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Duração
Horário e dia da semana Escolhidos pela Comunidade que promove o Seminário
Periodicidade das Reunião do Seminário 1 vez por emana
reuniões
Pastoreio (Cenáculos) 1 vez por semana
Outras funções Outras funções (Cantina, Livraria, Capela, Bem Estar, etc)
podem ser incluídas conforme os costumes locais. Aqui nos
referimos somente às funções essenciais.
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Temário
Tema 01 – O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo
Tema 02 – A Pessoa e Missão do Espírito Santo
Tema 03 – A Promessa do Pai
Tema 04 – Batismo no Espírito Santo
Tema 05 – É Jesus quem batiza no Espírito Santo
Tema 06 – A vida no Espírito Santo
Tema 07 – Os Carismas
Tema 08 – Os Frutos do Espírito Santo
Tema 09 – A Comunidade Cristã
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Bibliografia consultada
PLUS, Raul sj – Em união com o Espírito Santo, Livraria Apostolado da Imprensa, 1949
RAHM, Haroldo J. sj e LAMEGO, Maria – Sereis batizados no Espírito Santo, Edições Loyola,
1972
SMET, Valter sj – Eu faço um mundo novo, Edições Loyola, 1975
GHEZZI, Bert – Se o Senhor não construir, Edições Paulinas, 1976
COMUNIDE ― PALAVRA DE DEUS‖ (Ann Arbor – Michigan, EUA) – Seminário de Vida
no Espírito, Edições Loyola, 1975
MÜHLEN, Heribert – Fé cristã renovada, Edições Loyola, 1973
TORREY, R.A – O Batismo com o Espírito Santo, Editora Betânia, 1973, 2ª edição
SUENENS, S. J. Cardeal e vários – Orientações teológicas e pastorais para a Renovação
Carismática Católica (Documento de Malines 1), Edições Loyola, 1975
_ O Espírito Santo nossa esperança, Edições Paulinas, 1975
FALVO, Serafino. – A hora do Espírito Santo, Edições Paulinas, 1975
_ O despertar dos carismas, Edições Paulinas, 1975
PHILLIPE, P. osb – Para que produzais muitos frutos – um Seminário de Vida no Espírito,
Edições Loyola, 1978
BYRNE, James – A realização das promessas de Deus, Edições Paulinas, 1976
CLARK, Stephen B. – Os dons espirituais, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1976
_ Batizados no Espírito Santo, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1975
RANAGHAM, Kevin e Dorothy – Católicos Pentecostais, Edição de O.S. Boyer, 1972
DeGRANDIS, Robert,ssj – A Renovação Carismática Católica, Edições Paulinas, 1975
ALDAY, Salvador Carillo, MSpS – A Renovação no Espírito Santo, Edições Louva a Deus,
1984
_ Renovação Carismática, Um Pentecostes hoje, Paulus Editora, 1996
SMAIL, Tom – A Pessoa do Espírito Santo, Edições Loyola, 1998
CORDES, Dom Paul Josef Cardeal – Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica,
Edições Loyola, 1999
COUTINHO, Tácito José Andrade – Não vos afasteis de Jerusalém, Editora Santuário, Coleção
RCC – Novo Milênio nº 15, 2003
REIS, Reinaldo Beserra, Celebrando Pentecostes, Projeto de Avivamento da Espiritualidade de
Pentecostes (Fundamentação e Novena), Editora Canção Nova e Ministério de Formação,
2004
CONGAR, Yves, Creio no Espírito Santo, Vol. 1 e 2, Edições Paulinas, 2005
APOSTILAS
MACHADO, Helena Lopez Rios, CASA MARTA E MARIA – Rio de Janeiro.RJ, Seminário de
Vida no Espírito
FIDELES, Andréa Paniago; SILVA, Dercides Pires da; COSTA, Sebastião Bernardino da;
BARBOSA, Taciano Ferreira – ASSOCIAÇÃO SERVOS DE DEUS- Goiânia.GO, Seminário
deVida no Espírito Santo
ASSOCIAÇÃO JAVÉ NISSI – Arquidiocese de Pouso Alegre. MG, Seminário de Vida no
Espírito Santo
FLORES, José H. Prado e LARA, Carlos Macías de – Nova Vida, Edições Loyola, 2004
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Organizando o Seminário
A - Campanha de Divulgação
A realização do Seminário deve ser precedida de uma Campanha de Divulgação, visando
conscientizar e informar a comunidade a respeito de sua realização.
Sugerimos algumas atividades de divulgação:
Chamadas nos Grupos de Oração - convite feito de modo atraente, bem transmitido ao público
alvo por meio de comunicação alegre, séria, mas cativante;
Comunicação verbal ao final das missas mais freqüentadas (com a autorização do pároco);
Cartazes bem colocados na Igreja, no salão paroquial, salas de aula, ambientes de uso
comunitário;
Faixas distribuídas em lugares permitidos e estratégicos, principalmente na frente do lugar
onde o Seminário acontecerá.;
Convite pessoal da Equipe às pessoas na Igreja, na vizinhança, no Grupo de Oração;
B - Montagem do Seminário
a) Considerações iniciais
O Seminário de Vida no Espírito consiste em dois momentos igualmente importantes:
A Reunião do Seminário – reunião semanal com todos os participantes, conforme
anotações a seguir.
O Pastoreio – reunião semanal dos Cenáculos, em dia diferente da reunião do
Seminário, com a finalidade de aprofundamento e de estabelecer relacionamentos fraternais
entre os participantes.
A seguir algumas anotações importantes para a organização do Seminário de Vida no Espírito
Santo (SVES).
b) Secretaria do Seminário:
O Seminário precisa de um serviço de Secretaria, que é responsável pela montagem
geral. A Secretaria é coordenada pelo Coordenador do Seminário.
Sua função é:
Realizar a divulgação
Fazer as inscrições, através das Fichas de inscrições distribuídas na comunidade
Organizar o local de realização do Seminário
Acompanhar a freqüência dos participantes
Agendar os pregadores
Providenciar as fichas com os textos semanais
Formar os Cenáculos
Organizar a Equipe de Dirigentes de Cenáculo
c) Cenáculos - Pastoreio
Os participantes do Seminário são divididos em grupos de 08 a 12 pessoas acompanhadas por
um ou dois dirigentes, que chamamos de Cenáculos. O número de participantes não deve ser
muito grande para não dificultar as reuniões e as orações.
O Cenáculo se reúne no dia da realização do Seminário (após a pregação) e uma vez durante a
semana, num lugar escolhido por todos (pode ser na casa de um dos participantes num sistema
de rodízio). Esta reunião é chamada de Pastoreio e trataremos dela de maneira mais especifica à
frente.
d) A Reunião Semanal do Seminário
O Seminário de Vida no Espírito Santo, acontece uma vez por semana, durante 09 semanas,
num dia, lugar e horário fixos, escolhidos de antemão pela Equipe de Serviço Paroquial.
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A Reunião se divide em 4 momentos:
1º momento - Acolhimento e Animação: cantos, boas vindas, avisos iniciais, apresentação do
tema do dia e do pregador. O tempo utilizado para isso não pode ultrapassar 20 minutos.
2º momento - A Pregação: exposição do tema do dia. O pregador deve levar em conta que se
trata de um tema querigmático, portanto a vivência e a experiência são fundamentais. A pregação
não deve ultrapassar os 40/45 minutos.
3º momento – Cenáculos: reunião dos pequenos grupos para partilha e oração. O tempo
para esta atividade é em torno de 30 minutos (podendo se estender conforme os costumes locais).
4º momento – Encerramento: avisos, incentivo à perseverança, cantos e louvor final.
O Encerramento deve dispor de 30 a 40 minutos.
Levando em consideração os possíveis atrasos e imprevistos, a Reunião Semanal do Seminário
tem sua duração estimada em 2 horas e meia. Mas em tudo deve-se levar em conta os costumes
locais e condições em que o SVES acontece.
e) A Equipe do Seminário
O Seminário de Vida no Espírito Santo é uma atividade comunitária, por isso toda a comunidade
– Grupos de Oração – deve estar envolvida. São vários serviços que compõem o Seminário,
a saber:
1. Coordenação do Seminário
O servo indicado para coordenar um SVES deve ter as seguintes características:
Ser pessoa de vida de oração bem ordenada
Ter uma formação adequada
Ter visão clara do que é o Seminário e já ter participado de um
Dominar os temas que são apresentados nas palestras para eventualmente dar qualquer um
deles, se houver falta de pregador sem tempo de encontrar substituição.
Ter carisma de governo (visão para coordenar)
Ser capaz de conduzir situações de relacionamentos difíceis, interferir bem nas dificuldades
dos servos e dos participantes, resolvendo-as.
Deverá ficar responsável pela venda e recebimento das Bíblias. Se possível, para facilitar, as
Bíblias poderão ser vendidas em valores parcelados.
Suas responsabilidades são:
Coordenar a Secretaria do Seminário
Providenciar e distribuir as fichas com os textos para oração diária durante o Seminário,
Reunir-se com os Dirigentes de Cenáculos para acompanhar os ― Pastoreios
Coordenar a realização do Seminário, controlando horário, dando os avisos necessários,
providenciando os pregadores, distribuindo funções para a Equipe.
Distribuir os participantes em Cenáculos
Organizar o Dia de Encerramento
Substituir o pregador caso seja necessário.
2. Dirigentes de Cenáculo (servos dos SVES):
Cada Cenáculo deve ter um dirigente que se encarrega de dirigir as reuniões no dia do Seminário
e promover o Pastoreio (reuniões durante a semana). Quanto ao Pastoreio ver as anotações
próprias mais à frente.
Devem ser pessoas disponíveis, experientes (não recém convertidos), com conhecimento
doutrinário, participante de Grupo de Oração e de vida de oração.
Acolhimento: Os Dirigentes de Cenáculo são os responsáveis pelo Acolhimento, ou seja:
recepção à porta do local do Seminário, preparação e distribuição de crachás a cada encontro e
arrumação do ambiente para que tudo funcione bem e com algum conforto para os participantes.
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Função do Dirigente no Cenáculo: Agir como fermento, no meio dessa porção do povo de Deus;
rezar ativamente, cantar com ânimo; seguir prontamente as instruções do coordenador do
Seminário e demonstrar felicidade e paz no Senhor.
Aos Dirigentes: Recebam com caridade, sem discriminação, todos os membros do seu cenáculo;
iniciem conversas, promovendo a amizade; ajudem e sejam disponíveis, encorajando a todos;
sigam os horários propostos e evitem debates, mas encaminhem as dúvidas que não puderem
resolver ao pregador.
