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INTRODUÇÃO PROVISÓRIA

Um professor de Filosofia não levanta a questão “o que é Filosofia?”


senão à guisa de iniciar um diálogo sobre o tema, sem interesse algum de
alcançar qualquer resposta. Lhe interessa, pelo contrário, entender através de
que meio é possível ensinar Filosofia em aula.

Buscamos uma proposição afirmativa que nos possibilite compreender a


prática do ensino de filosofia e suas possibilidades. Encontramos em Deleuze e
Guattari a definição de “filosofia como criação conceitual”, e consequentemente
o trabalho com os conceitos e o estilo do filósofo.

Para situar o local de discussão inserimos o leitor na filosofia da


linguagem através de três perspectivas. A linguagem metafísica de Walter
Benjamin, a linguagem como convenção em Friedrich Nietzsche e a linguagem
como parte do estudo da semiótica em Charles Sanders Peirce.

Das três perspectivas nos é cara a crítica da verdade e do conceito


levada a efeito por Nietzsche em Sobre a verdade e a mentira no sentido
extramoral, ao ponto de dedicarmos um resumo do opúsculo em nosso
trabalho. Desse modo, partimos da crítica ao conceito para defini-lo.

Procedemos a definição do conceito através da estrutura de um verbete


presente no Dicionário de filosofia contemporânea, organizado pelo professor
Giacoia Jr. Confrontamos o verbete com as referências teóricas anteriores e,
por motivo didático, especificamos o que não cabe ao conceito de conceito e o
que de fato participa de seu significado.

Assim, ao retomar a problemática desta pesquisa acerca da relevância


do conceito no ensino de Filosofia, podemos inserir as contribuições de La
Salvia e Cossuta sobre a criação conceitual como método de ensino e, por fim,
destacar nossas considerações sobre a ação do professor frente ao conteúdo
criativo da Filosofia destacando a relevância do trabalho com o conceito.

1) Linguagem e conceito

Breve introdução acerca da teoria da linguagem. // Nós não vamos nos


deter detalhadamente nestas concepções, pos não é o escopo deste trabalho,
nossa questão primaz é a relevância do trato com conceitos.
a) Walter Benjamin e a concepção metafísica da linguagem

Walter Benjamin nasce na Alemanha em 1982 e morre no município


espanhol de Portbou em 1940. Filósofo e crítico literário, compunha a chamada
segunda geração da Escola de Frankfurt, linha de teoria social neomarxista
fundada por Theodor Adorno e Max Horkheimer e associada ao Instituto de
Pesquisa Social de Frankfurt. Dentre os seus trabalhos nos interessa
especialmente o ensaio publicado sob o título “Sobre a linguagem em geral e
sobre a linguagem do homem” presente na obra Escritos sobre mito e
linguagem (BENJAMIN, 1921, p. 49-73).

Vale ressaltar que aqui tratamos do jovem Benjamin e de seu estilo de


escrita próprio dos textos da década de 20. Trata-se de uma perspectiva
metafísica do autor, em que não se encontra sua postura marxista tardia bem
como uma crítica materialista da linguagem. Pelo contrário, o autor busca no
opúsculo referido uma linguagem expressiva originária, mágica, que permite ao
homem “salvar” as coisas de sua mudez.

Daí surge sua ideia de linguagem como meio de reflexão e não de


comunicação (como se a linguagem fosse instrumento de outra instância que
comunica). É dentro do âmbito da linguagem que a comunicação e a
criatividade acontecem.

“Toda comunicação de conteúdos espirituais é linguagem” 1. Desse


modo, as palavras são apelas um caso particular da linguagem humana.
Embora não exista coisa animada ou inanimada que não participe de alguma
maneira da linguagem, “é essencial a tudo comunicar seu conteúdo espiritual” 2.
E a língua comunica a si mesma, porque o ser linguístico das coisas é a língua.
Quando se diz “a essência linguística das coisas é sua linguagem” 3, e esta se
aplica ao homem, significa que a língua do homem é a palavra. Com ela o
homem nomeia as coisas e as comunica, o contrário não se dá.

Mas, como comunica o homem seu conteúdo espiritual? Nomeando as


coisas. O que se comunica é o objeto, coisa, por meio de uma representação,
através das palavras. Disto surgem duas hipóteses: a primeira diz que o meio
1 Walter Benjamin, Sobre a linguagem geral e sobre a linguagem do homem, p. 49.
2 Idem, p. 51.
3 Idem,
de comunicação é a palavra, seu objeto é a coisa e seu destinatário é o outro;
a segunda não distingue meio, objeto e destinatário da própria comunicação e
afirma “no nome a essência espiritual do homem se comunica com Deus” 4.

