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Tema de pesquisa

A saúde oral entre os chopes: sua relação com hábitos nutricionais socioculturais, um estudo de
caso do povoado de Banguza-Zavala

Justificativa
Parodiando o conhecido adágio de Brillat-Savarin, “diz-me o que comes e te direi quem
és,” que já foi transformado em “diz-me o que comes e te direi de onde vens,” Sophie Bessis
(1995) assim afirma: Diz-me o que comes e te direi qual deus adoras, sob qual latitude vives, de
qual cultura nascestes e em qual grupo social te incluis. A leitura da cozinha é uma fabulosa
viagem na consciência que as sociedades têm delas mesmas, na visão que elas têm de sua
identidade.
Na alimentação humana, a natureza e cultura se encontram, pois se comer é uma
necessidade vital, o quê, quando e com quem comer são aspectos que fazem parte de um sistema
que implica atribuição de significados ao ato alimentar. Como um fenômeno social, a
alimentação não se restringe a ser uma resposta ao imperativo de sobrevivência, ao “comer para
viver”, pois se os homens necessitam sobreviver (e, para isso, alimentar-se), eles sobrevivem de
maneira
particular, culturalmente forjada e culturalmente marcada (Maciel, 2002). Ou seja, os homens
criam “maneiras de viver” diferentes o que resulta em uma grande diversidade cultural.
Existem um estereótipo social amplamente difundido especialmente na região Sul de
Moçambique que a associa a cárie dentária ao grupo étnico chope, numa simples síntese: “ fala
chope e tem carie dentária então pertence ao grupo étnico chope” (falar o idioma chope, não é
necessariamente pertencer o grupo étnico chope, ou seja pertencer a um grupo, extrapola o
domínio do idioma de um certo grupo). Nesta lógica estereotipada o problema de saúde oral não
é visto como problema humano, mas sim de um certo grupo étnico, neste caso os chopes.
Fazer um estudo mais profundo sobre a saúde oral do grupo étnico chope, para perceber
(des) construindo o rótulo social representado no imaginário social, através de uma análise
etnográfica, comparando o “dito, pensado sobre os chopes neste quesito”, com os seus hábitos
nutricionais socioculturais é o que mais me preocupa, como investigador social. Sobre estudos
desta dimensão Velho (1981), é claro ao recomendar que mesmo “conhecendo” uma cultura,
podemos não perceber alguns de seus aspectos portanto é necessária uma aproximação mais
profunda, isto é, uma convivência “mais” prolongada, um contato mais contínuo para que
possamos penetrar na lógica de nosso objeto e transformá-lo em conhecido. Para tal, é necessário
compreender o significado da cultura do grupo. O senso comum entende que aquilo que é
familiar é conhecido, e que aquilo que é exótico é desconhecido. Esse posicionamento nos leva
pelo caminho do etnocentrismo.
Pesquisas antropológicas desta natureza por um lado permitem estudar importantes
aspectos biológicos, ecológicos e culturais, que ajudam a revelar e compreender características
individuais, o ambiente, as condições de vida e o comportamento dos seres humanos, fornecendo
resultados que se incorporam no corpo de conhecimento de várias ciências. Este tipo de estudos
tornam-se relevantes devido à necessidade de perceber aspectos importantes sobre a prevalência,
características e aspectos particulares das doenças, tais como factores modificadores ou
moduladores, entre eles: rendimento; educação; factores comportamentais; conhecimento;
escolaridade e atitudes, etc.
Por outro lado a pesquisa a borda um assunto de saúde pública, que preocupa todos
estratos sociais, desde a OMS que define a saúde oral como “um estado de bem-estar, livre de dor
a nível da boca e face, cancro da boca e garganta, doença periodontal, cárie dentária, perda de
dentes, e outras desordens, que limitam a capacidade do indivíduo, morder, mastigar, sorrir, falar,
e o seu bem-estar psicossocial”, Ministério de Saúde através de campanhas sistemática de
conscientização nos cuidados básicos de saúde oral. Mas também, a pesquisa será uma valia na
compreensão de um modo académico do assunto, visto que até agora não existe um estudo dessa
natureza ou paralelo, especialmente na região em estudo, que de acordo com os dados fornecidos
pelo SDSMA - Zavala 60% de pessoas tem problemas de saúde oral, cifra considerada muito alta.

Metodologia Geral de pesquisa


Para a realização da pesquisa, será usado o método etnográfico, uma área científica
preponderantemente descritiva, que consiste na coleta e descrição de dados em uma determinada
configuração social, através de três níveis: o discurso, as práticas e as representações.
Paralelamente a este método irá usar-se o inquérito (para pessoas iletradas) com o recurso à
língua chope (o idioma local) e o questionário para (indivíduos letrados) e outras técnicas
convenientes na recolha de dados. No que concerne ao tratamento de estudo de dados sobre a
cultura nutricional da etnia chope, a pesquisa vai preconizar a análise indutiva, a partir de uma
mostra representativa do povoado de Banguza, distrito de Zavala.
Relativamente ao arcaboiço teórico, vai se privilegiar a corrente interpretativa dado a
natureza do tema. A forma como esta corrente entende os fenómenos sociais dentro da lógica
cultural, como uma teia de significado produzido dentro de um sistema de significados
produzidos dentro de um sistema compartilhado pelos membros de uma sociedade, acredita-se ser
a mais coerente e profunda para a pesquisa.

Resultados Esperados
Finda a pesquisa espera-se: a) apresentar dados coerentes inerentes a relação entre a cárie
dentária nos chopes com os seus hábitos nutricionais socioculturais; b) partilhar os
resultados/conclusões de pesquisa com diversos atores que lidam com a saúde pública no geral, e
especificamente com SDSMA-Zavala e c) explicar de modo racional, sistemático, analítico e
académico (des) construído ou estereótipo que associa a cárie dentária com os chopes.

Cronograma de actividades

Actividades Mês
2020 2021
J/F/M A/M/J J/A S/O N/D J/F/M A/M J/J A/S O/N D

Levantamento X X X
de literatura
Montagem do X X X
Projeto
Coleta de X X
dados
Tratamento X
dos dados
Elaboração do X X
Relatório Final
Revisão do X
texto
Entrega da X
dissertação e
defesa
Referências Bibliográficas
ALT, K.W.; BRACE, C.L.; Turp, J.C. The History of Dental Anthropology. In Dental
Anthropology. Fundamentals, Limits and Prospects. Alt, K.W.Springer. 1998a.
ALT, K.W.; ROSING, F.W. Dental Anthropology – An Introduction. In Dental Anthropology.
Fundamentals, Limits and Prospects. Wien. Springer. 1998.

BESSIS, S. Mille et une bouches: cuisines et identités culturelles. Autrement. 1995.

Da MATTA, R. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes. 1984.

GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro. Zahar Editores, 1978.

MACIEL, M. E. Cultura e alimentação, ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com


Brillat-Savarin? Horizontes Antropológicos. São Paulo. 2002.

VELHO, G Observando o Familiar: individualismo e cultura. Rio de Janeiro. Zahar Editores.


1981

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