3. Música e Animação:
Dois servos ou um Ministério já formado (conforme cada lugar), mas que sejam pessoas de vida
de oração, que conheçam mais os cânticos do que música e instrumentos. A animação deve ser
oportuna. O entrosamento com o Coordenador do Seminário deve ser muito bom. A música e a
animação são responsáveis pelos momentos de louvor e oração comunitária (de todos os
participantes).
4. Intercessão:
O Ministério de Intercessão deverá organizar um serviço pelo Seminário, enquanto de sua
duração. O serviço de intercessão deve se reunir um dia por semana para interceder pelos
participantes, pelo pregador, pelo Coordenador e pela Equipe em geral.
5. Servos da palavra ou pregadores
Devem ter Ministério de Pregação, serem pessoas experimentadas, ungidas para, no poder do
Espírito Santo, com a espiritualidade característica da RCC, pregarem o tema próprio do
Seminário.
Além de serem ministeriados para o serviço da Pregação, ter uma vida de oração consistente,
participar de um Grupo de Oração, possuir uma boa formação catequética e um bom
conhecimento da Sagrada Escritura em geral, e dos textos referentes à sua pregação, são pré-
requisitos essenciais na escolha dos pregadores.
Não devem ser convidados de improviso, pois este primeiro anúncio é para muitos, o primeiro
contato com Deus Vivo na Sua Palavra e, portanto deve ser muito bem feito, sendo uma pregação
viva, forte, eficaz, alegre, porém séria, convincente.
O pregador utiliza as citações que vão ser usadas nas vivências daquela semana, duas ou três
delas apenas, mas bem trabalhadas nos textos mais fortes. Não sendo pregador de si mesmo,
deve ser discreto e cuidadoso com testemunhos e conceitos pessoais.
Ao Pregador:
O Seminário é uma seqüência, porém, cada assunto tem o seu começo, meio e fim. Por isso, o
pregador deve procurar ater-se EXCLUSIVAMENTE AO SEU ASSUNTO! O tempo da pregação é
de 40/45 minutos. Da obediência ao tempo disponível, depende o equilíbrio das outras atividades.
As orientações para uma boa pregação são encontradas:
Nas Apostilas de Roteirização de Pregações do Ministério da Pregação RCC-BR.
Nos Livros Oratória Sacra 1 e 2, Editora Canção Nova, de Dercides Pires.
Nos Livros da Coleção RCC – Novo Milênio, Editora Santuário, nos título: Pregador Ungido
e Pregador Ousado, de Ronaldo de Souza.
No Livro da Ofensiva Nacional, nº 8: Formação de Pregadores, Editora Santuário, organizado
por Taciano F. Barbosa.
6. Limpeza e Decoração
A Equipe de Limpeza e decoração deve cuidar do ambiente antes, durante e depois de cada
Reunião, mantendo o lugar limpo, providenciando água, arrumando as cadeiras e a mesa de
pregação, etc.
Além desta atividade, deverá também decorar o local conforme o tema da semana, com cartazes,
faixas, flores, etc, tornando-o um lugar agradável e testemunhando aos participantes que eles
eram esperados
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C– Outras considerações
Reunião da Equipe
Toda a Equipe deve se reunir antes do primeiro encontro do Seminário e antes de cada Reunião
(chegar 45 minutos antes). Isto é o ideal para orarem juntos e organizarem o trabalho.
O uso da Bíblia deve ser incentivado durante todo o Seminário. Para tanto o pregador deve fazer
uso constante de textos a serem procurados pelos participantes. Caso exista alguma dificuldade,
pode-se dar uma instrução rápida, no primeiro dia, a respeito de livros, capítulos e versículos.
Durante o Seminário, devem ser feitas campanhas para que os participantes adquiram suas
próprias Bíblias. Consórcios, sorteios, doações, tudo isso pode ser utilizado. O importante é que
cada participantes tenha contato e adquira o costume de ler e refletir com a Bíblia.
O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada
semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a
essa Renovação no Espírito Santo.
1. Servir e Rezar
Servir é ser útil, prestável, satisfazer, agradar; é ser apto para alguma coisa; é cumprir a tarefa
que lhe é dada; é dar, oferecer, é depender de alguém que é seu Senhor.
Dentro do povo de Deus todos – ministros, ordenados, leigos – são servos do Evangelho,
cada um segundo seu papel e carismas próprios. Servir o Evangelho é servir a Deus, a
Jesus, o Senhor. Portanto, o servo deve estar preparado para servir onde, quando e como o
Senhor determinar.
Ora, não é possível servir sem uma comunicação constante com o Senhor. Essa comunicação, no
nosso caso, se dá através da oração. Orar é imprescindível, pois é na oração que se aprende a
amar, e servir é amar. Aquele que não ora não deve nem pode ser servo.
Jesus, no Evangelho, sete vezes nos convida à oração: Lc 22,40.46 – Lc 11,9-13 – Jo 14,13-14
– Jo 15,7.16 ; 16,23-24; 16,26-27.
Há pessoas de núcleos da RCC que dizem que fazem sua oração pessoal enquanto trabalham
nos afazeres de casa. Isso não é a verdadeira oração pessoal. Tal como um Senhor tem seus
encontros freqüentes com o servo para orientações, exame das situações, acertar providências,
também, e com muito mais razão nós devemos ter com o nosso Senhor, encontros de intimidade,
em que abrimos nosso coração e nos derramamos diante dele, falando-Lhe das nossas
dificuldades, dos nossos problemas, das nossas alegrias, das nossas vitórias, e ouvindo o que Ele
nos tem a dizer. Essa é a sua vontade e deve ser também a nossa.
Quando um servo de Seminário percebe que algo de errado está ocorrendo no seu Cenáculo,
procure examinar-se de como está sua vida de oração e também sua vida sacramental.
2. A ficha de acompanhamento
Todo Servo de SVES deve ter uma ficha, onde anota:
O local onde o Seminário acontece e datas;
Nomes e telefones ou endereços de cada participante;
Freqüência de cada um;
Título de cada palestra e pregador (nome) e uma pequena avaliação quanto ao conteúdo,
desempenhos e se foram alcançados os objetivos. O objetivo dessa avaliação é sempre
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construtivo para se alcançar uma boa evangelização. Esta ficha ficará no final com o Coordenador
do SVES.
Na ficha de inscrição do participante, o dirigente do Cenáculo fará, no verso, uma avaliação de
cada pessoa do grupinho, e entregará ao Coordenador do Seminário, que as dará ao
Coordenador do Grupo Diocesano. Este, depois de tomar conhecimento delas, entregará ao
dirigente do Grupo de Oração.
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Presunção – opinião vantajosa que a pessoa faz de si mesmo. Há que distinguir a valorização
que devemos nos dar pelo fato de constituirmos objetos do amor de Deus, e a vaidade de nos
atribuirmos valor por nossos méritos. É uma maneira muito sutil do inimigo nos tentar (Lc 18,1-14;
Pr 3,7). Não se julgar já convertido mas procurar sempre mais se converter. Não se julgar já
renovado, mas procurar dia a dia se renovar. Não se julgar em condições de trabalhar os outros,
mas procurar trabalhar-se, primeiro.
Auto-suficiência – O servo muitas vezes se abstém de consultar ou mesmo trocar idéias com
outros servos ou com o coordenador, consciente está de que é bastante capaz de discernir
sozinho e corretamente (II Cor 3,5). Ninguém é tão sábio que não tenha algo para aprender e
ninguém é tão ignorante que não tenha algo para ensinar.
Pressa – Associa-se muito à impaciência. Muitas vezes confundimos pressa com zelo. O trabalho
do Senhor deve ser feito com cuidado e atenção, mas sem tempo e hora (Jdt 8,11-15).
Desânimo – O servo deve louvar a Deus quando fracassa: é uma forma de reconhecer que todo o
poder emana de Deus: prosseguir com coragem e, se necessário começar tudo de novo. São
Paulo nos ensina muito bem (II Cor 4,8-12).
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conhecer Jesus, o Senhor, o amor de Deus, a salvação que nos foi dada e a conversão que o
Espírito Santo realiza em nossos corações, etc.
9) Quando o Seminário possui uma equipe para intercessão, os casos mais sérios que os servos
observam no Cenáculo devem ser levados ao coordenador do Seminário para o encaminhar à
intercessão.
10) Um item muitíssimo importante é o sigilo. No primeiro dia do Cenáculo o servo deve explicar
que tudo o que se disser ali é sigilo confessional. Muitas vezes, no decorrer do Seminário, os
participantes se abrem, contam seus problemas, levadas pelo clima de confiança que deve
existir, abrem seus corações. Todas essas confidências devem ficar ali, nos corações para
oração, mas não deve haver comentários entre as pessoas do Cenáculo, nem entre essas e
seus familiares. O servo titular deve estar atento a esse detalhe.
11) Aconselha-se ao servo possuir um caderno onde registrarão dados importantes do Seminário:
Data e local, Nome do coordenador: telefone, Nome do outro servo e telefones, Nomes dos
participantes: telefones.
12) O servo deve procurar se comunicar semanalmente com os participantes para saber notícias
e ajudá-los nas dúvidas, animá-los. Cada um trabalha conforme o Espírito Santo lhe sugere.
Entretanto uma sugestão pode ser dada: muito útil, ao primeiro contato com os participantes,
fazer-lhes a seguinte pergunta: ― Porque veio fazer esse Seminário? O que você espera
encontrar aqui? O que veio procurar?
13) Anotar as respostas. No fim do Seminário, no último Cenáculo, ler para cada pessoa a
resposta dada no início e perguntar-lhe: ― você encontrou o que procurava? Esse
procedimento nos fornece conhecimento que o Senhor realizou na vida do participante, e
também nos faz conhecer a necessidade de continuar a acompanhá-lo ainda durante algum
tempo.
14) Uma última palavra: o servo, qualquer que seja sua tarefa num Seminário, deve realizá-la
como se fora a primeira vez; isto equivale a dizer que o entusiasmo, a dedicação, o zelo, o
empenho, a preparação, o amor, devem ser os mesmos do primeiro chamado. Não podem
permitir que arrefeça o primeiro amor (cf. Ap 2,4). Do contrário corre-se o risco de cair na
rotina; e o Espírito Santo não age em corações desanimados. Para que tal não ocorra, é
necessário muita vigilância e oração (Mt 26,41a).
Tempo de Seminário é Tempo de sacrifício, mas ― tenho para mim que os sofrimentos da presente
vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. (Rom 8,18)
7. A Reunião de Pastoreio
a. O Pastoreio
Serviço de pastoreio para o SVES é o acompanhamento espiritual e catequético que se
presta aos participantes desse Seminário.
