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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM S.

FRANSCISCO DAS
MISERICÓRDIAS

XIV CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM


4º ANO/1º SEMESTRE

TRANSPORTE DO DOENTE CRÍTICO


Realizado no âmbito da Unidade Curricular de Enfermagem em Cuidados
Intensivos

Realizado por:
- Diana Mendes
- Inês Rosado
- Sílvia Rafael

Docente:
- Sr. Prof. Fernando Pinheiro

LISBOA
2010
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….……….3

2. TRANSPORTE DO DOENTE CRITICO

2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO: TRANSPORTE

DO DOENTE CRÍTICO…………………………..…………………………….……..4

2.2. PRINCÍPIOS GERAIS DO TRANSPORTE

DO DOENTE CRÍTICO………………………………………..…………….….…….4

2.2.1. Decisão………………………………………………………..………………...4

2.2.2. Planeamento…..…………………………………………..….……………......5

2.2.3. Efectivação……………………………………………..…….………………...5

2.3. SEGURANÇA E CONTRA-INDICAÇÕES……...…………..…..……………….….5

2.4. TIPOS DE TRANSPORTE…………………………………..……..………………...6

2.4.1.Transporte primário ou intra-hospitalar

do doente crítico………………………………………..…………..…………6

2.4.1.1. Profissionais e equipamento

que devem acompanhar o utente…………………………………...7

2.4.2. Transporte secundário ou inter-hospitalar

do doente crítico……………………………………...………….…………...9

2.4.2.1. Profissionais e equipamento

que devem acompanhar o utente ……………………..……….....10

2.4.2.2. Helitransporte.……………….………………………….……..……...11

3. INTERVENCOES DE ENFERMAGEM………………..…………………………...…14

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………….……………….……………..17

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…..…………………….………….…………….18

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito da Unidade Curricular de Enfermagem em Cuidados Intensivos foi-


nos proposta a realização de um trabalho escrito, pelo Sr. Enfermeiro Fernando
Pinheiro, intitulado “Transporte do Doente Critico”.
O principal objectivo deste trabalho é fazer uma abordagem ao transporte do
doente crítico em que se englobe os princípios gerais do mesmo, bem como as fases
em que este pode ser classificado e os tipos de transporte que existem.
É também expectável com a realização deste trabalho que sejam abordados
assuntos de elevada importância, tais como os riscos e as complicações inerentes ao
transporte do doente crítico, bem como dar a conhecer a constituição da equipa e do
equipamento que devem acompanhar o doente crítico, durante o transporte.
A nossa pesquisa para a realização deste trabalho baseou-se num documento
datado de 2008, elaborado pela Ordem dos Médicos e pela Sociedade Portuguesa de
Cuidados Intensivos “Recomendações para o transporte do doente crítico”.

“O Transporte de Doentes Críticos é uma área essencial para a


melhoria do estado clínico e determinante para a sobrevivência e
futura qualidade de vida dos mesmos. Estes doentes têm direito a ser
transportados de forma totalmente segura, onde o nível e a qualidade
dos cuidados prestados, durante o transporte, não deverão ser
inferiores aos cuidados na unidade de origem, tendo nestes pontos a
equipa de Enfermagem um importante papel em todo o processo”

(MACHADO, 2010)

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2. TRANSPORTE DO DOENTE CRITICO

2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO: TRANSPORTE DO DOENTE


CRÍTICO

Segundo a SOCIEDADE PORTUGUESA DE CUIDADOS INTENSIVOS (SPCI)


(2008), “define-se como doente crítico aquele em que, por disfunção ou falência
profunda de um ou mais órgãos ou sistemas, a sua sobrevivência esteja dependente
de meios avançados de monitorização e terapêutica. O transporte destes doentes
envolve alguns riscos, mas justifica-se a sua realização entre hospitais e entre
serviços de um mesmo hospital, pela necessidade de facultar um nível assistencial
superior, ou para realização de exames complementares de diagnóstico e/ou
terapêutica, não efectuáveis no serviço ou na instituição, onde o doente se encontra
internado.”
Considerando a definição acima referida, conclui-se que qualquer alteração de
local ou mobilização do doente em estado crítico poderá induzir períodos de grande
instabilidade, podendo agravar o estado clínico do doente. Assim, a realização do
transporte deve ser avaliada ponderando o risco ou beneficio da sua efectivação.

