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Marcelo Maciel de Almeida – mmacieldealmeida@yahoo.com; macieldealmeida@hotmail.

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www.macieldealmeida.blogspot.com

PARA INGLÊS NÃO VER

Com raríssimos cursos em inglês, Brasil deixa de receber alunos e docentes


estrangeiros.

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

A internacionalização do ensino superior brasileiro tem ganhado força nos últimos anos.
Mas a língua portuguesa ainda é uma barreira na ida e vinda de estudantes e professores
estrangeiros.
Isso porque a maioria das aulas e dos exames na pós-graduação por aqui é ministrada
em português. O cenário é bem diferente de universidades de elite de países como
Alemanha, Suécia e Finlândia, que não falam inglês como língua "mãe", mas têm aulas
nesse idioma.
"Não encontrei resistências por não falar finlandês", conta a engenheira Paula Delgado,
30. Ela fez parte do seu doutorado no Centro de Pesquisa Técnica VTT em Espoo, na
Finlândia, em 2006.
"Todos falavam inglês, mas ficavam contentes quando eu tentava aprender algo em
finlandês", brinca.
Assim como ela, Viviane Alecrim, 29, que fez mestrado na Universidade de Ciências
Aplicadas de Munique, também chegou à Alemanha sem falar a língua do país.
Apesar de a maioria dos professores serem alemães, conta, as aulas eram em inglês - o
que permitiu que ela tivesse colegas de países como China, Tailândia e Irã.
No Brasil, o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) já afirmou que a
internacionalização é necessária para troca de experiências entre países e pode fortalecer
a ciência nacional. "Defendo a ideia de atrairmos pesquisadores de excelência no
exterior", disse à Folha.
Mas, por enquanto, as aulas em inglês estão por conta dos professores estrangeiros. Os
brasileiros, parece, não cogitam dar aula em inglês.
"Em virtude do princípio de igualdade nas condições de acesso e permanência na
escola, as aulas devem ser dadas em português. Ninguém é obrigado a falar outra língua
que não a oficial", explica Nina Ranieri, advogada e professora da USP especialista em
direito à educação.
"É uma postura provinciana, mas que tem fundamento. A oferta em inglês privilegiaria
o acesso dos mais favorecidos", completa Ranieri.

INGLÊS NO LABORATÓRIO
Apesar da resistência nos corredores acadêmicos, a geneticista da USP Mayana Zatz
prega - e pratica - a internacionalização e o uso corrente de inglês na universidade.
"Meus alunos escrevem artigos e a tese em inglês. Estamos tentando que os trabalhos
também sejam apresentados em língua inglesa", conta a geneticista.
O biólogo alemão Mathias Weller, 44, hoje professor da UEPB (Universidade Estadual
da Paraíba), concorda com a prática. Ele estava acostumado a falar inglês nos
laboratórios da Alemanha, mas, no Brasil, teve de aprender português.
"Isso é um limitador. Há bons profissionais que gostariam de vir ao Brasil, mas não
falam português", analisa.
Marcelo Maciel de Almeida – mmacieldealmeida@yahoo.com; macieldealmeida@hotmail.com;
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Aula em inglês, no entanto, é só um dos passos da internacionalização. Para a


engenheira de pesca Juliana Lima, 35, que fez doutorado na Alemanha, uma
universidade bilíngue não está necessariamente preparada para receber estrangeiros.
"Acolhimento também conta."

Frase

"Isso é um grande limitador para o Brasil" - MATHIAS WELLER, biólogo alemão e


professor da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba)