Finalidade:
a) Interceder constantemente pelos participantes
b) Auxiliar no estudo da Sagrada Escritura
c) Auxiliar nos primeiros passos da conversão: sanar dúvida, acompanhar os participantes e orar
para cura interior quando necessário.
d) Auxiliar na iniciação da vida carismática: esclarecer dúvidas sobre os carismas; orar para
confirmar os dons recebidos; praticar os carismas com os participantes.
e) Auxiliar nos conhecimentos básicos da Igreja como comunidade de cristãos: acolher os
participantes pessoal e fraternalmente; ser para os participantes um testemunho de comunidade;
ajudar os participantes a compreenderem melhor a missão do leigo (ser cristão consciente e
renovado na prática dos sacramentos e dos carismas, ser Igreja – Sacramento vivo –
e comprometer-se com a missão do leigo no mundo).
b. Partilha
Para exercermos fielmente o serviço do Pastoreio, devemos nos munir da grande visão
Messiânica - visão do céu, da salvação...
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O pastoreio pode ser um pedaço do céu, quando leva o povo de Deus a um caminhar de cura e
libertação, de crescimento humano e espiritual utilizando-se da partilha e boa comunicação,
entremeadas de carismas que são essenciais ao pastoreio.
No pastoreio, partilha é o diálogo estabelecido entre o servo do pastoreio e os participantes, com
o objetivo de sanar as dúvidas destes, bem como de prestar-lhes ajuda espiritual e,
eventualmente, alívio e cura de traumas, mediante a cura interior.
c. Conteúdo da partilha
Prioritariamente, em relação ao Seminário de Vida no Espírito, partilham-se dúvidas sobre as
pregações, assim como dificuldades em se viver no Espírito e em se praticar a proposta do
Seminário.
Eventualmente pode-se partilhar sentimentos, experiências vividas (boas ou ruins)
Lembre-se o servo do pastoreio que sua missão é principalmente ouvir (mas poderá sabiamente
orientar os participantes, tendo sempre por base os ensinamentos do Seminário de Vida no
Espírito. Caso as soluções para os participantes não sejam encontradas no Seminário, poder-se-á
buscá-las na Sagrada Escritura, na Doutrina da Igreja e com os irmãos de comunidade,
principalmente os mais experientes).
d. Método da Partilha
Amor (é o principal item do método) - É com amor que se acolhe bem. É com amor que se guarda
o sigilo sacramental que a partilha exige. É com amor que se encontra forças para doar-se além
do comum (atender fora dos horários, superar o cansaço para servir, etc.). O amor é veículo da
empatia, que é fundamental no pastoreio. Só o amor gera a compaixão. Compaixão cria o
ambiente propício para partilhar em situações de sofrimento e dor.
Tempo de qualidade - É tempo destinado exclusivamente aos participantes. Não importa a
duração, o mais importante é a qualidade do tempo que se dedica. Para ter tempo de qualidade é
preciso estar presente diante do participante de corpo e espírito
Respeitar o processo do outro - Cada um possui um estágio de desenvolvimento. Isso precisa
ser respeitado.
Não dar receitas - Não usar o tom de professor ou de padrasto, como se estivesse sempre
ensinando ou advertindo.
Evitar bloqueios na comunicação - Bloqueios destroem a partilha. Exemplos de bloqueios:
Conselhos, competição, frieza, distração, divagação, respostas ensaiadas.
Agradecer verbalmente pela partilha - A partilha da pessoa é um presente de confiança para
quem ouve. Na partilha a pessoa dá o melhor de si, ou seja, ela mesma (uma parte do seu próprio
eu).
Agendar horários para partilha e para visitas - O amor e o interesse precisam ser
demonstrados. É impossível pastorear sem se encontrar. A agenda pode ser fundamental. O
tempo jamais sobra, por isso é necessário agendar, comprometer.
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Fundamentação doutrinária
1
JOÃO PAULO II, Papa, Discurso de encerramento do Congresso Teológico Internacional de
Pneumatologia. L'Osservatore Romano, 27 de marco de 1982. Cf. ― Lumen Gentium‖ nº 4.
2
SANTO AGOSTINHO, Sermão 267,4 (Pl 38.1231). Paulo VI. Ensinamentos ao Povo de Deus
1978. Edtrice Vaticana, p. 47.
3
SUENENS L.J. Cardeal, o Espírito Santo Nossa Esperança, Edições Paulinas, 1975, Brasil.
4
LOsservatore Romano de 11 de abril de 1998)
5
CORDES, Dom Paul, in Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica, Editora Loyola.
REIS, Reinaldo Beserra dos, Celebrando Pentecostes – Projeto de aviamento da espiritualidade de
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O Papa João Paulo II, por diversas vezes se referiu a RCC como expressão de vida renovada
pelo Espírito que atua perenemente na Igreja e pela Igreja no mundo. Na audiência aos membros
do Conselho Internacional em dezembro de 1979, disse:
"... O vigor e a fecundidade da Renovação Carismática testemunham certamente a
poderosa presença do Espírito que age na Igreja, nestes anos posteriores ao Concílio
Vaticano II. Por suposto, o Espírito guiou a Igreja em todos os tempos, produzindo uma
grande variedade de dons entre os fiéis. Através do Espírito a Igreja conserva uma
permanente vitalidade juvenil, e a Renovação Carismática é uma eloqüente
manifestação desta vitalidade hoje, uma expressão vigorosa do que 'o Espírito está
dizendo às Igrejas' (At 2,7), quando nos aproximamos do final do segundo milênio"
E ainda afirmou aos líderes da RCC durante a Conferência de Fiuggi de 1998:
"A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrir a
presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja Católica e do
mundo; e esta descoberta tem levantado neles uma fé em Cristo cheia de alegria, um
grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação à sua missão evangelizadora.
Neste ano do Espírito Santo, eu me uno a vocês no louvor a Deus pelos preciosos
frutos que Ele quis trazer à maturidade em suas comunidades e, através delas, às
Igrejas particulares".
c. O apostolado de Pentecostes
A despeito de ser identificada como uma expressão eclesial que manifesta em sua identidade uma
espiritualidade marcada pela experiência da ação do Espírito Santo e pela consciência a respeito
da Terceira Pessoa da Trindade Santa, a Renovação Carismática é convidada a assumir
claramente a missão de difundir a cultura de Pentecostes, fundamentando todos seus projetos no
pressuposto da ação do Espírito Santo.
O saudoso e santo Papa João Paulo II, nos direciona:
"Estou convencido de que este movimento é um sinal de sua ação (do Espírito Santo).
O mundo tem grande necessidade da ação do Santo Espírito e isso requer a
cooperação de muitos instrumentos que colaborem com sua ação. (...) Agora eu vejo
este movimento, sua atividade em todas as partes. (...) por meio desta ação, o Espírito
Santo vem ao espírito humano e desde esse momento começamos a viver de novo,
para encontrar nosso autêntico ― eu, para encontrar a própria identidade, nossa total
humanidade. Conseqüentemente, eu estou convencido de que este movimento é um
verdadeiro e importante componente na renovação total da Igreja, nesta renovação
espiritual da Igreja" (aos membros do ICCRS, o Conselho Internacional da RCC, em
11.12. 1979).
"Hoje a Igreja rejubila-se pela confirmação renovada das palavras do profeta Joel:
'Derramarei o meu Espírito sobre todo o ser vivente' (Jl 3,1). Abri-vos docilmente aos
dons do Espírito! Aceitai agradecidos e com obediência os carismas que o Espírito
nunca cessa de nos conceder. Não vos esqueçais de que todos os carismas são
comunicativos e fazem nascer aquela 'afinidade espiritual entre as pessoas', e aquela
amizade em Cristo que é a origem ‗ dos 'movimentos'. Jesus disse: 'Eu vim atear fogo
sobre a terra e outra coisa não desejo senão que já esteja aceso'. (...) Hoje, daqui desta
sala superior da Praça de São Pedro eleva-se uma grande oração: Vinde, Espírito
Santo, vinde e renovai a face da terra! Vinde com vossos sete dons! Vinde, Espírito de
Comunhão e de Amor! A Igreja e o mundo precisam de vós, Espírito Santo, e fazei com
que os carismas que nos tendes concedido se frutifiquem cada vez mais" (aos
Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades reunidos na Praça de São Pedro, em 30.
5. 1998).
Nas festividades de Pentecostes do ano de 2004, no dia 23 de maio, o Santo Padre João Paulo II,
ao concluir a oração do ― Regina Coeli, convidou os Movimentos Apostólicos, e de modo especial
a Renovação no Espírito, a participar da Vigília de Pentecostes, no sábado, 29 de maio, ‗ para
invocar sobre nós e sobre toda a Igreja uma abundante efusão dos dons do Espírito Santo‘ .
No decurso desta Vigília o Papa João Paulo II disse ― Vem, creator Spirítus!
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De toda parte da Igreja na solenidade de Pentecostes, se eleva unânime este canto:
Veni, creator Spiritus! O Corpo místico de Cristo, disperso em toda a terra, invoca o
Espírito do qual tem a vida, o Sopro vital que anima o seu ser e o seu agir. (...)
Saúdo de modo especial os membros da Renovação no Espírito (...). Graças ao
movimento carismático tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, têm
redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana.
Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja, como um renovado
salto de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio. (...) Os movimentos eclesiais
e as novas comunidades são uma 'resposta providencial, suscitada pelo Espírito Santo,
à hodierna pergunta de nova evangelização, pela qual são necessárias 'personalidades
cristãs maduras' e 'comunidades cristãs vivas'.
Por isso digo também a vocês: 'Abri-vos com docilidade aos dons do Espírito! Acolhei
com gratidão e obediência os carismas que o Espírito Santo não cessa de conceder!
Não vos esqueçais que todo carisma é dado pelo bem comum, isto é, para o benefício
de toda a Igreja!'
Veni, Sancte Spiritus!
Acolhamos esta palavra do Santo Padre João Paulo II como um direcionamento profético para
toda a Igreja, mas o acolhamos como se direcionada especialmente a nós da RCC. ― João Paulo II
não estava apenas falando para nós da Renovação Carismática, mas a respeito de nós, e
inclusive oferecendo-nos à Igreja como um ‗ sinal sensível da perene efusão do Espírito. Assim
sendo a Renovação Carismática não pode negar-se ao Apostolado de Pentecostes.
Pastorais para a Renovação Carismática Católica‖ , de diversos autores e teólogos (inclusive Joseph
Ratzinger)
coordenados pelo Cardeal Suenens, conhecido como documento de Malines n. 1, publicado pelas Edições
Loyola em 1975.
17
Igreja é inauguração desse Reino (LG 5). Cristo, na força do Espírito, levará tudo de volta à fonte
de Ser que é o Pai.
b. Jesus Recebe o Espírito Santo
Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito Santo e o envia. Primeiramente Jesus recebe o
Espírito. A efusão do Espírito é o início da nova era messiânica, começo da nova criação. Desde o
primeiro momento de sua existência, Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo. Por ter sido
concebido pelo poder do Espírito Santo é que Jesus se caracteriza como o Filho de Deus, o
Messias. E é efusão do Espírito no momento de seu batismo nas águas do Jordão que lhe permite
assumir publicamente sua função messiânica. Nesse momento João ― viu os céus abertos e descer
o Espírito sobre ele (Mc 1,10). O texto bíblico chama, pois, a atenção para uma experiência do
Espírito. Este acontecimento é um momento único na História.
