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Caso de Apocalipse 3:10 e o Pré-tribulacionismo:


uma análise exegética.

O pré-tribulacionismo possui um apreço muito grande pelo versículo 10 do capítulo 3º


do livro de Apocalipse. Ap 3:10 é basicamente onipresente em qualquer construção para a
defesa do arrebatamento pré-tribulacional. Apesar disso, Ap 3:10 também é disputado pelos
pós-tribulacionistas. Dado que Ap 3:10 é mais importante para os pré-tribulacionistas do que
para os pós-tribulacionistas; estes tem intensificado seus ataques à leitura de Ap 3:10 que
aqueles fazem.

Talvez você já tenha recebido um vídeo bem conhecido nas redes sociais em que
Carlos Augusto Vailatti, um famoso palestrante arminiano e curiosamente defensor do
pós-tribulacionismo, faz a seguinte crítica à leitura pré-tribulacionista de Ap 3:10 (quando
participava de um programa de debates no “Vejam Só”): “[...] A expressão ‘ἐκ τῆς ὥρας’ que
quer dizer ‘da hora’ tem algo de curioso, e por isso eu citei de propósito Ap 3:10, é que a
preposição ‘ἐκ’ segundo os maiores dicionaristas, enciclopedistas e eruditos no grego, quer
dizer ‘sair de dentro’. [...] O significado básico de ‘ἐκ’ é ‘sair de dentro’; se João quisesse
falar sobre ‘sair’ e ‘tirar’ e ‘não participar’ da tribulação, ele poderia ter usado a preposição
‘ἀπό’, ou tantas outras, mas ele usa ‘ἐκ’ que quer dizer ‘sair de dentro’. Desse modo, o
significado básico dessa preposição dentro da expressão ‘ἐκ τῆς ὥρας’, por si só, já refuta a
interpretação pré-tribulacionista. [...] Ora, para a Igreja emergir ‘de dentro da hora da
provação’, como a preposição grega ‘ἐκ’ nos dá a entender claramente, isto significa que ela
deverá, necessariamente, estar presente durante esta provação: ou ‘durante toda ela’ ou, pelo
menos, ‘em boa parte dela’. Quando eu faço essa análise ou essa exegese com muita calma, eu
percebo que há um grave equívoco da exegese pré-tribulacionista que deixou de considerar
um erro tão básico em grego porque ‘ἐκ’ quer dizer ‘sair de dentro’ se a Igreja está ‘dentro’ é
porque ela irá experimentar ‘toda’ ou ‘boa parte’ da Tribulação” ​[esta transcrição não é
“ipsis litteris”, há pequenas modificações feitas pelo autor desse artigo]​.

Em suma, essa objeção pós-tribulacionista em torno da preposição “ἐκ” e seu


“significado básico segundo os melhores dicionaristas, enciclopedistas e eruditos no grego”,
como diria Vaillati, parece ser bem convincente à primeira vista. De fato, reconheço que
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muitos que creem no pré-tribulacionismo ou são “chacoalhados” ou “renegam” essa doutrina


após se deparar com uma objeção tão “formosa” quanto essa. Normalmente, quando os
pós-tribulacionistas se utilizam desse argumento, nas redes sociais, também acrescentam isso:
“a preposição ‘ἐκ’ quando introduz um elemento temporal — que no caso de Ap 3:10 é o
substantivo ‘ώρα’ — não permite o significado ‘fora de’”. É digno de nota que todas essas
citações sempre vem acompanhado da frase “os melhores dicionaristas, enciclopedistas e
eruditos no grego dizem isto”.

Um segundo argumento que usam está relacionado ao verbo “τηρήσω”. Os


pós-tribulacionistas insistem que este verbo significa apenas “reservar”, “manter vigilância
sobre” ou “proteger de”. Com isto eles querem demonstrar que a leitura pré-tribulacionista
consiste em um erro, pois, “τηρήσω” de forma nenhuma signifcaria “remover” ou “tirar”. Esta
objeção parece ser bem incisiva, haja vista que “remover” ou “tirar”, segundo a objeção
pós-tribulacionista, é justamente a denotação que a leitura pré-tribulacional necessitaria para
que a doutrina seja plausível

