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Apresentação

O presente Seminário de Vida no Espírito Santo é o resultado de uma ampla consulta e


atualização de textos que foram e são importantes para a formação e preservação da identidade
da Renovação Carismática.
Buscamos retomar o temário tradicional e histórico usado na iniciação ― dos primeiros e a
preocupação central é proporcionar a experiência do ― batismo no Espírito Santo. Os temas
próprios da evangelização fundamental podem ser abordados em outra oportunidade, talvez até
como primeiro passo para aqueles que querem experienciar a vida no Espírito.
Na Renovação Carismática Católica, a expressão ― batismo no Espírito Santo possui dois sentidos
ou distingue de maneira precisa dois momentos na vida do fiel. O primeiro é propriamente
teológico e neste sentido todo cristão é batizado no Espírito Santo pelo fato de ter recebido os
sacramentos da iniciação cristã. O segundo é o sentido experiencial e se refere ao momento em
que a presença do Espírito Santo recebida pela fé se torna experiência vivida desta mesma
presença, ou seja, se torna sensível a consciência pessoal. Quando, na RCC se fala no batismo
no Espírito Santo, se refere a essa experiência sensível e consciente que é o sentido experiencial.
Os temas são desenvolvidos em forma de palestras (profecias - como preferia o padre Haroldo
Rahm), com um conteúdo mais ― denso, propiciando assim um estudo aos pregadores do
Seminário, que muitas vezes não tiveram acesso a este mesmo conteúdo. Não são pregações
prontas, mas também não são esquemas. São textos com os conteúdos mínimos e fundamentais
da experiência da RCC e que devem ser utilizados como referência para as palestras. O
Seminário de Vida no Espírito Santo não é um curso de doutrina apenas, mas uma experiência.
Esta Apostila do Seminário de Vida no Espírito Santo tem como inspiração o ― antigo ― Curso sobre
a Pessoa e a Obra do Espírito Santo, que deu início a tudo isso que conhecemos como
Renovação Carismática Católica no Brasil.
A Apostila contém:
 Uma Ficha Resumo do Seminário
 Orientações para a organização do Seminário de Vida no Espírito Santo
 Orientações para os Servos do Seminário de Vida no Espírito Santo
 Dois textos de Fundamentação Doutrinária
 Bibliografia Consultada
 Motivação
 Temas Desenvolvidos
O sentido experiencial do batismo no Espírito Santo se manifesta em alguns sinais concretos, os
quais podemos resumir em quatro, que são os objetivos deste seminário:
1. Conhecer, de maneira pessoal e experiencial, a ação do Espírito Santo na vida do fiel,
capacitando-o e santificando-o, com seus carismas, para a missão e testemunho, bem
como na manifestação de seus frutos;
2. Reconhecer Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, numa resposta vivencial à vocação
batismal: a santidade e missão.
3. Progredir no relacionamento com Deus, nosso Pai, através de uma vida de oração
fecunda.
4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno, formando a comunidade eclesial, Corpo
de Cristo.
O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada
semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a
essa Renovação no Espírito Santo. Cada tema deve ser ouvido com o coração e vivido na oração.
Os Seminários tem como objetivo a partir da experiência do batismo no Espírito Santo inserir seus
participantes na Comunidade Eclesial, nos Grupos de Oração.
Esperamos que este serviço de evangelização seja eficaz em produzir frutos de santidade e vida
de comunidade.
Renovação Carismática Católica - Brasil
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Ficha Resumo do Seminário de Vida no Espírito Santo

1. Experienciar a ação do Espírito Santo, em seus


carismas e frutos, em vista da missão e santificação;
Objetivos do Seminário 2. Conhecer a Jesus Cristo, Salvador e Senhor, de
maneira pessoal;
3. Progredir no relacionamento com Deus na oração
4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno
formando a Comunidade.

Duração
Horário e dia da semana Escolhidos pela Comunidade que promove o Seminário
Periodicidade das Reunião do Seminário 1 vez por emana
reuniões
Pastoreio (Cenáculos) 1 vez por semana

Duração de cada 2.30 horas aproximadamente ou conforme a realidade e


Reunião cada lugar onde se promove o Seminário.

Participantes Conforme a capacidade da Comunidade que promove o


Seminário e o local

Número de Cenáculos Conforme o número de participantes, sendo cada


cenáculo composto de 8 a 12 participantes.

Equipe do Seminário e Secretaria Organizar


funções Divulgar
Acompanhar

Coordenador Responsável Geral

Equipes de Dirigentes Coordenar e Pastorear os


Um ou dois por Cenáculo Cenáculos

Animação Animar e dirigir as orações

Pregador Pregar o tema do dia

Intercessão Vigiar e orar

Limpeza e Decoração Manter o local limpo (antes,


durante e depois) e decorar
com motivos próprios do
SVES.

Outras funções Outras funções (Cantina, Livraria, Capela, Bem Estar, etc)
podem ser incluídas conforme os costumes locais. Aqui nos
referimos somente às funções essenciais.

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Temário
Tema 01 – O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo
Tema 02 – A Pessoa e Missão do Espírito Santo
Tema 03 – A Promessa do Pai
Tema 04 – Batismo no Espírito Santo
Tema 05 – É Jesus quem batiza no Espírito Santo
Tema 06 – A vida no Espírito Santo
Tema 07 – Os Carismas
Tema 08 – Os Frutos do Espírito Santo
Tema 09 – A Comunidade Cristã

Textos de Fundamentação Doutrinária


Texto 01 – Contexto Eclesial da RCC
Texto 02 – A imposição das mãos

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Bibliografia consultada
 PLUS, Raul sj – Em união com o Espírito Santo, Livraria Apostolado da Imprensa, 1949
 RAHM, Haroldo J. sj e LAMEGO, Maria – Sereis batizados no Espírito Santo, Edições Loyola,
1972
 SMET, Valter sj – Eu faço um mundo novo, Edições Loyola, 1975
 GHEZZI, Bert – Se o Senhor não construir, Edições Paulinas, 1976
 COMUNIDE ― PALAVRA DE DEUS‖ (Ann Arbor – Michigan, EUA) – Seminário de Vida
no Espírito, Edições Loyola, 1975
 MÜHLEN, Heribert – Fé cristã renovada, Edições Loyola, 1973
 TORREY, R.A – O Batismo com o Espírito Santo, Editora Betânia, 1973, 2ª edição
 SUENENS, S. J. Cardeal e vários – Orientações teológicas e pastorais para a Renovação
Carismática Católica (Documento de Malines 1), Edições Loyola, 1975
_ O Espírito Santo nossa esperança, Edições Paulinas, 1975
 FALVO, Serafino. – A hora do Espírito Santo, Edições Paulinas, 1975
_ O despertar dos carismas, Edições Paulinas, 1975
 PHILLIPE, P. osb – Para que produzais muitos frutos – um Seminário de Vida no Espírito,
Edições Loyola, 1978
 BYRNE, James – A realização das promessas de Deus, Edições Paulinas, 1976
 CLARK, Stephen B. – Os dons espirituais, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1976
_ Batizados no Espírito Santo, Coleção Novo Pentecostes, Edições Loyola, 1975
 RANAGHAM, Kevin e Dorothy – Católicos Pentecostais, Edição de O.S. Boyer, 1972
 DeGRANDIS, Robert,ssj – A Renovação Carismática Católica, Edições Paulinas, 1975
 ALDAY, Salvador Carillo, MSpS – A Renovação no Espírito Santo, Edições Louva a Deus,
1984
_ Renovação Carismática, Um Pentecostes hoje, Paulus Editora, 1996
 SMAIL, Tom – A Pessoa do Espírito Santo, Edições Loyola, 1998
 CORDES, Dom Paul Josef Cardeal – Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica,
Edições Loyola, 1999
 COUTINHO, Tácito José Andrade – Não vos afasteis de Jerusalém, Editora Santuário, Coleção
RCC – Novo Milênio nº 15, 2003
 REIS, Reinaldo Beserra, Celebrando Pentecostes, Projeto de Avivamento da Espiritualidade de
Pentecostes (Fundamentação e Novena), Editora Canção Nova e Ministério de Formação,
2004
 CONGAR, Yves, Creio no Espírito Santo, Vol. 1 e 2, Edições Paulinas, 2005

APOSTILAS
 MACHADO, Helena Lopez Rios, CASA MARTA E MARIA – Rio de Janeiro.RJ, Seminário de
Vida no Espírito
 FIDELES, Andréa Paniago; SILVA, Dercides Pires da; COSTA, Sebastião Bernardino da;
BARBOSA, Taciano Ferreira – ASSOCIAÇÃO SERVOS DE DEUS- Goiânia.GO, Seminário
deVida no Espírito Santo
 ASSOCIAÇÃO JAVÉ NISSI – Arquidiocese de Pouso Alegre. MG, Seminário de Vida no
Espírito Santo
 FLORES, José H. Prado e LARA, Carlos Macías de – Nova Vida, Edições Loyola, 2004

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Organizando o Seminário

A - Campanha de Divulgação
A realização do Seminário deve ser precedida de uma Campanha de Divulgação, visando
conscientizar e informar a comunidade a respeito de sua realização.
Sugerimos algumas atividades de divulgação:
 Chamadas nos Grupos de Oração - convite feito de modo atraente, bem transmitido ao público
alvo por meio de comunicação alegre, séria, mas cativante;
 Comunicação verbal ao final das missas mais freqüentadas (com a autorização do pároco);
 Cartazes bem colocados na Igreja, no salão paroquial, salas de aula, ambientes de uso
comunitário;
 Faixas distribuídas em lugares permitidos e estratégicos, principalmente na frente do lugar
onde o Seminário acontecerá.;
 Convite pessoal da Equipe às pessoas na Igreja, na vizinhança, no Grupo de Oração;

B - Montagem do Seminário
a) Considerações iniciais
O Seminário de Vida no Espírito consiste em dois momentos igualmente importantes:
 A Reunião do Seminário – reunião semanal com todos os participantes, conforme
anotações a seguir.
 O Pastoreio – reunião semanal dos Cenáculos, em dia diferente da reunião do
Seminário, com a finalidade de aprofundamento e de estabelecer relacionamentos fraternais
entre os participantes.
A seguir algumas anotações importantes para a organização do Seminário de Vida no Espírito
Santo (SVES).
b) Secretaria do Seminário:
O Seminário precisa de um serviço de Secretaria, que é responsável pela montagem
geral. A Secretaria é coordenada pelo Coordenador do Seminário.
Sua função é:
 Realizar a divulgação
 Fazer as inscrições, através das Fichas de inscrições distribuídas na comunidade
 Organizar o local de realização do Seminário
 Acompanhar a freqüência dos participantes
 Agendar os pregadores
 Providenciar as fichas com os textos semanais
 Formar os Cenáculos
 Organizar a Equipe de Dirigentes de Cenáculo
c) Cenáculos - Pastoreio
Os participantes do Seminário são divididos em grupos de 08 a 12 pessoas acompanhadas por
um ou dois dirigentes, que chamamos de Cenáculos. O número de participantes não deve ser
muito grande para não dificultar as reuniões e as orações.
O Cenáculo se reúne no dia da realização do Seminário (após a pregação) e uma vez durante a
semana, num lugar escolhido por todos (pode ser na casa de um dos participantes num sistema
de rodízio). Esta reunião é chamada de Pastoreio e trataremos dela de maneira mais especifica à
frente.
d) A Reunião Semanal do Seminário
O Seminário de Vida no Espírito Santo, acontece uma vez por semana, durante 09 semanas,
num dia, lugar e horário fixos, escolhidos de antemão pela Equipe de Serviço Paroquial.
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A Reunião se divide em 4 momentos:
1º momento - Acolhimento e Animação: cantos, boas vindas, avisos iniciais, apresentação do
tema do dia e do pregador. O tempo utilizado para isso não pode ultrapassar 20 minutos.
2º momento - A Pregação: exposição do tema do dia. O pregador deve levar em conta que se
trata de um tema querigmático, portanto a vivência e a experiência são fundamentais. A pregação
não deve ultrapassar os 40/45 minutos.
3º momento – Cenáculos: reunião dos pequenos grupos para partilha e oração. O tempo
para esta atividade é em torno de 30 minutos (podendo se estender conforme os costumes locais).
4º momento – Encerramento: avisos, incentivo à perseverança, cantos e louvor final.
O Encerramento deve dispor de 30 a 40 minutos.
Levando em consideração os possíveis atrasos e imprevistos, a Reunião Semanal do Seminário
tem sua duração estimada em 2 horas e meia. Mas em tudo deve-se levar em conta os costumes
locais e condições em que o SVES acontece.
e) A Equipe do Seminário
O Seminário de Vida no Espírito Santo é uma atividade comunitária, por isso toda a comunidade
– Grupos de Oração – deve estar envolvida. São vários serviços que compõem o Seminário,
a saber:
1. Coordenação do Seminário
O servo indicado para coordenar um SVES deve ter as seguintes características:
 Ser pessoa de vida de oração bem ordenada
 Ter uma formação adequada
 Ter visão clara do que é o Seminário e já ter participado de um
 Dominar os temas que são apresentados nas palestras para eventualmente dar qualquer um
deles, se houver falta de pregador sem tempo de encontrar substituição.
 Ter carisma de governo (visão para coordenar)
 Ser capaz de conduzir situações de relacionamentos difíceis, interferir bem nas dificuldades
dos servos e dos participantes, resolvendo-as.
 Deverá ficar responsável pela venda e recebimento das Bíblias. Se possível, para facilitar, as
Bíblias poderão ser vendidas em valores parcelados.
Suas responsabilidades são:
 Coordenar a Secretaria do Seminário
 Providenciar e distribuir as fichas com os textos para oração diária durante o Seminário,
 Reunir-se com os Dirigentes de Cenáculos para acompanhar os ― Pastoreios
 Coordenar a realização do Seminário, controlando horário, dando os avisos necessários,
providenciando os pregadores, distribuindo funções para a Equipe.
 Distribuir os participantes em Cenáculos
 Organizar o Dia de Encerramento
 Substituir o pregador caso seja necessário.
2. Dirigentes de Cenáculo (servos dos SVES):
Cada Cenáculo deve ter um dirigente que se encarrega de dirigir as reuniões no dia do Seminário
e promover o Pastoreio (reuniões durante a semana). Quanto ao Pastoreio ver as anotações
próprias mais à frente.
Devem ser pessoas disponíveis, experientes (não recém convertidos), com conhecimento
doutrinário, participante de Grupo de Oração e de vida de oração.
Acolhimento: Os Dirigentes de Cenáculo são os responsáveis pelo Acolhimento, ou seja:
recepção à porta do local do Seminário, preparação e distribuição de crachás a cada encontro e
arrumação do ambiente para que tudo funcione bem e com algum conforto para os participantes.

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Função do Dirigente no Cenáculo: Agir como fermento, no meio dessa porção do povo de Deus;
rezar ativamente, cantar com ânimo; seguir prontamente as instruções do coordenador do
Seminário e demonstrar felicidade e paz no Senhor.
Aos Dirigentes: Recebam com caridade, sem discriminação, todos os membros do seu cenáculo;
iniciem conversas, promovendo a amizade; ajudem e sejam disponíveis, encorajando a todos;
sigam os horários propostos e evitem debates, mas encaminhem as dúvidas que não puderem
resolver ao pregador.
3. Música e Animação:
Dois servos ou um Ministério já formado (conforme cada lugar), mas que sejam pessoas de vida
de oração, que conheçam mais os cânticos do que música e instrumentos. A animação deve ser
oportuna. O entrosamento com o Coordenador do Seminário deve ser muito bom. A música e a
animação são responsáveis pelos momentos de louvor e oração comunitária (de todos os
participantes).
4. Intercessão:
O Ministério de Intercessão deverá organizar um serviço pelo Seminário, enquanto de sua
duração. O serviço de intercessão deve se reunir um dia por semana para interceder pelos
participantes, pelo pregador, pelo Coordenador e pela Equipe em geral.
5. Servos da palavra ou pregadores
Devem ter Ministério de Pregação, serem pessoas experimentadas, ungidas para, no poder do
Espírito Santo, com a espiritualidade característica da RCC, pregarem o tema próprio do
Seminário.
Além de serem ministeriados para o serviço da Pregação, ter uma vida de oração consistente,
participar de um Grupo de Oração, possuir uma boa formação catequética e um bom
conhecimento da Sagrada Escritura em geral, e dos textos referentes à sua pregação, são pré-
requisitos essenciais na escolha dos pregadores.
Não devem ser convidados de improviso, pois este primeiro anúncio é para muitos, o primeiro
contato com Deus Vivo na Sua Palavra e, portanto deve ser muito bem feito, sendo uma pregação
viva, forte, eficaz, alegre, porém séria, convincente.
O pregador utiliza as citações que vão ser usadas nas vivências daquela semana, duas ou três
delas apenas, mas bem trabalhadas nos textos mais fortes. Não sendo pregador de si mesmo,
deve ser discreto e cuidadoso com testemunhos e conceitos pessoais.
Ao Pregador:
O Seminário é uma seqüência, porém, cada assunto tem o seu começo, meio e fim. Por isso, o
pregador deve procurar ater-se EXCLUSIVAMENTE AO SEU ASSUNTO! O tempo da pregação é
de 40/45 minutos. Da obediência ao tempo disponível, depende o equilíbrio das outras atividades.
As orientações para uma boa pregação são encontradas:
 Nas Apostilas de Roteirização de Pregações do Ministério da Pregação RCC-BR.
 Nos Livros Oratória Sacra 1 e 2, Editora Canção Nova, de Dercides Pires.
 Nos Livros da Coleção RCC – Novo Milênio, Editora Santuário, nos título: Pregador Ungido
e Pregador Ousado, de Ronaldo de Souza.
 No Livro da Ofensiva Nacional, nº 8: Formação de Pregadores, Editora Santuário, organizado
por Taciano F. Barbosa.
6. Limpeza e Decoração
A Equipe de Limpeza e decoração deve cuidar do ambiente antes, durante e depois de cada
Reunião, mantendo o lugar limpo, providenciando água, arrumando as cadeiras e a mesa de
pregação, etc.
Além desta atividade, deverá também decorar o local conforme o tema da semana, com cartazes,
faixas, flores, etc, tornando-o um lugar agradável e testemunhando aos participantes que eles
eram esperados

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C– Outras considerações
Reunião da Equipe
Toda a Equipe deve se reunir antes do primeiro encontro do Seminário e antes de cada Reunião
(chegar 45 minutos antes). Isto é o ideal para orarem juntos e organizarem o trabalho.
O uso da Bíblia deve ser incentivado durante todo o Seminário. Para tanto o pregador deve fazer
uso constante de textos a serem procurados pelos participantes. Caso exista alguma dificuldade,
pode-se dar uma instrução rápida, no primeiro dia, a respeito de livros, capítulos e versículos.
Durante o Seminário, devem ser feitas campanhas para que os participantes adquiram suas
próprias Bíblias. Consórcios, sorteios, doações, tudo isso pode ser utilizado. O importante é que
cada participantes tenha contato e adquira o costume de ler e refletir com a Bíblia.
O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um pedaço a cada
semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com abertura de coração e de mente a
essa Renovação no Espírito Santo.

D. Instruções para os Dirigentes de Cenáculo (servos dos SVES)


Os Dirigentes de Cenáculo são chamados (conforme o local) de outras
formas: Servos do Seminário, Servos do Pastoreio, Coordenadores de
Cenáculo...
Estas orientações gerais se destinam àqueles que estão no serviço de
acompanhar e pastorear os participantes do Seminário de Vida no Espírito
Santo.
Nestas Orientações usaremos o termo Servos do SVES

1. Servir e Rezar
Servir é ser útil, prestável, satisfazer, agradar; é ser apto para alguma coisa; é cumprir a tarefa
que lhe é dada; é dar, oferecer, é depender de alguém que é seu Senhor.
Dentro do povo de Deus todos – ministros, ordenados, leigos – são servos do Evangelho,
cada um segundo seu papel e carismas próprios. Servir o Evangelho é servir a Deus, a
Jesus, o Senhor. Portanto, o servo deve estar preparado para servir onde, quando e como o
Senhor determinar.
Ora, não é possível servir sem uma comunicação constante com o Senhor. Essa comunicação, no
nosso caso, se dá através da oração. Orar é imprescindível, pois é na oração que se aprende a
amar, e servir é amar. Aquele que não ora não deve nem pode ser servo.
Jesus, no Evangelho, sete vezes nos convida à oração: Lc 22,40.46 – Lc 11,9-13 – Jo 14,13-14
– Jo 15,7.16 ; 16,23-24; 16,26-27.
Há pessoas de núcleos da RCC que dizem que fazem sua oração pessoal enquanto trabalham
nos afazeres de casa. Isso não é a verdadeira oração pessoal. Tal como um Senhor tem seus
encontros freqüentes com o servo para orientações, exame das situações, acertar providências,
também, e com muito mais razão nós devemos ter com o nosso Senhor, encontros de intimidade,
em que abrimos nosso coração e nos derramamos diante dele, falando-Lhe das nossas
dificuldades, dos nossos problemas, das nossas alegrias, das nossas vitórias, e ouvindo o que Ele
nos tem a dizer. Essa é a sua vontade e deve ser também a nossa.
Quando um servo de Seminário percebe que algo de errado está ocorrendo no seu Cenáculo,
procure examinar-se de como está sua vida de oração e também sua vida sacramental.

