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Aqui nada direi sobre o monaquismo feminino.

1. Figuras importantes do monaquismo oriental anterior a São


Bento
São Paulo de Tebas (228-341). A sua vida está cheia de milagres
extraordinários, mas só dela temos conhecimento através da Vita Pauli (PL
23, 17-28), que São Jerónimo (345-420) escreveu c. 375, ou seja, depois de
ter traduzido a Vita Antonii. Há quem afirme que é uma personagem fictícia,
que São Jerónimo procurou apresentar como superior em tudo a Santo
Antão, até na longevidade.
Santo Antão (c.250 – 356) A sua biografia é conhecida sobretudo através
da Vita Antonii, que Santo Atanásio (c.295-373), Patriarca de Alexandria,
escreveu em grego, e São Jerónimo traduziu para latim. Segundo essa obra,
um autêntico tratado de espiritualidade monástica, a vida no deserto é uma
luta contra o Demónio, que ataca ou pela violência ou pela sedução, e a
finalidade da oração e da ascese é atingir a apatheia, a ciência das
Escrituras e a caridade perfeita.
São Pacómio (após 275 – 346) Filho de pais pagãos, recebeu o baptismo
em 314. Logo a seguir deixou a vida militar e fez-se eremita. Mais tarde
fundou o mosteiro de Tabennisi, onde os monges levavam vida comunitária,
e escreveu uma Regra, que São Jerónimo traduziu para latim. Foi portanto o
iniciador do monaquismo cenobítico.
São Basílio Magno (Cesareia da Capadócia, c.329 – 01.01.379) É o único
autor que São Bento menciona na sua Regra: “nosso Pai São Basílio” RB
73,5. Estudou em Constantinopla e em Atenas, e depois viajou pelo Egipto,
a Palestina, a Síria e a Mesopotâmia, para conhecer a vida de monges
famosos. C. 357 retirou-se para uma propriedade próximo de Neo-Cesareia
do Ponto, e aí se entregou à oração e ao estudo. Em 362 foi ordenado
sacerdote e tornou-se um teólogo famoso. A partir de 365 passou a residir
junto do bispo de Cesareia, a quem sucedeu em 370. Em 372 chamou o seu
irmão mais novo, São Gregório de Nissa (Cesareia da Capadócia, c. 335 – c.
394) para primeiro bispo de Nissa, e o seu amigo e companheiro, São
Gregório de Nazianzo (Nazianzo, c. 330 – c. 390), para primeiro bispo de
Sázima. Este tornou-se bispo de Constantinopla em 374.
Fundador de um mosteiro, São Basílio escreveu as Regras Maiores (Regulae
fusius tractatae) – um conjunto de 55 conferências – e as Regras Menores
(Regulae brevius tractatae) – 313 respostas a questões práticas. Nessas
obras encontramos todos os elementos do monaquismo: oração litúrgica,
confissão dos pecados, recepção frequente da Eucaristia, leitura da Bíblia,
trabalho manual, prática das obras de benificência, ou seja, hospitalidade,
cuidado dos doentes, ensino. A base de toda a observância monástica é a
obediência.
Evágrio Pôntico (Ibora, no Ponto, c. 356 – Celas, no Egipto, c.400. Ibora,
que foi destruída por um terremoto no século VI, ficava onde é hoje Turhal).
Por volta de 370 entrou no círculo de São Basílio e São Gregório de
Nazianzo, e viveu as suas primeiras experiências espirituais. Após São
Gregório de Nazianzo ter abandonado Constantinopla, em Julho de 381, foi
eleito arquidiácono pelo Patriarca Nectário e desenvolveu uma intensa
actividade como pregador, especialmente contra os hereges. Atraído pela
solidão, foi para Jerusalém, onde adoeceu gravemente. Uma vez curado,
partiu para o Egipto, por sugestão de Santa Melânia Maior (Espanha,
c.325/341 – Jerusalém, 410) e colocou-se sob a orientação de São Macário
de Alexandria (+395/405), no deserto da Nítria. Dois anos mais tarde foi
para o deserto de Celas.
Grande parte da vasta obra literária de Evágrio perdeu-se, e de alguns
títulos apenas se conhece a tradução para arménio, siríaco ou latim. Não há
consenso a respeito do corpus evagrianum autêntico. Tudo isto se deve ao
facto de Evágrio ter sido várias vezes condenado como seguidor de
Orígenes (Alexandria, c.185 – Cesareia da Palestina ou Tiro, c.253).
Principais obras conhecidas: Antirrhetikos. Rerum Monachalium Rationes.
Epistula Fidei. Epistula ad Melaniam. Tractatus ad Eulogium Monachum.
Gnostikos. Scholia in Eccl. Scholia in Prov. Scholia in Ps. Institutio ad
Monachos.Kephalaia Gnostica. Ad Monachos. De Oratione Capitula.
Tractatus de Octo Spiritibus Malitiae. De Diversis Malignis Cogitationius.
Praktikos. Ad Virginem. De Vitiis Quae Oppositae Sunt Virtutibus.

