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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Diogo Vinícius João

Proteção Adaptativa em Microrredes de Média Tensão Formadas


exclusivamente por Conversores Eletrônicos: Uma abordagem baseada em
medição centralizada de tensão

Florianópolis
2019
Diogo Vinícius João

Proteção Adaptativa em Microrredes de Média Tensão Formadas


exclusivamente por Conversores Eletrônicos: Uma abordagem baseada em
medição centralizada de tensão

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Santa Catarina para a obtenção do tí-
tulo de Mestre em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Miguel Moreto, Dr.

Florianópolis
2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

João, Diogo
Proteção Adaptativa em Microrredes de Média Tensão
Formadas exclusivamente por Conversores Eletrônicos : Uma
abordagem baseada em medição centralizada de tensão / Diogo
João ; orientador, Miguel Moreto, 2019.
116 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa


Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica, Florianópolis, 2019.

Inclui referências.

1. Engenharia Elétrica. 2. Proteção de Microrredes. 3.


Proteção Adaptativa. 4. Self-Healing. 5. Reestruturação
radial da rede. I. Moreto, Miguel. II. Universidade
Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica. III. Título.
Diogo Vinícius João

Proteção Adaptativa em Microrredes de Média Tensão Formadas


exclusivamente por Conversores Eletrônicos: Uma abordagem baseada em
medição centralizada de tensão

O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca


examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Antônio Felipe da Cunha de Aquino, D.Sc


Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Roberto de Souza Salgado, Ph.D.


Universidade Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi
julgado adequado para obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica.

Digitally signed by
Bartolomeu Bartolomeu Ferreira Uchoa
Ferreira Uchoa Filho:47636211491
Filho:47636211491 Date: 2020.01.24 12:24:49
-03'00'

Prof. Bartolomeu Ferreira Uchôa-Filho, Dr.


Coordenador do Programa

Assinado de forma digital por


Miguel Moreto:94885010063
Dados: 2020.01.24 10:15:12 -03'00'
Prof. Miguel Moreto, Dr.
Orientador

Florianópolis, 09 de dezembro de 2019.


Este trabalho é dedicado àquele que propiciou um so-
nho de engenheiro além da graduação, meu pai, e aos
amigos que me acompanharam na caminhada que me
trouxe até aqui.
AGRADECIMENTOS

Dedicar um trabalho por meio de nomeações é algo que deve ser feito com
muita cautela pois são muitas as contribuições e o risco de se esquecer de alguém
especial é grande. Antecipo então a dizer que não me atreverei a citar todos, mas os
que se mostraram mais presente nesta etapa de minha vida.
Primeiramente à orientação do Professor Miguel Moreto por ter aceito o trabalho
de estar contribuindo e revisando minhas decisões de tema e metodologias nesta
dissertação, sem sua orientação o trabalho pecaria em uma visão técnica e focada
nos resultados. Também aos professores do laboratório LABSPOT por terem instruído,
motivado e ensinado com suas aulas durante a etapa de disciplina do mestrado.
À minha família, que mesmo por meio de uma grande distância, se mostrou
orgulhosa e motivada com meus desenvolvimentos acadêmicos. Em especial, à meu
pai, Nivaldo João, por ter me dado suporte e ajuda sempre que me foi preciso.
Sem esquecer ainda daqueles que ajudaram a me manter equilibrado perante
tantas indecisões, aos amigos que encontrei no mundo da capoeira, me ajudando a
diluir os stresses em uma boa "roda" e treinos intensos de alegria e harmonia.
À Universidade Federal de Santa Catarina e CAPES, por proporcionarem recur-
sos e incentivo financeiro durante parte do desenvolvimento deste trabalho.
“Stay hungry, stay foolish.”
(Steward Brand, 1966)
RESUMO

A incorporação de gerações de pequeno porte distribuídas ao longo da rede de distribui-


ção, pode resultar em benefícios operacionais ao que tange aspectos como qualidade
de energia e confiabilidade do serviço, além de ser uma solução limpa e bem-quista aos
olhos do fluxo de sustentabilidade. Contudo, estas melhorias trazem desafios técnicos,
em especial aos aspectos relacionados à proteção da rede elétrica. Avaliando estes
desafios, este trabalho de dissertação pondera as dificuldades técnicas presentes em
microrredes formadas puramente por conversores eletrônicos, incorporando nestas,
serviços de Self-Healing através de um sistema de proteção adaptativa. O conceito
de microrredes segue da definição de geração distribuída, incluindo à ela o poder de
operar e manter sua geração e utilização de seus serviços de modo isolado da rede
principal. Assim, a proposta deste trabalho avalia uma metodologia capaz de ser adap-
tativa aos modos de operação conectado e ilhado sem grandes alterações em seus
limiares de proteção. Emprega-se neste trabalho uma metodologia que visa ser efici-
ente, obedecendo os aspectos de sensibilidade, sensitividade e velocidade da filosofia
de proteção, além de objetivar a redução de medições necessárias das grandezas da
rede. Para tal feito, um sistema centralizado de proteção age com medições únicas de
tensão e corrente para detecção da falta, enquanto que ao longo da microrrede, apenas
medições de corrente são utilizadas para localizar e isolar a falta. Com a isolação da
falta, a operação e controle da microrrede são mitigados pelo sistema de proteção que
utiliza técnicas de otimização numérica, resolvendo um problema de fluxo de potência
ótimo para reestruturar a rede, garantindo desta maneira a adaptação da proteção, a
credibilidade do sistema de controle centralizado e a operação da rede em modo radial.
Os resultados deste trabalho são obtidos através da modelagem da microrrede de
média tensão do benchmark Cigré de 14 barras no software PSCAD/EMTDC (Power
System Computer Aided Design/Eletromagnetic Transient Including DC), sendo que
a avaliação numérica e os algoritmos são implementados pelo software MATLAB de
maneira offline.

Palavras-chave: Microrredes. Geração Distribuída. Proteção Adaptativa. Self-Healing.


Proteção Direcional só com medidas de corrente. Proteção de Microrredes. Reestrutu-
ração radial da rede. IEDs
ABSTRACT

The incorporation of micro generations distributed throughout the distribution network


brings operational benefits in terms of quality and reliability, as well as being a clean
and well-liked solution over the sustainability eyes. However, these improvements bring
technical challenges, especially from a protection perspective. Evaluating these chal-
lenges, this M.D. dissertation considers the technical difficulties present in microgrids
formed exclussively by electronic converters, incorporating in them, Self-Healing ser-
vices through an adaptive protection system. The concept of microgrids follows the
definition of distributed generation, including the fact that it can be operated and main-
tained its generation and services isolated from the main network. Thus, the purpose of
this paper evaluates a methodology capable of being adaptive to the connected and is-
landed modes of operation without major changes in their protection thresholds. In this
work, we use a methodology that aims to be efficient, obeying the sensitivity, sensitivity
and speed aspects of the protection philosophy, besides aiming at reducing the nec-
essary measurements of the network quantities. Thus, a centralized protection system
acts with unique voltage and current measurements for fault detection, while along the
microgrid only current measurements are used to locate and isolate the fault. With fault
isolation, operation and control of the microgrid is mitigated by the protection system
that uses numerical optimization techniques, solving an optimal power flow problem, in
order to restructure the network, ensuring protection adaptation, control system credi-
bility, end radial operation mode. The results of this work are obtained by modeling the
14-bus Cigré microgrid benchmark medium-voltage in the PSCAD/EMTDC software,
using PSCAD/EMTDS (Power System Computer Aided Design/Electromagnetic Tran-
sient Including DC), and the numerical evaluation and implementation of the algorithms
are implemented by MATLAB software in a offline way

Keywords: Microgrid. Distributed generation. Adaptive protection. Self-Healing. Direc-


tional protection with only-current measurements. Microgrid Protection. Radial network
restructuring. IEDs.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Controle Secundário a Nível de Microrrede de MT . . . . . . . . . . 25


Figura 2 – Estratégia de Controle por Droop (Peer-to-peer ) . . . . . . . . . . . 27
Figura 3 – Estratégia de Controle PQ e Vf (Master-Slave) . . . . . . . . . . . . 27
Figura 4 – Estrutura de uma microgeração genérica . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 5 – Curva de Tempo Definido e Tempo Inverso . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 6 – Diagrama Fasorial das Grandezas Direcionais . . . . . . . . . . . . 38
Figura 7 – Diagrama do Limiar da Função Direcional Clássica . . . . . . . . . . 39
Figura 8 – Impacto de GD na Operação dos Disjuntores . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 9 – Curvas de LVRT em diferentes países . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 10 – Soluções Existentes para Proteção de Microrredes . . . . . . . . . . 46
Figura 11 – Fluxograma da Proteção Centralizada . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 12 – Circuito Equivalente de Thévenin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 13 – Modelagem de Circuito para Determinar Limiar . . . . . . . . . . . . 54
Figura 14 – Perfil de tensão e corrente das MGs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 15 – Perfil do Limiar L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 16 – Lógica de Comunicação e Gerenciamento Centralizado . . . . . . . 59
Figura 17 – Fluxograma da Lógica Direcional - Proteção Local . . . . . . . . . . 62
Figura 18 – Microrrede de Testes - CICRÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 19 – Linha de Tempo das Variações na Microrrede . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 20 – Perfil de Tensão para Caso 1 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 21 – Perfil de Corrente para Caso 1 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 22 – Limiar Obtido Caso 1 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 23 – Perfil de Tensão para Caso 1 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 24 – Perfil de Corrente para Caso 1 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 25 – Limiar Obtido Caso 1 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 26 – Linha de Tempo das Simulações de Falta . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 27 – Perfil de Tensão para Caso 2 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 28 – Perfil de Corrente para Caso 2 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 29 – Limiar Obtido Caso 2 Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 30 – Perfil de Tensão para Caso 2 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 31 – Perfil de Corrente para Caso 2 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 32 – Limiar Obtido Caso 2 Conectado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 33 – Faltas com Impedância em Modo Ilhado . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 34 – Faltas com Impedância em Modo Conectado . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 35 – Falta em B11 Ilhada: Sistema Radial 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Figura 36 – Falta em B11 Ilhada: Sistema Radial 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Figura 37 – Falta em B11 Ilhada: Sistema Radial 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 38 – Falta em B8 Ilhada: Sistema Radial 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 39 – Falta em B8 Ilhada: Sistema Radial 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 40 – Falta em B8 Ilhada: Sistema Radial 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 41 – Falta em B11 Conectada: Sistema Radial 1 . . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 42 – Falta em B11 Conectada: Sistema Radial 2 . . . . . . . . . . . . . . 86
Figura 43 – Falta em B11 Conectada: Sistema Radial 3 . . . . . . . . . . . . . . 86
Figura 44 – Falta em B8 Conectada: Sistema Radial 1 . . . . . . . . . . . . . . . 87
Figura 45 – Falta em B8 Conectada: Sistema Radial 2 . . . . . . . . . . . . . . . 88
Figura 46 – Falta em B8 Conectada: Sistema Radial 3 . . . . . . . . . . . . . . . 88
Figura 47 – Representação fasorial de uma forma de onda senoidal . . . . . . . 106
Figura 48 – Estimação recursiva com N amostras por janela deslizantes . . . . . 107
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo dos Limiares Obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79


Tabela 2 – Resultado de Linha para Reestrutura - Modo Ilhado . . . . . . . . . 90
Tabela 3 – Resultado de Carga para Reestrutura - Modo Ilhado . . . . . . . . . 91
Tabela 4 – Resultado de Linha para Reestrutura - Modo Conectado . . . . . . 91
Tabela 5 – Resultado de Carga para Reestrutura - Modo Conectado . . . . . . 92
Tabela 6 – Dimensão das linhas da microrrede . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Tabela 7 – Parâmetro das linhas da microrrede . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Tabela 8 – Dimensão das Cargas da microrrede . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Tabela 9 – Dimensão dos Transformadores da microrrede . . . . . . . . . . . . 115
Tabela 10 – Dimensão das microgerações da microrrede . . . . . . . . . . . . . 115
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DA PROTEÇÃO EM
MICRORREDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO . . . . . . . . 18
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2 CONCEITUALIZAÇÃO DE MICRORREDES . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 PRINCIPAIS VANTAGENS DAS MICRORREDES . . . . . . . . . . . 21
2.2 DESVANTAGENS E DESAFIOS TÉCNICOS . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3 GERENCIAMENTO E CONTROLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.1 Controle Secundário - Nível de Microrrede . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.2 Controle Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 ELEMENTOS CONSTITUINTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.4.1 Conversores de Energia Primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4.2 Sistema de Armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4.3 Conversores Eletrônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.3.1 Aspectos de Controle em Conversores Eletrônicos . . . . . . . . . . 30
2.4.4 Arquitetura Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.5 MODOS DE OPERAÇÃO E REESTRUTURA DA MICRORREDE . . 31
2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3 ASPECTOS DE PROTEÇÃO EM MICRORREDES . . . . . . . . . . 34
3.1 FILOSOFIA DE PROTEÇÃO EM SISTEMAS ELÉTRICOS . . . . . . 34
3.1.1 Equipamentos de Proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.1.2 Funções de Proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.1.2.1 Proteção Adaptativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.2.2 Sistema de Reestrutura Self-Healing . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 DESAFIOS NA PROTEÇÃO DE MICRORREDES . . . . . . . . . . . 41
3.2.1 Fatores Influentes na Proteção de Microrredes . . . . . . . . . . . 42
3.2.2 Conceito de Fault Ride Through - FRT . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 COMUNICAÇÃO PARA PROTEÇÃO ADAPTATIVA . . . . . . . . . . 45
3.4 SOLUÇÕES E AVALIAÇÕES NA LITERATURA . . . . . . . . . . . . 46
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4 PROTEÇÃO ADAPTATIVA PROPOSTA . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1 MÉTODO DE DETECÇÃO ADAPTATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1.1 Estimação dos parâmetros de Thévenin . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.2 Definição do Limiar de Detecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.2.1 Algoritmo Computacional para Método de Detecção . . . . . . . . . . 56
4.2 MÉTODO DE ISOLAÇÃO DA FALTA - DIRECIONALIDADE . . . . . . 57
4.2.1 Detecção da Direcionalidade com uso apenas da Corrente . . . . 58
4.2.2 Metodologia Proposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2.2.1 Calculo da Direcionalidade do Fluxo de Potência . . . . . . . . . . . 59
4.2.2.2 Algoritmo e Lógica de Localização e Isolação . . . . . . . . . . . . . 60
4.3 REESTRUTURA DA REDE E ADAPTAÇÃO DA PROTEÇÃO . . . . . 62
4.3.1 Modelagem do Sistema de reestrutura da rede . . . . . . . . . . . 63
4.3.1.1 Função Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.3.1.2 Restrições do Problema de Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5 SIMULAÇÕES E RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.1 SISTEMA TESTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.2 CASO DE DETECÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.2.1 Avaliação da Detecção com Variações na Rede . . . . . . . . . . . 70
5.2.2 Aplicação de faltas na Rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.2.3 Detecção de Faltas com Impedância . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.2.4 Considerações acerca da Detecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3 CASO DE IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL DA FALTA . . . . . . . . . . 79
5.3.1 Resultado para Direcionalidade no Modo Ilhado . . . . . . . . . . 80
5.3.2 Resultado para Direcionalidade no Modo Conectado . . . . . . . 83
5.4 AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA DE REESTRUTURA DA REDE . . 89
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . 95
REFERENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
ANEXO A – TRANSFORMADA DE FOURIER RECURSIVA COM
JANELA DESLIZANTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
ANEXO B – FORMULAÇÃO MATRICIAL DO PROBLEMA DE OTI-
MIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
ANEXO C – DADOS DA MICRORREDE DE TESTE - CIGRÉ BEN-
CHMARK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
14

1 INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, o Sistema Elétrico de Potência (SEP) teve suas fontes
de geração determinadas mediante uma característica essencialmente centralizada.
Ou seja, tratava-se de um sistema cujas unidades de geração eram apartadas dos
centros de distribuição, objetivando o melhor proveito possível das fontes primárias
de transformação de energia. Tal característica, assim, se aparenta vantajosa até o
ponto em que os limites de fluxo das longas linhas de transmissão entre geração e
distribuição não sejam atingidos e onde exista certa facilidade em recursos energéticos
disponíveis para a conversão de energia. Entretanto, tais vantagens deixam de ser pro-
nunciadas devido ao aumento elevado da demanda e à escassez de recursos hídricos
ou das fontes primárias de geração térmica, além de fatores de natureza ambiental que
limitam o aproveitamento máximo das usinas de um sistema hidrotérmico. Em direção
a uma solução que seja viável não apenas economicamente, mas também ecológica
e operacionalmente, surgem motivações para o aproveitamento de energias provindas
de recursos energéticos renováveis não convencionais como, por exemplo, as energias
solar e eólica, de modo a incluí-las no sistema de distribuição à nível de consumidor.
Dessa maneira, torna-se possível gerar a energia necessária para o consumo local,
descentralizando a geração (HATZIARGYRIOU, 2014).
A inclusão de unidades geradoras de energia ao longo do sistema de distribui-
ção faz surgir o conceito de Geração Distribuída (GD). Em seu sentido mais amplo,
as GDs incorporam, além da produção através de microgerações (MG), sistemas de
armazenamento, controle de cargas e gerenciamento de recursos, reduzindo gastos
em transformação e transmissão de energia, onde surge a conceitualização de Re-
cursos Energéticos Distribuídos (RED). Impõe-se assim ao sistema o que se define
como Rede de Distribuição Ativa (RDA), alterando a estrutura tradicional da rede e
incorporando à ela maior complexidade ao seu gerenciamento, operação e controle.
Uma RDA se caracteriza por dar ao consumidor a possibilidade de exercer uma função
semelhante à das grandes centrais geradoras, cedendo a ele influências tanto na pro-
dução quanto no consumo, transporte e comercialização de energia. O conglomerado
de GDs em uma rede de distribuição forma a RDA, onde possibilitando o isolamento
do restante do sistema elétrico, operando de modo independente à rede externa, leva
ao conceito de microrrede.
Existem várias vantagens que tornam possível a aplicação de microrredes no
SEP. Além de aliviar o sistema de transmissão e prover energia de fontes renováveis
e sustentáveis, provê independência na operação frente as fontes intermitentes, e
as desacopla do sistema quando necessário, melhorando a estabilidade de tensão
ao possibilitar que a microrrede opere de modo ilhado, sem influenciar a rede princi-
pal. Verifica-se também o benefício econômico ao eliminar os custos das tarifas de
Capítulo 1. Introdução 15

transmissão e reduzir as perdas de energia por ela ocasionadas.