2. A ficha de acompanhamento
Todo Servo de SVES deve ter uma ficha, onde anota:
 O local onde o Seminário acontece e datas;
 Nomes e telefones ou endereços de cada participante;
 Freqüência de cada um;
 Título de cada palestra e pregador (nome) e uma pequena avaliação quanto ao conteúdo,
desempenhos e se foram alcançados os objetivos. O objetivo dessa avaliação é sempre
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construtivo para se alcançar uma boa evangelização. Esta ficha ficará no final com o Coordenador
do SVES.
Na ficha de inscrição do participante, o dirigente do Cenáculo fará, no verso, uma avaliação de
cada pessoa do grupinho, e entregará ao Coordenador do Seminário, que as dará ao
Coordenador do Grupo Diocesano. Este, depois de tomar conhecimento delas, entregará ao
dirigente do Grupo de Oração.

3. O que se espera dos Servos do SVES


Assiduidade e pontualidade – o servo não deve considerar levianamente seu dever de ser
assíduo e pontual nos dias de Seminário, seja qual for a tarefa a que tiver sido chamado. A falta
desses dois importantes elementos provoca desordem, desarmonia. Distrai as atenções, quebra o
equilíbrio que deve existir em toda a obra do Senhor. Além disso, e mais importante: Jesus é o
Senhor dessa obra, portanto o desrespeito é a Ele; é uma grande responsabilidade assumir um
compromisso que, de antemão não pretende ou não poderá cumprir.
Disponibilidade de coração – mesmo quando sabe que não dispõe de tempo cronológico, o
verdadeiro servo se apresenta disposto a assumir a tarefa, confiando no Senhor. A primeira vista
esse elemento parece se chocar com os elementos anteriores, assiduidade e pontualidade, mas
realmente isso não acontece: o importante é manifestar ao Senhor que estamos dispostos a fazer
por Ele qualquer coisa: esse primeiro Lhe agrada e Ele é bastante delicado para aceitar essa
disponibilidade de coração e dispor as coisas de tal modo que o servo não seja prejudicado. O
que importa é abandonar-se nas mãos do Senhor Jesus.
Obediência – um servo que não acata ordens superiores, que questiona determinações do
coordenador e, pior ainda, manifesta seu descontentamento diante dos irmãos deve evitar assumir
o trabalho. Onde não há obediência não está o Espírito Santo, portanto não há ordem, equilíbrio e
harmonia e, principalmente unidade. (At 5,32)
Zelo – o servo que tem amor ao Senhor é profundamente zeloso com tudo o que se relaciona
com a obra do Reino. (Sl 68,10 - Jr 48,10)
Fidelidade – ser fiel significa ― pregar e viver aquilo em que crê e crer naquilo que prega e
vive.
Isto é ser fiel ao Senhor. Muitas vezes nosso irmão defende seu ponto de vista (que não concorda
com a doutrina cristã) com tanta veemência que, embora certos da verdade em que acreditamos,
nos acovardamos, nos calamos e deixamos em todos a impressão de que nós também duvidamos
do que afirmamos. Ser fiel é não abrir mão daquilo em que se crê. (Lc 9,26 - At 21,11-13).
Conhecimento da doutrina – o servo deve ter os ― pés no chão, isto é, não se deixar
empolgar apenas pelos carismas, mas interessar-se principalmente em conhecer bem a sua
religião, seus fundamentos (pelo menos o Catecismo da Igreja Católica), as verdades
reveladas, os ensinamentos da Igreja. Embora seja a Bíblia o Livro, por excelência, o servo
não deve se descurar de procurar enriquecer seus conhecimentos e desenvolver sua
espiritualidade através de livros bons e devidamente indicados. (Os 4,6)

4. Virtudes que o servo deve procurar possuir


O servo que não tem uma vida de oração e vida sacramental, dificilmente conseguirá desenvolver
certas virtudes em seu coração. Assim, ele precisa:
Paciência para ouvir os participantes, para ― sofrer as demoras de Deus. (Eclo 2,3)
Simplicidade de coração manifesta-se na maneira de falar, de agir. O Espírito Santo dá
discernimento aos simples. (Pro 1,4)
Humildade não é a subserviência, mas o reconhecimento das nossas limitações. (Rom 12,16;
1Pd 5,5b-6)
Mansidão nada conquista tanto os corações como a doçura, o interesse amoroso de quem os
serve. (Mt 11,29; Tg 3,13)
Prudência principalmente nas palavras. Daí a necessidade de falar pouco, apenas o
indispensável, pois muitas vezes podemos inadvertidamente, ferir um irmão e com isso, afastá-lo.
(Tg 3,1-12)
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5. Perigos a serem evitados

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Presunção – opinião vantajosa que a pessoa faz de si mesmo. Há que distinguir a valorização
que devemos nos dar pelo fato de constituirmos objetos do amor de Deus, e a vaidade de nos
atribuirmos valor por nossos méritos. É uma maneira muito sutil do inimigo nos tentar (Lc 18,1-14;
Pr 3,7). Não se julgar já convertido mas procurar sempre mais se converter. Não se julgar já
renovado, mas procurar dia a dia se renovar. Não se julgar em condições de trabalhar os outros,
mas procurar trabalhar-se, primeiro.
Auto-suficiência – O servo muitas vezes se abstém de consultar ou mesmo trocar idéias com
outros servos ou com o coordenador, consciente está de que é bastante capaz de discernir
sozinho e corretamente (II Cor 3,5). Ninguém é tão sábio que não tenha algo para aprender e
ninguém é tão ignorante que não tenha algo para ensinar.
Pressa – Associa-se muito à impaciência. Muitas vezes confundimos pressa com zelo. O trabalho
do Senhor deve ser feito com cuidado e atenção, mas sem tempo e hora (Jdt 8,11-15).
Desânimo – O servo deve louvar a Deus quando fracassa: é uma forma de reconhecer que todo o
poder emana de Deus: prosseguir com coragem e, se necessário começar tudo de novo. São
Paulo nos ensina muito bem (II Cor 4,8-12).

6. Como o servo deve agir no Cenáculo


O AMOR
O elemento mais importante num Seminário e em toda a obra do Senhor é o Amor. No amor se
fundamenta toda a nossa vida, pois que somos obra do amor de Deus. Jesus nos deu o novo
mandamento: ― Amai-vos uns aos outros como eu vos amo. Aí está, a medida já não é mais
aquela antiga: ― como a ti mesmo. Essa medida irrisória e muitas vezes inexistentes ja foi
superada e substituída por uma outra de valor infinito: ― como eu vos amo‖ . E é esse o amor
queJesus quer que demos aos nossos irmãos no Seminário (I Cor 13, 4-7).
Algumas atitudes demonstram este amor:
1) Ser acolhedor, dar atenção a todos os participantes, sem acepção de pessoas: todos são
igualmente irmãos e necessitados de atenção e carinho.
2) Falar apenas o indispensável, ouvir muito, observar e registrar frases, expressões faciais,
gestos, incidentes que ocorram no Cenáculo e que possam conduzir a uma atitude de
compreensão e amor.
3) Estar sempre disponível ao problema do irmão, ainda que nos custe. Jamais despedir um
irmão com um: ― vou orar por você‖ , sem tomar conhecimento do que o angustia e lhe fazer
sentir solidariedade. Esse comportamento poderá custar o seu afastamento do Seminário e,
pior ainda, até mesmo da Igreja.
4) O servo, no Cenáculo, age como moderador, isto é, fala apenas o indispensável, quando há
necessidade de dirimir dúvidas; para estimular a partilha; para dar alguma explicação, quando
solicitada; para desestimular conversas paralelas, sobre assuntos que nada tem haver com o
tema da palestra e das vivências;
5) Deve procurar introduzir o louvor na vida dos participantes: para isto aconselha-se a iniciar a
reunião com a leitura de 2 ou 3 versículos de um salmo e um pequeno louvor neles. Não se
deve cantar no Cenáculo, pois consome tempo e, além disso, o louvor nos salmos têm um
valor litúrgico que nenhum canto possui.
6) Indagar como decorreu a semana para cada um, se fizeram as vivências como lhes foi
recomendado. Convidar e exortar a que cada um fale de sua experiência da semana, como
recebeu a palestra anterior, o que mais lhe tocou, porque, etc...
7) Os dois servos que trabalham juntos devem se deixar unir no mesmo ideal evangelizador:
comunicarem-se semanalmente, trocarem impressões, analisarem seus próprios
comportamentos, comunicarem um ao outro o que chegam a conhecer dos participantes. Do
bom relacionamento dos dois, depende o bom relacionamento entre os próprios participantes;
muita humildade, dominar o amor próprio, aceitando admoestações um do outro. Também os
servos devem fazer as vivências.
8) Não distribuir no cenáculo orações, santinhos, terços, medalhinhas ou outros objetos
devocionais: nada deve distrair os participantes da verdadeira finalidade do Seminário:

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conhecer Jesus, o Senhor, o amor de Deus, a salvação que nos foi dada e a conversão que o
Espírito Santo realiza em nossos corações, etc.
9) Quando o Seminário possui uma equipe para intercessão, os casos mais sérios que os servos
observam no Cenáculo devem ser levados ao coordenador do Seminário para o encaminhar à
intercessão.
10) Um item muitíssimo importante é o sigilo. No primeiro dia do Cenáculo o servo deve explicar
que tudo o que se disser ali é sigilo confessional. Muitas vezes, no decorrer do Seminário, os
participantes se abrem, contam seus problemas, levadas pelo clima de confiança que deve
existir, abrem seus corações. Todas essas confidências devem ficar ali, nos corações para
oração, mas não deve haver comentários entre as pessoas do Cenáculo, nem entre essas e
seus familiares. O servo titular deve estar atento a esse detalhe.
11) Aconselha-se ao servo possuir um caderno onde registrarão dados importantes do Seminário:
Data e local, Nome do coordenador: telefone, Nome do outro servo e telefones, Nomes dos
participantes: telefones.
12) O servo deve procurar se comunicar semanalmente com os participantes para saber notícias
e ajudá-los nas dúvidas, animá-los. Cada um trabalha conforme o Espírito Santo lhe sugere.
Entretanto uma sugestão pode ser dada: muito útil, ao primeiro contato com os participantes,
fazer-lhes a seguinte pergunta: ― Porque veio fazer esse Seminário? O que você espera
encontrar aqui? O que veio procurar?
13) Anotar as respostas. No fim do Seminário, no último Cenáculo, ler para cada pessoa a
resposta dada no início e perguntar-lhe: ― você encontrou o que procurava? Esse
procedimento nos fornece conhecimento que o Senhor realizou na vida do participante, e
também nos faz conhecer a necessidade de continuar a acompanhá-lo ainda durante algum
tempo.
14) Uma última palavra: o servo, qualquer que seja sua tarefa num Seminário, deve realizá-la
como se fora a primeira vez; isto equivale a dizer que o entusiasmo, a dedicação, o zelo, o
empenho, a preparação, o amor, devem ser os mesmos do primeiro chamado. Não podem
permitir que arrefeça o primeiro amor (cf. Ap 2,4). Do contrário corre-se o risco de cair na
rotina; e o Espírito Santo não age em corações desanimados. Para que tal não ocorra, é
necessário muita vigilância e oração (Mt 26,41a).
Tempo de Seminário é Tempo de sacrifício, mas ― tenho para mim que os sofrimentos da presente
vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. (Rom 8,18)

7. A Reunião de Pastoreio
a. O Pastoreio
Serviço de pastoreio para o SVES é o acompanhamento espiritual e catequético que se
presta aos participantes desse Seminário.
Finalidade:
a) Interceder constantemente pelos participantes
b) Auxiliar no estudo da Sagrada Escritura
c) Auxiliar nos primeiros passos da conversão: sanar dúvida, acompanhar os participantes e orar
para cura interior quando necessário.
d) Auxiliar na iniciação da vida carismática: esclarecer dúvidas sobre os carismas; orar para
confirmar os dons recebidos; praticar os carismas com os participantes.
e) Auxiliar nos conhecimentos básicos da Igreja como comunidade de cristãos: acolher os
participantes pessoal e fraternalmente; ser para os participantes um testemunho de comunidade;
ajudar os participantes a compreenderem melhor a missão do leigo (ser cristão consciente e
renovado na prática dos sacramentos e dos carismas, ser Igreja – Sacramento vivo –
e comprometer-se com a missão do leigo no mundo).
b. Partilha
Para exercermos fielmente o serviço do Pastoreio, devemos nos munir da grande visão
Messiânica - visão do céu, da salvação...

13
O pastoreio pode ser um pedaço do céu, quando leva o povo de Deus a um caminhar de cura e
libertação, de crescimento humano e espiritual utilizando-se da partilha e boa comunicação,
entremeadas de carismas que são essenciais ao pastoreio.
No pastoreio, partilha é o diálogo estabelecido entre o servo do pastoreio e os participantes, com
o objetivo de sanar as dúvidas destes, bem como de prestar-lhes ajuda espiritual e,
eventualmente, alívio e cura de traumas, mediante a cura interior.
c. Conteúdo da partilha
Prioritariamente, em relação ao Seminário de Vida no Espírito, partilham-se dúvidas sobre as
pregações, assim como dificuldades em se viver no Espírito e em se praticar a proposta do
Seminário.
Eventualmente pode-se partilhar sentimentos, experiências vividas (boas ou ruins)
Lembre-se o servo do pastoreio que sua missão é principalmente ouvir (mas poderá sabiamente
orientar os participantes, tendo sempre por base os ensinamentos do Seminário de Vida no
Espírito. Caso as soluções para os participantes não sejam encontradas no Seminário, poder-se-á
buscá-las na Sagrada Escritura, na Doutrina da Igreja e com os irmãos de comunidade,
principalmente os mais experientes).
d. Método da Partilha
Amor (é o principal item do método) - É com amor que se acolhe bem. É com amor que se guarda
o sigilo sacramental que a partilha exige. É com amor que se encontra forças para doar-se além
do comum (atender fora dos horários, superar o cansaço para servir, etc.). O amor é veículo da
empatia, que é fundamental no pastoreio. Só o amor gera a compaixão. Compaixão cria o
ambiente propício para partilhar em situações de sofrimento e dor.
Tempo de qualidade - É tempo destinado exclusivamente aos participantes. Não importa a
duração, o mais importante é a qualidade do tempo que se dedica. Para ter tempo de qualidade é
preciso estar presente diante do participante de corpo e espírito
Respeitar o processo do outro - Cada um possui um estágio de desenvolvimento. Isso precisa
ser respeitado.
Não dar receitas - Não usar o tom de professor ou de padrasto, como se estivesse sempre
ensinando ou advertindo.
Evitar bloqueios na comunicação - Bloqueios destroem a partilha. Exemplos de bloqueios:
Conselhos, competição, frieza, distração, divagação, respostas ensaiadas.
Agradecer verbalmente pela partilha - A partilha da pessoa é um presente de confiança para
quem ouve. Na partilha a pessoa dá o melhor de si, ou seja, ela mesma (uma parte do seu próprio
eu).
Agendar horários para partilha e para visitas - O amor e o interesse precisam ser
demonstrados. É impossível pastorear sem se encontrar. A agenda pode ser fundamental. O
tempo jamais sobra, por isso é necessário agendar, comprometer.

14
Fundamentação doutrinária

Contexto eclesial da RCC

1. Como um Novo Pentecostes


a) O Espírito Santo, princípio de renovação
A Igreja, que nasceu sob o impulso do Espírito no dia de Pentecostes, só pode ser renovada
mediante o poder divino desse mesmo Espírito. O Espírito Santo é o princípio que dá vida à Igreja
e é, por sua vez, seu princípio renovador. V.S. João Paulo II, fazendo-se eco do Concílio, formulou
esta frase: ― O Espírito Santo é a fonte e o motor da renovação da Igreja de Cristo!1.
Desde os tempos de Sto. Agostinho tem-se dito que ― o que é a alma para o corpo do homem,
assim é o Espírito Santo para o corpo de Cristo que é a Igreja‖ 2; e a alma é o princípio que dá
vida ao corpo humano, move-o, o faz crescer, leva-o à plenitude, sustenta-o e
renova-o constantemente.
Para compreender a fundo o que é a Renovação no Espírito Santo, temos que situá-la sempre no
acontecimento de Pentecostes, porque foi sob esse sinal que nasceu para a vida. Daí os
diferentes nomes que esta experiência espiritual tem recebido desde o momento em que Deus
quis suscitá-la: Pentecostalismo Católico, Renovação Carismática, Renovação Pentecostal,
Renovação Cristã no Espírito Santo, Renovação no Espírito ou simplesmente Renovação.
Devemos dizer que nenhum destes títulos expressa em sua totalidade a riqueza da Renovação,
apesar de cada um deles enfocar e enfatizar alguns dos elementos que a caracterizam3.
b) A RCC ― rosto e memória de Pentecostes na Igreja
O Papa Leão XIII no início do século XX já convidava a Igreja a "incrementar o culto do Espírito
Santo" e João XXIII (1961) na encíclica que convocava o Concílio Vaticano II (Humanae Salutis)
pedia em oração – "Renovai vossos prodígios em nossos tempos, como se para um
novo Pentecostes".
A Renovação Carismática Católica é, como diz João Paulo II4, "um dos numerosos frutos do
Concílio Vaticano II que, como um novo Pentecostes, suscitou na vida da Igreja um extraordinário
florescimento de agregações e movimentos, particularmente sensíveis à ação do Espírito".
"A Renovação Carismática vê a si mesma como obra do Espírito Santo que responde às
necessidades espirituais de nosso tempo. Na vida da Igreja, ela é um sinal da contínua relevância
do 'derramamento do Espírito' sobre os indivíduos batizados, o que dá vida e orientação à Igreja
na realização de sua missão no mundo"5.
Verdadeiramente a Renovação Carismática entende ser ― rosto e memória de Pentecostes, ― como
sinal da atualidade e da perenidade de Pentecostes, procurando acolher para si, de modo objetivo
e experiencial, aquilo tudo que o magistério vem pondo em relevo, para toda a Igreja, com
respeito à presença e à ação do Espírito Santo6.
― Há muito por se fazer, por amadurecer, por se comprometer em relação à nossa efetiva abertura
e conformidade à pessoa do Espírito Santo. Mas não se pode negar que já é possível identificar
na Renovação Carismática traços significativos daquilo que se constitui uma resposta aos apelos
da Igreja a essa abertura ao Espírito7.