2. Figuras importantes do monaquismo ocidental anterior a São


Bento
São Martinho de Tours (c.316 – 397). Retirou-se para uma villa de Ligugé,
que lhe foi confiada por Santo Hilário, bispo de Poitiers. Aspirantes à vida
monástica juntaram-se a ele. Eleito bispo de Tours em 371 ou 372, criou um
refúgio para si próprio do outro lado do Loire. Os discípulos que se vieram
juntar a ele viviam em grutas e cabanas, como numa laura da Palestina.
Assim nasceu o Mosteiro de Marmoutier. Os clérigos ajudavam os bispos no
trabalho pastoral e missionário, e os leigos copiavam manuscritos. O
mosteiro não sobreviveu a Martinho, porque ele não era um organizador da
vida monástica: tal como os seus contemporâneos, ignorava as
regulamentações e a estabilidade.
Santo Agostinho (354 – 430), bispo de Hipona, leva vida comum com o
seu clero a partir de 396. O seu exemplo, as suas instruções e alguns
pequenos escritos de ocasião sobre a vida ascética bastavam para regular a
vida dos seus discípulos. A chamada Regra de Santo Agostinho é a Carta
211, que ele escreveu em 413, para apaziguar uma comunidade feminina e
traçar-lhe uma linha de conduta moderada e firme, propondo como espelho
de boa observância a concórdia da era apostólica. No início do século VI
esta carta foi adaptada para os monges e intitulada Regula ad servos Dei.
João Cassiano (Cítia Menor?, c.360 – Provença, c. 450) Ver fotocópia.
Santo Honorato (+429), fundador do Mosteiro de Lérins. C. 410, a
conselho do bispo de Fréjus, Honorato instala-se na pequena ilha de Lerina,
a quatro quilómetros da actual cidade de Cannes, para aí levar vida
solitária. Vieram juntar-se a ele vários discípulos, que viviam em pequenos
eremitérios, como numa laura da Palestina. Mais tarde criou-se um cenóbio.
Não havia uma regra propriamente dita, mas um costumeiro inspirado nas
observâncias egípcias, e vivificado pelo comentário oral e as instruções
espirituais do Abade. (A chamada Regra de Santo Honorato ou Instituta
Lerinensium é apenas o conjunto das tradições locais do fundador de
Lérins.) Os anciãos fevorosos e experimentados viviam em ermitérios, e só
se juntavam com os outros monges, puramente cenobitas, para o ofício
divino e as conferências.
São Cesário de Arles (Châlon-sur-Saône, 470 – 27.08.542). Monge de
Lérins, foi enviado a Arles para recuperar a saúde, abalada por uma
frugalidade extrema. Em 496, Eone, bispo de Arles, ordenou-o e confiou-lhe
um mosteiro. Em 502 foi eleito bispo de Arles, e em 512 fundou o mosteiro
feminino de São João, cujo governo confiou à sua irmã Cesária. Compôs uma
Regula ad monachos (24 artigos) e uma Regula ad virgines (65 artigos).
Agostinho e Cassiano foram as suas fontes principais.