É possível ainda, segundo Anaya e Pollitt (2015), fazer uso das microrredes na
prestação de serviços ancilares, como por exemplo, no controle de potência reativa, no
adiamento de investimentos da distribuição, da transmissão e da geração, na realização
da expansão coordenada e flexível do sistema de distribuição (modularidade), etc.
Ademais, dentre os três principais benefícios das GDs, destaca-se que 49% envolve o
suprimento de energia, 37% se relaciona aos custos e 36% tem relação com melhorias
na qualidade energética (ALFORD et al., 2012).
Em tese, uma GD não faz distinção entre tecnologias ou níveis de potência, po-
dendo utilizar além de fontes eólicas e fotovoltaicas, geração a combustão, cogeração,
CHP (Combined Heat and Power ), entre outras. Contudo, é certo que a necessidade
de conversores eletrônicos de potência é parte fundamental para conectar as MGs à
rede elétrica de forma eficiente. Estes conversores mitigam a interação entre fontes de
energias intermitentes com a rede e possibilitam o rastreamento da máxima potência
do sistema de microgeração. Entretanto, com a finalidade de proteger suas chaves
eletrônicas, estes dispositivos têm capacidade de corrente limitada em valores não
muito maiores que os nominais. Outro aspecto que surge ao transformar a rede de
distribuição tradicional em uma RDA é a bidirecionalidade do fluxo de potência. Neste
contexto, surgem as duas principais problemáticas relacionadas à proteção de uma
microrrede: a limitação das correntes imposta pelas restrições dos conversores; e a
bidirecionalidade do fluxo de potência devido à distribuição de MGs ao longo da rede.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DA PROTEÇÃO EM MICRORREDES

Apesar dos benefícios obtidos ao avaliar uma microrrede, é necessário também


considerar os desafios técnicos presentes em sua implantação. A proteção de uma
microrrede, portanto, deve agir tanto para o modo ilhado como para o modo conectado.
Deve, igualmente, atuar na decisão do processo de ilhamento, ou seja, ao detectar
uma falta externa ou interna, é necessário decidir se haverá ou não a necessidade de
isolar a microrrede da rede principal, visando a garantia da continuidade do suprimento
de energia aos consumidores. Contudo, as transições entre modos de operação é con-
siderado um dos principais problemas práticos em uma microrrede, como é apontado
em Bellido (2018), resultando em elevados transitórios de sinais, acarretando na poten-
cial perda de sincronismo ou a um desiquilíbrio entre geração e carga, prejudicando
o controle de frequência da rede. Essas transições e efeitos de controle devem ser
considerados ao projetar o sistema de proteção.
A diversidade de fontes de geração presente em uma microrrede acarreta em di-
ferentes comportamentos na rede. Características regionais estabelecem as vantagens
em se utilizar, por exemplo, geradores de indução do tipo gaiola ou de dupla excitação,
para o caso de geração a diesel ou eólica, ou optar por geradores fotovoltaicos ou
Capítulo 1. Introdução 16

de imãs permanentes conectados a rede integralmente por conversores eletrônicos


(HOROWITZ, 2014). Por conseguinte, cada uma das fontes mencionadas terá topolo-
gias de controle distintas e apresentará peculiaridades intrínsecas de comportamento
mediante faltas, conforme apresentado em Haj-ahmed et al. (2018), Bing Chen et al.
(2015), Chaudhary, Brahma e Ranade (2014) e Walling, Gursoy e English (2012).
O interfaceamento das MGs com a rede elétrica feito por meio de conversores
eletrônicos, impõe limitações no nível de corrente, resultando possivelmente em falhas
ao sensibilizar dispositivos de sobrecorrente do sistema de proteção, especialmente
durante a operação em modo isolado. Em contrapartida, no modo conectado, o nível
de corrente de curto-circuito terá valores elevados devido às influências das GDs
durante uma falta. A rápida resposta dos conversores é outro efeito a ser considerado
em um sistema de proteção que difere dos sistemas tradicionais de inércia relevante,
formados por grandes máquinas elétricas com reatâncias síncronas e subsíncronas
consideráveis. Verifica-se assim a necessidade de uma criteriosa avaliação sobre o
comportamento dos conversores eletrônicos durante faltas.
No que concerne o comportamento dos conversores, A. Timbus et al. (2009)
expõe uma avaliação da resposta transitória causada por faltas na microrrede para di-
ferentes modos de controle de uma MG. Por consequência do deslocamento de ângulo
causada pela falta, verifica-se que algoritmos de sincronização são necessários, prin-
cipalmente para curto-circuitos assimétricos e redes desbalanceadas. Desta maneira,
a corrente da microgeração permanece balanceada e seu ângulo se mantém estável
durante a falta. Desta análise, são evidenciados possíveis estratégias de controle para
operação dos inversores durante a falta, questionando a escolha entre boa qualidade
no sinal de corrente ou na resposta de potência da microgeração, optando por um
controle mais rígido das componentes de sequências negativa e zero durante a falta
(TIMBUS, A. V. et al., 2006; RODRIGUEZ et al., 2007). Tais fatos e opções de controle
podem influir diretamente no sistema de proteção.
Os limitadores de corrente presentes nos conversores também influenciam no
comportamento do sistema durante faltas. Análises detalhadas a este respeito são
discutidas em Shuai et al. (2018), Brucoli (2009), Brucoli e Green (2007) e Plet, Brucoli
et al. (2011), apresentando que além da metodologia empregada para o controle de
uma microgeração, a forma com que se projeta o limitador de corrente para os con-
versores tem grande influência no comportamento dos sinais da microrrede durante a
falta. Além disso, são descritas as influências do sistema de aterramento e da topologia
empregada nos conversores para a microgeração, e constatado também que durante
a falta, as formas de onda geradas pela microfontes podem apresentar elevada distor-
ção, grande conteúdo harmônico e divergências em resultados ao considerar diferentes
estratégias de controle.
Como resultado da penetração de GDs na rede, as quais podem envolver pro-
Capítulo 1. Introdução 17

priedades plug and play, verifica-se o estabelecimento de características bidirecionais


para o fluxo de potência nas linhas da rede. Desta maneira, a proteção da microrrede
necessita de elementos que definem o sentido do fluxo de potência durante a falta para
uma correta isolação do defeito. Tal bidirecionalidade é consequência das mudanças
de direção do fluxo nas linhas de acordo com as condições de carga e da estocasti-
cidade presente nas fontes primárias de geração. Portanto, surge a necessidade do
sistema de proteção atualizar seus ajustes de acordo com as mudanças topológicas e
operacionais da microrrede, ainda em estado normal.
De modo geral, pode-se sintetizar a problemática da proteção de microrredes
relacionando-a às estruturas de controle empregadas nos conversores eletrônicos
devido à sua vasta gama de respostas frente à transitórios na rede, limitando desta
maneira o nível de corrente das GDs e influenciando as formas de onda dos sinais, às
diversas fontes de conversão de energia possíveis para a incorporação de recursos re-
nováveis e à bidirecionalidade do fluxo, fazendo com que seja necessária a adaptação
e reestrutura do sistema de proteção para as mudanças de operação da microrrede.
No que diz respeito às soluções encontradas na literatura, apontam-se esque-
mas de proteção baseados tanto em uso de dispositivos externos, quanto na modifi-
cação das funções do sistema de proteção (MOHAMED; SALAMA, 2016). O primeiro
esquema faz uso de limitadores de corrente (FCLs - Fault Current Limiters) quando em
modo conectado, limitando o aumento da corrente devido às GDs, ou mediante uso de
dispositivo externo de fontes de corrente (FCSs - Fault Current Sources), objetivando
injetar corrente elevada ou com alguma característica especial na rede ao detectar uma
falta em modo ilhado, possibilitando que relés de sobrecorrente possam ser sensibili-
zados adequadamente. Já o segundo esquema é baseado em investigações da queda
de tensão e aumento da corrente, ou avaliação no uso de dispositivos de proteção
diferencial ou de distância, ou ainda, incorporação de sistema adaptativo de proteção.
Esses esquemas vislumbram a implementação de técnicas matemáticas e tratamento
de sinais, tanto de corrente quanto de tensão, através de processamentos digitais em
Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IEDs - Intelligent Eletronic Devices), mitigando os
problemas da proteção com a comunicação e o gerenciamento da microrrede.
Frente às dificuldades na proteção de microrredes, há exigências estabelecidas
por códigos de rede que tendem a satisfazer a segurança e qualidade do sistema de
potência mediante perturbações na rede (HOROWITZ, 2014). A norma IEEE-1547, por
exemplo, especifica regras de como isolar a microrrede durante distúrbios e maneiras
de desconectar as GDs. Uma das recomendações existentes é manter a operação da
microrrede conectada durante a falta por um determinado tempo para evitar grandes
perturbações no sistema principal. Esta ação é denominada de Fault Ride Through
(FRT) e é válida para grandes sistemas que influenciam consideravelmente a rede ex-
terna de potência. Ademais, considerações feitas nos trabalho de Laaksonen e Hovila
Capítulo 1. Introdução 18

(2017) e Laaksonen (2015) indicam a tendência de padronização do comportamento


dos conversores eletrônicos durante faltas na rede, regrando as técnicas de controle
empregadas nos conversores. Para se estabelecer uma comunicação entre dispo-
sitivos da microrrede, uma predisposição pela norma IEC-618501 é constatada, na
qual apresenta significativas melhoras em custo, performance e compatibilidade entre
diferentes dispositivos de proteção (PARHIZI et al., 2015).
Embora microrredes sejam erigidas em níveis de sistema de distribuição, os dis-
positivos de proteção típicos à este sistema, como por exemplo fusíveis e religadores,
segundo A. Hooshyar e R. Iravani (2017), não tem adequação técnica para fazer parte
do sistema de proteção de uma microrrede de maneira pura e decisiva, pois os de-
safios técnicos aqui apresentados não são facilmente sanados por eles. Desta forma,
para viabilizar a implementação segura de microrredes, é ainda necessário avançar
em estudos específicos referente ao sistema de proteção em microrredes.

1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES DA DISSERTAÇÃO

Neste trabalho de dissertação, busca-se levantar os principais desafios técnicos


relacionados ao sistema de proteção de microrredes, de modo a encontrar na literatura
as possíveis soluções para tornar a implantação de microrredes viáveis. No intuito
de realizar um trabalho factível, objetiva-se a realização de cenários próximos da re-
alidade. Assim, considera-se nesta dissertação a proteção de um sistema formado
exclusivamente por conversores eletrônicos em um sistema desbalanceado. Critérios
econômicos também são objetivados ao limitar o número de medições da rede, im-
pondo assim, um sistema de proteção com medições apenas de corrente distribuídas
na microrrede e uma única medição de tensão no ponto central de proteção do sistema.
A contribuição desta dissertação está na busca de uma lógica de proteção
factível que seja adaptável para os modos de operação ilhado e conectado, e que
também se adapte as mudanças operacionais e topológicas da microrrede. Sendo
assim, esta dissertação é dividida em três objetivos específicos que, em conjunto,
formam a lógica de proteção do sistema:

• Detecção adaptativa centralizada de curto-circuito para ambos os modos de


operação;

• Estimação da direção do fluxo de potência nas linhas com medidas apenas de


corrente;

• Reestruturação pós-falta da microrrede, readaptando a proteção do sistema.


1
A IEC-61850 propõe uma arquitetura de comunicação única entre todos os dispositivos, independente
de suas funções ou de seus fabricantes. Por isso esta norma se mostra interessante para que a
interoperabilidade da microrrede ocorra de maneira apropriada (SEL, 2010).
Capítulo 1. Introdução 19

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Na introdução realiza-se breve explanação sobre o conceito e formação de uma


microrrede, bem como a contextualização do problema de sua proteção, expondo as
principais dificuldades que envolvem a penetração de gerações distribuída interfacea-
das por conversores eletrônicos ao longo da rede de distribuição e a ponderação da
literatura sobre o tema. No capítulo apresenta também os objetivos e as contribuições
desta dissertação. Ademais, compõe este trabalho outros cinco capítulos:

• Capítulo 2: Aborda os principais conceitos sobre microrredes, levantando as


suas vantagens e desvantagens no cenário elétrico. Apresenta também as princi-
pais características estruturais, os modos de operação e os aspectos de gerenci-
amento, controle e comunicação das microrredes de média tensão;

• Capítulo 3: Expõe as relações comparativas entre as filosofias de proteção clás-


sica com os problemas acerca da proteção de microrredes e também são especifi-
cados com maiores detalhes os desafios, os fatores influentes e uma revisão das
metodologias encontradas na literatura sobre o tema de proteção de microrredes;

• Capítulo 4: Desenvolvem-se os métodos que culminarão na lógica de proteção


adaptativa, sendo esses divididos em detecção do curto-circuito pela proteção
central, localização da falta pelo método de direcionalidade do fluxo nas linhas e
reestrutura pós-falta do sistema por uma metodologia de otimização;

• Capítulo 5: Descreve o sistema teste, as simulações realizadas e apresenta os


resultados obtidos na aplicação dos métodos propostos;

• Capítulo 6: São sintetizadas as conclusões sobre o trabalho e indicações para


trabalhos futuros.
20

2 CONCEITUALIZAÇÃO DE MICRORREDES

Perante o cenário atual do SEP, verifica-se a tendência de mudança na filosofia


dos sistemas de distribuição, atribuindo aos consumidores da rede voz ativa no sistema,
ao possibilitar que o usuário gere e comercialize energia. Isto faz surgir uma filosofia de
Redes de Distribuição Ativa (RDA), consequência da incorporação de microgerações
(MG) distribuídas ao longo da rede e a formação de microrredes.
À guisa de conhecimento, o conceito de microrredes surgiu como uma alter-
nativa para solucionar os problemas técnicos operacionais advindos da penetração
de microgeração com características intermitentes e de rápida resposta, distribuídas
pelo sistema de distribuição, que, uma vez passivo, passa a ter uma filosofia ativa. Por
consequência, as microrredes proporcionam meios que colaboram com a inserção de
Recursos Energéticos Distribuídos (RED) na rede, sendo em sua maioria recursos
renováveis e sustentáveis.
A principal característica das microrredes é a possibilidade de se desacoplar
da rede principal, operando de modo isolado. Desta maneira, do ponto de vista do
operador do SEP, a microrrede é assumida como uma entidade única de geração ou
carga. Do ponto de vista da microrrede, é mantido o fornecimento de energia mesmo
mediante falha da rede principal. Por outro lado, se operada em modo conectado, a
microrrede pode atuar como prestadora de serviços ancilares, mantendo controle de
potência reativa e de tensão no SEP. Tais características possibilitam o aumento dos
níveis de confiabilidade e continuidade de suprimento de energia para os consumido-
res.
Na literatura,1 são apresentadas definições de microrredes que diferem em as-
pectos mínimos. Entretanto, pode-se resumir sem perda de generalidade, que uma
microrrede compreende um sistema de distribuição de baixa tensão com RED, junta-
mente com dispositivos de armazenamento e cargas flexíveis, cujos sistemas podem
ser operados de forma não autônoma, se interligado à rede, ou de forma autônoma,
se desconectado da rede principal. Tal descrição é abordada em Hatziargyriou (2014),
baseando-se nos projetos de pesquisa da União Europeia.
Entretanto, é esperado que a incorporação de microrredes traga benefícios
para sistemas de distribuição em qualquer nível de tensão. Assim, de acordo com
Hatziargyriou (2014), há a possibilidade do gerenciamento de diversas microrredes de
Baixa Tensão (BT), junto com GDs conectadas na Média Tensão (MT) e cargas de MT
controláveis, surgindo desta maneira, o conceito de Multi-Microrredes. Tal definição
estende o conceito de microrredes e corresponde à um nível de estrutura mais alto,
formando-a em nível de MT, consistindo de diversas microrredes de BT e unidades de
GD conectadas adjacentemente aos alimentadores de MT que apresentam ponto de
1
As principais bases de dados são o CIRED, o CIGRÉ, o CERTS e o IEEE. No Brasil, a ANEEL define
o conceito através do PRODIST.
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 21

acoplamento com a rede externa de alta tensão.


Em termos nacionais, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por
meio do documento regulatório de Procedimentos de Distribuição (PRODIST), define
uma microrrede de maneira generalizada como: "[...] rede de distribuição de energia
elétrica que pode operar isoladamente do sistema de distribuição, atendida diretamente
por uma unidade de geração distribuída". Não obstante, é inexpressiva a distinção en-
tre os níveis de tensão, uma vez que o próprio termo geração distribuída é definido
no PRODIST como "[...] centrais geradoras de energia elétrica, de qualquer potência,
com instalações conectadas diretamente no sistema elétrico de distribuição ou através
de instalações de consumidores, podendo operar em paralelo ou de forma isolada e
despachadas - ou não - pelo ONS". Ademais, é apresentado no mesmo documento
o conceito de microgerações distribuídas com patamares de potência limitados, in-
cluindo em seu glossário o termo minigeração distribuída para gerações com maiores
capacidades de potência instalada (ENERGIA ELETRICA - ANEEL, 2018).
Quanto à sua caracterização, as microrredes são observadas como parte fun-
damental da construção de redes inteligente2 (Smart Grids), e é vista como a mais
promissora estrutura de redes elétricas do futuro (HATZIARGYRIOU, 2014). Contudo,
demanda avanços técnicos em setores como o de proteção para uma total imersão no
atual SEP.

2.1 PRINCIPAIS VANTAGENS DAS MICRORREDES

A integração de microrredes no SEP traz muitos benefícios ao sistema, de


tal modo que torna-se simples compreender o motivo de tantas pesquisas sobre o
assunto. Lista-se a seguir as principais vantagens na inserção de microrredes no
sistema elétrico segundo Bellido (2018) e Hatziargyriou (2014):

• Agregação de fontes renováveis não convencionais com característica intermi-


tente ao sistema (por exemplo, energia solar e eólica);

• Aproveitamento de fontes primárias de geração de energia em locais de consumo,


diminuindo custos e perdas pelo uso das linhas de transmissão e aliviando o
sistema de transmissão;

• Estabelecimento da continuidade do suprimento de carga perante falhas da rede


principal, operando de forma autônoma e independente da rede;

• Atribuição de características de geração Plug and play, facilitando a inclusão de


novas GDs e otimizando o despacho de geração para cargas intermitentes;
2
Vale ressaltar que o sistema elétrico sempre foi "inteligente"devido a sua complexidade estrutural e
operacional, o que se busca então é, a nível de distribuição, tornar o sistema ainda "mais inteligente".
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 22

• Provimento ao SEP de serviços ancilares, possibilitando o controle de potência


reativa e de tensão;

• Fornecimento de maior capacidade de reserva girante ao sistema elétrico, au-


mentando a estabilidade do SEP;

• Prospecção do mercado de energia, contribuindo com a redução do custo e


incitando um cenário de maior competitividade;

• Possibilidade de melhor gerenciamento de controle e corte de carga seletivo,


adicionando técnicas de geração pela demanda;

• Condições de expansão do sistema elétrico localmente, postergando gastos com


projetos de grandes linhas de transmissão e grandes centrais geradoras;

• Possibilidade de reparos locais sem influir no restante do sistema;

• Visibilidade sustentável e ecologicamente viável ao SEP;

• Incipiência para as redes inteligentes (Smart Grids), agregando digitalização,


acesso online de informações aos agentes e gerenciamento otimizado dos recur-
sos.

