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Flexão verbal
Do ponto de vista morfológico, os verbos são palavras complexas, formadas pela combinação
de vários morfemas. Os verbos são constituídos por um tema, que resulta da combinação de um
radical com uma vogal temática (que define a conjugação do verbo, ou seja, indica o seu
paradigma flexional).
Cantar cant + a
radical vogal temática
Ao tema verbal (1) segue-se um conjunto de sufixos que transportam informações de tempo,
modo e aspeto e de pessoa e número. A ordem desses sufixos é a seguinte: sufixos de tempo,
modo e aspeto (2) + sufixos de pessoa e número (3).
canta va mos
1 2 3
No entanto, nem todas as formas verbais têm esta estrutura morfológica; as formas verbais
não finitas (infinitivo impessoal, gerúndio e particípio), por exemplo, são formas invariáveis.
Conjugações verbais
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Ficha informativa de Gramática
Em alguns tempos verbais, a vogal temática pode não ser visível, porque ocorrem alterações
fonéticas em determinados contextos. Por exemplo, no presente do indicativo e do conjuntivo, a
vogal temática desaparece quando se encontra antes de vogal.
Tem
Presente do indicativo Presente do conjuntivo
Primeira cant + a + o → canto cant + a + e → cante
Pessoa e número
As formas flexionadas dos verbos expressam a concordância em pessoa e número com o
sujeito da oração de que fazem parte. Na maioria dos casos, um único morfema expressa
simultaneamente os valores de tempo, modo, aspeto, pessoa e número (por exemplo, no caso do
verbo falar, o sufixo - o em falo indica presente do indicativo + 1.ª pessoa do singular). Em casos
excecionais, a concordância é expressa através de um conjunto de sufixos independentes que
ocupam a última posição na ordem dos morfemas verbais. Por exemplo, na forma verbal
cantávamos,- va- é o sufixo de tempo, modo e aspeto, e - mos é o sufixo de pessoa e número. Em
português, existem três formas para a pessoa (primeira, segunda e terceira), que variam em
número (singular e plural).
Singular 1ª — Falava
2ª -s falavas
3ª — falava
Existem verbos que só são conjugados em certas combinações de pessoa e número. É, por
exemplo, o caso dos verbos impessoais, como nevar, que apenas ocorrem na terceira pessoa do
singular.
Modo
O modo verbal é uma categoria gramatical que expressa a atitude do locutor (dúvida,
certeza, suposição, necessidade, exigência, etc.) face ao conteúdo do enunciado. Distinguem-se, em
português, quatro modos verbais: indicativo, conjuntivo, imperativo e condicional.
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Ficha informativa de Gramática
O modo indicativo apresenta a ação como um facto verosímil ou tido como tal:
O modo conjuntivo não refere um estado de coisas real, mas um estado de coisas possível,
desejável, incerto ou irreal:
Vai- te embora!
Abre a porta!
Vem jantar comigo amanhã.
Este modo é, portanto, defetivo na primeira e na terceira pessoas. Nessas pessoas e em frases
negativas, as formas verbais usadas para expressar ordens, pedidos, etc., pertencem ao modo
conjuntivo:
Chegue aqui!
Avancemos!
Não venhas tarde!
Não se mexam!
Tempo
A categoria gramatical tempo indica o momento temporal em que decorre o estado de coisas
expresso pelo verbo, tomando-se, como ponto de referência, o momento da enunciação.
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Ficha informativa de Gramática
Os tempos verbais podem ser agrupados em duas séries: os tempos simples e os tempos
compostos.
Os tempos compostos em português são formados por uma forma flexionada de um verbo
auxiliar combinada com o particípio passado dos verbos principais. O auxiliar dos tempos
compostos mais frequente no português atual é ter, mas o verbo haver também é por vezes usado
(Havíamos lido os livros e feito os exercícios).
Os tempos compostos indicam que o estado de coisas referido na frase se realizou, isto é, estas
formas têm um valor aspetual perfetivo.