No nome não se comunica nada em si e a língua só se comunica por si


mesma, portanto, a língua é a essência espiritual do homem, porque ele é o
único que pode se comunicar de modo versátil e é responsável por nomear as
coisas, sendo que “é o senhor da natureza” 5. Um exemplo claro toma-se pela
Bíblia, quando ao homem cabe nomear a natureza, com a língua se
expressando por nomes, torna-se reflexo do Criador.

A essência espiritual tanto do homem quanto das coisas se define do


ponto de vista da teoria da linguagem benjaminiana como essência linguística.
A língua é a essência linguística da linguagem no centro de comunicação das
coisas. Embora com a língua venha à tona a essência espiritual da coisa, ela
não a esgota, porque tem seus limites. As coisas não trazem seus nomes em
si, porque são criadas por Deus e conhecidas em seus nomes segundo a
palavra humana, é como dizer que o homem nomeia a realidade de acordo
com sua relação com ela.

Sendo assim, a essência linguística das coisas é apreendida pelo


homem na língua e a linguagem é o meio (médium) em que a essência
linguística do conteúdo espiritual é comunicada de modo imanente e imediato,
dentro dos limites e das possibilidades da própria linguagem.

b) Charles Peirce e a semiótica

O conceito de semiótica deriva das raízes gregas semeîon (signo) e


sema (sinal), e em termos gerais se ocupa do estudo dos signos. Seu domínio
é muito amplo e se confluem diversas perspectivas, sem se consolidar como
um estudo com modelos teóricos exclusivos. Seus principais fundadores foram
o filósofo estado-unidense Charles Sanders Peirce e o linguista suíço
Ferdinand de Saussure. Ambos baseiam suas teorias na distinção fundamental
dentro do signo entre o significante e o significado.

4 Walter Benjamin, Sobre a linguagem geral e sobre a linguagem do homem, p. 55.


5 Idem, p. 56.
Peirce considerava que a semiologia era a base da própria lógica,
descrevendo a lógica como a ciência das leis gerais necessárias dos signos
(1997). O signo é um dos pontos de destaque da semiótica de Peirce. Sua
função consiste em ser algo que está no lugar de outra coisa, uma
representação pela qual alguém pode mentalmente se remeter a um objeto.

“Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de


representar, substituir uma outra coisa diferente dele. [...] ele só pode
representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade”
(SANTAELLA, 1983, p. 58). Nesse processo estão envolvidos elementos
formais em tríade, relacionados entre si. O signo em si é tido como
representamen, o signo criado na mente do receptor recebe a designação de
interpretante e a “coisa” representada é conhecida pela designação de objeto
ou referente.

Um signo, ou representamen, é algo que, sob


certo aspecto ou de algum modo, representa
alguma coisa para alguém. Dirige-se a alguém,
isto é, cria na mente dessa pessoa um signo
equivalente ou talvez um signo melhor
desenvolvido. Ao signo, assim criado, denomino
interpretante do primeiro signo. O signo representa
alguma coisa, seu objeto (PEIRCE, 1977, p. 46).

O representante ou representamen é o corpo do signo, ou seja, o signo


como elemento inicial, em si mesmo, tomado formalmente como uma realidade
teórica e mental. É algo que está no lugar de algo, em substituição, é uma
ideia. A palavra, por exemplo, assume papel de representamen quando é
usada para se referir a algo. “Amor”, por exemplo, é o corpo verbal que está no
lugar do conteúdo sobre o amor a que se refere. Um símbolo de trânsito é
representamen do conteúdo sobre o trânsito a que se refere.

Já o objeto, ou o referente, é aquele a quem se refere o representamen,


ele carrega o representamen em si mesmo. O objeto não pode ser uma coisa,
em semiótica coisa é algo desprovido de sentido, quando o objeto já foi
significado. Devemos entender por objeto a denotação formal do signo em
relação com os componentes dele mesmo. É o dado existente do qual o signo
tenta dar conta, e pode ser imediato, quando compreendido pelo signo, ou
dinâmico, quando a similaridade com o signo é de acordo com critérios muito
específicos, afastados.

Por sua vez, o interpretante é mediador do representamen com o objeto.


"O interpretante não é certamente o intérprete, é uma operação ativa na
medida em que faz um objeto tornar-se signo e atuando nesta operação se
torna ele mesmo interpretante” (FERRARA, 1981, p. 57). Não é um sujeito,
talvez seja mais uma ocasião, uma interpretação. Se muda o interpretante, o
objeto também muda.

