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JOAQUI M J A IME BARROS FERREIRA AL VES


BOLSEffiO DO INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAçAO CIENTÍFICA

OPORTO NA ÉPOCA DOS ALMA DAS ( 1757-1804)


ARQUITECTURA. OBRAS PÚBLICAS

Volume I

**
T EXT O

PORTO
1 9 8 7
JOAQUIM JAIME BARROS FERREIRA ALVES
BOLSEIRO DO INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

OPORTO NA ÉPOCA DOS ALMADAS (1757-1804)


ARQUITECTURA. OBRAS PÚBLICAS

Volwne I

**
TEXTO

Dissertação de Doutoramento em História da


Arte, apresentada à Faculdade de Letras
do Porto.

N. B.-Este trabalho foi realizado no âmbito do


Centro de História da Universidade do Porto

PORTO
1 9 8 7
TERCEIRA P A R T E

O B R A S P Ú B L I C A S
- 393 -

CAPÍTULO I

A Junta das Obras Públicas

Na segunda metade do século XVIII foi criada a Jun~das

Obras PÚblicas, a cuja acção o Porto ficaria a dever toda urna

política de desenvolvimento no campo da sua morfologia urbana,

tentando criar intramuros urna melhor articulação entre o rio e

a zona alta da cidade e procurando regularizar os bairros quese

iam formando, fora das muralhas. A modernização do Porto, ernbo

ra com limitações à sua acção , foi, pois, obra da Junta.

l. Criação da Junta das Obras Públicas

1.1. ~ geralmente apontado o ano de 1758 corno o da cria

çao da Junta das Obras Públicas do Porto ( l) . Até ao momento, nao

conhecemos qualquer documento que o confirme. Pelo contrário, urna

série de referências levam-nos a pensar que a sua instituiçãofoi

mais tardia, e bem assim a ter a certeza que só a partir de 1763

começou a desempenhar as suas funções .. Passamos, pois, a apre-

sentar um conjunto de razões que parecem apoiar o nosso ponto de

vista.

Ao inventariarmos as Obras Públicas realizadas no Porto

entre 1757 e 1804, observamos que entre 1757 e 1762, corno ter~

mos ocasião de referir, não se efectuaram obras importantes nem

se iniciaram quaisquer daquelas que iriam transformar a sua rnor

fologia urbana.
- 394 -

Analisando as folhas dos pagamentos feitos dentro do me~

mo período, reparamos que so a partir de Outubro de 1763 (2) e

que João de Almada e Melo passa a rubricar essas mesmas folhas.

Facto que irá acontecer sempre desde essa altura, não só com o

primeiro Presidente da Junta das Obras Públicas, mas também com

todos os seus sucessores.

Também o termo de abertura do primeiro Livro das Sessões

e Registos das Obras Públicas é de 23 de Agosto de 1763. Nele,

João de Almada e Melo não aparece como Presidente da Junta das

Obras Públicas, mas sim como Governador das Armas da cidade do

Porto e seu Partido, Presidente da Câmara - função que desempe-

nhou em relação à contribuição militar; daí, ser o título cor-

recto o de Presidente da Câmara na Contribuição Militar (3) - e

da Marinha da mesma cidade (4).

Em dois documentos anteriores a 17 63, um de 17 58 e outro

de 1761, João de Almada e Melo aparece designado como: Coronel

de Infantaria do Regimento do Porto e Governador das Armas da

mesma cidade e seu Partido (5). Nem um nem outro fazem menção ao

cargo que iria desempenha r em relação às Obras Públicas.

Fina l mente, o ponto de partida para o começo da activi-

dade da Junta das Obras Públicas, seri a a transferência de par-

te do i mposto de guerra, com que a cidade "contribuiu" em 1762,

sem o qual não seria possível ao Senado da Câmara empreender as

obras que iria real i zar a partir de 1 763.

A necessidade de modernizar a cidade e de regular as no

vas zonas que, pouco a pouco, se iam formando extramuros, e um

facto anterior a 1763 e mesmo a 1758. Encontramos indícios des-

se desejo e dessa carência desde o último quartel do século XVII (6).


- 395 -

A indisciplina com que nasciam os novos bairros preocu-

pou também João de Almada e Melo quando, a partir de 1757, se

fixa com funções oficiais no Porto. Disso nos dão conta duas car

tas suas. Uma, datada do Porto de 2 de Agosto de 1760, para o

seu primo Sebastião José de Carvalho e Melo, já então conde de

Oeiras, diz a determinado passo:

"Ao primo Francisco (7) mandei a planta do novo bairro,


que nesta cidade se quer edificar; cuja planta mandei ti-
rar pello sargento mor engeneiro Francisco Xavier do Re
go, por ver que hiam aruinando hum dos milhores bair
ros que esta cidade pode ter; porem he precizo que a C~

rnara tenha ordem de Sua Magestade para se executar" (8).

A outra carta aborda o mesmo tema. Desconhecemos o des-

tinatário e a data em que foi escrita. Pensamos que seria nomes-

mo ano da primeira, 1760, e enviada por João de Almada e Melo

a seu primo Francisco Xavier de Mendonça Furtado:

"Com effei to consegui da Camara o darem huma conta a Sua


Magestade sobre a planta do novo bairro do Laranjal (Est.
59), do qual já há tempos te mandei huma p l anta , e por
sinal que tu me não deste s o teu parecer; porem corno es
ta cidade he portugueza, e Pais em que nós nacemos,e de
vemos amar, corno bons compatriotas, espero que pellos
teus bons officios e delligencias minhas , mande Sua Ma -
gestade aprova r com as sircunstancias que aponta a con-
ta da Camara; e se eu va lho alguma couza para contigo me
enteresso todo, para se alcançar esta rezolução com bre
vidade, por ser assim percizo para se entrar a obra nes
ta Primavera, e nao ser justo que eu dillate mais esta
obra , e venha no fim de hum anno a largar mão della, e
- 396 -

cada qual fazer os desvarios que lhe parecer" (9).

Assim, entre 1759-60 e 1761 - data da planta executada

por Francisco Xavier do Rego - João de Almada e Melo, começou a

preocupar-se com a evolução urbana do Porto, cujo tratamento e

organização seria, a partir de 1763, do foro de um . organismo que

vai presidir - a Junta das Obras PÚblicas.

1.2. Uma das razoes que justificou a criação de um de-

partamento que sistematicamente controlasse o desenvolvimento da

cidade encontramo-la apontada na última carta - disciplinar a

construção extramuros. Outras razões são expostas ao lon go de

todo um vasto número de documentos. Sobre elas vamos a g ora de-

bruçar-nos.

Em Fevereiro de 1761, João de Almada e Melo na "Conta"

que envia a D. José I refere algumas das causas que levariam a

necessidade de encarar a morfologia da cidade de urna forma dife

rente:

lQ) o aumento do comércio, da população e o aparecirnen-

to de novos bairros

"Havendoce aumentado no prezente seculo o comercio des-


ta cidade ao auge em que se acha, creseu com elle igual
mente a sua povoação e opulência e nam sendo ja sufec i -
ente o lemitado arnbito que lhe constituião as suas mura
lhas para comp~ehender todos os moradores fu ndarão es-
tes para sua habitação novos bairros que lhe sam conti-
gues e hoje maiores que a cidade a n tiga";
- 397 -

2Q) falta de planificação das novas zonas

"Senão praticou estabalecimento dos ditos regularidade


algua servindo só de plano para as novas obras o parti-
cular capricho das pesoas que as edeficaram";

3Q) permanência do traçado irregular

11
Reduziram-se a ruas as principaes estradas que se der!_
gião as portas e postigos das muralhas conservando-se po-
rem a dezigualdade do pavimento e a tortuoza figura da
sua antecedente direção ..

4Q) abertura de ruas travessas "com semelhantes e mais

excessivos defeitos" .

Tudo isto, segundo João de Almada e Melo, se poderia ter

evitado, criando-se uma nova e "regular" cidade, se todas as no

vas construções e os novos arruamentos fossem feitos segundo u~

plano prévio (lO). Para impedir tal situação, o "Sargento Hor

de Inginheiros" Francisco Xavier do Rego e o "Ajudante de Ingi-

nheiro" Francisco Pinheiro da Cunha, foram incumbidos de execu-

tar uma planta das "terras e de todo o mais terreno que jaz en-

tre as ruas chamadas do Bonjardim e Santo Ou vido". Nesta planta

se procuraria repartir "com regularidade todo o referido terre-

no" (ll) .

Também na carta que o Senado da cãmara escreveu ao mo-

narca, em 21 de Fevereiro de 1763 (12) podemos, através da apr~

sentação da situação da cidade e das suas necessidades, compre-


- 398 -

ender quanto era preciso ao Porto um organismo que coordenasse

de uma forma eficaz as Obras Públicas:

achavam-se em uma total ruína "com notavel detrimento

da servidam publica e igual embaraço ao comercio" as

ruas e as estradas dos seus "suburbios", estado a que

foram "reduzidas a falta de huma con signação compete~

te para o seu reparo" já que era insignificante o ren

dimento que .tinha a Câmara para tal fi m;

pela mesma razão, encontravam-se muitas ruas "ultima-

mente edeficadas" por pavimentar;

do projecto elaborado para o bairro do Laranjal, nada

mais havia sido feito do que "aberto e t errepl e nad o a

nova rua chamada de Almada e a prasa de San to Ouvido

em que esta termina";

igualmente estavam arruinados os aqu edutos das fontes

publicas "obra que Vossa Magestade ja foi servido m a~

dar meter a lansos sobre os apontamentos de huma pla~

ta que a requerimento desta Camara subio a Sua Real

prezensa por consulta do Dezembargo do Paso";

também intramuros existiam obras prementes, que ti-

nham absoluta necessidade de serem resolvidas, como

observam os Senhores da Cãmara - "os detrimen t os que

padece a servidam publica pella estreita e t urtu oza

area da rua chamada das Congostas huma das de maior

trafego do comercio, e pella falta de huma nov a prasa

para a vendajem do peixe e outros generos comestív eis

que actualmente se vendem e amon toão no pequeno largo

de S. Domingos";
- 399 -

- todos estes inconvenientes se poderiam resolver, "com

grande augmento e formozura do prospecto publico",oom

a abertura de uma nova rua sobre o rio da Vi la "com to

da a area competente para a livre comunicação dos bai!_

ros altos da cidade com os cituados ao longo do Dou-

ro", e com a transformação em praça "de maior e mais

regular ambito" o largo já existente junto ao Postigo

de Santo Elói.

Assim, numa primeira fase, era preciso: fazerem-se con-

sertos diversos nas ruas e aquedutos da cidade; dar-se continui

dade ao projecto elaborado para o bairro do Laranjal e criar-se,

através da abertura de uma nova rua e o alargamento de um ter-

reiro, uma ligação mais directa entre a zona ribeirinha e a zo-

na alta da cidade.

A necessidade de novas praças, ou o arranjo e uniformi-

zaçao das existentes, é também uma das razões apontadas nos do-

cumentos de compra de propriedades. Aspecto que iria reflectir-

-se na concretização de novos espaços e na alteração das praças

e largos que havia na cidade, e cujos antecedentes podemos en-

contrar em dois projectos não realizados, mas bem significati-

vos do desejo dos portuenses criarem zonas mais vastas e monu-

mentais no Porto. O primeiro seria uma praça fechada no interi-

or da cidade, na zona da Ponte Nova, cujo projecto "pode ser da

tado com certeza de 1687" (13). O desenho (14) deve-se a Domin-

gos Lopes, figura da maior importância na arte do Porto dos fi-

nais de seiscentos como escultor, autor de riscos e mestre de

arquitectura (15). O segundo, da iniciativa do bispo D. Tares de

Almeida ( 1709-1717) , seria para ser concretizado no chanE.do "Campo


- 400 -

das Hortas" ( 16) .

Nas fases subsequentes até 1804, como veremos, a activl

dade da Junta irá permanecer fiel às necessidades apontadas

consertos diversos, novas ruas e novas praças - mas sera alarg~

da a novas iniciativas.

1.3. Para levar a efeito tudo aquilo que pretendia para

a cidade, o Senado da Câmara não dispunha de verba. A isso alu-

de João de Almada e Melo na carta de 23 de Agosto de 1763 (17).

Consertar o que se encontrava em estado de degradação e fazer-

-se novas ruas e praças, o que exigia a compra de casas e t erre

nos, não poderia ser realizado sem avultadas sornas de dinheiro.

Em 1762, devido à guerra com Espanha foi estabelecido

um subsídio militar, com o qual a cidade contribuiu "para o Re-

al Serviço da defeza do Reino e da Patria" (18):

"sendo Sua Magestade servido aseitar benignamente a co~

tribuição que se estabeleceo no anno de mil setecentos


e cincoenta e sete para pagamento das tropas que vierão
a esta cidade no tempo da Alçada que· esta Camera em seu
nome e da Nobreza e Povo da cidade proximamente lhe ofe
receo para ajuda das despezas da guerra prezente emqua~

to esta dur~r accresentando-se aos generos gravados de-


zaseis reis em cada alqueire de sal de todo o que entrar
nesta cidade que senão extrair pela barra extendendo se
a di ta contribuição a todo o termo da mesma cidade" (19).

A contribuição estabelecida em 1757 agravava: o v i nho,

com um real e m c ada quartilho consumido no Porto e no "destri-

to" da Companhia Geral da Agricu ltu ra das Vinhas do Alto Douro;


- 401 -

a carne, com outro real em cada ~rratel que fosse vendido no

açougue da cidade, e as aduelas "com tres mil reis por milhei-

ro que entrase" na cidade (20). Além desta contribuição, a Câm~

ra ordenou, em 1762, que: o "real no quartilho de vinho e outro

em aratel de carne" fosse pago no termo da cidade "da mesma ser

te que se pagou e há de pagar nos asougues e tavernas da cida-

de", e todo o sal que entrasse no Porto "de que senão mostrar cer-

tidão da Alfandega que se extrahio pela barra para reynos es-

trangeiros pagara desaseis reis por cada alqueire alem dos qua-

tro que ja tem de impozição" (21).

Restabelecida a paz entre Portugal e Espanha , nao che-

gou a ser gasto o produto da contribuição militar " que se cobrou

desde o primeiro athe o ultimo de Outubro" de 1762, e que tinha

rendido "hum conto trezentos e dezoito mil cento e vinte e cin-

coreis" (22). A pedido do Senado da Câmara, foi essaverbaatri-

buida às Obras PÚblicas (23). Dinheiro tão necessário:

"para os reparos e novas obras [ ... ] para pagamento dos


predios particullares que devão demulirse ou devasarce
em execução das duas plantas já aprovadas para o estabe
lecimento do bairro do Laranjal a direcção dos aquedu-
tos, e na conformidade das outras duas plantas que de-
vem delinearce para abertura da nova rua sobre o rio da
Villa desde a rua de S. Crispim athe a praça da Ribeira,
e para a construção da nova praça de Santo Eloyo" (24).

Além desta dádiva de D. José I, inserida na Carta Régia

de 12 de Março de 1763, foram concedidas. durante dez anos as mesmas

"impoziçoens offerecidas" para as depesas da guerra (25): um re


- 402 -

11
al em cada quartilho de vinho e arratel de carne, que se con-

sumisse" no Porto e seu Partido; e dezasseis reis em cada al-

queire de sal "que senão extrahisse pela barra''. A contribuição

para as Obras Públicas ficaria reduzida ao "real por quartilho

em todo o vinho, que se consumir no destricto 11 do privilégio da

Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (Quadro I) .


- 403 -

QUADRO I

Área demarcada, em 1761, em redor do Porto, para o exclusivo da venda do

v inho da Companhi a Geral da Agricultura das . Vinhas do Alto Douro


- 404 -

LEGENDA DO QUADRO I

Demarcação das quatro léguas medidas ao long~

das estradas que saem da cidade do Porto (•)

1 - Início - Porta do Olival


Término Marcos que dividem os termos de Barcelos e de Vi-
la do Conde

2 - Início - Porta do Olival


Término - Pincípio da Carvalheira que ficava defronte do lu
gar de Ferreira, freguesia de S. Mamede, na estra
da que ia para Braga

3 - Início - Porta de Carros


Término Cancela da tapada de João Fernandes Trelha, ao Su
este da estrada que ia para Guimarães, "ficando ao
Noroeste, e Almeida Quinhaens, Freguezia de S. Sal
vador do Monte Cerbeda (Córdova) por cima do Paço
da Macieira"

4 - Início - Porta de Cimo de Vila


Término - Duzentas braças "adiante" de uma capela das Almas
que estava no cume do monte que fica "adiante" de
Baltarinho, entre as freguesias de Baltar e Mouriz,
"contigua ã estrada, e parte direita della"

5 - Início Cais da Ribeira, pelo rio Douro acima


Término - Freguesia de Melres, junto à igreja

6 - Início - Porta da Ribeira


Término - Duzentas braças largas antes do lugar de "Cabeçaes"

7 - Início - Porta da Ribeira, seguindo o caminho de Lisboa


Término - "Carqueijada de Cima" quase um quarto de légu a an
tes de Santo António de Arrifana
- 405 -

8 - Início - Porta da Ribeira


Término - Charneca, defronte do "Bico do Carqueijar', um qu~

to de légua antes de Ovar

(J) - Elementos extraídos de: MOURÃO, Ramiro - Àcerca dum privi-


légio concedido à Companhia Geral da Agricultura das Viclhls
do Alto Douro em 1756, in "Anais do Instituto do Vinho do
Porto", Porto, nQ 2, Instituto do Vinho do Porto, 1941, pp.
37-44.
- 406 -

Terminados os primeiros dez anos em 1773, foi prorroga-

do o prazo por mais outro decénio pela Carta Régia de 4 de Ja-

neiro de 1773:

"pedindo me que por se acharem findos os des annos que


por carta de doze de Março de mil setecentos e secenta
e tres fui servido cornceder a irnpozição de hum real em
cada quartilho de vinho que se consurnice nessa cidade e
seu termo, cornprehendido no destrito do Provilegio da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro
para se aplicar o produto da referida irnpozição das Obras
Publicas da mesma cidade [ ... ] Sou servido prorogar por
outros dez annos a sobredita irnpozição" (26).

Novamente em 1 de Março de 1783 o Senado da Câmara pe-

diu a continuação do imposto, para as Obras PÚblicas, por mais

dez anos. Justificavam este seu pedido os "Senhores do Senado"

(27) da forma seguinte:

- estavam concluídas muitas obras "interessantes" ao p~

blico e ao "decorozo prospecto de hua cidade a prirnel:_

ra deste Reino depois da capital";

- encontravam-se outras obras incompletas e algumas "que

forão da primeira Real Graça" sem terem ainda começa -

do, corno acontecia com os aquedutos das três nascen-


- 407 -

tes de Paranhos (28);

- era preciso comprar um edifício para o Senado da Câma

ra já que a Casa do Senado estava arruinada (29).

Para dar seguimento a tudo isto, era necessário que D.

Maria I permitisse que se aplicasse mais u ma vez o imposto, já

que sem ele o Senado da Câmara nâo poderia concretizar tudo aqui-

lo que era essencial para a cidade.

Nâo obtendo resposta ao pedido feito em 1 de Março de

1783 o Senado da Câmara (30), em 12 de Março d e 1785, envia uma

segunda "reprezentaçâo'' (31) . Alegavam nesta segunda vez que:

- o Porto como a cidade com mais população, logo a se-

guir a Lisboa, não podia, para as Obras Públicas, es -

tar limitado ã "antiquíssima imposição'' (32), que ren

dia anualmente cerca de novecentos mi l réis, acresci -

dos de cento e cincoenta mil réis "extraídos dos ren-

dimentos das alças";

- para dar resposta ãs permanentes necessidades - repa-

r ar aquedutos, fontes, ruas e "quaesquer outras obras

publicas" - era forçosa "hua imp ozição d e mayor rendi

menta''; daí, a conveniéncia da "impozição de hum real

em cada quartilho de vinho, que se consome no destri-

to desta cidade, comprihendido pelo privilegio da Com

panhia Geral do Alto Douro";

- também como o tinham feito no pedido de 1 de Março de

1783, reforçam a utilidade da prorrogaçao do i mposto

para poderem concluir as obras começadas e iniciar aqu~

las que, embora imprescindíveis , não chegaram a ser

principiadas:
- 408 -

"se demostrão, e expecificão as que ainda se achão impr~


feitas, e as que se devem de novo construir asim para
emendar os maiores defeitos das servidoens publicas, e
dos indecentes publicas prospetos, como para precaver, que
os muintos novos edificios com que esta cidade, se vai
vezivel e acelaradamente prolongando para todos os la-
dos de sua circonferencia [ ... ] se arruem, e alinhem com
regularidade, e ordem jámais preterida por algua das n~

çoens çevilizadas no prezente seculo, e que estes não


constituão e aumentem os injuriozos absurdos, que se v~

reficão em grande parte dos bairros anterior e, arbitr~

riamente edificados sem regulamento algum, a cuja possl


vel emenda necessariamente se tem dirigido, e dirigemas
demolisoens e aberturas de servidoens publicas, que se
achão feitas e demostrão projectadas". ·

- finalmente lembravam a necessidade que existia em ser

construída "hua caza de Foral do concelho" devido ao es

tado de ruina em que se encontrava a antiga; conscie n-

tes do risco de d e smoronamento, tiveram que mudar "o car-

torio, Despacho da Camara e Audiencias dos Magistrados'~

para uma parte do Colégio de S. Lourenço, que tinham alu

gado aos Agostinhos Descalços.

Após terem apontado todas as razões que justificavam o s~

gundo pedido enviado a D. Maria I, o Senado da Câmara renovou "hu-

mildemente a suplica" de que a Rainha "pela Sua Re al Beni f icencia

seja servida prorogar por mais dez annos" a imposição de 1 7 63 e

177 3.

À satisfação deste pedido responderia a Rainha pela Car-

ta Régia de 25 de Agosto de 1787 (33). Concedia o imposto por mlis

d ez anos "na conformidade d a a nte c e d e n te (prorroga ç ão ) , qu e fin-


- 409 -

dou no ano de mil setecentos oitenta e tres". O que levou D. Ma

ria I a ceder foram os seguintes motivos: o primeiro, bem notá-

rio, era "a policia, aseyo, cómudidade, nobreza de edificios, e

ruas" que existià na cidade, que era preciso manter e dar conti

nuidade: o segundo, estava relacionado com as obras que era ne-

cessário fazerem-se: cais de Miragaia, que devia continuar até

S. João da Foz i Casa da Câmara "ou Passos do Concelho" i fontes,

aquedutos e outras obras que interessassem a "conservasão da ci

dade, e beneficio do comercio". Especifica também que continua-

ria a ser "Inspector e Prezidente na Camara para tu do o que for

concernente a este negocio" das Obras PÚblicas, o Governador da

Relação da cidade do Porto, ou quem o seu cargo servir. O Sena-

do da Câmara teria que anualmente através da 11


Meza do Dezembar-

godo Paço .. enviar uma relação das obras feitas, da receita eda

despesa. No fim deste decénio, seria enviado um relatório "como

estado das ditas obras, e das que ainda faltão para formozurada

cidade, e comodas servidoens dos seus habitantes ...

Este imposto, que permitia ao Senado da Câmara, a possl

bilidade de continuar com as obras inacabadas e executar todas

aquelas consideradas de absoluta premência, foi prorrogado nov~

mente, por outros dez anos, pela Ordem Régia de 30 de Outubrode

1796 (34).

O dinheiro (35) arrecadado do impos to sobre o vinho, era

entregue mensalmente (36) pelo "caixeiro" da Companhia Geral do

Alto Douro, levando-o "a boca do cofre", que estava na sacris-

tia do convento de S. Francisco (37). Encarregou-se durante mui

tos anos desta função o caixeiro da Companhia, Caetano Naurício

de Araújo Pinto (38), que em 1789 recebeu pelo seu trabalho 76 800
réis (39).
- 410 -

2. Organização da Junta das Obras Públicas

2 .1. A Junta das Obras Públicas era const.i_tuída por um

presidente, assistido no desempenho das suas funções pellos "offi-

ciaes" do Senado da Câmara - Juiz de Fora, vereadores e procur~

dor da cidade. A isto refere-se João de Almada e Melo, em carta

de Março de 1764, a Francisco Xavier de Mendonça Furtado: . "Sua

Magestade foi servido nomear me Prezidente da Junta que formão

os officiaes da Carnera para administração das Obras Publicas des

ta cidade, e arrecadação do subsidio aplicado para ellas" (40).

Além dos elementos referidos, a complexidade das funções desem-

penhadas pela Junta exigia . diversos funcionãrios, muitas vezes

os mesmos que trabalhavam na Câmara ou contratados para funções

específicas da Junta (41).

2.1.1. O presidente da Junta era sempre o Gov ernador da

Relação da cidade ou quem servisse nessa função, corno podemos

ver na Carta Régia de 25 de Agosto de 1787 (42), ainda q u e João

de Almada e Melo, nomeado Governador das Justiças da Relação e

Casa do Porto em Dezembro de 1764 (43), exercesse essa função a

partir, pelo menos, de 1763, altura em que se deram inicio as

grandes obras no Porto.