Ao receber publicamente o Espírito, Jesus é proclamado Messias e a era messiânica, a Nova
Aliança, recebe caráter público. Jesus não recebe o Espírito somente por força de sua investidura
pública como Messias, mas o recebe também como um dom pessoal que lhe confere poder e
autoridade em vista de sua obra messiânica (At 10,38). O Espírito do Senhor se derrama sobre
Ele porque foi ungido a fim de pregar a boa nova aos pobres (Lc 4,48).
Comentando a palavra dirigida a João Batista: ― Aquele sobre quem vires descer e repousar o
Espírito, este é quem, batiza com o Espírito Santo (Jo 1,33), a Bíblia de Jerusalém nota que ― esta
expressão resume todo o objetivo da vinda do Messias. Jesus recebe o Espírito Santo, o Espírito
repousa sobre Ele (Is 11,2; 42, 1; Jo 1,33) de modo que Ele pode batizar outros no Espírito. Nesse
contexto, ― batizar com o Espírito Santo refere-se à finalidade de todo seu ministério.
c. Jesus Envia o Espírito Santo
Depois de ter se oferecido ao Pai na cruz, pelo Espírito eterno (Hb 9,14), Jesus, o Senhor
ressuscitado e glorificado, envia o Espírito Santo. Elevado e transfigurado pelo Espírito, tendo ido
para o Pai, seu corpo, agora glorificado, foi plenamente dotado do poder divino que comunica
vida. Desse corpo crucificado e ressuscitado, como de uma fonte inexaurível, o Espírito é
derramado sobre a carne (Jo 7,37-39; 19-34; Rm 5,5; At 2,17).
Entre Jesus e o Espírito há uma reciprocidade de relação. Jesus é o portador do Espírito, a quem
o Espírito é dado ― sem medida‖ (Jo 3,34; Lc 4,1), pois o Pai o ungiu com o Espírito Santo e com
poder (At 10,38). Jesus é conduzido pelo Espírito, é pelo Espírito que o Pai o ressuscita dentre os
mortos (Ef 1,18-20; Rm 8,11; 1Cor 6,14; 2Cor 13,14). Jesus envia o Espírito que recebeu e é pelo
poder do Espírito Santo que nos tornamos cristãos. ― Se alguém não possui o Espírito de Cristo,
este não é dele (Rm 8,9). O sinal distintivo da iniciação cristã é a recepção do Espírito Santo (At
19, 17). Por outro lado, é o Espírito que nos impele a proclamar que ― Jesus é o Senhor (1Cor
12,3). Esta relação recíproca entre Jesus e o Espírito é orientada para a glória do Pai. ― Por Jesus,
temos acesso junto ao Pai num mesmo Espírito (Ef 2,1-8).
d. Igreja, Sacramento de Cristo
Visto que a Igreja é o sacramento de Cristo (LG 1), é Jesus que, em sua relação com o Pai e com
o Espírito determina a vida e a estrutura interior da Igreja, servindo-lhe de protótipo. Assim como
Jesus é constituído Filho de Deus pelo Espírito Santo, pelo poder do Altíssimo que cobre Maria
com sua sombra (Lc 1,35), como foi investido em sua função messiânica pelo Espírito que desceu
e repousou sobre ele no Jordão, assim de maneira análoga, a Igreja é constituída pelo Espírito
Santo desde sua origem e por ele manifestada publicamente em Pentecostes.
Visto que a Igreja é o Sacramento de Cristo, ela estende a nós a unção de Cristo pelo Espírito.
Não é somente uma extensão da Encarnação. É também a unção de Cristo por todo seu Corpo
Místico. Se a ação da Igreja é eficaz, se produz frutos na sua vida sacramental e na sua tarefa de
evangelização, se vidas são transformadas, é porque a unção de Cristo pelo Espírito se estende à
Igreja. A unidade da Igreja e a comunhão dos fiéis também são decorrências desta unção de
Cristo pelo Espírito. O Espírito que assegura a unidade entre Cristo e a Igreja, também garante
que seja mantida a distinção entre Cristo e a Igreja.
e. Todos na Igreja Somos Portadores do Espírito Santo
Como sacramento de Cristo, a Igreja nos torna participantes da unção de Cristo pelo Espírito. O
Espírito Santo permanece na Igreja como um perpétuo Pentecostes, e faz dela o Corpo Místico de
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Cristo, templo único, o povo de Deus, enchendo-a de seu poder, renovando-a, chamando-a a
proclamar a soberania de Cristo para a Glória do Pai. Esta habitação do Espírito na Igreja e no
coração dos cristãos, como num templo, é um dom para toda a Igreja: ― não sabeis que sois o
templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Cor 3,16; cf 6,19). O primeiro dom
não é outro senão o próprio Espírito e os carismas pertencem à Igreja unicamente porque ela os
recebeu como dons gratuitos.
Embora o Espírito se manifeste em diferentes ministérios que servem a diferentes funções, as
quais podem variar em gênero e grau, todavia a Igreja inteira e todos os seus membros participam
do Espírito. Não há uma classe especial de portadores do Espírito, não há grupo separado de
crentes repletos do Espírito Santo. A plenitude da vida no Espírito, a participação na vida
abundante do Espírito, é um bem comum de toda a Igreja, embora nem todos se apropriem dele
com igual intensidade.
O Espírito que é dado a toda a Igreja torna-se visível nos ministérios, na Igreja e no mundo. Neste
sentido o Espírito e seus carismas são inseparáveis, mas não idênticos. Embora seja uma
manifestação do Espírito (1Cor 12,7), o carisma não é o próprio Espírito.
Uma vez que o Espírito e seus dons são parte essencial da natureza da Igreja como dons
gratuitos, não é possível existir a Igreja sem um ou sem os outros. Sem o Espírito e seus carismas
não há Igreja. Não há portanto, no seio da Igreja, qualquer grupo ou movimento que possa
reivindicar para si uma espécie do monopólio do Espírito e de seus carismas.
Entre esses dons do Espírito avulta a graça dos Apóstolos à cuja autoridade o próprio Espírito
submete até os carismáticos (cf. 1Cor 14) (LG 14).
f. Todo Cristão, Um Carismático
Se o Espírito e os carismas são inerentes à natureza da Igreja, são igualmente constitutivos da
vida cristã e de suas diversas expressões, tanto comunitárias como individuais. A pluralidade dos
carismas no Corpo Místico de Cristo é parte da estrutura da Igreja, e significa que não existe
cristão que não tenha algum carisma. Na comunidade cristã não há nenhum membro passivo,
desprovido de alguma função de serviço, sem um ministério. ― Há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo... A cada qual, pois,
é dado a manifestação do Espírito para que redunde em vantagem comum (1Cor 12,4-7). Neste
sentido, cada cristão é carismático e, portanto, tem um ministério a exercer na Igreja e no mundo.
Também é preciso dizer que os carismas do Espírito são inumeráveis e é o Espírito que, sendo
único, se manifesta nas várias funções de serviço.
Não se trata, pois, de opor a Igreja institucional a uma Igreja carismática. Como escreveu Santo
Irineu: ― Onde está a Igreja, está o Espírito, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja. O
Espírito e seus dons são constitutivos da Igreja e de cada pessoa como cristão; embora a
manifestação do Espírito não seja a mesma, quanto à função e a natureza, no sacerdote e no
leigo, cada um tem o seu dom. O Ministério do diácono, do sacerdote e do bispo é, em si mesmo,
um carisma. O carisma é um princípio de ordem na Igreja, de forma tal que não há distinção entre
Igreja institucional e Igreja carismática.
g. Receber o Espírito é tornar-se cristão
Nessa dinâmica interior pela qual as pessoas se tornam cristãs, todos participam das mesmas
verdades, realidades e mistérios. São simultaneamente incorporadas em Cristo, entram para o
povo de Deus, recebem o Espírito Santo e se tornam templo em relação a Cristo e ao Espírito. ― Se
alguém não possui o Espírito de Cristo, não lhe pertence (Rm 8,9).
Os textos do Novo Testamento nos dizem que é recebendo o Sacramento do Batismo que a
pessoa se torna membro do Corpo de Cristo, porque no Batismo se recebe o Espírito. ― Em um só
Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres;
e todos temos bebido de um só Espírito (1Cor 12,13).
A vinda decisiva do Espírito Santo, que permite acesso à vida cristã, está intimamente ligada à
celebração da iniciação cristã (batismo, confirmação, eucaristia). A iniciação cristã é o sinal eficaz
do dom do Espírito, recebendo o Espírito Santo nos sacramentos de iniciação, o catecúmeno
torna-se um membro do corpo Místico de Cristo, é introduzido no povo de Deus e se integra na
comunidade de culto.
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Há indícios que em muitas das primeiras comunidades cristãs as pessoas não apenas pediam e
recebiam o Espírito nestas celebrações de iniciação, mas esperavam que o Espírito demonstrasse
o seu poder pela transformação que efetuava na sua vida. Receber o Espírito era receber poder.
Receber o Espírito era mudar. Não era possível ser incorporado a Cristo e receber o Espírito sem
que toda a vida fosse orientada a Ele. Se a pessoa não mudava, se não houvesse metanóia,
ainda não era cristão.
Além disso, estas primeiras comunidades julgavam normal que o poder do Espírito se
manifestasse em toda a amplitude e diversidade de seus carismas, que incluíam, sem a isto se
limitar, ajudar ao próximo, administrar, profecia e língua (cf. 1Cor 12,28; Rm 12,6-8). Esta
manifestação do Espírito em carismas estava mais voltada para a vida da comunidade do que
para a vida pessoal do cristão.
Embora os carismas sejam reconhecidos como inerentes à estrutura e à missão da Igreja, é
preciso admitir que ainda hoje a Igreja não está consciente de que certos carismas constituem
possibilidades concretas para a comunidade cristã.
Efetivamente para São Paulo é impensável que se possa receber o Espírito Santo sem receber ao
mesmo tempo alguns de seus dons. Os cristãos de hoje são idênticos aos da Igreja primitiva
porque celebram essencialmente a mesma iniciação (batismo, confirmação, eucaristia), recebem
o mesmo Espírito, e todos os membros recebem algum carisma de serviço ou ministério.
h. Conclusão
Os fundamentos teológicos apresentados tornam evidente que a Renovação Carismática não traz
nada de novo à Igreja, em termos de realidade teológica. A Igreja não possui agora, devido à
Renovação Carismática, algo que não possuía antes. Contudo a Renovação Carismática leva a
uma tomada de consciência mais profunda a respeito da experiência religiosa de toda a vida da
Igreja. Carismas que não eram evidentes na vida da Igreja de forma regular, são agora vistos
cada vez mais como manifestações normais. Estes dons não são considerados insólitos ou
extraordinários, mas sim parte integrante da vida cotidiana de uma comunidade cristã.