3. São Bento e a sua Regra


São Bento nasceu c.480 em Núrsia. Com cerca de 18 anos foi estudar para
Roma, mas em breve deixou a cidade para se dedicar a uma vida de oração
e ascese, primeiro em Enfide e depois em Subiaco. Eleito abade do mosteiro
de Vicovaro, escapou a uma tentativa de envenenamento. Em Subiaco
reuniu discípulos que repartiu em 12 mosteiros. A inveja do sacerdote
Florêncio obrigou-o a abandonar o local. C. 529 fixou-se em Montecassino,
onde fundou um mosteiro. Aí faleceu provavelmente em 21 de Março de
547. Tudo isto nos é relatado no II livro dos Diálogos de São Gregório
Magno (c.540 – 604))
A Regra de São Bento é uma síntese da tradição monástica anterior.
Contém um prólogo seguido de 73 capítulos.
Fontes: Sobretudo Cassiano e Basílio na génese da Regra de São Bento: “E
as Colações dos Padres, as suas Instituições e Vidas, bem como a Regra do
nosso Pai S. Basílio, que outra coisa são senão documentos autênticos das
virtudes de monges de vida santa e obedientes?” (RB 73,5) A Regra do
Mestre? Tal como a de São Bento, foi escrita na Itália central, no século VI.
Ficou assim conhecida devido à formula introdutória que utiliza: “O Senhor
respondeu pelo seu Mestre”. Tem várias passagens em comum com a Regra
de São Bento. Descreve minuciosamente a vida do monge, enquadrando-a
em múltiplas regulamentações, justificadas por longas exortações
espirituais, com exemplos tirados de várias fontes, inclusive os evangelhos
apócrifos e as paixões lendárias. A opinião mais bem aceite entre os
especialistas é que São Bento encontrou na Regra do Mestre uma grande
quantidade dos elementos com os quais redigiu a sua Regra, que sintetiza o
extraordinário legado dos primeiros monges cristãos.
A RB é um texto ditado pela experiência: de Ordo litúrgico até à versão
definitiva terminada em Montecassino. “Escreveu uma Regra para os
monges notável pela sua discrição e clareza” (II Livro dos Diálogos).
Cristocentrismo. Personalismo. Caps. V,VI e VII e LXXII. Os votos
beneditinos.

4. A “universalização” da Regra de São Bento ou o início do


beneditinismo
Bento de Aniano (Aniano, c. 750 – 821): Vitiza entrou no mosteiro de
Saint-Seine, perto de Dijon, em 776. C. 787 construiu em Aniano,
propriedade da família, um grande mosteiro com uma bela igreja e uma rica
biblioteca. Adoptou a Regra de São Bento e tomou ele próprio o nome de
Bento. Compôs o Codex Regularum – uma recolha de 21 Regras de Monjes e
6 Regras de Monjas – e a Concordia Regularum – um comentário à Regra de
São Bento formado de extractos de outras Regras. Tomou parte no Concílio
de Aix-la Chapelle, que, em 817, impôs a Regra de São Bento como regra
única para todos os mosteiros do Império carolíngio. A execução dessa
norma foi deixada a cargo de São Bento de Aniano, o qual também procurou
garantir que a observância fosse idêntica em toda a parte. Daí que tenha
sido ele o inventor das visitas canónicas. Assim nasceu o beneditinismo na
Europa.