Caso o interpretante seja imediato, haverá uma exigência mais estrita


entre o representamen e o objeto, por exemplo, “fogo” como representante
direto da combustão de um corpo. Pelo contrário, caso seja dinâmico
compreenderá maiores informações, por exemplo a variação do sentido de
“fogo” nas frases “fogo! Chamem os bombeiros!” e “você tem fogo?” (no sentido
da gentileza para acender cigarros).

No fundo é a ideia representamen que é produzida quando apreendida,


tomada como signo. Um signo é uma representação que tem um interpretante
mental. A noção de interpretante, de acordo com Peirce, enquadra com a
atividade mental do ser humano, na qual todo pensamento não é senão
representação de outra representação: “o significado de uma representação
não pode ser senão outra representação”.

FALAR SOBRE A RELAÇÃO DE CONVENCIONALIDADE

c) Friedrich Nietzsche e a linguagem relacional

Nietzsche recebe influência de Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático


do século V a.C., especialmente da concepção do devir: a realidade é um devir
incessante, os sentidos atestam o movimento de transformação contínuo do
que chamamos realidade. A razão, para poder trabalhar necessita parar ou
fixar de algum modo esse fluxo contínuo e isso o faz através de metáforas, que
consolidadas se convertem em conceitos (NIETZSCHE, 1873).
Com o conceito a razão pretende deter por algum tempo e sob certos
aspectos o que flui no devir. Criando conceitos a razão exerce certo poder de
compreender, pensar e lidar com a realidade. Ao levantar tal questão Nietzsche
assume uma postura segundo a qual o conhecimento segue o processo
sucessivo de sensação – imagem – conceito, o qual é levado a efeito no
acordo convencional de sempre empregar o conceito aquilo que ele representa,
como um pacto fundamentado na autopreservação coletiva ancorado na
“vontade de verdade.

A linguagem nesse sentido, é o instrumento mediante o qual a razão fixa


a realidade e a determina, sendo que as palavras são as expressões causadas
pela imagem do conceito. De modo que a linguagem motiva uma necessidade
de causas. Uma imagem mental formada através de dados da sensibilidade
deveria ter sua causa na realidade, que é fluída. Mas, a fluidez, o devir, a
mudança, são termos instáveis. Para Nietzsche, uma convenção de falar a
verdade, de partir do conceito de verdade para a justificação da validade do
conceito, foi celebrada na espécie humana racional. Assim, o que antes era
fluxo contínuo passa a ser algo definido e estável, um conceito, uma ponte para
a verdade.

No intento de dar uma forma conceitual para a realidade, o


conhecimento termina por deformá-la, já que não se sustenta princípio algum
de identidade entre a palavra, o conceito e a coisa em si, o dado real. Nesse
sentido, toda a criação da ciência e da filosofia é um erro, senão um mundo
fictício no qual habitam conceitos e relações de conceitos. Este mundo existe
enquanto existe racionalidade, conhecimento e seus criadores, os seres
humanos racionais. Se cessa a existência dessa espécie animal, toda a
constelação do conhecimento deixa de existir imediatamente.

A verdade procede do perspectivismo. Conhecer não é mais do que


interpretar os fenômenos: o mundo das aparências pode ser interpretado de
vários modos e cada modo é sempre um ponto de vista. Se os conceitos não
permitem conhecer a realidade, como podemos falar dela? Através da
linguagem metafórica, própria da arte. Assim entendido, despe-se os conceitos
do dogmatismo de uma única verdade ou referência a verdade possível.
Por fim, Nietzsche desenvolve acerca da linguagem que "o formador da
linguagem [...] designa apenas as relações das coisas aos homens"
(NIETZSCHE CITAR). Trata-se, então, de uma teoria relacional da linguagem,
em que, examinando a gênese da verdade e dos conceitos, encontram-se uma
série de transposições (relações), não necessárias ou causais, mas estéticas,
que fundamentam a linguagem. (CORBANEZI, 2014).

SÍNTESE E GANCHO PARA NIETZSCHE

d) Resumo de Sobre a verdade e a mentira no sentido extramoral

O opúsculo é aberto com uma fábula de um suposto mundo em que


animais racionais inventam o conhecimento. Ao final, esses seres
desaparecem. Sua inteligência não lhes serviu para sobreviver. A inteligência
está baseada em uma falsa crença, a de que poderíamos conhecer as coisas.
Deste modo, a humanidade se crê especial diante da natureza. O
conhecimento é o recurso que os seres “débeis” e incapazes de se proteger de
perigos se valem para sua sobrevivência, embora através de uma visão
enganosa e fictícia da vida e da realidade, pois que se exprime por metáforas.