À frente da Junta das Obras Públicas, encontramos, en-

tre 1763 e 1804 as seguintes individualidades:

1763-1786 João de Almada e Melo

1787-1790 José Roberto Vidal da Gama

1790-1793 Francisco Roberto da Silva Ferrão (44)


- 411 -

1793-1798 Manuel Francisco da Silva e Veiga Magro de

Moura (45)

1798-1799 Francisco de Almada e Mendonça (46)

1799-1800 Manuel Francisco da Silva e Veiga Magro de

Moura

1800-1803 Pedro de Melo Breiner (47)

1803-1804 Manuel Francisco da Silva e Veiga Magro de

Moura

A função de presidente da Junta era diversificada. Res-

ponsável por todas as obras que o Senado da Câmara mandava fa-

zer, vamos encontrá-lo não so como o elemento que, em consonan-

cia com a Câmara, traça as grandes linhas de renovação urbana da

cidade, mas também controlando totalmente todas as actividades.

É o elemento de ligação entre o poder central e o Senado; assi~

te, sempre que possível às reuniões da Junta; por ele passam to

das as nomeaçoes para os mais diversos cargos ligados com as

Obras PÚblicas e rubrica todas as folhas de pagamento- desdeas

dos oficiais que exercem as várias incumbências necessárias pa-

ra o bom funcionamento da Junta, às que estão relacionadas com

os materiais para as obras e bem assim as dos que as delineiam

e executam.

Nem sempre existiriam as melhores relações entre o pre-

sidente da Junta e os restantes membros que a formavam, como se

depreende de urna carta de João de Almada e Melo, de 23 de Agos-

to de 1777, para o visconde de Vila Nova de Cerveira. Referindo

-se ao atraso em que se encontravam as obras das "duas princi-

paes ruas'', a rua do Almada e a rua de S. João (48) diz:


- 412 -

"Tem mostrado a experiência, que similhante demora pro-


cede da inspessão da Camera; porque ordinariamente occu
pada na expedissão dos muntos negocias, que a ella con-
correm, da grande povoassão desta cidade, e seu termo;
é também, por cauza da mudansa dos seus officiaes fal-
tando nos que entrão o conhecimento do estado das Obras
Publicas; em alguns o genio para o cuidado nellas; e em
outros o zello, sem o qual se não promovem; de que re-
zulta variedade de vottos em qualquer pequeno incidente:
nao pode aditar-se, e concluir-se este benefício publi-
co, e vay insensivelmente consumindo-se o dinheiro, e o
tempo, sem se conseguir o fim de humas ob ras tão neces-
sarias, como úteis" (49).

Para João de Almada e Melo seria mais convenien te para

o futuro, que o monarca, "izernptasse" a Cãmara e o procu r ador da

cidade da inspecção das Obras Públicas, "subrogando hum distin-

to procurador" para as mesmas, que teria unicamente a seu cargo

"a vigilancia e cuidado dellas" e que ficaria "debaixo da ins-

pessão" do presidente. As vantagens desta alteração seriam:maior

actividade e zelo , no que diz respeito ao andamento das obras ,

resultando um melhor aproveitamento das verbas a elas destina-

das. O procurador privativo das Obras Públicas seria também "en-

carregado da expedição dos litigios, e mais dependencias judicl

aes pertencentes ~s mesmas" (50 ).

Pretendia assim João de Almada e Melo uma total autono-

mia em relação aos element6s que constituíam o Senado da Câmara.

Ficava a Junta das Obra s Públicas formada por um presidente e

um procurador privativo, que, independentes da Cãmara , se res-

ponsabilizavam e davam a nd amento ~s obras. Não conseguiria o Go

vernador das Armas e das Justiças tal desejo. Em 23 de Fevereiro


- 413 -

de 1777, tinha morrido D. José I, e com a s u a morte, caíra o pr~

mo, que desde Março se encontrava em Pombal (51). Assim, ainda

que, com a Viradeira se mantivesse no seu posto até morrer, fal

tava-lhe o apoio certo e poderoso que tinha tido até então em

Lisboa. Deste facto resultou não ser nomeado um procurador priv~

tivo para as Obras Públicas, servindo sempre nelas, nas suas di

versas funções, os elementos que compunham o Senado da Cãmara.

Relacionado com o que pretendia João de Almada e Melo

estaria o requerimento que, em Abril de 1777, lhe fez o procur~

dor da cidade Bento Gomes Delgado (52), criticando a acçao do

presidente da Junta:

"Sendo a inspecção das calsadas e cuidado dos aqua-


dutos das prencipaes obrigaçoins do procurador da cida-
dade em beneficio geral do bem publico tenho posto todo
o disvello com o piqueno e antigo sucídio que avia em
reparar algumas ruas desta cidade que já se achavão qu~
zi invadiaveis por não aver dinheiro para elles".

Assim a conservaçao das ruas e aquedutos estava descur~

da devido à falta de verbas para esse fim. Continua Bento Delg~

do que nao podendo a procissão do Corpo de Deus, "de cujo culto

e decencia me nao devia descuidar", passar pela praça da Ribei -

ra, po r causa das obras que aí se r eal izavam era necessário de~

viá-la para a rua Nova que se achava "na ultima mizeria, para cu

jo conserto era forçoso recorrer ao cofre das Obras Públicas. Pe

dida a autorização a João de Almada e Melo, este:


- 414 -

"não conveio em mais do que fazerce hum reparo mu i pas-


sageiro nao obstante as muitas e reeteradas instancias
que lhe fis mostrando lhe o objecto da passagem do San-
tissimo e a emdignidade da rua e a i ntenção das Reaes or
dens" (53).

Segundo o procurador da cidade, a rua Nova pela sua si-

tuação, "pella propria fermozura" e por ser a "prassa do comer-

cio" do Porto, era a mais "nobre" que existia na cidade, mere-

cendo mais do que um pequeno conserto, o que desagradava a pop~

lação que:

"clama que ã coiza de quatorze annos esta conterboindo


para os ditos concertos sem lhes dar prencipio gastand~

-se os fundos em obras mais remotas quando primeiro se


devia acudir as mais necessarias cujo descuido vem em
dezar do governo económico que não acode as ruas mais n~

taveis com dano evidente do publico, e do continuo con-


curso dos carros e carroagens a vendo direi tos supra abon
dantes para o seu reparo".

Bento Delgado nao poe em duvida a utilidade das novas

ruas, a do Almada e a de S. João, e de outras que fossem neces -

sárias abrir, mas sem serem "lagiadas serve mais de penuria do

que de comodidade" (54). O mesmo descuido refere o procurador

da cidade em relação aos aquedutos, principalmente o de Paranhos.

As críticas e os pedidos feitos por Bento Delgado encon-

tram o maior apoio por parte dos restante membros do Senado da Câ

mara, de que faz eco a carta que este s dirigiram a João de Alma-

da e Melo:
- 415 -

"Sâo infinitas as queixas e reprezentassoins que se tem


feito neste Senado sobre o rnizeravel estado em que se
achâo as calsadas das ruas desta cidade e do reparo que
precizâo os aquedutos para cujas obras foi prencipalrne~

te destinado, pedido, e concedido pellas Cartas Regias


a irnpoziçâo de hum real em cada quartilho de vinho a cu
ja necessidade quer este Senado acudir fazendo hua re-
forma de calsadas e aquedutos, capas, e de duração; po-
rem corno o gasto desta despeza ade sair desta comtrebui
çâo, e esta na forma das mesmas Cartas Regias e costume
até aqui praticado se despende por rezoluçâo tornada nes
te Senado de comum acordo com Vossa Excellencia que pa-
ra este efeito a elle tem vindo, e aonde prezenternente
nao vem por cauza das suas rnolestias para se tornar a re
ferida rezoluçâo na forma asirna exposta [ ... ] esperando
que Vossa Excellencia da sua parte se cornforrne com o p~

recer deste Senado cornvindo com elle de comum acordo que


se aplique parte da contribuiçâo mencionada para conseE
to das calsadas e aquedutos, e com outra parte se conti
nue a obra da prassa da Ribeira" (55).

Es ta seria a razao que levou Joâo de Almada e Melo a es

crever para o visconde de Vila Nova de Cerveira. Uma crítica por

parte do Senado em relaçâo às resoluções do presidente da Junta

das Obras PÚblicas, levariam a um relacionamento difícil, o que

ficaria sanado, caso fossem afastados das Obras Públicas os "offi-

ciaes" do Senado. Corno tivemos ocasiâo de referir tal nâo acon-

teceu, e Joâo de Almada e Melo teria que trabalhar até 1786, com

os "senhores" do Senado da câmara do Porto.

2 .1.2. O Juiz de Fora e os vereadores que faziam parte

da adrninistraçâo municipal, assistiam ao presidente da Junta em


- 416 -

todas as suas funções, tornando parte activa em todas as decisões

relacionadas com as Obras PÚblicas entre as quais citamos:

- assistência às reuniões da Junta;

- nomeação de louvados;

- assinavam com o presidente os contratos de compra das

propr iedades necessárias para as obras;

- participavam nas vistorias.

O procurador da cidade desempenhava urna actividade pre-

ponderante em relação às Obras Públicas, devido à multiplicida-

de de funções que exercia e da responsabilidade das meSMs. Além

de assistir às Juntas vê-mo-lo presente também:

- na norneaçao de louvados e nas louvações para a com-

pra de propriedades;

- na medição e avaliação das obras realizadas, acompa-

nhando os engenheiros e os arquitectos;

- servindo de intermediário entre o tesoureiro e o pre-

sidente da Junta para obter as verbas necessárias pa-

ra os pagamentos das Obras PÚb licas;

- observando as necessidades constantes que sempre se

faziam sentir na cidade;

estando atento, para impedir qualquer abuso que prej~

dicasse a população.

Todas estas funções podem-se resumir ao que o procura-

dor da c idade, Manuel Félix Correia Maia, escreveu no início de

um relatório que enviou ao Senado: "o procurador da cidade em

rezão do seu oficio tem rigoroza, e indispensavel obrigação de

promover e vigiar pela utilidade publica e bem comum dos seus

moradores" (56).
- 417 -

As funções de procurador da cidade foram exercidas en-

tre 1757 e 1804 por:

1757-1776 Pedro Henquel (57)

1776-1781 Bento Gomes Delgado (58)

1 781-1783 Manuel de Carvalho e Silva (59)

1783-1785 Bento José Dourado (60)

1785-1790 José Pedro Antunes Pereira (61)

1790-1792 Manuel Félix Correia Maia (62)

1792-1795 Bento Gomes Delgado (63)

1796-1798 Manuel Félix Correia Maia (64)

1798-1799 Nicolau Joaquim Pereira (6 5 )

1799-1804 Manuel Félix Correia Maia (66)

Competia também ao procurador da cidade (6 7 ) pagar al -

gumas despesas com obras diversas executadas na cidade, as deno

minadas "despezas meudas", cujo rol era apresentado ao preside!!_

te da Junta das Obras Públicas, para que com o seu consentimen-

to lhe fosse entregue o dinheiro que era retirado do "Cofre do

Subsidio das Obr as PÚblicas ". Também todos os pedidos de paga-

mento dos serviços prestados para as Obras Públicas eram confir

mados pelo procurador da cidade, antes do presidente autorizar

a sua liquidação.

2.1.3. Se à frente da Junta das Obras PÚblicas se encon

travam os elementos atrãs referidos, a complexidade da sua ac-

ção exigia um número diversificado de funcionãrios , alguns dos


- 418 -

quais, como acontecia com o Juiz de Fora, os vereadores e o pr~

curador da cidade, ocupavam simultaneamente os mesmos lugaresno

Senado da Câmara e na Junta. Neste caso encontravam-se: o tesou

reiro (68); o contador do cofre (69); o procurador agente do Se

nado (70); o guarda (71); o quadrilheiro (72) e o pregoeiro(73).

Com funções específicas relacionadas com as Obras Públi

cas temos os fiscais ou zeladores das obras que tinham de vigi-

ar, zelar e fiscalizar os operários e os proprietários que man-

davam edificar casas nas novas ruas:

"porquanto para o expediente das ditas Obras Publicas, e


da construção das ruas que se achão abertas, como sao a
rua nova Dalmada e a rua de S. João, e outras mais que
se ham de abrir se neçessita de pesoa emteligente e de
confiança que vigie, zele, e fiscalize não so sobre os
operarias que · travalhem nas ditas obras para ver se
sao no numaro, e na capacidade tais quais os mestres que
se obrigarão a fazer as ditas obras estipularão nos seus
contratos: como tambem sobre os proprios donos das ca-
zas que se fabricarem aos lados das mesma s ruas para ~

minar se vam feitas na conformidade das plantas que pa-


ra ellas mandei dar; porque não suceda que do contrario
se disforme o prospecto da cidade" (74).

O fiscal ou zelador, caso os proprietários nao cumpris-

sem os desenhos que lhes tinham sido fornecidos, mandaria demo-

lir as casas. Tinha que examinar diariamente as obras comuni-

cando ao presidente da Junta das Obras Públicas, o estado em

que se encontravam, apontando os defeitos que se observassem na

sua execução, para os mandar ver pelos "ofisiais emginheiros" e

assim se poderem emendar, assim como o numero de pessoas que ne


- 419 -

las trabalhav am. Todo este serviço seria remunerado com 160 réis

diários. o primeiro a ocupar este cargo foi o tenente aposenta-

do Manuel Álvares, nomeado por João de Almada e Melo em 17 de

Janeiro de 1766 (75). Em 1767 é nomeado para o mesmo fim o "aj~

dante de auxiliares" João Martins Valente (76); em 4 de Março de

1770 foi a v ez do tenente reformado João Pinto Baldaia (77) e,

apos o falecimento deste, seria nomeado, em lO de Junho de 1776,

o tenente reformado António de Miranda (78).

Vamos encontrar sempre à frente de t o das as o bra s um res

ponsáv el ( 7 9) designado de di versas formas, mas cujas funçõe s , de

um modo geral, são as que diziam respeito ao fiscal-zelador

v igiar o cumprimento das empreitadas, v erificar se as obras es-

tavam a ser executadas segundo o projecto e informar os superi~

res sobre o seu andamento. Assim encontramos um inspector da admi-

nistração de uma determinada obra (80), que pode ser simplesme~

te denominado por administrador, acompanhado muitas vezes porum

ajudante. Aparecem também os apontadores, que se encarregavam dos

trabalhadores e das ferramentas, e enviavam à Junta a lista das

despesas efectuadas (81) . Finalmente é também frequente a desi

gnação de director das obras e de "mestre director das obras das

calçadas", que é a forma como se apresenta, em 1798, Manuel An-

tónio Lopes, soldado da "5ª Companhia do primeiro Regimento do

Porto" (82) .

2.2. As sessoes da Junta das Obras Públicas realizavam-

-se na Casa do Senado da Câmara, com a presença do presidente, e

dos administradores do Senado - Juiz de Fora, vereadores e pro-

curador da cidade. Algumas vezes não aparece referida a c ompa-


- 420 -

rência do presidente, realizando-se só com aqueles últimos (83).

Sobre o número de sessões efectuadas entre 1763 e 1804,

so a partir de 1782 é que aparecem sistematicamente referencia-

das. Entre 1763 e 1765, aparecem apenas quatro reuniões, haven-

do em seguida um longo vazio até 1782 (Quadro II).

Desconhecemos o porquê de não aparecerem anotadas as reu

niões da Junta de 1765 a 1782, o que a nosso ver é estranho, já

que esse período coincide exactamente com uma intensa activida-

de por parte da Junta das Obras Públicas, como teremos ocasião

de apontar. A presença permanente dos seus membros, pode compr~

var-se pela mais diversificada documentação. O presidente nunca

se ausentou da cidade até 1779, o que os documentos provam e e

.confirmado pelo próprio João de Almada e Melo.

O Governador das Armas e das Justiças, num ofício de 6

de Março de 1779, para Aires de Sá e Melo, dizia que tinha rece

bido através do intendente-geral a licença concedida pela Rllnha

para ir a Lisboa e estar ausente do Porto durante quatro mese s.

A razão invocada era a grande necessidade que tinha em tratarde

assuntos relacionados com a sua "Caza dezarranjada nestes 22 an

nos que fazem a quinze do prezente mez para donde fui mandado em

vinte e quatro horas de tempo pelo motivo (o motim de 1757) q.

aqui socedeo naquelle principio de anno" (84).

Estando presentes no Porto os membros da Junta, nao te-

riam feito, durante o período referido, reuniões? ~ muito prov~

vel que tal facto tenha acontecido. O presidente, do seu palá-

cio do Corpo da Guarda - onde frequentemente se faziam os con-

tratos de arrematação - controlava a actividade da Junta, sem

se deslocar ao Senado da Câmara. Este distanciamento entre o pre-


- 421 -

sidente e os outros membros d~ Junta que, como vimos, teve os

seus reflexos em 1777, pode ser uma explicação para nao se te-

rem realizado as sessoes.

Finalmente, muitas das decisões tomadas em relação as

Obras PÚblicas, poderiam ter sido feitas nas vereações normais

do Senado da Câmara, com a aprovação do presidente, .como por

exemplo aconteceu em 23 de Maio de 177 2, na qual se "assentou em

Camara por outro acto de vereação que se comprassem os predios

necessários para complemento da di ta rua (de S. João) athe a pra-

ça de S. Domingos, ou viella da Palma para ser mais larga, e

fermoza a dita praça" (85). Assim nao se faziam reuniões especi

ais, inserindo-se as questões das obras na ordem de trabalhosdo

Senado.
- 422 -
QUADRO II

NÚNERO DE SESSOES DI\ J UNTA DAS OBni\S PÚBLICAS

8
..... 8 8
ANO B ....
~ I
QJ
..... TOTAL

~
QJ ~
>
QJ
o
<>
~
.....
~
o
~ ,.,~ a,.," B
U)
o
it
~
Jl 6 z
~
~
"""
1763 l 1
1764 1 1 1 3
1765 1 1
1767

1768

1769

1770

1771

1772

1773

1774

1775

1776

1777

1 7 78

1779

1780

17Al

1782 1 1 1 1 4
1783 1 1 1 3
1784 2 2 4
1 785 1 1 2 1 1 8
1 1
1786 2 2
1787 1 14
3 5 3 2
1788 4 ) 1 5 3 4 5 5 4 ) 2 39
1789 3 4 2 3 3 3 5 4 3 4 4 41
3
1790 ) 4 4 4 ) 3 5 5 3 4 44
3 3
1791 1 2 2 1 ) 2 2 2 l 2 18
179 2 2 3 1 1 1 8
1793 1 1 1 1 4
1794 2 1 1 2 2 2 1 11
1795 1 1 2 1 2 1 2 1 1 12
179 6 1 1 3 1 1 1 1 9
1797 1 2 1 1 1 1 7
1798 1 1 2 1 l 1 7
1799 1 1 1 1 1 1 6
180 0 1 1 1 1 3 4 2 1 14
1801 2 2 ) 2 1 2 1 1 2 2 1 19
1802 1 1 1 1 3 1 1 1 1 12
1
1803 2 1 3 1 l 1 1 1 12
1
1804 1 1 1 1 1 1 1 7
- 423 -

2.3. A Junta das Obras Públicas teve, apos a sua cria-

çao, a total responsabilidade de toda a política urbana da cid~

de, desde a elaboração dos projectos à sua aprovação e respecti

va concretização. Desenvolvia esta actividade, com o apoio e

anuência do poder central, obrigando-se a desempenhar, em nome

do "Bem Público", as mais diversificadas funções:

- contratar os engenheiros mil i tares e os arquitectos, a

quem se devem as plantas;

pôr as obras a lanços para serem arrematadas;

- estabelecer urna política de prioridades na acção que

pretendia desenvolver;

- comprar as propriedades necessárias para as novas obras;

regulamentar as novas construções.

Todas estas funções foram acompanhadas de outras que lhes

estão naturalmente associadas:

- a escolha de pessoas competentes para o exercício do

cargo de que foram incumbidas, desde os engenheiros e

arquitectos até aos artistas que executaram as obras;

- a fiscalização da execução dos planos;

- a coordenação das necessidades mais prementes, com as

grandes linhas do desenvolvimento urbano, dentro deurn

orçamento sempre inferior aos avultados gastos;

- a nomeação de louvados para as · expropriações que for-

çosamente tinham que ser feitas;

- a imposição da uniformidade das novas construções atra

vés de projectos aprovados pela Junta e inseridos num

plano global previamente executado.


- 424 -

Dentro destas funções se enquadrava a actividade marcan

te que a Junta das Obras Públicas teve na · cidade, en tre

1763 e 1804, e que, ao longo de todo um conjunto de obras que

ela realizou, teremos ocasião de observar.

2.3.1. Relativamente às expropriações de casas e terre-

nos necessários para as Obras PÚblicas, nem sempre o processo

se desenrolava facilmente.
As primeiras aquisições iniciam-se em 1765, com a com-

pra de casas e terrenos para a abertura da rua de S. João e a

última efectuou-se em 1788, altura em que o Senado comprou "huma

morada de cazas para se demolir, citas a Crus do Souto[ ... ] e

ficão sobre o arco que vai da rua da Banharia para a r u a Nmm do

Pateo" (86) . Coincidem assim as compras mais importantes com a

época de João de Almada e Melo.

NO~RO DE CONTRATOS REALIZADOS PARA A AQUISIÇÂO DE PROPRIEDADES ( 87)

1765 3 1769 5 1774 2 1778 7 1 78 4 l 1788 1


1766 1 1770 1 1775 1 1779 3 1785 43

1767 2 1772 4 1776 12 1780 2 17 86 lo


1768 7 1773 7 1777 5 1782 1 17 87 5
- 425 -

As expropriações iam desde a compra de casas e respectl

vos quintais, até à aquisição por parte do Senado de pequenas

fracções de terreno para a abertura ou alinhamento das ruas e

praças.

As aquisições das propriedades faziam-se da seguinte fo~

ma:

1 - contrato notarial, feito entre a Junta e os vendedo

res, realizado ou na igreja de S. Francisco "junto

à porta que vai para a sanchristia" (88) , onde se

encontrava o cofre, ou na "Caza de Despacho da Cama

mara" (89);

2 - a Junta estava representada pelos seus membros, in-

cluindo o próprio presidente - são frequentes os con

tratos com a assinatura de João de Almada e Melo

- e os vendedores, por seu lado encontravam-se tam-

bém presentes ou faziam-se substituir por um procu-

rador;

3 - eram nomeados louvados por parte do Senado e por

parte dos vendedores, respectivamente um mestre pe-

dreiro e um mestre carpinteiro para cada uma das

partes, sendo em alguns casos os mesmos para o Sena

do e para os vendedores; mais tarde vamos encontrar

frequentemente só dois louvados, um para cada 1..liTB. das

partes, neste caso, dois mestres pedreiros - Henri-

que Ventura, mestre pedreiro das obras da Relação por


parte do Senado (90) e José Francisco também mestre
- 426 -

pedreiro, por parte dos vendedores (91);

4 - o pagamento das propriedades adquiridas era entregue

na altura do contrato.

Nem sempre as expropriações eram fáceis. Frequentemente

os proprietários não aceitavam a avaliação feita, exigindo novas

avaliações. Uma segunda louvação requereu a madre Ana Miquelina

de Santo Agostinho, religiosa do convento de Santa Clara de Cami

nha, em 3 de Setembro de 1766 (95), invocando "deminuição do ju~

to presso". As "suas cazas citas aos boeiros das Congostas", ti-

nham sido avaliadas em 12 de Março por oitocentos mil réis ( 9 6) •

Com a nova avaliação deram-lhe mais cem mil réis.

Problemas acerca das avaliações, resistência e ma vonta -

de por parte dos proprietários, atrasavam o processo da renova-

ção urbana, o que levou João de Almada e Melo a escrever a Fran-

cisco Xavier de Mendonça Furtado, em 2 de Setembro de 1768 ( 9 7) 1

a carta seguinte:

"Para alinhamento da formoza rua de S. João que de novo


se abrio por sima do rio da Villa desde S . Chrispim até
prasa da Ribeira, e para o plano da outra prassa, que subs
tituio ao mais asquerozo, e sordido lugar que inadverti-
damente se conservava no corasão desta cidade, junto a
rua das Flores della, onde estavão situados os pelames,ou
aloques de cortir couros, se demolirão, e devassarão al-
guns predios de pessoas particulares, precedendo o arbi-
trio de louvados nomeados pella Camera, e donos dos pre-
dios, que os avaluavão, como livres, e diz imos a Deos, ~

do lhes assim mayor estimasão, para sahirem todos os en-


cargos nelles impostos do seu justo presso; e se depozi-
tava este para cada huma das partes interessadas poderl~

vantar, o que lhe correspondia, fazendo o senhor do pre-


- 427 -

dio escritura de venda à Camera: agora porem nao que-


rendo alguns donos perceber interiormente, que o bem co
mum prefere ao particular, e que não pode este permane-
cer sem a conserva são do outro, repugnão fazer as escri;e_
turas de venda, e nunca se contentão com o presso que
os louvados arbitrão as propriedades; sendo por isso ne
cessaria recorrer às justisas ordinarias, e por conse-
quencia não se continuarem as obras, emquan to dura a
averiguasão judicial pellos meyos comuns, e ordinarios,
como já se experimenta em algumas cauzas, que a este res
peito pendem em juizo" (98).