Outro ataque muito comum do pós-tribulacionismo à interpretação pré-tribulacionista


de Ap 3:10 é um famoso “texto-prova”: João 17:15. “Esse texto”, dizem eles, “são as palavras
do próprio Cristo rogando ao Pai que não ‘ἄρῃς’ [remova] seus discípulos do mundo, mas que
‘τηρήσῃς’ [proteja] eles do malígno”. O que eles querem dizer com isso, na verdade, é que
neste texto o verbo “αἴρω” é contrastado com o verbo “τηρέω" como se o primeiro fosse o
antônimo do segundo; visto que “αἴρω” significa “remover” ou “tirar” e “τηρέω", como já
vimos, significa “proteger” ou “guardar”. Como se não bastasse isso, os pós-tribulacionistas
ainda argumentam que: as expressões “τοῦ κόσμου” [do mundo] e “τοῦ πονηροῦ” [do
maligno] estão acompanhadas da preposição “ἐκ” o que tornaria Jo 17:15 um “versículo
gêmeo” de Ap 3:10; por conseguinte, se João quisesse “definitivamente” propor uma doutrina
pré-tribulacionista em Ap 3:10 ele devera também usar o verbo “αἴρω” conforme faz em Jo
17:15. Para os pós-tribulacionistas, se João quisesse ensinar o arrebatamento pré-tribulacional
ele deveria ter escrito Ap 3:10 da seguinte forma: “κἀγώ σε τηρήσω ​ἀπό τῆς ὥρας τοῦ
πειρασμοῦ” ou “κἀγώ σε ​ἀρῶ ἐκ τῆς ὥρας τοῦ πειρασμοῦ” ou, na melhor das hipóteses,
​ πό τῆς ὥρας τοῦ πειρασμοῦ”.
“κἀγώ σε ἀρῶ ἀ
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Em síntese, toda a crítica pós-tribulacionista à interpretação pré-tribulacional de Ap


3:10 se resume em três pilares: a) a preposição “ἐκ” significa “de dentro de”; b) o verbo
“τηρήσω” não indica “remoção”; c) João deveria usar a preposição “ἀπό” ou o verbo “αἴρω”
ou ambos se quisesse indicar a promessa de um arrebatamento pré-tribulacional para a Igreja.

Eu confesso que toda essa argumentação é muito persuasiva. Não é atoa que esse tipo
de informação disseminada em muitos blogs e redes sociais tem convencido muitos leitores
leigos a abandonarem a leitura pré-tribulacional de Ap 3:10 e também a renunciarem ao
pré-tribulacionismo por completo. De uma forma geral, o pós-tribulacionismo parece ter
conquistado um “bom terreno” ao remover do pré-tribulacionismo um de seus versos
prediletos. É como se o “Super-trunfo” houvesse se transformado em “Nêmesis”.

Pois bem! O propósito dessa reflexão não é “refutar” toda essa argumentação citando
“meia dúzia de acadêmicos”; fazendo conjecturas sobre “o que João deveria ter escrito”; ou
me apegar cegamente à “semântica dos verbos e preposições”. Há muitos grandes acadêmicos
que já fizeram esse trabalho. Eu poderia muito bem dizer, como Vaillati fez, que se João
quisesse infalivelmente ensinar o pós-tribulacionismo em Ap 3:10, ele não deveria usar a
preposição “ἐκ”, mas sim a preposição “ἐν” ou “διά”; já que, segundo o próprio Vaillati, “ἐκ”
é ambíguo [pois pode indicar, também, um “arrebatamento meso-tribulacional ou o pré-ira”].
Mas, isso não bastaria. Não perderei tempo com esse tipo de argumentação, pois, “o que está
escrito... está escrito”! De nada adiantará, também, evocar aqui os “grandes dicionaristas,
enciclopedistas e eruditos” porque para cada 5 ou 10 nomes que eu citar, um
pós-tribulacionista “de plantão” poderá conseguir outros 5 ou 10 nomes que defenda a sua
sardinha. E eu não quero que essa reflexão se torne uma “guerra de nomes”. Não quero uma
guerra de “João deveria ter feito isso” ou “João deveria ter escrito aquilo” — o que está feito,
está feito. Tampouco quero uma guerra de quem pode citar mais acadêmicos, porque isso,
muitas vezes, remove a autoridade escriturística e repassá-la aos intelectuais.

Minha sincera intenção nessa pequena reflexão é demonstrar como que um leitor leigo
pode chegar à conclusão pré-tribulacionista do texto de Ap 3:10 sem depender dos grandes
gramáticos e sem conjecturar sobre “o quê o apóstolo deveria ou não ter escrito”. Meu
propósito não é convencer o pós-tribulacionista sobre o pré-tribulacionismo; mas, auxiliar o
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pré-tribulacionista a permanecer firme em sua convicção. Sem mais delongas... vamos ao


texto...