2.2 DESVANTAGENS E DESAFIOS TÉCNICOS

Embora possam ser visualizados grandes benefícios e vantagens na expansão


de microrredes, existem também algumas desvantagens que, em sua maioria, estão
relacionadas aos desafios técnicos que dificultam sua total implantação. Entre elas, a
primeira a ser levantada diz respeito aos altos custos dos equipamentos que compõem
uma microrrede, ainda que paulatinamente minimizados. Destaca-se aqui o custo dos
sistemas de armazenamento, essenciais para a integração de fontes renováveis e
sustentáveis, que representam o valor mais significativo em um projeto. Contudo, como
citado em Hatziargyriou (2014), é possível superar este obstáculo com incentivos
políticos que possam subsidiar a execução de microrredes3 .
A necessidade do uso de conversores eletrônicos para a conversão de ener-
gia e para o controle da máxima potência das fontes intermitentes, impõe uma maior
complexidade ao sistema de maneira geral. Esta questão é superada com diversas
técnicas e métodos presentes na literatura. Entretanto, a falta de normatização e re-
gulamentação que vise a padronização4 das técnicas e metodologias, estabelece um
3
Cita-se as iniciativas da COPEL, CELESC e CEMIG no Brasil pela ANEEL em sua resolução para
eficiência energética: Lei no 9.991/2000 e Resolução ANEEL no 556/2013 e a ENEL com projetos de
modernização e digitalização da rede através de incentivos de P&D ANEEL.
4
O IEEE apresenta a padronização IEEE-1547 para a interconecção de REDs no SEP, o qual é
utilizado em muitos estudos sobre microrredes. Outras normas como a IEC-60909, IEC-60255 e
IEC-61850 são adaptadas para as microrredes, porém não são específicas.
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 23

entrave ao resolver problemas de controle, operação e proteção nas microrredes de


forma geral e definitiva. Contudo, verifica-se na literatura, como em Laaksonen e Hovila
(2017), Laaksonen (2015), Hatziargyriou (2014) e Chowdhury (2009), a existência de
um apelo por regulamentação, em que se apresentam possíveis regras para o futuro
do SEP.
Outro quesito crítico que vale atenção relaciona-se à comunicação. Uma maior
preocupação surge com a interligação online do sistema devido a ataques cibernéti-
cos. Comenta-se em Wang et al. (2017) que uma microrrede deve prover segurança
cibernética para evitar ataques maliciosos que venham a comprometer o sistema, haja
visto que baseado na experiência com o setor de telecomunicações, uma microrrede
carrega grande potencial para ataques dessa natureza.
Um aspecto que não se pode deixar de considerar é o descarte dos materiais,
em especial os dispositivos de armazenamento e as células fotovoltaicas. Estima-se
em Zeng et al. (2014) que até o ano de 2025, haverá um total de 24.855 toneladas de
material fotovoltaico descartado no mundo e em 2035 o total é estimado em 1161,173
toneladas. Tal problema é também sentido quanto à reciclagem de baterias de celulares
e computadores que ainda hoje continua sem solução.
Outros desafios técnicos são discorridos nesse trabalho, com foco direcionado
na questão do sistema de proteção. Tal parte destina-se a apresentar os desafios de
maneira generalizada com base em aspectos financeiros, regulatórios, operacional e
ambiental.

2.3 GERENCIAMENTO E CONTROLE

A noção de gerenciamento e controle é crucial para o conceito de microrredes,


uma vez que são essas características que distinguem-nas dos sistemas de distribui-
ção com RED. De fato, com gerenciamento de energia, é possível obter a otimização
dos recursos e todos os benefícios que a microrrede pode oferecer ao SEP e ao consu-
midor. Frisa-se que o gerenciamento da microrrede é responsável pela coordenação do
controle no intuito de mesclar diversos objetivos, sejam eles de operação, de mercado,
de proteção, etc. Sua coordenação pode ser obtida por meio de um gerenciamento
centralizado ou descentralizado, dependendo essencialmente das responsabilidades
assumidas pelos dispositivos de controle e dos recursos disponíveis. Nota-se portanto,
a exigência de um canal de comunicação para a efetiva realização do gerenciamento
da microrrede, sendo que através de um sistema descentralizado esta exigência pode
ser diminuída ao custo de uma maior complexidade e da utilização de técnicas como
as de inteligência artificial.
Em um gerenciamento centralizado, a responsabilidade de otimização recai so-
bre uma central de operação da microrrede, a qual toma as decisões considerando o
custo de energia, preços de mercado, segurança operacional, etc., e com isso, seta-se
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 24

as ações para os elementos distribuídos na microrrede, sejam eles MGs ou cargas


controláveis. Já no gerenciamento descentralizado, a responsabilidade de decisões é
dada aos próprios controles locais que competem e/ou colaboram entre si de maneira
independente. Uma abordagem que tem recebido muita atenção ao desenvolver siste-
mas descentralizados é o conceito de Sistemas Multi-Agentes, uma das técnicas em
inteligência artificial que vem ao encontro do desenvolvimento de microrredes.
Evidência-se em Hatziargyriou (2014) que o controle centralizado é vantajoso
quando há objetivos comuns em um sistema, entretanto, para uma microrrede de MT,
essa vantagem é difícil de ser alcançada. Utiliza-se então uma junção entre controle
centralizado e descentralizado, de forma a obter um melhor gerenciamento e alívio
de esforços computacionais ao lidar com vários objetivos pela central de controle da
microrrede. Sendo assim, um sistema totalmente descentralizado em níveis de média
tensão com sistemas Multi-Microrredes é algo praticamente irrealizável.
Realizando uma distinção entre as funções dos controles presentes em uma mi-
crorrede, pode-se conferir três níveis hierárquicos. O nível mais alto é gerenciado pelo
sistema a montante à microrrede, responsável por decisões de ilhamento e conexão à
rede principal e também pela participação no mercado de energia e coordenação com
os demais sistemas a montante. Para o segundo nível, intermediário, se faz referência
ao gerenciamento geral da microrrede, responsável pelo controle suplementar das
variáveis, corte de cargas e a realização de black start quando necessário. Já o nível
mais baixo, relacionado localmente ao usuário, é responsável pelo controle e proteção
dos elementos da microrrede, além de realizar o controle primário das variáveis da
rede, gerenciando ainda o sistema de armazenamento e controlando a geração de
potência ativa e reativa.

2.3.1 Controle Secundário - Nível de Microrrede

Embora não hajam estruturas gerais de arquitetura de controle em microrredes,


pois estas dependem do tipo e da infraestrutura existente, alguns conceitos típicos
podem ser apresentados para melhor entender o gerenciamento e o controle das mi-
crorredes. Baseado em Hatziargyriou (2014) e nos projetos CERTS e MICROGRIDS
apresentados em Lasseter et al. (2002) e Hatziargyriou et al. (2006), a estrutura de uma
microrrede de BT apresenta um controlador central, chamada de MGCC5 (Microgrid
Central Controller ), em que dada estrutura centralizada recebe e envia dados e coman-
dos para os elementos de controle de nível local, os quais recebem a nomenclatura
de MC (Microsource Controller ). Descreve-se também os elementos de medição local,
conhecidos como EM (Electronic Meter ). Esses medidores são aplicados em redes
de distribuição com penetração de REDs. Sua fusão com os MCs, comunicando-se
5
Nomenclaturas e siglas referentes ao gerenciamento e controle de microrredes tem suas definições
mantidas em inglês neste trabalho para se assemelhar ao encontrado na literatura.
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 26

Estando a microrrede operando em modo conectado, as atividades do CAMC


são minimizadas, gerenciando apenas o fluxo de carga da microrrede com a rede
externa de acordo com as exigências do DMS. Ao operar a microrrede em modo
isolado, as funções de controle impostas pelo CAMC são primordiais ao controlar
e gerenciar a microrrede como um todo de maneira autônoma, sendo responsável
inclusive pelo controle da frequência do sistema e pela continuidade do suprimento de
carga em resposta a faltas ou a ação de manutenção da rede principal.

2.3.2 Controle Local

A principal tarefa do MC é realizar o compartilhamento de potência entre os


diferentes tipos de RED distribuídos ao longo da rede, agindo diretamente nos con-
versores eletrônicos que os interfaceiam. Semelhantemente ao que é obtido pelos
grandes geradores do SEP tradicional, o compartilhamento de potência entre os ge-
radores do sistema pode ser sintetizado pelos conversores eletrônicos da microrrede
através da técnica de Droop, quando a eles forem empregadas formas de controle
adequadas. Salienta-se que tal técnica é consagrada para grandes sistemas onde a
relação X/R é alta, fato que não necessariamente ocorre em uma microrrede, ainda
assim, a literatura aborda formas de contornar este empecilho através de técnicas e
estruturas mais avançadas de controle6 .
Basicamente, o Droop é uma sintetização do comportamento das máquinas
elétricas rotativas convencionais que variam sua potência ativa de saída em resposta
às variações de frequência do sistema provocadas por mudanças de carga da rede, e
também, em termos de potência reativa, regulando a entrega de reativos em resposta
a variação de tensão das barras. Estas respostas de potência tem como base de
cálculo as medições locais. Assim, uma vez que a minimização da dependência de
sistemas de comunicação é vantajosa para a segurança da microrrede, o controle por
Droop se torna uma grande aliada da qualidade do suprimento de energia, sendo que
esta técnica utiliza apenas medições locais para realizar o compartilhamento de carga,
aliviando assim, as tarefas do controle central e agindo de maneira independente do
modo de operação da microrrede. A Figura 2 representa uma rede que utiliza a técnica
de Droop, também conhecida na literatura como Peer-to-peer ou Multi-Master, para
um sistema de compartilhamento da potência entre os geradores do sistema.
Alternativamente ao Droop, uma estratégia com estrutura Master-Slave, ou
Single-Master como também é conhecida, pode ser obtida com o controle de ten-
são e frequência em uma barra de geração tida como referência, deixando as outras
barras de geração com o controle de potências ativa e reativa fixas. Assim, há o con-
6
Droop reverso e a inclusão de resistência virtual no controle são formas de adaptar o Droop tradicional
para redes em que a relação X/R é baixa, além de mitigar as interações entre MGs conectadas em
paralelo. Também são possíveis realizar técnicas de Droop adaptativo e Droop robusto (TAYAB et al.,
2017).
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 28

2.4.1 Conversores de Energia Primária

As fontes de energia primária mais avaliadas para compor uma microrrede


são as eólicas e solares, embora os projetos possam ainda se valer de plantas de
cogeração e ciclo combinado (CHP - Combined Heat and Power ), que fazem uso de
combustíveis fosseis, como o caso da geração à diesel. Assim, turbinas à vapor, à gás
e as de ciclo combinado são opções disponíveis para compor uma microrrede, onde
segundo Rese (2012), apresentam vantagens econômicas devido às novas tecnologias
existentes e, no caso de células combustíveis, apresenta alta eficiência com pouco
nível de resíduos poluentes - embora ainda apresente custos elevados. Estas fontes
de geração com turbinas à vapor e à gás têm a característica de manter a frequência
de rotação controlada e fixa, descartando assim a necessidade de interfaceamento por
conversores eletrônicos, com exceção das células combustíveis.
Em relação às fontes de energia eólica, há duas formas de categoriza-las: tur-
binas de velocidade fixa e turbinas de velocidade variável. Para velocidades fixas,
geradores de indução são tipicamente utilizados. Nestes casos, o controle de gera-
ção é realizado ou pela variação do escorregamento ou por resistência variável da
máquina, além de também possibilitar a variação das posições das pás da turbina
(HOROWITZ, 2014). Para esses tipos de turbina, exige-se que a velocidade seja maior
que a velocidade síncrona do gerador. Objetivando manter a geração eólica mesmo
com velocidade inferior à síncrona, geradores de dupla alimentação podem ser uti-
lizados. Tal tipo de geração utiliza conversores eletrônicos, conectados no rotor da
máquina, que podem tanto absorver energia do gerador quanto alimentá-lo, depen-
dendo da configuração do ângulo de disparo das chaves do conversor. Geradores
completamente interfaceados por conversores eletrônicos, conectando-os no estator
da máquina, permitem um maior aproveitamento das fontes primárias intermitentes.
Neste caso, geradores de imãs permanentes ou geradores com ajuste de campo são
utilizados.
Diferente das conversões de energia realizada por meio de máquinas elétricas,
as quais resultam em geração de Corrente Alternada (CA), os painéis fotovoltaicos
geram energia em Corrente Contínua (CC). Assim, conversores eletrônicos são funda-
mentais para converter a energia gerada em CC para CA. Deste modo, conversores
eletrônicos CC/CC e CC/CA buscam manter o rastreamento do máximo aproveita-
mento da energia do sol e realizam o interfaceamento com a rede elétrica.

2.4.2 Sistema de Armazenamento

Devido ao fato das principais fontes de geração serem provenientes de recur-


sos intermitentes, surge a necessidade da utilização de sistemas de armazenamento
para viabilizar a operação isolada da rede. Esses sistemas atuam como reserva de
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 30

regula a tensão do barramento CC, entre os dois conversores, de modo a manter


o balanço de potência e a qualidade da energia de geração, controlando a corrente
de saída da MG (RESE, 2012). Não obstante, a potência de saída é completamente
desacoplada da potência gerada. Isto faz com que, segundo A. Timbus et al. (2009),
o inversor CC/CA seja o principal responsável por transientes na microrrede durante
faltas. Torna-se portanto, necessária a avaliação minuciosa da estrutura de controle do
conversor CC/CA para estudos envolvendo faltas na rede.

2.4.3.1 Aspectos de Controle em Conversores Eletrônicos

Os sistemas de referência implementados em um controlador é um dos prin-


cipais aspectos para se classificar os conversores eletrônicos. Essa classificação de
acordo com Rese (2012) se refere à um sistema de referência natural (também co-
nhecida como abc), sistema de referência estacionário (αβ) e sistema de referência
síncrona (dq). A ideia geral de um sistema abc, é utilizar controles individuais para cada
fase, podendo ser implementado controladores como o Proporcional-Resonante (PR),
ou ainda controladores não lineares como controle por histerese e deadbeat. Para a
referência αβ, é realizado a transformada de Clark para as tensões e correntes, e o
controle é realizado em cima de sinais senoidais através de controladores PR. Já para
a referência dq, utiliza-se a transformada de Park, o que leva à sinais de controle con-
tínuos, possíveis de ser controlados por controladores lineares, como o PI. Cada uma
das referências citadas tem peculiaridades que refletem-se na dinâmica da microrrede,
e portanto, influem na avaliação do sistema de proteção, como pode ser constatado
em Brucoli (2009).
Além dos sistemas de referência para o controlador dos conversores, outra
importante função empregada é a sincronização da GD com a rede. Segundo Rese
(2012), a técnica de PLL (Phase-Locked Loop) é a mais empregada atualmente. O
PLL convencional é implementado para um sistema de referência dq, entretanto, outra
forma de sincronismo bastante empregada em microrredes é a SOGI (Second-Order
Generalized Integrator ), realizada com a referência αβ. A importância da avaliação
do método de sincronização empregado em conversores eletrônicos para o estudo de
proteção em microrredes, está no fato de que durante perturbações na rede, o sin-
cronismo tendera à ser mantido, deslocando o ângulo das medidas, mesmo mediante
faltas assimétricas, tendendo à balancear a corrente de falta gerada, fato este a ser
considerado ao projetar o sistema de proteção.
Caracteriza-se ainda os conversores eletrônicos pela forma com que é realizado
o limite de corrente para a proteção de suas chaves eletrônicas. Verifica-se em Shuai
et al. (2018), Plet e Green (2014) e A. Timbus et al. (2009) que dependendo da me-
todologia empregada para a referência do controle de uma MG, a forma com que o
limite de corrente responde mediante falta varia drasticamente. Também se indicam
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 31

considerações em relação a topologia dos conversores, sendo eles de três ou quatro


terminais, com ou sem neutro, relações ao sistema de aterramento, as ligações de
transformadores e também as estruturas do filtro de saída (BRUCOLI, 2009).

2.4.4 Arquitetura Básica

As microrredes podem apresentar tanto arquitetura radial quanto malhada, en-


tretanto, muitas vantagens podem ser obtidas com a operação da rede se configurada
radialmente8 . O custo de sua infraestrutura é uma de suas vantagens, bem como a
facilidade em controlar a tensão e o fluxo de potência, ainda mais, coordenar e projetar
de maneira simples o sistema de proteção (SHORT, 2014). Contudo, redes malha-
das apresentam vantagens que são relacionadas à reposição do sistema pós-falta.
Define-se portanto, uma arquitetura fracamente malhada que opere radialmente9 , me-
diante abertura e fechamento de chaves seccionadoras posicionadas estrategicamente
na rede. Desta maneira, benefícios das duas infraestruturas podem ser alcançados,
onde segundo Abur (1996), tanto a proteção quanto o controle da rede são facilmente
avaliados em situações de emergência e em condições de falta.
Tão importante quanto os demais elementos que constitui uma microrrede é o
ponto que realiza o acoplamento entre a rede externa e a microrrede. Esse ponto é
definido como PCC (Point of Commom Coupling). Além de possibilitar o isolamento
da microrrede, é nesse ponto que devem ser alocados os dispositivos de proteção
responsáveis pelas manobras de ilhamento e sincronização da microrrede com a rede
principal. Dependendo do modo de operação visto no PCC, é realizada a troca de
responsabilidade e da filosofia de controle dos elementos da microrrede.

2.5 MODOS DE OPERAÇÃO E REESTRUTURA DA MICRORREDE

Distingue-se uma microrrede de um sistema de distribuição com REDs o fato da


microrrede poder se isolar da rede externa através do PCC. Assim, pode-se opera-la
em modo conectado ou em modo ilhado. Se conectado, a microrrede pode operar
importando ou exportando energia para a rede principal de acordo com o balanço
de carga e geração interna e também de acordo com os contratos estabelecidos
com o operador do sistema de distribuição. Neste modo, o CAMC e o MGCC são os
responsáveis pela otimização da operação da microrrede, enviando sinais de controle
apropriados para os controles locais, seguindo o estipulado pelo DMS.
8
Avalia-se em Zhao et al. (2018) que o fato de uma microrrede operar radialmente resulta em signi-
ficativa melhora da qualidade e confiabilidade do suprimento de potência e ainda reduz custos de
construção e operação.
9
Esta arquitetura se mostra presente em sistemas de distribuição tradicional como pode ser avaliado
nos trabalhos Andrei e Chicco (2008) e Abur (1996).
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 32

Já a operação em modo ilhado pode ser planejada ou resultado de algum defeito


na rede principal. Em caso de ilhamento por razões de falha, a microrrede pode ou não
ter capacidade de manter todas as cargas de seu sistema. Assim, como abordado em
Abreu e Gil (2009), o CAMC e o MGCC devem providenciar cortes de cargas seletivos,
através dos controles locais de carga, para manter a continuidade e qualidade do
suprimento de energia para a maioria dos consumidores.
Os modos conectados e ilhados também são definidos como modo normal de
operação e modo de emergência, respectivamente. Para microrredes de MT, caracteri-
zadas como multi-microrredes, ao seguir uma falha local, a microrrede deve contribuir
com o serviço de restauração do sistema, acionando procedimentos de black start
(HATZIARGYRIOU, 2014). Desta forma, propicia-se o uso de técnicas de self-healing,
uma vez que existe um substancial número de GDs e de microrredes de BT conectadas
à microrrede de MT. Contudo, o objetivo final do serviço de reestrutura é reconstruir o
estado da microrrede antes da perda de energia, isto em geral se resume em evitar
ilhas isoladas, mesmo quando há capacidade para tal (HATZIARGYRIOU, 2014). As-
sim, o CAMC exerce importante função na coordenação das interconexões das ilhas
formadas temporariamente devido a faltas.
Outros modos de operação pouco abordados na literatura, mas de grande im-
pacto na dinâmica da microrrede são os modos de transição e de manutenção. Como
apresentado em Bellido (2018), o efeito da transição pode provocar transientes no
sistema, levando à perda de sincronismo entre as GDs. O modo de manutenção é
abordado em Pacheco et al. (2017). Este modo tem sua implementação em um projeto
real descrito em Bianchini et al. (2017), sendo este modo ativado quando há a ocorrên-
cia de curto-circuito interno na microrrede ou quando é planejado pelo gerenciador da
rede.