Como presidente das Obras Públicas (99), prosseguia, o

Governador das Armas e das Justiças, via-se na necessidade de

pedir a D. José I, através do secretário adjunto da pasta do Rei

no que os donos dos prédios "que forem necessarios devassarem-se

possao ser obrigados a vendellos" (100).

Para resolver esta questão foi aplicada no Porto, pela

Carta Régia de 4 de Janeiro de 1769 (101), a legislação promul-

gada para Lisboa, em 12 de Maio de 1758. D. José I era "servido

ordenar que os predios que forem necessarios devassarem-se, ou

demolirem-se, sejão obrigados os donos deles asim ecleziasticos,

como seculares a vende los precedendo avaliações deles feitas por

louvados as quais assistira hum dos ministros dessa cidade, que

para esta diligencia vos parecer nomear" (102). Aquele julgari a

na primeira instância as avalições, "dando apelação as partes"

que se considerassem "gravadas" para a Relação pa ra "em huma só

instancia breve, e sumariamente se julgar" (103). Assim, ficava

facilitada a resolução das questões levantadas para a a quisição

de propriedades, para o que também contribuia a aplicação na c~

dade do "Alvara com força de Ley" acima referido que estabele-


QUADRO III

LOUVADOS

SENADO VENDEDORES

COSTA, Domingos da - mestre pedreiro ANTÓNIO, Manuel - mestre pedreiro


COUTO, José Alves do - mestre pedreiro ANTONIO, Manuel - mestre carpinteiro
FRANCISCO, António - mestre pedreiro (92) ALVES, Custódio - mestre carpinteiro
JOSÉ, Manuel - mestre pedreiro BARROS, José de Sousa - mestre carpint~iro (94)
MOREIRA, Inácio - mestre pedreiro COSTA, António da - mestre pedreiro
MOREIRA, Manuel - mestre carpinteiro COUTO, José Alves do - mestre pedreiro
PEREIRA, Caetano - mestre pedreiro FILIPE, Nicolau José - mestre carpinteiro
PEREIRA, Domingos Alves - mestre carpinteiro FRANCISCO, José - mestre pedreiro

ROSAS, Manuel de Almeida - mestre carpinteiro (93) OLIVEIRA, Iná c io Domingues de - mestre carpinteiro

SANTOS, Manuel António - mestre carpinteiro PEREIRA, Caetano - mestre pedreiro


VENTURA, Henrique - mes tr e pedreiro PINTO, Manuel - mestre carpinteiro

SANTOS, Inácio dos - mestre carpinteiro

SILVA, Bartolomeu da - mestre pedreiro

SILVA, Manue l Bento da - mestre pedreiro

TEIXEIRA, António - mestre carpinteiro

~
I I
- 429 -

ceu os direitos públicos e particulares para a reedificação de

Lisboa.

Compradas as propriedades e iniciadas as demolições, o

Senado da Cãmara obtinha algumas verbas da venda dos materiais

(104), que revertiam para o cofre das Obras Públicas. A pedra

das casas era aproveitada muitas vezes para as obras, como acon

teceu com a casa do corpo da guarda da Porta do Almada, que foi

construída com pedra das casas demolidas para abertura da rua

de S. João (105). Alguns casos havia em que também era vendida,

juntamente com os outros materiais. Henrique Ventura, mestre p~

dreiro da obra da Cadeia e Tribunal da Relação, comprou a pedra

da casa de Domingos Francisco Chaves, com a obrigação de a demo

lir (106). Nem sempre os materiais pertenciam à Cãmara. No con-

trato de compra de parte da "Caza ou Albergaria do Hospital de

Sam Chrispim, e Sam Chrispiano", os materiais, tanto madeira co

mo pedra, ficariam para os vendedores (107).

Além dos materiais, o Senado vendia os pedaços de terr~

no que, apos a abertura das ruas e seu alinhamento, sobravam e

não tinham interesse para as obras, o que aconteceu diversas ve

zes, como por exemplo em 9 de Abril de 1770 (108), altura em que

a cãmara vendeu a Pedro Pedrossen da Silva "o terreno [ •.. ] si-

tuado da parte do Poente da [ ... ] rua de S. João" (109) que ti-

nha ficado da propriedade comprada às herdeiras do capitão Iná-

cio Diogo Caminha.

Conclusão

Dominando, no período dos Almadas, a história das trans


- 430 -

formações urbanas, que se operaram no Porto, a Junta das Obras

PÚblicas deve-se, juntamente com o apoio económico da Companhia

da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a alteração da morfolo

gia da cidade que, desde 1763, se realizou.

A Junta formada a partir dos membros que compunham o Se

nado da Câmara, excepto o presidente, funcionava em estreita li

gaçao com esta. Facto muitas vezes prejudicial aos grandes pla-

nos, que por desejo do presidente - o que aconteceu com João de

Almada e Melo - eram postos em prâtica. Aqueles, frequentemente

interrompidos, sofriam constantes atrasos, o que levou os seus

programas a arrastarem-se ao longo dos anos e muitas vezes a nao

serem cumpridos integralmente . A Câmara tinha que dar resposta

às necessidades do quotidiano consertos diversos - para as

quais se desviavam as verbas, já escassas para todo um conjunto

de empreendimentos, talvez ambiciosos demais para as possibili-

dades de então.

À acçao da Junta associa-se quese sempre afigura de João

de Almada e Melo, o seu primeiro presidente, que permaneceu a

frente do seu destino durante o período das grandes transforma-

ções urbanas. Mas outros presidentes sucederam-lhe sem que até

ao momento, os seus nomes tenham sido associados à acção da Jun

ta.

Pelo contrário, Francisco de Almada e Mendonça, que ap~

rece vulgarmente como o continuador da obra do pai, nâo desemp~

nhou, ligado à Junta, qualquer papel significativo nas Obras PÚ

blicas, ainda que, algumas e importantes, tenham sido construí-

das sob a sua administração.


- 431 -

N O T A S

l) - MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérese- Quatre phase~ de l'ur-


banisatio!'). de Porto au XVIII e siecl~, in "Colóquio-Ar-
-ces", L.isboa, 2ª série, 14Qano, nQ 8, 1972, p. 40. Na
versão traduzida do mesmo trabalho aparece, por la-
pso, 17 57, como o ano em que foi criada a Junta das Obras
Públicas do Porto. Cf. Idem - Quatro fases da urbaniza-.
ção do Porto no século XVIII, in "Boletim Cultural",
Porto, 2ª série, vol. 2, Publicação da Câmara Municipal
do Porto, 1984, p. 247. Também apontam 1758 como a data
da criação da Junta das Obras Públicas: FERREIRA, J.A.
Pinto - A economia do vinho e o crescimento do Porto, nos
séculos XVII ao XIX, in "O vinho na história portuguesa.
Séculos- XIII-XIX", Porto, Fundação Eng. António de A!
meida, 1983, p. 300; GONÇALVES, Flávio - A arte no Por-
to na época do M::~.rquês de Pombal, in "Pombal Revisitado';
vol. II, Lisboa, Editorial Estampa, 1984, p. 122.

2)- A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 16, fl. 324.

3) ·- A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fl. lO.

4) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l.

5) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 80, fl. 61. e Po-1, 4ª série,


nQ 313, fl. 40v.

6) - MANDROUX-FRANÇA, Marie Thérese- ob. cit., pp. 35-38; FER


RE I RA ALVES, Joaquim J.B. -Aspectos da a ctividade .arqui-
tectónica ... , pp. 253-258.

7) - Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do conde de


Oeiras, e nomeado em 19 de Julho de 1759, para secretário
de Estado adjunto da pasta do Reino. Cf. SERRÃO, Joaquim
Veríssimo - História de Portugal [17,50-1807], vol. VI,
Lisboa, Verbo, 1982, p. 47.
- 432 -

8) - B.N.L., Colecção Pombalina, Livro 616, fl. 40v.

9) - B.N.L., Idem, Livro 712, fls. 52-53v.

( lO) - "Porem esta se perterio de sorte que nem ao menos chegou


a praticar-se na praça chamada a Praça Nova para a qual
precedeu hua planta que nam teve a sua devida observan-
cia perdendo se pela liberdade com que se construíram as
cazas e edifícios que a circundam nam só a quadratura do
plano mas a uniformidade do prospecto com que tinha sido
deleniada na referida planta da qual só se conserva huma
I
confuza memoria". A.H.M.P., Obras Publicas, nQ 2301, fl.
92v.

( 11) - "e conformandoce com a pozição delle e das ditas duas ruas
ja edeficadas e de outras que lhe sam adejacentes, fie~

se servindo de padrão para todas as obras que se quize-


cem con struir dentro do ambi to nella comprehendido" (Est.
59). A.H.M.P., Idem, ibidem, f l. 9lv.

( 12) - A.H.M.P., nQ 2301, fls. 10-llv.

( 13) - MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérese - Quatro fase~, p. 258.

( 14) - Publicado por: CARVALHO, Ayres de - As obras de Santa


Engrácia e os seus ar tistas, Lisboa, Academia Nacional
de Belas-Artes, 1971, estampa 50 ("Planta duma praçacom
duas fontes, de lugar não identificado assinada por Do-
mingos Lopes") ; MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérese - ob. cit.,
p. 274.

( 15) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B. - ob. cit ., p. 263.

( 16) - MANDROUX-FRANÇA , Marie-Thérese- ob. cit., pp. 240-244.

( 17) - B.N.L., Idem, Livro 616, p. 40v.


- 433 -

( 18) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fl. lv.

( 19) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 3.

( 20) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 3v.

( 21) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 3v.-4.

( 22) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13.

( 23) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13v.

( 24) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 11.

( 25) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13v.

( 26) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 90v.-9lv. Na vereaçao de 16


de Janeiro de 1773 foi apresentada uma Carta Régia, "vi~

da por mão", de João de Almada e Melo, de 4 de Janeiro


na qual D. José I prorrogava por mais dez anos a impozi-
ção. A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 86, fl. 173. A.R.C.,
Ordens Régias, Pasta nQ 8, s/fl.

( 27) - Juiz de Fora - João Manuel Guerreiro de Amorim Pe


rei r a
Vereadores - Dom António de Noronha Meneses da
Mesquita e Melo
Carlos Vieira de Melo
Pedro Leite Pereira de Melo
Luís Brandão Pereira de Lacerda
Procurador da Cidade - Manuel Carvalho e Silva.
,
A.H.M.P., Obras Publicas, nQ 2301, fl. 97.

( 28) - "de que se provem os prezos da Relação, o Hospital e hua


grande parte dos moradores desta cidade". A.H.M.P., Idem,
ibidem, fl. 97.
- 434 -

( 29) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 96v.-97.

( 30) - Juiz de Fora - João Manuel Guerreiro de Amorim


Pereira
Vereadores - Manuel de Figueiroa Pinto
José Cirne de Sousa e Madureira
Diogo Leite Pereira de Melo
Carlos Vieira de Melo
Procurador da cidade - Bento José Dourado
A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 111.

( 31) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l08v.-lllv.


"Não havendo porem obtido athe ao prezente esta Graça, se
ve a mesma Camara na indispensavel precizão de represen-
tar a Vossa Magestade com o acatamento mais profundo, a
impreterivel obrigasão, em que se considera, de repetir,
e renovar aos reaes pes de Vossa Magestade esta antece-
dente suplica". A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 109.

( 32) - Da imposição do vinho, estabelecida por D. Sebastião, na


regência de D. Catarina, por volta de 1559, de 1 ce i til
por quartilho de vinho comercializado na cidade, caso~~

tissem sobras, estas eram para as obras da cidade. Cf.


SILVA, Francisco Ribeiro da - O Porto e o seu termo (1580-
-1640). Os homens, as instituições e o poder, vol. I I,
Porto, 1985, p. 986. (Dissertação de doutoramento em His
tória Moderna e Contemporânea apresentada à Faculdadede
Letras da Universidade do Porto - dactilografada) .

( 33) - A.H.M.P., Obras PÚblicas,nQ 230l,fls. 133v.-134; A.H.M.P.,


Idem, nQ 2302, fls. 2-2v.; A.R.C., Livro nQ 1757, fls.
127-128.

( 34) -~ A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2303, fl. 7. Obras PÚblicas,


nQ 2300, fl. 39.
- 435 -

( 3 5) - A contribuição para as Obras Públicas começou em 30 de


Harço de 1763. A.R.C., Livro nQ 1757, fl. 112.
lQ decénio de 1763, Março, 30 a 1773, Março, 29
2Q decénio de 1773, Marco,30 a 1783' Março, 29
esteve ''sustada" a contribuição quatro anos, cinco meses
e sete dias, de 1783, Março, 29 a 1787, Setembro, 05.
3Q decénio de 1787, Setembro, 06 a 1797
A.R.C., Idem, fls. 124-124v., fl. 126, fl. 127.
4Q decénio 1797 a 1807.

( 36) - A titulo de exemplo no ano de 1766 entregou o caixeiro da


Companhia Geral do Alto Douro:
Janeiro 891$576 -.
re1.s
Fevereiro 777$576 -.
rel.s
Março 987$360 -.
re1.s
Abril 922$728 -.
rel.s
Maio 996$696 réis
Junho 910$224 ré is
Julho 966$624 -.
re1.s
Agosto 1:002$576 -.
re1.s
Setembro 862$896 -.
rel.s
Outubro 869$520 -.
re1.s
Novembro 890$736 -.
re1.s
Dezembro 865$812 -.
re1.s
Total 10:944$324 -.
re1.s

A.H.M.P., Obras PÚblicas, nQ 2269.

( 37) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 17, fl. 110.

( 38) - A.H.M.P., Idem, nQ 46, fls. 170-172.

( 39) - A.H.M.P . , Obras PÚblicas, nQ 2302, fl. 33.

( 40) - A.N.T.T., Ministério do Reino, maço nQ 355, s/fls.

( 41) - Excluimos os engenheiros militares, arquitectos, e mes-


tres pedreiros e mestres carpinteiros que irerros tratar separ~
damente.
- 436 -

( 42) - A.H . M.. P . , Idem, nQ 2301, fl. 134.

( 43) - A.N . T . T., Chancelaria de D. José I, Li vro nQ 74, fls. 181


-18lv.

( 44) - A partir da Junta de 25 de Novembro de 1790.

( 45) - A partir da Junta de 20 de Nov embro de 1 7 93 até a Junta


de 23 de Agosto de 1798.

( 46) - No contrato para a obra do aqueduto da rua de Santa Ca-


tarina, realizado em 9 de Maio de 1790, assina como pr~

sidente Francisco de Almada e Mendonça e não José RobeE


to Vidal da Gama. Cf. A.H.M.P., Arrematações, n Q 2297,
fl. 19. Assina como presidente das Obras Públicas as Jun
tas de:
8 de Novembro de 1798;
13 de Dezembro de 1798;
4 de Abril de 1799;
9 de Maio de 1799;
7 de Junho de 1799.
Cf. A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2303, fls.llv., 12, 12v.,
13v.

( 47) -Assina como presidente novamente a partir de 180 5. Cf .


A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 33v.

( 48) - "Em benefício do public o, decoro, e augmento desta cid~

de, ordenou Sua Magestade, se abrissem n ella, a lem de


outras obras, as duas grandes e utilissima s ruas, huma
na entrada pello rio, e dezembarque na prassa da Ribei-
ra, até a de São Domingos; outra na entrada, que vem da
cidade de Braga, e principia na prassa de Santo Ovídio,
até a rua das Hortas; tudo designado Em hum plano" A.N.T.T.,
Ministério do Reino, maço nQ 355, s / fls.
- 437 -

( 49) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

( 50) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s / fls.

( 51) - SERRÃO, Joaquim Veríssimo - O Marquês de Pombal. O homem,


o diplomata e o estadista, Lisboa, Edição das CãrnarasMu
nicipais de Lisboa, Oeiras e Pombal, 1982, p. 171.

( 52) - A.H.M.P., Liv ro de Vereações, nQ 87, fls. 128v .-130v.

( 53) - Referia-se ao subsídio para as Obras Públicas de 12 de


Março de 1763.

( 54) - A.H.M.P., Idem, ibidern, fl~ 128v.-l30.

( 5 5 ) - Assinam a carta:
Dr. António Barroso Pereira - Juiz de Fora;
Bento Luís Correia de Melo - vereador;
João Rodrigo Brandão Pereira de Lacerda -vereador;
Francisco Manuel Correia de Lacerda - vereador;
Bento Gomes Delgado - procurador da cidade.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l30-l30v .

( 56) - A.H.M.P., Suplemento as Próprias (Obras Públicas), nQ lO,


fls. 1-lv.

( 57) - Pedro Henquel foi nomeado procurador da cidade em 1757;


a pauta da nomeação foi aberta na vereação de 22 de Mar-
ço de 1757, assinando corno procurador a partir desse dia
(A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 83, fls. 151-152). As-
sina pela última vez como procurador da cidade em 25 de
Maio de 1776 (A.H.M.P., Idem, nQ 87, fl . 29).

( 58) - Foi nomeado procurador da cidade por Carta Régia de 11


de Junho de 1774, mas c omeçou a exercer as suas funções
em 1 de Junho de 17 7 6 (A.H.M.P., Idem, nQ 87, fls. 30-31~
- 438 -

Assina pela última ·vez em 8 de Outubro de 17 81 (A.H.M.P.,


Idem, nQ 88, fl. 123). Bento Gomes Delgado, na vereaçao
de 6 de Novembro de 1782, assina como procurador por i~

pedimento de Manuel de Carvalho e Silva (A.H.M.P., Idem,


ibidem, fl. 249), o que acontece também nas seguintes ve
reaçoes:
1782, Novembro, 13 (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 250);
1783, Agosto, 09; 13; 18; 20; 21 (A.H.M.P., Idem, ibidem,
fls. 310v., 311, 312, 313, 313v.);
1785, Abril, 09 (A.H.M.P., Idem, nQ 89, fl. 134v.), por
impedimento do procurador Bento José Dourado.

( 59) - Tomou posse como procurador em 1 de Março de 1781 (A.H.M.P.,


Idem, nQ 88, fl. 112v.). Assina pela última vez em 30 de
Julho de 1783 (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 308).

( 60) - Tomou posse como procurador em 21 de Agosto de 1783 (A.H.M.P.,


Idem, ibidem, fls. 313-313v.). Assina pela última vez em
3 de Agosto de 1785 (A.H.M.P., Idem, nQ 89, fl. 156v.).

( 61) - Nomeado em 1 de Abril de 1785, assina pela primeira vez


na vereação de 6 de Agosto (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl.
158v.) . Assina pela última vez em 2 4 de Novembro de 1790
(A.H.M.P., Idem, nQ 91, fl. 94v.). Foi substituído diver
sas vezes por Bento José Dourado.

( 62) - Assina pela primeira vez em 24 de Novembro de 1790 (A.H.M.P.,


Idem, ibidem, fl. 95) I e pela última vez em 24 de Feve-
reiro de 1792 (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 222v.).

( 63) -Assina na vereaçao de 24 de Fevereiro de 1792 (A.H.M.P.,


Idem, ibidem, fl. 223). Não aparece a assinar as sessoes
de vereação entre 29 de Março de 1794 e 27 de Agosto, a~
sinando a de 31 do mesmo mês (A.H.M.P., Idem, nQ 92,fls.
149v.-184). Está também ausente a partir de 24 de Setem-
bro de 1794 até à última vereação desse ano (A.H.M.P.,
- 439 -

Idem, ibidem, fls. 187-206v.). Em 1795 aparece a assi-


nar pela primeira vez em 19 de Setembro (A.H.M.P., Idem,
nQ 93, fl. l02v.), não assinando mais ao longo daquele
ano (A.H.M.P., Idem, nQ 93, fls. l04-116v.). Foi substi
tuído nas suas ausências por José António Rosa de Figuei
redo.

( 64) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 167-169v.; A.H.M.P., Idem,


nQ 94, fl. 154.

( 65) - Tomou posse na vereaçao de 24 de Março de 1798 (A.H.M.P.,


Idem, ibidem, fls. 203-205v.). Assinou pela Última vez
na vereaçao de 2 de Março de 1798 (A.H.M.P.,Idem, ibidem
fl. 243).

( 66) - Foi nomeado novamente procurador em 5 de Dezembro de D98


e tomou posse do cargo em 2 de Março de 1799 (A.H.M.P.,
Idem, ibidem, fls. 339v.-342).

( 67) - Em 1784, o procurador da cidade recebia 57$900 réis por


seis meses do seu ordenado e mais 3$000 réis por assis-
tir às Obras Públicas.

( 68) - "Sendo estabelecida a contribuição das obras publicas i~

posta em o real no vinho cujo produto se recolhe no co-


fre para ela destinado com diferentes chaves que esta na
sacristia do convento de S. Francisco, como para tirar
qualquer parcela para pagar aos oficiais se faz por esta
razão dificultozo, representou o procurador da cidade a
João de Almada e Mello, presidente da Contribuição das
Obras Publicas que para melhor expediente era necessario
hum tezoureiro, onde se depozitassem as parcelas de di-
nheiro que se pensavam necessarias". Foi nomeado para o
cargo o tesoureiro da cidade, João Gomes Ferreira, em 1664.
A.H.M.P., Obra s Públic a s , n Q 2270, f l. 1.
- 440 -

( 69) -Em 1787, foi nomeado para ocupar este cargo Manuel José
da Fonseca Bagalhé "que he do cofre da cidade". A.H.M.P.,
Obras Públicas, nQ 2302, fl. 4.

( 70) - "O supplicante (João Duarte Lopes) he o agente dos nego


cios e proceços do Senado, e por consequencia das cau-
zas das obras publicas". A.H.M.P., Livro do Cofre,nQ 38,
fls. 141-14lv.

( 71) - Francisco José Ribeiro Guimarães era guarda do Senado e


guarda e porteiro da Junta. A.H.M.P., Obras Públicas, nQ
2302, fl. 9.

( 72) - "Dis Manoel Luis da Costa quadrilheiro deste Senado que


ele suplicante foi imleito por vosas sinhorias para os
destinos e deligencias das obras publicas". A.H.M.P.,
Livro do Cofre, nQ 56, fl. 23. O quadrilheiro tinha, no
Senado, como função principal prender os cr i minosos". Cf.
SILVA, Francisco Ribeiro da - ob. cit., 2Q vol., pp. 749-
-750.

( 73) - "Diz Jozé Moreira pregoeiro do Illustrissimo Senado da


Camera, que elle como tal tem feito todas as rematações
das obras publicas no que tem tido excecivo trabalho, e
perdido muito tempo, e como o supplicante não tem de or
denado, mais que 1200 reis em cada hum anno, e deles p~

ga de decima 120 reis, e porque esta Nobillissima Jun ta


tem atendido a todos os mais offeciaes do Sennado, que
trabalhão no respeitante às ob ras publicas; e o suppli-
cante como mais pobre, nao desmerece a mesma graça" .A.H.M.P.,
Livro do Cofre, nQ 45, fl. 255.

( 74) - A.H.M.P., Obras Públicas , nQ 2301, fl. 25.

( 75) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 25. Aparece também designa-


do por Manuel Alves de Almeida.
- 441 -

( 76) - A.H.M.P ., I dem, ibidem, fl. 39. Faleceu em 21 de Feve-


reiro de 1770. A.H . M.P., Livro do Cofre, nQ 23, fls . 125
-1 25v.

( 77) - A.H.M .P ., Obras Públicas, nQ 2301, fls. 89v. - 90 . Apare-


ce designado também por João Pinto da Cruz Baldaia.

( 78) - A.H.M .P., Idem, ibidem, fls. 9lv .- 92.

( 79) - Ver notas aos Quadros das Obras Públicas, inseridas no


volume II.

( 80) - Como por exemplo Henrique Archer " assistente no lugar


de Massarelos" foi nomeado inspector da administração da
obra do cais de Massarelos. Cf. A. H. M.P., Livro do Co-
fre, nQ 69, fl. 37.

( 81) - A.H.M . P ., Idem, nQ 95 , fls . 165 -l 65v .

( 82) - A.H.M.P., Idem, nQ 89, fl. 169.

( 83) - "Em Junta de vinte e tres de Novembro de mil setecen t os


outenta e dous nesta cidade do Porto e Senado da Camara
em Junta que fazião o Doutor Jui z de Fora dos Orfaos que
serve de Juiz de Fora do Civel, e vereadores abaixo asi
nados com asistencia do procurador da cidade" . A.H . M.P.,
Obras Públicas, nQ 2301 , f l. 96.

( 84) - Variedades, in " Boletim do Arquivo Histórico Militar",


Vila Nova de Famalicão, l2Q vol., 1942, p . 278 .