João escreveu: κἀγώ EU σε TE τηρήσω GUARDAREI ἐκ FORA τῆς ὥρας DA


HORA τοῦ πειρασμοῦ DA TRIBULAÇÃO”. Sim, em tradução livre, eu optei por traduzir a
preposição “ἐκ” pelo nosso advérbio “fora” porque equivalem, neste contexto, ao mesmo
significado das palavras e à intenção do autor bíblico. Alguém me objetaria assim: “mas, não
foi provado que Jo 17:15 demonstra o contrário? Não são usados ali o mesmo verbo ‘guardar’
em contraposição com o verbo ‘tirar’ juntamente com a preposição ‘ἐκ’?”. É verdade que há a
contraposição entre “αἴρω” e “τηρέω", isso, aliás, nenhum pré-tribulacionista nega. O que
negamos é que João quisesse dizer em Ap 3:10 exatamente a mesma coisa que Jesus disse em
Jo 17:15. O contexto imediato de ambas as passagens não nos permite fazer esse tipo de
conclusão. Eu não posso pegar um texto que pertence a outro contexto como diretriz; por isso,
optei por traduzir “te guardarei fora da hora” e não “de dentro da hora”. Há suficiente
testemunho bíblico para fundamentar a minha escolha de tradução.

Quando Jesus faz a Oração Sumo-Sacerdotal não tinha a preocupação em ensinar


doutrinas escatológicas. Ele fez isso antes, no monte das Oliveiras, enquanto respondia as
dúvidas de seus discípulos quanto aos últimos dias; discurso este que ficou conhecido como
Sermão Profético. A preocupação de Cristo em Jo 17:15 era revelar o seu cuidado para com o
seu povo tipificado pelos discípulos de Jesus. O que Jesus está ensinando ali é o que
chamamos de “doutrina da preservação dos Santos” e isto tem haver com a Vida Cristã e não
com a Escatologia Cosmológica. Repare que em Jo 17:15 os verbos “αἴρω” e “τηρέω" estão
conjugados no tempo aoristo do modo subjuntivo. Quem já teve algum contato introdutório
com a gramática grega sabe que no tempo aoristo o fator tempo é algo secundário, importando
mais a qualidade da ação do que a sua localização temporal. E o fator tempo é ainda menos
presente quando estamos falando de um verbo conjugado no modo subjuntivo. Logo, Jesus
não poderia estar ensinando escatologia aos seus discípulos através de sua Oração
Sumo-Sacerdotal usando esses verbos conjugados desse modo. As passagens bíblicas que
ensinam Escatologia Cósmica invariavelmente possuem os seus verbos no modo indicativo, o
modo da objetividade. Como Cristo poderia estar falando sobre o “final dos tempos” usando
os verbos, com o perdão do trocadilho, de modo tão subjetivo? Isto é, como poderia Cristo
ensinar sobre o fim dos tempos sem demarcar tempos ou usar o futuro do indicativo? A
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resposta é clara: Jesus não usou o futuro do indicativo porque ele não estava ensinando
escatologia em Jo 17:15. A doutrina que Jesus ensina em Jo 17:15 é o seu amor e cuidado
pelo seu povo enquanto estiver aqui na terra, rogando ao Pai que preservasse os seus
discípulos. Devemos tirar de nossas mentes essa ideia de que Jo 17:15 deva nortear a
interpretação de Ap 3:10. Estes versos não são “gêmeos”.

O caso de Ap 3:10 é um extremo oposto de Jo 17:15, a começar pelo modo dos


verbos. No primeiro, o modo é indicativo; no segundo é subjuntivo. No primeiro, o tempo
está no futuro; no segundo está no aoristo. Mais do que isso, o propósito do livro de
Apocalipse é justamente ensinar a doutrina das últimas coisas (escatologia); enquanto o
propósito do Evangelho de João é revelar a pessoa de Cristo. Posto isto, eu indago:
deveríamos interpretar Ap 3:10 à luz de Jo 17:15 sendo que os contextos não são
doutrinariamente os mesmos? Não. Sem dúvidas, não podemos fazer isso! Assim sendo,
descartemos Jo 17:15 como um obstáculo à Ap 3:10 e prossigamos para o alvo.