2.2. PRINCÍPIOS GERAIS DO TRANSPORTE DO DOENTE


CRÍTICO

Ao falar do transporte de doentes críticos é necessário ter em conta três fases


imprescindíveis para a correcta realização do mesmo. Assim, o transporte do doente
crítico envolve as seguintes fases: decisão, planeamento, efectivação.

2.2.1. Decisão

A decisão de transportar, ou não, um doente crítico é papel do médico. Nessa


situação, devem ser avaliados os riscos intrínsecos ao processo de transporte do
doente, nomeadamente nas situações de risco de hipóxia, hiper/hipocapnia,
instabilidade hemodinâmica, hipertensão intra-craneana e agravamento de lesão
vértebro-medular, ou sempre que a deslocação possa contribuir directa ou
indirectamente para o agravamento da situação clínica sem uma mais valia aparente.

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2.2.2. Planeamento

Após a tomada de decisão estar feita, segue-se a fase de planeamento.


Segundo a SPCI (2008), este planeamento deverá incluir:
Escolha e contacto com o serviço de destino, avaliando a distância a
percorrer e o respectivo tempo de trajecto estimado;
Escolha da equipa e meio de transporte;
Selecção dos meios adequados de monitorização;
Recomendação de objectivos fisiológicos a manter durante o transporte;
Selecção adequada de equipamento e terapêutica;
Previsão das complicações possíveis.

2.2.3. Efectivação

Por fim, a realização do transporte do doente fica à responsabilidade da equipa


de transporte. Esta responsabilidade não só técnica, mas também legal, apenas
termina no momento de entrega do doente ao médico do serviço/unidade de destino
ou no regresso ao próprio serviço onde se encontrava antes. É de salientar que, o
nível e a qualidade dos cuidados prestados durante o transporte nunca poderão ser
inferiores aos cuidados que eram prestados no serviço/unidade de origem.

2.3. SEGURANÇA E CONTRA-INDICAÇÕES

Segundo LACERDA, et al, considera-se que o transporte do doente critico é


seguro quando:
1. A equipa multidisciplinar responsável pelo doente sabe quando fazê-lo e
como realizá-lo, ou seja, deve haver indicação para o transporte e,
principalmente, planeamento para o fazer;
2. Está assegurada a integridade do doente, evitando o agravamento de seu
quadro clínico;
3. Há formação adequada da equipa envolvida, desenvolvendo capacidades
na realização do procedimento;
4. Há uma rotina operacional para realizar o transporte.

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São consideradas contra-indicações para o transporte de doentes:
1. Incapacidade de manter oxigenação e ventilação adequadas durante o
transporte ou durante a permanência no local de destino;
2. Incapacidade de manter estabilidade hemodinâmica durante o transporte ou
durante a permanência no local de destino pelo tempo necessário;
3. Incapacidade de monitorizar o estado cardio - respiratório durante o
transporte ou durante a permanência no local de destino pelo tempo
necessário;
4. Incapacidade de controlar a via aérea durante o transporte ou durante a
permanência no local de destino pelo tempo necessário;
5. Número insuficiente de profissionais treinados para manter as condições
acima descritas, durante o transporte ou durante a permanência no local de
destino (p. ex. médico, enfermeira, fisioterapeuta).