( 85) - A.D.P ., Po-9, 4ª série , nQ 113, fl . 29v.

( 86)- A.D.P., Po- 4, nQ 377, fls. 128v.-l30.

( 8 7 ) - Ve r Ap ê nd i ce .
- 442 -

( 88) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 107, fl. 49v.

( 89) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 65, fl. 118v.

( 90) - Henrique Ventura, natural da "villa de Viana" e "pedre_!.


roque rematou as obras da Relação", seria a partir de
1767 o avaliador oficial do Senado. A.H.M.P., Obras PÚ-
blicas, nQ 2301, fls. 32-32v., fls. 33-33v., fls. 34-34v.,
fls. 35v.-37, fls. 38-38v., fls. 40v.-43v., fls. 45-45v.,
fls. 46v.-50, fls. 53v.-55v., fls. 56-57v., fls. 59-6lv.,
fls. 62-64, fls. 67v.-69, fl. 70, fls. 73-79v.

( 91) - José Francisco, "pedreiro, e morador em Paranhos" seria


frequentemente o louvado dos vendedores. A.H.M.P., Idem,
ibidem, fls. 32-32v., fls. 35v.-37, fls. 38-38v., fls.
40v.-43v., fls. 46v.-50, fls. 53v.-54v., fls. 56-57v.,
fls. 59-6lv., fls. 62-64, fls. 67v,.-69, fl. 70, fls. 73-
-79y.

( 92) - De Aveiro.

( 93) - De Aveiro.

( 94) - Aparece frequentemente designado por José de Sousa.

( 95) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fls. 27v.-28.

( 96) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 25v.-26.

( 97) - A.N.T.T., Ministério do Reino, maço nQ 355, s/fls.

( 98) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

( 99) - "Sua Magestade foi servido nomear-me prezidente das Obras


Publicas". A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.
- 443 -

(100) - "precedendo louvasão judicial, ou sejão de pessoas ec-


cleziasticas ou seculares, e os mesmos predios allodiaes
de prazo, vinculo, morgado, ou cappella, comettendo-se a
asistencia das louvasões, e o julgallas verba l mente na
primeira instancia à qualquer ministro, corno tarnbern arde
nando-se que quando as partes se considerarem gravadas,
recorrao à Rellasão com o processo verbal do arbitramen-
to, e primeira sentença, para na mesma Rellasão ser taro-
bem julgado verbalmente pello juizes e adjuntos, que se
nomearem, decindindo se por este modo todas as controveE
cias respectivas as Obras Publicas, ainda sendo entre os
ernphiteutas, e direitos senhores sobre laudernios, valor
de pensões, ou outra qualquer coiza pertencente a esta
rnateria; e que da mesma forma, achando-se serem os pre-
dios, que se houverem de demolir, de vincullo, ou cappel-
la, se ponha o seu valor em depozito, para que os donos
possao ernpregallo em bens equivallentes, nos quaes haja
de subsistir a conservasao do vinculo; praticando se o
mesmo sobre as pensoes que tiverem onus de missas, e pr~

zos, que os ernphiteutas não poderem alhear com licensado


direito senhor, e observando se todo o referido~ nas
cauzas ja principiadas, quando Sua Magestade, em atten -
sao ao adiantamento das sobredittas obras publicas, e a
utilidade, das mesmas se segue à esta cidade assim o h a-
ja por bem". A.N.T.T. Idem, ibidem, s/fl.

(101) - Collecção das Leys, Decretos, e Alvarás que comprehende


o fe liz reinado de D. Jaze I, torno I, Lisboa, Na Offici-
na de Miguel Rodrigues, 1767, pp. 605-608; FRANÇA, José-
-Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo, Lisboa, Li-
vraria Bertrand, 1977, pp. 309-313. A.H.M.P., Obras PÚbl~

cas, nQ 2301, fls. 82V.-86v. ,A.H.M.P. ., Livro de Compras, nQ


16 (1783-1786), - fls. 183-186.
- 444 -

(102) - A.H.M.P., Obras PÚblicas, nQ 2301, fl. 82. MANDROUX-FRAN


ÇA, Marie-Th~r~se- ob. cit~, pp. 248-249.

(103) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 82.

(104) - Compraram materiais das casas demolidas:


- Jos~ Pereira de Almeida "fuzeiro" (A.H.M.P., Idem, ibidan,
fl. 24);
- Francisco de Sousa, da freguesia de Oliveira do Douro
(A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 24);
- Manuel Jos~ da Fonseca, homem de negócio (A.H.M.P.,
Idem, ibidem, fl. 24v.);
-Manuel da Silva Galvão (A.H.M.P., Idem, ibidem,fl. 30);
-Francisco Gomes da Silva (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl.
3 7v. ) ;
- João de Oliveira Paraiso, tinha obrigação de demolir as
"cazas do padre João Luis Barata e mais senhorias das
ditas cazas sitas nos cobertos da Ribeira" (A.H.M.P.,
Idem, ibidem, fl. 39v.);
- Bento Jos~ de Faria (A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 39v.-
-:-40) ;
- Jos~ Joaquim Ferreira (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 46);
-Francisco Gomes da Silva (A.H.M.P., I dem, ibidem, fls.
53-53v.);
-Inocêncio de Sousa (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 62);
- Jos~ Francisco, mestre pedreiro "tendo o dito mestre
obrigação de demolir tudo ficando a pedra para o Sena
do " (A . H. M. P . , Idem , i b idem , f 1 . 6 9 ) ;
-José Joaquim Ferreira (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl.'71);
-Bento Jos~ de Faria (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 71);
- Domingos da Costa, mestre pedreiro, "com obrigação de
logo demolir" a casa que pertenceu a Bento Jos~ do s
Re is (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 7lv.);
-José Vieira de Azevedo (A.H.M.P., Idem, ibidem, fl.
7 2) •
- 445 -

(105) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 20, fl. 192.

(106) - A.H.M.P., Obras PÚblicas, nQ 2301, f1 . 71v.

(107) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 127, f1. 90.

(108) - A.D.P., Idem, nQ 94, f1s, 70-73 .

(109) - A.D.P., Idem, ibidem, f1 . 70v .


- 446 -

CAPÍTULO II

As Obras Públicas no tempo de João de Almada e Melo (1757-1786)

Ao primeiro presidente da Junta das Obras Públicas es-

tão ligados os grandes programas de urbanização que vao trans-

fo rmar o Porto numa cidade "moderna". Facilitar a ligação entre

o rio e a parte alta da cidade, regularizar extramuros os novos

bairros, uniformizar as novas construções foi uma difícil e lon

ga tarefa que João de Almada e Melo incrementou e a qual esteve

associado até à sua morte. De tudo isto fizeram eco alguns con-

temporâneos.

Em 1765, e m homenagem ao novo Governador das Justiças, foi

publicado um conjunto de textos laudatórios a João de Almada e

Me lo (1), onde aparecem referências às obras e alterações que , em

virtude da sua iniciativa, se iam realizando: "Os Alamos em or-

dem ja crescidos I [... ]/ No alto , . as roldanas gemem/[ ... ]/ As

Ruas vejo abrir, rasgar os montes I Em borbotoens as fontes I

Desentranhar do centro , e em quantidade I Popular a Cidade/[ ... ]/

Os edifícios publicas, a gloria I Dos novos fundamentos, I Lhe

serviram no Templo da Memoria I De eternos monumentos" (2). As

sim se exprimia Francisco José de Sales na ode que lhe dedicou.

O mesmo tema aparece no'~omance endacasylabo'' com que Bento Go -

mes Delgado festeja o acontecimento: "Pelas praças mais publicas

gostozos I Ireis gravando em nobres monumentos I O nome illus-

tre aos sec ulos r e motos" (3). Também António José de Brito Sou-

sa Abreu de Lima não deixou de elogiar João de Almada e Melo p~

las obras realizadas no Porto, quando escreveu:


- 447 -

"Em Cidade, edificios levantando,


Onde antes vegetavam troncos duros.
Fazendo, que por linha se dilatem
As arvores, as ruas, e outros muitos
Beneficies, que fazem, que a Cidade
Occupe maior ambito, e circuito" (4).

Pouco se tinha feito em 1765. Mas os diversos encómios

a inciativa do Governador de transformar a cidade, são o teste-

munho de uma vontade que já se começava a sentir na prática e

que se reflectia através dos projectos elaborados para a cidade

"que athe ali fora huma grande, mas confusa povoaçam" e à qual

se pretendia dar "nova forma" ( 5) e cujos benefícios ficariam na

memória dos portuenses:

"em quanto durar a Cidade do Porto, serao conhecidos, e


admirados pelos seus moradores o zelo, e amor patrioti-
co deste Fidalgo n.as... ruas do Almada, S. João, e outras
muitas, que fez abrir de novo; nas Praças da Ribeir~de ·

S. Roque, da yictoria, e varias outras, na formosura e


utilidade do Campo da Alameda; nas magnificas Portas de
.Almada, da Ribeira, e do Sol, que enobreceo; nos aquedu~

tos publicas, e nas fontes, que a sua vigilancia, e des


vello promoveo com tanta utilidade, como applauso de to
dos os ditos moradores" (6).

Dos estrangeiros que passaram pelo Porto, no tempo de

João de Almada e Melo, fez referências a Obras Públicas,Richard

Twiss, que tendo visitado a cidade, em Fevereiro de 1773, ano

tou que nessa altura se construia uma porta, assim como uma pr~

sao (7). Se sobre esta última não existem dúvidas quanto à sua
- 448 -

identificação - tratava-se da nova Cadeia e Tribunal da Relação

- o mesmo nao acontece com a primeira. No ano mencionado, já e~

tavam concluídas as Portas do Almada e do Sol e ainda não se t i

nham iniciado as obras na Porta da Ribeira; daí, não sabermos a

que porta se reportava Twiss nem a que tipo de obras.

Testemunha de toda uma actividade- Obras Públicas -que

incentivou o Governador das Armas e das Justiças, foi o Abade

de Jazente, Paulino António Cabral de Vasconcelos (1719-1789),

que a resume num curioso soneto:

"Dos teus, ó Porto, antigos, Orizôntes


Apenas se descobrem os indícios;
Porque até dos penháscos nos resquícios
Se extendem ruas, se sustentão pôntes.

Nóvos Cães , novas Praças, novas Fôntes,


Torres, Templos, Palácios, Frontespícios
Te dão tanta extensão, que os precipícios
Já sao Cidade, e deixão de ser môntes.

Cada vez cresces mais: Oh sempre cláro


Te assista o Céo, e tenha decretáda
Duração, que resista ao tempo aváro.

E seras immortal, se mensuráda


A vires pelo nome do Precláro
Teu fundador segundo, o Illustre Almada" (8).

Mas nem todos os contemporâneos o viram como a fi gura

empr eend edora da tr ansformação da cidade. É o caso de Agostinho

Rebe l o da Costa. Na sua obra, João de Almada e Melo não é mais


- 449 -

do que o décimo nono Governador das Justiças (9) e o coronel que

comandava o "Regimento de mil duzentos homens de Infantaria da

Guarnição" (lO) do Porto, aquando do motim de 1757.

1. Obras Públicas de 1757 a 1762

No período que decorreu entre a vin da d e João d e Almada

e Melo para o Porto e o início das grandes obras que, sob os aus

pícios da Junta das Obras Públicas, vão tran sformar a cidade, os

trabalhos que o Senado da Câmara mandou fazer limitaram-se a con

sertos diversos, sempre necessários, para a con serv ação de ruas,

vielas, terreiros, fontes e aquedutos .

Corno podemos observar no quadro que elaboramos (11 ) os

trabalhos realizados incidiram em:

reparação de ruas;

- construção do paredão e escadas da Sé;

- consertos nas fontes, chafarizes, e aquedu tos;

- construção dos paredões da Cordoaria;

- quebra de penedos em Santo António do Penedo, obra que

continuaria nos anos subsequentes.

Estiveram à frente de algumas destas o b ras mestres pe-

dreiros que podemos .considerar como dos mais importantes que tra

balhararn no Porto antes de 1757 e depois dessa baliza, que é p~

ra nos a vinda de João de Almada e Melo. Entre os vários n o mes

que aparecem destacamos os seguintes: António Gomes; Caetano Pe

reira; João Coelho; José Francisco e Manuel Moreira da Silva.

Em 1759, um particular, José de Sá Carval h o, con t ribu i-

ria para o benefício público, mandando construir à sua custa, a


- 450 -

fonte dos Canos, segundo urna planta do arquitecto Manuel Álvares

Martins (12).

Durante o ano de 1762 as obras da responsabilidade do

Senado da Câmara foram interrompidas. A crise económica de 1762

(13) e o estado de guerra que se vivia nesse mesmo ano, devido

à invasão do Reino pelas tropas espanholas (14) foram as causas

que levaram à sua suspensão. A partir de 1763 um novo incremen-

to e um novo rumo vai ser dado às Obras Públicas.


451

QUI\DRO I

OBRAS DIVERSAS DE 1757-176 2

ANO OBRAS ARREMAT/\NTES

1757 Conserto na rua do Bonjardim Manuel da Cos ta, m. p .


Conserto na rua das Congos tas 1\ntónio Gares, m. p .
Conserto na rua de S . João Novo Franci sco Gonçalves, m. p .
Conserto l\Cl rua dé Sa.nto Elói 1\ntónio Gc:rrcs, m. p .
Paredão das escads da Sé João Coelho, m. p.
Conserto l"'.a n~a de Cecbfeita António Francisco, m. p .
Conserto na rua de S . Dcmingos 1\ntÓnio Garcs, m. p .
Obra das escadas ela Sé 1\ntónio José dos Sa.ntos e Francisco Dani.ngos,
ms . ps.

1758 Conserto na rua de Cedofeita 1\ntónio Francisco, m. p .


Parecliio das escadas da sé João Coel..t-o, m. p.
Conserto de um "coartel" ela rua de fora da ~lanuel da Costa, m. p .
Porta de carros
Conserto na rua do ~binho de Vento 1\ntónio Ganes, m. p .
Conserto na rua do Elonjardim ~lanuel da Costa, m. p.
Conserto na rua do Reimão 1\ntónio Franc i sco, m. p .
Paredões da Cordoaria 1\ntónio Fern.:mdes , m. p .
Conserto da rua junto à p:>rta da Sé Manuel da Costa, m. p .
Conserto na rua do Paredão ele Delaronte Francisco Gonçalves, m. p .
Conserto na rua Nova Franci sco Gonçalves, m. p .
Conserto na rua de S . Dc:mingos 1\ntónio Ganes, m. p .
Laje.3111ento do pátio ela Sé Jooo Coelho, m. p .
Paredão fora da Porta do Olival ~lanuel t1orei ra ela Silva, m. p.

1759 Paredão fora da Porta do Olival Manuel ~breira da Silva, m. p .


Paredões da Cordoaria 1\ntónio Fernandes , m. p .
Conserto na rua de S. Dcminqos 1\ntónio Gc:rrcs, m. p .
Conserto na rua Nova Frnncisco Gonçalves, m. p .
Conserto na rorta cb armazán da Cfurura Jo..io Coelho, m. p.
Obra no parcdZo da Corcbaria junto aos Celei - 1\ntónio Fernandes, m. p .
ros
Conserto nas escudas da sé ~lanuel ~loreira da Silva, m. p .
Conserto na rua do Bonjardim Manuel da Costa, m. p.
Conserto na rua das Flores Franci sco Gonçalves , m. p .
Conserto na rua da Reboleira 1\ntónio Ganes , m. p .
Conserto na 1u.:1 Je Hiragaia c t.ravcssa pcu-a 1\ntÓnio Francisco e Dani.ngos ~lartins, ms . pG .
Hiragaia
Conserto na rua da Senhora da Esperança Francisco Gonçalves, m. p .
Conserto na viela do Cativo 1\ntónio Gares, m. p.

1760 Conserto na viela do Cativo c rua da i\lfànde- 1\ntónio Garcs , m. p .


9.3
Conserto na nta dos ~lercacbres José Tavares , m. p.
Conserto na nu ao pé do 1\çrugue 1\n tónio Fernandes , m. p .
Conserto na n.ta de S. Dcr.tLngos 1\ntónio Gares, m. p.
Conserto r .a n.LJ. do Bonja:"dim 1-'..:muel da Costa, m. p .
452

QUADRO I

OORAS DIVERSAS DE 1757 - 1762

ANO OORJ\S ARREMJ\TI\NTES

Conserto na rua fora da Porta do Olival 1·\anuel ~'oreira da Silva, m. p .


Conserto na rua da Banharia José Tavar es, m. p .
Conserto na rua do cais e lingueta do Terrei- 1\ntónio Fernandes, m. p.
ro
Conserto na calçada da Porta da Ribeira José Tavares . m. p.

1761 Consertos nas ruas de: Belaronte; Postigo de António Cc.rres , m. p .


S . João Novo; Congostas e lajeamento da Fonte
da 1\rca
Conserto P..a rua da Porta c:b Olivul ~k'lr.uel ~·oreira da Silva, m. p .
Conserto nas ruas dos Açougues e T.:~ip.:~s 1\ntÕnio FE!IT'.ances, m. p .
Conserto na rua do cais e lingueta do Terrei- 1\ntênio Ferna.r.des, m. p.
ro
Conserto nas ruas da : oanh.:lria e Ribeira José Tavares, m. p.
1\pear o p.:~driio de Santo 1\ntónio, colocar duus C.:~etano Pereira , m. p.
padieiras na Porta de carros e consertar a
rua do Loureiro
Conserto na n1a do Carregal 1\ntÕnio Gcr.-es, m. p .
Conserto na rua que ia da igreja de
Santo Ildefonso para a rua nova de Santa Ca~ Joiio dos Santos, m. p.
rina
Conserto na rua do Carregal José fruncisco, m. p.
Conserto na viela co Ferraz 1\ntÕnio Cc.rres, m. p .
Conserto nas ruas: Caldeireiros; Escura; Se- rc-1-ro fri1I1Cisoo, m. p.
nhora do Ferro e Arco de S . Sebastião
Quebra dos penedos em Santo 1\ntónio do Penec.b António C-ares, m. p .
Conserto na rua dus llortas f'crl..ro Francisco, m. p .
Conserto na rua das Oliveiras ,\ntÕnio O::rnes , m. p .
Conserto na calçada da Teresa C.:~e~<no Pereira, m. p .
Conserto da "bocu" da ruu dos C.:~ ldeireiros e 1\nténio Gares , m. p .
dentro da Porta de Carros
Conserto da rua desde o Passo da ferraria de Pexl.ro francisro , m. p .
13ai.xo até à fonte da nata

1762 Não se fizeram obras


- 453 -

2. As Obras Púb l icas de 1763 a 1 786

2.1. Rua do Almada. Porta do Al mada. Praça de Santo Oví

dio. Praça de Santo Elói .

A primeira grande obra iniciada pela Junta das Obras Pú

blicas realizou- se principalmente extramuros e incidiu em três

aspectos. O primeiro estã relacionado com o desenvolvimento ur-

bano de toda uma zona a norte da praça das Hortas e do bairro

do mesmo nome que era necessãrio regularizar através da plan!

ficação de um novo bair r o, o dos Laranjais . O segundo inscreve-

- se na necessidade de articular a ru a que, no prolongamento da

rua das Hortas , formava o eixo fundamental do novo bairro com o

interior da cidade, o que foi feito at ravés da transformação do

terreiro irregular de Santo Elói numa praça, e da substituição

do postigo que se abria na mura l ha - Postigo de Santo El ói

por uma passagem mais larga , que seria a futura Porta do Alma -

da. Finalmente , o terceiro e último aspecto seria facilitara 1!

gação da cidade às estradas para Braga e para Guimarães, atra-

vés da rua do Almada e praça de Santo Ovídio (Est . 13 5 ) .

Para a criação do novo bairro foi executada uma plan ta

(Est . 59), como jã referimos, entre 1759 - 60 e 1 76 1, da respons~

bilidade do sargento mor de Infantaria Francisco Xavier do Rego,

com o auxílio de Francisco Pinheiro da Cunha . Estes encontravam

- se na cidade para demarcarem a zona do privilégio concedido a

Companhia Gera l da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, traba-

l ho que concluíram e m 1761 (1 5 ).


- 454 -

As razoes pa ra o levantamento da planta do bairro dos

Laranjais foram:

- não permitir que se continuasse a construir segundo o

"particular capricho" (16);

- aproveitar a pretensão de Aires Pinto em "emprazar as

terras" que possuia " contiguas ao bairro das Hortas

pro l ongando pelo centro de l las a rua do mesmo bairro

chamado do Anjo " (17) das Hortas , aberta em 1 718 (18);

- cria r novas zonas para a natural extensão da cidade;

daí , o plano incluir além da nova rua, outras que fo -

ram planeadas para o terreno "que jaz entre as ruas

chamadas do Bomjardim e San to Ouvido [ ... ] repartindo

com regul aridade todo o referido terreno " (1 9 ) .

Enviada a D. Jo sé I em Fevereiro de 1761 , foi aprovada

em Julho do mesmo ano, pela Carta Régia de 29 desse mês,na qual

o monarca "ordena" o " alinhamento demarcação e abertura da rua

que deve discurrer desde a que hoje se chama das Hortas athe San

to Ouvido" ( 20 ), como se pode l er na car t a e n viada ao Senado da

Cãmara . Este assunto é tratado com maior pormenor na dita Carta

Régia dirigida a João de Almada e Melo (21):

"A Camara desa cidade do Porto me reprez entou com o pl~

no e alinhamento e prospeto que serão com esta asinados


por Francisco Xavier de Mendonça Fur tado menistro e se-
cretario de Es tado dos Negocies do Reyno e Dominios Ul
tramarinos a ute l idade que seria para o maior comodo da
serventia dessa cidade e para a formozura de l la continu
ar a rua chamada das Hortas pasando na forma do referi-
do plano pelos laranjaes e quinta de Joze Gomes athe San-
to Ouvido e atendendo a sobredita reprezentação e a que
- 455 -

sendo e s a c i dade a segunda deste Reyno e hua das mais


destintas da Europa asim pe l a sua situação e povoaçao
como pelo come r cio da s t res p r ovíncias de llas ad j acen-
tes . E dezejando concorr er p ara o seu aumento e decoro
sou servido ordenar vos que logo que receberes esta fa -
çais a l inhar abrir e demarcar pelos ofeciais da Infan t~

r ia com exercício de engenheiros que achareis mais pro-


prios a sobredita rua na forma do referido plano" (22).

Logo a 8 de Agosto , o Governador das Armas , informou o

Senado das ordens recebidas (23), correndo as despesas do ali -

nhamento e demarcação da nova rua por conta da Câmara (24) .

Pouco se teria feito além da ter r aplenagem, ja que o Se

nado nao tinha verbas para as obras que eram necessárias à c i da

de, como se pode ver na vereação de 2 de Dezembro de 1761 (25).

Era preciso consertar os aquedutos, que estavam arruinados o

que l evava a falta r a água no s chafa r izes e fontes , e as ruas

além do que era preciso fazer na " extensão da cidade que diari~

mente se vai vendo de novo nos confins della necessitão as ruas

de se calçar de novo, sendo hua das principais a que por ordem

de Sua Magestade se mandou abrir no sitio do Naranjal (sic) athé

Santo Ouvido" (26) . Em 1762, como já referimos, não se fizeram

obras na cidade. Só no ano seguinte, com as possibilidades con-

cedidas através do imposto sobre o vinho é que verdadeiramente

se começou a trabalhar na rua do Almada.

2.1.1. A rua do Almada, dileneada por Francisco Xavier

do Rego, vai ter, em Francisco Pinheiro da Cunha e no mestre p~

dreiro Caetano Pereira, as duas figuras mais i mportantes para a


- 456 -·

sua concretização.

Iniciadas as obras em 1761, estas so entram efectivamen

te numa fase de maior incremento a partir de 1763, ano em que

foi posta a lanços a "brasa de pedraria de picão grosso em tra-

vessões" que foi arrematada por Caetano Pereira, em 24 de Setem

bro (27), com as seguintes condições: os travessões seriam colo

cados de noventa e quatro em noventa e quatro palmos de compri-

mento da rua"; as pedras teriam entre quatro a cinco palmos de

largura e entre quatro a oito palmos de comprido; o mestre pe-

dreiro teria que mandar assentar "de forma que fiquem com seos

cantos ou angullos igualmente bem calsados sobre o solido terre

no nuvellado (sic) e bem batido[ ... ] atendendo se logo ao de-

clivio (sic) do comprimento da rua asim como tambem ao que deve

ter o topo das paredes para asento da rua o que se lhe detrimi -

nara". O mestre pedreiro que arrematou a obra, levou pela braça

de travessões de "picão grosso" dois mil réis (28). A obra fi-

cou concluída em Abril de 1764 (29).

No mesmo ano em que foi arrematada a obra dos traves-

soes, foi incumbido de regular os "chãos " da rua do Almada o ca

pitão de Infantaria João António Júdice "com exercicio de ingi-

nheiro" (30), para que as construções que se levantassem na no-

va rua apresentassem a regularidade necessária para o seu bom

"prospeto", o qual foi influenciado pela planta da nova rua de

S. Bento de Lisboa (31). Os "chãos" foram divididos e marcados

pelo mestre pedreiro Caetano Pereira (32) segundo a orientação

de Francisco Pinheiro da Cunha (33).