1
JOÃO PAULO II, Papa, Discurso de encerramento do Congresso Teológico Internacional de
Pneumatologia. L'Osservatore Romano, 27 de marco de 1982. Cf. ― Lumen Gentium‖ nº 4.
2
SANTO AGOSTINHO, Sermão 267,4 (Pl 38.1231). Paulo VI. Ensinamentos ao Povo de Deus
1978. Edtrice Vaticana, p. 47.
3
SUENENS L.J. Cardeal, o Espírito Santo Nossa Esperança, Edições Paulinas, 1975, Brasil.
4
LOsservatore Romano de 11 de abril de 1998)
5
CORDES, Dom Paul, in Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica, Editora Loyola.
REIS, Reinaldo Beserra dos, Celebrando Pentecostes – Projeto de aviamento da espiritualidade de
6

Pentecostes, Edições Canção Nova – Ministério de Formação RCC-BR, 2004


7
Ibdem

15
O Papa João Paulo II, por diversas vezes se referiu a RCC como expressão de vida renovada
pelo Espírito que atua perenemente na Igreja e pela Igreja no mundo. Na audiência aos membros
do Conselho Internacional em dezembro de 1979, disse:
"... O vigor e a fecundidade da Renovação Carismática testemunham certamente a
poderosa presença do Espírito que age na Igreja, nestes anos posteriores ao Concílio
Vaticano II. Por suposto, o Espírito guiou a Igreja em todos os tempos, produzindo uma
grande variedade de dons entre os fiéis. Através do Espírito a Igreja conserva uma
permanente vitalidade juvenil, e a Renovação Carismática é uma eloqüente
manifestação desta vitalidade hoje, uma expressão vigorosa do que 'o Espírito está
dizendo às Igrejas' (At 2,7), quando nos aproximamos do final do segundo milênio"
E ainda afirmou aos líderes da RCC durante a Conferência de Fiuggi de 1998:
"A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrir a
presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja Católica e do
mundo; e esta descoberta tem levantado neles uma fé em Cristo cheia de alegria, um
grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação à sua missão evangelizadora.
Neste ano do Espírito Santo, eu me uno a vocês no louvor a Deus pelos preciosos
frutos que Ele quis trazer à maturidade em suas comunidades e, através delas, às
Igrejas particulares".
c. O apostolado de Pentecostes
A despeito de ser identificada como uma expressão eclesial que manifesta em sua identidade uma
espiritualidade marcada pela experiência da ação do Espírito Santo e pela consciência a respeito
da Terceira Pessoa da Trindade Santa, a Renovação Carismática é convidada a assumir
claramente a missão de difundir a cultura de Pentecostes, fundamentando todos seus projetos no
pressuposto da ação do Espírito Santo.
O saudoso e santo Papa João Paulo II, nos direciona:
"Estou convencido de que este movimento é um sinal de sua ação (do Espírito Santo).
O mundo tem grande necessidade da ação do Santo Espírito e isso requer a
cooperação de muitos instrumentos que colaborem com sua ação. (...) Agora eu vejo
este movimento, sua atividade em todas as partes. (...) por meio desta ação, o Espírito
Santo vem ao espírito humano e desde esse momento começamos a viver de novo,
para encontrar nosso autêntico ― eu, para encontrar a própria identidade, nossa total
humanidade. Conseqüentemente, eu estou convencido de que este movimento é um
verdadeiro e importante componente na renovação total da Igreja, nesta renovação
espiritual da Igreja" (aos membros do ICCRS, o Conselho Internacional da RCC, em
11.12. 1979).
"Hoje a Igreja rejubila-se pela confirmação renovada das palavras do profeta Joel:
'Derramarei o meu Espírito sobre todo o ser vivente' (Jl 3,1). Abri-vos docilmente aos
dons do Espírito! Aceitai agradecidos e com obediência os carismas que o Espírito
nunca cessa de nos conceder. Não vos esqueçais de que todos os carismas são
comunicativos e fazem nascer aquela 'afinidade espiritual entre as pessoas', e aquela
amizade em Cristo que é a origem ‗ dos 'movimentos'. Jesus disse: 'Eu vim atear fogo
sobre a terra e outra coisa não desejo senão que já esteja aceso'. (...) Hoje, daqui desta
sala superior da Praça de São Pedro eleva-se uma grande oração: Vinde, Espírito
Santo, vinde e renovai a face da terra! Vinde com vossos sete dons! Vinde, Espírito de
Comunhão e de Amor! A Igreja e o mundo precisam de vós, Espírito Santo, e fazei com
que os carismas que nos tendes concedido se frutifiquem cada vez mais" (aos
Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades reunidos na Praça de São Pedro, em 30.
5. 1998).
Nas festividades de Pentecostes do ano de 2004, no dia 23 de maio, o Santo Padre João Paulo II,
ao concluir a oração do ― Regina Coeli, convidou os Movimentos Apostólicos, e de modo especial
a Renovação no Espírito, a participar da Vigília de Pentecostes, no sábado, 29 de maio, ‗ para
invocar sobre nós e sobre toda a Igreja uma abundante efusão dos dons do Espírito Santo‘ .
No decurso desta Vigília o Papa João Paulo II disse ― Vem, creator Spirítus!

16
De toda parte da Igreja na solenidade de Pentecostes, se eleva unânime este canto:
Veni, creator Spiritus! O Corpo místico de Cristo, disperso em toda a terra, invoca o
Espírito do qual tem a vida, o Sopro vital que anima o seu ser e o seu agir. (...)
Saúdo de modo especial os membros da Renovação no Espírito (...). Graças ao
movimento carismático tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, têm
redescoberto Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência cotidiana.
Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja, como um renovado
salto de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio. (...) Os movimentos eclesiais
e as novas comunidades são uma 'resposta providencial, suscitada pelo Espírito Santo,
à hodierna pergunta de nova evangelização, pela qual são necessárias 'personalidades
cristãs maduras' e 'comunidades cristãs vivas'.
Por isso digo também a vocês: 'Abri-vos com docilidade aos dons do Espírito! Acolhei
com gratidão e obediência os carismas que o Espírito Santo não cessa de conceder!
Não vos esqueçais que todo carisma é dado pelo bem comum, isto é, para o benefício
de toda a Igreja!'
Veni, Sancte Spiritus!
Acolhamos esta palavra do Santo Padre João Paulo II como um direcionamento profético para
toda a Igreja, mas o acolhamos como se direcionada especialmente a nós da RCC. ― João Paulo II
não estava apenas falando para nós da Renovação Carismática, mas a respeito de nós, e
inclusive oferecendo-nos à Igreja como um ‗ sinal sensível da perene efusão do Espírito. Assim
sendo a Renovação Carismática não pode negar-se ao Apostolado de Pentecostes.

2. Breve fundamentação teológica9


a. Fundamentação Trinitária
O fundamento teológico da Renovação é essencialmente trinitário. Ninguém jamais ouviu a voz do
Pai nem viu sua face (Jo 1,18; 5,37). Porque o Pai habita em uma luz inacessível, ninguém jamais
o viu nem poderá vê-lo nesta vida (1Tm 6,16; 1Jo 4,12 e 20). Somente o filho viu e ouviu e subiu
ao Pai (Jo 6, 46). Por isso ele é ― a testemunha do Pai. Jesus de Nazaré deu-nos testemunho do
Pai, e quem viu, ouviu e tocou Jesus, tem acesso ao Pai (1Jo 1,1-3). Depois que Jesus subiu ao
Pai, não podemos mais vê-lo e ouvi-lo em pessoa. Porém ele nos enviou seu Espírito que nos faz
lembrar tudo aquilo que nos disse e fez, e também o que seus companheiros viram e ouviram (Jo
14,26; 16,13). Não temos, pois, acesso junto ao Pai por Cristo, senão nesse Espírito (Ef 2,18).
O Pai revelou-se como Fonte do Ser quando se identificou com a denominação ― Eu sou aquele
que é (Ex 3,14). No Novo Testamento, Jesus se revela como imagem e ícone da Fonte do Ser (Cl
1,15), assumindo e aplicando a si mesmo a fórmula usada pelo Pai no Antigo Testamento (Jo
17,21; cf 10,30). Jesus é, portanto, a imagem e a manifestação do ― Eu sou aquele que é (2 Cor
4,4; Hb 1,3).
O Espírito é o ato perfeito da comunhão entre o Pai e o Filho. É também pelo Espírito que esta
comunhão pode se comunicar ― ad extra.
Com efeito, a Igreja se define em relação a esta comunhão de Pessoas. A identificação de Jesus
com os cristãos (At 9,4f) só é possível em virtude da identidade do mesmo Espírito no Pai, no
Filho e nos cristãos (Rm 8,9; cf Lg 7): Cristo ― deu-nos de seu próprio Espírito que, sendo um só e
o mesmo na cabeça e nos membros,... vivifica, unifica e move todo o corpo (LG 7). O Novo
Testamento refere-se à Igreja com um ― nós eclesial, apenas porque o mesmo Espírito está em
Cristo como na Igreja a comunidade cristã pode ser chamada ― o Cristo (1Cor 1,13; 12,12). Os
carismas são manifestações desta habitação do Espírito (1Cor 12,7), são ― sinais do Espírito que
se faz presente em nós, se torna visível através dos dons. Manifesta-se de tal modo que ― o que
vós vedes e ouvis é a efusão daquele Espírito (At 2,23). Na consumação dos tempos, quando o
Espírito Santo tiver tudo na comunhão definitiva, Cristo entregará o Reino ao Pai (1Cor 15,24). A
8
REIS, Reinaldo Beserra dos, em obra citada
O texto é um resumo da fundamentação teológica apresentada em ― Orientações Teológicas e
9

Pastorais para a Renovação Carismática Católica‖ , de diversos autores e teólogos (inclusive Joseph
Ratzinger)
coordenados pelo Cardeal Suenens, conhecido como documento de Malines n. 1, publicado pelas Edições
Loyola em 1975.

17
Igreja é inauguração desse Reino (LG 5). Cristo, na força do Espírito, levará tudo de volta à fonte
de Ser que é o Pai.
b. Jesus Recebe o Espírito Santo
Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito Santo e o envia. Primeiramente Jesus recebe o
Espírito. A efusão do Espírito é o início da nova era messiânica, começo da nova criação. Desde o
primeiro momento de sua existência, Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo. Por ter sido
concebido pelo poder do Espírito Santo é que Jesus se caracteriza como o Filho de Deus, o
Messias. E é efusão do Espírito no momento de seu batismo nas águas do Jordão que lhe permite
assumir publicamente sua função messiânica. Nesse momento João ― viu os céus abertos e descer
o Espírito sobre ele (Mc 1,10). O texto bíblico chama, pois, a atenção para uma experiência do
Espírito. Este acontecimento é um momento único na História.
Ao receber publicamente o Espírito, Jesus é proclamado Messias e a era messiânica, a Nova
Aliança, recebe caráter público. Jesus não recebe o Espírito somente por força de sua investidura
pública como Messias, mas o recebe também como um dom pessoal que lhe confere poder e
autoridade em vista de sua obra messiânica (At 10,38). O Espírito do Senhor se derrama sobre
Ele porque foi ungido a fim de pregar a boa nova aos pobres (Lc 4,48).
Comentando a palavra dirigida a João Batista: ― Aquele sobre quem vires descer e repousar o
Espírito, este é quem, batiza com o Espírito Santo (Jo 1,33), a Bíblia de Jerusalém nota que ― esta
expressão resume todo o objetivo da vinda do Messias. Jesus recebe o Espírito Santo, o Espírito
repousa sobre Ele (Is 11,2; 42, 1; Jo 1,33) de modo que Ele pode batizar outros no Espírito. Nesse
contexto, ― batizar com o Espírito Santo refere-se à finalidade de todo seu ministério.
c. Jesus Envia o Espírito Santo
Depois de ter se oferecido ao Pai na cruz, pelo Espírito eterno (Hb 9,14), Jesus, o Senhor
ressuscitado e glorificado, envia o Espírito Santo. Elevado e transfigurado pelo Espírito, tendo ido
para o Pai, seu corpo, agora glorificado, foi plenamente dotado do poder divino que comunica
vida. Desse corpo crucificado e ressuscitado, como de uma fonte inexaurível, o Espírito é
derramado sobre a carne (Jo 7,37-39; 19-34; Rm 5,5; At 2,17).
Entre Jesus e o Espírito há uma reciprocidade de relação. Jesus é o portador do Espírito, a quem
o Espírito é dado ― sem medida‖ (Jo 3,34; Lc 4,1), pois o Pai o ungiu com o Espírito Santo e com
poder (At 10,38). Jesus é conduzido pelo Espírito, é pelo Espírito que o Pai o ressuscita dentre os
mortos (Ef 1,18-20; Rm 8,11; 1Cor 6,14; 2Cor 13,14). Jesus envia o Espírito que recebeu e é pelo
poder do Espírito Santo que nos tornamos cristãos. ― Se alguém não possui o Espírito de Cristo,
este não é dele (Rm 8,9). O sinal distintivo da iniciação cristã é a recepção do Espírito Santo (At
19, 17). Por outro lado, é o Espírito que nos impele a proclamar que ― Jesus é o Senhor (1Cor
12,3). Esta relação recíproca entre Jesus e o Espírito é orientada para a glória do Pai. ― Por Jesus,
temos acesso junto ao Pai num mesmo Espírito (Ef 2,1-8).
d. Igreja, Sacramento de Cristo
Visto que a Igreja é o sacramento de Cristo (LG 1), é Jesus que, em sua relação com o Pai e com
o Espírito determina a vida e a estrutura interior da Igreja, servindo-lhe de protótipo. Assim como
Jesus é constituído Filho de Deus pelo Espírito Santo, pelo poder do Altíssimo que cobre Maria
com sua sombra (Lc 1,35), como foi investido em sua função messiânica pelo Espírito que desceu
e repousou sobre ele no Jordão, assim de maneira análoga, a Igreja é constituída pelo Espírito
Santo desde sua origem e por ele manifestada publicamente em Pentecostes.
Visto que a Igreja é o Sacramento de Cristo, ela estende a nós a unção de Cristo pelo Espírito.
Não é somente uma extensão da Encarnação. É também a unção de Cristo por todo seu Corpo
Místico. Se a ação da Igreja é eficaz, se produz frutos na sua vida sacramental e na sua tarefa de
evangelização, se vidas são transformadas, é porque a unção de Cristo pelo Espírito se estende à
Igreja. A unidade da Igreja e a comunhão dos fiéis também são decorrências desta unção de
Cristo pelo Espírito. O Espírito que assegura a unidade entre Cristo e a Igreja, também garante
que seja mantida a distinção entre Cristo e a Igreja.
e. Todos na Igreja Somos Portadores do Espírito Santo
Como sacramento de Cristo, a Igreja nos torna participantes da unção de Cristo pelo Espírito. O
Espírito Santo permanece na Igreja como um perpétuo Pentecostes, e faz dela o Corpo Místico de

18
Cristo, templo único, o povo de Deus, enchendo-a de seu poder, renovando-a, chamando-a a
proclamar a soberania de Cristo para a Glória do Pai. Esta habitação do Espírito na Igreja e no
coração dos cristãos, como num templo, é um dom para toda a Igreja: ― não sabeis que sois o
templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Cor 3,16; cf 6,19). O primeiro dom
não é outro senão o próprio Espírito e os carismas pertencem à Igreja unicamente porque ela os
recebeu como dons gratuitos.
Embora o Espírito se manifeste em diferentes ministérios que servem a diferentes funções, as
quais podem variar em gênero e grau, todavia a Igreja inteira e todos os seus membros participam
do Espírito. Não há uma classe especial de portadores do Espírito, não há grupo separado de
crentes repletos do Espírito Santo. A plenitude da vida no Espírito, a participação na vida
abundante do Espírito, é um bem comum de toda a Igreja, embora nem todos se apropriem dele
com igual intensidade.
O Espírito que é dado a toda a Igreja torna-se visível nos ministérios, na Igreja e no mundo. Neste
sentido o Espírito e seus carismas são inseparáveis, mas não idênticos. Embora seja uma
manifestação do Espírito (1Cor 12,7), o carisma não é o próprio Espírito.
Uma vez que o Espírito e seus dons são parte essencial da natureza da Igreja como dons
gratuitos, não é possível existir a Igreja sem um ou sem os outros. Sem o Espírito e seus carismas
não há Igreja. Não há portanto, no seio da Igreja, qualquer grupo ou movimento que possa
reivindicar para si uma espécie do monopólio do Espírito e de seus carismas.
Entre esses dons do Espírito avulta a graça dos Apóstolos à cuja autoridade o próprio Espírito
submete até os carismáticos (cf. 1Cor 14) (LG 14).
f. Todo Cristão, Um Carismático
Se o Espírito e os carismas são inerentes à natureza da Igreja, são igualmente constitutivos da
vida cristã e de suas diversas expressões, tanto comunitárias como individuais. A pluralidade dos
carismas no Corpo Místico de Cristo é parte da estrutura da Igreja, e significa que não existe
cristão que não tenha algum carisma. Na comunidade cristã não há nenhum membro passivo,
desprovido de alguma função de serviço, sem um ministério. ― Há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo... A cada qual, pois,
é dado a manifestação do Espírito para que redunde em vantagem comum (1Cor 12,4-7). Neste
sentido, cada cristão é carismático e, portanto, tem um ministério a exercer na Igreja e no mundo.
Também é preciso dizer que os carismas do Espírito são inumeráveis e é o Espírito que, sendo
único, se manifesta nas várias funções de serviço.
Não se trata, pois, de opor a Igreja institucional a uma Igreja carismática. Como escreveu Santo
Irineu: ― Onde está a Igreja, está o Espírito, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja. O
Espírito e seus dons são constitutivos da Igreja e de cada pessoa como cristão; embora a
manifestação do Espírito não seja a mesma, quanto à função e a natureza, no sacerdote e no
leigo, cada um tem o seu dom. O Ministério do diácono, do sacerdote e do bispo é, em si mesmo,
um carisma. O carisma é um princípio de ordem na Igreja, de forma tal que não há distinção entre
Igreja institucional e Igreja carismática.
g. Receber o Espírito é tornar-se cristão
Nessa dinâmica interior pela qual as pessoas se tornam cristãs, todos participam das mesmas
verdades, realidades e mistérios. São simultaneamente incorporadas em Cristo, entram para o
povo de Deus, recebem o Espírito Santo e se tornam templo em relação a Cristo e ao Espírito. ― Se
alguém não possui o Espírito de Cristo, não lhe pertence (Rm 8,9).
Os textos do Novo Testamento nos dizem que é recebendo o Sacramento do Batismo que a
pessoa se torna membro do Corpo de Cristo, porque no Batismo se recebe o Espírito. ― Em um só
Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres;
e todos temos bebido de um só Espírito (1Cor 12,13).
A vinda decisiva do Espírito Santo, que permite acesso à vida cristã, está intimamente ligada à
celebração da iniciação cristã (batismo, confirmação, eucaristia). A iniciação cristã é o sinal eficaz
do dom do Espírito, recebendo o Espírito Santo nos sacramentos de iniciação, o catecúmeno
torna-se um membro do corpo Místico de Cristo, é introduzido no povo de Deus e se integra na
comunidade de culto.

19
Há indícios que em muitas das primeiras comunidades cristãs as pessoas não apenas pediam e
recebiam o Espírito nestas celebrações de iniciação, mas esperavam que o Espírito demonstrasse
o seu poder pela transformação que efetuava na sua vida. Receber o Espírito era receber poder.
Receber o Espírito era mudar. Não era possível ser incorporado a Cristo e receber o Espírito sem
que toda a vida fosse orientada a Ele. Se a pessoa não mudava, se não houvesse metanóia,
ainda não era cristão.
Além disso, estas primeiras comunidades julgavam normal que o poder do Espírito se
manifestasse em toda a amplitude e diversidade de seus carismas, que incluíam, sem a isto se
limitar, ajudar ao próximo, administrar, profecia e língua (cf. 1Cor 12,28; Rm 12,6-8). Esta
manifestação do Espírito em carismas estava mais voltada para a vida da comunidade do que
para a vida pessoal do cristão.
Embora os carismas sejam reconhecidos como inerentes à estrutura e à missão da Igreja, é
preciso admitir que ainda hoje a Igreja não está consciente de que certos carismas constituem
possibilidades concretas para a comunidade cristã.
Efetivamente para São Paulo é impensável que se possa receber o Espírito Santo sem receber ao
mesmo tempo alguns de seus dons. Os cristãos de hoje são idênticos aos da Igreja primitiva
porque celebram essencialmente a mesma iniciação (batismo, confirmação, eucaristia), recebem
o mesmo Espírito, e todos os membros recebem algum carisma de serviço ou ministério.
h. Conclusão
Os fundamentos teológicos apresentados tornam evidente que a Renovação Carismática não traz
nada de novo à Igreja, em termos de realidade teológica. A Igreja não possui agora, devido à
Renovação Carismática, algo que não possuía antes. Contudo a Renovação Carismática leva a
uma tomada de consciência mais profunda a respeito da experiência religiosa de toda a vida da
Igreja. Carismas que não eram evidentes na vida da Igreja de forma regular, são agora vistos
cada vez mais como manifestações normais. Estes dons não são considerados insólitos ou
extraordinários, mas sim parte integrante da vida cotidiana de uma comunidade cristã.
Reconhece-se, também, que estes não são os únicos dons do Espírito.