Retornemos à questão de “ἐκ”. Como lançar luz sobre qual significado essa preposição
pode denotar em Ap 3:10? Minha sugestão é que busquemos nas Escrituras outra oração em
que a preposição “ἐκ” também esteja introduzindo o elemento temporal “ὥρα”. Em minhas
pesquisas, encontrei apenas um único outro verso que repete as mesmas palavras em uma
mesma estrutura gramatical. Como um bônus, esse verso também foi escrito pelo apóstolo
João o que facilita muito o nosso trabalho exegético, considerando que a mesma mente foi
quem escreveu ambos.

A passagem é essa: “Νῦν ἡ ψυχή μου τετάρακται, καὶ τί εἴπω; πάτερ, σῶσόν με ἐκ τῆς
ὥρας ταύτης; ἀλλὰ διὰ τοῦτο ἦλθον εἰς τὴν ὥραν ταύτην” (Jo 12:27). O trecho que queremos
é “​πάτερ σῶσόν με ἐκ τῆς ὥρας ταύτης” cuja tradução livre pode ser “πάτερ PAI σῶσόν
SALVA με ME ἐκ FORA τῆς ὥρας DA HORA ταύτης DESTA”.

Veja que nesse verso não há outra tradução possível para a preposição “ἐκ” que não
seja “fora da”. Veja também que “ἐκ”, em Jo 12:27, está introduzindo um elemento temporal:
o vocábulo “ὥρας”. Percebe como essa frase “σῶσόν με ​ἐκ τῆς ὥρας” é muito semelhante a
“σε τηρήσω ἐκ τῆς ὥρας”? Veja essa tabela comparando os dois versículos:
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Jo 12.27 σῶσόν με ἐκ τῆς ὥρας

TRADUÇÃO SALVA ME FORA DA HORA

CLASSE GRAMATICAL VERBO PRONOME PREPOSIÇÃO SUBSTANTIVO

Ap 3:10 σε τηρήσω ἐκ τῆς ὥρας

TRADUÇÃO TE GUARDAREI FORA DA HORA

CLASSE GRAMATICAL PRONOME VERBO PREPOSIÇÃO SUBSTANTIVO

Observe que tanto em Jo 12:27 como em Ap 3:10 os verbos “σῶσόν” e “τηρήσω”


estão expressando, juntamente com a preposição “ἐκ”, uma mesma ação, isto é, possuem um
mesmo sentido que é uma “não permanência” da hora que está para vir. Se você cambiar os
verbos [usar “τηρήσω” em Jo 12:27 e “σῴζω” em Ap 3:10], o sentido permanecerá o mesmo
em ambos os casos.

Para todos os efeitos, caso alguém me pergunte: “como você sabe que a única tradução
possível para a preposição “ἐκ” em Jo 12:27 é “fora da” e não “dentro de”? Eu sei disso
porque João está criando, neste versículo, uma oposição entre duas preposições; a saber: “ἐκ”
e “εἰς”. A preposição “εἰς” significa “dentro de”, “por dentro” ou “para dentro”, logo, o seu
perfeito oposto é “para fora”, “por fora” ou “fora de”. O apóstolo está narrando o pedido que
Cristo está faz ao Pai. Jesus sabe que ele veio precisamente para “esta hora”, para o sacrifício
na Cruz do Calvário, para estar ali, para cumprir sua missão. Em outras palavras, quando
Jesus diz “que direi eu? Pai, salva-me desta hora?” ele demonstra o absurdo que seria ele
querer estar livre ou querer que aquela hora fosse removida de sua missão, é para aquela hora
que ele veio. É por isso que João faz essa oposição entre “ἐκ” e “εἰς”. O que João está fazendo
é criando uma tensão para demonstrar que Cristo sofreu tanto a ponto de rogar que, se
possível, aquela hora fosse removida de sua missão. Mas, Jesus sabia que não poderia pedir
isso, pois ele veio para estar “dentro desta hora” [“εἰς”] e não “fora desta hora” [“ἐκ”]. Se
“ἐκ”, como dizem os pós-tribulacionistas, sempre significasse “dentro de”; que tensão estaria
sendo criada pelo apóstolo João neste texto? Se assim fosse, se “ἐκ” como preposição
temporal não pudesse exercer o significado “fora de”, mas apenas “dentro de” ou “para
dentro”, que ideia Jesus Cristo estaria opondo em suas palavras se dissesse: “Que direi eu? Pai
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livra-me de dentro (ἐκ) desta hora? Mas para isto vim para dentro (εἰς) desta hora”? Essa frase
de Cristo não teria algum sentido se ambas as preposições exercessem o mesmo significado.
Para que isso fique ainda mais claro, há um verso paralelo à Jo 12:27 que traz luz ao que Jesus
estava se referindo aqui: “[...] orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mateus 26:42). Conclui-se que
Cristo orou: “Que direi eu? Pai livra-me para fora (ἐκ) desta hora? Mas para isto vim para
dentro (εἰς) desta hora”.

