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FICHA DE LEITURA E GRAMÁTICA - 14

Professora Fernanda Martins Data: outubro 2019

Leia o texto.

17 de setembro de 2014
É na exteriorização da nossa frágil condição mundana, em dias caiados a desesperança e
amanhãs povoados pelo pessimismo, que se olha para além em busca de algo de salvífico, que
restaure a justiça ausente. Um além e, sobretudo, um aquém providencial que nos liberte das
masmorras da irrelevância, da pobreza e da decadência. Folheando mais um notável livro
5 — A nova teoria do sebastianismo — do ensaísta Miguel Real, verificamos que este volta a
confrontar-nos com os nossos mais profundos complexos e receios enquanto nação. Um face a
face com aquilo a que Eduardo Lourenço apelidou, em O labirinto da saudade, o «máximo de
existência irrealista» de Portugal - o sebastianismo. Ou o eterno retorno, a perene ânsia por uma
entidade exterior à realidade vigente que nos reconduza pelo caminho da prosperidade e da glória
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perdidas.
Este sebastianismo é descendente direto do desespero latente e da plena consciência da
incapacidade de mudar um destino incompreensivelmente adverso, alimentando uma ânsia de um
retorno improvável. Vale a pena citar Miguel Real neste ponto. Hoje, ser sebastianista não é o
permanente aguardar pelo regresso de D. Sebastião numa qualquer manhã de nevoeiro «como o
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Messias regenerador da sociedade portuguesa». Agora, o sebastianismo revela--se na «plena
consciência de que em Portugal só se atinge um patamar próspero de vida se algo (uma
instituição) ou alguém dotado de elemento carismático nos prestar um auxílio que nos retire, por
meios extraordinários, do embrutecimento e empobrecimento da vida quotidiana: a subserviência
rastejante ao partido, a cunha do senhor doutor, a crença no resultado do totoloto ou do
20 euromilhões [...]».
Do ouro do Brasil aos milhares de milhões dos Fundos da Europa, passando por ditaduras
providenciais de quase meio século ou os bem mais recentes disciplinadores financeiros, por
tantos desejados, investidos numa trindade una que nos recolocaria no eixo da responsabilidade e
no trilho infalível rumo ao eldorado a que tais sacrifícios conduziriam no final da penitência, a
25 demanda vai ingloriamente longa. […] Há novos projetos políticos que ameaçam ser diferentes
de tudo o que até agora se conhece, indignados porque a sociedade está saturada, exaurida com
tudo o que sente, vê e ouve. Porque a sociedade descrê. Porque há insatisfação. E, antes de tudo,
há que criar um escape para tanto sentimento gerado, para tanta descrença acrescentada. E
depois? Depois, logo se verá, com certeza. Nestas páginas do quotidiano onde os dias se
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consomem, talvez também haja outro detalhe que decorre do sebastianismo e que nos mereça
uma reflexão. Se, ainda hoje, se procura insistentemente ao longe, não será porque tudo o que nos
é próximo falhou... ou está prestes a falhar?
Nuno Francisco,http://www.jornaldofundao.pt/ publicado em 17 de setembro de 2014;
consultado em 12 de novembro de 2016.

1- De acordo com o texto,


(A) o sebastianismo acabará por desaparecer, devido ao descontentamento permanente da
sociedade portuguesa.
(B) para Miguel Real, a conceção sebastianista continua a manifestar-se como crença
messiânica.
(C) o sebastianismo resulta de uma ideia negativa sobre o presente e da persistência de
memórias de um passado grandioso.
(D) com A nova teoria do sebastianismo, Miguel Real analisa, pela primeira vez, aspetos
distintivos da sociedade portuguesa.

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2. O constituinte «das masmorras da irrelevância, da pobreza e da decadência» (ll. 3-4)
desempenha a função sintática de
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) complemento oblíquo.
(D) complemento do adjetivo.

3. A oração «que nos reconduza pelo caminho da prosperidade e da glória perdidas» (ll.9-10)
é uma subordinada
(A) adverbial consecutiva.
(B) adverbial final.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adjetiva relativa explicativa.

4. A oração «porque a sociedade está saturada» (l. 26) é uma subordinada


(A) adverbial consecutiva.
(B) adverbial final.
(C) adverbial causal.
(D) adjetiva relativa restritiva.

5. A utilização do pronome «este» (l. 5) configura


(A) uma anáfora.
(B) uma catáfora.
(C) um exemplo de coesão interfrásica.
(D) um exemplo de coesão lexical.

6. Identifique o tipo de coesão assegurada pela palavra «porque» (linha 26).

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7. Classifique a oração «onde os dias se consomem»(ll.29-30)

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