Formas verbais finitas - As formas verbais finitas variam em tempo, pessoa e número. Ao
contrário das formas verbais não finitas (infinitivo, gerúndio e particípio), estas formas podem
constituir a única forma verbal numa frase simples.
Tempos do modo indicativo
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Ficha informativa de Gramática
Regra geral, as formas do presente são usadas para referir os estados de coisas atuais, as
formas do futuro indicam os estados de coisas que irão acontecer e as formas de pretérito, os que
se localizam no passado.
No entanto, os tempos verbais são muitas vezes usados para indicar um valor temporal
diferente daquele que normalmente veiculam. Por exemplo, não é invulgar usar uma forma do
presente para referir uma ação passada (1) ou futura (2):
(1) Nos anos 90, uma epidemia quase acaba com os golfinhos riscados.
(2) Amanhã vou às compras.
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Ficha informativa de Gramática
Frequentemente, o futuro simples é substituído pelo presente do indicativo (Amanhã, vou à praia.)
ou por construções perifrásticas (Hei de comprar um carro novo; A Laura vai mudar de casa
amanhã).
O futuro composto ( terei ido, teremos estudado, terão feito, etc.) indica uma ação terminada antes
de outra: Quando o João voltar ,já o filho terá ido para a escola.
Este tempo verbal pode ainda indicar incerteza: Julgo que terá sido o Pedro a causar o acidente.
Os tempos simples do conjuntivo podem, além do seu valor temporal intrínseco, expressar
uma localização temporal futura. Numa frase como: Ela quer que tu lhe tragas um presente de Paris
quando voltares, o presente do conjuntivo expressa um tempo futuro em relação ao tempo da
enunciação. Em: A Luísa pediu que arranjasses a torneira, o imperfeito do conjuntivo expressa um
tempo posterior ao tempo da oração subordinante e ao tempo da enunciação.
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Ficha informativa de Gramática
O modo imperativo tem um carater defetivo, visto só apresentar um tempo (o presente) e uma
pessoa (a segunda pessoa gramatical).
(2.ª pessoa do singular) anda
(2.ª pessoa do plural) andai
Para expressar os valores associados ao imperativo em frases com sujeito gramatical diferente da
segunda pessoa (frases com o sujeito você/vocês, que é formalmente uma terceira pessoa) ou para
expressar frases imperativas negativas, usa -se o conjuntivo:
Traga- me já o contrato!
Não venhas tarde!
As formas verbais não finitas são o infinitivo (pessoal e impessoal), o gerúndio e o particípio.
Estas formas ocorrem, normalmente, associadas a outras formas verbais e não variam em tempo.
Infinitivo impessoal
O infinitivo impessoal é uma forma que pode ocorrer em orações subordinadas substantivas com
função de sujeito (1), de complemento do verbo (2) e de complemento do nome (3), em orações
subordinadas adverbiais temporais (4) e em orações subordinadas adverbiais causais (5):
Este tempo tem uma forma simples (ex.: andar) e uma forma composta (ex.: ter andado).
Infinitivo pessoal
O português possui uma forma de infinitivo pessoal ou flexionado, além do infinitivo impessoal.
Esta forma, que tem flexão de pessoa e de número (por exemplo: ler, leres, ler, lermos, lerdes, lerem),
ocorre em certas orações subordinadas, como as finais:
Gerúndio
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Ficha informativa de Gramática
Este tempo verbal tem uma forma simples, constituída pela junção do sufixo - ndo ao tema verbal
(ex.: andando, lendo, saindo), e uma forma composta, que associa o gerúndio do verbo auxiliar ter ao
particípio do verbo principal (ex.: tendo andado, tendo lido, tendo saído).
O gerúndio expressa um valor durativo e não acabado, indicando a simultaneidade das ações
expressas pelo verbo no gerúndio e por um verbo numa forma finita (1) ou a anterioridade da ação
expressa pelo verbo no gerúndio em relação a ação expressa pela forma verbal finita (2).