5. Cluny
Tendo fundado um mosteiro na sua villa de Cluny, o Conde de Auvergne e
Duque de Aquitânia confiou-o, em 11 de Setembro de 910, ao “abade
Bernon, para presidir a ele segundo o seu saber e capacidade, enquanto
viver”. Bernon levou para Cluny doze monges, seis de Gigny e seis de
Baume, que, no dizer do monge João, biógrafo do Abade Odo, eram
seguidores do “P. Euticus”. Deve-se reconhecer sob este nome Vitiza, mais
tarde Bento de Aniano. O ideal dos fundadores de Cluny era observar a
Regra de São Bento tal como Bento de Aniano a tinha comentado.
O acto de fundação sujeitou o Mosteiro de Cluny directamente à Santa Sé,
libertando-o de toda a ingerência externa (laical ou clerical) e permitindo
que os monges elegessem livremente os seus abades. Abaciados
posteriores ao de Bernon (+927): Odo (927-+942), Aimardo (942-954),
Maiolo (954-+994), Odilão (994-+1049), Hugo (1049-+1109), Pôncio de
Melgueil (1109-1122), Pedro Venerável (1122-1156). O desastroso
abaciado de Pôncio de Melgueil, totalmente voltado para a política exterior,
iniciou o declínio de Cluny.
Com Cluny e o seu programa de reforma monástica surgiu um sistema em
que uma só Abadia – a casa mãe – gozava de supremacia sobre os outros
mosteiros, que não tinham uma existência completamente autónoma. Por
isso mesmo e porque cada vez mais se envolviam nos grandes
acontecimentos políticos e eclesiais do seu tempo, os abades de Cluny
levavam uma existência itinerante.
A reforma de Cluny estendeu-se de Portugal à Polónia e de Inglaterra à
Palestina. Organização: 1. As “cinco filhas de Cluny”, ou seja, priorados
que dependiam directamente da Casa-Mãe, e cujo “Grande Prior” era
nomeado unicamente pelo abade de Cluny: Souvigny, Sauxillanges, La
Charité-sur-Loire, Saint Martin des Champs (Paris), Lewes (Inglaterra).
2. Priorados submetidos às cinco filhas: eram por vezes muito pequenos
(com cinco ou dez monges), mas estavam espalhados por toda a França, o
norte da Itália, a Península Ibérica e a Inglaterra. Só La Charité-sur-Loire
chegou a ter 52 dois priorados dependentes em vários países. Se fosse
concedido a algum destes o título de Abadia, o abade era nomeado pelo
abade de Cluny.
3. Abadias colocada sob a vigilância de Cluny, mas não incorporadas nela. O
abade de Cluny dirigia ou legitimava a eleição abacial, mas os mosteiros
permaneciam autónomos, e.g. Vézelay, Moissac, S. Martin...
4. Abadias confiadas temporariamente a Cluny com vista à reforma. Não
pertenciam verdadeiramente ao grupo cluniacense, apenas seguiam os seus
usos e costumes, e.g. Fleury, Marmoutier, St. Maur des Fossés...