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresenta uma breve conceitualização sobre microrredes,


relacionando-a à nível de média tensão. Tangencia-se aspectos de relevância para
os sistema de proteção, de modo a introduzir os conceitos básicos para os próximos
capítulos desta dissertação. Discuti-se os principais benefícios e as desvantagens
de uma microrrede, elencando alguns dos desafios técnicos presentes para sua total
implementação. Contudo, cabe ressaltar que o beneficio visto por um setor pode ser
um problema técnico sobre outro ponto de vista. Evidencia-se que as microrredes
tem papel fundamental para a evolução do sistema elétrico, e são a base para o
desenvolvimento do conceito de redes inteligentes.
Uma breve apresentação sobre os sistemas de gerenciamento e controle é rea-
lizada neste capítulo, onde o conceito de Multi-Microrredes é discutido e evidenciado a
importância dos sistemas de gerenciamento centralizado da rede de distribuição em
Capítulo 2. Conceitualização de Microrredes 33

média tensão, o DMS, o CAMC e o MGCC, e sua relação com os controles locais,
MCs, atuando diretamente nas GDs e nas cargas controláveis. Percebe-se porém,
que todo o gerenciamento e controle só é possível mediante um sistema de comu-
nicação que estabeleça a comunicação entre os controles intermediários, à nivel de
microrrede, com os controles locais, em resposta aos comandos de nível mais alto que
gerencia a rede a montante. Tal comunicação exige um alto grau de coordenação das
informações.
Fica claro neste capítulo, que para cada sistema de microgeração ou cada sis-
tema de armazenamento, existe distinção em seu comportamento dinâmico, e suas
características individuais devem ser consideradas ao avaliar uma microrrede, princi-
palmente ao se tratar do sistema de proteção. Para o controle dos inversores, existem
diversas técnicas que afetam diferentemente a rede mediante situação de curto-circuito
ou algum outro tipo de contingência. Apesar da maioria dos trabalhos envolverem ape-
nas a microrrede operando em modo normal ou modo de emergência, verifica-se a
necessidade de estudos do modo de transição para evitar que o sistema de proteção
atue indevidamente.
34

3 ASPECTOS DE PROTEÇÃO EM MICRORREDES

A dependência da sociedade moderna pelo suprimento de energia é refletida na


busca de alternativas de geração e também nas implicações causadas pelo envelheci-
mento da estrutura atual do SEP. Neste cenário, novas redes surgem com o dever de
lidar com desafios tecnológicos que englobam além de aspectos ambientais, questões
relacionadas à segurança, operacionalidade, qualidade de energia, custo e eficiência
das fontes primárias. À guisa de viabilidade, a proteção de todo o sistema é um dos
principais desafios para a factibilidade das microrredes. Estes desafios, segundo Hatzi-
argyriou (2014), devem ser encarados por caminhos inovadores que tentem a manter
a confiabilidade, sustentabilidade e eficácia nos custos.
Este capítulo apresenta os principais aspectos de proteção do sistema elétrico
tradicional, detalhando em seu meio, aspectos a ser considerados quando se tratando
de microrredes. Mais especificadamente, este capítulo tem o objetivo de introduzir
os conceitos básicos de proteção utilizados no desenvolvimento deste trabalho de
dissertação, sem se estender aos aspectos gerais dos estudos de proteção.

3.1 FILOSOFIA DE PROTEÇÃO EM SISTEMAS ELÉTRICOS

Em geral, os sistemas de proteção não previnem falhas no SEP ou em seus


elementos. Isto devido a proteção não atuar com sinais de falhas incipientes, ou seja, a
lógica dos sistemas de proteção atua com sinais de falhas já existentes. Seu propósito é
limitar danos e estresse em outros equipamentos, minimizando os riscos de acidentes,
e acima de tudo, remover uma região faltosa do sistema, e apenas ela, tão rápido
quando possível (HOROWITZ, 2014). Assim, a confiabilidade é mantida em termos de
integridade e estabilidade para a rede restante. Desta visão, emergem três critérios
básicos para qualquer sistema de proteção que devem ser seguidos: sensibilidade,
seletividade e velocidade.
A sensibilidade é a garantia de que a proteção atuará corretamente distinguindo
uma falta de uma perturbação normal do sistema. Este é um atributo que mede o
quão assertivo é um sistema de proteção. Sua definição leva a dois outros critérios
que caracterizam-se por uma identificação de falta quando ela não existe e na não
identificação de uma falta quando ela realmente existe, sendo esses os critérios de
confiabilidade e de segurança, respectivamente.
A seletividade leva à definição de que apenas o equipamento em que ocorreu
a falta deverá ser isolado da rede. Sua interpretação estabelece o conceito de zonas
de proteção, formadas por áreas da rede em que determinado elemento de proteção é
responsável. Assim, a proteção será seletiva se seu elemento atuar apenas para faltas
interna à sua zona de responsabilidade, evitando atuação para falhas externas à sua
zona de proteção.
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 35

Já a velocidade é indiscutivelmente importante para qualquer sistema de pro-


teção, devendo atuar em resposta à uma falta o mais rápido possível. Contudo, uma
vez que a decisão de atuação é baseada em medidas de corrente e/ou tensão, estas
podem conter consideráveis níveis de distorção, necessitando de tratamento do sinal
para separar as informações significativas na tomada de decisão. A velocidade dos
sistemas de proteção portanto, deve ser rápida em processar informações que levem
à correta atuação da proteção.
Tão importante quando os três critérios básicos estabelecidos, a avaliação de
um sistema de backup também deve ser considerado. Caso a proteção falhe, deverá
haver um sistema de retaguarda que continue garantindo, na medida do possível, os
critérios básicos de proteção.

3.1.1 Equipamentos de Proteção

A proteção do SEP é realizada pela atuação de disjuntores que atuam por


comando de relés, localizados estrategicamente na rede, que carregam em si lógicas
de atuação com base em sinais de medidas da rede elétrica. Estes sinais, geralmente
corrente e/ou tensão, possuem grandes magnitudes e por isso, sua utilização direta é
impraticável. Desta forma, há a necessidade de utilizar transformadores de instrumento
que reduzem tais magnitudes em patamares suficientes para sensibilizar os relés.
Apresenta-se assim a comum necessidade de se utilizar Transformadores de Corrente
(TCs) e Transformadores de Potencial (TPs) em um sistema de proteção.
Os relés são os elementos mais importante da proteção. Recebendo os sinais de
medição dos TCs e/ou TPs, eles monitoram diuturnamente as condições de operação
do sistema elétrico (KINDERMANN, 2012). Os tipos de relés podem ser classificados
como relés eletromecânicos, relés eletrônicos ou estáticos e relés digitais. Embora
haja evolução nos diferentes tipos de relés, a filosofia de proteção é sempre a mesma,
ou seja, deve-se prezar pela sensibilidade, seletividade e rapidez da proteção. Uma
das evoluções marcantes nos relés são os dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs
- Intelligent Electronic Devices). Assim como os relés digitais, os IEDs são dispositi-
vos microprocessados, permitindo a implementação de algoritmos sofisticados para
a proteção da rede. Sua principal vantagem - e a que lhe faz ser adequado para as
microrredes - é a sua capacidade de comunicação1 , além da possibilidade de adaptar
diversas funções de proteção internamente.
A efetiva isolação do defeito da rede elétrica é realizada pelo disjuntor. Este atua
como uma chave que, ao receber o comando do relé, abre seus contatos isolando o
elemento faltoso. Por ser uma chave em um sistema de alta tensão, sua atuação resulta
1
Alguns IEDs são desenvolvidos com suporte para o protocolo de comunicação IEC-61850, como por
exemplo o SEL-401 da Schweitzer Engineering laboratories e o SAS600 da ABB.
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 36

em arcos elétricos2 que devem ser extintos de forma rápida. Outros equipamentos
que atuam diretamente na isolação do defeito são as chaves fusível e as chaves
seccionadoras, que diferentemente dos disjuntores, não atuam por comandos dos
relés.
Curtos-circuitos monofásicos são os de maior incidência no sistema elétrico,
onde segundo Kindermann (2012), entre 87% a 92% são do tipo temporários. Esse
tipo de curto-circuito temporário não causa danos permanentes no sistema, assim não
há razão para atuação da proteção da mesma forma que deve ser procedido para
o caso de faltas permanentes, ou seja, não se deve abrir o circuito definitivamente.
Para estes casos, procedimento de religamento automático é adequado e vantajoso
(KINDERMANN, 2012). Faz-se assim jus ao uso de religadores automáticos na rede
elétrica. Em redes elétricas tipicas, a ocorrência de uma falta detectada pelo relé acio-
nará o disjuntor, abrindo o circuito e, após um determinado intervalo, o disjuntor fechará
e a proteção reavaliará se a falta é mantida. No caso de microrredes, o religador irá re-
portar a falha através de um sistema de comunicação à central de controle e aguardará
instruções a serem tomadas (CHANDRARATNE; NAAYAGI; LOGENTHIRAN, 2017).

3.1.2 Funções de Proteção

A capacidade de implementar algoritmos nos relés digitais, desenvolvendo diver-


sas lógicas de proteção, faz com que seja possível juntar diversas funções de proteção
em um único dispositivo. Ainda mais, estas funções podem ser implementadas com
diferentes técnicas e transformações matemáticas. Tradicionalmente, as funções de
proteção remetem aos relés eletromecânicos que apresentam atribuições fixas. En-
tretanto, mesmo ao utilizar relés digitais ou IEDs, estas funções clássicas continuam
sendo definidas como base de processamento. Devido ao enfoque desta dissertação,
três funções básicas merecem ser descritas com detalhes, sendo elas: a função de
sobrecorrente, a função direcional e a função de subtensão3 .
A função de sobrecorrente, como o próprio nome sugere, age através de medi-
ções de corrente, monitorando o aumento de sua magnitude com base em um limiar
pré-estabelecido. Este limiar é o menor valor de corrente ajustado para sensibilizar o
relé, sendo definida como corrente de pick-up. Convencionou-se portanto, um índice
que dosa o quanto a corrente é maior que seu limiar conhecido como múltiplo do relé
(M). Seu cálculo é definido com a Expressão 1.

Is
M= (1)
Iajuste
2
A formação destes arcos geram pulsos CC na rede que são percebidos pelos equipamentos de
proteção próximos a ele (KINDERMANN, 2012).
3
De acordo com a padronização ANSI (American National Standarts Institute), tais funções recebem
a nomenclatura 50 para sobrecorrente instantâneo, 51 para sobrecorrente temorizado, 67 para
sobrecorrente direcional e 27 para subtensão.
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 40

diferentes arquiteturas de comunicação. Referente ao tempo de resposta do sistema


de comunicação, é citado em Hatziargyriou (2014) que o atraso de tempo nas informa-
ções não chega a ser um ponto critico para o sistema de proteção adaptativo, uma vez
que as informações transmitidas tem caráter de reconfiguração pré-falta.
O projeto de uma proteção adaptativa pode ser baseado em pré-cálculo de
diversos casos de topologia da rede simulados offline, estabelecendo grupos de con-
figurações confiáveis, ou alternativamente, respaldado por cálculos em tempo real
através de estimação de parâmetros e estados. Com o primeiro método, é configurado
uma tabela de eventos contendo diversos possíveis casos de topologia, dependendo
do status dos disjuntores da rede. Dessa tabela, são calculadas as correntes de curto-
circuito em diversos pontos, e com base nos cálculos, os grupos de configuração dos
relés são atualizados de maneira online e uma nova tabela é montada com as ações
a serem tomadas para possíveis faltas. No segundo método, há a necessidade de
dispositivos de proteção com características de monitoramento e processamento con-
tínuo dos sinais da rede, reajustando as configurações da proteção em tempo real
imediatamente ao presenciar mudanças na rede (HATZIARGYRIOU, 2014).

3.1.2.2 Sistema de Reestrutura Self-Healing

Sistemas de distribuição típicos dispõem de chaves seccionadoras Normal-


mente fechadas (NF) e Normalmente Abertas (NA) que permitem ser operadas medi-
ante faltas ou quando há melhores topologias para o gerenciamento da rede (RAMOS,
2014). Após a detecção de uma falta e sua correta isolação, inicia-se o processo de
reestruturação. Rearranja-se assim o status das chaves na busca do restabelecimento
do sistema, minimizando a interrupção de carga. O processo de detectar uma falta na
rede, isolá-la e prover serviço de reestruturação da rede é, segundo Zidan et al. (2017),
a chave para construção do conceito de Self-Healing.
Os avanços na área de comunicação e a inserção de dispositivos inteligen-
tes nos sistemas de proteção (os IEDs), motiva os estudos e investimentos em Self-
Healing. Desta maneira, faltas podem ser detectadas com mais acurácia, localizadas
e isoladas em tempo adequado, desconectando a menor porção possível do sistema.
Resulta assim, melhoras no sistema de distribuição, aumentando sua confiabilidade
e apresentando ainda benefícios econômicos (ZIDAN et al., 2017). Argumenta-se em
Chandraratne, Naayagi e Logenthiran (2017) a necessidade de reconfigurar o sistema
entre um a cinco minutos, sendo que para tal realização, alta banda de comunicação
deve ser estabelecido para suportar a técnica de Self-Healing.
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 42

modo isolado não há contribuição da rede principal, deixando a identificação da falta


em função das correntes das GDs. Porém, como a maioria das GDs são interfaceadas
por conversores eletrônicos, sua corrente é limitada em valores que se assemelham às
correntes de carga, e a identificação da falta, portanto, fica comprometida ao se utilizar
apenas funções de sobrecorrente. Contudo, alguns projetos de proteção incluem FCS
para elevar a corrente mediante falta, sensibilizando a função de sobrecorrente.
Em sistemas de proteção tradicional, ou seja, sem a presença de GD ao longo
do circuito a jusante da subestação, considera-se um aumento da impedância de
falta conforme a posição da falta se distancia da subestação. Este fato propicia uma
fácil coordenação entre os elementos de proteção no circuito. Contudo, ao longo dos
circuitos de uma microrrede, há contribuição das GDs na corrente das linhas, fazendo
com que a coordenação tenha tempo muito longo de atuação ou que venha a ser
irrealizável. Ademais, ilustra-se a situação onde um curto-circuito ocorre entre duas
fontes de geração, isto faz com que a corrente de falta tenha dois caminhos distintos (a
jusante e a montante) (CHE; KHODAYAR; SHAHIDEHPOUR, 2014). Soma-se ainda,
a bidirecionalidade do fluxo de potência, levando a obrigatoriedade de elementos
direcionais para a devida proteção e coordenação da microrrede.
Frente ao apresentado, verifica-se que os sistemas de proteção típicos de sis-
temas de distribuição não se adequam satisfatoriamente às microrredes. A função de
sobrecorrente pode ser ineficaz para o modo ilhado e sua coordenação será inviável
devido ao longo tempo em ambos modos. Percebe-se portanto, que a necessidade de
funções direcionais e a adaptabilidade da proteção são essenciais para proteger uma
microrrede. A complementação da detecção da falta pode ser obtida com a queda de
tensão que ocorre no momento da falta (MESKIN et al., 2017), embora para micror-
redes conectadas não surja tanto efeito devido a inércia da rede. Já em modo ilhado
parece ser plausível se valer da função de subtensão para facilitar sua proteção.

3.2.1 Fatores Influentes na Proteção de Microrredes

A principal quebra de paradigma vista em proteção de microrredes diz respeito


às características dos conversores eletrônicos que interfaceiam a maioria das MGs e as
cargas controláveis. Apresenta-se exaustivamente na literatura o fato dos conversores
limitarem a corrente de falta em patamares semelhante aos da corrente de carga.
Contudo, trabalhos como Shuai et al. (2018), Plet e Green (2014) e Brucoli e Green
(2007) mostram que diferentes estratégias de controle implementadas nos conversores,
afetam diretamente a resposta de microrredes durante faltas. Na ocorrência de uma
falta monofásica em um sistema de referência dq, por exemplo, o controlador tenderá
a reduzir as demais fases devido ao laço de controle interno de corrente, equilibrando
o sistema durante a falta, impedindo que a proteção atuem para este tipo de falta. É
proposto em Brucoli e Green (2007), um controle duplo, onde em estado normal age
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 43

o controle dq e durante a falta utiliza-se controle através de referência natural abc. A


necessidade de algoritmos de sincronização do tipo PLL ou SOGI, como abordado
em A. Timbus et al. (2009), também tendem a balancear faltas assimétricas podendo
afetar a proteção.
Verifica-se em Brucoli (2009) e Brucoli e Green (2007) que além da metodologia
empregada para o controle de uma microgeração, a forma com que se estabelece o
limite de corrente para os conversores exerce grande influência na corrente durante
a falta, provocando elevada distorção nas grandezas elétricas e grande conteúdo
harmônico, tornando o sinal ilegível para detecção de falta. A rápida resposta dos
conversores, diferenciando à inércia do SEP convencional, é analisado em Baran e EI-
Markaby (2006), mostrando a importância da avaliação da resposta dos conversores
nos primeiros ciclos de uma falta. É discutido em A. V. Timbus et al. (2006) e Rodriguez
et al. (2007) possíveis estratégias de controle para operação dos inversores durante a
falta, levantando a questão de escolha entre boa qualidade no sinal de corrente ou na
resposta de potência da microgeração. Tal escolha reflete-se na maneira pela qual a
corrente de referência é obtida para o controle do inversor.
Outro paradigma desfeito com as microrredes é a penetração de microfontes
intermitentes de geração de energia à nível de consumidor. Estas microfontes tem
características Plug-and-Play, influindo na configuração dos limiares de proteção e
impondo bidirecionalidade ao fluxo de potência da rede. Ademais, várias tecnologias
de geração podem ser integradas para fazer melhor proveito dos recursos intermiten-
tes disponíveis. Painéis solares e geradores de imãs permanentes são interfaceados
integralmente por conversores eletrônicos, o que os fazem assumir toda os fatores
hcitados sobre conversores neste trabalho. Geradores de indução do tipo gaiola e
bobinado não apresentam acoplamento via conversores eletrônicos, assumindo assim
características semelhantes às do SEP convencional. Ressalva-se portanto, que nesse
caso a geração é intermitente e opera apenas se a velocidade do rotor for maior que a
velocidade síncrona da máquina, caso contrario, a geração é desativada (HOROWITZ,
2014). A tecnologia que emprega maior desafio para a proteção é a DFIG, pois se-
gundo Strezoski e Prica (2017) e Bing Chen et al. (2015), seu comportamento depende
da intensidade da falta e do esquema de proteção existente em seu rotor. Em muitos
casos é instalado um dispositivo crowbar que curto-circuita o rotor mediante uma falta
intensa na rede para proteger seu conversor eletrônico. Este ato faz com que seja inje-
tado uma alta corrente na rede. Caso a falta não seja de grande intensidade, o crowbar
não é acionado, e a falta é regida de acordo com as características do conversor6 .
6
Uma alternativa para o crowbar é o dispositivo chopper que emprega maior controle da geração
durante a falta (STREZOSKI; PRICA, 2017).
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 45

3.3 COMUNICAÇÃO PARA PROTEÇÃO ADAPTATIVA

A operacionalidade de uma microrrede em modos ilhado ou conectado, so-


madas com as intermitências das gerações e cargas resulta na necessidade de um
sistema de comunicação para se estabelecer os pontos de operação e controle da
rede, respondendo aos critérios estipulados pela central de gerenciamento. Em termos
de proteção adaptativa, a comunicação faz-se necessária para a atualização das con-
figurações e ajustes de limiares dos relés. Dessa visão, é apresentado em Telukunta
et al. (2017) e Hatziargyriou (2014) que todos os relés, dispositivos de chaveamento e
central de controle devem ser conectados por um canal bidirecional de comunicação
para que possa ser possível um esquema de proteção adaptativa.
Um sistema de comunicação pode ser obtido por um grupo de protocolos, consis-
tindo de camadas em que cada uma realiza funções utilizando um ou vários protocolos.
O grupo de protocolos mais utilizados segundo Bani-Ahmed et al. (2014), é o Transmis-
sion Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), contendo quatro camadas: aplicação,
transporte, rede e lincagem.
Em microrredes utilizam-se vários protocolos para o estabelecimento da co-
municação entre IEDs e a central de gerenciamento, sendo o padrão IEC-61850 via
Ethernet usando TCP/IP a forma mais comum. Avalia-se ainda em Bani-Ahmed et al.
(2014), que considerações acerca de configuração e protocolos de comunicação em
uma microrrede, dependem primariamente dos objetivos de controle e sua implemen-
tação e manutenção. É necessário avaliar igualmente a localização dos dispositivos, o
volume de tráfico de informações, o grau desejado de disponibilidade e a quantidade
de REDs presentes na microrrede. A implantação do sistema de comunicação pode
ser realizada de forma centralizada ou descentralizada.