Reconhece-se, também, que estes não são os únicos dons do Espírito.
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Fundamentação doutrinária
1. Um gesto bíblico
a. Um gesto comum na RCC
O batismo no Espírito Santo é concedido pelo Senhor Jesus de múltiplas formas e circunstâncias,
sem que intervenha para isso o mérito pessoal. A graça nos é dada, em modo geral, através dos
sacramentos. Mas Deus não se limita a eles, e a concede por muitos meios, como, por exemplo,
os sacramentais.
A Imposição das Mãos é um fator comum na Renovação Carismática, pois se associa a uma
poderosa ação da graça. Quando uma pessoa está querendo ser "batizada no Espírito Santo",
outros, por vezes, e em especial os que já receberam essa bênção, estendem e impõem as mãos
sobre ela e rezam nesta intenção. A mesma forma de oração é usada freqüentemente quando
outras graças estão sendo desejadas.
Esse gesto baseia-se em precedentes bíblicos, pois houve muitos a quem o Espírito Santo foi
dado pela imposição das mãos. Contudo, o que motiva o seu uso é o poder que esse simples
gesto tem manifestado. De fato, é impressionante a maneira como Deus tem se servido dele para
conferir a sua graça.
b. No Velho Testamento
A imposição das mãos tem uma longa história, pois que vem do Antigo Testamento. Esse gesto
foi usado pelos judeus e sabemos que em muitas circunstâncias diferentes, como em relação a
sacrifícios, a consagração a Deus e ordenação dos "rabis".
Jacó, já ancião, impôs as mãos aos dois filhos de José, e cruzando-as, deu uma bênção maior, ao
da mão direita, ao filho mais novo, o que entristeceu a José (Gn 48, 17-19). É também provável
que, quando Aarão erguia as mãos sobre o povo para o abençoar (Lev 9,22), isto fosse apenas
uma extensão da imposição das mãos.
c. No Novo Testamento
No Novo Testamento, lemos que Jesus impunha as mãos para abençoar (Mc 10, 1346; Mt 19, 13-
15), o que faz crer que o gesto de Jacó continuara sendo uma prática popular. Jesus também
ergueu as mãos sobre os apóstolos para os abençoar, como o fez Aarão, logo antes da sua
ascensão (Lc 24,50).
Outras vezes Jesus impunha as mãos para curar (Mc 5,23), outras vezes toca os doentes
somente. O caso se repete ao longo do Evangelho, como lemos em muitos textos: Mt 8,3; Mc 6,
2.5; 7,32; 8, 23-25; Lc 4,40; 13,13.
Conforme nos diz São Marcos, em 16,18, Cristo ressuscitado prometeu que seus discípulos
também teriam o poder de curar os doentes, impondo-lhes as mãos. De fato, sabemos que isto foi
feito por São Paulo na ilha de Malta (At 28,8).
Todavia, de muito maior significado para nós é o fato de que os primeiros cristãos também
comunicavam o Espírito Santo pela imposição das mãos. Apesar de Jesus não ter feito isso, pois
que o Espírito Santo só foi dado depois da glorificação de Cristo (Jo 7,39), houve um precedente
em Moisés, quando transmitiu o Espírito de sabedoria a Josué dessa maneira (Dt 34,9).
Pedro e João comunicaram o Espírito Santo aos samaritanos que haviam sido batizados (At 8,17),
enquanto Paulo impunha as mãos sobre os discípulos de Éfeso logo depois de os batizar. Paulo
mesmo ainda não havia sido batizado, quando o discípulo Ananias foi enviado pelo Senhor para
lhe impor as mãos (At 9,17) a fim de que ficasse repleto do Espírito Santo.
Estreitamente ligados aos últimos textos, temos aqueles que falam de um dom de graça (carisma)
comunicado pela imposição das mãos (1Tim 5,22; 2Tim 1,6). Em At 6,5-6, os apóstolos nomeiam
O texto a seguir tem como referência o capítulo 9 do livro ― Sereis batizados no Espírito Santo‖ de
10
padre
HAROLDO RAHM sj e MARIA LAMEGO, publicado pelas Edições Loyola, 1972
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diáconos impondo-lhes as mãos. Em At 13,3, a pequena comunidade de profetas e mestres de
Antioquia impõe as mãos sobre Paulo e Barnabé, ao enviá-los para a sua missão. Há ainda outro
texto do Novo Testamento que fala da imposição das mãos. Em Hb 6,2, Paulo fala da "doutrina
sobre os batismos e imposição das mãos", entre outras coisas, donde se depreende que era esse
um uso comum na Igreja primitiva.
d. Na Igreja dos primeiros séculos
Em suma, a Igreja dos Apóstolos usou a imposição das mãos para curar os doentes, para
comunicar o Espírito Santo e seus dons, para ordenar e conferir missões, e, possivelmente, para
reconciliar pecadores públicos, Há muito maior unidade nesses usos que naqueles do Antigo
Testamento, visto que todos significam uma comunicação em virtude do poder divino. Mas aquilo
que é comunicado pertence a uma ou mais das três ordens: milagrosa, espiritual e jurídica.
Quanto ao período que se segue imediatamente após o tempo da Igreja apostólica, não existe
documentação sobre o uso desse rito. Mas, por volta do terceiro século, o seu uso era comum.
Encontra-se em quase todos os sacramentos, como em muitas bênçãos, exorcismos,
reconciliação dos hereges, de clérigos decaídos, etc. Pouco depois, se não já nessa época,
aparece na consagração das virgens. Durante toda a Idade Média, manteve esta importância
litúrgica, caindo depois para dar lugar a outros ritos.
Na Renovação Carismática Católica este gesto é bastante comum e é usado especificamente em
três situações: (1) para pedir o batismo no Espírito Santo; (2) para interceder pedindo cura ou
libertação; (3) para pedir alguma bênção (por exemplo, antes da pregação). Embora sendo um
gesto bastante comum, encontra resistências em alguns setores da Igreja.
2. Algumas objeções
a. A questão da eficácia
Digamos, primeiramente, que pode haver gente que duvide da eficácia espiritual desse gesto,
confundindo-o, talvez, com certas práticas supersticiosas.
É evidente que a imposição das mãos não tem poder espiritual em si mesma. O gesto só
comunica os dons do Espírito Santo na medida em que Deus se serve dele. De si mesmo, não
seria mais do que um mero gesto humano.
Todavia, Deus tem de fato se servido dele, de modo privilegiado, para conferir bênçãos, como
vimos pela Sagrada Escritura, e como a experiência tem confirmado. Objetivar a essa crença um
argumento sério, seria querer limitar a ação de Deus que dá de Seu Espírito ― sem medidas. A
Igreja também se serve de gestos (os sacramentais) para sinalizar uma graça ou bênção.
b. Confusão com os Sacramentos
Com relação aos Sacramentos, poderia ainda surgir uma outra dúvida: talvez pessoas incultas
tomem esse gesto por uma espécie de pseudo-sacramento, sobretudo considerando os efeitos
que a ele se ligam.
O poder dos Sacramentos está na sua instituição divina, e em dois deles, de fato, a imposição das
mãos é o sinal da comunicação do Espírito Santo, isto é, na Crisma e na Ordem. Mas, diga-se já
que há distinções claras na maneira como a imposição das mãos é praticada na Renovação
Carismática e nos sacramentos, sobretudo no Crisma.
Os sacramentos conferem graça ― ex opere operato, isto é, de si mesmos; a imposição das mãos
não pretende tal coisa. Os Sacramentos são gestos oficiais da Igreja, enquanto que a imposição
das mãos é um gesto de oração privada.
O Sacramento do Crisma, como o Batismo e a Ordem, imprime caráter e só pode ser recebido
uma vez. A imposição das mãos pode ser recebida indefinidamente, não se lhe atribuindo nenhum
efeito comparável ao dos Sacramentos.
A liberdade mesma com que na Renovação Carismática se usa este gesto é prova de que
reconhece muito bem que não se trata de um Sacramento.
Em termos de tradição teológica, a imposição das mãos é antes comparável aos sacramentais.
Estes podem dividir-se em duas classes: objetos, tais como rosários, medalhas, água benta; e
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gestos, tais como o sinal da cruz e as bênçãos. A imposição das mãos seria desta última
categoria.
23
O significado do gesto é acrescido quando é feito, não por uma só pessoa, mas por toda uma
comunidade reunida em oração. Os Grupos de Oração estão muito conscientemente animados
pela promessa de Cristo, de que, quando dois sobre a terra concordarem em pedir qualquer coisa,
isto lhes será concedido pelo Pai celeste, porque, onde dois ou três se reunirem em seu nome, ele
estará no meio deles (Mt 18, 19-20). Esta reunião em nome de Cristo e esta concordância na
oração não podem ser expressas mais poderosamente do que pela imposição das mãos sobre
alguém, por uma comunidade inteira.
As palavras levam aos outros o nosso pensamento, mas o contato físico, especialmente por meio
das mãos, é uma poderosa expressão de sentimentos profundos de amizade, amor e apoio. O
apertar as mãos, segurá-las, bem como o abraço, tudo isso denota a mesma intenção. Do mesmo
modo, o pôr as mãos sobre os ombros ou sobre a cabeça de alguém é um gesto natural para
encorajar ou acalmar. Quando a imposição das mãos se faz numa reunião de oração, todos estes
sentimentos estão mais ou menos na intenção, mas se transformam e espiritualizam pelo fato de
estarmos unidos no Corpo de Cristo, de termos nele comunhão, e de ser o Paráclito a força
substancial, a vida, o amor e o consolo comunicados de uns para os outros.
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Motivação
Como o Seminário de Vida no Espírito Santo visa proporcionar uma verdadeira
experiência do batismo no Espírito Santo, a atitude fundamental é a oração para
que esta graça aconteça para todos os participantes.
Portanto, desde a primeira reunião até a última deve-se rezar pedindo o batismo no
Espírito Santo.