6. Cister
Surge no contexto de orientação eremítica do novo monaquismo, cf.
Camaldulenses, Valombrosanos, Cartuxos...
Roberto de Molesme (c.1028-1111) Era da família dos Condes de
Tonnerre. Ainda adolescente entrou em Montier-la-Celle, um mosteiro perto
de Troyes, de que foi Prior Claustral a partir de 1050. C. 1068, os monges de
Saint-Michel de Tonnerre elegeram-no Abade. Em 1073 era Prior de Saint-
Ayoul de Provins, que dependia de Montier-la-Celle. Com um grupo de
eremitas da floresta de Colan, que procuravam um mestre espiritual,
fundou, em finais de 1075, a Abadia de Molesme. Sentindo que Molesme
não correspondia aos seus desejos de uma vida pobre e simples, Roberto
retirou-se para um pequeno Priorado dependente. Mas o Papa Urbano II
ordenou-lhe que retomasse o seu lugar na Abadia.
No início de 1098, Roberto obteve do legado pontifício Hugo, arcebispo de
Lyon, permissão para fazer uma nova experiência. Com 21 companheiros,
escolheu, a cerca de uma vintena de quilómetros a sul de Dijon, um lugar
chamado Cîteaux (Cister), onde, a 21 de Março, fundou “o novo mosteiro”.
Data e título programáticos, uma vez que o ideal era voltar à prática literal
da Regra de São Bento, rejeitando a interpretação de Bento de Aniano,
codificada nos costumeiros correntes.
Todavia, a comunidade de Molesme queria que Roberto voltasse a ser seu
abade, e conseguiram até um decreto pontifício nesse sentido. Assim,
Roberto obedeceu uma vez mais a Urbano II e regressou a Molesme, junto
com um grupo de monges para quem a vida em Cister era demasiado dura.
Isso foi muito mal aceite pelos primeiros cistercienses, que consideraram
Roberto uma espécie de traidor.
Alberico (+1109) Viveu 25 anos como eremita na floresta de Colan. Foi um
dos fundadores de Molesme e seu Prior. Saiu com Roberto para Cister e
sucedeu-lhe como abade do novo mosteiro.
Solicitou e obteve de Pascal II a bula Desiderium (19.10.1100), que colocou
a comunidade sob a protecção do Romano Pontífice. Fez redigir os Instituta,
ou estatutos primitivos de Cister, que regulavam a pobreza, a hospitalidade,
o problema dos irmãos conversos e das fundações de mosteiros. Reformou
a liturgia, diminuindo consideravelmente a extensão do ofício divino então
em vigor.
Estevão Harding (+1134) era um nobre inglês, monge da Abadia de
Sherborne, que foi estudar para Paris. De regresso de uma peregrinação a
Roma, passou pela Abadia de Molesme e aí ficou. Desejoso de uma vida
simples, foi com Roberto e Alberico para Cister, e sucedeu a este como
abade. Concluiu a reforma litúrgica iniciada por Alberico e redigiu a Carta
Caritatis, aprovada pelo Papa Calixto II em 1119. Este documento foi
elaborado com a finalidade de organisar a Ordem de Cister e manter a
unidade de observância (caracterizada por solidão, pobreza, simplicidade,
trabalho agrícola) em todos os seus mosteiros. Demitiu-se em 1133.
Organização: Todas as fundações de Cister eram abadias autónomas (um
abade e pelo menos 12 monges), estáveis, administradas no espiritual e no
temporal por um abade livremente eleito pela comunidade. Mas esta
autonomia das abadias, que lhes dava campo para se desenvolverem, era
controlada pela visita canónica anual e pelo Capítulo Geral anual. Este
celebrava-se sempre na festa da Exaltação da Santa Cruz, e reunia em
Cister todos os abades da Ordem.
Cister institui os “irmãos conversos”, religiosos leigos, barbudos,
normalmente de idade adulta, que asseguravam os trabalhos agrícolas
sobretudo nas terras afastadas do mosteiro. Não estavam obrigados ao
ofício coral nem usavam cogula. Não residiam na clausura nem tinham voz
no Capítulo. Administravam as “granjas”, edifícios de exploração agrícola
distantes da Abadia. Residiam aí no tempo das colheitas, mas vinham
sempre passar o Domingo na Abadia.
Os primeiros cistercienses souberam harmonisar o seu programa de vida no
deserto com a Regra de São Bento praticada à letra.
São Bernardo (1090-1153) Na Primavera de 1112 o jovem senhor Bernard
de Fontaines-lès-Dijon entra em Cister com mais trinta companheiros:
irmãos, primos e condiscípulos. Surgem a seguir as quatro primeiras filhas
de Cister: La Ferté-sur-Grosne (1113), Pontigny-sur-Serein (1114), Clairvaux
(1114) e Morimond (1115). Mãe e filhas têm uma numerosa descendência
de centenas de mosteiros.
Em Junho de 1115 é colocado à frente de Clairvaux. A partir de 1126
mantém relações com todas as grandes personagens do seu tempo, sempre
ávidas de escutar a sua palavra. Contra a vontade, vê-se muitas vezes
obrigado a deixar o seu mosteiro para responder ao apelo dos reis e do
Sumo Pontífice. Prega a segunda cruzada [1145 – 1149. Dirigida por Luís VII
de França e Conrado III da Alemanha, fracassa no seu objectivo de
conquistar Damasco (1148)]. Atrai multidões para a vida monástica, desde
simples plebeus a príncipes e bispos.
A partir de 1120 a Ordem começa a enxamear para fora da França. À morte
de São Bernardo conta 343 abadias, das quais 66 foram fundadas,
restauradas ou reformadas por ele. Em finais do século XIII tem 694
abadias. Mas nessa altura Cister já começa a dar sinais de alguma
decadência.
Em 1567, São Pio V aprovou a Congregação de Cister de Portugal, que
agrupava 17 mosteiros.