2.4. TIPOS DE TRANSPORTE

2.4.1. Transporte primário ou intra-hospitalar do doente crítico

Actualmente, devido à organização hospitalar torna-se cada vez mais frequente


a deslocação dos doentes da unidade em que se encontram, para outras áreas do
hospital. É necessário atender que o próprio transporte e as áreas do hospital para
onde os doentes vão, apresentam capacidades para actuar numa situação de
emergência, muitas vezes inadaptadas à situação do doente.
As situações mais comuns de transporte intra-hospitalar referem-se ao
transporte das urgências para a unidade de cuidados intensivos e deste mesmo local
para outros serviços, que permitam a realização de exames complementares de
diagnóstico (imagiologia, entre outros).
Também neste tipo de transporte devem ser tidos em conta factores, que ao
serem antecipados, podem diminuir o risco de complicações associadas ao transporte
do doente. Deste modo, a coordenação do transporte implica:
Conhecimento prévio de que a equipa do local de destino se encontra
preparada para receber imediatamente o doente e prestar os cuidados
planeados;
O médico responsável deve acompanhar o doente no transporte. Caso isso
não se verifique, deve ser comunicada formalmente, antes e depois do

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transporte, a situação clínica do doente e a terapêutica que este tem
prescrito;
O aviso prévio do transporte de doentes que apresentam risco de
“inoculação” ou “contaminação” por fluidos ou lesões cutâneas é essencial
para permitir a organização dos procedimentos. O serviço de destino deve
ser alertado para esta realidade para que toda equipa utilize protecção
adequada à situação clínica do doente. Este doentes, caso o exame não
seja emergente, devem ficar para o fim dos procedimentos programados;
O registo no processo clínico sobre o motivo do transporte e a evolução do
estado clínico do doente é fundamental, não só para que fique registado o
sucedido mas também para avaliar a necessidade de outros eventuais
transportes. Assim os registos permitem que haja uma continuidade da
história do utente, evitando a perda de informação.

2.4.1.1. Profissionais e equipamento que devem acompanhar o utente

Durante o transporte intra-hospitalar deve ser tido em conta a máxima do


transporte do doente crítico. Assim, os profissionais de saúde que acompanham o
doente durante o transporte devem ser idealmente o médico e o enfermeiro
responsáveis pelo doente, sendo que estes devem apresentar conhecimentos de
reanimação e prática em transporte de doentes críticos.
Segundo a SPCI (2008), no equipamento que acompanha o doente durante o
transporte, deve constar:
Monitor de transporte com alarmes, em conformidade com as exigências de
monitorização;
Material de intubação endotraqueal, com tubos traqueia adequados ao
doente, e insuflador manual (com válvula de PEEP);
Fonte de oxigénio de capacidade previsível para todo o tempo de
transporte, com reserva adicional para 30 minutos;
Ventilador de transporte com possibilidade de monitorização do
volume/minuto e da pressão da via aérea, com capacidade de fornecer
PEEP e F1 O2, reguláveis de forma fiável e com alarmes de desconexão e
pressão máxima da via aérea;
Fármacos de ressuscitação;
Perfusões administradas por seringas ou bombas infusoras com bateria, de
modo a não interromper nenhuma das medicações já em curso;

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Medicações adicionais que possam ser administradas, intermitentemente,
de acordo com prescrição médica;
Os hospitais devem promover a existência de um conjunto de equipamento,
em que se inclui uma mala de transporte, desejavelmente no local, onde se
realiza o maior número de transportes intra-hospitalares. A carga da mala
de transporte deve estar em condições de ser utilizada em qualquer altura.

O factor chave para o sucesso do transporte do doente crítico incide sobre a


monitorização. É esta que permite uma avaliação hemodinâmica e constante do
estado clínico do doente. A classificação proposta/utilizada pela Sociedade
Portuguesa de Cuidados Intensivos abrange 3 níveis de monitorização.

No nível I (obrigatório) constam os seguintes parâmetros:


 Monitorização contínua com registo periódico;
 Frequência respiratória;
 FiO2;
 Oximetria de pulso;
 ECG contínuo;
 Frequência cardíaca;
 Pressão arterial (não invasiva);
 Pressão da via aérea (nos doentes ventilados mecanicamente);
 Capnografia.

No nível II estão indicados parâmetros que não sendo obrigatórios, são


fortemente recomendados:
 Medição contínua da pressão arterial invasiva (em doentes
potencialmente instáveis);
 ECG com detecção de arritmias.

