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5. Cluny
Tendo fundado um mosteiro na sua villa de Cluny, o Conde de Auvergne e
Duque de Aquitânia confiou-o, em 11 de Setembro de 910, ao “abade
Bernon, para presidir a ele segundo o seu saber e capacidade, enquanto
viver”. Bernon levou para Cluny doze monges, seis de Gigny e seis de
Baume, que, no dizer do monge João, biógrafo do Abade Odo, eram
seguidores do “P. Euticus”. Deve-se reconhecer sob este nome Vitiza, mais
tarde Bento de Aniano. O ideal dos fundadores de Cluny era observar a
Regra de São Bento tal como Bento de Aniano a tinha comentado.
O acto de fundação sujeitou o Mosteiro de Cluny directamente à Santa Sé,
libertando-o de toda a ingerência externa (laical ou clerical) e permitindo
que os monges elegessem livremente os seus abades. Abaciados
posteriores ao de Bernon (+927): Odo (927-+942), Aimardo (942-954),
Maiolo (954-+994), Odilão (994-+1049), Hugo (1049-+1109), Pôncio de
Melgueil (1109-1122), Pedro Venerável (1122-1156). O desastroso
abaciado de Pôncio de Melgueil, totalmente voltado para a política exterior,
iniciou o declínio de Cluny.
Com Cluny e o seu programa de reforma monástica surgiu um sistema em
que uma só Abadia – a casa mãe – gozava de supremacia sobre os outros
mosteiros, que não tinham uma existência completamente autónoma. Por
isso mesmo e porque cada vez mais se envolviam nos grandes
acontecimentos políticos e eclesiais do seu tempo, os abades de Cluny
levavam uma existência itinerante.
A reforma de Cluny estendeu-se de Portugal à Polónia e de Inglaterra à
Palestina. Organização: 1. As “cinco filhas de Cluny”, ou seja, priorados
que dependiam directamente da Casa-Mãe, e cujo “Grande Prior” era
nomeado unicamente pelo abade de Cluny: Souvigny, Sauxillanges, La
Charité-sur-Loire, Saint Martin des Champs (Paris), Lewes (Inglaterra).
2. Priorados submetidos às cinco filhas: eram por vezes muito pequenos
(com cinco ou dez monges), mas estavam espalhados por toda a França, o
norte da Itália, a Península Ibérica e a Inglaterra. Só La Charité-sur-Loire
chegou a ter 52 dois priorados dependentes em vários países. Se fosse
concedido a algum destes o título de Abadia, o abade era nomeado pelo
abade de Cluny.
3. Abadias colocada sob a vigilância de Cluny, mas não incorporadas nela. O
abade de Cluny dirigia ou legitimava a eleição abacial, mas os mosteiros
permaneciam autónomos, e.g. Vézelay, Moissac, S. Martin...
4. Abadias confiadas temporariamente a Cluny com vista à reforma. Não
pertenciam verdadeiramente ao grupo cluniacense, apenas seguiam os seus
usos e costumes, e.g. Fleury, Marmoutier, St. Maur des Fossés...
6. Cister
Surge no contexto de orientação eremítica do novo monaquismo, cf.
Camaldulenses, Valombrosanos, Cartuxos...
Roberto de Molesme (c.1028-1111) Era da família dos Condes de
Tonnerre. Ainda adolescente entrou em Montier-la-Celle, um mosteiro perto
de Troyes, de que foi Prior Claustral a partir de 1050. C. 1068, os monges de
Saint-Michel de Tonnerre elegeram-no Abade. Em 1073 era Prior de Saint-
Ayoul de Provins, que dependia de Montier-la-Celle. Com um grupo de
eremitas da floresta de Colan, que procuravam um mestre espiritual,
fundou, em finais de 1075, a Abadia de Molesme. Sentindo que Molesme
não correspondia aos seus desejos de uma vida pobre e simples, Roberto
retirou-se para um pequeno Priorado dependente. Mas o Papa Urbano II
ordenou-lhe que retomasse o seu lugar na Abadia.
No início de 1098, Roberto obteve do legado pontifício Hugo, arcebispo de
Lyon, permissão para fazer uma nova experiência. Com 21 companheiros,
escolheu, a cerca de uma vintena de quilómetros a sul de Dijon, um lugar
chamado Cîteaux (Cister), onde, a 21 de Março, fundou “o novo mosteiro”.
Data e título programáticos, uma vez que o ideal era voltar à prática literal
da Regra de São Bento, rejeitando a interpretação de Bento de Aniano,
codificada nos costumeiros correntes.
Todavia, a comunidade de Molesme queria que Roberto voltasse a ser seu
abade, e conseguiram até um decreto pontifício nesse sentido. Assim,
Roberto obedeceu uma vez mais a Urbano II e regressou a Molesme, junto
com um grupo de monges para quem a vida em Cister era demasiado dura.
Isso foi muito mal aceite pelos primeiros cistercienses, que consideraram
Roberto uma espécie de traidor.