20
Fundamentação doutrinária

A imposição das mãos10

1. Um gesto bíblico
a. Um gesto comum na RCC
O batismo no Espírito Santo é concedido pelo Senhor Jesus de múltiplas formas e circunstâncias,
sem que intervenha para isso o mérito pessoal. A graça nos é dada, em modo geral, através dos
sacramentos. Mas Deus não se limita a eles, e a concede por muitos meios, como, por exemplo,
os sacramentais.
A Imposição das Mãos é um fator comum na Renovação Carismática, pois se associa a uma
poderosa ação da graça. Quando uma pessoa está querendo ser "batizada no Espírito Santo",
outros, por vezes, e em especial os que já receberam essa bênção, estendem e impõem as mãos
sobre ela e rezam nesta intenção. A mesma forma de oração é usada freqüentemente quando
outras graças estão sendo desejadas.
Esse gesto baseia-se em precedentes bíblicos, pois houve muitos a quem o Espírito Santo foi
dado pela imposição das mãos. Contudo, o que motiva o seu uso é o poder que esse simples
gesto tem manifestado. De fato, é impressionante a maneira como Deus tem se servido dele para
conferir a sua graça.
b. No Velho Testamento
A imposição das mãos tem uma longa história, pois que vem do Antigo Testamento. Esse gesto
foi usado pelos judeus e sabemos que em muitas circunstâncias diferentes, como em relação a
sacrifícios, a consagração a Deus e ordenação dos "rabis".
Jacó, já ancião, impôs as mãos aos dois filhos de José, e cruzando-as, deu uma bênção maior, ao
da mão direita, ao filho mais novo, o que entristeceu a José (Gn 48, 17-19). É também provável
que, quando Aarão erguia as mãos sobre o povo para o abençoar (Lev 9,22), isto fosse apenas
uma extensão da imposição das mãos.
c. No Novo Testamento
No Novo Testamento, lemos que Jesus impunha as mãos para abençoar (Mc 10, 1346; Mt 19, 13-
15), o que faz crer que o gesto de Jacó continuara sendo uma prática popular. Jesus também
ergueu as mãos sobre os apóstolos para os abençoar, como o fez Aarão, logo antes da sua
ascensão (Lc 24,50).
Outras vezes Jesus impunha as mãos para curar (Mc 5,23), outras vezes toca os doentes
somente. O caso se repete ao longo do Evangelho, como lemos em muitos textos: Mt 8,3; Mc 6,
2.5; 7,32; 8, 23-25; Lc 4,40; 13,13.
Conforme nos diz São Marcos, em 16,18, Cristo ressuscitado prometeu que seus discípulos
também teriam o poder de curar os doentes, impondo-lhes as mãos. De fato, sabemos que isto foi
feito por São Paulo na ilha de Malta (At 28,8).
Todavia, de muito maior significado para nós é o fato de que os primeiros cristãos também
comunicavam o Espírito Santo pela imposição das mãos. Apesar de Jesus não ter feito isso, pois
que o Espírito Santo só foi dado depois da glorificação de Cristo (Jo 7,39), houve um precedente
em Moisés, quando transmitiu o Espírito de sabedoria a Josué dessa maneira (Dt 34,9).
Pedro e João comunicaram o Espírito Santo aos samaritanos que haviam sido batizados (At 8,17),
enquanto Paulo impunha as mãos sobre os discípulos de Éfeso logo depois de os batizar. Paulo
mesmo ainda não havia sido batizado, quando o discípulo Ananias foi enviado pelo Senhor para
lhe impor as mãos (At 9,17) a fim de que ficasse repleto do Espírito Santo.
Estreitamente ligados aos últimos textos, temos aqueles que falam de um dom de graça (carisma)
comunicado pela imposição das mãos (1Tim 5,22; 2Tim 1,6). Em At 6,5-6, os apóstolos nomeiam

O texto a seguir tem como referência o capítulo 9 do livro ― Sereis batizados no Espírito Santo‖ de
10

padre
HAROLDO RAHM sj e MARIA LAMEGO, publicado pelas Edições Loyola, 1972
21
diáconos impondo-lhes as mãos. Em At 13,3, a pequena comunidade de profetas e mestres de
Antioquia impõe as mãos sobre Paulo e Barnabé, ao enviá-los para a sua missão. Há ainda outro
texto do Novo Testamento que fala da imposição das mãos. Em Hb 6,2, Paulo fala da "doutrina
sobre os batismos e imposição das mãos", entre outras coisas, donde se depreende que era esse
um uso comum na Igreja primitiva.
d. Na Igreja dos primeiros séculos
Em suma, a Igreja dos Apóstolos usou a imposição das mãos para curar os doentes, para
comunicar o Espírito Santo e seus dons, para ordenar e conferir missões, e, possivelmente, para
reconciliar pecadores públicos, Há muito maior unidade nesses usos que naqueles do Antigo
Testamento, visto que todos significam uma comunicação em virtude do poder divino. Mas aquilo
que é comunicado pertence a uma ou mais das três ordens: milagrosa, espiritual e jurídica.
Quanto ao período que se segue imediatamente após o tempo da Igreja apostólica, não existe
documentação sobre o uso desse rito. Mas, por volta do terceiro século, o seu uso era comum.
Encontra-se em quase todos os sacramentos, como em muitas bênçãos, exorcismos,
reconciliação dos hereges, de clérigos decaídos, etc. Pouco depois, se não já nessa época,
aparece na consagração das virgens. Durante toda a Idade Média, manteve esta importância
litúrgica, caindo depois para dar lugar a outros ritos.
Na Renovação Carismática Católica este gesto é bastante comum e é usado especificamente em
três situações: (1) para pedir o batismo no Espírito Santo; (2) para interceder pedindo cura ou
libertação; (3) para pedir alguma bênção (por exemplo, antes da pregação). Embora sendo um
gesto bastante comum, encontra resistências em alguns setores da Igreja.

2. Algumas objeções
a. A questão da eficácia
Digamos, primeiramente, que pode haver gente que duvide da eficácia espiritual desse gesto,
confundindo-o, talvez, com certas práticas supersticiosas.
É evidente que a imposição das mãos não tem poder espiritual em si mesma. O gesto só
comunica os dons do Espírito Santo na medida em que Deus se serve dele. De si mesmo, não
seria mais do que um mero gesto humano.
Todavia, Deus tem de fato se servido dele, de modo privilegiado, para conferir bênçãos, como
vimos pela Sagrada Escritura, e como a experiência tem confirmado. Objetivar a essa crença um
argumento sério, seria querer limitar a ação de Deus que dá de Seu Espírito ― sem medidas. A
Igreja também se serve de gestos (os sacramentais) para sinalizar uma graça ou bênção.
b. Confusão com os Sacramentos
Com relação aos Sacramentos, poderia ainda surgir uma outra dúvida: talvez pessoas incultas
tomem esse gesto por uma espécie de pseudo-sacramento, sobretudo considerando os efeitos
que a ele se ligam.
O poder dos Sacramentos está na sua instituição divina, e em dois deles, de fato, a imposição das
mãos é o sinal da comunicação do Espírito Santo, isto é, na Crisma e na Ordem. Mas, diga-se já
que há distinções claras na maneira como a imposição das mãos é praticada na Renovação
Carismática e nos sacramentos, sobretudo no Crisma.
Os sacramentos conferem graça ― ex opere operato, isto é, de si mesmos; a imposição das mãos
não pretende tal coisa. Os Sacramentos são gestos oficiais da Igreja, enquanto que a imposição
das mãos é um gesto de oração privada.
O Sacramento do Crisma, como o Batismo e a Ordem, imprime caráter e só pode ser recebido
uma vez. A imposição das mãos pode ser recebida indefinidamente, não se lhe atribuindo nenhum
efeito comparável ao dos Sacramentos.
A liberdade mesma com que na Renovação Carismática se usa este gesto é prova de que
reconhece muito bem que não se trata de um Sacramento.
Em termos de tradição teológica, a imposição das mãos é antes comparável aos sacramentais.
Estes podem dividir-se em duas classes: objetos, tais como rosários, medalhas, água benta; e

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gestos, tais como o sinal da cruz e as bênçãos. A imposição das mãos seria desta última
categoria.

3. A imposição das mãos pelos fiéis ― não ordenados


Poderá alguém afirmar que a imposição das mãos é um gesto próprio do sacerdote, e que não
convém que o leigo o imite. É usado em bênçãos, nos Sacramentos e outros ritos, sempre por um
sacerdote ou clérigo ordenado. Nas cerimônias oficiais da Igreja parece haver pouca oportunidade
para a imposição das mãos por um leigo.
Como vimos, tanto o Velho como o Novo Testamento fornecem precedentes para tal uso. Jacó
abençoou os seus netos, e todo o povo impunha as mãos sobre os levitas a serem ordenados, e
sobre as vítimas a serem imoladas em certos tipos de sacrifício. E quando Jesus falou nisso aos
seus discípulos, disse que o gesto seria usado para a cura dos doentes por "aqueles que
acreditassem", sem mais restrições, isto é, tanto por sacerdotes como por leigos (Mc 16,18).
Na Igreja apostólica há dois exemplos deste costume usado por leigos. Ananias, que impôs as
mãos a Saulo, é apresentado como um simples discípulo (At 9, 10.17), e apenas profetas e
mestres impuseram as mãos a Paulo e Barnabé em Antioquia (At 13, 1-3).
Quer parecer, portanto, que a Escritura não somente fornece razões para o uso desse gesto por
leigos, como prova com evidência que foi um costume. No que toca à Sagrada Escritura, a
imposição das mãos por leigos está claramente atestada tanto no Velho como no Novo
Testamento, e pelas próprias palavras de Cristo, como lemos na conclusão do Evangelho de São
Marcos.
A prática continuou em séculos posteriores. Assim, por exemplo, a ''Tradição Apostólica", de
Hipólito, (215, apresentando os usos romanos e egípcios) fala do catequista orando sobre os
catecúmenos ao impor-lhes as mãos. E acrescenta expressamente que ele deve fazer isso, "quer
seja clérigo ou leigo". Um documento sírio do Século III, o Didascália (Didascalia et Constituitiones
Apostolorum, III 8,1), pressupõe a prática estabelecida de impor as mãos às viúvas (mulheres
consagradas).
A imposição das mãos pelos leigos permaneceu, mesmo em costumes litúrgicos. Os padrinhos,
no Batismo e na Confirmação, impõem as mãos naqueles que estão apresentando para receber o
sacramento. A maioria das pessoas dá pouca importância a esse gesto, mas para o nosso caso
tem importância considerável. Não somente constitui um precedente oficialmente autorizado para
a imposição das mãos por leigos, como também manifesta que esse procedimento não é uma
usurpação da ação sacerdotal, mas um complemento da mesma.
Convém ainda lembrar que esse uso da imposição das mãos foi sempre usado nas famílias de
determinados países, sobretudo naquelas de forte tradição patriarcal. Sempre se soube do
costume dos pais imporem as mãos sobre os filhos, para lhes conferir a sua bênção.

4. O significado da imposição das mãos


A imposição das mãos nos grupos da Renovação Carismática é considerada como ― oração em
ação, comparável a muitas práticas bem estabelecidas na tradição católica, como a do sinal da
cruz ou da genuflexão. É sempre ligado à oração por uma pessoa, e a imposição das mãos sobre
a cabeça é uma representação visível do fato de ser a oração oferecida por ela.
Expressa, ainda, a intenção de invocar a bênção de Deus sobre a pessoa por quem se ora. O
sacerdote fará isso como um exercício do poder do ofício que Cristo lhe deu. O leigo o fará em
virtude da sua filiação divina, e como templo do Espírito Santo, títulos esses que o incumbem de
levar a graça e o amor de Cristo a seus irmãos.
O que é muito importante é o fato de uma pessoa servir de instrumento para transmitir a graça de
Deus à outra. É um princípio básico da economia da salvação: o Senhor usa intermediários
humanos, não somente para levar a outros à Sua Palavra, mas também para lhes comunicar a
sua graça. Isto se realiza de modo especial no sacerdócio; mas os leigos, também, são chamados
a contribuir para o crescimento do Corpo de Cristo, sendo uns para os outros fontes de graça, e
isto não em virtude de um ofício especial, mas pelo fato de serem membros vivos desse mesmo
Corpo. Isto se exprime visivelmente quando o que ora impõe as mãos sobre a cabeça daquele por
quem ora.

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O significado do gesto é acrescido quando é feito, não por uma só pessoa, mas por toda uma
comunidade reunida em oração. Os Grupos de Oração estão muito conscientemente animados
pela promessa de Cristo, de que, quando dois sobre a terra concordarem em pedir qualquer coisa,
isto lhes será concedido pelo Pai celeste, porque, onde dois ou três se reunirem em seu nome, ele
estará no meio deles (Mt 18, 19-20). Esta reunião em nome de Cristo e esta concordância na
oração não podem ser expressas mais poderosamente do que pela imposição das mãos sobre
alguém, por uma comunidade inteira.
As palavras levam aos outros o nosso pensamento, mas o contato físico, especialmente por meio
das mãos, é uma poderosa expressão de sentimentos profundos de amizade, amor e apoio. O
apertar as mãos, segurá-las, bem como o abraço, tudo isso denota a mesma intenção. Do mesmo
modo, o pôr as mãos sobre os ombros ou sobre a cabeça de alguém é um gesto natural para
encorajar ou acalmar. Quando a imposição das mãos se faz numa reunião de oração, todos estes
sentimentos estão mais ou menos na intenção, mas se transformam e espiritualizam pelo fato de
estarmos unidos no Corpo de Cristo, de termos nele comunhão, e de ser o Paráclito a força
substancial, a vida, o amor e o consolo comunicados de uns para os outros.

6. Por quê a imposição das mãos hoje?


Porque está havendo uma grande renovação na Igreja, e essa renovação só se poderá operar
pelo Espírito e com o Espírito. Portanto seria bom que, por todos os meios, os fiéis tomassem
consciência da presença do Espírito Santo neles próprios, e por eles na Igreja de que são
membros.
De tudo isso se depreende a beleza e eficácia do gesto da imposição das mãos. É sempre uma
bênção, um enriquecimento, uma conscientização da presença do Divino Espírito em nós,
presença que em cada vinda se alarga, capacitando-nos a receber mais, e preparando-nos para a
nossa medida de plenitude em Cristo.
E por outro lado perguntamos: Porque não impor as mãos, se este é um gesto da tradição cristã e
que tem produzido muitos frutos em favor do Povo de Deus? Não estaremos correndo o risco de
coar um mosquito e engolir um camelo?

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Motivação
Como o Seminário de Vida no Espírito Santo visa proporcionar uma verdadeira
experiência do batismo no Espírito Santo, a atitude fundamental é a oração para
que esta graça aconteça para todos os participantes.
Portanto, desde a primeira reunião até a última deve-se rezar pedindo o batismo no
Espírito Santo.
No capítulo 11 de Lucas Jesus ensina a respeito da eficácia da oração. E nos
revela que embora sejamos maus sabemos dar boas coisas aos nossos filhos,
quanto mais o Pai celeste nos dará o Espírito Santo se a Ele pedirmos! (Lc 11,13)
A solicitação que motiva este versículo é o apelo que se origina de um real e
intenso desejo que também aparece no contexto: a parábola do amigo importuno
(Lc 11,58) que insiste e insiste... porque se pedimos, nos será dado, pois todo o
que pede recebe! (Lc 119-10)
É óbvio que a solicitação que Cristo tinha em mente não era o pedido passageiro,
motivado por um capricho do momento, mas sim, o apelo impulsionado por um
intenso desejo. Há uma passagem extremamente sugestiva, que diz:
― porque
derramarei água sobre o solo sedento (...) Derramarei o meu espírito sobre tua
raça (Isaías 44,3s).
Que significa, aqui, "o sedento"? Quando alguém chega a tornar-se sedento, de
sua garganta sai um apelo que exprime sua extrema necessidade: água, água!
Assim deve ser nosso desejo pelo Espírito Santo. É um desejo ardente assim que
motiva a oração que pede e recebe o dom que o Pai quer dar a todos seus filhos.
Vem Espírito Santo! Vem Espírito Santo! Este é o clamor permanente, que a cada
reunião, a cada pastoreio, a cada oração, deve-se ouvir. E o Senhor certamente
derramará sua Água Viva em nosso coração sequioso, sedento.
Esta sede é semelhante a da samaritana que pede: ― dá-me desta água! (Jo 4,15)
A que intensidade de desejo devem ter chegado os primeiros discípulos, pelo
décimo dia de sua ansiosa espera, antes que suas almas sedentas tivessem sido
satisfeitas, naquele dia em que se cumpriu ― a Promessa em Pentecostes.
Que estas nove semanas sejam semelhantes aos dez dias que antecederam
Pentecostes, mas não esperemos o último dia para clamar. Peçamos desde já para
que aconteça desde agora o que aconteceu com os Apóstolos:
― Tendo assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos.
ETODOS FICARAM CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO, continuando
a anunciar com intrepidez a palavra de Deus.
At 4,31

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Seminário de Vida no Espírito Santo

Desenvolvendo
os temas

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Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 01: O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo

01 - Introdução:
Oração de entrega - boas vindas - porque estamos reunidos aqui (cada um pode
apresentar o motivo que o levou participar do SVS – se for possível)

02 – O Seminário:
Não é tanto aprender coisas, mas buscar um conhecimento experiencial da pessoa
do Espírito Santo e sua ação em nossa vida
Ter paciência e não desistir diante dos obstáculos: preguiça, canseira, problemas,
tempo (chuva, calor).

03 – O que se pede do participante


Abertura: cooperação com a Graça
Desejo: aplicação da vontade em realizar aquilo que Deus espera de nós.
Compromisso: decidir a favor de Deus.
Perseverança: insistir, persistir, mesmo em situações adversas.

04 – Objetivos do Seminário de Vida no Espírito Santo


O Seminário de Vida no Espírito Santo se propõe promover a experiência de:
1. Conhecer, de maneira pessoal e experiencial, a ação do Espírito Santo na vida do
fiel, capacitando-o e santificando-o, com seus carismas, para a missão e
testemunho e na manifestação de seus frutos;
2. Reconhecer Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, numa resposta vivencial à
vocação batismal: a santidade e missão.
3. Progredir no relacionamento com Deus, nosso Pai, através de uma vida de oração
fecunda.
4. Crescer com os irmãos na vida e no amor fraterno, formando a comunidade
eclesial, Corpo de Cristo.
O Seminário de Vida no Espírito Santo é um todo que se atinge, juntando-se um
pedaço a cada semana. Depende de Fidelidade e Paciência, sem pressa, com
abertura de coração e de mente a essa Renovação no Espírito Santo.

05 – Oração e Diário Espiritual:


A oração diária com base na Bíblia é o alimento principal para o crescimento dos
participantes. Orar é conversar com Deus, como amigo. Ninguém ensina como
conversar com amigos, é a prática que nos dá este conhecimento. É necessário
reservar um tempo diário para esta conversa.
O participante deve procurar manter um caderno para as anotações das inspirações,
palavras e propósitos que vêm durante as orações diárias durante o SVES.
Algumas orientações para a oração diária
 escolher o local e horário mais oportunos
 demorar o tempo necessário para entrar em intimidade com Ele

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 purificar-se pelo Espírito Santo
 orar sob a luz do Espírito Santo
 freqüência: o cristão não cresce sem oração
 orar o texto: tome o texto da Bíblia e leia-o devagar, destacando o que mais lhe
tocou e comece a partir daí

06– Explicar:
 O encontro é semanal (horário e local)
 Pontualidade e assiduidade
 Estrutura da Equipe: dirigente de cenáculo; dirigente espiritual; pregador;
ministério de canto; tesoureiro;
 A razão dos cenáculos (porque o nome) e a divisão dos próprios
 A necessidade e importância do Pastoreio (como e quando acontece)
 Bíblia: ver quem tem; explicar a necessidade de ter a sua (tesoureiro), como
manusear a Bíblia: capítulo, versículo, abreviaturas: Lc 3,10-17; Mt 2,4...

07– Conclusão:
O coordenador deve informar os participantes do funcionamento da necessidade de
Bíblia, lápis, caderno, etc...e comunicar mais algum aviso específico de acordo com
os costumes locais.