Algo é digno de nota aqui: o erro dos pós-tribulacionistas não é o que dizem de Jo
17:15, mas a insistência em fazer desse texto a chave-hermenêutica de Ap 3:10. O que eles
deveriam fazer é olhar para Jo 12:27, porque aí está um verso que pode auxiliar na
interpretação de Ap 3:10, pois, ambos os contextos, em última instância, falam sobre um
livramento de algo futuro. A única diferença é que em Jo 12:27 Jesus nega que sua intenção
seja se livrar “para fora” da hora para qual ele veio e em Ap 3:10 Cristo promete livrar a sua
Igreja “para fora” da hora que não lhes pertence.

Sabe por que João não escolheu usar a preposição “ἀπό” para denotar o significado
“fora desta hora”? Porque a preposição “ἐκ” pode muito bem exercer essa função, até mesmo
quando introduz um elemento temporal como o substantivo “ώρα”. Talvez alguém diga: “mas
os pós-tribulacionistas não citaram meia dúzia de gramáticos que dizem que a preposição ‘ἐκ’
nunca pode denotar ‘fora de’ quando introduz um elemento temporal?”. Aí é que está a
questão, meu caro leitor: os gramáticos nunca disseram que a preposição “ἐκ” como
preposição temporal “nunca pode significar ‘fora de’”, os pós-tribulacionistas é que fizeram
parecer que era isto o que os gramáticos estavam a dizer.

Conclui-se que dentro das escrituras temos um exemplo de “ἐκ” como preposição
temporal exercendo um sentido oposto de “para dentro de” ou “de dentro de”. Exemplo este,
escrito pela “mesma pena” que escreveu “τηρήσω ἐκ τῆς ὥρας” em Ap 3:10.

Para mim, apenas esse caso bastaria para que eu cresse em uma leitura
pré-tribulacional de Ap 3:10... mas sei que o coração humano nunca se satisfaz com
“migalhas”. Ainda que o pré-tribulacionismo definitivamente não dependa de Ap 3:10, quero
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citar outro exemplo de uso da preposição “ἐκ” que pode servir como prova de uma leitura
pré-tribulacional desse texto.

O nosso exemplo está em Genesis 12:1 “καὶ E εἶπεν FALOU κύριος O SENHOR τῷ
PARA Αβραμ ABRÃO ἔξελθε SAI ἐ​ κ FORA τῆς γῆς DA TERRA σου TUA καὶ E ​ἐκ
FORA τῆς συγγενείας DA PARENTELA σου TUA καὶ E ​ἐκ FORA τοῦ οἴκου DA CASA
τοῦ πατρός DO PAI σου TEU ε​ ἰς PARA DENTRO τὴν γῆν DA TERRA ἣν ἄν σοι δείξω
QUE EU TE MOSTRAREI”.

Em Gn 12:1 podemos ver, mais uma vez, as preposições “ἐκ” e “εἰς” em


contraposição; assim como estão em contraposição em Jo 12:27. É importante notar que, aqui,
Deus está literalmente dizendo a Abraão, ainda chamado de Abrão, “saia ‘para fora’ de seu
habitat”. Deus está tirando-o, removendo-o e transpondo-o de uma terra em que ele estava
para outra. Não há dúvidas, aqui, sobre a semântica de “ἐκ” e “εἰς”: a primeira significa “para
fora” e a segunda “para dentro”.

Uma vez demonstrado que “ἐκ”, de fato, pode significar “fora” (Gn 12:1) mesmo
quando introduz um elemento temporal (Jo 12:27), resta-me trabalhar agora sobre a questão
do verbo “τηρέω”. Como já demonstrado no início desse artigo, a argumentação
pós-tribulacionista baseia-se no significado léxico dessa palavra. Contra o dicionário não se
pode discutir. Todavia, o próprio texto de Ap 3:10 revela que há um uso especial desse verbo
nas Escrituras; na realidade, quase sempre esse verbo está relacionado com “guardar os
mandamentos de Deus”. A ideia por trás dessa expressão não é a mera “proteção” de um
manuscrito ou papiro que contenha a Palavra de Deus, antes, a ideia por trás dessa expressão é
que essas Palavras fluam “para fora” desses papiros indo diretamente para o coração do leitor.