Universidades de SP convidam docentes de fora


DE SÃO PAULO

As três universidades estaduais paulistas se esforçam hoje para aumentar a


internacionalização e a quantidade de alunos estrangeiros.
Apenas 2% dos estudantes da graduação e da pós da USP, por exemplo, são de fora do
país. Para se ter uma ideia do que esse número significa, universidades de ponta como
as norte-americanas Harvard e Stanford e a britânica Cambridge têm cerca de 20% de
estudantes estrangeiros (de graduação e pós).
A USP só tem um programa de pós-graduação ministrado totalmente em inglês. O
curso, de biologia celular e vegetal, acontece no campus de Piracicaba (160 km de SP).
É uma parceria com a Universidade do Estado de Nova Jersey e a Universidade do
Estado de Ohio.
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recrutou professores de fora para
atuar como visitantes. Recebeu mais de 200 currículos de moradores de países como
França, Canadá e Cuba. Os candidatos não precisam falar português.
Na Unesp (Universidade Estadual Paulista), a vinda de um professor convidado da
Universidade de Louisville (EUA) fez com que uma disciplina da pós-graduação em
letras fosse dada em inglês no ano passado.
As aulas em língua estrangeira reuniram alunos brasileiros e norte-americanos no
campus de São José de Rio Preto (438 km de SP).
"Ninguém reclamou de as aulas serem em inglês", conta a aluna de mestrado Márcia
Corrêa Mariano.

ANÁLISE

Não utilizar o inglês é arremessar-se para fora do mundo.


IDIOMA EXERCE UMA ESPÉCIE DE IMPERIALISMO LINGUÍSTICO

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

Há um quê de ideológico na resistência ao inglês. Os sinais são vários e vêm de diversas


frentes.
Em 1999, o combativo deputado Aldo Rebelo, do PC do B paulista, apresentou um
projeto de lei que, em sua versão original, bania todos os estrangeirismos (leia-se,
anglicismos) da língua portuguesa e ainda obrigava brasileiros, natos e naturalizados, e
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pessoas de quaisquer nacionalidades residentes no país há mais de um ano a utilizar-se


do vernáculo, sob pena de multas.
Uma versão desidratada da proposta foi aprovada em duas comissões e ela agora
repousa prudentemente nos escaninhos do Congresso.
Mais êxito teve uma outra iniciativa legislativa que, irmanando ainda mais os povos da
América Latina, ampliou o ensino do espanhol. É a lei nº 11.161/05, que obriga escolas
públicas e privadas de ensino médio a oferecer o idioma de Cervantes como disciplina
optativa.
Se se tratasse apenas de proporcionar aos jovens a oportunidade de aprender direito o
idioma de nossos vizinhos, a norma seria inatacável. O problema é que, numa
interpretação sistemática com o restante da legislação educacional, ela coloca o
espanhol à frente do inglês.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estipula, para o ciclo médio, o ensino,
em caráter obrigatório, de uma língua estrangeira a ser definida pela comunidade
escolar. Prevê também a inclusão de um segundo idioma, em caráter optativo, "dentro
das disponibilidades da instituição".
A pegadinha está no fato de que a 11.161 fala abertamente no espanhol e se cala em
relação ao inglês. As escolas sem grandes "disponibilidades", que devem ser a maioria,
podem escolher a língua de Cervantes no lugar da de Shakespeare como o idioma
moderno obrigatório, de modo a satisfazer as leis disponibilizando apenas uma língua
estrangeira.
Ninguém é obrigado a gostar da primazia de que o inglês goza no mundo
contemporâneo. Podemos ir até um pouco mais longe e reconhecer que esse idioma
exerce uma espécie de imperialismo linguístico. Mas é preciso viver no mundo
encantado de Che Guevara para não perceber que o inglês se tornou aquilo que o grego
representava para o período helenístico e que o latim significava na Idade Média: o
papel de língua veicular universal, na qual falantes dos mais variados idiomas
conseguem se comunicar.
É em inglês que se fecham praticamente todos os grandes negócios internacionais,
assim como é nessa língua que se registram os mais importantes avanços científicos.
Não utilizá-la nesses campos equivale a arremessar-se para fora do mundo.
E os prejuízos de se afastar dos círculos de produção científica e não internacionalizar
as universidades brasileiras superam em muito os de conviver com alguns "sales",
"coffee breaks" e outros estrangeirismos de gosto duvidoso, dos quais a língua saberá
livrar-se, se lhe dermos tempo suficiente.
(Folha de SP, 7/2/2011)

http://sergyovitro.blogspot.com/2011/02/para-ingles-nao-ver.html

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