No nível III são indicados os parâmetros de monitorização ideais, que


devem estar presentes caso o estado clínico do doente assim o indique:
 Medição contínua ou intermitente da pressão venosa central
 Medição da pressão da artéria pulmonar
 Medição da pressão intra-craneana

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2.4.2. Transporte secundário ou inter-hospitalar do doente crítico

O principal motivo para o transporte do doente crítico entre hospitais baseia-se


na escassez de recursos do hospital de origem, para permitir a continuidade do
tratamento e assim assegurar a prestação total dos mesmos. Existe também a
possibilidade do transporte inter-hospitalar com o objectivo de realizar exames
complementares de diagnóstico que não estejam disponíveis no hospital de origem.
Como em qualquer transporte, devem ser avaliados os riscos e benefícios do
mesmo, em função do estado clínico do doente. No caso específico deste tipo de
transporte não deve apenas ser considerado o risco clínico inerente à mobilização do
doente mas também o risco de deslocação para o exterior do hospital de origem, que
envolve factores como a aceleração, risco de colisão. Estes, elevam-se de forma
significativa com a velocidade.
O transporte inter-hospitalar é realizado preferencialmente de ambulância. No
entanto devido às características e necessidades do doente é passível que o
transporte também possa ser realizado por via aérea (helitransporte), tal como iremos
referir mais à frente.
Na realização deste trabalho considerámos pertinente abordar de forma mais
específica o helitransporte, sendo que este é o que apresenta características únicas
mais complexas. No entanto salvaguardamos que, quer o transporte de ambulância
quer o helitransporte, se enquadram no mesmo nível de importância.
Tal como referido anteriormente, relativamente à coordenação do transporte
intra-hospitalar, também neste tipo de transporte existem parâmetros que não devem
ser desvalorizados. Assim, sendo este um tipo de transporte mais complexo que o
transporte intra-hospitalar, acrescentam-se as seguintes etapas:
A situação clínica do doente deve ser estabilizada, previamente, no hospital
de origem, devendo aí ser realizadas as intervenções diagnósticas e
terapêuticas que se prevejam imprescindíveis durante o transporte;
Após a decisão de transportar o doente, é feito o contacto inicial, devendo
este ser personalizado e realizado obrigatoriamente antes do transporte;
Uma vez tomada a decisão, a transferência deve ser efectuada o mais
rapidamente possível;
Ao contactar a serviço/unidade para onde se pretende enviar o doente, o
médico responsável pela transferência deve confirmar se o hospital de
destino tem vagas e se pode disponibilizar os meios necessários ao
tratamento do doente. O serviço de destino deve ser informado,

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detalhadamente, da situação clínica e das intervenções terapêuticas
previsíveis, indicando a hora adequada para a recepção do doente;
Os nomes e os contactos dos intervenientes devem ficar registados no
processo de transferência;
Os registos clínicos, de enfermagem e os exames complementares de
diagnóstico devem acompanhar o doente;
Caso se verifique um atraso no transporte do doente, deve ser efectuado
um novo contacto, para informar a hora previsível de chegada;
Em caso de cancelamento da transferência, o hospital de destino dever ser
informado.

Segundo a SPCI (2008) a escolha do meio de transporte deve ter em conta:


A situação clínica do doente (transporte “emergente”, “urgente” ou
“electivo”);
As intervenções médicas necessárias durante o transporte;
A disponibilidade de profissionais e dos recursos necessários;
A distância/duração do transporte, considerando as acessibilidades
rodoviárias, estado do trânsito, dificuldades geográficas e possíveis locais
de aterragem do helicóptero;
As informações meteorológicas;
O custo relativo das alternativas (sem colocar em causa as necessidades
clínicas dos doentes).

2.4.2.1. Profissionais e equipamento que devem acompanhar o utente

A equipa de saúde que deve acompanhar o doente é constituída pela


tripulação habitual da ambulância e, no mínimo, por dois elementos, um médico e um
enfermeiro que idealmente devem ter prática de reanimação, manipulação e
manutenção dos equipamentos.