• Arquitetura centralizada é o esquema de comunicação mais convencional.


Realiza-se decisões de controle centralizada e repassa aos IEDs ações a serem
tomadas. Reciprocamente, os IEDs mandam estados e informações locais às
centrais. Os protocolos de arquitetura mais comuns para sua implantação são:
Modbus, DNP3, IEC-60870-5-101/104 e IEC-61850 (HATZIARGYRIOU, 2014).

• Arquitetura descentralizada não necessita de coordenação das informações via


central de gerenciamento. Supõe-se que os IEDs tenham autonomia para tomada
de decisões baseando-se apenas em comunicação direta com outros IEDs da
rede. O protocolo IEC-61850 é o mais comum para esta arquitetura (HATZIARGY-
RIOU, 2014).

O padrão IEC-61850 permite a comunicação em tempo real através de envio


periódico de mensagens. Um dos serviços do IEC-61850 é o Generic Object Oriented
Substation (GOOSE). Este serviço, ao detectar mudanças de estado na rede, inicia
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 47

5o Harmônica na rede, o qual pode ser percebido por um algoritmo implantado no


relé. Com princípio semelhante, Oureilidis e Demoulias (2016) utiliza transformada
de park nas medidas de tensão e corrente dos conversores para detectar a falta e
assim, o controle muda de operação habilitando um super-capacitor conectado em
paralelo liberando um alto valor de corrente, tornado possível a atuação do relé de
sobrecorrente. Destas soluções, evita-se a constante adaptação dos dispositivos de
proteção, mantendo-os de acordo com os limites de projetos iniciais, porém há um alto
custo de implementação que pode ser inviável dependendo dos objetivos do projeto
ou da quantidade de GDs.
Utilizando relés digitais, encontram-se diversas técnicas de solução devido a
sua capacidade de implementação de algoritmos e da possibilidade de se utilizar várias
funções de proteção em um único elemento. Uma proposta baseada na transformada
dq do sinal de tensão é apresentada em Al-Nasseri, Redfern e Li (2006), onde os
sinais CC resultantes da transformada são sensíveis aos distúrbios da microrrede,
possibilitando a identificação de curtos-circuitos. Porém, está técnica é restringida às
faltas sólidas.
Uma análise realizada em Ndou et al. (2013) leva a conclusão que relés de
subtensão apresentam melhor performance na proteção se comparado com relés de
frequência e análises em microrredes de baixa tensão na presença de conversores
com relés de tensão são apresentadas em Zarei e Parniani (2017), Monadi et al. (2017)
e Bui et al. (2015). Porém, é apresentado em Kang et al. (2017) que a proteção por relés
de tensão nem sempre é capaz de detectar todos os tipos de falta quando operado
sem a dependência de outros equipamentos de proteção. Este fato é reforçado em
Hatziargyriou (2014) e Sharkh et al. (2014), recomendando a utilização de funções de
sobrecorrente combinadas com a subtensão.
Cita-se em A. Hooshyar e R. Iravani (2017) o fato da proteção diferencial ser
imune a muitos dos problemas presentes em microrredes. Entretanto, o autor aborda
ainda o fato de ser este tipo proteção uma solução de alto custo devido aos valores
dos relés diferenciais que chegam a ser mais que o dobro e exige um número de
relés maior do que qualquer outro tipo de proteção, além de sua implantação exigir
comunicação entre os dispositivos. Apesar disto, seu trabalho aborda aplicações deste
tipo de proteção trazendo melhorias técnicas. Em trabalhos como Ranjbar e Jamali
(2014), onde se avalia uma microrrede de média tensão, propõe melhorias nos aspecto
de comunicação ao se aplicar proteçaõ diferencial. Em Gururani, Mohanty e Mohanta
(2016) é apresentado uma abordagem da proteção diferencial através da transformada
de Hilbert-Huang. Já em Abdulwahid e Wang (2016) é mesclado técnicas de Hilbert e
processos de decisão Fuzzy. Por fim, em Kar e Samantaray (2014) utiliza-se transfor-
madas de tempo e frequência para abordar técnicas diferenciais.
Devido às variações da característica da corrente de uma microrrede, A. Ho-
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 48

oshyar e R. Iravani (2017) sugere que a proteção não seja dependente apenas da
corrente, citando que os dispositivos de distância são os mais comumente emprega-
dos em redes de distribuição ativa por eles utilizarem medidas de tensão e corrente
para estimar a impedância da rede. A proteção de distância é utilizada em Lin, Liu et al.
(2015), onde é mostrado que tal esquema é satisfatório para eliminar diversas faltas em
microrredes. O mesmo autor propõe ainda em Lin, Guerrero et al. (2015) a utilização
de PMUs (Phasor Measurement Unit), melhorando a seletividade e sensibilidade por
meio de adaptação da proteção. Melhoras na comunicação de esquemas direcionais
também são avaliadas em Elkhatib e Ellis (2017), traçando a trajetória da impedância
para definir as configurações da proteção. Técnicas utilizando arquitetura Multi-Agent
com esquemas de distância são apresentadas em Habib, Youssef et al. (2017) e Habib
e Mohammed (2017).
Abordagens utilizando medições de corrente com base em sua transformada de
sequência para a proteção de microrredes é apresentada inicialmente em Nikkhajoei e
Lasseter (2006). Verifica-se em Muda e Jena (2017) uma avaliação das componentes
de sequência de maneira sobrepostas para detecção da direção da falta e da detecção
a partir de um fator de impacto. Novas formas de definir as funções de direcionalidades
e classificação de faltas são apresentadas em Ali Hooshyar e Reza Iravani (2018) e
Hooshyar, El-Saadany e Sanaye-Pasand (2016) com base em componentes simétricas,
onde apresenta resultados que cobrem as falhas das formas tradicionais.
Entretanto, apesar das funções apresentadas como soluções, elas necessitam
em sua maioria ser adaptadas para se adequar às dinâmicas da microrrede. Assim,
chega-se a conclusão em Hatziargyriou (2014) e Sharkh et al. (2014) que para garantir
a proteção de uma microrrede, seu sistema deve ser adaptativo e deve ainda, dispor
de um sistema de comunicação para setar as novas configurações dos elementos de
proteção. Como exemplo tem-se o trabalho de Voima, Kauhaniemi e Laaksonen (2011),
utilizando funções de sobrecorrente com complementariedade da função de subten-
são para realizar uma proteção adaptativa. Em Wheeler, Faried e Elsamahy (2017)
é utilizado esquema de proteção diferencial adaptativa. Proteção de distância é vista
em Lin, Guerrero et al. (2015) e Voima, Laaksonen e Kauhaniemi (2014), adaptando-a
tanto para modo ilhado quando para conectado. Verifica-se também, a realização de
etapas offline com cálculos baseado no status da rede e na etapa seguinte, a atuali-
zação dos limiares de proteção é realizado de maneira online, como apresentado em
Teimourzadeh et al. (2017), Coffele, Booth e Dyśko (2015) e Khederzadeh (2012).
Considerações feitas em Bello e Maitra (2018) leva a conclusão de que para
garantir a confiabilidade de uma microrrede, seu sistema de proteção deve fazer uso
ou de esquemas diferenciais e de impedância com aspectos direcionais, ou utilizar
lógicas complexas em algoritmos, incorporando medições de tensão e impedância,
ou, por fim, criar sistema de proteção adaptativa com estimações em tempo real e
Capítulo 3. Aspectos de Proteção em Microrredes 49

distribuição das configurações de proteção.

3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sistemas de proteção em microrredes devem ser condizentes com a filosofia de


proteção do sistema de potência convencional. Assim, este capítulo revisa os aspectos
de sensibilidade, seletividade e velocidade dos sistemas de proteção e os relaciona
com as microrredes. Apresenta também as principais funções das lógicas de proteção
voltadas para o desenvolvimento deste trabalho de dissertação, passando pelos con-
ceitos de proteção adaptativa e de Self-Healing. Retrata também neste capítulo, os
principais desafios e as influências que a microrrede experimenta quando se trata de
projetos de sistemas de proteção. Neste ponto, se apresenta o conceito de Fault Ride
Through exigido por códigos normativos em vários países para evitar desligamento
cascata de geradores, evitando com isso o afundamento de tensão da rede. Aspectos
de comunicação voltados para a proteção adaptativa se mostram necessários para
completar o desenvolvimento do conceito de proteção adaptativa, a qual é vista neste
capítulo como uma das soluções mais viáveis para microrredes. Por fim, estabelece-se
uma breve revisão bibliográfica acerca das principais soluções encontradas na litera-
tura sobre o tema, tendo como base as principais lógicas de proteção dos sistemas de
potência atuais.
50

4 PROTEÇÃO ADAPTATIVA PROPOSTA

A caracterização dos elementos de geração de uma MR faz com que sua pro-
teção necessite de um certo grau de adaptabilidade para se adequar às constantes
mudanças climáticas, a diversidade nos atributos de geração, a variabilidade de carga
e as alterações no modo de operação do sistema. Sendo a proteção de sobrecorrente
o método mais utilizado em redes de distribuição, por sua simplicidade e atratividade
econômica, com a penetração de RED esta passa a ser inviável para a proteção de
MRs, se realizada da forma tradicional. Isto se deve à dependência do sistema de
proteção perante a níveis de geração e à direcionalidade do fluxos instantâneos.
A lógica de proteção deve se valer de pelo menos dois sistemas adaptativos:
sistema de detecção de falta e sistema de isolação da falta. O sistema de reestru-
turação auxilia na adaptabilidade da localização e isolação, induzindo o conceito de
Self-Healing na rede. Desta maneira, independentemente do cenário atual da MR, o
sistema de proteção atua decisivamente, coerentemente e assertivamente, desligando
o mínimo de consumidores possível.
Desta conceitualização, este capítulo apresenta esses sistemas de modo a ga-
rantir seletividade e sensibilidade para o método de proteção adaptativa proposto neste
trabalho de dissertação. Primeiramente se apresenta o método de detecção adaptativa,
onde o algoritmo atualiza constantemente os valores equivalentes de Thévenin em um
ponto central de proteção. Após esta detecção, o algoritmo de direcionalidade localiza
e isola a falta, utilizando apenas medições locais de corrente nos IEDs distribuídos nas
linhas da MR. A terceira etapa do método proposto utiliza um algoritmo de otimização
para reestruturar a rede de modo a restabelecer o maior número de cargas e manter
as características radiais da MR. Tal reestruturação é a base para adaptar o algoritmo
de direcionalidade utilizado para localização e isolação de defeitos da MR.
Em termos de sistemas de proteção, é proposto um sistema de proteção central
e um sistema de proteção local. O sistema central é responsável por detectar a falta e
enviar sinais de detecção de falta para a proteção local. Também é função da proteção
central reestruturar a rede mediante critérios operacionais ou recomposição da rede
pós-falta, enviando sinais de abertura e fechamento dos disjuntores para o sistema de
proteção local. A proteção local age em resposta ao sistema central localizando e iso-
lando a falta quando ocorre um trip ou atuando diretamente na abertura e fechamento
de disjuntores quando solicitado.

4.1 MÉTODO DE DETECÇÃO ADAPTATIVA

A proposta de detecção apresentada neste trabalho se vale de um sistema


de proteção centralizado, o qual se comunica com elementos locais espalhados nas
linhas da MR. Um fluxograma da lógica de proteção centralizada é vista na Figura 11.
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 53

∆IC = ∆I1 + ∆IG − ∆I2 . Uma vez que I1 e IG também são medidos pela proteção, o
valor de ZC é alcançado pela Equação 9

∆V
ZC = (9)
∆I1 + ∆IG + ∆I2
A determinação do valor de tensão equivalente de Thévenin a jusante da Figura
12, é obtido com o sistema de equações formado pela análise das malhas internas de
seu circuito. Esse sistema é apresentado na Equação 10.

−E + Z (I + I − I ) + V = 0
1 1 2 C C
(10)
+E + Z I − V = 0
2 2 2

Adequando o sistema da Equação 10, a fim de se obter uma expressão única


e reordenando-a, de modo a separar as grandezas da rede e isolar E1 , obtém-se a
Equação 11.

Z1 + Z2 Z1
( )V − ( )E2 + Z1 IC − Z1 IG = E1 (11)
Z2 Z2
Do mesmo modo, avaliando a malha externa da Figura 12, separando as gran-
dezas da rede e isolando E1 , encontra-se a equação 12.

(Z1 + Z2 )I2 + Z1 IC − Z1 IG + E2 = E1 (12)


Considerando novamente o incremento dos valores de tensão e corrente para
a Equação 11 e Equação 12, igualando-as e manipulando sua expressão resultante
de modo a isolar o valor de E2 , a Equação 13 é alcançada. Com o resultado obtido
pela Equação 8, o valor da tensão equivalente de Thévenin é obtido para o circuito a
jusante do sistema de proteção.

E2 = V + ∆V − ∆E2 − Z2 (I2 + ∆I2 ) (13)


Procedimento semelhante pode ser realizado para estimar os valores de Z1 e de
E1 , porém, essas variáveis não são necessárias para o cálculo do limiar proposto neste
trabalho. Dessa forma, os valores para o circuito equivalente de Thévenin a jusante
do sistema de proteção central são alcançados com a Equação 8 e Equação 13, para
a impedância e tensão, respectivamente. As variações das medidas são definidas
pela diferença ente a amostra atual e a amostra imediatamente anterior, obtidas pelo
processo de estimação fasorial.

4.1.2 Definição do Limiar de Detecção

Através dos valores estimados para o equivalente de Thévenin a jusante do


sistema de proteção central, a modelagem do circuito apresentada na Figura 13 é rea-
lizada. Define-se para esta modelagem, a direção do fluxo para frente representando o
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 55

regula a tensão e não a deixa cair demasiadamente. Já para o modo ilhado, devido
aos limites de corrente impostos pelos conversores eletrônicos das MGs, o valor de
I2 não cresce muito além dos valores nominais da carga da rede. Em contrapartida,
os conversores possuem inércia quase nula, e a queda de tensão no modo ilhado é
pronunciada.
Como apresentado na Figura 13, o sentido do fluxo pode se apresentar em am-
bas direções. Assim, para evitar a necessidade de estimação dos valores de Thévenin
a montante, utiliza-se o método de direcionalidade junto a Equação 16. Este método
é apresentado na sequência deste capitulo, porém é utilizado no método de detecção
conforme apresentado na Equação 17.

(Dir)I2 Z2 + E2
L= (17)
V
O valor de Dir, apontado na Equação 17 se refere à uma função sinal que
retorna o valor +1, quando o fluxo está na direção a jusante, e retorna o valor −1 para
a situação de fluxo a montante.
Devido ao fato de se esperar resposta unitária da Equação 17 durante operação
normal da MR, o limiar L pode ser refinado através de um coeficiente de potência
que o eleva a grandes valores quando uma falta ocorre. Assim, um limiar pode ser
melhor adaptado de acordo com o modo de operação. Tal coeficiente neste trabalho é
denominado como "op".
Computacionalmente, o valor de L é calculado conforme a Equação 18, onde
se estabelece que "i" é o valor da amostra do sinal resultante da DFT no momento da
medição, ou seja, em tempo real. O valor de "k" representa a estimação dos valores
de Thévenin, realizado anteriormente à amostra "i". Tal coordenação de informações,
entre amostra e estimação, é importante para que o limiar não se adapte à falta, ou seja,
que o algoritmo não julgue medições durante a falta como uma situação de operação
normal.
 op
Dir(i)Z2 (k − 1)I2 (i) + E2 (k − 1)
L= (18)
V (i)
Colabora com a validação da metodologia de detecção, a curva característica do
perfil de tensão e a corrente típica de MGs interfaceadas por conversores eletrônicos.
Tal curva é apresentada genericamente na Figura 14 de acordo com Shen et al. (2015).
Representando a Equação 18 no diagrama da Figura 15, e com a análise da
Figura 14, é possível delimitar um valor que suaviza as transições refletidas em L.
Dessa forma, pequenas variações na rede não afetarão em demasia o valor de L e seu
reflexo para faltas levará o valor de L para a região de falta representada na Figura 15.
É possível considerar como exemplo, uma variação natural de tensão entre
0,9pu à 1,1pu, e para a corrente de 0,5pu à 2pu. Esse exemplo leva à inequação
apresentada na Equação 19, sendo que os valores de Lmin e Lmax podem ser fixados,
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 57

serão os cálculos de covariância, e por conseguinte, melhor a estimação de Z2 e E2 .


Algoritmo 1: Método de Detecção de Falta
Importar dados da Simulação;
Realizar estimação fasorial;
Organizar dados;
Fazer k=1;
for Cada Amostra i do
Criar Vetor ∆S para calculo das covariâncias;
if Tamanho Vetor ∆S = (f.Ts .N ) then
Calcular Covariância de ∆S ;
Estimar Z2 através Equação 13;
Calcular ∆E2 através Equação 6;
Estimar E2 através Equação 13;
Calcular Limiar L através da Equação 18;
if Lmin ≤ Latual ≤ Lmax then
Atualizar Z2 (k) = Z2 (k − 1) ;
Atualizar E2 (k) = E2 (k − 1) ;
end
Reiniciar tamanho do vetor ∆S ;
Fazer k = k+1;
end
if Primeira Estimação foi realizada then
Obter direção do fluxo;
Calcular Limiar L(i)
end
end

4.2 MÉTODO DE ISOLAÇÃO DA FALTA - DIRECIONALIDADE

Em redes de distribuição tradicional, a potência ativa tem sua direção facil-


mente definida do alimentador à carga. Apresentando assim, simplicidade em isolar
uma falta após sua detecção. Com a penetração de MGs, esta unidirecionalidade é
comprometida, uma vez que a carga e potência das MGs alteram-se constantemente.
Evidencia-se assim a necessidade da estimação do sentido do fluxo para a correta
isolação da falta. A teoria clássica de direcionalidade da potência em uma linha se
vale de duas medidas: uma medida sendo de polarização, geralmente tensão; e uma
medida de operação, geralmente corrente. Esta teoria ainda hoje é utilizada em relés
digitais, porém, para a completa utilização em MRs apresentam falhas que compro-
metem a sensibilidade e seletividade da proteção, como apontado em Ali Hooshyar e
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 58

Reza Iravani (2018).