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

1a. Semana: O que é o Seminário de Vida no Espírito Santo


Orientação e motivação para a semana
Para que Jesus possa trabalhar no seu coração, transformar sua vida e trazer até você a Vida
Nova, é necessário assumir dois compromissos: - participar todas as semanas, fazer a seqüência
toda do seminário; - ter um tempo para a sua oração pessoal.
Para rezar com a Bíblia é preciso pensar na presença de Deus em nós, e que nos fala através de
sua Palavra. Deixe que cada palavra, cada frase, cada expressão penetre na sua alma. Tenha
sempre esta disposição de coração: ― O que é que Deus está me dizendo aqui e
agora?‖

Textos para a oração diária durante a semana

1º. Dia - Salmo 91 (90)


2º. Dia - Mateus 7,24-27
3º. Dia - Filipenses 4,4-7
4º. Dia - Marcos 4,1-9.13-20
5º. Dia - Isaías 55,1-11
6º. Dia - Tiago 1,19-25

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Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 02: A Pessoa e Missão do Espírito Santo


1. A Pessoa do Espírito Santo
a. A Trindade Santa
"Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Que insondáveis são os seus desígnios
e impenetráveis as suas vias!" (Rom 11,33).
Deus é sempre um mistério que quis se revelar a todos nós. Esta Revelação chegou até nós pelas
Sagradas Escrituras e a Tradição, que corretamente interpretadas pelo Santo Magistério, se
constituem para nós a fonte da fé, exigindo uma resposta.
Há um só Deus, Criador de tudo e do qual recebemos a vida gratuitamente.
Esse Deus Único possui uma só natureza, uma só liberdade e uma só e mesma vontade,
possuídas pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, de maneira própria a cada uma das Pessoas.
A Revelação nos diz que as três pessoas são inseparáveis (onde está uma estão as outras duas),
são iguais (têm a mesma natureza divina e as mesmas perfeições) e são distintas (pois uma não é
a outra, e inclusive se manifestam juntas).
A Santa Igreja assim nos ensina: Deus-Pai, dizendo a eterna Palavra, gera uma pessoa, o Filho, o
Verbo. "És o meu Filho, hoje te gerei" (SI 2, 7) Esse hoje é a plenitude da eternidade em que Deus
existe. ― Gerado e não criado, o Filho existe desde sempre. Nessa mesma eternidade, da
intimidade do amor entre o Pai e o Filho, da relação de mútua doação, procede uma terceira
pessoa, o Espírito Santo. É o Paráclito, o "Espírito da Verdade, que procede do Pai e dá
testemunho de Cristo" (Jo 15,26).
Para melhor compreender, e viver tal mistério, falamos ― apropriações divinas. Assim atribuímos
ao Pai a criação, ao Filho a redenção e ao Espírito Santo a santificação do povo de Deus,
distinguindo assim, de uma certa forma, três Pessoas e um só Deus.
Destas três Pessoas, duas possuem uma Missão em razão de nossa completa Redenção:
 A missão do Filho — o Verbo, que se encarnou, morreu e ressuscitou para a nossa salvação.
 A missão do Espírito — o Sopro Divino, comunicado em Pentecostes, para nossa santificação
e que continua a operar na Igreja e no mundo até o fim dos tempos.
Dizendo que o Filho e o Espírito Santo têm uma missão, que foram e são constantemente
enviados, surge uma objeção: se as três Pessoas divinas são inseparáveis, e se Deus está em
toda a parte, como podem ser enviados para onde já estão? É que a missão não consiste
necessariamente numa partida, numa deslocação, mas, sim, numa mudança de relacionamento.
b. A Pessoa do Espírito Santo
Foi Cristo quem revelou o Espírito Santo, e essa revelação foi gradativa, como o foi toda a
formação dos apóstolos, até tornar-se verdade experimentada no Pentecostes. Foi então a
revelação plena da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o esclarecimento do grande mistério
de Deus Trino e de seu Plano de Salvação.
O conhecimento do Espírito Santo como Terceira Pessoas da Santíssima Trindade foi doutrina de
lenta elaboração, no decorrer dos séculos, quando teólogos e exegetas se aplicaram a pôr em
termos humanos o que não deixa de permanecer um mistério.
O Espírito Santo é Deus, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Sendo Deus possui os
mesmo atributos que o Pai e o Filho possuem: a eternidade, a onipotência, a onisciência e
onipresença. Sendo uma Pessoa, ensina (Lc 12,12); fala (Atos 10,19); conduz (Jo 16,13); sela (Ef
1,13); convida (Ap 22,17); testifica (1Jo 5,7s). O Espírito Santo age, faz, realiza tudo como uma
pessoa e pode ser ― entristecido (Ef 4,30); ― resistido (At 7,51), sendo a blasfêmia contra Ele o
mais grave pecado (Mc 12,31).
A maravilha do mistério revelado por Cristo é que nós somos chamados a participar do amor entre
o Pai e o Filho, na pessoa do Espírito Santo. "O amor de Deus foi derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo, que nos foi dado" (Rom 5,5).
Se nos falta o conhecimento intelectual da Pessoa do Espírito Santo, este é largamente suprido
pela experiência que dele nos é dada. Quanto mais aderimos a Ele pela fé, quanto mais
acolhemos e nos relacionamos com Ele, quanto mais desejamos a sua presença em nós e mais
ouvimos a sua voz, mais experieciamos que Ele é. Podemos dizer, então, como disseram os
samaritanos: "Não cremos pelo que nos disseram, mas pelo que nós próprios ouvimos e
sabemos" (Jo 4,42).

2. A Missão do Espírito Santo


Deus está em todas as suas criaturas pelo seu poder, pela sua presença e por sua essência. Nem
todas, porém, são capazes de o alcançar, nomeando-o, amando-o. Somente as criaturas
espirituais, pela graça de Deus, podem atingi-lo, e é missão do Espírito Santo conceder esse dom
que permite à criatura "tocar a Deus, nele mesmo, por um conhecimento de amor.
Essa missão não introduz nenhuma mudança em Deus, mas inaugura algo que, não podendo ser
em Deus, é na alma que é habitada pelas três Pessoas divinas. Dizer que habitam em nós, ou que
as recebemos ou possuímos, é dizer que nos transformam, que iluminam o nosso entendimento e
inflamam o nosso coração, imprimindo em nós os traços da sua semelhança. ― A quantos o
receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).
Assim podemos dizer que toda a missão do Espírito Santo se resume na afirmação de São Paulo:
"Porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba! ó
Pai!" (Gl 4,6).
Desde toda a eternidade, o envio do Espírito Santo estava nos planos de Deus, e para esse fim
ordenou todas as coisas, visto que a salvação consiste na aceitação desse Espírito para sermos
verdadeiramente filhos de Deus e discípulos de Cristo. "Se alguém não tem o Espírito de Cristo,
não lhe pertence" (Rom 8,9).
A habitação do Espírito Santo no homem, torna-o participante da natureza divina, habilitando-o a
gozar da presença das Pessoas divinas em si, e aperfeiçoando nele a imagem de Deus, que só
atingirá a sua perfeição na glória. Assim, podemos dizer que a missão do Espírito Santo continua
sempre. São novas missões em cada intensificação da graça ou do fervor, ou em cada extensão
da graça pela concessão de um novo dom.

3. O Espírito Santo, a Igreja e o cristão.


a. O Espírito Santo e a Igreja
A presença do Espírito Santo na Igreja foi assegurada por Cristo. Enviou-o para ficar conosco
"para sempre" (Jo 14,16). Essa presença se faz sentir na vida individual de cada homem, e na
medida em que cada um se faz presente nela. Mas, também se faz sentir na Igreja, Corpo Místico
de Cristo, do mesmo modo que estava presente em toda a vida de Jesus sobre a terra. Deste
corpo, do qual Cristo é a cabeça, e nós os membros, o Divino Espírito é a alma que o anima,
orienta, fortifica, vivifica.
A presença do Espírito Santo nunca deixou de se fazer sentir na Igreja através de todos os
séculos. Sempre, no momento oportuno, a sua ação se fez sentir de modo inequívoco, pelos
grandes movimentos que suscitou, correspondendo as necessidades dos momentos históricos.
Logo no seu início, a Igreja presenciou a abundância dos dons e carismas do Espírito. Esses dons
variados, produzidos por "um mesmo e único Espírito" (1Cor 12,11), eram concedidos para ― a
utilidade de todos (1Cor 12,7). A plenitude do Espírito dava a unidade que multiplicava as forças
de um pequeno grupo, fazendo com que aumentasse todos os dias na Igreja o número daqueles
que se haviam de salvar. (cf. At 2,47).
Hoje, a ação do Espírito Santo nada perdeu da sua fecundidade na Igreja.
b. O Espírito Santo e o cristão
O dom do Espírito Santo não foi apenas feito aos apóstolos e à Igreja, mas a cada um dos fiéis
em particular. É um dom oferecido gratuitamente, e a ser apropriado por cada um na medida do
seu amor e da sua fé. A medida da nossa santificação pessoal, e, nosso engajamento efetivo na
Missão conferida pelo Senhor, é a medida da nossa fidelidade ao Espírito Santo. Ser fiel ao
Espírito Santo é ser fiel ao Espírito de Cristo.

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O Espírito age no cristão, podemos dizer, de duas maneiras: o santifica produzindo nele seus
frutos – testemunho de santidade para o mundo – , e capacita-o para o anúncio do Evangelho
com
Seus carismas.
O Espírito Santo habita em nós (1Cor 3,16), é o nosso hóspede, sempre pronto a nos esclarecer,
amparar, fortificar. Ele nada força, espera a nossa cooperação, a nossa adesão, para nos fazer
conhecer o Pai e o Filho, para nos fazer penetrar no mistério de Cristo, para nos dar o verdadeiro
"espírito de adoção filial pelo qual chamamos a Deus: Papai!" (Rom 8,15), E ainda vem "em
auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que devemos pedir como nos convém; mas o
próprio Espírito implora por nós com gemidos inexprimíveis" (Rom 8,26).
O Espírito Santo leva-nos a Jesus; faz-nos Jesus, transformando-nos nEle. É essa a sua
obra;ninguém pode conformar-se com Jesus senão na unidade do Espírito Santo. É este o ciclo
divino na santificação das almas: ninguém pode ir ao Pai a não ser por Jesus; ninguém pode ir a
Jesus a não ser pelo Espírito Santo. (cf. Ef 2,18)

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

2a. Semana: Pessoa e Missão do Espírito Santo


Orientação e motivação para a semana
Se nos falta o conhecimento intelectual da Pessoa do Espírito Santo, este é largamente suprido
pela experiência que d‘ Ele nos é dada. Quanto mais aderimos a Ele pela fé, quanto
mais acolhemos e nos relacionamos com Ele, quanto mais desejamos a Sua presença em nós e
mais ouvimos a Sua voz, mais experienciamos que Ele é. Podemos dizer, então, como
disseram os samaritanos: "Não cremos pelo que nos disseram, mas pelo que nós próprios
ouvimos e sabemos" (Jo 4,42).
Textos para a oração diária durante a semana
1º.Dia: João 14,15-21
2º. Dia: João 14,23-31
3º. Dia: Jo 15,26
4º. Dia: 1Cor 3,16
5º. Dia: Rm 8,9
6º. Dia: Gl 4,6

30
seminário de vida no Espírito Santo

TEMA 03: A promessa do Pai

1. A promessa
a. Jesus promete o Espírito
Durante o Seu ministério público, Jesus promete aos discípulos o dom do Espírito Santo para os
tempos que sucederão depois Dele, promete-O como dom permanente à Igreja para que, após a sua
morte, ela não fique na orfandade. (Jo 15, 18-21).
Um pouco antes de Sua morte Jesus disse aos seus discípulos umas palavras misteriosas: ― No
entanto, eu vos digo a verdade: é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito
não virá a vós. Mas se eu for, enviá-lo-ei a vós (Jo 16,7).
Quando ressuscitou, Jesus apareceu aos seus discípulos falando-lhes de coisas referentes ao Reino
de Deus, deu-lhes a ordem de não se afastarem de Jerusalém, mas esperarem o cumprimento da
Promessa do Pai, da qual tanto lhes havia falado durante seu ministério. (cf. Lc 24,49; Atos 1,5; 1,8)
Quando Jesus falava da vinda do Espírito Santo chamava-a ― A Promessa do Pai. Tratava-se,
portanto, de um compromisso de Deus com os homens através de Jesus, que veio trazer uma vida
nova, mas ela não poderia ser vivida sem o Espírito Santo e sem um Coração Novo. Portanto era
necessário que Deus cumprisse a Promessa feita através dos profetas Ezequiel e Jeremias (Ez
11,19-20; Jr 31,33). O coração do homem só pode ser mudado por Deus. É preciso, pois, a
renovação interior do homem pelo Espírito de Deus que o transformará.
b. O Espírito prometido nos dará vida nova
O Espírito é prometido como dom pessoal, não como uma força que capacita alguém para uma
missão específica, como ocorreu no Velho Testamento. Ele é prometido para ficar conosco
permanentemente e não ocasionalmente como já havia acontecido.
A novidade do Evangelho não é Jesus dando uma nova lei, mas dando-nos Seu Espírito para que
Ele, Jesus, possa viver em nós. Dá-nos Seu Espírito não só para que O conheçamos, mas para que
possamos viver Sua vida, tendo um procedimento, não segundo a carne, mas segundo o Espírito.
(Rm 8,15; Gl 5,6)
A obra da Salvação não consiste somente em sermos perdoados de nossos pecados, mas na
transformação de nosso coração pecador em um coração como o de Jesus. Para quem vive no
Espírito, a única lei é a lei da fé que dá a vida.
O Espírito vem transformar o coração do homem. Assim, aquele que atua animado pelo Espírito o faz
em virtude da própria exigência do amor que habita nele e não pela força de uma imposição exterior.
A ação do Espírito no homem o faz modificar todos os seus apetites, critérios e valores. Já não segue
os desejos da carne. O homem espiritual habitado pelo Espírito, transformado pelo Espírito, deseja,
quer e faz as obras do Espírito. Vivendo segundo o Espírito não seremos escravos das obras da
carne. (cf. Gl 5,17-18)

2. Pentecostes: o Cumprimento da Promessa


a. Pentecostes
Passados alguns dias de Sua ressurreição, Jesus cheio do Espírito Santo, cumpriu sua promessa:
enviou do céu a torrente do Espírito sobre seus discípulos que estavam em oração com sua mãe
Maria. Conta o livro dos Atos dos Apóstolos capítulo 2, versículos 1 a 4.
Jesus sempre cumpre o que promete. Passará o céu e a terra, mas Jesus não deixará jamais de
cumprir uma de Suas palavras. Como havia prometido tantas vezes aos seus discípulos, enviou do
céu o Espírito Santo.
Se o batismo na água marcou o princípio da missão evangelizadora de Cristo, a inauguração da era
messiânica, propriamente dita, da manifestação do "Filho de Deus" aos "filhos de Deus", o batismo no
Espírito Santo, em Pentecostes, marcou a instauração do reino de Deus sobre a terra, pelo seu
Espírito. É o estabelecimento de uma nova vida espiritual, vida da graça, princípio e penhor, já neste
mundo, da vida da glória, na eternidade. Era chegada a hora da adoração que o Pai quer, a
verdadeira adoração, "em espírito e em verdade" (Jo 4,23).
É a consumação e a coroação do grande mistério da Páscoa, a sua plenitude, no dizer de Santo
Agostinho (Sermão 43). Assim, Pentecostes não é somente a festa do Espírito Santo, mas de Cristo,
fechando um capítulo da História da Salvação, e abrindo outro, pelo Seu Espírito. Podemos dizer
também que é a grande "festa de aniversário da Igreja", o natal do Espírito Santo.
A passagem de Cristo sobre a terra tinha que ser transitória. No entanto, ele soube ficar "até à
consumação dos séculos" (Mt 28,20) pelos seus dois magníficos dons: a presença Eucarística e a
presença do Seu Espírito.
Jesus que não se aventurou em Sua missão apostólica sem a unção especial do Espírito no batismo,
não quis que os seus discípulos iniciassem os seus trabalhos sem essa unção. Vimos o cuidado de
Jesus em mandar que permanecessem em Jerusalém até serem ― revestidos da força do alto (cf Lc
24,49). "Vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias. (Atos 1,5)
Pentecostes não foi apenas um acontecimento da Igreja nascente, Pentecostes continua e é ainda
hoje: "e rogarei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito para que convosco permaneça para sempre"
(Jo 14,16). Fundada a Igreja de Cristo, espalhou-se por toda a terra, governada pelo Espírito Santo,
juntamente com o Pai e o Filho.
Pentecostes continua incessantemente pela ação interior do Espírito. Permanecem a graça e a
virtude de um Pentecostes perene, embora o Pentecostes histórico tenha passado. A ação universal
do Espírito não deixa por isso de ser sempre fecunda. Quando celebramos a festa de Pentecostes,
não recordamos um mistério passado, um acontecimento longínquo, mas a presença continuada do
Espírito Santo na sua Igreja, como celebra a liturgia do dia: "... por meio de Cristo Senhor nosso, que
tendo subido aos céus, derrama hoje o Espírito Santo que havia prometido" (Prefácio da Missa de
Pentecostes). Está na nossa mão o pedir e o receber.
b. Efeitos do Pentecostes para os Apóstolos
Pentecostes não foi outra coisa senão Cristo glorificado, cheio do Espírito Santo, que abriu seu
coração para derramar seu Espírito sobre os seus e assim transformá-los em novas criaturas. Tão
generosa e abundante, porém, foi a doação do Espírito que o próprio Jesus havia chamado de
― Batismo no Espírito Santo.
Batizar significa submergir, estar totalmente inundado, cheio. O Batismo no Espírito Santo em
Pentecostes foi uma plenitude do Espírito Santo que inundou os Apóstolos de tal forma que os
encheu completamente. A efusão do Espírito Santo recebida por eles foi total. A raiz de seu Batismo
no Espírito Santo mudou totalmente as coisas para eles:
 Conheceram verdadeiramente a pessoa e a missão de Jesus: o Espírito Santo lhes revelou
quem era Jesus e lhes mostrou a verdadeira dimensão salvífica para a qual o Pai o havia enviado.
 Transformou seus corações: a efusão do Espírito mudou seus corações de pedra em corações
de carne, deu-lhes o mesmo coração de Jesus. (cf At 4,32)
 Jesus, centro de sua vida: testemunhavam alegremente que ― Jesus Cristo é o Senhor e se
entregaram totalmente ao seu serviço.
 Começaram a testemunhar com palavras poderosas: Pedro com uma pregação converteu três
mil pessoas. Experimentaram a força do Alto, que os fazia falar em outras línguas, curar enfermos,
ressuscitar mortos e sinais, prodígios e milagres que manifestavam visivelmente Cristo
Ressuscitado no meio deles (At 4,30-31).
 A comunidade cristã: nasce a comunidade cristã, que inaugua o regime do amor fraterno nas
relações humanas servindo de identificação dos cristãos – ― Vede como se amam – a ponto
de não existir necessitados entre eles. (cf Atos 4,32)
 Nasce a Igreja: O Espírito Santo não é só a alma e a vida da Igreja, é o seu criador. Somente os
que têm o Espírito de Cristo podem pertencer a Ele. A Igreja de Jesus está animada por um só e
único Espírito, o Espírito de Jesus que é o Espírito Santo.
e) A experiência do Espírito e conversão
Experiência do Espírito é, sobretudo a conversão. "Ninguém, escreve S. Paulo, pode dizer: 'Jesus é o
Senhor' a não ser no Espírito Santo"(1Cor 12, 3). Trata-se da confissão fundamental da fé. Mas esta
confissão não significa apenas pronunciar uma fórmula. Dizer "Jesus é o Senhor" significa deixar de
lado os ídolos do dinheiro, do prazer, do domínio, e fazer de Jesus o centro da própria vida. Realizar
assim uma virada radical na existência. Isto só é possível quando a pessoa é movida pelo Espírito
Santo.
O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

3a. Semana: A promessa do Pai


Orientação e motivação para a semana
Quando Jesus falava da vinda do Espírito Santo chamava-a ― A Promessa do Pai. Tratava-se,
portanto, de um compromisso de Deus com os homens através de Jesus, que veio trazer uma vida
nova, mas ela não poderia ser vivida sem o Espírito Santo e sem um Coração Novo. Portanto era
necessário que Deus cumprisse a Promessa feita através dos profetas. O coração do homem só
pode ser mudado por Deus. É preciso, pois, a renovação interior do homem pelo Espírito de Deus
que o transformará.
Textos
1º. Dia: Ezequiel 11,19-20 4º. Dia: Lucas 11,9-13
2º. Dia: Jeremias 31,33 5º. Dia: João 7,37-39
3º. Dia: Lucas 4,16-20 6º. Dia: Atos 1,4-8

32
Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 04: Batismo no Espírito Santo

1. Batismo no Espírito Santo e vida no Espírito


a. Batismo no Espírito Santo, uma experiência definida
A expressão ― batismo no Espírito Santo possui dois sentidos e distingue de maneira precisa dois
momentos na vida do fiel. O primeiro é propriamente teológico e neste sentido todo cristão é
batizado no Espírito Santo pelo fato de ter recebido os Sacramentos da iniciação cristã. O
segundo é o sentido experiencial e se refere ao momento em que a presença do Espírito Santo
recebida pela fé se torna experiência vivida desta mesma presença, ou seja, se torna sensível à
consciência pessoal. Quando, na RCC se fala no batismo no Espírito Santo, se refere a essa
experiência sensível e consciente que é o sentido experiencial.
No livro dos Atos, quando do aparecimento de Jesus ressuscitado aos seus Apóstolos diz a eles
que serão batizados no Espírito (Atos 1,5). Promessa realizada plenamente em Pentecostes.
Pentecostes inaugura um novo regime para a vida do homem em relação a Deus e aos irmãos:
saímos do regime da lei e entramos no regime do Espírito. A experiência de Pentecostes constitui,
de uma certa forma, o parâmetro para a experiência que chamamos de batismo no Espírito Santo.
Experiência narrada também em outros textos dos Atos dos Apóstolos e sempre acompanhada de
manifestações de ordem carismáticas, como louvor, línguas, profecias (Atos 2,4; 10,46; 19,6).
O batismo no Espírito Santo é uma experiência definida (― como podem ver e ouvir – Atos
2,33) que introduz à vida no Espírito, e que realiza em nós uma mudança permitindo
que experimentemos Sua presença e operação em nós.
O que é, então, ser batizado no Espírito? Talvez a descrição mais clara seja dizer que no batismo
no Espírito, o Espírito vem de um modo que a pessoa batizada o sabe. Como resultado desta
vinda, ela experimenta um novo contato com Deus. Não só o Espírito vem à pessoa de um modo
novo, mas opera nela uma mudança. A sua vida se torna diferente, porque o seu relacionamento
com Deus se modificou. Deus está nela de uma maneira que não estava antes. Deus fez nela a
sua morada de um modo novo.
Como resultado da transformação que o Espírito Santo realiza na pessoa, ela começa a
experimentar a presença de Deus. Conhece a Deus como nunca, por uma experiência. Também
experimenta o Espírito Santo agindo nela de um modo novo. O Espírito guia-a, fala-lhe, ensina-
lhe, fá-la conhecer a Deus e saber que Deus a ama.
O batismo no Espírito é uma introdução, um princípio para a vida no Espírito. O que torna possível
a vida no Espírito numa pessoa é a presença do Espírito Santo nela. Portanto, a única maneira de
experimentar a vida no Espírito é o Espírito Santo estar nela de um modo novo.
b. Batismo no Espírito Santo e fraternidade
Esta experiência é um princípio. É preciso continuar viver a vida no Espírito, crescer. Esta ― vida
nova deve ser partilhada, portanto, exigindo a comunidade fraterna que envolve-nos em um novo
relacionamento, um mútuo dar e receber do dom do Espírito, que está em todos.
O batismo no Espírito é uma introdução à vida do Espírito, e também uma introdução na
comunidade cristã. Necessitamos de uma comunidade que viva no Espírito para vivermos também
no Espírito. O batismo no Espírito não é somente um modo de entrar numa vida nova com o
Espírito, mas deveria significar também a entrada numa comunidade. (Cor 12-13)
c. Batismo no Espírito Santo, princípio de vida nova
O batismo no Espírito é um começo, uma introdução. Coloca-nos num relacionamento com Deus
que torna possível para nós viver a vida no Espírito. Precisamos compreender que se trata de um
começo. Não podemos pensar que essa experiência espiritual é um fim em si mesmo, isso nos
leva a atitudes equivocadas como julgar que a experiência no Espírito Santo foi definitiva, e,
portanto não há mais nada a esperar e progredir.
Experimentamos o Espírito Santo de um modo novo, e essa experiência torna possível viver com
Ele de um modo novo; mas não é uma garantia de que será sempre assim. Pessoas que foram
batizadas no Espírito podem vir a estar mais longe de Deus e da vida no Espírito do que as que
não receberam esse batismo. E o que interessa a Deus não são as pessoas que fizeram a
experiência desse batismo, mas aquelas que estão vivendo no Espírito.
Em suma, o batismo no Espírito envolve um novo relacionamento com Deus e com uma
comunidade cristã. É um princípio. Sem ele, não podemos viver a vida no Espírito. Mas, é apenas
um princípio. Temos que aprender a viver a vida no Espírito em uma comunidade de cristãos que
estão vivendo juntos essa mesma vida.