O equipamento mínimo utilizado para o transporte inter-hospitalar do doente


crítico deve incluir:
Monitor de transporte com alarmes e desfibrilhador, em conformidade com
a exigência de monitorização;
Material de intubação com tubos traqueia adequados ao doente e insuflador
manual (com válvula de PEEP);

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Fonte de oxigénio com capacidade adequada – O2 necessário = [( 20 +
Vmin ) x FiO2 x tempo de transporte em minutos] + 50%;
Aspirador eléctrico (com baterias) e sondas de aspiração;
Drenos torácicos, conjunto de introdução e acessórios;
Material para punção e manutenção de perfusões endovenosas e
respectivas seringas ou bombas volumétricas com bateria (agulhas,
cateteres venosos, seringas, sistemas de soros, etc.);
Soros (cristalóides e colóides) com mangas para administração sob
pressão;
Fármacos, para suporte avançado de vida, e outros que se julguem
necessários ou específicos para terapêuticas continuadas ou intermitentes
pré-programadas;
Ventilador de transporte, com possibilidade de monitorização do
volume/minuto, e da pressão da via aérea, com capacidade de fornecer
PEEP e FiO2, reguláveis de forma fiável e com alarmes de desconexão e
pressão máxima da via aérea;
Equipamento de comunicações (permitindo contactos entre os hospitais de
origem e destino).

Reportando à classificação de níveis de monitorização utilizada no transporte


intra-hospitalar, considera-se que esses mesmos níveis de classificação são aplicáveis
para o transporte inter-hospitalar.

2.4.2.2. Helitransporte

O transporte por via aérea apresenta-se actualmente como uma opção eficaz
que permite um transporte rápido até ao local mais adequado, não sendo alterados os
cuidados diferenciados imprescindíveis para a manutenção do estado clínico do
doente.
Este meio de transporte pressupõe que a equipa de saúde apresente formação
sobre as alterações fisiológicas do doente durante o voo, comunicação e segurança,
não só durante o voo, mas também nos locais de aterragem.

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As principais indicações que tornam o helitransporte uma opção de primeira
linha são:
Duração prevista do transporte terrestre superior a 1 hora;
Locais com acessos difíceis ou demorados;
Transporte até local distante.
No entanto devido à complexidade inerente a este meio de transporte, existem
algumas situações em que este é contra-indicado, nomeadamente caso existam
condições meteorológicas desfavoráveis e caso o doente apresente perturbações
psiquiátricas ou se encontre violento.
Existem cuidados de saúde específicos que devem ser tidos em conta antes do
helitransporte para prevenir eventuais complicações, tais como:
A insuflação do “cuff” deve ser feita como soro;
Assegurar a via aérea e acessos venosos;
Garantira a imobilização do doente;
Excluir a existência de pneumotórax.

Como principais complicações que podem ocorrer durante o helitransporte, a


SPCI (2008), enumera:
Redução da pressão atmosférica com correspondente diminuição na
pressão parcial alveolar de oxigénio e saturação arterial de oxigénio, com
necessidade de FiO2 mais elevado para manter oxigenação;
Expansão de espaços gasosos (pneumoencéfalo, pneumotórax,
pneumoperitoneu, “cuff ” do tubo endotraqueal...), com necessidade de
drenar espaços fechados com gás, antes do transporte (no caso de
pneumotórax), ou voar a baixa altitude (no caso de trauma crâneo-
encefálico). Necessidade de insuflar “cuff s” com soro em vez de ar;
Necessidade de deixar cateteres/drenos em drenagem aberta (não
“clampar”);
Aumento de hemorragia, com necessidade do controlo da mesma, previsão
de equipamento para infusão rápida de fluídos e a possibilidade de
perfusão de aminas;
Aumento de edema, com necessidade de abrir talas de imobilização;
Diminuição no ritmo de fluxo dos fluidos endovenosos, com necessidade de
recurso a bombas perfusoras;
Trepidação;
Hipotermia, com necessidade de tapar e aquecer o doente;

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Náusea e vómito;
Ruído, que dificulta comunicação com doente ou entre a equipa de apoio,
com necessidade de utilizar auscultadores, para isolamento acústico e
comunicação;
Previsão de monitorização com alarmes visuais (não apenas sonoros);
Necessidade de aviso aos pilotos, antes de desfibrilhação.