Alberico (+1109) Viveu 25 anos como eremita na floresta de Colan. Foi um
dos fundadores de Molesme e seu Prior. Saiu com Roberto para Cister e
sucedeu-lhe como abade do novo mosteiro.
Solicitou e obteve de Pascal II a bula Desiderium (19.10.1100), que colocou
a comunidade sob a protecção do Romano Pontífice. Fez redigir os Instituta,
ou estatutos primitivos de Cister, que regulavam a pobreza, a hospitalidade,
o problema dos irmãos conversos e das fundações de mosteiros. Reformou
a liturgia, diminuindo consideravelmente a extensão do ofício divino então
em vigor.
Estevão Harding (+1134) era um nobre inglês, monge da Abadia de
Sherborne, que foi estudar para Paris. De regresso de uma peregrinação a
Roma, passou pela Abadia de Molesme e aí ficou. Desejoso de uma vida
simples, foi com Roberto e Alberico para Cister, e sucedeu a este como
abade. Concluiu a reforma litúrgica iniciada por Alberico e redigiu a Carta
Caritatis, aprovada pelo Papa Calixto II em 1119. Este documento foi
elaborado com a finalidade de organisar a Ordem de Cister e manter a
unidade de observância (caracterizada por solidão, pobreza, simplicidade,
trabalho agrícola) em todos os seus mosteiros. Demitiu-se em 1133.
Organização: Todas as fundações de Cister eram abadias autónomas (um
abade e pelo menos 12 monges), estáveis, administradas no espiritual e no
temporal por um abade livremente eleito pela comunidade. Mas esta
autonomia das abadias, que lhes dava campo para se desenvolverem, era
controlada pela visita canónica anual e pelo Capítulo Geral anual. Este
celebrava-se sempre na festa da Exaltação da Santa Cruz, e reunia em
Cister todos os abades da Ordem.
Cister institui os “irmãos conversos”, religiosos leigos, barbudos,
normalmente de idade adulta, que asseguravam os trabalhos agrícolas
sobretudo nas terras afastadas do mosteiro. Não estavam obrigados ao
ofício coral nem usavam cogula. Não residiam na clausura nem tinham voz
no Capítulo. Administravam as “granjas”, edifícios de exploração agrícola
distantes da Abadia. Residiam aí no tempo das colheitas, mas vinham
sempre passar o Domingo na Abadia.
Os primeiros cistercienses souberam harmonisar o seu programa de vida no
deserto com a Regra de São Bento praticada à letra.
São Bernardo (1090-1153) Na Primavera de 1112 o jovem senhor Bernard
de Fontaines-lès-Dijon entra em Cister com mais trinta companheiros:
irmãos, primos e condiscípulos. Surgem a seguir as quatro primeiras filhas
de Cister: La Ferté-sur-Grosne (1113), Pontigny-sur-Serein (1114), Clairvaux
(1114) e Morimond (1115). Mãe e filhas têm uma numerosa descendência
de centenas de mosteiros.
Em Junho de 1115 é colocado à frente de Clairvaux. A partir de 1126
mantém relações com todas as grandes personagens do seu tempo, sempre
ávidas de escutar a sua palavra. Contra a vontade, vê-se muitas vezes
obrigado a deixar o seu mosteiro para responder ao apelo dos reis e do
Sumo Pontífice. Prega a segunda cruzada [1145 – 1149. Dirigida por Luís VII
de França e Conrado III da Alemanha, fracassa no seu objectivo de
conquistar Damasco (1148)]. Atrai multidões para a vida monástica, desde
simples plebeus a príncipes e bispos.
A partir de 1120 a Ordem começa a enxamear para fora da França. À morte
de São Bernardo conta 343 abadias, das quais 66 foram fundadas,
restauradas ou reformadas por ele. Em finais do século XIII tem 694
abadias. Mas nessa altura Cister já começa a dar sinais de alguma
decadência.
Em 1567, São Pio V aprovou a Congregação de Cister de Portugal, que
agrupava 17 mosteiros.
10. Apêndice
1. São Romualdo (Ravena, meados do séc. X – Val de Castro [Ancona],
19.06.1027). Fundador dos camaldulenses.
2. São João Gualberto (Toscana, início do séc. XI – Florença, 12.07.1073).
Fundador dos valombrosanos, aprovados por Leão IX, em 1050, e por Vítor
II, em 1055.
3. São Bruno (Colónia, c.1030 – La Torre [Squillace], 06.10.1101). Fundador
dos cartuxos, em 1084.
4. São Norberto (Gennep [Limburgo holandês]?, c.1080/85 – Magdeburgo,
06.06.1134). Fundador dos premonstratenses ou norbertinos – cónegos
regulares que adoptaram a Regra de Santo Agostinho –, em 1120, na aldeia
de Prémontré (Soissons).
5. São Silvestre Gozzolini (Osimo [Ancona], c.1177 – Montefano,
26.11.1267). Fundador dos silvestrinos, em 1231.
6. São Bernardo Tolomei (Sena,1272 – Sena, 1348). Fundador dos
olivetanos, que Clemente IV erigiu em Congregação beneditina a
21.01.1344.