7. A “estrita observância”, Rancé e a Trapa


A chamada “estrita observância” iniciou-se com Arnolfini, clérigo, que em
1598, com a idade de 19 anos, recebeu de Henrique IV a comenda da
Abadia Cisterciense de Charmoye. Quis reconduzir o seu mosteiro ao fervor
primitivo, tornando-se abade regular do mesmo. Professou em Clairvaux em
1603.
Os que aderiam à reforma da estrita observância eram chamados
abstinentes, por se absterem da carne.
Em 1768 havia 56 abadias OCSO e 288 OC.
Rancé (1626-1700). Nasceu no seio de uma família nobre e rica, e o seu
padrinho de baptismo foi Richelieu. No interesse da família, foi destinado
desde a infância ao estado clerical. Aos 9 anos recebeu a tonsura, que o
habilitou a benefícios eclesiásticos. Aos 11 foi nomeado cónego de Notre
Dâme de Paris. Aos 12 anos era cónego de Santo Agostinho, Prior
comendatário de dois mosteiros, e Abade comendatário de três – um deles a
Trapa.
Em 1651 foi ordenado sacerdote por um tio e, em 1654, laureou-se em
Teologia na Sorbona.
Em 1663, depois de se desfazer de todos os mosteiros, excepto o da Trapa,
que era o mais pobre, dirigiu-se a Perseigne, um mosteiro da estrita
observância, para fazer o noviciado. Em 1664 professou. Poucas semanas
depois recebeu a bênção abacial e, no dia seguinte, tomou posse da Abadia
da Trapa. Iniciou um programa de reforma mais baseado nos Padres do
deserto do que na Regra de São Bento.
As ideias fundamentais de Rancé estão expressas no seu livro Vida
monástica como penitência pelos pecados, cuja fonte imediata é a Escada
do Paraíso de São João Clímaco (c.575- Sinai c.650). O seu rigorismo, em
especial na alimentação, foi a causa de uma elevadíssima taxa de
mortalidade na Trapa. Nos primeiros anos do seu abaciado empenhou-se
em defender a estrita observância, fazendo viagens e promovendo reuniões
de abades. Mas em 1875 decidiu não deixar mais o mosteiro nem
empenhar-se em favor de uma Ordem com a qual já não se idenfificava. Por
isso deixou de participar nos Capítulos Gerais de Cister. Só admitia como
válida a observância da Trapa, e chegou mesmo a criticar a vida dos
cartuxos, sobretudo por causa da alimentação. Em resposta, Massau, Geral
da Cartuxa, criticou a vida da Trapa pela sua falta de fundamento e
discrição.
Maisne, um leigo que vivia nas imediações da Abadia, foi o secretário de
Rancé até à sua morte. Todos os assuntos do mosteiro passavam pela mão
desta figura misteriosa. Mesmo tendo uma saúde débil, Rancé foi muito
observante até ao fim dos seus dias.
Na França, só a Trapa sobreviveu à Revolução de 1789, mas o seu
movimento de reforma acabou por se dividir: 1. Congregação da Antiga
Reforma, 2. Congregação da Nova Reforma, 3. Abadia de Westmalle
(próximo a Antuérpia) e 4. Abadia de Casamari (na região do Lácio).
No dia 20 de Junho de 1892, um decreto pontifício ordenou a convocação de
um Capítulo Geral dos trapistas, em Outubro, na cidade de Roma. Casamari
decidiu conservar a sua autonomia (regressou à observância comum em
1929), e as restantes casas uniram-se e elegeram Sebastião Wyart para seu
Geral. No dia 17 de Março de 1893, Leão ratificou as decisões do I Capítulo
Geral, reconhecendo os cistercienses reformados como uma Ordem
independente. Adoptaram-se os antigos usos de Cister, interpretados por
Rancé, mas mitigados: levantar às 2h, 6 horas de exercícios comuns na
igreja, 4 a 5 horas de trabalho manual (os conversos trabalhavam mais), 6
ou 7 horas de repouso, o resto do tempo (descontado o das refeições) era
para a leitura e a oração privada.
Em 1898, a Abadia de Cister foi reconstruída e Wyart assumiu o título de
Abade. A Ordem afastou-se cada vez mais de Rancé. Daí que em 1902
tenha mudado o nome para Ordem de Cister da Estrita Observância.