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3. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

O modo como os profissionais de Enfermagem encaram as suas vivências na


área do transporte do doente crítico pode “influenciar directa, positiva ou
negativamente, a qualidade de assistência e cuidados de Enfermagem, pois tudo foi
vivido numa ou em várias situações, desde sentimentos, emoções e acontecimentos
podem marcar o enfermeiro numa forma positiva/negativa, nas suas
atitudes/comportamentos futuros.” (MACHADO, 2010). Deste modo, todas as
intervenções de enfermagem no transporte do doente crítico devem ser devidamente
planeadas, tendo em conta a fase correspondente do transporte (decisão,
planeamento e efectivação), de modo a garantir que os cuidados são prestados de
forma individualizada e encaminhados para o alcance do sucesso do transporte.
Assim, segundo ANDRADE (1998), considera-se que durante todas as fases
do transporte se devem ponderar e realizar os seguintes cuidados de enfermagem:
Assegurar a correcta identificação do doente e obter o consentimento
informado para o transporte;
Conferir as indicações clínicas a realizar relativamente ao transporte do
doente;
Proceder à observação do doente segundo o sistema de classificação
ABCDE;
Identificar os défices de conhecimento do doente e família, e informar a
situação e todos os procedimentos, diminuindo a ansiedade e aumentando
a capacidade de enfrentamento relacionadas com o transporte do mesmo;
Facultar informações complementares necessárias e oferecer apoio
emocional;
Avaliar os sinais vitais do doente e assegurar que se encontra
hemodinamicamente estável;
Verificar a permeabilidade de todas as vias:
Realizar, se necessário, aspiração de secreções pelo tubo endotraqueal ou
cânula de traqueostomia para garantir a permeabilidade das vias
respiratórias do doente;
Assegurar a correcta ventilação do doente, despistando sinais de
dificuldade respiratória; caso o doente esteja entubado avaliar a adaptação
ao ventilador e parâmetros. Esta avaliação pode ser monitorizada pela
oximetria periférica;

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Verificar a permeabilidade das vias venosas e arteriais comprovando a
infusão correcta dos soros;
Preparar e rectificar o material necessário para a realização do transporte,
verificando também o correcto enchimento da bala de oxigénio;
Suspender, se necessário, a alimentação entérica do doente algumas horas
antes do transporte de modo a evitar episódios de vómito e
consequentemente a aspiração do mesmo. No caso ter sonda gástrica, esta
deve ser conectada a um saco colector, somando o drenado como parte do
balanço hídrico do doente;
Facilitar a deambulação da cama pelos corredores e garantir a capacidade
de manobra da equipa, retirando os soros que não são necessários;
Garantir que o transporte é efectuado pela equipa devidamente adequada:
médico, enfermeiro, e/ou assistente operacional;
Verificar a disponibilidade do elevador de urgência para evitar perdas de
tempo e diminuir os riscos inerentes à permanência do doente fora da
unidade;
No caso do doente apresentar drenagem torácica:
o Se estiver sob ventilação manual ou ventilador portátil o sistema
Pleur-Evac, deve ser mantido num nível inferior ao tórax tendo-se o
cuidado de nunca clampar o tubo de drenagem (porque o ar
administrado pelas vias respiratórias sob a forma de pressão positiva
acumular-se-ia na cavidade pleural originando patologia);
o Se apresentar respiração espontânea, pode o tubo da drenagem
torácica pode ser clampado, transportando o sistema de drenagem
de forma independente para o serviço de destino. Ao chegar ao
destino deve proceder-se à sua conexão.
Optimizar vias periféricas e/ou centrais, drenagens torácicas, gástricas,
vesicais e/ou outras garantindo a sua permeabilidade;
Avaliar, de forma contínua, o estado neurológico do doente, recorrendo à
Escala de Glasgow, reacção pupilar e outros.
Garantir que o doente é recebido pela equipa multidisciplinar, de modo a obter
um rápido e preciso controlo do estado clínico do doente;
Ceder ao responsável pelo doente o relatório clínico e toda a documentação do
mesmo, incluindo o seu estado clínico, e todas as intervenções realizadas
antes e durante o transporte;