Então, tendo que inventar um modo de compensar a debilidade biológica


agressiva, surge a inteligência, a linguagem e os conceitos. Para sobreviver, o
ser humano passa a mentir sobre as coisas. Neste ponto, mentira e verdade
são distinguidas de seu sentido moral. A mentira em sentido “extramoral”
significa que o ser humano está condicionado por um modo fictício de ver o
mundo. É próprio da sua constituição física recorrer a um arsenal de metáforas
não só para significar mas para dominar a realidade.

Como não é possível conhecer, mas apenas dizer sobre, criar


metáforas, o ser humano não pode conhecer-se a si mesmo,
consequentemente. “O que sabe de si o homem!”. Esse desconhecimento de si
mesmo beneficia a formação gregária da humanidade pois impede que os
indivíduos reconheçam o autêntico caráter cruel, malvado e egoísta que
possuem. O ser gregário, o homem do rebanho, não quer conhecer as coisas
como são se isso afetar sua cooperação.
O indivíduo deseja viver em sociedade “por necessidade e tédio” e para
conseguir esse objetivo se vale da inteligência. Com ela a humanidade
estabelece um pacto de conveniência como um tratado de paz para evitar a
guerra de todos contra todos. Contudo, esse pacto também marca de como
convencional o que é verdade. A partir de então, verdade é aquilo que pode ser
legitimado pela linguagem, é verdade o que é socialmente verdadeiro na
linguagem. E quem não usa as palavras de acordo com as normas
estabelecidas será catalogado de mentiroso. A verdade como correspondência
com a realidade é uma convenção estabelecida.

A convenção da linguagem deforma e esconde a autêntica realidade,


mas o pacto que afirma a coincidência das palavras com as coisas foi
esquecido de tal modo que não se percebe o absurdo. Uma prova da não
coincidência da linguagem com a realidade encontramos no processo de
formação das palavras. O ser humano entra em contato através do sentido com
a realidade em constante mudança, no devir. Estes estímulos criam na mente
uma imagem que pretende ser cópia virtual fac símile do sensível. No intendo
de transmitir a outro essa imagem através da linguagem são articuladas duas
metáforas, a da imagem e a da palavra.

O processo se dá da realidade em mudança para um estímulo nervoso,


do estímulo à imagem e da imagem à palavra, de modo que o produto da
linguagem é já uma deformação em terceiro grau da experiência originária. Tal
experiência transformada é expressada de modo metafórico. Exemplos que
contradizem a doutrina da verdade como correspondência dogmática: os
adjetivos subjetivos e com sentido variável, como se observa na expressão “a
pedra é dura”; os gêneros arbitrários, “o arbusto é masculino”; os substantivos
ambíguos, “a serpente serpenteia”; os diferentes idiomas com seus verbetes
variáveis para um mesmo conceito.

Toda palavra se converte em conceito com tanto que não possa servir
para a experiência singular e individualizada a que deve sua origem, deve se
encaixar a inumeráveis experiências relativamente similares. Uma folha não é
como a outra, mas o conceito folha se dá na eliminação dessas diferenças
individuais. Ao se esquecer as distinções surge a representação, como se na
natureza existisse um arquétipo primeiro a partir do qual todas as folhas,
seguindo o exemplo, tenham sido tecidas, desenhadas, coloridas, onduladas,
etc., por mais que nenhuma ao final resulte numa cópia autêntica do arquétipo.

A forma de superar radicalmente o problema é um vocabulário infinito no


qual cada palavra indique uma experiência, mas isto não é possível. O
problema está em que com uma só palavra nos referimos a um conjunto muito
amplo de coisas, esgarçando o conceito. A verdade “pura e sem
consequências” ou a coisa em si não são apreensíveis pela formação das
palavras e dos conceitos, são mesmo inconvenientes, nunca idênticos, de
modo que os últimos possam adequar-se usualmente em variadas ocasiões.

Embora se reivindique o individual e o diferente, porque é o real, é


justamente sua ausência que faz o conceito possível. Desconsiderando o
desigual, é possível estabelecer forma e conceito para o mundo, categorias
que não são conhecidas na natureza.

“Que é então a verdade?”, uma suma de relações humanas que depois


de um extenso uso habitual, a um povo parecem fixas, canônicas, obrigatórias
(uma ilusão coletiva esquecida enquanto tal). Os seres humanos se distinguem
dos animais enquanto podem, partindo de impressões intuitivas originárias,
construir sobre elas todo um universo fictício de conceitos para a comunicação
e a convivência social.