8. A ordem beneditina em Portugal


São Romão de Neiva (1087), não muito longe da foz do rio Neiva, parece ser
o primeiro caso documentado de adopção da RB como regra única.
Não é possível fazer uma lista completa dos mosteiros beneditinos antes do
século XVI.
A reforma da vida monástica ocupou a última sessão (XXVª) do Concílio de
Trento, em Dezembro de 1563. Entre outras coisas, definiu-se a doutrina da
isenção e estipulou-se que os mosteiros se deviam unir em congregações.
Os que não quisessem ficariam sujeitos ao bispo e à visita do ordinário do
lugar. Assim se pretendia acabar com os benefícios, ou seja, a
transformação do abaciado em comenda e dos ofícios monásticos em
prebendas.
Pela Bula In eminenti (30.04.1566), completada pela Regimini Universalis
Ecclesiae (13.08.1567), São Pio V erigiu a Congregação de São Bento de
Portugal. Um Capítulo Geral elegia o Dom Abade Geral, o Definitório,
Visitadores e os Abades de cada mosteiro. A administração era centralizada
e os mandatos trienais. O voto de estabilidade fazia-se para a Congregação.
São Martinho de Tibães foi a casa-mãe da nova Congregação, que atingiu
um total de 22 abadias e 2 casas menores, sem contar os mosteiros
fundados no Brasil. Estes formaram uma província que, em 1827, se tornou
uma Congregação independente.
A Congregação de São Bento de Portugal foi extinta pelo decreto de 28 de
Maio de 1834.
Em 1865, Frei João de Santa Gertrudes Amorim, português, monge
professo do Mosteiro do Rio de Janeiro, veio para Portugal e iniciou, com
mais três confrades brasileiros formados em São Paulo extra muros – Frei
Francisco do Lado de Cristo, Frei Hermógenes do Imaculado Coração de
Maria e Frei José de Santa Escolástica –, um colégio no antigo Mosteiro de
Paço de Sousa, que arrendara. Em 1870 adquiriu o Mosteiro de Cucujães,
e para lá se transferiram. Os monges brasileiros acabaram por regressar à
sua terra, mas, em 8 de Junho de 1888, Cucujães foi elevada a Abadia, e
Frei João nomeado Abade, por breve do Papa Leão XIII. A Abadia restaurada
de Cucujães contava então 7 monges de votos solenes, 4 noviços, 3
postulantes e um colégio.
Entretanto, a família Gouveia Azevedo, proprietária da Quinta de
Singeverga (termo gótico: sunja “verdade” + berga “proteger” =
Singeverga “protectora da verdade”), nutrindo grande veneração pelo
beneditinos graças ao contacto com egressos que eram párocos de Roriz e
outras localidades, ofereceu todos os seus bens a Frei João de Santa
Gertrudes. Em 25 de Janeiro de 1892 deram entrada em Singeverga Frei
José de Santa Escolástica Faria, Superior nomeado, um clérigo, um irmão
converso e quatro oblatos (=colegiais).
Em 6 de Janeiro de 1895, os monges portugueses, até então sob a tutela de
São Paulo extra muros, foram admitidos na Congregação de Beuron.
Com o advento da república, o Mosteiro de Cucujães foi confiscado e
Singeverga fechou: só ficou o Superior, P. Manuel Baptista Lopes de Oliveira
Ramos, que recolheu à casa dos doadores na qualidade de capelão.
Alguns oblatos começaram a formação fora do país, e por fim Dom António
Coelho conseguiu reunir um pequeno núcleo de jovens na Abadia de Samos,
Galiza. Ali estiveram de 4 de Julho de 1922 a 21 de Dezembro de 1926, data
em que se transferiram para a Falperra, perto de Braga.
Em 1922, em 9 de Maio, Singeverga foi elevada a Priorado Conventual: 1º P.
Manuel Baptista Lopes de Oliveira Ramos (1922-1926), 2º Dom António
Coelho (1926-1932), 3º Dom Ildefonso dos Santos Silva (1933-38)
Em 21 de Fevereiro de 1931 os monges portugueses passaram para a
Congregação da Anunciação. Nesse mesmo ano, o contingente da Falperra
entrou em Singeverga a 16 de Abril, e em 04 de Junho os beneditinos foram
oficialmente reconhecidos como missionários, sendo-lhes atribuída como
área de acção o distrito do Moxico, um território do leste de Angola três
vezes maior do que Portugal. Para lá foram enviados os dois primeiros
missionários em 1 de Outubro de 1933.
Em 1938, a 1 de Junho, o título de Abadia foi transferido de Cucujães para
Singeverga: 1º Dom Plácido Ferreira de Carvalho (1938-1948), 2º Dom
Gabriel de Sousa (1948-1966), 3º Dom Teodoro Monteiro (1969-1977), 4º
Dom Lourenço Moreira da Silva (1977-1993), 5º Dom Luís Bernardo
Sacadura Botte Aranha (1995).
Cucujães (1875-1953) foi reduzido a Priorado dependente, e a Cela de
Tibães (1932-1938) encerrada.