Em 1765 , inicia-se uma segunda fase na colocação de tr~

vessões. Desta vez a obra foi arrematada, em 28 de Agosto, pelo


- 457 -

mestre pedreiro Ped ro Francisco,de Ramalde (34). Tendo fa lec i -

do este, a obra passou em 5 de Ma rço de 1 766 , para o irmão Do-

mingos Francisco, também mestr e pedreiro (35).

As obra s da rua do Almada prolongar-se-iam ao longo da

segunda metade do século XVIII. Em 177 9 trabalhava-se no seu la

jeamento (36) e em 1785 arrematou a obra "da calsada da rua no -

va de Al mada ", José da Silva e Sousa , mestre ped reiro da fregu~

sia de Paranhos (37).

Para abas t ece r de água a nova rua, foi construída uma

fon t e e r espectivo aqueduto . Mais uma vez a obra seria executa-

da pelo mestre pedreiro Caetano Pe reir a, que tomou conta da em-

preitada em 1 7 de Novembro de 1764 (38), cujo risco se ficou a

dever a Francisco Pinheiro da Cunha ( 39 ). Esta fonte estaria pr~

viamente destinada ao Laranjal, como se depreende pelo cabeçalho

dos apontamentos para a s ua realizaç ão - "Apon t amento s da fonte

que foi do Laranjal e se fas na rua Dalmada" (40) . Segundo es-

tes, a obra seri a fe ita da seguinte forma :

"Todo o corpo da fonte se fara como mostra a planta e


profil tanto o frontespicio exterior, como o interior
com suas escadas e tanque na forma da planta tudo sera
de escoadria l impa branca escodada e bornida e so as al
mofadas ser ão de picão meudo. Os dous lados da caza da
fonte se engrosa rão mais as suas paredes do que aqui ll o
que mostra a planta quanto for neseçario para sustentar
abobeda e se ra de tejolo sobrado ou de pedra de picão
groso para ser rebocada e nos referidos l ados correra a
empasta em cada um da fronteira exterior a emterior pa-
ra lhe servir de ornato " (41).
- 458 -

No mesmo dia desta arrematação foi posto a lanços o aqu~

duto para fornecer água à fonte (42). Esta, anos mais tarde , s~

ria considerada insuficiente para servir os moradores que f oram

construindo as suas casas na rua do Almada "das principais e a

mais extença da cidade" (43). Para resolver o problema ofereceu

- se Manuel António de Araújo, comerciante no Porto, em 1787, p~

ra mandar fazer urna segunda "fonte perene'' (44), na mesma rua.

A nova fonte seria por e l e construída debaixo da inspecção do

Senado, segundo o risco que lhe fosse entregue, obrigando-se tam-

bém a mandar fazer o respectivo aqueduto à sua custa (45).

2 . 1.2. Para facilitar a ligação entre o terreiro de Sa~

to Elói, intramuros , e a nova rua, foi preciso transformar a pa~

sagern estreita , que era o Postigo de Santo Elói , numa porta, mais

larga e mais nobre , para faci l itar a circulação entre o terrei -

ro que ficava em frente do convento da Congregação de S. João

Evangelista e a rua das Hortas, e o seu novo prolongamento : a

rua do Almada.

Executada segundo o risco feito fOr Francisco Pinheiro da C~

nha, a construção da Porta do Almada foi arrematada em 1 4 de No

vembro de 1 7 64 ( 46) por Caetano Pereira ( 4 7) , com as seguintes

claúsulas (48):

te r ia que demolir a muralha "quanto for neçesario pa-

ra asentar a portada com toda a sua fachada na forma

das plantas";

- a obra seria toda de "escoadria" de pedra branca, lirn

pa e bem lavrada "e ajuntada livre de falhas tudo es -

codado, e bornido, e so o que nas plantas se mostrão


- 459 -

almofadas serao todas de picam muito rneudo";

- o r emate da fachada exterior s eria execu tado na forma

da p l an t a , com pedra de Santa Cru z do Bispo ou de são

Gens, e corno este remate "o emcob r e a sacada da corni

ge para se não puder ver a mayor parte delle do sobre

l eito da cornige para sirna sera asentado sobre hurna

facha ou soco da escoadria lavrada de tres palmos de

alto r esaltado nos prumos dos membros da fachada , em

pilastras , e contrapilastras" ;

- o mestre que arrematou a obra aproveitaria a pedra que

se extraisse da parte da muralha demolida.

A nova porta ficou concluída em l 7 6 6 ( 4 9) . Corno todas as

entradas da cidade, a Porta do Almada teria que ter a sua casa

da guarda militar cuja construção foi posta a lanços em 13 de

Agosto de 1766 (50) , tendo arrematado a obra de pedraria José

do Couto (51), a de carpintaria Dãrnaso Alves de Oliveira (52) e

a obra do telhado e reboco o mestre rebocador António Pinto (53) .

A casa da guarda militar ficou pronta em 1 767 , altura em que o

mestre pedreiro das obras da Re l ação , Henrique Ventura , mandou

vir um escu l tor de Braga para executar as armas a ela destina -

das (54) e onde também por ordem de João de Almada e Melo foi

posta uma inscrição (55).

Desconhece- se corno seria a Porta do Almada, já que foi

demolida juntamente com a muralha que ia da Porta de Carros aos

Cl érigos, nos f i nais do século XVIII; certas informações porém ,

permitem conhecer alguns elementos que a decoravam : tinha uma

inscrição, cujo teor ignoramos , sendo provavelmente encimac0 por

uma estátua (55a).


- 460 -

Para complemento da renovaçao da zona, com a abertura da

nova porta, o Senado mandou fazer melhoramentos na "calsada que

principia no Campo das Hortas te a rua que vai para a rua Dalm~

da" (56), em 1765, e no ano seguinte fizeram o "rebaixo ecalsea

mento da calsada" que ia da Porta do Al mada para a igreja dos

Clérigos (57), obra que mais urna vez arrematou Caetano Perei r a .

Ficava facilitada não só a passagem do terreiro de Santo Elói

para o exterior, mas também melhoravam os acessos que da Porta

do Almada partiam pa r a dois centros importantes , situados extra

muros - o Campo das Hortas I Porta de Carros e rua dos Clérigos I

Cordoaria.

2.1.3. A rua do Almada desembocava, a norte, numa praça

rectangular, que aparece desenhada na planta de Francisco Xavi -

er do Rego, que desde o tempo de João de Almada e Melo até 1 804

receberia sucessivos melhoramentos, e que denominada por ;'praça

nova acima do Laranja l " ( Es t. 13 5) seria conhecida por praça de

Santo Ovídio (Est. 60) .

Em 1764, Caetano Pereira foi incumbido de mandar "empa-

dieirar a possa da prassa de Santo Ouvido " (58) fazendo - se na

mesma altura o seu rebaixamento, ob r a que orientou o mestre das

fortificações do Partido, Domingos da Costa (59).

A falta de praças é, entre as razões invocadas pela Ju~

ta das Obras Públicas, uma das mais importantes e necessáriasp~

ra a cidade, o que i rá beneficia r a praça de Santo Ovídio: em

1780 procurando que se "fizesse quad r ada" (60) e em 1785 inici -

ando-se. a SJa terraplenagem, alargando-se e endireitando- se a pr~

ça (61), obra que continuaria em 1786.


- 461 -

2.1.4. Intramuros, mas em estreita ligação com a obra da

rua do Almada, procurou a Junta mandar alargur o terreiro de

Sant9 Elói, transformando-o numa praça mais ampla, como se lê,

numa escritura, de 14 de Julho de 1764, entre a Junta das Obras

PÚblicas (62) e o convento de Santo Elói, representado pelo rei

tor, o Padre Mestre Lou renço Justiniano (63):

"considerando elles a grande necessidade que há de pra-


ças publicas dentro dos muros desta cidade, assim para
melhor fonnozura della, como para a utelidade publica, e
bem comum dos seus moradores, e tambem o devesse abrir
huma nova porta no muro da cidade, que fica proximo do
convento de Santo Eloy, para melhor servidão da rua de
Almada e de todas as mais partes desta mesma cidade, ta
pandoce o postigo que se acha contigue ao dito convento,
e que defronte do mesmo convento se póde formar, e esta
belecer huma praça" (64).

Para fazerem a praça era necessário demolir-se uma casa

que se encontrava defronte da porta da igreja do convento, bem

como a que estava encostada à muralha, o que pretendiam concre

tizar sem despesa para o Senado. As casas seriam compradas pelo

convento de Santo Elói, que também as mandaria derolir. Os lóios

aceitaram também "recolher o adro ou pateo da porta principal da

igreja", de fo rma a permitir alargar o terreiro e facilitar a

"entrada e sahida" da Porta do Almada. Em troca, o convento re-

ceberia "toda a area do corredor chamado d e Santo Eloy, desde a

mesma porta que de novo se ha de abrir, athé a quina da Porta de

Carros" (6 5) , corredor que ficava e ntre o muro da cerca do con-

vento e a mura lha (66). Assim conseguia a Cãmara, através de ma


- 462 -

troca, e sem dispender qualquer verba, transformar o terreiro

de Santo Elói num espaço mais amplo - a praça de Santo Elói.

2.2. Casas da Pólvora

Em 1764 fizeram-se três contratos para a construção de

Casas da Pólvora, cujo fim era evitar o perigo que existia na

venda de pólvora em casas particulares. Criaram-se para essafi

nalidade postos de venda, distantes do centro da cidade, corno

obrigava a Carta Régia de 14 de Setembro de 1761. Remetida a

João de Almada e Melo, este enviou-a ao Senado em Novembro do

mesmo ano. Teriam que ser construídas "cazernas de vendagem" p~

ra a "venda por meudo da polvora" e edificar-se "hum dep:Jzito g~

ral em o qual se possa receber e guardar a polvora que perten-

cer a Real Fazenda, e aos particulares" (67), aplicando-se no

Porto a lei da pólvora de 9 de Julho de 1754 (68).

Os locais escolhidos para as Casas da Pólvora foram os

seguintes:

- Guindais "junto a estrada do Senhor do Canralhinho don

de se chama Malrneajudas" (70);

- Senhor do Olho Vivo "adiante da Senhora da Lapa das

Confissoens" (71);

- Ponte das Patas "pegado ao Senhor do Bonfim" (72).

As obras foram entregues a particulares, que as tinham

que mandar fazer "corno por modo de emprestirnos" ao Senado "sem

juro ou interesse algum, e somente de este ficar de aluguer nas

ditas cazas pelo preço ajustado em cada hum anno da quantia de

dezaseis mil reis e de permanecerem no dito aluguer tantos an-


- 463 -

nos quantos forem necessarios para inteirar o pagamento do di-

nheiro desembolsado[ ... ] para pagamento da construcção das di-

tas" ( 7 3) .

Em 1765 encontrava-se concluída a casa dos Guindais e

principiada a do Poço das Patas,. obras arrematadas pelos mestres

pedreiros José Francisco e José Alves do Couto (74), a última

das quais foi mandada suspender, por terem chegado à conclusão

que era um lugar perigoso para se guardar a pólvora. Em 1779 exis-

tiam a funcionar dois depósitos para a pólvora: um nos Guindais

e outro no Senhor do Bonfim. A eles se refere uma ordem do Go -

vernador das Armas e das Justiças, na qual manda entregar as eh~

ves dessas duas Casas da Pólvora a José de Sousa Figueiroa, a&m

nistrador da pólvora que pertencia à Real Fazenda (75).

SÓ mais tarde é que seria construído fora da cidade, no

lugar da Afurada (Est. 162) , um grande armazém para guardar a

pó lvora. Primitivamente instalado na quinta do "Cavaquinho " lo-

calização considerada pouco distante da cidade, resolveram mud~

-lo para um lugar mais afastado. Para esse efeito foi proposto

o sítio da "Furada" que "alem de ficar distante he util p:lla si-

tuação para este fim " o que foi corroborado pelo coronel de Ar-

tilharia Diogo Ferrer, do regimento da guarnição de Valença e

pelo "ajudante engenheiro" Francisco Pinheiro da Cunha ( 76 ). Na

vereação extraordinária de 26 de Julho de 1774 f icou assente que

o armazém da pólvora seria edificado no monte da Afurada (77), ~

carregando-se da sua execução, em 1775 (78), o Dr. Francisco Luís..

de Miranda (Doe. 11)) segundo um pro j ecto de F ranciso Pinheiro

da Cunha, e que ficaria concluído em 1777 ( 79). A partir deste


- 464 -

ano foi recolhida para o novo armazem nao só toda a pólvora de

"El-Rei" mas tamb~m a dos particulares, que em numero de vinte,

a vendiam na cidade.

2.3. Rua de S. João. Praça da Ribeira. Praça de S. Do-

mingos. Porta da Ribeira e capela de Nossa Senhora

do 6

Entre a zona ribeirinha, principalmente o cais da Ribei

ra, centro da _grande actividade portuense, e a parte alta da ci

dade, com os seus novos bairros e as saídas para as províncias do

Norte, era preciso estabelecer uma ligação mais fácil. As ve-

lhas ruas dos Mercadores e das Congostas, estreitas e tortuosas,

já não satisfaziam as necessidades de um negócio activo e em ex

pansao.

Abrir uma nova rua que permitisse uma ligação directa~

tre a praça da Ribeira e o terreiro de S. Domingos era uma ne-

cessidade. Facilitava-se assim a articulação entre a primeira e

o terreiro de S. Bento das Freiras I Porta de Carros e rua dos

Caldeireiros I praça de Santo Elói I Porta do Almada, atrav~s da

rua das Flores.

Para complemento deste programa era necessário dar monu

mentalidade à principal praça intramuros - e at~ então a única

digna desse nome - a da Ribeira e transformar o largo de S. Do-

mingos numa praça, já que seria o principal elemento de articu-

lação entre a nova rua que se pretendia abrir e a rua das Flo-

res (80). Dentro do arranjo da praça da Ribeira estaria, o da


- 465 -

sua porta, que a capela de Nossa Senhora do O coroava.

2.3.1. Na reunião da Junta das Obras PÚblicas de 6 de

Março de 17 6 5 foi determinado que "se fizesse a nova rua sobre o

rio da Villa" desde S. Crispirn até à praça da Ribeira, corno ti-

nha sido pedido a D. José -I, em 21 de Janeiro de 1763, e pelemo

narca dada a indispensável autorização por ser considerada "obra

tarn util ao comercio e ferrnozura da cidade" (81). Esta decisão

vinha ao encontro de um desejo patente já em 1761, corno se pode

ver na vereação de 2 de Dezembro desse ano:

"E tarnbern he de todos bem notorio o que he improprio a


rua das Quingostas para dar passagem livre no tempo pr~

zente ao grande numero de habitantes que hoje se cantão


na cidade que fas crecer o seu trafico e cornrnercio.O may
or numero de carruagens e de passageiros que muitas ve-
zes corno se observa impede huns e outros a passagem na
di ta rua por ser tão estreita corno se ve e não haver ou-
tra propria que de serventia cornrnua a cidade pelo o que
se faz precizo ou alargar a dita rua ou fazer outra de
novo pela parte que parecer cornada para a passagem" (82).

A nova rua seria aberta e se "regullaria a construção pel-

la planta que estava deleniada pello engenheiro, e pessoas int~

ligentes" (83). A planta da rua de S. João, infelizmente desap~

recida, poderia ter sido feita por Francisco Pinheiro da Cunha,

a quem até ao aparecimento de novos dados, atribuirnos a sua exe

cuçao.

Iniciada ainda em 1765 a compra das propriedades neces-

sárias para a abertura da nova rua (84), esta só começou a ser


- 466 -

rompida a partir de 1766, altura em que se principia o encana-

mento do rio da Vila, obra que foi executada em duas fases.

A primeira começou no referido ano, com a construção das

"paredes do lados do encanamento" do rio da Vila "que se abre pe.!_

lo meio da dita nova rua, para sobre ellas se firmar o arco ou

abobeda" (85), obra que arremataram, em 29 de Abril de 1766, os

mestres pedreiros Caetano Pereira e José Francisco (86). Para a

construção das paredes os mestres aproveitariam a pedra das ca-

sas demolidas (87) ou utilizariam pedra nova (88). Teriam tam-

bém que fazer o lajeado "do fundo do emcanamento", por mil e

quatrocentos réis a braça de cem palmos (89) , e desentulhar a

obra (9 0 ). Esta foi executada sob a orientação de Francisco Pi-

nheiro da Cunha, que assinava as folhas dos salários dos ofici-

ais e trabalhadores que nela andavam. A abóbada do encanamento

foi arrematada em 7 de Novembro de 1766 (91), pelo mestre pe-

dreiro Francisco José Tavares (92) que teria de fazê-la da se-

guinte forma:

"pedra lavrada de picão grosso, bem ajustada nos leitos


e juntas em cal bem fechada para o que se farão fechadu
ras, e as aduellas terão tres palmos de alto e grosura
como mostra a planta" (93).

Esta obra ficou concluída em Setembro de 1767 (94) altu

ra em que terminou a primeira fase do encanamento do rio da Vi

la, que abrangeu a zona compreendida entre S. Crispim e a rua No

va.
- 467 -

A segunda fase principiou no mesmo mes e ano. Seria a

vez de encanar o rio, da rua Nova à praça da Ribeira, obra que

arrematou Henrique Ventura (95) dentro das seguintes condições:

"Serão as paredes feitas de alvenaria rlJa e ajuntueira


da, travando bem a parede, fazendu a de fiadas horizon-
tais, as quais paredes terão seis palmos de groso pello
comprimento de toda a rua de um e outro lado e pell o rreio
da dita nova rua, encanara o rio da villa procurando o
novo e ve lho encanamento e as paredes do encanamento te
rão coatro palmos de grosso e sera fechado de abobeda de
pedra que tera tres palmos de tirantezas" (96).

O mestre pedreiro, corno tinha acontecido com Caetano Pe

reira e José Francisco, teria que aproveitar a pedra das casas

demolidas (97) e nao chegando utilizaria pedra nova (98). Rece-

beria por cada braça de cem palmos de abóbada "superfiçiais" seis

mil e quatrocentos réis, mas teria que fornecer tudo o que fos-

se preciso como: "madeiras pranchoins cavaletes varas simples ca-

bos padiolas carrinhos cestos e todas e coaisquer ferramentas"

( 9 9) •

Terminado o encanamento do rio da Vila, no local onde

iria ser construída a rua de S. João (Est. 61) - também denomi-

nada de "S. João das Quingostas" (100) e rua nova de S. João Bap-

tista (101) - em 1768 (102) poderia principiar-se a colocação

dos travessões. Obra que arrematou em lO de Outubro de 1768, o

mesmo mestre pedreiro Henrique Ventura (103).

A divisão dos terrenos, desde a praça da Ribeira até S.

Crispim foi realizada, em 1769, pelos mestres pedreiros Caetano


- 468 -

Pereira e José Francisco, sob a orientação de Francisco Pinhei-

ro da Cunha.

As obras da abe rtura da rua de S. João foram correndo

lentamente. Ainda em 17 73 , trabalhava na sua execução Caetano Pe

reira (104) e em 1 776 estava o mesmo mestre pedreiro incumbido

de fazer o "cord iamento" com a zona de S. Crispim (105) , para o

qual teve que executar os trave s sões (106). Os trabalhos de con

clusão da nova rua, so se concretizariam após o falecimento de

João de Almada e Melo.

2.3.2. Directamente ligado à renovaçao da praça de S.Do

mingos esteve associado o cônsul inglês John Whitehead, que pr~

jectou em 1 77 4 uma praça triangular (Est. 69 ) diante do conven-

to de S . Domingos . Aberta a rua de S . João , esta desembocava , a

norte , num espaço ape rtado (Est. 72 ) formado pela confluência da

rua das Congostas e S . Crispim , o que não permitia um ac esso fá

c il ao l argo de S. Domingos.

A necessidade de a l argar esse espaço , pe l a continuação da

rua de S. João , levou à elaboração do referido projecto , no qual

Whitehead continuava a nascente o alinhamento da rua de S. João

até à rua das Flores , ligando num único espaço a pequena praça

abaixo de S . Domingos com o largo de S. Domingos (Est. 69 ). Des

te projecto realizou- se só o a l argamento da passagem da rua de

S . João para a praça abaixo de S. Domingos , como podemos obser-

va r em duas p l antas , da autoria do arquitecto Teodoro de Sousa

Maldonado, fe ita s e m 1799 ( Ests . 70-71 ).


- 469 -

2.3.3. A praça da Ribeira estava destinada, como já ti-

vemos ocasião de mencionar a sofrer grandes alterações, necessá

rias pela abertura da rua de S . João e para lhe conferir a monu

mentalidade desejada , já que al~m da sua importância econ6mica,

formava também o espaço que intramuros procedia a uma das en~ra

das mais importantes da cidade - a Porta da Ribeira.

À sua renovação liga-se o nome de John Whitehead ( 107),

que procurou transformá-la numa praça regular e guarnecê-la de

uma arcada. Esta ladearia interiormente os lados poen te-sul - na~

cente, ainda que na planta s6 apareçam as duas primeiras arca-

das (est. 63). A do lado su l ficava adossada à muralha. Através

de escadas tinham os portuenses acesso à parte superior daque-

la , o que a transformava numa espécie de varanda- passeio quepe~

mitia dominar o interior da praça e o rio (108).

Em 17 de Agosto de 1776 (109) foi posta a lanços a obra

dos arcos. Arrematou-a o mestre pedreiro José Al ves do Rego,

principiando com o trabalho da renovação da p raça em 28 de Ago~

to (110). No ano seguinte, precisamente em 22 de Fevereiro de

1777, tomou conta da obra respeitante à demolição da mura l ha da

praça da Ribeira "no sítio aonde se acha o postigo do Peixe pa -

ra a tornar a fazer segundo os perceitos da p lanta" (lll) . A obra

teria que ser executada na forma seguinte:

"Que avendo de servir se da pedra velha que sahice do


muro, ou de outra qualquer que fosse do publico, na obra
que ahi se lhe determinar, faria tudo pella ametade dos
pressas porque rematou a obra principal da arcada da di
ta prassa (112) tanto de alvenaria como esquadria, ou
moldura, mas pon do pedra sua nova sem defeito seria pel-
- 470 -

los pressas por inteiro dessa mesma rematação entrando


neste ajusto o de fazer o dito muro , tirar dos intulhos
e arurnar da pedra, com tudo o ma is que necessario for
para a mesma obra, e nao poria esquadria de pedra velha,
ou moldura em parte onde fizece face para fora , pel l adl
forrnidade da cor que mo stra ao pê da nova" (113).

O mestre que arrematou a obra, seria ainda obrigado pa-

ra nao privar o público da utilização da passagem por cima da rnu

ralha , a fazer urna prancha de madeira da largura daquela "can

t oda a segurança pondo pinheiros, taboas, barrotes pregos cor-

das e tudo o ma i s que necessario for" (11 4 ), que ficaria co l oc~

da, fa~endo a ligaÇão entre os dois panos da muralha enquantoas

obras durassem (1 15) . Não cumprindo com os contratos foi substi

t uído: na construção da arcada, pelos mestres pedreiros José Fran-

cisco e Caetano Pereira (1 1 6), na obra da muralha po r todos os

artistas disponíveis para rapidamente reconstruirem a parte que

para a obra pretendida tinha sido demolida , corno podemos ler nu

ma ca rta de João de Almada e Melo , de Agosto de 1777:

"ActHalrnente se trabalha na prassa da Ribeira , que foi


precizo al tear quazi oito pa lmos tanto para ficar mais
suave o declive da rua de S. Joã o, corno para evitar as
inundassões do Douro , para o que foi necessario romper
o muro, e tendo principio esta obra ainda no Outono do
anno passado , não tem sido possivel adiantar-se, quanto
se faz precizo : E cons iderando eu, que o Inverno se avi
zinha, e estando o muro aberto, pode suceder , havendo~

quer enchente, hurna grande ruina em prejuizo do publico,


e dos morador es daquelle bairro ; me pareceu necessario ,
para acautelar o iminente perigo , fazer despedir o mes -
tr e , q u e tarn descuidado tem sido na ditta obra , e rnan-
- 471 -

dar trabalhar nella todos aquelles officiaes, que pude-


rem occupar-se; procurando com esta providencia, não só
a conservassão daquella parte da mesma obra, que seacla
feita, mas tambem o seu adiantamento, de sorte que, an-
tes do Inverno, chegue a estado de não experimentar-seo
damno, que justamente deve recear-se" (117).

