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O poema convida Lídia a sentar-se à beira do rio para apreciarem a efemeridade da vida. O autor propõe uma relação tranquila e sem excessos de paixão para evitarem o sofrimento que a separação inevitável traria. Defende uma atitude estoica de aceitação do destino e aproveitamento sereno do presente.
O poema convida Lídia a sentar-se à beira do rio para apreciarem a efemeridade da vida. O autor propõe uma relação tranquila e sem excessos de paixão para evitarem o sofrimento que a separação inevitável traria. Defende uma atitude estoica de aceitação do destino e aproveitamento sereno do presente.
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O poema convida Lídia a sentar-se à beira do rio para apreciarem a efemeridade da vida. O autor propõe uma relação tranquila e sem excessos de paixão para evitarem o sofrimento que a separação inevitável traria. Defende uma atitude estoica de aceitação do destino e aproveitamento sereno do presente.
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O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta. Já que o não sou por tempo, Seja eu jovem por erro. Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso. Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva É verdadeira. Aceito, Cerro olhos: é bastante. Que mais quero?
Temo, Lídia,
Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
Em qualquer hora pode suceder-nos O que nos tudo mude.
Fora do conhecido é estranho o passo
Que próprio damos. Graves numes guardam As lindas do que é uso.
Não somos deuses; cegos, receemos,
E a parca dada vida anteponhamos À novidade, abismo.
Não Quero, Cloe
Não quero, Cloe, teu amor, que oprime
Porque me exige amor. Quero ser livre.
A 'sperança é um dever do sentimento.
Sofro, Lídia, do Medo do Destino Sofro, Lídia, do medo do destino. A leve pedra que um momento ergue As lisas rodas do meu carro, aterra Meu coração.
Tudo quanto me ameace de mudar-me
Para melhor que seja, odeio e fujo. Deixem-me os deuses minha vida sempre Sem renovar
Meus dias, mas que um passe e outro passe
Ficando eu sempre quase o mesmo, indo Para a velhice como um dia entra No anoitecer.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa Ricardo Reis: Vem sentar-te comigo, Lídia Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. Análise do Poema
"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço.
Reflexão:
1ª Estrofe
· Convite á fruição amorosa serena, uma vez que a vida é breve.
2ª Estrofe
· Consciência da efemeridade da vida, da impossibilidade de voltar a vive-
la, uma vez que o “fado” tudo controla.
3ª Estrofe
· Desenlace amoroso, pois é preciso evitar os grandes desassossegos para evitar
a dor.
4ª Estrofe
· È necessário evitar todos os desassossegos que podem trazer a dor.
5ª Estrofe
· Convite á fruição amorosa tranquila, espiritual, evitando os excessos de amor
físico.
6ª Estrofe
· Valorização do “carpe diem”, colhendo o “perfume” do momento evitando o
conhecimento das coisas.
7 e 8 Estrofes
· Conclusão do poema e justificação para o modelo de vivência amorosa
defendido pelo poeta: se um deles morrer antes o outro não terá que sofrer por isso, uma vez que viveram um amor inocente, sem excessos. O sujeito neste poema propõe a Lídia uma relação tranquila, contida, sem envolvimento nem paixão, como única forma de evitar o sofrimento provocado pela separação que a morte de um deles poderia trazer.
No poema, são notórios os conceitos de epicurismo e estoicismo, aqui fundidos:
se a vida passa e não se pode evitar a morte, é preciso, por um lado, aproveitar totalmente o presente (epicurismo) e, por outro lado vivê-lo com serena e disciplinada aceitação do destino (estoicismo).