2. Batismo no Espírito Santo de maneira resumida


Em que consiste ― ser batizado no Espírito Santo, ou ― batismo no Espírito?

a. É uma nova missão do Espírito


Esta nova efusão do Espírito Santo pode explicar-se à luz da teologia das ― missões divinas, que o
Espírito Santo seja enviado ou venha de novo, não quer dizer que se tenha ido embora, mas que
surge na criatura um relacionamento novo com o Espírito: ou porque antes nunca estivera ali ou
talvez porque começa a estar de maneira diferente da que estivera antes. (cf. São Tomás de
Aquino, Suma Teológica IQ 43 a 1 e a 6).
b. É uma graça que renova e atualiza as graças já recebidas
Em termos sacramentais, esta nova efusão do Espírito é uma graça que renova, atualiza de
maneira existencial e põe em atividade o rico caudal de graças que Deus tem dado a cada um
através dos Sacramentos recebidos.
c. É uma graça que liberta de obstáculos
O Espírito Santo, O qual habita em nós como em seu próprio templo (1Cor 6,19). Está ali com
toda a plenitude de Seu ser infinito e com toda a potencialidade de Sua atividade divina. Devido,
no entanto, a obstáculos, diques e barreiras que colocamos voluntária ou involuntariamente, a
ação do Espírito não chega a manifestar-se em toda Sua plenitude. O batismo no Espírito Santo é
uma graça de Deus que rompe a dureza de nosso coração, remove as traves, derruba os
obstáculos e nos dispõe para que o Espírito atue em nós com toda liberdade.
d. É uma nova experiência do Espírito
― Sobre o modo pelo qual Deus está em todas as coisas há outro especial que convém à criatura
racional, na qual Deus se encontra como o conhecido naquele que conhece e o amado naquele
que o ama. E, conhecendo e amando, o homem toca o próprio Deus que habita nele como em seu
templo. E isto acontece somente pela graça santificante. Outrossim, dizemos que em verdade
possuímos algo, quando podemos livremente usar ou desfrutar dele. Pela graça santificante, pois,
não só possuímos o Espírito Santo que em nós habita, como temos o poder de desfrutar da
Pessoa divina (São Tomás de Aquino, Suma Teológica IQ 43 a 6).
e. É princípio de vida nova e fonte de frutos e carismas
A abertura ao Espírito e à Sua ação é princípio de vida nova que se manifesta em ― frutos de
santidade e em ― carismas para edificar-se a Igreja.
f. É o início de um novo caminhar no Espírito
O batismo no Espírito Santo foi para os Apóstolos o início de uma vida nova para o Povo de Deus
(At, 5-8;2-1), assim também esta efusão do Espírito não é na Renovação um fim, mas somente o
princípio, o arranque de uma vida nova, realmente em plenitude na vida cristã (Gl 5,16-25).

3. O que o Batismo no Espírito não é


— Não é uma conversão. Ser batizado no Espírito não significa se converter para o Senhor, ou
se converter mais profundamente. A conversão é uma volta para Cristo. Impulsionados pela graça
divina, voltamos para Ele. O batismo no Espírito é algo que Cristo faz; é Ele quem batiza no
Espírito, dá-nos algo de novo, sentimo-nos mais perto d‘ Ele. A nossa parte no batismo no
Espírito

34
é "receber", ou "deixar-nos ser batizados". O Pai, por Cristo, dá-nos o Espírito de um modo novo.
A nossa parte é aceitar a dádiva, recebê-la, fazer o Espírito bem-vindo em nós.
— Não é uma compreensão: O batismo no Espírito não é uma nova compreensão da doutrina do
Espírito Santo. É, sim, uma mudança no relacionamento com Deus. O resultado é que o Espírito
Santo começa a agir em nós de uma maneira nova. Começa a falar-nos, a guiar-nos, a ensinar-
nos, a trabalhar através de nós, a fazer-nos sentir a presença de Deus em nós, e o seu amor por
nós. Compreendemos, sim, a doutrina do Espírito Santo de um modo novo. Subitamente, áreas
inteiras da verdade cristã se abrem para elas.
— Não é uma devoção: O batismo no Espírito não é uma maior devoção ao Espírito Santo. A
maior devoção será o resultado desse batismo, mas as duas coisas não se confundem. Somos
batizados quando o Espírito começa a operar novas coisas em nós. Isso não acontece por uma
maior devoção, mas pela recepção do Espírito.
— Não é um sinal de maturidade espiritual ou de santidade: Não sendo sinal de maturidade
espiritual ou de santidade, dá, todavia, à pessoa, um relacionamento com o Espírito Santo que lhe
permitirá crescer mais rápida e facilmente em santidade, do que poderia fazer por si só. O dom do
Espírito nos é concedido para que se torne mais fácil o crescimento espiritual, o que realmente se
dá. Os que são batizados no Espírito podem crescer mais rapidamente que os que não o são.
— Não é o mesmo que perfeição espiritual: Uma pessoa que recebeu o batismo no Espírito
ainda tem que passar por um processo de amadurecimento espiritual. Um dos grandes perigos
para os que foram repletos do Espírito é o erro de pensar que chegaram, por isso, à maturidade
espiritual. O batismo no Espírito apenas introduz a pessoa a um novo relacionamento com o
Espírito Santo.
— Não é tudo de que necessitamos: O batismo no Espírito é apenas uma parte do que
necessitamos para estar plenamente em Cristo. Se uma pessoa foi batizada no Espírito, mas não
se converte a Cristo totalmente, não será grande coisa como cristã; se não compreende as
verdades básicas do Cristianismo, ou não ama a Deus, não será grande cristã. Padre Haroldo
Rahm falava: ― Uma pessoa que tem o tanque cheio de gasolina não irá longe com quatro pneus
furados. Assim, nós também precisamos de tudo o que faz parte da vida de um bom cristão.(cf.
Sereis batizados no Espírito)

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

4a. Semana: O Batismo no Espírito Santo


Orientação e motivação para a semana
O que é, então, ser batizado no Espírito? Talvez a descrição mais óbvia do que acontece à
pessoa batizada no Espírito Santo seja dizer que o Espírito vem a ela de um modo que ela o sabe.
Como resultado desta vinda, ela experimenta um novo contato com Deus. Não só o Espírito vem à
pessoa de um modo novo, mas opera nela uma mudança. A sua vida se torna diferente, porque o
seu relacionamento com Deus se modificou. Deus está nela de uma maneira que não estava
antes. Deus fez nela a Sua morada de um modo novo.

Textos para a oração diária durante a semana

1º. dia – Lucas24,49 4º. dia – Atos 4,23-31


2º. dia – Atos 2,1-12 5º. dia – Atos 8,14-17
3º. dia – Atos 2,29- 6º. dia – Atos 10,44-48
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35
Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 05: É Jesus quem batiza no Espírito Santo


Condições para o batismo no Espírito Santo

1. É Jesus quem batiza no Espírito Santo


a. A pregação de Pedro
Quando os judeus, no dia de Pentecostes, viram os primeiros cristãos, que acabavam de ser
batizados no Espírito, e ouviram a explicação de Pedro sobre o que acontecera, perguntaram: "Que
devemos fazer?" É essa a nossa pergunta: Como devemos fazer?
A pregação de Pedro era a proclamação do querigma que se resume na afirmação: Jesus Cristo é o
Senhor! Por isso podemos receber o Espírito Santo. Porque Ele morreu, ressuscitou e ― exaltado pela
direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo, objeto da promessa, e o derramou. É isto que vedes
e ouvis (Atos 2,33)
Desta forma São Pedro afirmava que Jesus realiza Sua missão profetizada por João Batista: depois
de mim vem o mais forte do que eu, a quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das
sandálias. Eu vos tenho batizado com água. Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo (Mc 2,7-
8).
O próprio Jesus revelou que Ele daria o Espírito Santo àqueles que quisessem ter uma vida nova
quando no ― último dia da festa, que é o mais solene, de pé, disse em alta voz: Se alguém tem sede,
venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, de seu seio jorrarão rios de água viva.
(Jo 7,37-38). São João Evangelista acrescenta com um comentário revelador: ― Ele falava do Espírito
que deviam receber os que nele cressem (Jo 7,39).
Portanto é Jesus quem batiza no Espírito Santo. É a Ele que devemos ir se desejamos ser batizados
no Espírito Santo. Os que querem o Espírito Santo e a vida nova que ele traz têm que ir ao Senhor
Jesus.
b. A Promessa é para todos
No dia de Pentecostes, São Pedro assegurou que o Espírito Santo era para todos. O Senhor quer
que todos sejam batizados no Espírito: "... A promessa é, de fato, para vós, assim como para todos
os vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, todos quantos foram chamados por Deus
nosso Senhor" (At 2,39).
Esta primeira pregação Apostólica se inicia com a citação da profecia de Joel, onde o Senhor Deus
revela que derramará de Seu Espírito sobre toda a carne, sobre escravos e escravas, sobre jovens e
anciãos. (cf. Atos 2, 17-18)

2. O que devemos fazer?


A pessoa que quer ser batizada no Espírito não tem um papel passivo. A sua parte é vir ao Senhor
para ser batizado no Espírito. A oração com a imposição das mãos não é um substituto para esse
― voltar-se para o Senhor. É apenas um auxílio, e, se a pessoa não se volta para o Senhor para
receber d‘ Ele o Espírito, não será batizada no
Espírito.
a. Conversão, desejo sincero e obediência
A condição necessária, portanto, para que a pessoa possa receber esse batismo no Espírito, é
simplesmente estar voltada para Jesus, como sendo Ele o Senhor, o Salvador, o que batiza. A
instrução que Pedro deu aos judeus no dia de Pentecostes foi:
"Convertei-vos e seja cada um de vós batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos
pecados, e recebereis então, o dom do Espírito Santo (At 2, 38).
A condição, portanto, é estar "no Senhor", voltar-se para Cristo. Nessas condições, Ele pode batizar-
nos no Espírito. Algumas pessoas são batizadas no Espírito anos depois de terem aceitado Cristo
como seu Salvador, porque ainda não tinham voltado suas vidas completamente para Ele. Não
tinham aceitado Jesus como Senhor.
A conversão é um processo que se completa na eternidade, aqui se trata de um desejo ardente e
sincero de entregar a vida a Jesus, é estar disposto a aceitá-Lo verdadeiramente como Senhor, é
― dobrar os joelhos diante de seu Nome. (cf. Fl 2,10-11) É estar disposto a obedecê-Lo, pois somente
aos obedientes Ele dá de Seu Espírito. (cf. Atos 5,32)
Este desejo ardente de ser batizado no Espírito deve ser semelhante aos daqueles, que ouvindo o
Evangelho anunciado por Pedro, sentiram os corações abrasados. (cf Atos 2,37)
Mas, seja como for, a condição que nos qualifica para receber o batismo no Espírito é "estar no
Senhor".
b. Pedir com fé em oração
O Espírito Santo é dado pela oração. Os Apóstolos reunidos com Maria, Mãe da Igreja e nossa,
aguardavam o cumprimento da Promessa em oração. (cf. Atos 1,14)
Uma vez que a pessoa pertença ao Senhor, pode rezar para receber o Espírito. Só tem que ter fé,
isto é, deve pedir simplesmente, com sede do Senhor (Jo 7, 37), sabendo que ele quer que ela seja
batizada no Espírito e está lhe oferecendo a oportunidade. São Lucas escreve:
"Por isso eu digo a vós: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Na verdade,
todo aquele que pede recebe; e quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á. E, qual é o pai
entre vós, que, se seu filho lhe pedir um pão, dar-lhe-á uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez
de um peixe dar-lhe-á uma serpente? Ou ainda, se pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós,
portanto, sabeis oferecer coisas boas a vossos filhos, quanto mais o Pai celeste dará o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem". (Lc 11, 9-13)
Portanto, o que é preciso é pedir com fé para ser batizado no Espírito. Deus está ansioso por
conceder. De fato, Deus o deseja mais do que nós mesmos. Quer que O recebamos porque nos ama
e quer viver em nós pelo seu Espírito. Temos apenas que vir a Ele e receber d‘ Ele essa
dádiva.
c. Retirar os obstáculos
Pode existir uma variedade de obstáculos que impedem receber a plenitude do Espírito. Por vezes,
as pessoas não O querem, ou não querem tudo o que Deus oferece. Pedem, mas dizem a Deus que
só querem certas coisas (cf. Tg 4,2-3), e assim Deus não lhes pode dar a vida plena do Espírito.
Outras vezes, as pessoas não crêem que o batismo no Espírito seja uma coisa realmente definida.
Querem apenas "uma bênção", um pouco mais de devoção a Deus. E é, em geral, tudo o que
recebem, não compreendendo que Deus quer dar-lhes muito mais.
Muitas vezes, o problema é o medo. Julgam ser errado pedir coisas para si mesmos, ou receiam que
o que possa acontecer seja "pessoal", isto é, psicológico, e não espiritual; ou ainda, que Deus não o
dará. A única resposta a esse medo é a confiança no amor de Deus. Ele ama-nos e quer que
tenhamos o Espírito. Se o pedirmos, Ele no-lo dará.
d. A comunidade cristã
Muitas vezes, as pessoas têm dificuldade em vencer os obstáculos. No fundo, é tudo uma questão de
fé, e esse é um obstáculo difícil de vencer sozinho. Talvez seja por isso que a vida no Espírito é
melhor vivida em comunidade. A comunidade pode comunicar a fé a quem não a tem, mais
facilmente.
Se uma pessoa vem a uma comunidade de cristãos que foram batizados no Espírito e que crêem na
plena ação do Espírito, sabendo que a experiência do Espírito é oferecida a todos, essa pessoa,
desejando verdadeiramente, recebe o batismo no Espírito sem dificuldade. E assim deve ser. Já que
a vida no Espírito é vivida num corpo, o corpo de Cristo, a pessoa deve ser batizada no Espírito, no
corpo de Cristo. Com o batismo no Espírito, ela entra na vida da comunidade cristã.
Pode haver o batismo no Espírito sem o auxílio de qualquer cristão. O Senhor mesmo, que é quem
batiza, e o Espírito Santo, são tudo o que é essencial. Muitas pessoas oraram a sós para receber o
Espírito, e foram batizadas n‘ Ele sem outro auxílio. Mas isso não é o comum, sendo mais difícil
ser batizado no Espírito sozinho, porque o Senhor quer que façamos parte de uma comunidade.
Na Igreja primitiva, o modo comum como os cristãos ajudavam alguém a receber o Espírito era
pela oração com a imposição das mãos.
O Pai quer que experimentemos o Seu amor. Quer dar-nos o Seu Espírito. Quer que a Sua gente
saiba guiar os outros à vida plena no Espírito. Quer fazer por nós tudo o que fez pelos primeiros
cristãos, e talvez ainda mais.

3. A oração com imposição das mãos


Na Igreja primitiva, o modo comum como os cristãos ajudavam alguém a receber o Espírito era pela
oração com a imposição das mãos.
Os samaritanos tinham recebido a fé e sido batizados, mas não tinham recebido o Espírito Santo.
Pedro e João, enviados até a Samaria, impõe as mãos sobre eles e assim recebem o batismo no
Espírito Santo. (cf Atos 8,14-18) Este fato não se refere ao Sacramento do Crisma, que mais tarde foi
instituído na Igreja, mas parte integrante da missão evangelizadora.
O mesmo aconteceu quando Ananias: rezou por Paulo, com a imposição das mãos, sendo Ananias
um leigo, para que ele recebesse o Espírito Santo. (cf. Atos 9) Da mesma forma Paulo rezou pelos
cristãos de Éfeso. (cf Atos 19, 1-6)
A maioria das pessoas que foram batizadas no Espírito o foram pela oração com a imposição das
mãos que é a maneira normal de ajudar alguém a receber esse batismo. Parece ser um modo natural
de ajudar a receber a nova vida no Espírito. Quando as pessoas estão dispostas e recebem a
imposição das mãos desse modo, é raro que não experimentem o Espírito.

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA


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5a. Semana: É Jesus quem batiza no Espírito Santo
Orientação e motivação para a semana
A condição necessária, portanto, para que a pessoa possa receber esse batismo no Espírito, é
simplesmente estar voltada para Jesus, como sendo Ele o Senhor, o Salvador, o que batiza.
A condição, portanto, é estar "no Senhor", voltar-se para Cristo. Nessas condições, Ele pode batizar-
nos no Espírito. Algumas pessoas são batizadas no Espírito anos depois de terem aceitado Cristo
como seu Salvador, porque ainda não tinham voltado suas vidas completamente para Ele. Não
tinham aceitado Jesus como Senhor.

Textos para a Oração diária durante a semana

1º. Dia: Atos 2,33


2º. Dia: Lucas 11,9-13
3º. Dia: Marcos 2,7-8
4º. Dia: Atos 8,14-18
5º. Dia: João 20,22-23
6º. Dia: Atos 2,32-33

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Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 06: A Vida no Espírito Santo

1. Batismo no Espírito início da vida no Espírito


― Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito. (Gl 5,25)
O batismo no Espírito Santo é uma introdução à vida do Espírito, que opera em nós uma mudança,
permitindo-nos experimentar a Sua presença e a Sua ação em nós. É Deus morando em nós de um
modo novo. É um princípio e não uma garantia que o Espírito permanecerá em nós sempre da
mesma maneira. É preciso continuar a viver a vida do Espírito, e, mais ainda, cultivá-la, crescer nela.
Além disso, essa vida deve ser partilhada com a nossa comunidade. Envolve-nos em um novo
relacionamento com ela, num mútuo dar e receber do dom do Espírito, que está, ou deve estar, em
todos.
a. A vida no Espírito e os primeiros cristãos
Para os primeiros cristãos, o Espírito Santo foi uma experiência antes de ser uma doutrina. Jesus
prometeu enviar o Espírito aos Seus discípulos e que Ele agiria entre eles de forma perceptível,
experimentável: permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto ― a [força] do Espírito
Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas (Lc 24,49 e At 1,8).
Na vida da Igreja primitiva, o Espírito Santo era alguém que estava com eles e agia entre eles.
Quando os cristãos de Jerusalém oraram pedindo coragem para anunciar a mensagem do
Evangelho, "tremeu o lugar onde estavam reunidos; e todos ficaram cheios do Espírito Santo e
anunciavam com desassombro a palavra de Deus (At 4,31).
O Espírito Santo os guiava. Filipe foi conduzido pelo Espírito quando disse a ele para aproximar-se da
carruagem do eunuco e foi depois arrebatado por Ele (At 8,29-39). Paulo também foi conduzido pelo
Espírito nas suas viagens missionárias indo aonde o Espírito permitia que fosse (At 16,6-7). Muitas
outras coisas realizou o Espírito Santo entre os primeiros cristãos.
b. A vida no Espírito é experiência de Sua Presença
A vida do Espírito é uma vida na qual o cristão pode ter a experiência do Espírito Santo vivendo nele
e agindo através dele. A maioria dos cristãos, hoje, não vive a vida do Espírito. Vive a vida cristã
baseada na doutrina, no conhecimento doutrinário e na prática religiosa. Tentam pautar as suas vidas
pelos ensinamentos de Cristo. Mas não experimentam a Sua presença.
Quando uma pessoa está vivendo a vida do Espírito, sabe por experiência que o Espírito Santo está
nela. Não precisa "aceitar isso na fé", no sentido de crer sem "qualquer" experiência que o prove.
Quando uma pessoa está vivendo a vida do Espírito, começa a experimentar o Espírito Santo agindo
de forma a permitir-lhe louvar a Deus e adorá-Lo com uma nova liberdade. Experimenta o Espírito
Santo vivificando as Escrituras e dando sentido à doutrina cristã. Experimenta uma nova capacidade
para falar de Cristo às pessoas, e uma alegria e uma paz mais profundas.
A vida do Espírito implica também a experiência de uma nova espécie de vivência comunitária — a
de uma comunidade vivendo "no Espírito". A vida do Espírito não é para ser vivida individualmente. O
Espírito nos é dado para formarmos o Corpo de Cristo, e a vida do Espírito tanto é vivida pela
comunidade como pelo indivíduo.