No capítulo 11 de Lucas Jesus ensina a respeito da eficácia da oração. E nos
revela que embora sejamos maus sabemos dar boas coisas aos nossos filhos,
quanto mais o Pai celeste nos dará o Espírito Santo se a Ele pedirmos! (Lc 11,13)
A solicitação que motiva este versículo é o apelo que se origina de um real e
intenso desejo que também aparece no contexto: a parábola do amigo importuno
(Lc 11,58) que insiste e insiste... porque se pedimos, nos será dado, pois todo o
que pede recebe! (Lc 119-10)
É óbvio que a solicitação que Cristo tinha em mente não era o pedido passageiro,
motivado por um capricho do momento, mas sim, o apelo impulsionado por um
intenso desejo. Há uma passagem extremamente sugestiva, que diz:
― porque
derramarei água sobre o solo sedento (...) Derramarei o meu espírito sobre tua
raça (Isaías 44,3s).
Que significa, aqui, "o sedento"? Quando alguém chega a tornar-se sedento, de
sua garganta sai um apelo que exprime sua extrema necessidade: água, água!
Assim deve ser nosso desejo pelo Espírito Santo. É um desejo ardente assim que
motiva a oração que pede e recebe o dom que o Pai quer dar a todos seus filhos.
Vem Espírito Santo! Vem Espírito Santo! Este é o clamor permanente, que a cada
reunião, a cada pastoreio, a cada oração, deve-se ouvir. E o Senhor certamente
derramará sua Água Viva em nosso coração sequioso, sedento.
Esta sede é semelhante a da samaritana que pede: ― dá-me desta água! (Jo 4,15)
A que intensidade de desejo devem ter chegado os primeiros discípulos, pelo
décimo dia de sua ansiosa espera, antes que suas almas sedentas tivessem sido
satisfeitas, naquele dia em que se cumpriu ― a Promessa em Pentecostes.
Que estas nove semanas sejam semelhantes aos dez dias que antecederam
Pentecostes, mas não esperemos o último dia para clamar. Peçamos desde já para
que aconteça desde agora o que aconteceu com os Apóstolos:
― Tendo assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos.
ETODOS FICARAM CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO, continuando
a anunciar com intrepidez a palavra de Deus.
At 4,31
25
Seminário de Vida no Espírito Santo
Desenvolvendo
os temas
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Seminário de Vida no Espírito Santo
01 - Introdução:
Oração de entrega - boas vindas - porque estamos reunidos aqui (cada um pode
apresentar o motivo que o levou participar do SVS – se for possível)
02 – O Seminário:
Não é tanto aprender coisas, mas buscar um conhecimento experiencial da pessoa
do Espírito Santo e sua ação em nossa vida
Ter paciência e não desistir diante dos obstáculos: preguiça, canseira, problemas,
tempo (chuva, calor).
27
purificar-se pelo Espírito Santo
orar sob a luz do Espírito Santo
freqüência: o cristão não cresce sem oração
orar o texto: tome o texto da Bíblia e leia-o devagar, destacando o que mais lhe
tocou e comece a partir daí
06– Explicar:
O encontro é semanal (horário e local)
Pontualidade e assiduidade
Estrutura da Equipe: dirigente de cenáculo; dirigente espiritual; pregador;
ministério de canto; tesoureiro;
A razão dos cenáculos (porque o nome) e a divisão dos próprios
A necessidade e importância do Pastoreio (como e quando acontece)
Bíblia: ver quem tem; explicar a necessidade de ter a sua (tesoureiro), como
manusear a Bíblia: capítulo, versículo, abreviaturas: Lc 3,10-17; Mt 2,4...
07– Conclusão:
O coordenador deve informar os participantes do funcionamento da necessidade de
Bíblia, lápis, caderno, etc...e comunicar mais algum aviso específico de acordo com
os costumes locais.
27
Seminário de Vida no Espírito Santo
29
O Espírito age no cristão, podemos dizer, de duas maneiras: o santifica produzindo nele seus
frutos – testemunho de santidade para o mundo – , e capacita-o para o anúncio do Evangelho
com
Seus carismas.
O Espírito Santo habita em nós (1Cor 3,16), é o nosso hóspede, sempre pronto a nos esclarecer,
amparar, fortificar. Ele nada força, espera a nossa cooperação, a nossa adesão, para nos fazer
conhecer o Pai e o Filho, para nos fazer penetrar no mistério de Cristo, para nos dar o verdadeiro
"espírito de adoção filial pelo qual chamamos a Deus: Papai!" (Rom 8,15), E ainda vem "em
auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que devemos pedir como nos convém; mas o
próprio Espírito implora por nós com gemidos inexprimíveis" (Rom 8,26).
O Espírito Santo leva-nos a Jesus; faz-nos Jesus, transformando-nos nEle. É essa a sua
obra;ninguém pode conformar-se com Jesus senão na unidade do Espírito Santo. É este o ciclo
divino na santificação das almas: ninguém pode ir ao Pai a não ser por Jesus; ninguém pode ir a
Jesus a não ser pelo Espírito Santo. (cf. Ef 2,18)
30
seminário de vida no Espírito Santo
1. A promessa
a. Jesus promete o Espírito
Durante o Seu ministério público, Jesus promete aos discípulos o dom do Espírito Santo para os
tempos que sucederão depois Dele, promete-O como dom permanente à Igreja para que, após a sua
morte, ela não fique na orfandade. (Jo 15, 18-21).
Um pouco antes de Sua morte Jesus disse aos seus discípulos umas palavras misteriosas: ― No
entanto, eu vos digo a verdade: é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito
não virá a vós. Mas se eu for, enviá-lo-ei a vós (Jo 16,7).
Quando ressuscitou, Jesus apareceu aos seus discípulos falando-lhes de coisas referentes ao Reino
de Deus, deu-lhes a ordem de não se afastarem de Jerusalém, mas esperarem o cumprimento da
Promessa do Pai, da qual tanto lhes havia falado durante seu ministério. (cf. Lc 24,49; Atos 1,5; 1,8)
Quando Jesus falava da vinda do Espírito Santo chamava-a ― A Promessa do Pai. Tratava-se,
portanto, de um compromisso de Deus com os homens através de Jesus, que veio trazer uma vida
nova, mas ela não poderia ser vivida sem o Espírito Santo e sem um Coração Novo. Portanto era
necessário que Deus cumprisse a Promessa feita através dos profetas Ezequiel e Jeremias (Ez
11,19-20; Jr 31,33). O coração do homem só pode ser mudado por Deus. É preciso, pois, a
renovação interior do homem pelo Espírito de Deus que o transformará.
b. O Espírito prometido nos dará vida nova
O Espírito é prometido como dom pessoal, não como uma força que capacita alguém para uma
missão específica, como ocorreu no Velho Testamento. Ele é prometido para ficar conosco
permanentemente e não ocasionalmente como já havia acontecido.
A novidade do Evangelho não é Jesus dando uma nova lei, mas dando-nos Seu Espírito para que
Ele, Jesus, possa viver em nós. Dá-nos Seu Espírito não só para que O conheçamos, mas para que
possamos viver Sua vida, tendo um procedimento, não segundo a carne, mas segundo o Espírito.
(Rm 8,15; Gl 5,6)
A obra da Salvação não consiste somente em sermos perdoados de nossos pecados, mas na
transformação de nosso coração pecador em um coração como o de Jesus. Para quem vive no
Espírito, a única lei é a lei da fé que dá a vida.
O Espírito vem transformar o coração do homem. Assim, aquele que atua animado pelo Espírito o faz
em virtude da própria exigência do amor que habita nele e não pela força de uma imposição exterior.
A ação do Espírito no homem o faz modificar todos os seus apetites, critérios e valores. Já não segue
os desejos da carne. O homem espiritual habitado pelo Espírito, transformado pelo Espírito, deseja,
quer e faz as obras do Espírito. Vivendo segundo o Espírito não seremos escravos das obras da
carne. (cf. Gl 5,17-18)
32
Seminário de Vida no Espírito Santo
34
é "receber", ou "deixar-nos ser batizados". O Pai, por Cristo, dá-nos o Espírito de um modo novo.
A nossa parte é aceitar a dádiva, recebê-la, fazer o Espírito bem-vindo em nós.
— Não é uma compreensão: O batismo no Espírito não é uma nova compreensão da doutrina do
Espírito Santo. É, sim, uma mudança no relacionamento com Deus. O resultado é que o Espírito
Santo começa a agir em nós de uma maneira nova. Começa a falar-nos, a guiar-nos, a ensinar-
nos, a trabalhar através de nós, a fazer-nos sentir a presença de Deus em nós, e o seu amor por
nós. Compreendemos, sim, a doutrina do Espírito Santo de um modo novo. Subitamente, áreas
inteiras da verdade cristã se abrem para elas.
— Não é uma devoção: O batismo no Espírito não é uma maior devoção ao Espírito Santo. A
maior devoção será o resultado desse batismo, mas as duas coisas não se confundem. Somos
batizados quando o Espírito começa a operar novas coisas em nós. Isso não acontece por uma
maior devoção, mas pela recepção do Espírito.
— Não é um sinal de maturidade espiritual ou de santidade: Não sendo sinal de maturidade
espiritual ou de santidade, dá, todavia, à pessoa, um relacionamento com o Espírito Santo que lhe
permitirá crescer mais rápida e facilmente em santidade, do que poderia fazer por si só. O dom do
Espírito nos é concedido para que se torne mais fácil o crescimento espiritual, o que realmente se
dá. Os que são batizados no Espírito podem crescer mais rapidamente que os que não o são.
— Não é o mesmo que perfeição espiritual: Uma pessoa que recebeu o batismo no Espírito
ainda tem que passar por um processo de amadurecimento espiritual. Um dos grandes perigos
para os que foram repletos do Espírito é o erro de pensar que chegaram, por isso, à maturidade
espiritual. O batismo no Espírito apenas introduz a pessoa a um novo relacionamento com o
Espírito Santo.
— Não é tudo de que necessitamos: O batismo no Espírito é apenas uma parte do que
necessitamos para estar plenamente em Cristo. Se uma pessoa foi batizada no Espírito, mas não
se converte a Cristo totalmente, não será grande coisa como cristã; se não compreende as
verdades básicas do Cristianismo, ou não ama a Deus, não será grande cristã. Padre Haroldo
Rahm falava: ― Uma pessoa que tem o tanque cheio de gasolina não irá longe com quatro pneus
furados. Assim, nós também precisamos de tudo o que faz parte da vida de um bom cristão.(cf.
Sereis batizados no Espírito)
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Seminário de Vida no Espírito Santo
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Deus, ao estado de homem perfeito, até alcançarmos a medida da plena estatura de Cristo. (cf. Ef
4,13)
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A Comunidade fraterna é um sinal profético daquilo que poderia tornar-se o mundo se acolhesse
Jesus como seu Senhor e Salvador. A raiz última dos males deste mundo é o pecado. Somente
Jesus pode transformar na profundidade o coração humano e, por conseguinte, as estruturas,
gerando assim ― a civilização do amor (João Paulo II).