4.2.1 Detecção da Direcionalidade com uso apenas da Corrente

Verifica-se na literatura grande quantidade de trabalhos objetivando determinar


a direcionalidade do fluxo apenas com medições de corrente. Pata tal feito, medidas de
corrente são utilizadas para as grandezas de polarização e operação. Em Muda e Jena
(2017) a superposição das componentes simétricas de corrente pré-falta é avaliada
como grandeza de polarização, enquanto que componentes de corrente pós-falta são
avaliadas como grandezas de operação. Esta maneira de definir as grandezas de
medições também é vista em Ukil, Deck e Shah (2012) e, com uma visão mais focada
para MR, em Marchi Pintos, Moreto e Rolim (2016). Nesses trabalhos, apesar de
apresentarem bons resultados, apenas identificam a troca da direcionalidade durante
a falta, não a direção do fluxo em si, ou seja, é necessário o conhecimento da direção
do fluxo antes da falta para correta estimação da direção do fluxo durante a falta. É
visto em Jalilian, Hagh e Hashemi (2014), uma metodologia em que apenas a corrente
pós falta é avaliada, porém com uma necessidade constante e intensa de atualização
de seus limiares. Este problema é contornado em Ashtiani, Samet e Ghanbari (2017)
onde apenas a mudança de sinal da componente imaginária do fasor corrente pós falta
é avaliado. Porém, o método considera geração em todas as barras, resultando em
fluxo de potência fluindo por todas as linhas da rede mesmo em situação de falta, fato
que nem sempre é notado em MRs reais.
Outras formas de avaliação da direcionalidade do fluxo de potência utilizando
apenas medidas de corrente podem ainda serem vistos em trabalhos como em Faiz e
Mahmoudi (2017), utilizando curvas de Lissajous no domínio do tempo e em Wei Chen
et al. (2003) e Aguilera, Orduña e Rattá (2007), onde teorias de ondas viajantes são
consideradas para a estimação da direcionadade, contudo, estes trabalhos abordam a
necessidade de avanços nestas teorias para que possam se tornar uma solução factí-
vel. Muitas das dificuldades encontradas na literatura para métodos de direcionalidade
utilizando apenas corrente é abordada em Hua et al. (2016), contudo, empregam-se
novos dispositivos de medição na rede, aumentando o custo do método.

4.2.2 Metodologia Proposta

A proposta de estimação da direcionalidade apresentada neste trabalho de


dissertação avalia o sinal da componente imaginária do fasor corrente em coordenadas
retangulares. Para tal, a Transformada discreta de Fourier (DFT) recursiva com janela
de 1 ciclo é utilizada, provendo ainda um filtro em torno da frequência da rede em
60Hz e uma frequência de amostragem de 4200Hz, eliminando possíveis problemas
de aliasing.
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 60

relação da estimação baseada na parte imaginária do fasor corrente, em relação aos


quadrantes da função seno, é apresentado como:
n o
• Im I˙ > 0 : Fluxo é para trás;
n o
• Im I˙ < 0 : Fluxo é para frente.

Manipulando a equação 20, o sinal de P é apresentado de acordo com a Equa-


ção 21, onde verifica-se a sensibilidade da equação perante o ângulo da tensão.

sgn {P } = sgn {cos(θV − θI )} = sgn {cos(θV )cos(θI ) + sin(θV )sin(θI )} (21)

Durante o período de falta, o valor de tensão pode se aproximar a zero, descre-


dibilizando a estimação fasorial realizada no algoritmo, isso devido à sensibilidade da
Equação 21 para as medidas de ângulo de tensão. Para contornar este problema, a
tensão pré-falta é utilizada como referência de deslocamento para plano de medições.
Obter-se-à assim sgn {P } = sgn {cos(θVpre )cos(θI ) + sin(θVpre )sin(θI )}
Analisando o fato das microrredes se valerem de linhas de distribuição curtas e
apresentarem geração distribuídas ao longo da rede, facilitando com isso o controle de
tensão, a abertura angular das barras em relação ao controle central V /f , é pequena.
Assim, seguindo a lógica de comunicação apresentada na Figura 16, o ângulo de
tensão utilizado como base referencial do plano de medições é definido como a tensão
pré falta do sistema de proteção central. Isso resulta em uma sensibilidade do método
de acordo com a Equação 22, enquanto que o método direcional é avaliado de acordo
com a Equação 23.
n o
sgn {P } = sgn cos(θVref )cos(θI ) + sin(θVref )sin(θI ) . (22)

sgn {P } = sin(θI ) (23)

4.2.2.2 Algoritmo e Lógica de Localização e Isolação

Através do método de DFT para a estimação fasorial, o módulo e a fase da


corrente local são obtidos eliminando ruídos em torno da frequência nominal da rede.
Este filtro melhora a qualidade e confiabilidade do valor estimado, apresentando-o no
domínio da frequência. O resultado da DFT para a corrente é mostrado na Equação
24.

˙ DF T = |I DF T |∡(θIDF T )
(I) (24)
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 61

Rotacionando matematicamente o fasor e deslocando-o de 90o , como apresen-


tado na seção anterior, o valor da corrente se torna como descrito pela Equação 25,
onde θVref diz respeito ao ângulo de referência obtido pela proteção central.

˙ DIR = |I DF T |∡(θDF T − θref − 90o )


(I) (25)
I V

Reescrevendo a Equação 25 no formato exponencial, a Equação 26 é obtida, a


qual reorganizando-a, torna-se como descrito nas Equações 27 e 28.

DF T −θ ref −90o )
˙ DIR = |I DF T |ej(θI
(I) V (26)

h i ref
˙
(I) DIR
= |I DF T j(θIDF T )
|e e−j(θV ) e−j(90) (27)

ref
(I) ˙ DF T e−j(θV ) e−j(90)
˙ DIR = (I) (28)

Avaliando o sinal da parte imaginária da Equação 28, a direção do fluxo de


potência ativa é obtido como demostrado pela Equação 29.
h n o ) oi
˙ DF T e−j(θVref )e−j(90
DIR = sgn Im (I) (29)

Para situações onde não há fluxo de potência na linha, um valor de modulo


de corrente mínimo é estipulado para avaliação. Isto provê a relação DIR = 0 para
quando a corrente de falta for menor que a corrente pré falta. Tal relação é dada pela
Equação 30, onde dp representa uma porcentagem relacionada à queda da medida.

DIR = 0; ✐❢ |I˙fDF T ˙DF T


ault | < |Ipre |dp (30)

Como resultado final do método de estimação da direcionalidade proposto, um


resumo é apresentado de acordo com a Equação 31, o qual usa apenas o sinal resul-
tante da Equação 29, complementando-se com o resultado da Equação 30.

DIR = +1,

 Fluxo para trás;

✐❢ DIR = 0, Sem fluxo na linha; (31)


DIR = −1, Fluxo para frente.

Com base na Equação 31, é possível localizar a falta avaliando o resultado en-
contrado no relé adjacente ao qual sua direção aponta. Caso sejam avaliadas direções
opostas, o método julgará um ponto de falta e providenciará a abertura de seus respec-
tivos disjuntores. Caso contrário, a falta não é identificada nesta região. Após decorrer
um tempo representativo do fechamento dos disjuntores, a constatação da permanecia
da falta é realizado repetindo o método de detecção de falta. Caso não seja detectado
falta, o método conclui a isolação, do contrário, a proteção de retaguarda é acionada
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 63

radialidade da rede. A reconfiguração da rede pós falta, permite uma reestruturação


da mesma, garantindo que a radialidade seja mantida e critérios operacionais possam
ser otimizados.
Técnicas envolvendo conceitos de grafos são utilizados em grande escala na
literatura para a reestrutura de rede. Em Li et al. (2014) e Anuranj et al. (2016), árvores
geradores são utilizadas através de alimentadores de rede virtuais para compor o sis-
tema de distribuição. Embora tradicionais, as teorias de grafos apresentam dificuldades
para lidar com GDs. Esta dificuldade é suplantada pela literatura através de métodos
heurísticos. Com a junção da teoria de grafos, uma visão heurística de modo iterativo
é apresentado em Drayer et al. (2017), embora resolvendo o problema por blocos de
maneira local e não global. Algoritmos Genético em conjunto com lógica Fuzzy são
apresentados em Gupta et al. (2010b). Estratégias Multiobjetivo com técnicas branch-
and-bound são apresentadas em Guedes et al. (2012). Alternativamente aos métodos
heurísticos, técnicas de otimização mesclam os conceitos da teoria de grafos com
métodos de otimização valendo-se de funções objetivas que visam mitigar aspectos
operacionais, bem como os de controle. Estratégias de otimização multiobjetivo são
apresentadas em Xiaodan et al. (2009) e uma remodelagem do problema de otimiza-
ção em uma formulação discreta e booleana é apresentada em Qiao, Lu e Mei (2009)
para reestruturação da rede.

4.3.1 Modelagem do Sistema de reestrutura da rede

A proposta de reestrutura da rede apresentada neste trabalho de dissertação


utiliza a mescla dos conceitos da teoria de grafos e utilizam-as como restrições de um
problema de fluxo de potência ótimo modelado linearmente através das aproximações
CC do fluxo de potência. Isso significa que resoluções simples e comerciais podem
ser empregadas, encontrando um ponto ótimo do problema de maneira ágil. Implica
também que influências de fatores de potência reativa são desconsiderados, bem como
qualquer não linearidade que não pode ser modelada em termos de sistema CC.
Matematicamente, um problema de otimização constitui-se de uma função ob-
jetivo, f(x), e funções de restrições, ci (x), sendo que x representa o vetor de variáveis
do problema (NOCEDAL; WRIGHT, 2006). Assim, a formulação do problema de oti-
mização é apresentada de modo geral como descrito na Equação 32, onde Iˆ e D̂
representam o conjunto das funções de restrições de igualdade e desigualdade, res-
pectivamente.

c (x) = 0, i ∈ Iˆ
i
min f (x); sujeito à (32)
c (x) 6 0, i ∈ D̂
i

Em sua teoria base, o fluxo de potência ótimo visa minimizar uma função objetivo
com características operacionais da rede, como por exemplo perdas em linhas da rede,
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 64

despacho de cargas e geração, fatores econômicos, entre outras, de tal maneira que a
solução seja restrita às condições de fluxo de potência clássico, como leis de Kirchhoff,
limites de fluxo e geração, etc (WOOD; WOLLENBERG; SHEBLÉ, 2014).

4.3.1.1 Função Objetivo

Na formulação proposta dessa dissertação, a função objetivo busca de maneira


simplificada minimizar os aspectos de custo dos chaveamentos dos dispositivos pre-
sentes nos terminais das linhas. Isso é realizado com a associação de pesos para cada
elemento com características de chaveamento. Objetiva-se também a minimização de
corte de carga através de uma seletividade imposta por ponderações em níveis de
barra. Por fim, visa-se um despacho das MGs de modo a garantir geração otimizada
das MGs de menor custo. Dadas as considerações, a função objetivo do problema de
otimização para este trabalho é formulada de acordo com a Equação 33.

X X X
min. βij xij + αi (PiD + QD
i )yi + γ i Gi (33)
Ωa Ωr Ωg

A descrição dos termos apresentados na Equação 33 é dado como:

• αi : Peso do custo de desconexão da carga da barra i;

• βij : Peso do custo de chaveamento da linha ij;

• γi : Peso do custo para produção de energia no gerador i;

• xij : status da linha ij (xij ∈ {0, 1} | x = 0 7→ aberta, x = 1 7→ f echada);

• yi : status da carga i (yi ∈ {0, 1} | y = 0 7→ Conectada, x = 1 7→ cortada);

• Ωa: Conjunto de chaves NA;

• Ωr: Conjunto de ramos;

• Ωg: Conjunto de geração (Ωg = ΩGD + Ω + SE);

• ΩGD : Conjunto de geração distribuída;

• ΩSE : Conjunto de Subestações;

• PiD : Carga ativa conectada na barra i;

i : Carga reativa conectada na barra i.


• QD

A imposição de pesos para realizar a ponderação dos objetivos do problema


é uma visão simplificada das possibilidades de resolução. Contudo, funções mais
elaboradas podem ser formuladas, porém com maior esforço computacional e maior
complexidade na solução. Tal trabalho diverge do foco dessa dissertação, cujo objetivo
é mostrar a metodologia em sua forma base.
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 65

4.3.1.2 Restrições do Problema de Otimização

Dos conceitos da teoria de Grafos, uma árvore representa um sistema de m


arcos e N nós conectados sem formar laços fechados. Esta definição se enquadra
ao conceito de redes radiais, podendo comparar o sistema de distribuição como uma
árvore da teoria de grafos. Assim, como apresentado em Bazaraa, Jarvis e Sherali
(2011), uma árvore é constituída pela conexão de N-1 ramos. Dito isto, de acordo com
Lavorato et al. (2011), duas condições devem ser satisfeitas simultaneamente para que
o sistema seja radial. Estas condições são:

• Condição 1: Deve haver N − 1 ramos na rede;

• Condição 2: Deve se garantir a conectividade dos circuitos.

Para satisfazer a primeira condição, a Equação 34 é formulada de tal forma


que o valor da soma de todos os ramos ativos na rede deve ser igual ao número de
barras da rede subtraído pela quantidade de alimentadores presentes na rede. Nesta
equação, |Ωb | representa as barras e ns o número de subestações (alimentadores)
consideradas na rede.

X
xij = |Ωb | − ns (34)
Ωr

A segunda condição é facilmente satisfeita pela primeira lei de Kirchhoff, ou


seja, pelo balanço de potência do problema clássico de fluxo de potência. Resume-
se assim a Equação 35 sendo Pi e PiD as potências geradas e as cargas da barra
i, respectivamente. Já os valores designados para pin e pout representam o fluxo de
potência chegando e saindo pelas linhas conectadas a barra i. A relação (1 − yi )
representa o corte de carga seletivo resultante da solução do problema de fluxo de
potência ótimo.

X X X
pin + Pi = pout + PiD (1 − yi ) (35)
Ωr Ωg Ωr

As condições levantadas garantem a conectividade da rede para sistemas de


distribuição tradicionais, onde não há presença de MGs. Neste caso, a existência
de MGs na solução do problema de otimização poderá acarretar na formação de
circuitos ilhados devido a restrição da Equação 35. Para contornar esta questão, um
sistema de fluxo de potência fictício é apresentado em Lavorato et al. (2011) para
estabelecer conectividade entre as MGs e a subestação alimentadora da MR. Nesse
caso, o conjunto de equações apresentado na Equação 36 representa o balanço de
fluxo fictício na barra i por meio da variável H, com o subscrito G e D representando
a geração G e demanda D fictícia. A geração fictícia (G) representa a subestação,
sendo esse um valor representativo da quantidade de subestações no sistema. A
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 66

demanda fictícia (D) representa a MG conectada na barra i, novamente sendo um valor


binário representando sua conexão com a barra i. A quantidade de GD no sistema é
quantizado pela constante NGD .

Hij − sai i Hij + HiG = HiD


P P
entra i
−xij NGD 6 Hij 6 xij NGD
HiG > 0; ∀i ∈ ΩSE
(36)
HiG = 0; ∀i ∈
/ ΩSE
D
Hi = 1; ∀i ∈ ΩGD
HiD = 0; ∀i ∈
/ ΩGD
A junção das restrições presentes nas Equações 34, 35 e 36 garantem a radi-
alidade em uma MR. A fim de proporcionar uma melhor ilustração dos resultados, a
restrição de limites de potência gerada em cada MG é estabelecida de acordo com a
Equação 37.

Pimin 6 Pi 6 Pimax (37)

Por fim, como resposta ao problema de reestruturação da rede otimizada, os


valores de x e y devem ser restringidos a valores binários, levando à utilização das
restrições presentes na Equação 38.

xij ∈ {0, 1}
(38)
yi ∈ {0, 1}
Uma vez que a modelagem proposta neste trabalho aborda uma formulação
linear CC do fluxo de potência, o valor de P é dado pela Equação 39 de acordo com
Monticelli (1983).

X X
Pi = Xij θi − Xij θj (39)
j∈Ωi j∈Ωi

O valor de θ representa o valor do angulo da tensão na barra em radianos, já


o valor de Xij representa valores da impedância da linha e é calculado através da
Equação 40, onde χ e r são as reatâncias e resistências da linha, respectivamente..

χij
Xij = (40)
χ2ij+ rij2
A formulação completa do problema de otimização elaborada neste trabalho
de dissertação é detalhado no Apêndice B. O método de solução utilizado é o MILP
(Mixed Integer Linear Programming) através da função intlinprog do software Matlab.
Capítulo 4. Proteção Adaptativa Proposta 67

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de proteção de microrredes avaliada neste capítulo aborda o con-


junto de técnicas que culminam no desenvolvimento do conceito de Self-Healing. Com
tais técnicas, seletividade e sensibilidade são aprimoradas em relação aos métodos
convencionais devido à implantação de um sistema de comunicação e lógica adaptável
em IEDs. Ademais, os principais desafios dos estudos de proteção de microrredes são
suplantados.
A atuação da proteção inicia com a detecção da falta por meio de um tratamento
numérico dos sinais de corrente em conjunto com o de tensão. Desta maneira, obtém-
se uma proteção de sobrecorrente com critérios de subtensão. Com este tratamento,
não há a necessidade de adaptação do limiar de proteção, apenas a atualização das
medidas em um ponto central da rede. Ainda mais, a coordenação é facilitada por meio
de canais de comunicação, evitando cálculos de curvas temporizadas.
A necessidade de avaliar a direção do fluxo através de cálculos de torque dos
discos presente nos antigos relés analógicos, também são eliminadas com a técnica
proposta de direcionalidade por meio de medidas apenas de corrente em um sistema
de proteção local. Ademais, a mudança da direcionalidade do fluxo é avaliada sim-
plesmente pelo sinal da parte imaginária do fasor corrente medido localmente, sendo
calculado com informações do ângulo de tensão pré-falta da proteção central, evitando
a adaptação constante de limiares, bastando um sistema de comunicação seguindo,
por exemplo, o protocolo IEC-61850.
Técnicas de otimização são utilizadas para a reestruturação da microrrede, de
modo a mitigar os sistemas de operação e controle da rede. Desta maneira, o sistema
garante sua radialidade e o adapta para a utilização da técnica direcional proposta
nesta dissertação.
A limitação de corrente de falta imposta pelos conversores eletrônicos nas mi-
crogerações não se apresenta como problema para a detecção da falta no método
proposto. Isso ocorre por utilizar, de maneira centralizada, uma estimativa do circuito de
Thevenin, sendo adaptável para qualquer modo de operação e para qualquer variação
natural de carga. No sistema de proteção central, critérios de FRT podem ser avalia-
dos, de modo a garantir as normas internacionais e evitar desligamento de geração
em modo cascata na microrrede. Essa avaliação de FRT pode ser incluída facilmente
no Algoritmo 1 proposto neste trabalho.
68

5 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

Frente ao apresentado nessa dissertação, simulações com o objetivo de validar


a metodologia proposta foram realizadas em termos de detecção da faltas, isolação
destas por meio da constatação da direcionalidade da corrente e, por fim, em termos
de reestruturação da rede, validando assim as principais características de um sistema
com Self-Healing em uma MR formada exclusivamente por conversores eletrônicos.
Nesse capítulo são apresentados os resultados destas simulações e comentários
acerca dos principais pontos são levantados, tanto para o modo conectado quanto
para o modo ilhado.
Após uma breve apresentação do sistema teste utilizado neste trabalho, este
capítulo apresenta resultados para três casos do método de detecção de faltas. Estes
casos são: Comportamento do método de detecção em um cenário de variação de
carga e variação de potência gerada, comparando-os com os resultados referente a
faltas monofásicas (Fg), bifásicas aterrada (FFg) e bifásica sem terra (FF); Compor-
tamento do método ao aplicar faltas Fg, FFg e FF em posições distintas do sistema;
Comportamento ao adicionar um valor de impedância nas faltas (Fz), avaliando assim
o comportamento do método de detecção para faltas não-sólidas.
Seguindo com a descrição da estrutura deste capítulo, avalia-se a metodologia
de isolação da falta por meio da constatação da direção do fluxo de potência para as
faltas Fg, FF e Fz em diferentes pontos da rede, utilizando apenas medições locais de
corrente. Finaliza-se a apresentação dos resultados desta dissertação com os casos
mais relevantes obtidos com o algoritmo do sistema de reestruturação da rede a partir
de um gerenciamento centralizado.
Todas as simulações deste trabalho são realizadas através do programa compu-
tacional PSCAD (Power Systems Computer Aided Design), o qual modela a microrrede
para estudos utilizando análise de transitórios eletromagnéticos EMTDC (Eletromag-
netic Transients including DC). A implementação dos algoritmos e metodologias pro-
postas são realizados pelo software MATLAB, o qual lê os resultados do PSCAD e
apresenta os resultados finais presentes neste capítulo. O algoritmo de reestruturação
por sua vez não faz uso do software PSCAD, pois este avalia a validação do método
de maneira offline.

