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CONSELHO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE – CBP ( I.N.N.G.

A PSICANÁLISE NÃO É PROPRIEDADE PARTICULAR DE NINGUEM

Autor: Dr. Gastão Pereira da Silva


Apresentação do Livro: Como se Pratica a Psicanálise
Livraria José Olympio Editora
1948

A psicanálise não é, como muita gente pensa, privilégio da medicina. Freud tem repetido várias
vezes, que um médico pode ser tão, ignorante em psicanálise, quanto um leigo em matéria de
medicina. Isto quer, dizer que não é preciso ser médico nem psicólogo para conhecer e até
mesmo praticar à psicanálise. Esta só depende de cultura, de ilustração e, sobretudo, dê um
grande poder intuitivo. Mas, como a psicanálise não é ainda ciência oficial, além de ser por
demais combatida, sem ser devidamente conhecida, é tida e havida como um processo
altamente perigoso nas mãos de quem a pratica, sem estar devidamente preparado para
exercê-la. Há, evidentemente, uma verdade nesta asserção, mas é necessário não esquecer
que o perigo atinge igualmente os médicos e psicólogos, quando dela fazem uso, sem
conhecimento de causa. A psicanálise não é propriamente um ramo da medicina muito
menos da psicologia. É, pois, “ciência de "psicanalistas" e por estes deve ser empregada.
Psicanálise é assim, ao mesmo tempo, um método e uma filosofia. No primeiro caso, procura
libertar recalques. No segundo, investiga a origem das coisas, na sua fonte essencial.
Contudo, a doutrina de Freud, ainda tão mal compreendida no Brasil, não goza da liberdade
profissional da, sua aplicação, a não ser por médicos e psicólogos, em virtude de não haver
institutos ou cursos livres, destinados (ao seu ensinamento, reconhecidos pelas autoridades
governamentais). Até lá, havemos de lutar pela sua divulgação, como o temos feito até aqui.

Este livro, propondo-se a ensinar a prática da análise, não pode deixar de se ressentir de
inúmeras "soluções de continuidade", pois não é possível estabelecer regras fixas, ou didáticas,
num processo que abrange um determinismo, só conhecido em cada caso. Contudo, com a
exposição das bases essenciais, para a aplicação do método terapêutico e com a apresentação
dos motivos que levam os indivíduos à neurose, pensamos haver iluminado o caminho, capaz
de levar ao fim a que nos propomos. Não se pode ensinar ninguém a ser pintor, escultor, ou
ator se não existirem, no indivíduo, qualidades inatas de verdadeiro artista. Grafamos aqui
como que música para ser interpretada. Mas a música, na pauta, é morta. Torna-se, depois,
bela nas mãos de um "virtuose", ou detestável naqueles que não tem pendores para
interpretá-la. Tudo depende de quem a estuda, com paciência e gosto. Assim a prática
analítica. Ela pede muita penetração e uma grande habilidade para tocar, sem ferir, a trama
dos sentimentos humanos. Requer "tato", "persistência", visão interior. É nosso intento
completar este volume com outro, no qual reservaremos a apresentação de algumas "histórias
ilustrativas", ao qual daremos o nome de "Confidencias psicanalíticas", para maior clareza é da
rota « ser conquistada, embora o presente trabalho não dependa deste ultimo. Será
"Confidencias Psicanalíticas" mais um roteiro para os que se iniciam na difícil arte das
interpretações anímicas. Tudo isto, certamente, dependerá da boa acolhida deste livro.
Esperemos.

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