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Seminário de Vida no Espírito Santo
TEMA 07: Os carismas
1. Carismas, frutos de Pentecostes
A experiência do batismo no Espírito Santo inclui necessariamente a experiência das manifestações
dos carismas, que são constitutivos do Espírito Santo dado.
Os carismas são para hoje. Mais do que nunca o mundo precisa de sinais proféticos. Nós cristãos,
portadores do Espírito Santo, somos por Sua Presença em nós, capacitados para realizar estes sinais
de poder. Não podemos nos fechar a essa realidade com as diversas desculpas: não sou santo
ainda, não sou digno, existem outros melhores... Fechar-se assim às manifestações do Espírito Santo
é viver uma vida cristã medíocre e estéril. O Espírito Santo quer manifestar-se, para a construção da
Igreja, em cada um de nós. Não tenhamos medo!
Como frutos de Pentecostes, os carismas nunca estiveram ausentes da vida da Igreja. Graças a um
novo e intenso "derramamento do Espírito", a Igreja vê hoje também uma nova e mais intensa
experiência desses carismas no meio do povo de Deus, a fim de servir mais adequadamente às
necessidades de nosso tempo. O Concílio Vaticano II reconheceu a importância e a necessidade de
carismas para a vida e o crescimento da Igreja. (cf. Lúmen Gentium nº 12)
a. A natureza dos carismas
São Paulo chama os carismas de "manifestação do Espírito Santo dada a cada um para proveito
comum". (cf. 1Cor 12,7) Fazendo eco a esse ensino, a exortação apostólica ― Christifideles laici
diz."Os carismas, sejam extraordinários ou simples e humildes, são graças do Espírito Santo que
têm,direta ou indiretamente, uma utilidade eclesial, ordenados como são à edificação da Igreja, ao
bem dos homens e às necessidades do mundo" (CL 24).
Às vezes, há quem considere os carismas graças excepcionais reservadas aos grandes santos. É
verdade que eles muitas vezes manifestam carismas específicos em suas vidas. Porém o
ensinamento recente da Igreja indica que, ordenados como são para o bem comum, os carismas
devem fazer parte da experiência cristã normal.
Os carismas são inseparáveis do chamado à santidade para todo o Corpo de Cristo. Como são dados
para o crescimento desse Corpo, ligam-se em especial à missão da Igreja e a seu chamado à
evangelização, dando a ela apoio característico, como indica o próprio Senhor (cf. Mc 16,15-20). O
Novo Testamento mostra que a proclamação da Boa Nova vem acompanhada de sinais (cf. Mc
16,20; At 2,22; 8,13; 14,3; 1Cor 2,4s; 1Ts 1,5; Hb 2,4). O papa Paulo VI exclamou: "Que Deus
conceda que o Senhor deixe novamente cair uma chuva de carismas, para fazer a Igreja fértil, bela,
admirável, capaz de comover, de atrair a atenção maravilhada até do mundo profano com sua
tendência ao secularismo. (Paulo VI, alocução de 10.10.1974).
b. O Espírito Santo, o Doador dos dons
O Espírito Santo é dom por excelência. É a Ele que devemos aspirar com todo coração: o Doador,
mais que os dons. Padre Haroldo Rahm sempre contava a história de que a melhor maneira de
recolher os pintinhos novos de uma galinha, era recolher a galinha, pois os pintinhos viriam atrás.
Falava isso em relação ao Espírito e aos Seus dons: devemos desejar mais o Espírito do que os
Seus dons, pois se tivermos o doador, os dons virão.
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"O Espírito Santo (...) confere ainda dons peculiares aos fiéis (1Cor 12,7) 'distribuindo-os a todos, um
por um conforme quer' (1Cor 12,11), de maneira que 'cada qual, segundo a graça que recebeu,
também a ponha em serviço de outrem' e sejam eles próprios 'como bons dispensadores da graça
multiforme de Deus' (1Pd 4,10) para a edificação de todo o corpo na caridade. (O Apostolado dos
Leigos 3)
Eles "devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os
membros da Igreja, pois são maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a
santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente
do Espírito Santo e sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste
mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas" (cf. 1Cor 13)
(Catecismo da Igreja Católica nº 800).
3. Os carismas
a. Os carismas em São Paulo
Aqui não nos referimos aos sete dons que acompanham o Divino Espírito sempre que nos é dado, e
que visam o fortalecimento e aperfeiçoamento de cada um. Chamados também de ― dons crismais.
São esses, aqueles dons que aprendemos no nosso catecismo: sabedoria, entendimento, fortaleza,
ciência, conselho, piedade e temor de Deus.
Nos referimos aos carismas enumerados por São Paulo em várias ocasiões e que são dados ― para a
utilidade de todos (cf 1Cor 12,7). Esses carismas embora visem simultaneamente o nosso
aperfeiçoamento pessoal, são, contudo, concedidos para a edificação do Corpo de Cristo, o bem
geral da Igreja. "Para que a assembléia seja edificada (1Cor 14, 5). "Mas que tudo se faça para
edificação" (1Cor 14,26). Esses dons são manifestações do Espírito, manifestações do poder de
Deus.
b. A primeira carta de São Paulo aos Coríntios
São Paulo não dá na primeira Epístola aos Coríntios (12, 4-11), a lista completa dos dons do Espírito
Santo. Outros há, citados em Roma 12, 4-8 e 1Pd 4, 10-11. Ele nos dá aí o exemplo do que sejam
dons espirituais, para que entendamos o que são, quando os vemos agindo nos cristãos. Hoje ainda,
podemos ver muitos dons, carismas concedidos para a edificação do corpo de Cristo, que não estão
mencionados no Novo Testamento.
Os carismas do Espírito Santo na Carta aos Coríntios são nove: sabedoria, palavra de ciência, fé,
curas, milagres, profecia, discernimento, línguas e interpretação. Esses carismas não são os únicos,
mas os mais comuns na Comunidade de Corinto e também os mais conhecidos nos Grupos de
Oração e Comunidades da Renovação Carismática.
Para melhor entendimento, são divididos em três grupos (embora existam outras maneiras de
aborda-los): carismas do conhecimento, carismas da palavra e carismas das obras.
Os carismas do conhecimento são: Sabedoria, Palavra de Ciência e Discernimento dos Espíritos.
Eles nos enriquecem e capacitam para o conhecimento das coisas espirituais em vista da edificação
da comunidade.
Os carismas da Palavra: Profecia, dom pelo qual somos capazes de ― exortar, edificar, consolar
(1Cor 14,3) pelo poder do Espírito que inspira e revela. Dom das línguas é o sinal da presença do
Espírito Santo numa pessoa inspirando-a a louvar e bendizer o Senhor num linguajar incompreensível
à inteligência. Interpretação das línguas: quando o ― falar em línguas se dirige à assembléia,
manifesta-se o dom da interpretação (1Cor 14,7)
Os carismas das obras: Curas, Milagres e Fé. São os carismas que capacitam o fiel a testemunhar
por ― sinais e prodígios a verdade do Evangelho que se proclama.
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7a. Semana: Os carismas
Orientação e motivação para a semana
Os carismas são para hoje. Mais do que nunca o mundo precisa de sinais proféticos. Nós cristãos,
portadores do Espírito Santo, somos por Sua Presença em nós, capacitados para realizar estes sinais
de poder. Não podemos nos fechar a essa realidade com as diversas desculpas: não sou santo
ainda, não sou digno, existem outros melhores... Fechar-se assim às manifestações do Espírito Santo
é viver uma vida cristã medíocre e estéril. O Espírito Santo quer manifestar-se, para a construção da
Igreja, em cada um de nós. Não tenhamos medo!
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Seminário de Vida no Espírito Santo
2. Os frutos do Espírito
Não produzimos os frutos em nós; é o Espírito quem os produz, e são, portanto, frutos de paladar
divino. São os resultados da nossa docilidade à vida do Espírito em nós. A nossa fé aumenta na
medida em que O deixamos viver em nós, na medida em que aderimos às suas virtudes em nós e
não atrapalhamos a Sua obra. Essa docilidade deverá ser o esforço suave de toda uma vida, mas
que mais e mais nos inserirá na plenitude de Cristo. ― Não fostes vós que escolhestes a mim; fui eu
que escolhi a vós e vos constituí, para que vades e produzais fruto e para que o vosso fruto seja
duradouro" (Jo 15,16).
O fruto do Espírito consiste em qualidades de disposição e temperamento que existem no cristão
porque é habitado pelo Espírito Santo, e com docilidade deixou-O agir.
Sem os limitar, São Paulo enumera os frutos do Espírito em sua Carta aos Gálatas:
"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, mansidão,
autodomínio. Contra tais coisas não existe lei" (Gl 5, 22-23).
Notemos que São Paulo diz ― o fruto, querendo significar que, com o Divino Espírito tudo nos vem: a
árvore e os frutos. Mas vamos analisar "tais coisas", visto que não se trata de ― quietismo religioso
traduzido em ― passivismo, não fazer nada e ― deixar que outro faça, mas de docilidade afetiva e
atuante, para cooperar com a ação do Espírito em nós.
a. O fruto do Espírito é o Amor
São João nos ensina que amar é conhecer a Deus e esse amor deve levar ao amor uns aos outros
(1Jo 4, 8-11;16-21). Ora sem o Espírito Santo agindo em nós não somos capazes desse amor que
nos faz conhecer a Deus.
Podemos dizer que o amor é ― um cacho de uvas que sendo ― um só cacho possui muitas uvas, ou
seja, se manifesta de várias formas. Portanto os outros frutos do Espírito são todos frutos deste
primeiro: o Amor, pois o amor é paciente, é alegre, busca justiça, é paciente, é delicado e atencioso
com os outros, é fiel, não é agressivo, obedece, e não perde o domínio de si! São Paulo nos dá uma
descrição extraordinária do Amor no capítulo treze de sua primeira Carta aos Coríntios.
Um amor assim só pode ser fruto do Espírito. Não é o amor comum das novelas e das canções, por
mais belas que sejam, é algo muito acima, e, embora situado no mundo, para além da sua
compreensão. É um amor que não é do mundo, no sentido em que Cristo não foi do mundo (Jo
17,14).
Mas o amor, fruto do Espírito, não é natural. É um amor como o de Cristo: amor de doação (Ef 5,2);
amor incansável, até o fim (Jo 13, 1); amor total (Tg 4, 5).; amor para a edificação do corpo de Cristo
(Cl 1,24).
Enfim, esse amor, — amor caridade — que vai aos extremos, até ao que é menos amável, só pode
ser o amor divino em nós. Tudo o que exige de nós, só pode ser fruto do Espírito em nós. Só ele
pode revestir-nos dessa "caridade, que é o vínculo da perfeição" (Cl 3,14). Eis o que é necessário se
quisermos orientar nossa vida para Deus, se quisermos "andar e viver no Espírito" (Gl 5,25),
"procurar as coisas lá de cima, onde Cristo está à direita de Deus" (Cl 3,1).
b. Frutos do Amor
O fruto da fidelidade está ligado ao fruto do amor. Pode-se compreender amor sem fidelidade?