O impulso de ser veraz e dizer a verdade ao invés de mentir não é mais


que uma camisa de força para a comunicação, tal que não se manifeste senão
de modo contido. Um juízo do conhecimento considerado verdadeiro não o é
como uma tautologia, com independência de quem o proferiu, mas é tornado
verdadeiro na medida da a adesão e do reconhecimento das pessoas de usá-lo
para comunicar um certo estado de coisas da realidade.

De onde procede então o impulso para a verdade? A humanidade vive


segura na realidade enquanto a deforma, além do mais, esquecendo que
mascarou a autenticidade com metáforas dogmáticas. Essas metáforas
constituem uma ordem piramidal por castas e graus, instituindo leis, privilégios,
subordinações.
Qual é a percepção correta das coisas que existem? Todas, já que cada
uma depende de uma perspectiva particular, embora deva se considerar se
realmente são corretas, pois que toda percepção é uma interpretação também
particular. Nesse sentido nem sequer a percepção mais particular é uma
relação autêntica com a realidade, a essência particular das coisas, mas
apenas uma interpretação.

A realidade autêntica é, enfim, algo radicalmente inacessível para o ser


humano. Frente a essa concepção estão os que afirmam a verdade da ciência
e questionam sobre a validade das leis naturais como expressão da essência.
Mas, estas não são verdades evidentes, senão percepções de relações de
causa e efeito que os humanos racionais observam na natureza de acordo com
sua perspectiva interpretativa.

Por exemplo, dados sobre os astros do Sistema Solar ou sobre


processos químicos são propriedades construídas pelo intelecto e não
derivadas das próprias relações da natureza. A ciência dá nome, função e
categoria para o que simplesmente é no devir, e supõe que estando mais
próxima da realidade empírica pode se erigir como referência de verdade,
quando propriamente é uma trama de relações fictícias entre conceitos e
fenômenos. A verdade científica é também uma interpretação entre tantas.

O ser humano é um construtor de metáforas por natureza, ou melhor,


por uma necessidade natural e vital, já que sem as metáforas, que são comuns
à linguagem e à ciência não poderia ter subsistido até então. Este impulso de
criar metáforas não se esgota com a linguagem e a ciência, também encontra
campo na arte. A arte transgrede as metáforas científicas e linguísticas e cria
outras novas, do mesmo modo que o sonho tem seu poder transgressor em
relação aos conceitos.

O homem tem uma inevitável tendência a deixar-se iludir e a arte supõe


levar ao extremo esse afã. O intelecto na arte é livre, não atua como servo
(como ocorre na linguagem e na ciência), que tenha que se moldar e obedecer
a convenções estabelecidas. Graças a arte, o intelecto passa a atuar como
senhor.
Assim se introduz a distinção entre homem racional e homem intuitivo.
Ambos querem dominar a vida. O primeiro é prudente, preciso e regular. O
homem racional é identificado com o estoico, de pretensões culminantes, pois
intenta enganar seus próprios sentimentos. Guiado por conceitos, só conjura
tristezas, de metáforas não se pode extrair a felicidade. Já o segundo é como
uma criança que joga com as intuições e conceitos, moldando-os a sua
vontade e criando novas metáforas. Este domina a vida porque a vive e sente
mais intensamente, embora sofra mais do que o racional, e ele faz isso com
mais frequência porque não sabe como aprender com a experiência, é tão
irracional no sofrimento quanto na felicidade.

e) Definição de conceito

DEFINIÇÃO DE CONCEITO

O QUE O CONCEITO NÃO É:

O QUE O CONCEITO É:

SÍNTESE E GANCHO PARA DELEUZE

DELEUZE E A FILOSOFIA COMO CRIAÇÃO CONCEITUAL

CONTRIBUIÇÃO E LEITURA DE LASALVIA

CONTRIBUIÇÃO E LEITURA DE GALLO

SÍNTESE E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nietzsche avançou na discussão e abriu campo para interpretações


como a semiótica (?), porém reconheceu a impossibilidade de uma linguagem
não arbitrária. Em deleuze há uma continuidade para a aporia nietzscheziana,
não como solução da linguagem metafórica, mas para sua melhoria. De fato,
ao propor o conceito despido de imagem da representação, Deleuze relaxa as
tensões dos conceitos dogmáticos colocando-os sob os cuidados da Filosofia
enquanto (re)criadora de conceitos.

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