9. O Colégio de Santo Anselmo e a Confederação Beneditina


O Colégio de Santo Anselmo foi fundado por Inocêncio XI em 1687. A
sede era em São Paulo extra muros.
Leão XIII restaurou-o em 1887. Situava-se inicialmente no Palácio dos
Convertendi, junto ao Vaticano, depois passou para São Gregório do Monte
Celio e São Sabas. A primeira pedra do actual edifício no monte Aventino,
sua sede definitiva, foi posta em 18 de Abril de 1893, e a igreja consagrada
em 11 de Novembro de 1900.
No dia 12 de Julho de 1893, pelo Breve Summum Semper, Leão XIII criou a
Confederação Beneditina, composta por 14 Congregações: 1.
Sublacense, 2. Cassinense da Primitiva Observância, 3. Cassinense, 4.
Americano-Cassinense, 5. Austríaca da Imaculada Conceição, 6. Austríaca
de São José, 7. Helvética, 8. Beuronense, 9. Bávara, 10 Inglesa, 11. Helveto-
Americana, 12. Francesa, 13. Húngara, 14. Brasileira. Nomeou para Abade
Primaz – e por inerência do cargo, Abade de Santo Anselmo – D. Hildebrando
de Hemptine, Abade de Maredsous.
No dia 21 de Março de 1952, pelo Breve Pacis vinculum, Pio XII promulgou a
Lex Propria da Confederação. Actualmente a duração do mandato do Abade
Primaz é de 4 anos.
Ver fotocópia.

10. Apêndice
1. São Romualdo (Ravena, meados do séc. X – Val de Castro [Ancona],
19.06.1027). Fundador dos camaldulenses.
2. São João Gualberto (Toscana, início do séc. XI – Florença, 12.07.1073).
Fundador dos valombrosanos, aprovados por Leão IX, em 1050, e por Vítor
II, em 1055.
3. São Bruno (Colónia, c.1030 – La Torre [Squillace], 06.10.1101). Fundador
dos cartuxos, em 1084.
4. São Norberto (Gennep [Limburgo holandês]?, c.1080/85 – Magdeburgo,
06.06.1134). Fundador dos premonstratenses ou norbertinos – cónegos
regulares que adoptaram a Regra de Santo Agostinho –, em 1120, na aldeia
de Prémontré (Soissons).
5. São Silvestre Gozzolini (Osimo [Ancona], c.1177 – Montefano,
26.11.1267). Fundador dos silvestrinos, em 1231.
6. São Bernardo Tolomei (Sena,1272 – Sena, 1348). Fundador dos
olivetanos, que Clemente IV erigiu em Congregação beneditina a
21.01.1344.

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