2. Sinais da vida no Espírito Santo


Sendo o batismo no Espírito uma introdução à vida do Espírito, esta vida nova, pela ação do próprio
Espírito, logo produz transformações. Eis algumas delas:
a) O Espírito dá-nos um novo conhecimento de Cristo e do Seu amor, uma nova prática da religião,
uma nova apreciação da doutrina cristã e das Escrituras, um novo sentido na oração e a necessidade
de louvar a Deus pelo que Ele é, e não só pelo que nos dá.
b) Estabelece em nós um novo poder e uma nova eficiência no serviço de Deus no próximo, e,
conseqüentemente, uma nova alegria no apostolado.
c) O Espírito liberta-nos de medos, angústias, ressentimentos, emoções desmedidas, e confirma-nos
na paz. Faz com que vejamos as pessoas e as coisas com os olhos de Deus, diferentemente da
nossa pequena visão.
d) Pelo Espírito enxergamos em nós erros e fraquezas que nunca havíamos admitido, fazendo-nos
ver honestamente a impureza das nossas motivações, os subterfúgios a que nos leva o nosso
egoísmo, as nossas resistências surdas à plena redenção de Cristo.
e) Enche-nos de íntima alegria pela esperança que nos dá de virmos realmente a ser bons, como
sempre desejamos ser. Experimentamos a veracidade da palavra de Paulo: "Tudo posso naquele que
me dá força" (Fl. 4,13). E a fidelidade às Suas inspirações garante-nos uma serenidade e uma
segurança nunca dantes experimentadas.
A finalidade dessa ação do Espírito é formar a vida de Cristo em nós por meio de Sua presença,
como formou Cristo em Maria. É dar a vitalidade do homem interior (cf. Ef 3,16). É nos fazer crescer
até a plenitude, até chegarmos todos juntos à unidade da fé, ao pleno conhecimento do Filho de

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Deus, ao estado de homem perfeito, até alcançarmos a medida da plena estatura de Cristo. (cf. Ef
4,13)

3. Caminhar e crescer no Espírito Santo


a. Acolher o Espírito Santo
A vida no Espírito se inicia quando O acolhemos verdadeiramente. Acolhemos com uma profunda
alegria, como quem acolhe uma pessoa muito amada! De braços abertos, de coração aberto, de alma
aberta para tudo o que Ele quiser realizar em nós! Acolher o Espírito é aceitar a nova vida, as
manifestações do amor de Deus, o Seu perdão, a cura dos nossos males, a libertação das nossas
angústias, crendo que Ele tudo pode em nós.
Sem esgotar esta rica realidade, podemos dizer que a vida no Espírito consiste, em resumo: viver sob
o senhorio de Jesus, viver a santidade, viver na missão e viver na comunidade fraterna.
b. A vida sob o senhorio de Jesus
Na sua carta aos Colossenses, São Paulo exorta: ― Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus,
(como) Senhor, assim nele andai, arraigados nele, sobre ele edificados, e apoiados na fé, como
aprendestes e transbordando em ação de graças (Cl 2,6). Significa, portanto viver obediente a Ele, e
fazendo de Seus princípios e valores os princípios e valores de nossa vida.
Acolher a Cristo como Senhor, só é possível pela ação do Espírito Santo (cf. 1Cor 12,3), portanto a
vida sob o senhorio de Jesus manifesta a ação do próprio Espírito em nós: carismas e ministérios em
vista da missão, poder e autoridade para anunciar a Palavra que salva, sinais e prodígios que
testemunham a ressurreição... Em outras palavras, a vida sob o Senhorio de Jesus consiste também
numa forte e decisiva contribuição à evangelização dos povos, na vida carismática e no serviço.
c. Vivendo a santidade
A vida de Deus em nós, ou seja, a santidade, exige sempre uma transformação ou mudança. Por ela
passaram todos os santos. O crescimento no Espírito implica, primeiramente, a morte do nosso ― eu e
para o pecado, para que Cristo viva plenamente em nós. "Pelo batismo fomos sepultados com ele em
sua morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos, pela ação gloriosa do Pai, assim
também nós vivamos uma vida nova (Rom 6,4).
Ser santo é deixar resplandecer a vida divina dada sem nenhum custo para nós: "assim como é santo
aquele que vos chamou, também vós tornai-vos santos em toda a vossa conduta" (1Pd 1,15). Ser
santo é responder com adoração e reverência, penitência e ascetismo a iniciativa do Pai. Santos são
os que guardam e aperfeiçoam "em sua vida a santidade que receberam" de Deus (LG 40).
Portanto a vida de santidade implica em uma profunda e frutuosa vida de oração, vivência
sacramental, prática das virtudes, compromisso com a transformação do mundo, e, sobretudo, numa
mudança radical de nosso coração buscando não nos acomodar ou conformar com o mundo, mas
conhecer e fazer efetivamente a vontade de Deus. (cf. Rm 12,2)
d. Missão
Um dos frutos evidentes do batismo no Espírito Santo é o desejo de evangelizar, de anunciar a Boa
Nova da salvação ao mundo todo. Todas as manifestações experimentadas no batismo no Espírito
Santo, - aprofundamento da fé, crescimento na caridade, comunhão com a Igreja, exercício de
carismas -, têm como objetivo o crescimento do Reino de Deus nos corações das pessoas e no
mundo.
O chamado à santidade individual está ligado de maneira inseparável ao chamado para uma nova
evangelização. O crescimento na santidade acarreta o anseio irresistível de dar testemunho vivo e
dinâmico da Boa Nova da Salvação. Ao nos fazer "santos", o Espírito de Deus cria testemunhas
radiantes do Cristo Ressuscitado e dá nova força e criatividade para alcançar toda a sociedade
humana com o espírito do Evangelho.
Evangelizar não é só proclamar o Evangelho e chamar à fé. Paulo VI afirma: "Evangelizar, para a
Igreja, é levar a Boa Nova todas as parcelas da humanidade em qualquer meio e latitude, e por sua
influência transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: 'Eis que eu faço
novas todas as coisas (Ap 21,5)" (EN 18).
d. A Comunidade cristã: testemunho da vida no Espírito
Os Atos dos Apóstolos nos apresenta como um primeiro fruto de Pentecostes uma fraternidade de
cristãos, discípulos de Cristo, estreitamente unidos entre si, às vezes até à partilha dos bens. Os
primeiros cristãos – os três mil convertidos que acolheram a primeira pregação da Igreja –
aparecem como: uma comunidade apostólica, assídua ao ensinamento dos apóstolos; uma
comunidade fraterna sustentada por reuniões e relacionamentos; uma comunidade eucarística, que
celebra o memorial do Senhor, "até que ele venha"; uma comunidade de oração, que inicialmente se
encontrava no Templo e depois passou a reunir-se nas casas. (cf. Atos 2, 42)
As relações fraternas de comunhão foram o sinal de sua credibilidade da primeira comunidade:
"Vejam como se amam". Os que observavam ficavam impressionados com a alegria, a simplicidade
de coração, o amor fraterno efetivo. Viviam conforme sua fé: "Aquele que não ama seu irmão que vê,
não pode amar a Deus que não vê" (1Jo 4,20).

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A Comunidade fraterna é um sinal profético daquilo que poderia tornar-se o mundo se acolhesse
Jesus como seu Senhor e Salvador. A raiz última dos males deste mundo é o pecado. Somente
Jesus pode transformar na profundidade o coração humano e, por conseguinte, as estruturas,
gerando assim ― a civilização do amor (João Paulo II).

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

6a. Semana: A vida no Espírito


Orientação e motivação para a semana
O batismo no Espírito Santo leva-nos ao portão de um maravilhoso jardim, não para aí permanecer,
mas para entrar, gozar dos seus encantos, e deleitar-nos nas flores e frutos que nos oferece, das
fontes e cachos que nele se encontram em abundância, O próprio Espírito nos conduzirá nessa
viagem; pede-nos apenas a docilidade à Sua voz e uma delicada atenção à sua presença em nós
(Cantares 4, 15-19).

Textos para a Oração diária durante a semana

1º. Dia: Lucas 14, 26ss


2º. Dia: Colossenses 3, 12ss
3º. Dia: 1Tessalonicenses 5,16-24
4º. Dia: 2Coríntios 7, 1ss
5º. Dia: Romanos 8, 9ss
6º. Dia: Mateus 5, 23ss

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Seminário de Vida no Espírito Santo
TEMA 07: Os carismas
1. Carismas, frutos de Pentecostes
A experiência do batismo no Espírito Santo inclui necessariamente a experiência das manifestações
dos carismas, que são constitutivos do Espírito Santo dado.
Os carismas são para hoje. Mais do que nunca o mundo precisa de sinais proféticos. Nós cristãos,
portadores do Espírito Santo, somos por Sua Presença em nós, capacitados para realizar estes sinais
de poder. Não podemos nos fechar a essa realidade com as diversas desculpas: não sou santo
ainda, não sou digno, existem outros melhores... Fechar-se assim às manifestações do Espírito Santo
é viver uma vida cristã medíocre e estéril. O Espírito Santo quer manifestar-se, para a construção da
Igreja, em cada um de nós. Não tenhamos medo!
Como frutos de Pentecostes, os carismas nunca estiveram ausentes da vida da Igreja. Graças a um
novo e intenso "derramamento do Espírito", a Igreja vê hoje também uma nova e mais intensa
experiência desses carismas no meio do povo de Deus, a fim de servir mais adequadamente às
necessidades de nosso tempo. O Concílio Vaticano II reconheceu a importância e a necessidade de
carismas para a vida e o crescimento da Igreja. (cf. Lúmen Gentium nº 12)
a. A natureza dos carismas
São Paulo chama os carismas de "manifestação do Espírito Santo dada a cada um para proveito
comum". (cf. 1Cor 12,7) Fazendo eco a esse ensino, a exortação apostólica ― Christifideles laici
diz."Os carismas, sejam extraordinários ou simples e humildes, são graças do Espírito Santo que
têm,direta ou indiretamente, uma utilidade eclesial, ordenados como são à edificação da Igreja, ao
bem dos homens e às necessidades do mundo" (CL 24).
Às vezes, há quem considere os carismas graças excepcionais reservadas aos grandes santos. É
verdade que eles muitas vezes manifestam carismas específicos em suas vidas. Porém o
ensinamento recente da Igreja indica que, ordenados como são para o bem comum, os carismas
devem fazer parte da experiência cristã normal.
Os carismas são inseparáveis do chamado à santidade para todo o Corpo de Cristo. Como são dados
para o crescimento desse Corpo, ligam-se em especial à missão da Igreja e a seu chamado à
evangelização, dando a ela apoio característico, como indica o próprio Senhor (cf. Mc 16,15-20). O
Novo Testamento mostra que a proclamação da Boa Nova vem acompanhada de sinais (cf. Mc
16,20; At 2,22; 8,13; 14,3; 1Cor 2,4s; 1Ts 1,5; Hb 2,4). O papa Paulo VI exclamou: "Que Deus
conceda que o Senhor deixe novamente cair uma chuva de carismas, para fazer a Igreja fértil, bela,
admirável, capaz de comover, de atrair a atenção maravilhada até do mundo profano com sua
tendência ao secularismo. (Paulo VI, alocução de 10.10.1974).
b. O Espírito Santo, o Doador dos dons
O Espírito Santo é dom por excelência. É a Ele que devemos aspirar com todo coração: o Doador,
mais que os dons. Padre Haroldo Rahm sempre contava a história de que a melhor maneira de
recolher os pintinhos novos de uma galinha, era recolher a galinha, pois os pintinhos viriam atrás.
Falava isso em relação ao Espírito e aos Seus dons: devemos desejar mais o Espírito do que os
Seus dons, pois se tivermos o doador, os dons virão.

2. A finalidade dos carismas


Os dons nos são concedidos para a edificação da comunidade cristã; para o fortalecimento do
indivíduo; para que cada um fique capacitado para o serviço de Deus e do próximo, ao qual Deus o
chamou, e nas circunstâncias em que o colocou. Não é um tesouro de pedrarias que cada um recebe
para o seu uso e gozo exclusivo, mas uma ferramenta que deve ser usada, que só tem seu sentido
quando posta no serviço.
a. Os carismas são para todos
O Espírito Santo é dom do Pai para todos e para cada um que crê em Jesus e também os dons
desse mesmo Espírito são para todos, embora divergindo de pessoa para pessoa, porque Ele não
vêm sem trazê-los consigo.
O próprio Jesus prometeu: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e
for balizado será salvo; quem não crer será condenado. Aos que crerem acompanhá-los-ão estes
milagres: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes, e, se
beberem algum veneno mortífero, não lhes fará mal, imporão as mãos aos doentes, e eles receberão
a saúde" (Mc 16,15-18).
O Espírito Santo derramou os Seus dons espirituais sobre todos e cada um dos membros do Corpo
Místico de qualquer tempo, a fim de continuarem a missão de Jesus até o fim. A Missão implica em:
pregar a Boa Nova, curar os enfermos e libertar os cativos de Satanás. Tal missão não pode ser
cumprida sem os mesmos poderes de Jesus e todo aquele que crê pode fazer todos os milagres de
Jesus. (cf Jo 14, 12)
b. Atualidade dos carismas

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"O Espírito Santo (...) confere ainda dons peculiares aos fiéis (1Cor 12,7) 'distribuindo-os a todos, um
por um conforme quer' (1Cor 12,11), de maneira que 'cada qual, segundo a graça que recebeu,
também a ponha em serviço de outrem' e sejam eles próprios 'como bons dispensadores da graça
multiforme de Deus' (1Pd 4,10) para a edificação de todo o corpo na caridade. (O Apostolado dos
Leigos 3)
Eles "devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os
membros da Igreja, pois são maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a
santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente
do Espírito Santo e sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste
mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas" (cf. 1Cor 13)
(Catecismo da Igreja Católica nº 800).

3. Os carismas
a. Os carismas em São Paulo
Aqui não nos referimos aos sete dons que acompanham o Divino Espírito sempre que nos é dado, e
que visam o fortalecimento e aperfeiçoamento de cada um. Chamados também de ― dons crismais.
São esses, aqueles dons que aprendemos no nosso catecismo: sabedoria, entendimento, fortaleza,
ciência, conselho, piedade e temor de Deus.
Nos referimos aos carismas enumerados por São Paulo em várias ocasiões e que são dados ― para a
utilidade de todos (cf 1Cor 12,7). Esses carismas embora visem simultaneamente o nosso
aperfeiçoamento pessoal, são, contudo, concedidos para a edificação do Corpo de Cristo, o bem
geral da Igreja. "Para que a assembléia seja edificada (1Cor 14, 5). "Mas que tudo se faça para
edificação" (1Cor 14,26). Esses dons são manifestações do Espírito, manifestações do poder de
Deus.
b. A primeira carta de São Paulo aos Coríntios
São Paulo não dá na primeira Epístola aos Coríntios (12, 4-11), a lista completa dos dons do Espírito
Santo. Outros há, citados em Roma 12, 4-8 e 1Pd 4, 10-11. Ele nos dá aí o exemplo do que sejam
dons espirituais, para que entendamos o que são, quando os vemos agindo nos cristãos. Hoje ainda,
podemos ver muitos dons, carismas concedidos para a edificação do corpo de Cristo, que não estão
mencionados no Novo Testamento.
Os carismas do Espírito Santo na Carta aos Coríntios são nove: sabedoria, palavra de ciência, fé,
curas, milagres, profecia, discernimento, línguas e interpretação. Esses carismas não são os únicos,
mas os mais comuns na Comunidade de Corinto e também os mais conhecidos nos Grupos de
Oração e Comunidades da Renovação Carismática.
Para melhor entendimento, são divididos em três grupos (embora existam outras maneiras de
aborda-los): carismas do conhecimento, carismas da palavra e carismas das obras.
Os carismas do conhecimento são: Sabedoria, Palavra de Ciência e Discernimento dos Espíritos.
Eles nos enriquecem e capacitam para o conhecimento das coisas espirituais em vista da edificação
da comunidade.
Os carismas da Palavra: Profecia, dom pelo qual somos capazes de ― exortar, edificar, consolar
(1Cor 14,3) pelo poder do Espírito que inspira e revela. Dom das línguas é o sinal da presença do
Espírito Santo numa pessoa inspirando-a a louvar e bendizer o Senhor num linguajar incompreensível
à inteligência. Interpretação das línguas: quando o ― falar em línguas se dirige à assembléia,
manifesta-se o dom da interpretação (1Cor 14,7)
Os carismas das obras: Curas, Milagres e Fé. São os carismas que capacitam o fiel a testemunhar
por ― sinais e prodígios a verdade do Evangelho que se proclama.

4. Autenticidade dos carismas: os frutos que produzem


São Paulo estabelece uma regra fundamental para o uso e discernimento dos carismas: a edificação
da Igreja na caridade. (cf. 1Cor 12,7)
Tomando por referência os frutos dos carismas e da ação do Espírito Santo, visto que são frutos de
sua ação na Igreja (LG 4), podemos enumerar uma série de frutos que autenticam a manifestação
carismática: Unidade, Missão, Comunidade e Caridade
A própria realidade íntima do Espírito Santo, isto é, ser o traço de união entre o Pai e o Filho, como
amor de ambos entre si, está exigindo esse fruto naqueles que se abrem para sua ação. Assim, tudo
que tenha a marca da desunião é sinal de outra força, bem diferente daquela que tem o Espírito
Santo.
A caridade é a ― pedra de toque do bom uso dos carismas. Sem amor, nem os próprios carismas,
mesmo os mais importantes, são coisa alguma.

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

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7a. Semana: Os carismas
Orientação e motivação para a semana
Os carismas são para hoje. Mais do que nunca o mundo precisa de sinais proféticos. Nós cristãos,
portadores do Espírito Santo, somos por Sua Presença em nós, capacitados para realizar estes sinais
de poder. Não podemos nos fechar a essa realidade com as diversas desculpas: não sou santo
ainda, não sou digno, existem outros melhores... Fechar-se assim às manifestações do Espírito Santo
é viver uma vida cristã medíocre e estéril. O Espírito Santo quer manifestar-se, para a construção da
Igreja, em cada um de nós. Não tenhamos medo!

Textos para a Oração diária durante a semana

1º Dia: Joel 3,1-3


2º Dia: 1Pedro 4,10-11
3º Dia: Efésios 4,7-11
4º Dia: 1Coríntios 12,4-11 e 27-28
5º Dia: Romanos 12,4-8
6º Dia: 1Cor 13

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Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 08: Os frutos do Espírito Santo

1. Produzir frutos (Jo 15,16)


O Senhor quer que produzamos frutos e que nosso fruto seja permanente! Porque pelos frutos
conhecemos a árvore. (cf Mt 12,33)
Frutos simbolizam sempre fertilidade. São o produto da árvore: da flor, dos ramos, da seiva, que a
raiz extrai da terra para circular, dar vida, produzir. "Pelo fruto se conhece a árvore" (Mt 12,33).
Dizemos que os filhos são os frutos do amor. Na inefável união da Trindade Santíssima, podemos
dizer que a Terceira Pessoa, o Divino Espírito, é o FRUTO que faz as eternas delícias de Deus. Esse
fruto divino, é, por sua vez, a seiva que da Cabeça do Corpo Místico, corre para os ramos e faz
produzir frutos de santidade nos seus membros.
Jesus conta a parábola da figueira que não dava mais frutos (Lc 13,6-9) exprimindo neste ensino a
obrigação que tem todo o homem de produzir obras de valor eterno para o Reino de Deus, sob pena
de prejudicar o terreno, recusando algo de si para "a edificação do corpo de Cristo" (Ef 4,12).
São frutos de santificação que o Espírito Santo produz em nós, se nos mantermos unidos à videira
(Jo 15,5). A santidade é uma só. A árvore é uma só, a seiva uma só: o amor de Cristo em nós, o qual,
com a nossa correspondência, produz frutos de santidade. Por isso, "contra essas coisas não há lei"
(Gál 5,23).
É preciso ter em conta que não se trata de uma coisa arbitrária para nós. É um dever produzir frutos
de santificação, sob pena de sermos condenados, como a figueira estéril (Lc 13, 6-9), ou como o
ramo separado da videira (Jo 15,6). Temos o dever de progredir, e, para isso, temos de permanecer
em Cristo (Jo 15,4). São Pedro nos exorta para aplicarmos todo nosso esforço e possuir as virtudes
necessárias para o caminhar na fé (2Pdr 1, 5-8).
É preciso aceitar a poda a que o agricultor divino nos sujeita para nos fazer produzir fruto em
abundância (Jo 12, 24). Essa poda são os acontecimentos e as pessoas que nos contrariam e
agastam, e que Deus permite para a nossa correção e elevação. ― Toda correção, no momento,
parece não oferecer alegria, mas tristeza; mais tarde, porém, aos que por ela se adestrarem traz um
fruto plácido de justiça". (Hb 12, 11).
Pedro nos diz: "aplicai toda a diligência..." É a nossa parte na aquisição das virtudes. Elas nos darão
o fruto permanente do Espírito, no "conhecimento íntimo" de Cristo, que nos fará crescer no amor, e
na abundância dos frutos. Assim atingimos o fim de nossa existência: "Nisto será glorificado meu Pai:
que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos" (Jo 15,8). É a nossa santificação, para a maior
glória de Deus.
Esse frutificar para o corpo de Cristo exige de nós duas coisas: despojar-se de si mesmo (Gl 2, 19-
20) e permanecer em Jesus (Jo 15,2-6).