5.1 SISTEMA TESTE

Para a validação do sistema de proteção proposto nessa dissertação, utiliza-se


um sistema teste baseado em uma rede física de média tensão, a qual supre uma pe-
quena cidade no sul da Alemanha, fazendo conexão com uma rede rural. Esse sistema
teste é modelado pelo CIGRÉ em uma tentativa de representar a rede mantendo suas
características realísticas em duas configurações. Uma destas reflete as característi-
Capítulo 5. Simulações e resultados 70

normal com as chaves S1, S2 e S3 abertas. Desta forma, a MR1 apresenta radialidade
em três ramos distintos, sendo a barra 7 o ponto mais afastado do PCC. Como apre-
sentado na metodologia de proteção deste trabalho, o método de detecção é realizado
de maneira centralizada. As medições necessárias de tensão e corrente são obtidas e
processadas por IEDs localizadas na Barra 2 e através de um sistema de comunicação,
transmite-se um sinal de falta para os demais relés da MR. Neste ponto de processa-
mento centralizado da detecção de faltas, a MG de referência se encontra com controle
Vf para o modo de operação ilhado, sendo que ao operar em modo conectado, tem
seu controle alterado para PQ.
Para melhor investigação do método e apuração de seu limiar, três casos são
avaliados para os modos ilhado e conectado, sendo descritos como:

• CASO1: Variações de carga e de geração da MR;


Neste caso objetiva-se verificar o comportamento do limiar estipulado para de-
tectar a falta frente às variações naturais da rede relacionadas a mudanças de
consumo por parte dos usuários da MR e pela intermitência das MG distribuídas
ao longo do sistema.

• CASO2: Faltas em pontos distintos da MR;


Neste caso avalia-se a influência da distância das faltas na detecção feita através
do limiar proposto.

• CASO3: Consideração de faltas não-sólidas na MR.


Nete caso, incorpora-se um valor de resistência para as faltas, de modo a verificar
o resultado da detecção na ocorrência de faltas que não sejam sólidas.

Uma vez que a metodologia de detecção é realizada por fase, justifica-se o


fato de realizar simulações apenas com faltas Fg, FFg e FF, pois os demais tipos
apresentam comportamentos semelhantes considerando uma análise por fase.

5.2.1 Avaliação da Detecção com Variações na Rede

Os resultados para o CASO1 da detecção de falta são obtidos com uma simu-
lação de 50 segundos realizada no PSCAD, variando nela as condições de carga e
geração da MR. A Figura 19 mostra os instantes onde a carga foi aumentada e redu-
zida, diminuído e aumentado a geração, retirado uma MG do sistema e aplicado as
faltas Fg, FFg e FF nas fases A e B da MR no ponto referente à Barra 5.
Após o transitório de inicialização da simulação, um aumento de 15% em todas
as cargas da MR é feito no instante 5s. Em 9s a rede volta a sua condição original de
carregamento, quando em 13s a carga é reduzida 10% de seu valor. Estes valores tem
como base o perfil de carga apresentado em Strunz et al. (2014), onde verifica-se que
Capítulo 5. Simulações e resultados 80

estimação da direcionalidade do fluxo, apresentado no Capítulo 4. Desta maneira, após


a central de proteção detectar a falta, emitem-se sinais de indicação de falta junto com
o ângulo de tensão da proteção central para todos os relés da rede, os quais checam a
direcionalidade do fluxo em sua respectiva linha e a compara com seu relé adjacente.
As simulações deste caso são realizadas apenas na MR1, operando em condi-
ção normal com suas chaves, S1, S2 e S3 abertas. Resultando assim em três ramos
radiais na MR1. Cada ramo radial tem seu sentido padrão pré-definido do PCC até seu
último elemento conectado no ramo. Assim, é definido o sentido padrão como para
frente (sPF) e o sentido para trás (sPT) é definido como o fluxo apontando para o PCC.
Define-se o Sistema Radial 1 (SR1), o ramo que liga a barra 1 à barra 7. O Sistema
Radial 2 (SR2) é definido pelo ramo que faz ligação entre as barras 1 e 11 e o Sistema
Radial 3 (SR3) a ligação das barras 1 até 6.
A avaliação do método é realizada pela aplicação de faltas em duas posições,
localizadas nas Barras 11 e 8. Estas localizações resumem as principais característi-
cas do método de direcionalidade proposto e mostram as adversidades presente em
sua lógica. Para cada local de falta, faltas Fg, FF e Fz são aplicas em uma mesma linha
temporal. Estes tipos de faltas refletem de modo geral o comportamento do método
para as faltas solidamente aterradas, faltas sem terra e faltas não-sólidas com resistên-
cia de 10Ω. Avalia-se a metodologia de direcionalidade tanto para o modo ilhado como
para o modo conectado.

5.3.1 Resultado para Direcionalidade no Modo Ilhado

De acordo com o algoritmo utilizado para a determinação da direcionalidade do


fluxo, o sinal positivo (+1) representa sentido reverso, ou seja, representa o sentido
definido como sPT. O sinal negativo (-1) representa o sentido direto, representado pela
definição sPF e o valor 0 representa o fim do ramo, indicando que não há fluxo naquela
linha. Deste modo, verifica-se na Figura 351 o resultado da direcionalidade para as
faltas Fg, FF e Fz na fase A localizadas na Barra 11 referente ao SR1.
Por meio do resultado obtido, verifica-se que durante a falta ocorre a inversão
do sentido do fluxo nas linhas da MR. Nota-se ainda que tal inversão acontece apenas
no tempo e nas fases faltosas e o sentido de todas as linhas apontam em direção
da falta. No caso do SR1, observa-se que os relés adjacentes presentes no fim da
linha 12 (12(b)) e inicio da linha 7 (7(a)) apontam na mesma direção. Isso indica que
a falta estaria na barra 8, contudo, esta barra contém outra ramificação que necessita
ser averiguada. O destaque amarelo durante a falta na Figura 35 mostra que o fluxo
apontaria para aquele local, porém, devido a sua conexão com o SR2, o método
precisa ainda verificar esta outra ramificação da rede.
1
Transitórios de sinal presente nos resultados do método de direcionalidade desta dissertação se
refere à restituição da rede pós-falta, não sendo significativos para a metodologia apresentada.
Capítulo 5. Simulações e resultados 81

Figura 35 – Falta em B11 Ilhada: Sistema Radial 1

A Figura 36 mostra o resultado para o SR2, onde verifica-se que todos os


sentidos de fluxo apontam para o fim da linha 10, ou seja, para o fim do ramo SR2.
Neste caso, como o relé adjacente ao rele da linha 10(b) é o relé 11(a), cujo qual se
encontra com fluxo 0 devido a chave S3 estar aberta, o método de proteção acusa que
a falta está na barra 11. Assim, deve ser providenciado a abertura do relé 10(b). Esta
ação é representada pelo destaque em cor vermelha na Figura 36.
Complementa-se a análise das faltas localizadas na Barra 11 pela Figura 37,
onde se verifica o resultado da direcionalidade para o SR3. Neste sistema é visto algo
semelhante ao que ocorre com o SR1, sendo que as direções apontam para a Barra
3. Novamente, a Barra 3 faz conexão com outro ramo significando que para a correta
isolação da falta, esse outro sistema deverá ser averiguado.
Com a simulação das faltas na Barra 11, é possível avaliar o método para faltas
originarias no fim de uma radialidade. Isto faz com que seja necessário conhecer a
topologia da rede e o status dos disjuntores pré falta. Este fato revela a necessidade
da complementariedade do sistema de proteção com um sistema de reestrutura para
adaptar a MR às mudanças topológicas oriundas de manobras na rede, sejam elas
feitas pelo operador ou por isolação de algum defeito na rede.
A simulação de faltas na Barra 8 contempla outros aspectos do método de dire-
cionalidade. Nessa barra se verifica a ramificação de dois sistemas radiais, e portanto,
a isolação de um defeito nesta barra deve ser efetuada pela abertura de ao menos três
disjuntores. Assim, a Figura 38 mostra o resultado do método para o SR1 sob faltas na
barra 8.
O resultado visto pela Figura 38 indica uma falta relacionada ao fim da linha 12
e inicio da linha 7. A confirmação do local da falta é obtida com o resultado mostrado
Capítulo 5. Simulações e resultados 89

apresentará coerência durante o processo de isolação da falta.

5.4 AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA DE REESTRUTURA DA REDE

O processo de reestrutura da MR é realizado por meio de informações recebidas


da central de controle referente a topologia da rede pré-fata e dos disjuntores que
tiveram trip acionados durante a falta. A partir do recebimento das informações pela
central, encontra-se uma nova topologia de rede que seja radial, tenha despacho de
potência ativa otimizado, realize corte de carga seletivo quando necessário e usufrua
das MGs de maneira mais eficiente. Durante as simulações, consideram-se ainda os
limites de fluxo ativo nas linhas da rede, limite de potência ativa gerada e a restrição de
radialidade da rede. Parte-se da suposição de que a situação da rede pré-falta está em
estado de operação normal, ou seja, as chaves S1, S2 e S3 estão abertas formando
duas MRs radiais. Para o caso da avaliação da reestrutura da rede, ambas as MR1 e
MR2 da Figura 18 são avaliadas.
As simulações apresentadas nesse trabalho são realizadas através do software
MATLAB de maneira offline e consistem da eliminação de um elemento da rede por
vez para validação do método. No intuito de apresentar apenas os resultados mais sig-
nificativos de reestrutura, três cenários são selecionados para incorporar este trabalho
em cada modo de operação. Esses cenários são:

• Modo Ilhado • Modo Conectado


Cenário 1: Falta Barra 3 Cenário 4: Falta Linha 1
Cenário 2: Falta Linha 12 Cenário 5: Falta Barra 3
Cenário 3: Falta Barra 11 Cenário 6: Falta Linha 5

Os resultados para os cenários em modo ilhado são apresentados na Tabela


2 para as linhas e na Tabela 3 para as cargas. Já para o modo conectado, seus
resultados são apresentados na Tabela 4 para as linhas e na Tabela 5 para as cargas.
O Status da linha representa se ela está ativa na rede (1) ou desconectada (0) devido
a abertura dos seus disjuntores. O Corte de Carga representa se houve desconexão
da carga (1) ou se a carga da respectiva barra não foi desligada (0) para satisfazer o
algoritmo de otimização. Tanto o fluxo quando a geração estão em unidades kW.
A avaliação do Cenário 1 expõe vários aspectos estabelecidos pelo algoritmo
de otimização da reestrutura da rede. O resultado obtido com uma falta na Barra 3
provoca automaticamente o desligamento das linhas adjacentes 2, 3 e 12, além do
corte de sua carga e geração. O algoritmo de reestruturação da rede verifica que houve
perda da barra de referência e provê o fechamento da chave S1, conectando a MR1 à
MR2 através da linha 14. Assim, a referência da MR1 passa a ser a MR2 e mantêm-se
a radialidade do sistema. Neste cenário, verifica-se ainda o limite sendo atingido nas
Capítulo 5. Simulações e resultados 90

linhas 5 e 8, o que provoca corte de carga na barra 4 devido ao limite atingido na linha
5. Como consequência, o fluxo da linha 4 é nulo.
O cenário 2, relacionando uma falta na linha 12, mostra a decisão do algoritmo
em escolher entre o fechamento da chave S1, S2 ou S3. Nesse cenário, qualquer
opção garantiria a radialidade da rede, entretanto o algoritmo de otimização opta pela
opção que minimiza o corte de carga e otimiza o uso das MGs, respeitando os limites
impostos pelo problema. Neste caso, a chave fechada para manter os critérios de
otimização é a chave S2. É verificado ainda, que nesse cenário não houve corte de
carga.
Na presença de uma falta na Barra 11, não há a necessidade de operações
para garantir a radialidade da rede. Assim, o algoritmo realiza o despacho de potência
considerando a eliminação da barra faltosa e suas linhas adjacentes.

Tabela 2 – Resultado de Linha para Reestrutura - Modo Ilhado


Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Linha
Status Fluxo Status Fluxo Status Fluxo
2 0 0 1 -49 1 -198
3 0 0 1 81 1 29
4 1 0 1 0 1 -52
5 1 -100 1 -48 1 -100
6 1 4 1 89 0 0
7 1 85 1 20 1 53
8 1 -150 1 -124 1 -150
9 1 24 1 24 1 51
10 1 123 1 123 0 0
11 0 0 0 0 0 0
12 0 0 0 0 1 -59
14 1 -76 1 -6 1 -35
15 1 -91 0 0 0 0

Operando a MR em modo conectado, o cenário 4 avalia a reestruturação da


rede após uma falta na linha 1. Neste caso, com a desconexão da rede externa, a
geração da barra 2 tem seu modo de controle alterado de PQ para Vf. Deste modo
não há necessidade de mudanças na topologia da rede mediante chaveamento de S1,
S2 ou S3. Verifica-se entretanto, apenas um redespacho das MGs.
Por outro lado, mediante uma falta na barra 3, a topologia da rede é alterada
de modo a compartilhar da referência existente na MR2 por meio da S1. Devido a
eliminação da linha adjacente 12, a chave S3 é fechada.
Com uma falta na linha 5, mesmo em modo conectado, ocorre corte de carga
devido aos limites impostos no problema de despacho do fluxo de potência. O fecha-
mento de S2 garante a radialidade da rede, porém o redespacho leva a geração das
barras 5 e 2 ao seus limites. A complementaridade de potência para a carga na Barra
Capítulo 5. Simulações e resultados 91

Tabela 3 – Resultado de Carga para Reestrutura - Modo Ilhado


Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
Barra
Corte Geração Corte Geração Corte Geração
2 0 291 0 242 0 92
3 0 0 0 262 0 300
4 1 – 0 – 0 –
5 0 148 0 200 0 200
6 0 216 0 249 0 212
.7 0 200 0 50 0 172
8 0 – 0 – 0 –
9 0 238 0 212 0 265
10 0 200 0 200 0 50
11 0 – 0 – 0 –
13 0 77 0 147 0 118
14 0 50 0 72 0 100

4 viria da rede externa por meio das linhas 1 e 2 ou mesmo pela linha 12, porém, para
suprir esta carga, tais linhas teriam limites violados. Por esta razão, o algoritmo resulta
no corte de carga da barra 4.

Tabela 4 – Resultado de Linha para Reestrutura - Modo Conectado


Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
Linha
Status Fluxo Status Fluxo Status Fluxo
1 0 0 1 -9 1 -190
2 1 9 0 0 1 -190
3 1 48 0 0 1 48
4 1 -33 1 27 1 48
5 1 -100 1 -100 0 0
6 0 0 0 0 1 100
7 1 81 1 51 1 100
8 1 -69 1 -150 1 -104
9 1 24 1 51 1 131
10 1 123 1 150 1 123
11 0 0 1 27 0 0
12 1 6 0 0 1 -61
13 1 118 1 61 1 118
14 1 15 1 -42 1 15
15 0 0 1 -57 0 0

Perante todos os casos simulados, a radialidade do sistema foi respeitada na


eliminação individual de cada elemento da rede (Linha e Barra). Apenas os casos mais
interessantes foram apresentados no corpo deste trabalho, porém, para os demais
casos, resultados semelhantes foram obtidos. O tempo de processamento do algoritmo
pelo MATLAB em um computador com processador Core i3 2,13GHz com 4GB RAM
foi menor que 0,1s. Os pesos estabelecidos no processo de otimização do algoritmo
Capítulo 5. Simulações e resultados 92

Tabela 5 – Resultado de Carga para Reestrutura - Modo Conectado


Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
Barra
Corte Geração Corte Geração Corte Geração
1 0 – 0 4224 0 4043
2 0 300 0 300 0 300
3 0 166 0 0 0 300
4 0 – 0 – 1 –
5 0 181 0 121 0 200
6 0 212 0 212 0 212
7 0 200 0 170 0 119
8 0 – 0 – 0 –
9 0 157 0 265 0 300
10 0 200 0 200 0 93
11 0 – 0 – 0 –
12 0 1424 0 1367 0 1424
13 0 50 0 50 0 50
14 0 50 0 50 0 50

foram determinados de maneira a não priorizar em demasia um elemento ou outro,


focando o resultado principalmente na busca da um sistema radial que satisfizesse o
fluxo de potência e os limites da rede. Contudo, estes pesos são facilmente adaptados
pelo operador. Conclui-se, portanto, que o algoritmo utilizado par a reestrutura da rede
pós-falta tem resultados satisfatórios para a incorporação no processo de Self-Healing
proposto neste trabalho de dissertação de mestrado.