Esta resolução do presidente da Junta das Obras Públi-

cas levantaria problemas com os outros membros da Junta. Na ve-

reação de 23 de Agosto de 1777, o procurador da cidade,Bento Go

mes Delgado, insurge-se contra a atitude de João de Almada e Me

lo. Segundo aquele, tendo sido despedido o mestre José Alves do

Rego por não cumprir com as condições da arrematação, o Govern~

dor das Armas e das Justiças ajustara-se particularmente com os

mestres pedreiros José Francisco e Caetano Pereira "por preços

altos", sem termo de arrematação (118), nem fiança, corno obrig~

vam as leis "não obstante as representações que lhe fizera de

que era nulo aquele procedimento". Continuando as suas queixas,

Bento Gomes Delgado, dizia que "elle dito Excellentissimo Se-

nhor Prezidente de moto proprio, e poder dispotico insistiraem

que estava rematada porque elle asirn queria, e era sua von tade".

Considerando que com tal atitude a população ficava lesada, mas

nada se podendo fazer contra as decisões de quem ocupava "alto

lugar", o que impedia "o podello atalhar pellos rneis judeciaes",

queria pelo menos que deste excesso de autoridade ficasse regi~

tado o seu descontentamento (119). A resolução para a questãol~

vantada pelo procurador da cidade ficou para a vereação seguin-

te, mas nunca mais se voltou a falar no assunto. A crise, por

nos já referida, entre a Junta e João de Almada e Melo, em 1777,


- 472 -

foi um facto que, urna certa cedência do segundo, ou a interven-

çao do poder central, se iria atenuar, já que este se manteria no

seu lugar até 1786 .

Regu lari zada a arrematação da obra da arcada da Ribeira

(120) nela trabalharam José Francisco e Caetano Pereira. Ambos

arremataram, em 22 de Julho de 1778 (121) a construção da abóba

da de tijolo da arcada. Esta ficaria concluída, desde a Portada

Ribeira até ao Postigo do Peixe e deste até ao ângulo que faz o

lado poente com a rua da Fonte Aurina ou rua da Fonte Taurina,

em Setembro de 1 778 (122).

No ano seguinte, os me srnos mestres pedreiros continuavam

a trabalhar na praça da Ribeira: na arcada do lado poente desde

a rua da Fonte Aurina " até onde f ica a a rc ada junto a rua de S.

João" i no encanamento do rio da Vila (Est. 63) i na a rcada do nas

cente até à rua dos Canastreirosi na Porta da Ribeira e lage~

rnento do cais (123).

Do lado da rua da Fonte Taurina, a Junta mandou constru

ir duas casas (Est. 64) por cima da arcada que decorava a parte

do poente da praça da Ribeira (124). Na sua construção trabalh~

rarn a partir de 1783, o mestre carpinteiro que a arrematou , Ma

nuel Martins de Moura (125); o mestre pedreiro José de Sousa e

o mestre rebocador Manuel Luis Alves . As obras estavam conc luí-

das em 1785 (126) , sendo as casas alugadas e os "s eus a lugueres

em beneficio das Obras Publicas" (12 7) . Estas casas seriam ven-

didas pelo Senado em 17 87 (128) depois de devidamente avaliadas

(1 29 ).

No l ado norte da praça da Ribeira , entre a nova rua - a


- 473 -

de s. João - e a rua dos Mercadores, foi mandada edificar uma

fonte monumental adossada à parede da casa que limitava o refe-

rido lado, e aparece representada no desenho de Teodoro de Sou-

sa Maldonado (Est. 2) e com mais pormenor no de Manuel Marques

de Aguilar (Est. 3). A nova fonte que substituiu o chafariz seis

centista (130) que se encontrava no meio da praça, deve ter-se

iniciado antes de 1784, ficando conc luida em 1786 (131), traba-

lhando na sua execução o mestre pedreiro José Francisco. Desco-

nhecemos o autor do risco, podendo-se atribuir a John Whitehead

que, como referimos, se encontrou ligado às obras de transforma

ção da praça da Ribeira.

A nova fonte (Est. 61) é hoje o elemento fundamental que

resta da restruturação da praça da Ribeira, já que a arcada do

sul, a Porta da Ribeira e a capela de Nossa Senhora do O desapa-


receram devido à demolição, em 1821 (132), da muralha , enquanto

a arcada e casas do lado poente estão desvirtuadas em relação ao

p lano inicial. A fonte divide-se horizontalmente em três corpos,

que são rematados por um entablamento dórico com as métopas dec~

radas por rosetões. ~o primeiro corpo encontra- se o tanque e as

duas bicas com a forma ampliada dos rosetões das métopas. O se-

gundo e o terceiro corpos estão divididos em três partes por pi -

lastras dóricas. No segundo corpo vemos na parte central um ni-

cho, destinado a uma imagem, que nunca foi colocada (133), e no

terceiro corpo , por cima do nicho, as armas reais . Ladeiam estes

dois motivos, laços de onde pendem meda l hões, borlas e tulipas


invertidas.
- 474 -

2.3.4. Também a Porta da Ribeira e a capela de Nossa Se

nhora do O que a encimava (Est. 63) sofreram obras, inseridas den

tro do programa de melhoramentos da praça da Ribeira. A sua de-

molição foi arrematada, em 22 de Julho de 1778, pellos mestres

pedreiros José Francisco e Caetano Pereira (134), que se encar

regariam também da sua reconstrução que teria sido iniciada em

finais de 1778 princípios de 1779.

Se a obra de pedraria foi executada pelos mestres acima

referidos, outros nomes estão a ela ligados: Manuel Francisco Ca

tivo, mestre serralheiro, que forneceu as grades; José Francis-

co Santiago que se incumbiu do trabalho de carpintaria; José Al

ves que se ocupou dos telhados (13 5 ), como mestre rebocador e

finalmente o mestre pintor José Pinto de Araújo, que pintoua . ~

pela em 1783 (136). Concluídas as obras neste ano, foi benzida

em 2 de Março de 1783, pelo padre Jerónimo Ferreira da Silva, c~

mo capelão da capela de Nossa Senhora da Espectação, "vulgo do

O" (137).

Se os documentos nos fornecem dados seguros sobre os ar

tistas, o mesmo não acontece com o autor do risco, ainda que a

atribuição da sua autoria a John Whitehead, seja por nós ace ite .

Aparece referido como tendo comprado urna grade da antiga capela

(138), é-lhe atribuído o desenho de um balaústre (Es t . 68) para

a janela veneziana da capela de Nossa Senhora do O e a sua res-

ponsabilidade em toda a obra de renovação da praça da Ribeira

surge, num artigo da Borboleta Constitucional, de 28 de Feverei-

ro de 1822, onde se escreve: "A idea de regularidade, ou a que a

i sso mais se aproximasse na Praça da Ribeira sómente existia na


- 475 -

mente do seu primeiro delineador, o venerando Mathematico, e Ar

chitecto João Whitehead Inglez conhecido entre n ós pelo nome de

Consul velho" ( 13 9) .

Junto à Porta da Ribeira fizeram um arco, igual aos da

praça, executado pelo mestre pedreiro José Francisco (140) e on

de existia uma fonte, que segundo o autor anónimo dos artigosda

Borboleta Constitucional sobre a demolição da Porta da Ribeira ,

seria a que se encontrava no meio da praça e que foi transferi-

da para o arco (141). Esta obra ficou concluída em 1784. Fica-

va assim completa não so a renovaçao da praça, mas também a do

acesso para a mesma através da Porta da Ribeira, com a sua cap~

la e a parte exterior da muralha - cais e escadas da Ribeira que

tinham recebido obras de beneficiação a partir de 1771 (142) e

nas quais trabalhou o mestre pedreiro João Coelho .

A capel a de Nossa Senhora do 6 (Ests. 66 - 67) era uma ca

pela abert a (143), virada para a praça da Ribeira, dominando-a

dev i do à sua posição por c i ma da Porta da Ribeira . No Porto , na

mesma altura existia outra cape la do mesmo género, ma s talvezde

dimensões mais modestas: a de Nossa Senhora do Socorro por cima

da Porta Nova ou Nobre (144). Ambas se inserem na importância do

culto a Nossa Senhora que existia no Porto (145).

À sua função como capela aberta (146) destinada a mis-

sas oficiadas ao a r livre, com altar e pequena sacristia (147),

refere- se Fr . Agostinho de Santa Maria , quando ao falar da tri-

buna virada para a praça diz que de l a "muytas vezes o povo ou-

ve Missa, (que sao muytas, as que todos os dias se cel ebrão na-

quel l a Casa, & al l i se diz tambem Missa aos que vão padecer pe-
- 476 -

la justiça, & a pagar os seus deli tos) " ( 148) , já que a forca fi

cava situada no cais fora da Porta da Ribeira.

As obras efectuadas no tempo de João de Almada e Melo

transformaram a tribuna numa janela veneziana caracterís tica do

palladianisrno inglês (149), cujas três aberturas, no desenho de

Manuel Marques de Aguilar, aparecem rematadas por frontões tri-

angulares (Est. 66-B). O conjunto era sobrepujado por um ático

balaustrada. Diferentemente a representam Smith e Dubourg (Est.

67),onde a janela veneziana lembra as do Hospital de Santo Antó

nio e o ático liso é decorado com urnas.

A nova capela de Nossa Senhora do 6 é mais um exernplodo

gosto por urna arquitectura neopalladiana, introduzido no Porto

pela colónia inglesa através do seu cônsul, e que teve na cons-

trução do Hospita l de Santo António o seu expoente máximo .


- 477 -

QUADRO II

ARTISTAS QUE ARREMATARAM AS OBRAS DA RIBEIRA

ARTISTAS PROFISSÕES

ALVES, Manuel Mestre pedreiro

ALVES, Manuel LuÍs Mestre rebocador

ARAÚJO, José Pinto de Mestre pintor

BRANDÃO, António Ferreira Mestre serralheiro

CATIVO, Manuel Francisco Mestre serralheiro

COELHO, João Mestre pedreiro

COSTA, Manuel José da Mestre pintor

DOMINGUES, José Mestre trolha

FRANCISCO, José Mestre pedreiro

MOURA, Manuel Martins de Mestre carpinteiro

PEREIRA, Domingos Alves Mestre carpinteiro

PEREIRA, Caetano Mestre pedreiró

PEREIRA, José Mestre dos aquedutos

PINTO, António Mestre dos aquedu tos

REGO, José Alves do Mestre pedreiro

SANTIAGO, José Francisco Mestre carpinteiro

SANTOS, António dos Mestre pedreiro

SOUSA, José de Mestre pedreiro

TAVARES, Francisco José Mestre pedreiro

VENTURA, Henrique Mestre pedreiro


- 478 -

2.4. Cadeia e Tribunal da Relação

Como tivemos ocasião de referir, quando tratamos dos efei

tos do terramoto de 1755 no Porto, um dos edifícios que mais so-

freu com o sismo daquele lQ de Novembro foi a Cadeia e Tribunal

da Relação, que desde 1750-1751 (150) se encontrav a em obras, p~

ra as quais foi encomendado um projecto a Nicolau Naso n i (151).

O alcance das obras efectuadas no início d a segunda me-

tade do século XVIII é ainda um problema sem resolução. O con-

trato para a sua execução foi feito em 12 de Março de 1750 (152),

pelo qual o mestre pedreiro que arrematou a obra , José Francis-

co, se obrigava a iniciá-la em Maio desse me s mo ano. Cláusula que

nao deve ter sido cumprida porque em Dezembro se lev antava a i n-

da o problema da construção do novo edifício: se seria fora das

muralhas, no terreiro do Anjo ou campo dos Cordoeiros (153), ou

se ficaria no mesmo local. No caso de ser d eslocada a Cadeia e

Tribunal da Relação para uma zona extramuros, o Senado d a Câma-

ra pretendia que o terreno onde tinham estado as cadeias não fos

se vendido aos religiosos de S. Bento, mas sim a p roveitado para

"formar huma praça de que muito se neseçita naquelle citio nao

so para fermozura da mesma cidade mas tãobem para mais comodida

de dos moradores daquelle bairro em que ha a l guma falta de agoa

podendo se mudar o chafariz da Porta do Olival (154 ) para a me~

ma praça sendo tãobem preciza para venda do pão em grão" (155).

Na vereação de 26 de Junho de 1751 (156) a i nda se fala

do ''perjuizo e inconveniente, que havia" na mudan ça do edifíci o

para a Cordoaria. Este receio por parte da Câmara do Porto fi c a


- 479 -

ria resolvido pela Carta Régia de 30 de Julho de 1751 (157). Ne

la, D. José I achou ser mais útil "comsertar-se a Relação e Ca

deias no mesmo citio em que hoje esta", mas devido ao estado de

ruína em que se encontrava o velho edifício teria que ser demo-

lido gradualmente, fazendo-se as obras por partes, conservando-

-se os presos "na parte da cadeia velha que estiver em melhor e~

tado enquando a outra parte se vai fazendo", seguindo-se assim

aquilo que tinha sido feito na Cadeia do Limoeiro e Casa da Re-

lação de Lisboa. Ainda na mesma Carta Régia, ordena-se que o Se

nado mande "logo tirar huma planta d e todo o terreno em que se

ha de erigir o novo edeficio comprendendo e nomiando as ruascom

as quaes elle ha de confinar pelos seus coatro respec tivos la-

dos. Taobem mandareis fazer hum novo risco que seja acomodadoao

dito ~erreno pello architecto Nicolao Nazoni e tudo remetereis

com a maior brevidade" (158).

Esta Carta Régia se nos esclarece sobre o local onde se

ria construída a nov a Cadeia e Tribunal da Relação, o mesmo on-

de se encontrava levanta um novo problema. Teria existido mais do que

um projecto de Nicolau Nasoni? Tudo leva a crer que sim. No con

trato de 12 de Março de 1750 refere- se que a obra teria que ser

feita segundo a planta que para esse efeito elaborara Nicolau Na

soni. Na Carta Régia de Agosto de 1751, além do lev antamento da

zona onde seria e rguido o novo edifício, D. José I, manda que o

Senado encomende um novo risco ao pintor-arquitecto italiano. Te

riam assim existido dois projectos, o segundo dos quais talve z

preocupando-se com aquilo que mais tarde, iria influenciar o pr2_

jecto de Eugénio dos Santos e Carvalho - a monumentalidade da

praça da Porta do Olival.


- 480 -

Sobre o andamento das obras de 1752 a 1765-1766, pouco

ou nada sabemos. Em 1752 a parte onde funcionava a Relação ruíu

(159), passando-se a realizar as sessões, entre o referido ano

e 1797, em diversos locais- Casa da Cãmara, Hospício de Santo

António na Cordoaria e palácio Monteiro Moreira, na praça das

Hortas. Vimos também que a cadeia ficou praticamente arruinada

em 1755. Facto do qual podemos deduzir que pouco ou nada foi fel

to entre 1752 e 1755. E mesmo após o terramoto as obras efectu~

das limitaram-se a pequenas reparações, como podemos ler numa

carta de João de Almada e Melo, de 15 de Maio de 1772 (160) na

qual escrevia:

"as cazas, aonde antigamente se fazia Rellasão, se aba-


têrão per si mesmo inteiramente há já bastantes tempos;
e por este motivo, se fez o despacho no Hospicio de San
to Antonio dos Capuchos, por alguns annos, e depois se
mudou para huas cazas no terreiro das Hortas, aonde pr~

zentemente ainda se continua: As cadeyas foram arruinan


do-se de sorte, que para não cahirem se fes precizo am-
parallas com alguns concertos e espeques ( 161)" (16 2) .

O projecto de Nicolau Nasoni - que talvez nunca chegou a

ser posto em prática - foi substituido por outro da responsabl

lidade de Eugénio dos Santos e Carvalho, executado talvez de-

pois de 1755 (163) e que iria dar origem à actual Cadeia e Tri-

bunal da Relação. A autoria da nova planta é referida no contra

to para a sua construção (164) e também na carta acima citada:

"E porque entre os papeis, que me entregou o dezembarg~


- 481 -

dor chanceller, que foi desta Rellassão Francisco Joze


da Serra Crasbeck de Carvalho no principio do meu Gover
no das Justissas, achei ordem de Sua Magestade, para se
fazerem as dittas obras, na conformidade da planta que
se remetteu asignada pello engenheiro Eugenio dos San-
tos de Carvalho" (165).

Assim caberia a João de Almada e Melo, como Governador

das Justiças, a diligência de iniciar as obras da nova Cadeia e

Tribunal da Relação, pondo em execuçao a ordem que existi a por

parte de D. José I para esse fim.

A obra foi posta a lanços em 7 de Novembro de 176 6 (166~

sendo arrematada pelos mestres pedreiros Henrique Ventura (167),

Ambrósio dos Santos e António Ferreira do Vale também denomina-

do só por António Ferreira "moradores na cidade de Braga" (168),

cuja escritura foi feita três dias depois (1 69). Os apontamen-

t .us que acompanhavam a planta de Eugénio dos Santos eram da au-

toria de Franci sco Pinheiro da Cunha (170).

Segundo o contrato , os mestres pedreiros teriam que ln~

ciar a obra em Janeiro de 1767, ou antes , caso fosse possível(l71) .

A construção começaria pela parte onde tinha funcionado a anti-

ga Relação:

" correndo athe a rua chamada da Victoria, ou de S. Ben-


to , e dahi pella dita rua asima athe a frente do chafa-
ris, para com a mayor brevidade que for posivel se pod~

rem fazer as pre zais tanto de emxovias como de sobrados


para para ellas se poderem passar alguns prezas dos que
existem na s ve l has, e depois para se fazer caza para o
despacho, e conc luí dos que sejão os ditos dous l ados , se
- 482 -

continuará a obra para a parte que fica olhando para o


muro" ( l 7 2) .

Através deste item do contrato podemos conhecer a evo l~

çao da construção . Em primeiro luga r foi construído o corpo en-

tre as ruas das Taipas e S . Bento da Vitória (Est. 77) , que se

encontra separada da igreja dos beneditinos pela travessa de S .

Bento (Est. 159). Seguiu- se a parte do edifício virada para a

rua de S. Bento da Vitória, que é ao mesmo tempo a fachada pri~

cipal (Est . 76). Finalmente , terminados estes dois corpos, a no

va Cadeia e Tr i bunal da Relação ficou completa com a edificação

do corpo virado para a muralha (Est . 79) , hoje para o jardim da

Cordoaria.

A obra das grades foi arrematada em 1767 (173) e a de

carpintaria em 27 de Ma i o de 1769 (174), pelo mestre carpintei-

ro José Francisco Santi ago que, em 13 de Junho (175) fez socie-

dade com os mestres pedreiros António da Costa, Caetano Pereira

e José Francisco. Ainda em 1769, Henrique Ventura arrematou a

obra de tro l ha ( 1 76 ), a executar no edi fício .

Em 1 768 já não es t aria ligado à obra o mestre Ambrósio

dos Santos, que trabalhou no Bom Jesus do Monte (177). Nessa al

t u ra são refe r idos como mestres pedreiros "que tomarão a obra

das cadeias desta Re l açam ": António Ferreira, ligado também as

obras daquele santuário (178); Henrique Ventura e Domingos

Fernandes (179). Em 1774 , só o primeiro e o segundo aparecem co

mo "mestres das obras das cadeas da Relaçam" (180).

Para poderem iniciar o novo edifício , João de Almada e

Melo utilizou em primeiro lugar o dinheiro "que havia pertencen


- 483 -

te ao Cofre das Obras da Relassão" (181). Gasta aquela verba, foi

permitido, em Agosto de 1768, utilizarem para a continuação dos

trabalhos 18:795$745 réis, que "se receberão da Companhia Geral

do Alto Douro, aonde se achavão, e erão pertencentes à ponte de

Coimbra" (182). Esgotada esta quantia, o Governador das Armas e

das Justiças atendendo a necessidade de continuar com as obras,

já que a sua suspençao causaria "grande deterirnento as partes

dellas, que se achão adiantadas" (183), tornou a resolução de va

ler-se "de dinheiros de ernprestirno, procurando nao cessassem hu

mas obras taes, corno são as cadeyas, em que se recolhem os pre-

zos desta cidade, e das trez provincias a ella adjacentes e :as

cazas para o despacho da Rellassão e audiencias" (184).

A solução encontrada por João de Almada e Melo para a em

preitada continuar não podia_ ser prolongada, já que "o empenho

dos dinheiros emprestados" ia crescendo (185). Daí, a urgência

da resolução deste assunto, apresentada na carta que Almada e

Melo escreveu em 15 de Maio de 177 2 a José Seabra da Silva, e à qual

nos ternos vindo a reportar (186).

Numa outra carta, datada de 9 de Agosto de 1777, o Go-

vernador das Armas e das Justiças é mais preciso quanto à ori-

gern dos empréstimos, que continuaram até 1777, corno se depreen-

de quando escreve ao visconde de Vila Nova de Cerveira:

"na falta de continuassão de remessas de mais dinheiro,


a fui continuando, e me vali para as despezas della, de
tirar por ernprestirno, do cofre, em que debaixo da minha
adrninistrassão, entrava o producto das rendas confisca-
das aos extintos jesuitas, as sornas que constão da con-
ta total, que se r ernetteu ao Real Erario, e importa oi-
- 484 -

tenta contos , cento oitenta e dois mil, e trin ta e dois


reis. Com es te socorro se achão as cadeya s quazi concluí
das, mas ainda com falta para a sua perfeissão e segu-
ransa, e p a ra completar a Caza da Re lla ssão , e suas de-
pendentes officinas" (187) .

Continua J oão de Al mada e Melo que para conc luir o edi-

fício e r am precisas duas . c oisas: a primeira, que D. Maria I apr~

vasse o empréstimo ou o mandasse pagar "por outra Repartição" ;

a segunda , consistia ·na n e cessidade de· " huma consignas são para

se conc luir a obra da ditta Rellassão e Cadeyas , tam precizas a

huma cappital de trez p rov íncia s " (189). Para r e solve r esta 6 1-

t i ma questão a presentava a seguinte solução:

"O dinheiro prompto, que me ocorre para a continuassão


das sobredittas publicas, e precizissimas obras , he, em
primeiro lugar, o produto dos juros daquelle cappital ,
que a favor de varios accionistas, se tirou do Deoozito
Gera l desta cidade para o fundo da Comoanhia Gera l do
Alto Douro, do qual Sua Magestade tinha di sposto para
Obras Pub l icas ·em rezolução de huma consulta , que se
acha na mesma Companh i a Geral (e nenhuma hé mais publi-
ca , nem mais interessan te, que a d ita obra da Caza da
Rellassão e Cadeyas) [ ... ]. Acab ado este dinheiro , pode
Sua Magestade mandar applicar tambem logo aquelle rezi-
duo , aue houver , ou ainda se arrecadar , no cofre dos
rendimentos s equestrados aos exti ntos jesuítas , do qual
tenho tirado o emprestimo assima referido; e porque es-
tas duas addis ões não podem ser bastantes mais que para
huma pequena continuassão poderá a Mesma Senhora mandar
i gualmente a ppli car para o progresso da ditta obra , o
cabedal, que se acha na mesma Companhia Geral, e en-
trou nella, . como por depozito, do que estava applicado
- 485 -

para a barra de Aveiro, em que já se nao trabalha; epa~

sando de huma para outra obra. ambas ·publ icas, parece


não será incongruente a ditta aplicassão" (190).

Caso a Rainha aceitasse estas propostas, deviam ser ex-

pedidas as ordens necessárias para o provedor e deputados da C~

panhia Geral das Vinhas do Alto Douro entregarem "os sobreditos

cabedaes" ao tesoureiro das despesas das obras da Relação , con-

tribuição essa que se manteria até a conclusão da Cadeia e Tri-

bunal da Relação (191).

João de Almada e Melo nao veria concluída a obra que

tanto o preocupou. Tendo falecido em 1786, a construção da Ca-

deia e Tribunal da Relação terminaria dez anos depois - 1796 (192)

- governando as Justiças Manuel Francisco da Silva e Veiga Ma-

gro de Moura (193).

Eugénio dos Santos, autor do projecto enviado para a no-

va Cadeia e Tribunal da Relação, teria provavelmente elaborado o

risco a partir da planta da área que, por ordem de D. José I, o

Senado da Câmara mandou levantar em 1751. O terreno de forma tri

angular encontrava-se delimitado pela rua de S. Bento da Vitória,

travessa de S. Bento e a rua que existia entre a antiga cadeia e

a mura lh a (Est. 159). Neste espaço o arquitecto conceberia uma

estrutura de planta poligonal, criando assim quatro fachadas, duas

das quais nobres - a principal voltada a nascente e a segunda a


nordeste.

Exteriormente o edifício, de aspecto severo, divide - se h~

rizontalmente em duas zonas, sendo a inferior "em rústico" e cor


- 486 -

respondendo ao primeiro piso, onde se abre uma única fiada àe j~

nelas (fachadas nascente, norte e sul) e as duas portadas (fa-

chadas nascente e norte). Na segunda zona, encontramos em cor-

respondência às aberturas do primeiro piso, as janelas do segun

do andar e as do mezanino (fachadas nascente, norte e sul), um

janelão (fachada norte) e duas portadas que dão acesso a varan-

das (fachadas nascente e nordeste), ao ní vel do segundo piso.