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Conectar o equipamento técnico ao respectivo monitor, ventilador, oxigénio e
suportes de soros;
Avaliar os sinais vitais do doente;
Proceder, se necessário, à administração da dieta entérica prescrita;
Elaborar registos de enfermagem com a hora de saída e chegada do doente da
e à unidade, o seu estado clínico durante o transporte, valores clínicos
pertinentes e qualquer intercorrência.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração deste trabalho permitiu-nos conhecer, de forma mais


aprofundada, todos os critérios que estão implícitos ao transporte do doente crítico.
A importância que é atribuída a todas as fases de organização deste processo
é imprescindível para uma melhor compreensão do tema. Assim, destacamos as fases
de decisão e a de planeamento sendo que estas são o alicerce para o correcto
funcionamento e sucesso do transporte. Ao abrangermos todos os factores inerentes à
fase de planeamento permitimos que nada seja esquecido e, assim, são prevenidas
eventuais complicações. O planeamento das intervenções de enfermagem, neste
contexto, surge como uma base fundamental, pois permite antecipar as necessidades
do doente de modo a que seja possível à equipa de saúde dar respostas em tempo
útil.
A principal dificuldade, que sentimos na elaboração deste trabalho, refere-se à
selecção e organização de toda a informação que encontrámos disponível. O
documento da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (2008) foi fundamental
para uma melhor organização da estrutura do trabalho, permitindo um encadeamento
lógico das ideias essenciais a abordar neste trabalho.
Sendo este trabalho realizado no âmbito de uma unidade curricular de Ciências
da Enfermagem, considerámos obrigatório fazer uma abordagem específica sobre os
cuidados prestados pelos enfermeiros. No entanto, a pesquisa dessa temática foi
dificultada pela escassez de recursos disponíveis.
Salientamos que a realização deste trabalho é de elevada importância e
pertinência para a nossa prática como futuros profissionais de enfermagem, na medida
em que o transporte do doente crítico é uma realidade cada vez mais frequente,
devido às reorganizações das instituições e à formação dos centros hospitalares.
Apesar de a prática ser importante, porque nos permite o contacto real com situações
de transporte do doente critico, ao abordarmos este tema ficámos já com um
conhecimento prévio dos princípios gerias, necessidades, implicações, indicações e
riscos inerentes ao transporte do doente critico, estando deste modo alerta para
quando confrontados com esta vivência.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, Pedro. Transporte de Doentes Críticos – Vivências dos


Enfermeiros. 2010 [consultado a 01.10.2010] disponível
emhttps://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1524/5/Mono_16609.pdf;

OM (ORDEM DOS MÉDICOS); SPCI (SOCIEDADE PORTUGUESA


CUIDADOS INTENSIVOS) – Transporte de Doentes Críticos. Recomendações.
Lisboa. 2008 [consultado a 27.09.2010] disponível
emhttp://www.scribd.com/doc/23680927/SPCI-OM-Transporte-Doente-Critico-
2008#open_download;

ANDRADE, Maria Teresa Soy – Cuidados Intensivos – Guias Práticos de


Enfermagem. Rio de Janeiro, Editora McGraw Intramerican do Brasil, 1988,
pág. 529-532. ISBN 85-86804-07-X

LACERDA, Marcio, et al – Transporte de Pacientes: intra-hospitalar e inter


hospitalar. Cap.6. Curso de Educação à Distância em Anestesiologia
[consultado a 01.10.2010] disponível em
http://www.sba.com.br/arquivos/ensino/58.pdf

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