Como sabemos, há certas expressões Escriturísticas que não podem ser compreendidas
apenas se considerarmos o significado léxico dessas palavras. Talvez, a expressão mais
conhecida seja “ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν” (o Reino dos Céus). Se tomarmos essas palavras ao
pé da letra, teríamos que reconhecer que os Céus possuem um reino, mas sabemos que essa
expressão não quer atribuir autoridade a uma criação de Deus. Há outras expressões bíblicas
como: Justiça, Paz, Vida, Redenção, etc. que normalmente transcendem o seu significado
lexical. Usarei um exemplo para demonstrar que o significado dentro do dicionário nem
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sempre é o significado bíblico de uma palavra: se considerarmos ao pé da letra e segundo o


significado lexical a última expressão que Cristo disse na Cruz, teríamos sérios problemas
contábeis, permita-me este trocadilho. Porque “τετέλεσται” era um termo contábil daquela
época. Mas sabemos que Jesus não estava falando de contabilidade ao bramar “τετέλεσται”
antes de entregar o seu espírito (Jo 19:30).

É o mesmo caso do verbo “τηρέω” quando aplicado à Palavra de Deus. Quando o


autor sacro usa esse verbo, ele não está falando do significado lexical do vocábulo, ele não
está dizendo meramente para “ver”, “custodiar”, “algemar” ou apenas “guardar” o papiro em
um lugar seguro. O que ele está dizendo é “remova essas palavras desses papiros as guardem
em seus corações”. Se você tiver dúvidas que “τηρέω” signifique “remover as palavras do
papiro e esconder no coração”, leia comigo Salmos 119.11: “Escondi a tua palavra no meu
coração, para eu não pecar contra ti”. É disso que João está falando em Apocalipse 3:10.
Assim como a Igreja de Filadélfia ​escondeu a Palavra em seu coração, Deus a ​esconderia da
terrível hora que haveria de vir. Daí, te pergunto: “Qual a melhor forma de se esconder algo
que não seja removê-lo de um local e por em outro local que seja inacessível ao perigo”?

Percebe que a questão de Apocalipse 3:10 não pode ser facilmente resolvida apenas
apontando para o que o dicionário tem a dizer? Mais do que isso, que grande gramático da
língua grega negaria que “τηρέω” tenha esse significado de “esconder” algo “para fora” de
algum lugar? Nunca negaram isso, no máximo, dizem que esse não é o uso comum; mas não
que é impossível que esse verbo exerça esse significado.

A leitura pré-tribulacionista de Ap 3:10 é corroborada pela promessa de que os santos


não foram destinados “para dentro” da Ira de Deus, antes, foram destinados para a salvação.
Veja 1Tessalonicenses 5.9: “ὅτι PORQUE οὐκ NÃO ἔθετο DESTINOU ἡμᾶς NOS ὁ θεὸς
DEUS ε​ ἰς PARA DENTRO ὀργὴν IRA”. Veja que a preposição usada pelo apóstolo Paulo é
“εἰς”. E sabemos que a hora da tribulação da qual João fala em Ap 3:10 é o momento em que
Deus derramará a sua “ὀργὴν” sobre o mundo. Mas a promessa bíblica é a de que a Igreja
estará a salvo porque será escondida (τηρέω) desta terrível hora, porquanto não está destinada
para isso (1Ts 5:9).
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Aliás, essa é a verdadeira Bendita Esperança, Deus destinou a Igreja à salvação em


Cristo, que será consumada quando ele vier arrebatar-la antes que comece o período da qual
ela não pertence; pois, não foi destinada “para dentro” disso.

Meu desejo é que esse artigo nos ajude a nos mantermos alertas ao retorno de Cristo.
Ele virá nos buscar, esta é a promessa. Ele resgatará a sua noiva, purificará a sua nação e
reinará em glória por mil anos, diretamente de Jerusalém, a Cidade Santa, o lugar que Deus
escolheu desde os primórdios bíblicos!

Que Deus seja louvado!


Soli Deo Gloria
Samuel F Silveira

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