No frontispício virado para a rua de S. Bento da Vitó-

ria (Est. 76) - a fachada principal sobressai um pórtico mon~

mental que o divide em três zonas. Aquele, constituído pela poE

tada e janelão com varanda, é rematado por um frontão triangular

cujo tímpano está decorado com as armas reais. Nos acrotér ios,

três estátuas enriquecem a composição, simbolizando a do centro

a Justiça. Entre as estátuas, bandeiras sobrepujam o frontão. T~

do este conjunto é prejudicado pela estreiteza da rua que l h eti

ra a monumentalidade que o caracteriza.

As fachadas norte (Est. 79) e sul (Est. 77) sao de alç~

dos mais simples ainda que a primeira apresente um certo movimen

to que lhe é dado pelo corpo central saliente. Ternos de ter pr~

sente que estes dois lados do edifício ficav am virados para ruas

secundária s.

O frontispício virado a nordeste (Est. 78) e o segundo

em importância. Criando-o, Eugénio dos Santos, procurou urna du-

pla finalidade: dotar a nova construção de urna fachada para a

praça e Porta do Olival e dar à primeira a monumenta l idade que

nao tinha. Assim todos aqueles que, vindos do exterior, entra-

vam pela Porta do Olival deparavam com a grandiosa, ainda · q ue

estreita, fachada da Cadeia e Tribunal da Relação. Contribuiu o


- 487 -

arquitecto, através daquele elemento, no arranjo urbanístico da

zona. Ao nível da praça, adossado à parede "em rústico", encon-

trames um chafariz de elegante recorte, por cima do qual, cinco

consolas sustentam urna varanda a todo o comprimento de fachada,

resguardada por urna bem elaborada grade de ferro. Acede-se à va

randa por urna portada ladeada por pilastras. Por cima da corni -

ja, flanqueadas por troféus, as armas reais rematam esta facha-

da. O escudo onde se inscrevem está rodeado por bandeiras, ele-

rnento decorativo que vimos no frontão da fachada pr i ncipal .

Ainda que tivesse escrito a sua obra antes da conclusão

da Cadeia e Tribunal da Relação, o P~ Agostinho Rebelo da Costa

refere-se ao novo edifício com admiração:

"A Relação he um Edificio notavel formado em triangulo,


e de hurna elevação prodigiosa. As suas Cazas da Cãdeaé
blica são dispostas por tal ordem, que os prezes de rnai
or graduação, alli vivem isentos da cornrnunicação dos ou
tros prezes, e assi~ mesmo os que são culpados de cri-
mes graves, e infames, nao pódern cornrnunicar- se com os
das culpas ordinarias. Todo este Edificio he faixeado com
pedra de esquadria, e as paredes tem nove palmos de la~

go, principalmente as dos quartos das enxovias. Todo el


le he repartido em tres andares, e aberto por cento e
tres janellas altas, e largas, atracadas com duas ordens
de grades cte ferro grosso, e portas chapeadas do mesmo.
As janellas principaes, e assim mesmo as salas, e ca-
zas em que se há de ajuntar o Senado nos dias de Relação,
ainda não estão acabadas. Os tectos de todas as prizoens,
são de abobeda, e alguns dos pavimentos de ladrilho" (194).

Interiormente, além das "enxovias" e da sala do Tribu-

nal, existe todourn conjunto de dependências n ecessárias para a


- 488 -

função que este edificio desempenhou: cozinha e quartos para o

cozinheiro e ajudantes (195), salas para a guarda militar (1 96)

e os chamados 11
quartos de Malta", em número de quinze, que fun-

cionavam como celas individuais (197). Existia uma enfermaria,

uma capela e um oratório virado para o pátio, de forma a que os

presos pudessem ouvir missa das janelas que dão para esse mesmo

pátio.

Definido já como um edifício de severidade pesadona"

(198), ou dentro de uma "arquitectura de formulação racional"

(199), a Cadeia e Tribunal da Relação, é depois da sua obra em

Lisboa, aquilo que de mais repres entativo nos deixou Eugénio dos

Santos e Carvalho.

2.5. Praça de Santa Ana e capela de S. Roque

As razoes que levaram ao delineamento de uma nova praça

intramuros (Est. 73) e à construção de urna nova capela a S. Ro-

que, para substituir a que esteve em frente da galilé da sé, m~

dada demolir em 1756, foram duas: transformar numa praça o local

onde existiam os pelames ou aloques, que se encontravam no cen-

tro da cidade e eram prejudiciai s à saúde pública (200), e ao

mesmo tempo aproveitar esse novo espaço para a construção da ca

pela de S. Roque, destinada à colocação da imagem (201) que até

1755 tinha estado na antiga "ermida de S. Roque" , edificada em

16 59 ( 202) .

Os aloques foram mudados para as Fontainhas, cuja obra

arrematou o mestre pedrei ro Domingos da Costa, em 15 de Novem-

bro de 1766 (203), tendo sido feita a casa dos "peliqueiros" no


- 489 -

ano seguinte (204), pelo mestre pedreiro José Francisco.

O risco da praça e da capela ficou a dever- se a Francis

co Pinheiro da Cunha. Posta a lanços a obra "de escadaria que da

prasa ha de ir para sirna, capela, e fonte tudo cornforrne a pla n-

ta", foi arrematada, em 11 de Dezembro de 1766 (205), pelos me~

tres José Alves do Rego (206) e Manuel Martins (207) cujo con-

trato se concretizaria em lO de Março de 1767 (208).

Os trabalhos iniciados em 29 de Janeiro de 1767 (209) pr.2_

longararn-se até 1773, ocupando diversos artistas:

- na obra de pedraria os mestres que a arremataram, Jo-

se Alves do Rego e Manuel Martins, que traziam a tra-

balhar entre quarent.a ( 210) , cinquenta ( 211) e sessenta

(212) homens, entre artífices e trabalhadores; a obra

da capela no que respeitava a pedraria ficaria concluí

da em 1769, e o restante da empreitada que arremata-

ram, em 1773, corno referimos;

- as grades de ferro para os óculos da capela (213), os

gatos para segurança ~a abóbada (214) e outras obras

do seu ofício - corno as doze argolas que colocou na

cornija da capela e da praça para sustentar os toldos

necessários para a festa de S. Roque ( 215) - foram fei-

tas pelo mestre ferreiro Manuel António da Rocha;

o mestre carpinteiro José Francisco Santiago, foi in-

cumbido da execução de três portas e seis caixilhos

para a lanterna (216);

o retábulo, feito em estuque, seria realizado, por João

Baptista Picardo Teixeira de Sousa, mestre de estuque,

cuja obra ajustada em Maio de 1770 (217) estava terrni


- 490 -

nada em Outubro do mesmo ano (218); ao mesmo mestre

se ficariam a dever os nichos destinados às imagens

de Santa Bárbara e S. Valentim e três sobreportas p~

ra as inscrições (219);

as portas, os seis caixilhos da lanterna e respecti-

vas grades, e as três grades dos óculos foram pinta-

das por João Pereira Cardoso (220), sendo fornecidos

os vidros pelo mestre vidraceiro António Gomes de

Araújo (221).

Para a figura de pedra que decorava a fonte, "hum lindo

Génio cavalgado sobre hum Golfinho, que lança borbotoens d'agoa

em huma bacia de pedra lavrada em fôrma de concha, merece a es-

timação do Público apaixonado por sirnilhantes obras" (222), foi

contratado o mestre escultor de Braga, José de Sousa (223), que

concluiu a obra em 17 74 . Es te escultor e o mesmo que vimos corno

auto r da está tua de S. João Nepornuceno do nicho da galilé da sé,

trabalho que executou de parceria com os seus irmãos António de

Sousa e Manuel de Sousa. Notáveis artistas de Braga, ligam-se os

seus nomes a importantes obras realizadas no Bom Jesus do Mon-

te (224).

A casa da fábrica da capela de S. Roque deve ter sido

construída pelos mesmos mestres pedreiros que arremataram a ca-

pela, cuja obra de pedraria estaria terminada por vo lta de 1 772,

altura e m que toda a obra de madeira foi executada pelo mestre

carpinteiro Manuel Alves da Silva (225). Este trabalho não te-

ria sido feito com o devido cuidado, j á que, poucos anos depois,

1779, a armação da casa da fábrica seria "reedificada" pelo rres-

tre carpinteiro José Moreira (226), e os te lhados compostos pe -


- 491 -

lo mestre rebocador António de Bastos (227).

o lajeamento da praça foi arrematado em 14 de Oubiliro de


1773, pelo mestre pedreiro José Francisco (228) -ou José Fran-

cisco Moreira - ficando pronto em 1775. Foi também o responsa-

vel pelo encanamento do aqueduto que ficaria por baixo do laje~

do da praça.

A nova praça de Santa Ana, denominada muitas v ezes pelo

nome da capela que nela foi construída, formou, dentro das trans-

formações urbanas operadas no tempo de João de Almada e Melo o

conjunto mais acabado de tudo aquilo que se realizou (Est . 7 4).

De forma "em semicirculo" (229) e "lageada de pedra larga e fi

na" (230), compunham-na a nascente: a capela de S. Roque de

planta hexagonal, coberta por abóbada e rematada por uma lanter

na (Est . 75) e duas .casas que a ladeavam com trés pisos ao ní-

vel da praça e praticamente dois no da capela, sendo o Úl timo

andar em mezanino. O acesso à capela fazia-se por urna dupla es-

cadaria semicircular (231) com balaustrada. Na parede centralda

escadaria, "em rústico", encontrava-se ao n ível da praça, num ni-

cho, o conjunto escultórico de onde brotava a ~gua para um tan-

que "em fórrna de concha" (232), como se pode ver no desenho de

Vila Nova (Est. 74), e que depois passaria a ter uma outra for-

ma como se observa nas fotografias que existem da capela de S.

Roque e da praça de Santa Ana (Est. 75), a n tes do seu desapare-

cimento em 1877 (233).

2.6. Porta do Sol

A transformação do Postigo de Santo António do Penedo,


- 492 -

ou Postigo de Santa Clara, numa passagem mais larga, levou à cons-

trução da Porta do Sol. Ficava assim a cidade com urna saída que

facilitava a comunicação (Est. 84) entre a zona intramuros - Sé,

Corpo da Guarda e Campo de Santa Clara - com a região extramu-

ros- Batalha, Santo Ildefonso e principalmente as Fontainhas,~

de se construíram os novos aloques, e cuja importância aumenta-

ria nos finais do século XVIII e princípios do século XIX.

Ainda que os documentos não o refiram, e muito provável

que o autor do risco fosse Francisco Pinheiro da Cunha, que foi

o responsável pela traça da Porta do Almada, e que acompanhou a

edificação da Porta do Sol. A sua construção foi arrematada, p~

los mestres pedreiros José Francisco e Caetano Pereira, em 15 de

Maio ãe 1767 (234), cuja obra teriam iniciado no mês seguinte fi

cando concluída em 1769 . Ao último mestre pedreiro foi entregue

a empreitada da casa da guarda no respeitante a pedraria (235).

A nova porta implicaria também o arranjo dos acessos, tanto no

interior como no exterior da muralha.

A Porta do Sol (Ests. 81-8 2-8 3) aliava a função prática a

que estava destinada, à função, ainda que tímida, de arco de tr!

unfo, glorificando D. José I e o Governador das Armas e das Jus-

tiças, João de Almada e Melo (236). Esta tendência para a monu-

mentalidade caracterizou muitas das portas que, substituindo as

med ievais, se construíram de novo nas muralhas das cidades euro

peias no século XVIII (237) e cuja tradição remonta aos secu-

los XV (238) e XVI (239).

Constituída por um arco pleno rematada por um frontão tri

angu lar, apresentava como elementos decora~ivos no tímpano exte


- 493 -

rior as armas reais, esculpidas em 1769, e no interior um Sol, obr:a

do escultor Cristovão Farto (240), executado no mesmo ano. Deve

tratar-se de Cristovão José Farto mestre pedreiro natural da Ga

liza que esculpiu as armas do arcebispo de Braga, D. José de Bra

gança, na Casa da Cãmara da mesma cidade (241). O escultor que

fez as armas reais, ainda que não apareceça referido o seu nome,

podia ser o mesmo que esculpiu o Sol.

2.7. Praça da Vitória

Terminada a obra da reconstrução da igreja paroquial de

Nossa Senhora da Vitória em 1769, a Junta iniciou nesse mesmo ano

a s obras necessárias para a criacão de urna praca adjacente à i~

ja:

"na conformidade das das Reaes ordens de Sua Magestade


Fidelissima, se determinou um Junta se fizesse huma pr~

ça no fraguedo por baixo da igreja de Nossa Senhora da


Victoria, desta cidade; asim para rnilhor forrnuzura del-
la, como para utilidade publica e bem comum dos seus mo
radares" (242).

A nova praça foi arrematada pelo mestre pedreiro Henri-

que Ventura, (243), que aparece designado em 1770 por Henri q ue

Ventura Lobo (244), ficando concluída em 1772 (245). Sobre ela

diz o P~ Agostinho Rebelo da Costa:

"Segue-se a espaçosa Praça, que está no alto do Monte


da Victoria, q u e se comp oem de hum e l evado Mirante ro-·
- 494 -

deado de assentos de pedra lavrada com parapeitos da


mesma. Dalí descobre se huma grande parte da Cidade, o
curso do Rio Douro, viçosas campinas, e dilatados bos-
ques " ( 2 4 6 ) .

2.8. Travessa da rua da Almada. Praça da Conceição. Es-

cadas do Pinheiro. Rua da Conceição

Entre 1763 a 1774, se exceptuarmos a abertura da rua do

Almada e os trabalhos efectuados na praça de Santo Ovídio, as

obras principais realizaram-se intramuros. O contrário iria su-

ceder a partir de 1774 até à morte de João de Almada e Melo. To

do um vasto programa de abertura de novas ruas e praças vai ser

iniciado, criando-se assim zonas de expansão urbana e regulari-

zando-se as que naturalmente se foram desenvolvendo, o que le-

vou, como vimos João de Almada e Melo a interessar-se pela sua

ordenação. Esta foi a razao que proprocionou o levantamento do

bairro dos Laranjais em 1761, contemplando Francisco Xavier do

Rego, a nova zona a urbanizar com algumas ruas e praças que so

viriam a concretizar-se muitos anos depois - o que aconteceria

com a praça do Laranjal (Est. 60) demarcada em 1770 (247) por

Caetano Pereira.

Em 1774 iniciou-se a abertura da travessa da rua do Al-

mada - denominada na planta do Porto de 1813 uma pa rte por tra-

vessa do Laranjal e outra por travessa do Pinheiro (248) - li-

gando-se a praça do Laranjal e rua do Almada, a uma nova praça ,

que viria a ser a da Conceição (Est. 60) . Esta obra foi arrema-

tada pelo mestre pedreiro José Francisco (249), que também se


- 495 -

ocupa ria da concretização da referida praça e da rua (250) pela

qual se acedia à de Santo Ovídio (Est. 60) - a rua da Conceição.

O mesmo mestre pedreiro foi incumbido, em 1775, da cons

trução das escadas (25 1) necessárias para da nova praça se atin

gir a capela de Nossa Senhora da Conceição (Est. 12 6) e rua da

Miser icórdia, mais tarde conhecida por rua do Pinheiro. Toda es

ta empreitada ficou concluída em 1777 (252).

2.9. Plano de melhoramentos de 1784

Na Junta das Obras PÚblicas de 30 de Agosto de 1784 (253),

foram tornadas decisões que nos dão urna ideia daquilo que seria o

programa urbano pretendido para a cidade. Referem não só as obras

que já tinham sido iniciadas e que precisavam de ser concluídas,

mas também fornecem a lista daquelas consideradas indispensáveis

e que seriam "construídas a porporsao da maior utelidade, e pres!.

zão dellas, e segundo o dinheiro que houver na consignação apli -

cada para estas obras" (254).

Por decisão conjunta dos membros da Junta, presidida por

João de Almada e Melo, assentaram em :

- continuar-se e concluir-se a fonte das Aguadas, que se

encontrava destruída ( 255), e onde trabalharia o mes -

tre pedreiro José Ferreira;

- aumentar-se o cais da Ribeira "na forma possível ; o

que so podia verificar - se construindo-se hum caes des-

de o penedo dos Guindaes , a thé terminar em o outro caes

que ja se acha edificado por pessoas particulares " (256);


- 496 -

acabar-se de construir a fonte que foi mandada edi-

ficár debaixo do arco que ficava ao lado da Porta da

Ribeira (257);

concluir-se a casa da praça da Ribeira que "se acha

principiada sobre a escada que sobe para o muro" (258);

- havendo-se já determinado a aquisição de "todas as mo

radas de cazas, que se achão ao lado do nascente, da

mesma praça da Ribeira, e que depois de concluida a

compra dellas, se edefiquem pela consignação da&_Obras

Publicas com huma exacta unifonnidade das que se achão cons

truidas ao lado do poente da dita praça" (259);

- completar-se a fonte que se achav a principiada n o la-

do norte da praça da Ribeira, entre as ruas de S. João

e a dos Mercadores (260);

- achando-se "detreminado, que por senao terem sugeita-

do alguns dos proprietarios das cazas da rua dos Mer-

cadores, cujos predios ficão, contigues a area e fren

te do nascente da rua de Sam João, e construir os edi

fícios da frente da dita rua, na conformidade da plag

ta que para ella foi estabelecida; se comprasem todas

as ditas cazas, e predios para pelo publico serem rei

dificados na forma da mesma planta" (26l),projectoque

nunca seria concretizado;

- comprar-se algumas propriedades, junto à rua das Con-

gostas, para completar-se o alinhamento da rua de S.

João (262);

havendo-se adiado "o precaver todos os meios passiveis


- 497 -

para se vir a abrir no dito sitio (S. Domingos) huma

praça triangular, cujos lados principiando nel-

le o da parte do nascente, e terminado na frente da

igreja da Mizericordia, formando nesta hum dos seus an-

gulos, continue a formar pela frente da dita igreja o

seu segundo lado em linha reta, constitua o seu segun-

do angu l o defronte da igreja dos padres dorninicos, de

cuja frente ainda que não uniforme se ficará formando

o certeiro lado com a frente das Cazas que ficão desde

o dito convento, thé a boca da rua das Congostas em

que deve terminar a dita praça" (Ests. 70-71-72); era

necessário para o alinhamento da praça a demolição de

quatr o casas que "faz ião frente" à viela da Palma (263);

- abrir-se duas ruas; a primeira principiaria defronte

do padrão de Santo Elói , passando pelo cemitério do

hospital de D. Lopo de Almeida e pela viela da Esnoga,

terminando na parte alta da rua de Belornonte (264); a

segunda (Est. 93) para facilitar o acesso entre a rua

das Flores e a Porta do Almada, já que a rua dos Cal -

deireiros, que fazia essa ligação, era "tortuoza e es

trei ta" e era " rnuinto preciza para a comunicação da ci

dade antiga , com a sua maior extensão fóra dos muros,

para a qua l não há hoje bastante a da Porta de Carro~'

(265);

- construir-se urna arcada em frente do convento de San-

to Elói " para nella se vender o peixe, que vem de Vi-

la do Conde, Mathozinhos, e Sam João da Fos" ( 266 );


- 498 -

- considerandose "que sendo em outro tempo o edificio da

fonte da Arca hum c'los de maior recreio do publico" cons-

tituia, após a abertura da praça Nova "hum grave de-

feito ao prospeto da mesma " deteriorando "por conseq~

encia esta unica praça da cidade, e o primeiro prosp~

to, que se incontra a sahida del l a", por essa razao era

preciso "emendar- se circuitando- se o resto, que exis-

tir do antigo edificio com outro novo, que a orne pe-

la parte de fora em todas as suas faces" (267);

endireitar-se a rua do Loureiro na parte que comunica

com a rua Chã, para o qual o Senado compraria as casa

preci sas para o alinhamento no lado da nascente, para

onde se mudaria o chafariz da rua Chã (268) facilita~

do-se também a passagem desta Última rua para a zona

da Porta do Sol (269);

- nao se achando ainda plenamente executada a planta do

bairro da rua do Almada, por não estar aberta a praça

do Laranjal , decidiram que " esta se abrise logo" as-

sim como a rua que está principiada e que começava no

sítio dos Lavadouros; tambem se deveria a l inhar, a tr~

vessa que da dita praça a deve l igar à rua do Bonjar-

dim "dando-se à viella chamada do Estevão (270) a lar

gura preciza para o tranzito de carroage ", bem como a

travessa das Liceiras ( 271) ;

- arranjar-se o iní c io da rua do Almada do lado poente e

alinhar-se e alargar-se a viela da Cancel a Velha e a

travessa dos Congregados ( 272 );


- 499 -

-concluir-se o lado poente da rua da Conceição (273);

- acrescentar-se a praça de Santo Ovídio para norte, já

que não tinha toda a area "que se lhe devia estabele-

cer, porquanto sendo a unica que tem a cidade que se

possa reduzir a hum ambi to suficiente para qualquer fes

tejo, ou concurso publico, que nella deva haver, e p~

ra que a tropa da sua guarnição possa comodamente exer

citasse nas evoluções melitares" (274);

- nao permitir "que nas terras, que ficão mediando en-

tre a dita praça (de Santo Ovídio), e fim da rua do

Bomjardim se não consentise, que se inovase obra algua"

pois futuramente poderia dificultar a abertura da rua

que ligaria a praça de Santo Ovídio a rua do Bonjar-

dim que completaria a "transversal comunicação" das

três principais entradas da cidade - bairros de Cedo-

feita, Santo Ovídio e Bonjardim (275);

- que não havendo comunicação alguma "d,e tranzito como-

do", entre o bairro de Santo Ildefonso e o bairro do

Bonjardim, era essencial romperem- se duas ruas que fa

cilmente ligassem os dois bairros; a primeira princi-

piaria "na frente do pateo da igreja dos Congregados"

e iria desembocar em frente da igreja de Santo Ilde-


fonso - a futura rua de Santo António; a segunda iria
da rua do Bonjardim (276) até à rua de Santa Catarina,

em frente da viela da Quinta (277), de onde partrria

uma rua , no prolon~amento da que vinha do Bonjardim,


até à v iela do Caramujo, no lugar do padrão das Almas
- 500 -

"formando hum angulo, a saber na rua de San to I l defon

so, defronte da capela de Santo André" (2 78) i

faci lita r- se a entrada da rua de Santa Catarina (27 9 ),

que se prolongari a pa r a norte a te ao sítio "chamado da

Agoardente , pa ra aumentar a cidade esta nova, e mais

commoda servidão, que lh e he necessaria" ( 280) i

- alargar- se a viela do Bolhão (281) i

abrir - se "na largura de trinta pa lmos" a comunicação

entre a estrada do Bonjardim e o bairro da Lapa, em l i

nha recta "da sua abe rtura, que já se acha feita de -

fronte do chafaris de Villa Parda" (282) i

- que se não deixasse "tapar o alto do monte fronteiro e

igreja de Nossa Senhora da Lapa, nem quebrar pedr a , que

desfa s sa o natura l c ume do mesmo monte , por ser sítio

muinto proprio , para nelle se formar hum ed ifício pu-

blico , que pela sua d il atada vista sirva de recreio a

cidade" (283) i

- continuar- se a abrir a travessa que no início da rua

dos Ferrado res "s e acha principiada " para comunicação

com o bairro dos Quartéis (284) i

- que para aproveitamento de um mana ncial de água férrea

descoberta no lugar de Nogueira , junto à ponte de Ce-

dofeita se construísse uma fonte " rustica" (28 5 ) i

- mudar-se a cordoaria para um prédio junto a Torre da

Marca, ou para qualquer outro, libertando- se assim a

"a lameda do campo da Porta do Olival" que devia ser

transformada e m Passeio Público ( 286 ) .


LOCAIS REFERIDOS NO· PLANO. -·B-E-MELHORAMENTOS DE 1784
LEGENDA

1 - Fonte das Aguadas

2 Cais da Ribeira

3 - Fonte do arco da Porta da Ribeira

4 - Casa da Ribeira

5 - Casas do lado nascente da praça da Ribeira

6 - Fonte da Ribeira

7 - Casas da rua dos Mercadores

8 - Alinhamento da rua de S. João

9 - Praça de S. Domingos

lO - Rua desde o padrão de Santo Elói a Belomante

11 - Rua desde a rua das Flores ao largo de Santo Elói

12 - Arcada do largo de Santo Elói

13 - Fonte da Arca

14 - Rua do Loureiro

15 - Praça do Laranjal

16 - Rua do Laranjal

17 - Travessa do Estevão

18 - Travessa de Liceiras

19 - Início da rua do Almada, lado poente

20 ·- Cancela Velha

21 - Travessa dos Congregados

22 - Rua da Conceição

23 - Praça de Santo Ovídio

24 - Terrenos entre a praça de Santo Ovídio e a rua do Bonjar-

dim
25 - Rua de Santo António

26 - Rua Formosa (da rua do Bonjardim a viela do Caramujo)

27 - Rua de Santa Catarina

28 - Viela do Bolhão

28 - Comunicação entre a estrada do Bonjardim e o bairro da La

pa

29 Monte em frente da igreja de Nossa Senhora da Lapa

30 - Fonte de Cedofeita

31 - Cordoaria
- 501 -

Este vasto plano, que teve a aprovaçao do presidente da

Junta, já não seria cumprido em vida de João de Almada e Melo,

ainda que, as necessidades mais prementes que o programa estabe

leceu, tivessem o seu início antes de 1786. Naquelas incluem-se:

- a abertura da rua da Boavista, desde a estrada que

ia para a igreja de Nossa Senhora da Lapa até à ruade

Cedofeita, obra arrematada em 21 de Agosto de 1784 p~

los mestres pedreiros José de Sousa (287) e Manuel dos

Santos (288);

- a obra do cais da Ribeira;

- a rua junto ao chafariz de Vila Parda, obra arremata -

da pelo mestre de pedraria Francisco Moreira (289);

- o alargamento da viela do Estevão (290);

- o prolongarrento da rua de Santa Catarina (291);

- o início das demolições (292) para a nova rua que li-

garia a Porta de Carros à igreja de Santo Ildefonso -

a rua de Santo António - dando-se também princípio aos

paredõe s (293).

