrar mais um inimigo. Lamentamos provocações, entendo que
são importantes para nos fazer lembrar de algumas que já fizemos e
nos arrependemos. Sabemos que temos que ir com calma, que
descansar nas viradas acaba sendo a parte mais inteligente do jogo.
De uma vez por todas entendemos que a toalha é nosso único amigo
ali, e que ela sempre vai nos dar uma idéia um pouco melhor do que
aquilo que estamos pensando no momento. Já não dizemos que
pararemos de jogar depois de derrotas duras, pois sabemos que no dia
seguinte estaremos de volta. Definitivamente entendemos o quanto é
difícil lidar com uma bola alta e já não temos vergonha de executá-la.
Fugimos dos erros do corredor que apenas revelam nossa ansiedade.

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Guardamos nossas melhor jogadas para os pontos que realmente
importam, sabendo que eles são tão poucos e raros. Finalmente
criamos o hábito de apreciar e elogiar nossas melhores jogadas, afinal,
se não o fizermos, quem o fará por nós? Aceitamos que na maioria das
vezes perdemos para nós mesmos, e por isso damos um pouco mais de
oportunidade do nosso adversário jogar. Atingimos a compreensão
que o jogo de duplas é um jogo com duas pessoas de cada lado, sendo
que uma delas está do nosso lado. Valorizamos ter um bom
fisioterapeuta, pois é ele que nos dará longevidade nesta atividade. Já
ficou claro que não há nada mais difícil do que manter o nível quando
se vence com tranqüilidade e nada mais perigoso que alguém que está
atrás do marcador. Com o tempo nos damos a oportunidade de
acreditarmos naquilo que estamos propostos a fazer por ser no mínimo
a melhor forma de perder caso tudo dê errado.
Faremos muitos amigos, mas no fundo aqueles que nos
acompanharam desde o começo estarão conosco alem dos limites da
quadra. E muitas vezes dentre eles estará nosso professor de tênis.

Nosso professor de tênis...

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