2. Os frutos do Espírito
Não produzimos os frutos em nós; é o Espírito quem os produz, e são, portanto, frutos de paladar
divino. São os resultados da nossa docilidade à vida do Espírito em nós. A nossa fé aumenta na
medida em que O deixamos viver em nós, na medida em que aderimos às suas virtudes em nós e
não atrapalhamos a Sua obra. Essa docilidade deverá ser o esforço suave de toda uma vida, mas
que mais e mais nos inserirá na plenitude de Cristo. ― Não fostes vós que escolhestes a mim; fui eu
que escolhi a vós e vos constituí, para que vades e produzais fruto e para que o vosso fruto seja
duradouro" (Jo 15,16).
O fruto do Espírito consiste em qualidades de disposição e temperamento que existem no cristão
porque é habitado pelo Espírito Santo, e com docilidade deixou-O agir.
Sem os limitar, São Paulo enumera os frutos do Espírito em sua Carta aos Gálatas:
"Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, mansidão,
autodomínio. Contra tais coisas não existe lei" (Gl 5, 22-23).
Notemos que São Paulo diz ― o fruto, querendo significar que, com o Divino Espírito tudo nos vem: a
árvore e os frutos. Mas vamos analisar "tais coisas", visto que não se trata de ― quietismo religioso
traduzido em ― passivismo, não fazer nada e ― deixar que outro faça, mas de docilidade afetiva e
atuante, para cooperar com a ação do Espírito em nós.
a. O fruto do Espírito é o Amor
São João nos ensina que amar é conhecer a Deus e esse amor deve levar ao amor uns aos outros
(1Jo 4, 8-11;16-21). Ora sem o Espírito Santo agindo em nós não somos capazes desse amor que
nos faz conhecer a Deus.
Podemos dizer que o amor é ― um cacho de uvas que sendo ― um só cacho possui muitas uvas, ou
seja, se manifesta de várias formas. Portanto os outros frutos do Espírito são todos frutos deste
primeiro: o Amor, pois o amor é paciente, é alegre, busca justiça, é paciente, é delicado e atencioso
com os outros, é fiel, não é agressivo, obedece, e não perde o domínio de si! São Paulo nos dá uma
descrição extraordinária do Amor no capítulo treze de sua primeira Carta aos Coríntios.
Um amor assim só pode ser fruto do Espírito. Não é o amor comum das novelas e das canções, por
mais belas que sejam, é algo muito acima, e, embora situado no mundo, para além da sua
compreensão. É um amor que não é do mundo, no sentido em que Cristo não foi do mundo (Jo
17,14).
Mas o amor, fruto do Espírito, não é natural. É um amor como o de Cristo: amor de doação (Ef 5,2);
amor incansável, até o fim (Jo 13, 1); amor total (Tg 4, 5).; amor para a edificação do corpo de Cristo
(Cl 1,24).
Enfim, esse amor, — amor caridade — que vai aos extremos, até ao que é menos amável, só pode
ser o amor divino em nós. Tudo o que exige de nós, só pode ser fruto do Espírito em nós. Só ele
pode revestir-nos dessa "caridade, que é o vínculo da perfeição" (Cl 3,14). Eis o que é necessário se
quisermos orientar nossa vida para Deus, se quisermos "andar e viver no Espírito" (Gl 5,25),
"procurar as coisas lá de cima, onde Cristo está à direita de Deus" (Cl 3,1).
b. Frutos do Amor
O fruto da fidelidade está ligado ao fruto do amor. Pode-se compreender amor sem fidelidade?
Fidelidade, como fruto, poderia ter outros nomes, com os quais tem afinidades: lealdade, integridade,
sinceridade, responsabilidade, aquelas qualidades, enfim, que fazem a pessoa de caráter, em quem
se confia. A fidelidade, fruto do Espírito, é a que nos ajuda a cumprir toda a justiça para com Deus e
para com os homens. Fortalece o nosso caráter para que sejamos íntegros no nosso procedimento
perante Deus e perante nossos irmãos, sempre na mira de edificar, com o nosso aperfeiçoamento.
O fruto do autodomínio, chamado também de temperança, é o fruto pelo qual o Espírito Santo
coloca em nossas mãos as rédeas de nosso ― eu‖ , ou melhor, Ele se faz nosso ― freio. Como virtude,
a temperança tem o sentido de sobriedade e do bom uso das criaturas e das coisas em vista
da santificação.
O fruto da mansidão é o fruto dos fortes. São os mansos que possuirão a terra (Mt 5,5). Mansidão
nada tem a ver com fraqueza. É uma conquista do Espírito em nós, que nos ― amansa, nos tornando
dóceis ao comando d‘ Aquele que tem ― as rédeas de nossa vida‖ . É o fruto da submissão ao
Senhor!
O fruto da paz é, na verdade, o melhor presente do Espírito Santo, porque rege todas as nossas
atitudes, quer interiores, quer exteriores. Quem tem paz é feliz, e não pode ser feliz quem não tem
paz; não pode ser alegre, nem manso, nem dominar-se. Ela é o reino de Deus em nós. (Rm 14,17)
Não foi à toa que o Espírito Santo se manifestou "como uma pomba" (Lc 3,22), símbolo da paz.
O fruto da alegria é o fruto que faz suplantar a dor. É sinal de Cristo Ressuscitado, é a alegria de
Seu Triunfo sobre a morte. Cristo é a alegria dos homens! Alegria de ter nossos nomes escritos no
céu (Lc 10,20). Alegria não nos faz esquecer dos sofrimentos, mas nos dá esperanças de um
amanhã melhor.
O fruto da bondade – a bondade é a qualidade por excelência de Deus. ― Só Deus é bom! É
de Deus cada virtude, cada qualidade, cada perfeição. Nele todas são uma só, porque nele tudo é
bom.
É essa bondade, que por natureza é expansiva, que faz com que Deus crie, desejando, na sua
eternidade, exteriorizar no tempo e no espaço esse manancial de Bondade infinita, que é ele mesmo.
O fruto da bondade é a participação da bondade infinita de Deus.
O fruto de paciência também é chamado longanimidade, palavra que significa ânimo longo, firmeza
de ânimo, a qualidade de saber suportar, se resignar, aceitar, refrear a ira, demorar em dar lugar à
impaciência. Paciência é mais do que resignação. Como todas as virtudes, exige combate e combate
duro para pôr freio aos impulsos de irritação, que dão ocasião a tantas faltas em palavras e atitudes.
Para os temperamentos fogosos, a paciência é virtude difícil, e inatingível, sem um auxílio especial do
Espírito Santo.
O fruto da delicadeza, semelhante à de Jesus, e fruto do Espírito em nós, deve levar-nos a ser
afáveis e educados com todos, sobretudo com os fracos, os principiantes nos caminhos de Deus.
Quantos não se têm afastado desses caminhos pelos modos bruscos e altivos dos seguidores de
Cristo? "Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos que menos o são e não querer
procurar a própria satisfação. Trate cada um de nós de agradar ao próximo, com o fim de bem, para
edificação" (Rm 15, 1-2). A delicadeza acalma, conserva a amizade, afasta a amargura, leva consigo
a paz e a serenidade,
c. Frutos e ascese (nossa cooperação)
Não devemos esquecer que toda a virtude é uma conquista, e que a própria palavra virtude indica
força, dinamismo, e, portanto, esforço. Mas os frutos do Espírito são alavancas que fecundam o
nosso trabalho; são gotas de óleo que suavizam e liberam a nossa engrenagem espiritual, a ponto de
sentirmos que o labor não é nosso, mas, sim, do Espírito em nós.
Nos caminhos do Espírito, a mística não dispensa a ascese, mas a fortalece e premia
prematuramente. É também assim quando lutamos por uma virtude que é fruto do Espírito, e que ele
nos quer dar. Se não o alcançamos, é porque nos falta a fé ou a sinceridade no nosso esforço.

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA


48
8a. Semana: Os frutos do Espírito
Orientação e motivação para a semana
Podemos dizer que o amor é ― um cacho de uvas que sendo ― um só cacho possui muitas uvas, ou
seja, se manifesta de várias formas. Portanto os outros frutos do Espírito são todos frutos deste
primeiro: o Amor, pois o amor é paciente, é alegre, busca justiça, é paciente, é delicado e atencioso
com os outros, é fiel, não é agressivo, obedece, e não perde o domínio de si! São Paulo nos dá uma
descrição extraordinária do Amor no capítulo treze de sua primeira Carta aos Coríntios.

Textos para a Oração diária durante a semana

1º Dia: Gálatas 5,19-26


2º Dia: Romanos 15,1-2
3º Dia: Judas 20-23
4º Dia: João 15,34 e 15,12
5º Dia: 1João 4,10
6º Dia: 1João 4,11-21

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Seminário de Vida no Espírito Santo

TEMA 09: A comunidade cristã

1. Comunidade e Pentecostes
Aqueles que verdadeiramente fazem a experiência do batismo no Espírito são levados a descobrir a
realidade da comunidade cristã assim como o fizeram os primeiros cristãos.
Como vimos anteriormente, o livro dos Atos dos Apóstolos nos apresenta como um primeiro fruto de
Pentecostes uma fraternidade de cristãos, discípulos de Cristo, estreitamente unidos entre si, às
vezes até à partilha dos bens. Os primeiros cristãos aparecem como: uma comunidade apostólica,
assídua ao ensinamento dos apóstolos; uma comunidade fraterna sustentada por reuniões e
relacionamentos; uma comunidade eucarística, que celebra o memorial do Senhor, "até que ele
venha"; uma comunidade de oração, que inicialmente se encontrava no Templo e depois passou a
reunir-se nas casas. (cf. Atos 2, 42)
Jesus havia anunciado não somente o que deve ser a "comunhão" entre os cristãos na parábola da
Vida (Jo 15), mas ainda orou por essa unidade vivida entre os cristãos (Jo 17, 20-23). Após
Pentecostes, esta comunhão, esta comunidade, se realiza sob a ação do Espírito. Só Ele pode criar
uma comunidade cristã. Só Ele põe os cristãos em comunhão uns com os outros numa relação vital.
É o seu papel próprio. Pode-se assim dizer: Pentecostes é o nascimento de uma COMUNIDADE
CRISTÃ; em outras palavras, o nascimento da Igreja.

2. A comunidade cristã
O derramamento do Espírito Santo tem por finalidade, não somente a de reconciliar Deus com o
homem, mas também de reconciliar os homens entre si. Esta reconciliação modifica o coração dos
homens, tornando-os dispostos a perdoar e de se relacionar a partir da caridade, criando uma nova
maneira de viver em sociedade: a comunidade cristã.
No discurso de despedida em que Cristo promete aos apóstolos que enviará sobre eles o seu
Espírito, dá-lhes também o grande mandamento: "Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos
outros, como eu vos amei" (Jo 15, 12). Em seguida, reza para o Pai por todos aqueles que crerão
nele: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles
estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste... Para que todos sejam perfeitamente um, e o
mundo creia que me enviaste e os amaste, como amaste a mim" (Jo 17, 20-23).
A vontade de Deus, a respeito da união entre os homens, é revelada claramente por Jesus Cristo,
sendo um fator importante no Plano de Deus. A união entre os cristãos é um testemunho visível do
amor de Deus para com os homens, concretizado na morte e ressurreição de Jesus. Os primeiros
cristãos o compreenderam assim. Após o derramamento do Espírito em Pentecostes, continuavam
fiéis à vida comunitária, à fração do pão e nas orações.(cf Atos 2,42-47)
São Paulo ao expor sua doutrina a respeito dos carismas, vincula o ensino à doutrina sobre o Corpo
Místico, onde a razão de ser dos carismas encontra-se no bem comum, na comunidade, para
edificação da Igreja, que é a união de todos os cristãos. (cf 1Cor 12, 12-27)
Os Grupos de Oração só poderão produzir todos os seus frutos abrindo-se o caminho para um
cristianismo vivido em conjunto. A experiência do Espírito que se realiza neles, Grupos de Oração,
liberta forças, pelas quais os cristãos que dele participam, passam a construir uma comunidade onde
se aprofunda o conhecimento e a experiência de Deus, em que a vida cotidiana se torna um
seguimento sincero de Jesus no serviço ao outro e onde se manifesta o Amor de Deus para cada um
e para todos os homens.

3. As primeiras comunidades
Ao observarmos a História da Igreja, percebemos que no início do cristianismo, o cristão era definido
como aquele que havia se convertido ao Senhor Jesus cristo, recebido o Espírito Santo e vivia em
comunidade. Não havia a noção de uma prática religiosa que dispensasse o convívio comunitário e
fraterno.
A Igreja não tem existência concreta, a não ser aí onde os fiéis se reúnem para ouvir a Palavra, orar,
celebrar a Ceia do Senhor e se engajam numa vida, indissoluvelmente pessoal e comum, de fé e de
caridade. Os Atos dos Apóstolos revela a presença de uma fraternidade de cristãos, discípulos de
Cristo, estreitamente unidos entre si, às vezes até à partilha dos bens.
Os primeiros cristãos, estes três mil convertidos que, na manhã de Pentecostes, acolheram a Palavra
de Pedro e dos Apóstolos, aparecem nos Atos dos Apóstolos como:
 Uma comunidade apostólica, assídua ao ensinamento dos Apóstolos;
 Uma comunidade fraterna sustentada por reuniões e múltiplos contatos;
 Uma comunidade eucarística, que celebra o memorial do Senhor, "até que ele venha";
 Uma comunidade de oração, que inicialmente se encontrava no Templo e depois passou a
reunir-se nas casas.
Tais eram os traços dominantes pelos quais se reconhecia a Igreja em sua origem; o calor desta
comunhão fraterna vivida foi o sinal por excelência de sua credibilidade: "Vejam como se amam",
diziam aqueles que os observavam.
― Os de fora ficaram impressionados com sua alegria, sua simplicidade de coração, seu amor fraterno
efetivo. A verdade de vida era evidente, a fé se fazia prática. Procuravam viver radicalmente e
sinceramente a recomendação: ― Aquele que não ama seu irmão que vê, não pode amar a Deus que
não vê" (1Jo 4,20). A comunhão fraterna não era fruto de afinidades espontâneas, ou de algum
impulso romântico. Na comunhão (a koinonia) existiam tensões internas que era preciso vencer
superando aquilo que separa ou opõe o escravo e o senhor, o homem e a mulher, o judeu e o grego.
Os cristãos dos três primeiros séculos vivem esta fraternidade como coisa natural. A palavra "Igreja"
significa reunião e esta reunião chama-se "fraternidade". (cf. Epístolas de Pedro) Vivia-se o
cristianismo em conjunto, as dificuldades de cada um estavam próximas de todos.

3. A vida no Espírito é vivência comunitária


a) Onde dois ou três estiverem reunidos...
A Igreja primitiva cresceu como um conjunto de pequenas comunidades cristãs, dispersas no mundo
romano, e desempenhando aí o papel definido pelo Senhor, como sal da terra e fermento na massa.
Por uma força interior, a presença do Espírito que nela opera, a Igreja, aos poucos, se estabelece.
Descobrimos hoje que vivemos uma situação semelhante, portanto, o futuro da Igreja está
condicionado pela força e qualidade de sua vida comunitária. A Igreja será aquilo que forem as
comunidades cristãs nas quais se edifica o Corpo místico de Cristo.
Viver a vida cristã é essencialmente deixar que Cristo se torne a vida comum dos cristãos. É permitir
que a Igreja seja edificada em nós, pelo Espírito Santo, na diversidade e complementariedade de
Seus dons. É próprio dos carismas serem uma manifestação do Espírito em vista do bem comum,
sendo esta a primeira garantia de sua autenticidade.
O Senhor disse: "Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio
deles" (Mt 18,20). Para que se realize a presença especial de Jesus, é preciso que criemos uma
comunidade mínima, dois ou três. É "em comum" que se vive o cristianismo. Sem a proximidade de
meus irmãos, não é possível repartir o pão espiritual e tampouco fazer valer os carismas recebidos
para o bem de todos.
b) A necessidade atual
Sendo o cristianismo por essência comunitário, o cristão de hoje tem necessidade de reencontrar
comunidades cristãs, não somente para viver sua fé, mas para sobreviver, como cristão, num mundo
sempre mais estranho ao cristianismo. Considerando o tempo em que estamos vivendo, percebemos
o quanto a pessoa é arrastada contra a vontade e ameaçada por uma formação coletiva realizada
pelos meios de comunicação de massa, por uma sociedade que impõe sua própria imagem, critérios
e valores, sem outra referência senão a própria, tanto é verdade que o homem é mais filho de seu
tempo do que filho de seu pai.
c) Grupos de Oração e comunidades cristãs autênticas
É urgente fazer surgir comunidades cristãs autênticas. Tratando-se de cristãos, o "viver juntos" como
tal ainda não basta para definir uma comunidade cristã. Uma comunidade não é autenticamente cristã
a não ser que tenha respondido ao apelo de Jesus Cristo para ser conduzida por seu Espírito ao
coração do mundo.
Jesus Cristo é a pedra angular, o fundamento de toda comunidade cristã. Para que uma comunidade
cristã possa viver e sobreviver, tem necessidade de uma razão de existir. Esta razão é Cristo. Nada
pode substituí-la. Ele a anima interiormente por seu Espírito. Sem ele, pode haver encontro de
pessoas, mas não há verdadeira comunhão.
Podemos falar de Grupos de Oração e comunidade cristãs autênticas, na medida em que a
experiência do Senhorio de Jesus, realizada pelo derramamento do Espírito Santo, se torna o
fundamento dos relacionamentos e atividades de seus participantes.
O Espírito Santo produzirá frutos de caridade fraterna e solidariedade. Haverá aí um espaço
privilegiado para repartir os dons que recebemos, onde o professor poderá ajudar aqueles que
precisam aprender a ler, ou o médico poderá consultar os necessitados, ou ainda aquela mulher
poderá se dispor a tomar conta de crianças para que os pais possam trabalhar.

4. Comunidade cristã, voz profética para o mundo hoje


A Igreja é "sacramento da unidade do mundo", sinal e promessa para o mundo que aspira à unidade,
à paz, ao pleno desenvolvimento do homem. Para realizar esta missão, deve ela mesma viver esta
experiência que é uma antecipação desta comunidade humana que se procura tão penosamente.
O mundo novo e a terra nova tão sonhados pelo homem, pode ser antecipada e oferecida ao mundo
através de comunidades cristãs. Vendo os cristãos viverem, o mundo deveria receber um choque e
perguntar-se: qual é o segredo deste amor mútuo, desta solidariedade, deste despojamento de si?
Então o nome de Jesus Cristo assumiria uma importância inesperada, porque a própria vida será luz
e transparência. É o sinal da credibilidade dado pelo próprio Jesus; é a pregação da fé eficaz por
excelência. A experiência cristã tem valor profético para o mundo. "Um batizado é uma promessa

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para todo homem; uma Eucaristia é uma promessa para toda refeição; a Igreja - comunidade é uma
promessa para toda a sociedade humana". (Cardeal Suenens)

O texto que segue deve ser distribuído aos participantes

ORAÇÃO DIÁRIA COM A BÍBLIA

9a. Semana: A Comunidade Cristã


Orientação e motivação para a semana
O derramamento do Espírito Santo tem por finalidade, não somente a de reconciliar Deus com o
homem, mas também de reconciliar os homens entre si. Esta reconciliação modifica o coração dos
homens, tornando-os dispostos a perdoar e de se relacionar a partir da caridade, criando uma nova
maneira de viver em sociedade: a comunidade cristã.
Textos para a Oração diária durante a semana

1º Dia: Atos 2, 42-47


2º Dia: Atos 4, 32-37
3º Dia: Atos 5, 12-16
4º Dia: Efésios 2,18-22
5º Dia: João 17, 20-23
6º Dia: João 15

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