5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos, verifica-se que as metodologias propostas


para os processos de identificação, isolação e reestrutura da rede tem validação para
obtenção de um sistema de proteção com características de Self-Healing. Focando as
analises em um sistema de proteção com medições apenas de corrente, com exceção
de uma medição de tensão no ponto de referência da rede, e utilizando um sistema de
comunicação adequado com controle centralizado, a lógica de proteção proposta se
mostrou adequada para a microrrede operando tanto em modo conectado como em
modo ilhado.
A metodologia adaptativa para detecção das faltas, frente às variações de carga
e geração, se mostrou adequadamente sensível e seletiva para as faltas da rede,
incluindo as não sólidas. Ademais, pelo fato do nível padrão em estado normal ser
relacionado ao valor 1, o resultado do algoritmo de detecção tem a possibilidade de ser
refinado por um fator de potência com altas magnitudes. Esse fato pode ser utilizado
para adaptar a proteção dependendo do modo de operação da microrrede. A qualidade
dos resultados se apresentam ainda por meio do filtro inserido pelo processo da Trans-
Capítulo 5. Simulações e resultados 93

formada Discreta de Fourier (DFT), utilizada para obter o fasor dos sinais de tensão e
corrente. Conclui-se através dos resultados para a detecção, que a queda de tensão
durante a falta tem maior impacto no algoritmo, sendo assim melhor pronunciado na
rede operando-a em modo ilhado.
Para que uma falta seja localizada e isolada, a direcionalidade do fluxo é esti-
mada com medidas apenas de corrente. Uma das vantagens da metodologia proposta
é a não necessidade do conhecimento da direção pré-falta, pois o método avalia o
sentido do fluxo em relação a um padrão pré-determinado. Isso difere dos métodos
encontrados na literatura que avaliam a troca do sentido ao utilizar apenas corrente
como medida. Os ruídos do sinal de medição são filtrados pela DTF e os resultados
são assertivos para todos as simulações em modo ilhado. Já para o modo conectado,
uma das fases de faltas bifásicas sem terra apresenta divergência na estimação da
direcionalidade; contudo, devido a lógica de proteção contar com acionamento tripolar
dos disjuntores, a metodologia de isolação garante resultados ideais.
A reestrutura da rede é realizada de modo a otimizar uma função objetivo que
pode ser critério do operador da rede. As restrições estabelecidas na solução do pro-
blema garantem a radialidade da rede para qualquer contingência e otimizam os resul-
tados de despacho das microgerações sem ultrapassar os limites físicos da microrrede
e provê corte de carga seletivo quando necessário. Uma vez que o problema é formu-
lado mediante abordagem linear CC, a resposta do método é suficientemente rápida e
pode ser reformulada facilmente para que seja adicionada não linearidades, geração e
fluxo reativo e outros aspectos da rede. Nesse ponto, o critério a ser considerado é o
algoritmo de resolução do problema de otimização.
94

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho de dissertação, foi proposta uma técnica de proteção adaptativa


para microrredes de média tensão por meio de etapas que culminam no conceito de
Self-Healing. Para tal, elencou-se os principais desafios técnicos na proteção de mi-
crorredes, tangendo aspectos como a randomicidade das fontes de geração, limites de
corrente de falta pelos conversores eletrônicos, perfil de falta regido pela metodologia
de controle das microgerações, bidirecionalidade do fluxo de potência, e sistema de
controle da microrrede. Estes desafios foram trazidos por meio de revisão bibliográfica
nos capítulos iniciais e utilizado seus conceitos para as simulações e resultados.
Na primeira etapa, a detecção da falta é realizada por meio de estimação do
circuito equivalente de Thevenin em um ponto centralizado de controle e de proteção da
rede. Esse equivalente é calculado estatisticamente pela relação de covariância entre
as grandezas medidas. Assim, uma estimação da operação em estado normal é obtida
e um limiar que não deve divergir excessivamente do valor unitário é alcançado. Essa
técnica de detecção mostrou ser eficaz e sensível para faltas do tipo monofásica sólida,
bifásica sem terra e monofásica com impedância. Por ser implementado através de
uma avaliação por fase, os resultados dos demais tipos de falta apresentam resultados
idênticos, portanto não foram mostrados neste trabalho. Este método não necessita de
adaptação em seu limiar, apenas o monitoramento das grandezas em um único ponto
centralizado da rede para estimação do circuito equivalente. Isto faz com que erros
de cálculos na busca de limites sensíveis e distintos de sobrecarga sejam eliminados,
melhorando a sensitividade da proteção.
Faz parte da segunda etapa a localização e isolação da falta. Esta etapa é re-
alizado com a estimação da direção do fluxo de potência através de medições locais
apenas de corrente. Desta medição local, um tratamento matemático leva à avaliação
da parte imaginária da corrente em coordenadas retangulares, de tal sorte que seu
sinal, positivo ou negativo, indicará o sentido da falta. Desta forma, evita-se a neces-
sidade de atualizações de limiares de ângulos de corrente para estimação direcional.
Também evita a necessidade de medidas de tensão, diminuindo custos com TPs e
atrasos de informações com avaliações da teoria eletromecânicas de proteção. Os
resultados desta etapa mostraram plena credibilidade na avaliação em modo ilhado.
Já para o modo conectado, faltas bifásicas sem terra tiveram divergência em uma de
suas fases, como era de se esperar de acordo com as leis de Kirschhoff. Contudo,
esta divergência não é um ponto critico devido ao fato da proteção de sistemas de
média tensão atuar na abertura dos disjuntores de maneira tripolar. Isso ajuda não
apenas o método de localização e isolação, como também colabora com a etapa de
reestruturação da rede.
O serviço de reestruturação da rede faz parte da terceira etapa da metodologia
Capítulo 6. CONCLUSÃO 95

de proteção proposta. Utilizando técnicas de otimização, formulando um problema de


fluxo de potência ótimo, restrições de radialidade são impostas de tal modo que a teoria
de grafos seja adaptada para comportar microgerações distribuídas no sistema. Os
resultados mostraram que tal etapa permite obter cortes de cargas seletivos, redução
nos custos de chaveamento e otimização no despacho das microgerações. Outras
restrições e funções objetivos elaboradas podem ser facilmente adaptadas à solução,
incluindo aspetos não lineares da rede, porém com a necessidade de técnicas mais
sofisticadas para a resolução de problemas de otimização. Com a finalização da ter-
ceira etapa, o serviço de Self-Healing é concluído, garantindo a proteção adaptativa e
melhorando a confiabilidade e qualidade do serviço de energia elétrica.
Por fim, é possível afirmar que o sistema de proteção proposto neste trabalho de
dissertação funciona adequadamente e poderá ser de utilidade em trabalhos futuros na
área de proteção de sistemas elétricos voltados a microrredes ou geração distribuída,
levando o sistema elétrico de potência à níveis de maior inteligência. Formalizando
assim, o conceito de redes elétricas inteligentes com a proposta de self healing em
uma proteção adaptativa.

6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os tópicos pertinentes aos assuntos abordados nesta dissertação que merecem


atenção, e ainda sugestões para trabalhos futuros seguem listados a seguir.

• Realizar testes da metodologia proposta em sistemas Hardware-in-loop para


maior credibilidade das simulações de falta em análise conjunta das etapas em
tempo real;

• Aperfeiçoar controle das microgerações modeladas no trabalho distinguindo as


técnicas de controle empregadas;

• Utilizar técnicas de inteligência artificial para implementar a metodologia abor-


dada de maneira descentralizada, cedendo autonomia de decisão aos elementos
locais de proteção;

• Incorporar estudos específicos de sistemas de comunicação;

• Incluir restrições não lineares na solução da reestrutura otimizada da rede;

• Realizar estudos específicos para proteção de retaguarda por meio de um sis-


tema de comunicação;

• Avaliar indicadores que distinguam a metodologia aplicada para diferentes fontes


de microgeração e sua localização na microrrede.
96

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ANEXO A. Transformada de Fourier Recursiva com Janela Deslizante 108

A vantagem da utilização dessa definição para o fasor da nova janela de dados,


é que as (N − 1) amostras utilizadas são as mesmas usadas na janela de amostra-
gem anterior. Dessa forma, somente é necessária uma atualização recursiva do fasor
anterior para determinar o valor do novo fasor. Esta forma de cálculo de fasores é
conhecida como algoritmo recursivo. Em geral, quando a última amostra na janela de
dados atual é (N + r), a estimação fasorial recursiva é dada pela Equação 49
p
(2)
X̄N +r = X̄N +r−1 + (xN +r − xr ) e−jrθ (49)
N
Foi utilizada a Equação 49 para a implementação da técnica de estimação
fasorial recursiva com janela de amostragem deslizante. No processo de estimação
fasorial, inicialmente á calculado o primeiro fasor com base nas N primeiras amostras.
Em seguida o segundo fasor é calculado com base no fasor anterior e na amostra
seguinte. Assim sendo, torna-se evidente a diminuição do tempo de cálculo necessário
para a realização da estimação fasorial contribuindo com a redução do tempo de
processamento em tempo real.
109

ANEXO B – FORMULAÇÃO MATRICIAL DO PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO

A modelagem do problema de otimização utilizado para reestruturação da mi-


crorrede apresentada neste trabalho, tem sua solução realizada por meio de aplicativos
comerciais. Para tal, o problema apresentado deve se dispor em um formato matricial.
Esta disposição utiliza de elementos matriciais, modelando o circuito por teoria de
grafos.
Para a utilização do aplicativo comercial MATLAB, utiliza-se a função intlinprog.
Esta função tem estrutura como apresentado na Equação 50 e resolve um problema
de otimização inteira mista (MILP).



 Ā~x 6 ~b

A¯ ~x = b~


eq eq
min f~t (x); sujeito à (50)

 ~ 6 ~x 6 ub
lb ~



0 6 ~x(i) 6 1

Na Equação 50, a seta representa um vetor, a barra uma matriz e o índice i


representa a possisão da variável binária do problema. Modela-se então a linha de
código da função intlinprog como apresentado na Equação 51.

x = intlinprog(f~,~i, Ā, ~b, A¯eq , b~eq , lb,


~ ub)
~ (51)

O vetor f da função objetivo, modelada de acordo com a Equação 33, tem sua
representação matricial de acordo com a Equação 52, onde as matrizes e são consti-
tuídos de elementos diagonais unitários para a representação da função somatório, de
acordo com seu subíndice e Nb representa o número de barras do sistema.
h i
~ ēy α
f~ = ēx β; ~ (P D + QD ); ēp~γ ; zeros(2N b, 1) (52)

Para a representação matricial das restrições do problema, a utilização de novas


matrizes obtidas através da teoria de circuitos utilizando conceito de grafos deve ser
realizada e o problema é então remodelado. Para avaliação do limite do fluxo de
potência nas linhas, segue-se com a definição de Āl e T¯p de acordo com as Equações
53 e 54, respectivamente,



 1; se a origem do elemento l é a barra i


Āl (l, i) = −1; se o destino do elemento l é a barra i (53)


0; se o elemento não incide na barra


T¯p = −diag {bl1 bl2 ... bln } (54)

onde bl representa a impedância da linha l de acordo com a Equação 40.


ANEXO B. Formulação Matricial do Problema de Otimização 110

A partir destas definições, os limites de fluxo de potência ativa no problema de


otimização pode ser modelado em formato matricial de acordo com a Equação 55,
onde tp representa o limite de fluxo nas linhas e Θ o ângulo nas barras.

~ p 6 T¯p Āl Θ
−t ~ 6 t~p (55)

A matriz Āl é denominada de matriz de incidência ramo-barra, e tem dimensões


NlxNb. Semelhantemente, uma matriz de incidência barra-gerador deve ser criada e
sua definição é como apresentada na Equação 56, esta contendo dimensões NbxNg.

1; se o geador g está na barra i

Āg (i, g) = (56)
0; caso contrário

Para a representação do fluxo de potência fictícia, a matriz de incidência A¯h é


criado de acordo com a Equação 57 com dimensões NbxNl, sendo sua representação
na modelagem do problema de otimização em formato matricial dado pela Equação 58,
onde H~l e H
~ representam o fluxo fictício na linha l e a geração fictícia, respectivamente.



 1; se a linha l chega na barra i


A¯h (i, l) = −1; se a linha l sai da barra i (57)


0; s não há incidência na barra i

A¯h H ~
~l = H (58)

A restrição de limites imposta ao problema de otimização para o fluxo fictício é


dado em sua forma matricial de acordo com a Equação 59

~ l 6 ~xNGD
−~xNGD 6 H (59)

sendo que a valor binário de x indicará onde haverá fluxo fictício, limitando seu valor de
acordo com o número de GD (representando a geração fictícia) que estiver conectada
na rede.
A forma matricial da Equação 39 é obtido através da teoria de linearização do
fluxo CC de acordo com a Equação 60

P~ = B̄ Θ
~ (60)

onde os elementos da matriz B é dado pela Equação 61, sendo que xlij e rijl repre-
sentam a reatância e a resistência da linha ij, respectivamente, relacionados ao ramo
ANEXO B. Formulação Matricial do Problema de Otimização 111

km.

xlij
Bij = −bkm = − (xl 2 l 2
ij ) +(rij )

(61)
P P xlij
Bii = bkm = (xlij )2 +(rij
l )2

Modelando o problema de otimização apresentado neste trabalho de disserta-


ção no Capítulo 4 por meio de uma descrição matricial, a partir das definições apre-
sentadas neste Apêndice, o sistema de restrições é arranjada da maneira apresentada
na Equação 62.

−t~M x + T¯p Āl Θ


p ~
~ 60
t~m x − T¯p Āl Θ
p ~
~ 60
−NGD ~x − H ~l 6 0
−NGD ~x + H ~l 6 0

PD ~y + Āg P~G − B̄ Θ̄ = PD
e~x = N b − N s
~ l + HG = H D
A¯h H (62)

P~inf 6 P~ 6 P~sup
~ 6Θ
θinf ~
~ 6 θsup
−NGD 6 H ~ l 6 NGD
0 6 H~S 6 NGD
0 6 ~x 6 1
0 6 ~y 6 1
Adequando as restrições apresentadas na Equação 62 em função da Equação
ANEXO B. Formulação Matricial do Problema de Otimização 112

51, suas matrizes se moldam de acordo com a Equação 63.

−diag(t~M
 
p ) 0̄ 0̄ T¯p Āl 0̄ 0̄
 diag(t~p )
 m 0̄ ¯
0̄ −Tp Āl 0̄ 0̄

Ā = 
 −N I

 GD 0̄ 0̄ 0̄ I 0̄
−NGD I 0̄ 0̄ 0̄ −I 0̄
 
~0
~ 
 
~b = 0
~0
 
~0

0̄ diag(P~D ) Āg −B̄ 0̄


 

A¯eq = e~x 0̄ 0̄ 0̄ 0̄ 0̄
 

0̄ 0̄ 0̄ 0̄ A¯H diag(H~S )

P~D
 

b~eq = Nb − NS 
 
(63)
H~D
 
~0
~0
 
 
 

~ =
P~inf
lb




 ~
θinf
 
−N 
 GD 

0
 
~1
 ~1 
 
 
 P~ 
~ = sup
ub
 
~
 θsup 

 
N 
 GD 
NGD

onde I diz respeito à matriz identidade e diag diz respeito à formação de uma matriz
diagonal formada pelo vetor associado. Os limites de fluxo das linhas são representa-
dos pelos vetores tM
p e tp , sendo o subíndice M o limite máximo e m o limite minimo.
M

O vetor H~S representa a posição da subestação que alimenta a microrrede e H~D as


posições das microgerações distribuídas ao longo das barras da rede.
ANEXO B. Formulação Matricial do Problema de Otimização 113

Apresenta-se assim o vetor de variáveis é dado pela Equação 64, onde H ~l


representa o fluxo fictício na linha l e H~S o valor do fluxo fictício provindo da subestação.
 
~x
 
 ~y 
 
 P~ 
 g
V~ar =   (64)
Θ ~ 
 
 ~l 
H 
H~S
114

ANEXO C – DADOS DA MICRORREDE DE TESTE - CIGRÉ BENCHMARK

O sistema teste utilizado nesta desertação de mestrado tem seus parâmetros


modelados de acordo com as tabelas dese Anexo. As dimensões das linhas estão
apresentadas na Tabela 6, enquanto que os valores pertinentes às impedâncias de
linha estão apresentadas na Tabela 7, de modo à representar a modelagem PI da linha.
Estes parâmetros fazem referencia à microrrede apresentada na Figura 18.

Tabela 6 – Dimensão das linhas da microrrede


De Para
Linha l (km)
Barra Barra
1 1 2 1,20
2 2 3 1,00
3 3 4 0,61
4 4 5 0,56
5 5 6 1,54
6 6 7 0,24
7 7 8 1,67
8 8 9 0,32
9 9 10 0,77
10 10 11 0,33
11 11 4 0,49
12 3 8 1,3
13 12 13 4,89
14 13 14 2,99
15 14 8 2,00

Tabela 7 – Parâmetro das linhas da microrrede


′ ′ ′
Rph Xph Bph R0′ X0′ B0′
Ω/km Ω/km µS/km Ω/km Ω/km µS/km
0,282 0,703 3,193 0,466 1,243 1,826

Os dados de carga foram definidos conforme distribuição horária apresentada


pelo caderno Cigré. Para um perfil particular das 16h do padrão norte americano, as
cargas são descritas conforme Tabela 8 foram utilizados neste trabalho.
Os dados dos transformadores das subestações são apresentados na Tabela 9.
A geração das MGs imposta na microrrede 1 para a simulação das etapas de
detecção e a etapa de localização e isolação seguem a Tabela 10.
Estas MGs tiveram seus limites de corrente definidos como 2 vezes a corrente
nominal definida de acordo com a potência descrita na Tabela 10, modeladas através
de uma fonte de corrente controlada. De acordo com a estrutura de controle apresen-
tada neste trabalho, a geração 1 foi definida como barra de referencia, possibilitando
ANEXO C. Dados da Microrrede de Teste - Cigré benchmark 115

Tabela 8 – Dimensão das Cargas da microrrede


P [kW] PQ[kVar]
Barra
A B C A B C
1 4233,4 3843,6 4065,3 2039,6 1825,8 2026,9
2 290,7 225,4 289,5 138,9 133,5 154,5
3 51,2 132,2 71,5 38,4 77,6 48,2
4 81,0 40,5 40,5 39,2 19,6 19,6
5 119,5 247,9 34,0 49,2 124,9 21,1
6 21,4 42,8 111,9 7,0 14,1 40,6
7 76,0 118,8 76,0 25,0 39,0 25,0
8 40,5 60,8 144,0 19,6 29,4 69,7
9 42,8 64,1 42,8 14,1 21,1 14,1
10 60,8 40,5 101,3 29,4 19,6 49,0
11 123,4 123,4 102,0 70,2 70,2 63,2
12 1306 1306 1306 705 705 705
13 153 153 153 95 95 95
14 65 65 65 31 31 31

Tabela 9 – Dimensão dos Transformadores da microrrede


De Para V1 V2 Z Snom
Conexão
Barra Barra [kV] [kV] [Ω] [MVA]
0 1 Dyn1 115 12,47 0,010+j1,24 15
0 12 Dyn1 115 12,47 0,013+j1,55 12

Tabela 10 – Dimensão das microgerações da microrrede


FaseA FaseB FaseC
MG
P [kW] Q [kVar] P [kW] Q [kVar] P [kW] Q [kVar]
1 110 50 110 69 110 62
2 150 65 200 80 170 75
3 119,5 65 140 80 100 75
4 121,4 65 150 80 190 75
5 131,6 65 150 80 148 75
6 150 65 200 80 200 75
7 100 65 150 80 100 75

que sua geração pudesse balancear a carga e a geração, enquanto que as outras
gerações tiveram seus valores ficados conforme a Tabela 10.

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