(1) Ela ouvia- o sorrindo.
(2) Dizendo isto, saiu da sala.
Particípio
O particípio e uma forma verbal não finita que entra na formação dos tempos compostos e das
construções passivas. Nos tempos compostos, ocorre como forma invariável:
Ela tinha ido a rua.
Os rapazes tinham jantado fora.
Existem verbos que apresentam duas formas de particípio passado: uma regular (forma fraca),
habitualmente usada na formação dos tempos compostos com os auxiliares ter e haver, e outra
irregular (forma forte), geralmente utilizada com os auxiliares ser e estar.
O particípio regular é formado pela afixação do sufixo - do ao tema verbal: ama+do→amado.
Apresentam-se abaixo os principais verbos que manifestam esta particularidade.
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Ficha informativa de Gramática
• Quando os verbos possuem duas formas de particípio, é sempre a forma irregular que
funciona como adjetivo:
Tipologia verbal
Verbos regulares
Os verbos regulares conservam o mesmo radical em todas as suas formas e os sufixos a ele
associados seguem o paradigma da respetiva conjugação. A maioria dos verbos da primeira
conjugação é regular.
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Ficha informativa de Gramática
Verbos irregulares
Os verbos irregulares apresentam um conjunto de sufixos flexionais que não seguem o paradigma
da conjugação a que pertencem. Em alguns casos, a irregularidade destes verbos pode afetar
igualmente o radical. O verbo ser, por exemplo, apresenta mais do que um radical na sua flexão: sou,
és, fui, etc.
Estas formam flexionadas pertencentes a radicais diferentes que preenchem lacunas existentes no
paradigma flexional de um verbo denominam-se formas supletivas.
CAPÍTULO 3
Para determinar se um verbo é irregular, basta observar as seguintes formas do indicativo (exceto
no caso dos verbos irregulares dar, estar, haver, querer, saber e ir): presente, pretérito perfeito e
futuro.
Por razões fonológicas, em alguns verbos o timbre da vogal do radical altera-se em determinados
contextos. É o que se verifica na flexão dos seguintes verbos:
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Ficha informativa de Gramática
Os verbos defetivos são verbos que apenas ocorrem em certas combinações de pessoa e número e
de tempo, modo e aspeto. A sua conjugação é, por isso, incompleta. Isto pode suceder por razões
semânticas, como no caso dos verbos impessoais, que só ocorrem na terceira pessoa (nevar,
suceder, acontecer...). Também os verbos que designam vozes de animais (ladrar, miar, zurrar,) são
considerados defetivos no seu uso normal, embora possam ocorrer em qualquer pessoa num
contexto adequado (por exemplo, numa fabula).Um verbo como falir só é usado, por razões de
eufonia, na primeira e na segunda pessoa do plural do presente do indicativo (falimos, falis),e na
segunda pessoa do plural do imperativo (fali). Outros verbos defetivos do mesmo tipo são banir,
colorir, demolir, punir, etc.
Os verbos impessoais apenas ocorrem na terceira pessoa do singular: é o caso de haver na aceção
de existir, do verbo fazer quando indica tempo decorrido, do verbo tratar quando conjugado
pronominalmente e dos verbos que indicam fenómenos meteorológicos— nevar, chover, trovejar,
amanhecer, anoitecer, etc. As frases com estes verbos não têm sujeito expresso:
Há muitos problemas nesta cidade.
Faz cinco anos que ele emigrou.
Nevou ontem em Londres.
Ontem choveu torrencialmente.
Trata- se de um projeto interessante.
Os verbos ditos unipessoais apenas flexionam na terceira pessoa do singular e do plural. Esta
restrição tem origem na semântica dos próprios verbos, que selecionam sujeitos não humanos. É o
caso dos verbos que designam vozes ou comportamentos de animais:
Os cavalos relincharam.
O cão ladrou.
Os lobos uivaram toda a noite.
Os pássaros chilreavam alegremente.
O cavalo galopou velozmente.
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