Fidelidade, como fruto, poderia ter outros nomes, com os quais tem afinidades: lealdade, integridade,
sinceridade, responsabilidade, aquelas qualidades, enfim, que fazem a pessoa de caráter, em quem
se confia. A fidelidade, fruto do Espírito, é a que nos ajuda a cumprir toda a justiça para com Deus e
para com os homens. Fortalece o nosso caráter para que sejamos íntegros no nosso procedimento
perante Deus e perante nossos irmãos, sempre na mira de edificar, com o nosso aperfeiçoamento.
O fruto do autodomínio, chamado também de temperança, é o fruto pelo qual o Espírito Santo
coloca em nossas mãos as rédeas de nosso ― eu‖ , ou melhor, Ele se faz nosso ― freio. Como virtude,
a temperança tem o sentido de sobriedade e do bom uso das criaturas e das coisas em vista
da santificação.
O fruto da mansidão é o fruto dos fortes. São os mansos que possuirão a terra (Mt 5,5). Mansidão
nada tem a ver com fraqueza. É uma conquista do Espírito em nós, que nos ― amansa, nos tornando
dóceis ao comando d‘ Aquele que tem ― as rédeas de nossa vida‖ . É o fruto da submissão ao
Senhor!
O fruto da paz é, na verdade, o melhor presente do Espírito Santo, porque rege todas as nossas
atitudes, quer interiores, quer exteriores. Quem tem paz é feliz, e não pode ser feliz quem não tem
paz; não pode ser alegre, nem manso, nem dominar-se. Ela é o reino de Deus em nós. (Rm 14,17)
Não foi à toa que o Espírito Santo se manifestou "como uma pomba" (Lc 3,22), símbolo da paz.
O fruto da alegria é o fruto que faz suplantar a dor. É sinal de Cristo Ressuscitado, é a alegria de
Seu Triunfo sobre a morte. Cristo é a alegria dos homens! Alegria de ter nossos nomes escritos no
céu (Lc 10,20). Alegria não nos faz esquecer dos sofrimentos, mas nos dá esperanças de um
amanhã melhor.
O fruto da bondade – a bondade é a qualidade por excelência de Deus. ― Só Deus é bom! É
de Deus cada virtude, cada qualidade, cada perfeição. Nele todas são uma só, porque nele tudo é
bom.
É essa bondade, que por natureza é expansiva, que faz com que Deus crie, desejando, na sua
eternidade, exteriorizar no tempo e no espaço esse manancial de Bondade infinita, que é ele mesmo.
O fruto da bondade é a participação da bondade infinita de Deus.
O fruto de paciência também é chamado longanimidade, palavra que significa ânimo longo, firmeza
de ânimo, a qualidade de saber suportar, se resignar, aceitar, refrear a ira, demorar em dar lugar à
impaciência. Paciência é mais do que resignação. Como todas as virtudes, exige combate e combate
duro para pôr freio aos impulsos de irritação, que dão ocasião a tantas faltas em palavras e atitudes.
Para os temperamentos fogosos, a paciência é virtude difícil, e inatingível, sem um auxílio especial do
Espírito Santo.
O fruto da delicadeza, semelhante à de Jesus, e fruto do Espírito em nós, deve levar-nos a ser
afáveis e educados com todos, sobretudo com os fracos, os principiantes nos caminhos de Deus.
Quantos não se têm afastado desses caminhos pelos modos bruscos e altivos dos seguidores de
Cristo? "Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos que menos o são e não querer
procurar a própria satisfação. Trate cada um de nós de agradar ao próximo, com o fim de bem, para
edificação" (Rm 15, 1-2). A delicadeza acalma, conserva a amizade, afasta a amargura, leva consigo
a paz e a serenidade,
c. Frutos e ascese (nossa cooperação)
Não devemos esquecer que toda a virtude é uma conquista, e que a própria palavra virtude indica
força, dinamismo, e, portanto, esforço. Mas os frutos do Espírito são alavancas que fecundam o
nosso trabalho; são gotas de óleo que suavizam e liberam a nossa engrenagem espiritual, a ponto de
sentirmos que o labor não é nosso, mas, sim, do Espírito em nós.
Nos caminhos do Espírito, a mística não dispensa a ascese, mas a fortalece e premia
prematuramente. É também assim quando lutamos por uma virtude que é fruto do Espírito, e que ele
nos quer dar. Se não o alcançamos, é porque nos falta a fé ou a sinceridade no nosso esforço.
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Seminário de Vida no Espírito Santo
1. Comunidade e Pentecostes
Aqueles que verdadeiramente fazem a experiência do batismo no Espírito são levados a descobrir a
realidade da comunidade cristã assim como o fizeram os primeiros cristãos.
Como vimos anteriormente, o livro dos Atos dos Apóstolos nos apresenta como um primeiro fruto de
Pentecostes uma fraternidade de cristãos, discípulos de Cristo, estreitamente unidos entre si, às
vezes até à partilha dos bens. Os primeiros cristãos aparecem como: uma comunidade apostólica,
assídua ao ensinamento dos apóstolos; uma comunidade fraterna sustentada por reuniões e
relacionamentos; uma comunidade eucarística, que celebra o memorial do Senhor, "até que ele
venha"; uma comunidade de oração, que inicialmente se encontrava no Templo e depois passou a
reunir-se nas casas. (cf. Atos 2, 42)
Jesus havia anunciado não somente o que deve ser a "comunhão" entre os cristãos na parábola da
Vida (Jo 15), mas ainda orou por essa unidade vivida entre os cristãos (Jo 17, 20-23). Após
Pentecostes, esta comunhão, esta comunidade, se realiza sob a ação do Espírito. Só Ele pode criar
uma comunidade cristã. Só Ele põe os cristãos em comunhão uns com os outros numa relação vital.
É o seu papel próprio. Pode-se assim dizer: Pentecostes é o nascimento de uma COMUNIDADE
CRISTÃ; em outras palavras, o nascimento da Igreja.
2. A comunidade cristã
O derramamento do Espírito Santo tem por finalidade, não somente a de reconciliar Deus com o
homem, mas também de reconciliar os homens entre si. Esta reconciliação modifica o coração dos
homens, tornando-os dispostos a perdoar e de se relacionar a partir da caridade, criando uma nova
maneira de viver em sociedade: a comunidade cristã.
No discurso de despedida em que Cristo promete aos apóstolos que enviará sobre eles o seu
Espírito, dá-lhes também o grande mandamento: "Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos
outros, como eu vos amei" (Jo 15, 12). Em seguida, reza para o Pai por todos aqueles que crerão
nele: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles
estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste... Para que todos sejam perfeitamente um, e o
mundo creia que me enviaste e os amaste, como amaste a mim" (Jo 17, 20-23).
A vontade de Deus, a respeito da união entre os homens, é revelada claramente por Jesus Cristo,
sendo um fator importante no Plano de Deus. A união entre os cristãos é um testemunho visível do
amor de Deus para com os homens, concretizado na morte e ressurreição de Jesus. Os primeiros
cristãos o compreenderam assim. Após o derramamento do Espírito em Pentecostes, continuavam
fiéis à vida comunitária, à fração do pão e nas orações.(cf Atos 2,42-47)
São Paulo ao expor sua doutrina a respeito dos carismas, vincula o ensino à doutrina sobre o Corpo
Místico, onde a razão de ser dos carismas encontra-se no bem comum, na comunidade, para
edificação da Igreja, que é a união de todos os cristãos. (cf 1Cor 12, 12-27)
Os Grupos de Oração só poderão produzir todos os seus frutos abrindo-se o caminho para um
cristianismo vivido em conjunto. A experiência do Espírito que se realiza neles, Grupos de Oração,
liberta forças, pelas quais os cristãos que dele participam, passam a construir uma comunidade onde
se aprofunda o conhecimento e a experiência de Deus, em que a vida cotidiana se torna um
seguimento sincero de Jesus no serviço ao outro e onde se manifesta o Amor de Deus para cada um
e para todos os homens.
3. As primeiras comunidades
Ao observarmos a História da Igreja, percebemos que no início do cristianismo, o cristão era definido
como aquele que havia se convertido ao Senhor Jesus cristo, recebido o Espírito Santo e vivia em
comunidade. Não havia a noção de uma prática religiosa que dispensasse o convívio comunitário e
fraterno.
A Igreja não tem existência concreta, a não ser aí onde os fiéis se reúnem para ouvir a Palavra, orar,
celebrar a Ceia do Senhor e se engajam numa vida, indissoluvelmente pessoal e comum, de fé e de
caridade. Os Atos dos Apóstolos revela a presença de uma fraternidade de cristãos, discípulos de
Cristo, estreitamente unidos entre si, às vezes até à partilha dos bens.
Os primeiros cristãos, estes três mil convertidos que, na manhã de Pentecostes, acolheram a Palavra
de Pedro e dos Apóstolos, aparecem nos Atos dos Apóstolos como:
Uma comunidade apostólica, assídua ao ensinamento dos Apóstolos;
Uma comunidade fraterna sustentada por reuniões e múltiplos contatos;
Uma comunidade eucarística, que celebra o memorial do Senhor, "até que ele venha";
Uma comunidade de oração, que inicialmente se encontrava no Templo e depois passou a
reunir-se nas casas.
Tais eram os traços dominantes pelos quais se reconhecia a Igreja em sua origem; o calor desta
comunhão fraterna vivida foi o sinal por excelência de sua credibilidade: "Vejam como se amam",
diziam aqueles que os observavam.
― Os de fora ficaram impressionados com sua alegria, sua simplicidade de coração, seu amor fraterno
efetivo. A verdade de vida era evidente, a fé se fazia prática. Procuravam viver radicalmente e
sinceramente a recomendação: ― Aquele que não ama seu irmão que vê, não pode amar a Deus que
não vê" (1Jo 4,20). A comunhão fraterna não era fruto de afinidades espontâneas, ou de algum
impulso romântico. Na comunhão (a koinonia) existiam tensões internas que era preciso vencer
superando aquilo que separa ou opõe o escravo e o senhor, o homem e a mulher, o judeu e o grego.
Os cristãos dos três primeiros séculos vivem esta fraternidade como coisa natural. A palavra "Igreja"
significa reunião e esta reunião chama-se "fraternidade". (cf. Epístolas de Pedro) Vivia-se o
cristianismo em conjunto, as dificuldades de cada um estavam próximas de todos.
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para todo homem; uma Eucaristia é uma promessa para toda refeição; a Igreja - comunidade é uma
promessa para toda a sociedade humana". (Cardeal Suenens)
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