Além destas obras, entre 1784 a 1 786 trabalhou-se na ter

raplenagem da praça de Santo Ovídio, nos paredões da nova rua

que ligaria a do Bonjardim ao Caramujo, a futura rua Formosa, e

no paredão das Virtudes, na nova obra que António de Paiva arre-

matou em 1786.

Conclusão

Às transformaçõ e s urbanas operadas no P o rto de 1757/ 1763

a 1786 e stá ligado o nome do prime iro presidente da Junta das Obras
- 502 -

Públicas, João de Almada e Melo. Cargo que nao so desempenhou por

ser Governador das Armas e das Justiças, mas pelo qual se inte-

ressou profundamente. Ainda que às Obras Públicas, executadas e

delineadas, andem associados a v ontade, o esforço e o trabalho

das mais div ersificadas personagens, não há dúvida que o Porto,

neste aspecto, muito ficou a dever a João de Almada Melo.

A partir da exposição que fizemos, podemos observar que

o programa de urbanização deste período se pode dividir em duas

fases. A primeira que de início v ai incidir na regularização de

uma zona extramuros - a planta do bairro dos Laranjais é disso

exemplo. Após a concretização do eixo Porta do Almada I rua do

Almada I praça de Sa nto Ovídio, tem como centro das suas preoc~

paçoes a cidade intramuros, para criar uma articulação mais fá-

cil entre a zona ribeirinha e a parte alta do Porto, facilitan-

do-se através da transformação de postigos em portas, as comun!

cações c om o exterior. A segunda fase procurou concretizar o q u e

s e encontra v a delineado na planta d e Francisco Xav ier do Rego, e

ir mais além, criando-se novas ruas que ligariam, numa rede de

vias de comunicação, toda a zona que extramur0s ia de Santo Il-

defonso, à Lapa e à Cordoaria.

O programa urbano encetado era, a nosso ver, ambicioso

demais para os recursos de que dispunham. Daí, todas as obras se

prolongarem por muitos anos e não terem atingido em muitos ca-

sos a sua concretização plen a, tanto nos traçados como nas cons

truções que deviam acompanhar as no v as ruas e praças.

Finalmente, deve-se também a João de Almada e Melo a con

cretização de um dos edifícios mais importantes erguidos na se-

gunda metade do século XVIII - a Cadeia e Tribunal da Relação -


- 503 -

cuja construção longos anos adiada, teve no novo Governador das

Justiças a figura que se interessou pela transformação do pro-

jecto de Eugénio dos Santos numa realidade.


- 504 -

N O T A S

l) -FERREIRA, J.A. Pinto -Textos laudatórios do século ~II

a João de Almada e Mello inspirados na grandiosa obra por


ele realizada, na cidade do Porto, in "Bracara Augusta",
Braga, vol. XXVIII, nQs. 65-66 (77-78), Actas do Congre~

so a Arte em Portugal no século XVIII, 1974, pp. 87-159.

2) - Idem, ibidem, pp. 100-101.

3) -Idem, ibidem, p. 123. Bento Gomes Delgado "Professo na


Ordem de Christo, Guarda Môr da Alfândega da Cidade do
Porto".

4) - Idem, ibidem, p. 127.

5) -Idem, ibidem, p. 147.

6) - BEZERRA, Manuel Gomes d e Lima - Os Estrangeiros no Lima,


v ol. II, Coimbra, Na Re al Officina da Universid a d e, 1791,
p. 182.

7) - TWISS, Richard - yoyage en Portugal et en Espagne fait


en 1772 & 1773, Berne, Chez La Societé Typographique , 1776,
p. 52.

8) - CABRAL DE VASCONCELOS, Paulino (Abad e de Jazente ), Poe-


sias, tomo I, Porto, 1786, p. 105.

9) - COSTA, Agostinho Rebelo da - Descripção topoqraphica e


historica da cidade do Porto, Porto, Na Officina de Anto.
nio Al v are z Ribeiro, 1789, p. 180.

( lO) - Idem, ibidem, p. 312.

( ll) - Cf. v ol. II.


- 505 -

( 1~) - A.H.M. P.t Vistorias, Livro 3Q, fls. 56v.-57.

13) - MACEDO, Jorge Borges de - A situação económica no tem-


po de Pombal. Alguns aspectos, Lisboa, Moraes Editores,
1982, pp. 85-99. Refere José-Augusto França que a igr~

ja de Nossa Senhora do Livramento - "dita da Memória,


em Belém, que comemora o atentado perpetrado no local
contra D. José I, em 1758", -começada em 1760, teveas
obras interrompidas em 1762 devido à crise econé:rnica. Cf.
FRANÇA, José-Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1977, pp. 183-184.

( 14) - SERRÃO, Joaquim Veríssimo - História de Portugal [1750


-1807], vol. VI, Lisboa, Verbo, 1982, pp. 58-62. A i n-
são espanhola de 1762, insere-se de n tro da Guerra dos
Sete Anos (1756-1762).

( 15) - MORÃO, Ramiro- Àcerca dum privilég i o . . . , pp. 41-42.

( 16) - A.H.M.P., Obras PÚblicas, nQ 2301, fl. 92.

( 17) - A.H . M.P., Idem, ibidem, fl. 92v.

( 18) - MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérese- Quatro fases ... , p.


251.

( 19) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 92v.


"A esse fim com a intervenção do Govern ador das Armas
deste partido se incumbiu hua tam seria deligencia ao
sargento mor de ingenheiros Antonio (sic) Xavier do Re
go e ao ajudante de ingenheiros Francisco Pinheiro (da
Cunha)". A.H.M.P., Idem, ibidem, fl . 92v.

( 20) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 93v.

( 21) - "Brigadeiro dos meus Exercites a cujo cargo está o Go-


verno das Armas do Partido do Porto". A.H . M.P., Idem,
ibidem, fl. 93v.
- 506 -

( 22) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 93v.-94.

( 23) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 94.

( 24) - A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 84, fls. 149-149v.

( 25) - A.H.M.P., Idem, ibdiem, fls. 158v .-l60 .

( 26) - "Alem disto a necessidade que há de uma praça para se ve!!_.


der o peixe que prezentemente se vende a Sam Domingos p0!,·
que a multiplicidade dos habitantes desta cidade e angu~

tes daquella rua ambaraçava a passagem publica cuja pra-


ça esta premeditada para defronte do convento de Santo
Iloyo". A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 158v.-l60.

( 27) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 4-Sv. No acto da


arrematação estavam prsentes vários mestres pedreiros e
o juiz do ofício, António Coelho .

( 28) - "cujo lanso o director das fortificações Francisco Fel-


lis Henriques da Veiga Leal rematou em o mapa dos lans-
SOS ahonde asignou o dito lanssado r com o juis do offi-
cio Antonio Coelho". Foram testemunhas os mestres pedre.!.
ros Jo sé Francisco e Manuel Bento da Silva.

( 29) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 17, fls. 16lv.-162.

( 30) - A.H.M.P., Próprias, Livro 50, fl. 127. Em 1768 encontra-


va-se nos Açores. Cf. VITERBO, Sousa- Diccionario his -
torico e documental dos arquitectos, ~ngenheiros e cons-
tructores portuguezes ou a serviço de Portugal, vol . II,
Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, p . 41.

( 31) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 122v.


- 507 -

( 32) - "Despeza que se fez a meter os marcos na rua dalmada a


saber:
o mestre Caetano Pereira 4 dias a 240 $960
Manuel da Maia 4 dias a 180 $720
Joseph do Couto 3 dias a 160 $480
Joseph Fernandes 2 dias 1/2 a 160 $400
Manoel mosso 3 dias 1/2 a 100 $350
os trabalhadores 2 dias a 120 $240
pedra custou 5~ 950
tinta para por os numbros $230
o fereiro de agusaduras $50
soma salvo erro 9$380"
A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 17, fl. 252.

( 33) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 262.

( 34) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. llv.-12.


" sera cada um de duas fiadas de pedra e cada pedra tera
ao menos de comprido coatro palmos e de largo palmo e
tres coartos e dahy para cima, as juntas ganharão a es-
codria ao menos palmo e meio, e travara umas com as ou
tras e sendo emsutadas milhar sera, as fiadas todas te-
rao sua cavadeza no meio seguindo a forma das que estão
feitas, tudo bem asente e devem as juntas unirsse bem
umas com as outras, sem que as pedras sejão falhantas,ou
badantas pois amde unir na grosura de um palmo ao menos.
Os travesoins serao em numero tantos como os que estão
feitos, que he um entre outro , os carretas serão porco~

ta do Senado [ ... ] o preso de dezoito tostais por brasa


de sem palmos"

( 35) - A.H.M.P., Idem , ibidem, fl. 14.

( 36) - A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 87, fl. 33lv.

( 37) - A.H.M.P., Obras Públicas , nQ 2301, fl . 118.


- 508 -

( 38) - A.H.M.P., Arremataçõe~ Livro 4Q, fls. 8-lOv.

( 39) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 17, fl. 261.

( 40) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fl. 8. Foram fiadores


da obra os mestres pedreiros: José Francisco, da fregu~

sia de Paranhos e Domingos da Costa, da freguesia de San


ta Maria de Vilar do Pinheiro.

( 41) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 8v. O preço da arrematação


da fonte foi de 336.000 réis.

( 42) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 8v.-10v.

( 43) - A.D.P., Po-4, nQ 372, fl. 70v.

( 44) - "com a condição de que no cano da cidade, que vinha de


Paranhos, e que ficava contigue à sua propriedade, cita
na rua de Santo Ouvido se lhe ouvesse de dar metade da
agoa" A.D.P., Idem, ibidem, fl. 70v.

( 45) - A.D.P., Idem, ibidem, fls. 70-74v.

( 46) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 5v.-7v.

( 47) -Por 965.000 réis. A.H.M.P., Idem, ibidern, fl. 6. Foram


fiadores os mestres pedreiros: José Francisco, da fre-
guesia de Paranhos e Domingos da Costa, da freguesia de
Santa Maria de Vilar do Pinheiro.

( 48) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 6-7v.


O procurador da cidade Pedro Henquel pagou, em 1764, por.
"tirar alguns riscos para a Porta d'Almada 1$650
"O modello de madeira da Porta d'Almada ao
entalhador 6$400"
A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 19, fl. 117.
- 509 -

( 49) - A .. H.M.P., Idem, ibidem, fl. 306. Em 28 de Agosto de 1765


foi feito um contrato para o "acrescento da Porta Dalma
da" que também foi a rr ematado por Caetano Pereira. A.H.M.P.,
Arrema tações,Liv r o 4Q, f l s . lOv.-11.

( 50 ) - A .H.M.P., Idem, ibidem, f ls. 18v.-2lv .

( 5 1) - A.H.M .P., Id em , ibidem, fls. 19v. -20. O mestre ped reiro


José do Couto, morava em Cedofeita. Ass ina José da Sil-
va Santos do Couto. Apresentou por fiador o lavrador Do
mingos Jorge Malta.

( 52) - A.H.M.P. , Idem, ibidem, fls. 18v. -19v . O mestre carpin-


teiro Dâmaso Alves de Oliveira, morava a S enhora da La-
pa. Apresentou por fiador Manue l da Silva, carpinteiro ,
morador em Santo Ovídio.

( 53) - A.H .M.P., Idem , ibidem , f ls. 20 -21. Era mestre dos aqu~

dutos da cidade.

( 5 4) - A . H.M.P. , Livro do Cofre , nQ 20 , fl. 462.

( 55) - A.H.M .P., Id em, ibidem, fls. 463-463v.


Os vidr os para a casa do corpo da g u arda da Porta do Al
mada foram f ornec i dos pelo mestre vidraceiro Manuel Jo-
se Pereira. A.H.M . P ., Idem, ibidem, fl. 150. Foi pinta-
da pelo mestre pintor Lourenço Te i xeira Guimarães. A.H.M . P.,
Idem, ibidem, fls. 147 -1 48 .

( 55a).- " Paguei dos modellos das l et ras para a inscri.E.


cão da Porta d'Almada feitos de pao de buxo 1$480
Ao ferreiro que fes a l ança para a figura d 'Erul
les, na por t a 3$165
Ao fon il eiro frances de estanhar a dita l ança 3$200 "
A.H.M.P., Idem , ibidem , f l. 143.
- 510 -

( 56 ) - A. H.M . P. , Ar remataç ões Liv ;ro 4Q , fl s . l3 - l 3v . Obra arre- .


matada por Manuel da Costa , mestr e pedrei r o de Cedofei-
ta. Apresentou por fiador o mestre pedreiro Caetano Pe-
re i ra .

( 57) - A. H. M.P. , Arr ematações, Livro 4Q, fls . l4 - l4v .

( 58 ) - A. H. M. P. , Ob r as PÚbl i cas , nQ 2268, f l . 6.

( 59) - Cf . vo l . II , no t a 35.

( 60) - A. D.P. , Po- 4 , nQ 327 , fls. 74 - 74v .

( 61 ) - A.D . P ., Idem , n Q 361 , f l s . 68 - 69 .

( 62) - Estava presen t e João de Almada e Melo " prezidente nome~

do pelo dito Senhor (D. José I) para todos os actos re~

pectivos ãs Obras ~ublicas desta cidad~~ A . D.P . , Po-9 ,


4ª série , nQ 58 , fl. 30v.

( 63 ) - A. D.P ., Idem , ib i dem , f l s. 30v.-32v . A.H . M. P ., Próprias,


Livro nQ 16 , fls. 6-l 3v.

( 64) - A. D.P ., I dem , ibidem , ~1. 30v .

( 65) - A.D.P., Idem, ib i dem, f l . 30 .

( 66 ) - " para com a dita area pode r em a l argar~ se r cado seu con-
vento, reformarem a capp e l~ mor, e fazerem as maisobras
que lhe forem necessarias , tapandoce, e fazendo nas ca-
beceiras do dito corredor as cazas , e obras que lhe pa-
recer, cordiando direitamente com as mais cazas proxi-
mas ao mesmo corredor da parte da rua e terreyro de S .
Bento" A. D. P ., Idem , ibidem , f l . 31 . O corredor "chama-
do de Santo Eloy não so he desnecessario a esta cidade,
mas mui to util, e conveniente ao bem comum o tapasse, por
ser perigozo a sua passagem , e terem sucedido nelle va-
- 511 -

rios actos escandallozos, e perigozos, e que a a rea do


dito corredor não serve de utelidade alguma, nem estaci
dade preciza da sua servidão, por lhe ficar mui to melhor,
e mais livre a que tem pella parte de fora do muro com
muito pequena distancia da Po rta de Carros ã porta que
novamente se hade abrir". A.D.P., Id em, ibidern , f ls. 3l-
-3lv .

( 67 ) - A.H.M.P·., Liv ro 2Q das Chapas, fls. 349-350.

( 68) -Leis. Decretos ... , torno I, pp. 141-14 4 .

( 69) - No mesmo ano, foi decidido fazer urna Casa da Pólyo ra em


Vila Nova de Gaia , encargo que tornou João da Costa Lima
"homem de negocio morador na praya de Vi lla Nova de Gaya
indo para a rua da Travessa ". O local escolhido foi o lu
gar da Bandeira, e a obra tinha s ido arrematada pelo me.§_
tre pedr eiro João Rodrigues, de Co i mbrões. A.D . P ., Po-
2, nQ 306 , fls . 57- 60v.

( 70 ) - A .D. P., Idem, nQ 305 , fl. l7lv.

( 71 ) - A.D . P., Idem, nQ 306, fl. l5 v .

( 72 ) - A.D.P., Idem, ibidern, fl. 15 3.

( 73) - A. D.P., Idem, nQ 306 , f l. l 5v.

( 74) - Cf. vo l. II, nota 39.

( 75) - A.H. M.P., Li vro 2Q das Chapas, fls. 428 -4 28v .

( 76) - A . H. M.P. , Livro de Ve reações, nQ 86, f l s . l 40v .-l42 .

( 77) - A.H .M.P., Idem , ibidern , fls. 302-302v.

( 78 ) - A. H.M. P ., Livro de Próprias , n Q 16, f ls. l 40 - l 57v .


- 512 -

( 79) - A.H.M.P., Idem, ibidern, fls. 1 37 .

( 80) - MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérese- ob. cit., p. 252.

( 81) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fl. 20.

( 82) - A.H.M.P., Livro de Vere aç6es,nQ 84, fl s. 158v.-160 .

( 83) - A. H.M.P., Obras Públicas , nQ 2301, fl. 20.

( 84) - A.H.M.P . , Idem, ibidern, fl. 20v.

( 85) - A.H.M.P., Arrernataç6es ,Livro 4Q, fl. lSv.

( 86) - A.H.M. P. , Idem , ibidern, fls. 1 5v .-1 7 . S ervi r am de fiadQ


res os mestres pedr eiros: António da Costa , morador em
Cedofeita , e José Al ves Cou to, da fregu esia de Santa Cruz
do Bispo .

( 87) - "A saber a brasa de trezentos palmos corporeos de alve-


naria das pa redes l ateraes para receberem abobeda , da pe
dra que ha no terreno das cazas que se demo li rão , athe
onde chegar façeada so pella fase in terior por serem de
concos t o , bem ligada, e ajunt ourada e rnasucada com cal
trasada , a dous cestos de saibro rijo, e hum de cal [ ... ]
dando se lhe so a ped r a, nos siti as em que se acha, e a
brasa, e acavada com os vazadouros dos canos laterais
que lhe pertencer que de um e outro lado que se mostra
no porfil na gros ur a das mesmas paredes com o declive ,
que se mostra na planta ou o que permitir o ter r eno , ~

dos os que forem neçesarios em distancia de um a outro


vinte e coatro palmos , corno se julgar mais conveniente
para cornodo dos despejos , sem ter obrigação de fazer nu
mero do que aquel l as que necesitar a rua com erntreva llo
de vinte e coatro palmos de grosso de alvena r ia dos li-
cerces para sirna e onde for percizo l icerse maior seis
- 51 3 -

pa l mo s de l a r go ou g r os o al t ura a da p lanta" A.H . M. P .,


Idem , i bidem , fls. 15v .-1 6 . A bra ça de 300 palmos fo i
ar r ematada por 1. 540 ré is .

( 88) - A b r aça de 300 pa l mos fo i arrema tada por 2. 450 . A.H.M . P.,
Idem, ibidem , f l s . 16-16v .

( 89 ) - "o l aje a do do f u ndo do enc anamento [ ... ] l avrado de pi-


cam grosso , aju n tado, e asentado as fiadas , a emcher de
t oda a c a sta de pedr as , asen tado em cal , que sera tras~

da a dous ces tos d e s aibro, aspe r o e um de cal " . A. H.M. P.,


Idem , ibi dem , f l . 16v.

( 90 ) - "o dezentulho de t oda a ob r a q u e se fas n o emcaname n t o


do r i o , e nova rua , com s eus a l içersses por cada brassa
cubica de mi l palmos que se tira r de emtu l ho , lançarão
os di tos coa t rocen tos reis sendo este botado onde se lhe
as i gnar não excedendo a d i stanci a de sem palmos e sendo
preciza mover se novamente sera outra ves pago pe l o di-
to presso, e se evitara o q u e fo r posive l a nova mudan-
sa " . A.H.M . P. , Id em , i b i dem, fl . 16v.

( 91) - A.H.M.P. , Idem , i bidem, fls. 22 - 22v.

( 92 ) - Morava em Cedofe i ta . Apresentou por fiador António da


Silva , mo r ador no l ugar do Carval hido.

( 93 ) - A obra foi arrematada por 6.800 r é i s cad a braça de 10


palmos de comprido. A.H . M. P. , Idem , ibidem , fl. 22 .

( 94 ) - A. H. M. P ., Livro do Cofre , nQ 20 , fl . 383 .

( 95) - A.H . M.P ., Arrematações , Livro 4Q , fls . 35v. - 36v . Em 2 de


Setembro de 1 767.
- 514 -

( 96) - "sera o argamaço composto com dous cestos de saibro e


um ~e cal bem queimada e outra mam com tres de saibro, e
um de cal e sera o argamaço traçado tres ou quatro dias
antes de ser empregado na obra". A.H.M.P., Idem, ibidem,
fls. 35v.-36.

( 97) - A braça de 300 palmos a 1.400 réis.

( 98) -A braça de 300 palmos a 2.400 réis, tendo que dar "a PS:
dra, cal, saibro, maons e conduçoins"

( 99) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 36.

(100) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 20, fl. 94.

(101) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 71.

(102) - A.H.M.P., Idem, nQ 21, fls. 224-225v.

(103) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 43-43v.


A braça de 100 palmos de comprido a 1.350 réis. A pedra
para os travessões veio da Batalha.

(104) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 26, fls. 299-299v.

(105) - Cf. vol . II.

(106) - Cf. vol. II.

(107) -FERREIRA, J.A. Pinto- A praça da Ribeira, in "Boletim


Cultural", Porto, vol. XV, Publicação da Câmara Munici-
pal do Porto, 1952, pp. 436-440.

(108) -Idem, ibidem, p. 437.

(109) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 53-53v.


- 515 -

"lansou nella o dito mestre Joze Alves do Rego: a saber


a brassa de alvenaria de trezentos palmos dan do o dito
mestre todo o matrial por sua conta, a mil oitocentos
e quarenta reis. O palmo da moldura a cem reis. O p almo
de escoadria liza a secenta reis, e a b rassa do lagiado
tanto de baixo como de sima sendo de cem palmos a bras-.
sa a dois mil, e quatrocentos".

(110) - Cf. vol. II.

(111) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 53v.-54.

(112) - Ver nota 108.

(113) - A. H. M. P . , Idem, ibidem, fl. 53v.

(114) - A.H.M.P . , Idem, ibidem, fl. 54.

(115) - "e depois de escuzada lhe ficarião pertençen do as s u as


madeiras, excetua ndo os paos que focem do rendi mento d a
capella da Senhora do Terreiro. A.H . M.P. , I dem, i b i dem,
fl. 54 .

(116) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 55v. A obra foi arr emata da·
em 27 d e Janeiro de 1778.

(117) - A.N.T.T., Ministério do Reino, maço 3 55, s / fls .

(118) Feito mais tarde. Ver nota 115.

(119) ·- A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 87, f ls . l 4 4v.-1 45 v.

(120) - Ver nota 115.

(121) - A.H . M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 57- 58.


"andando a lansos a abobeda feita de tej o lo n os arcos da
praça da Ribeira para se fazer dand o todos os ma teriais
- 516 -

de cal barro e tejolo e todo o mais nessessario para a


dita abobeda [ ... ] opresso de tres mil e quinhentos ca
da braça com declaração que este presso seria no cazode
ser abobeda singella com os tijolos o comprido na forma
que costumão ser todas as abobedas de semelhante vao p~

ra o que ha tejolo proprio para a dita obra por sendo


presizados a fazella com tejolo mais estreito por falta
do outro então se haveria respeito a esta despeza paga~

do se lhe a rezam de tres mil setecentos e sincoenta reis


cada braça".

(122) - Cf. vol. II, nota 149.

(123) - Cf. vol. II, nota 156.

(124) - "se edficÇtrão duas moradas de cazas com o mesmo dinhei-


ro pertencente as dietas Obras Publicas; cujo procedi-
mento hê de crer, que foi fundado no de se concluir com
mais brevidade o prospecto da mesma praça por aquellel~

do, e se fabricarem os arcos publicos, que havião servir


de ornamento e prospecto a ella, por sima dos quais se
fabricarão aquellas cazas, a que os arcos ficarão servin
do de fundamento". A.H.M.P., Livro de Compras, nQ 16 fls.
3lv.-32.

(125) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 37, fls. 362-362v. A.H.M.P.,


Obras PÚblicas, nQ 2301, fl. 98.

(126) - Cf. vo l. II.

(127) - A.H.M.P ., Livro de Compras, nQ 16, fl. 32.

(128) - "cuja , poce, e conservaçao nao hera conveniente continu


ar visto não ser a contribuição concedida para este fim,
e ser prejudicial a mesma conservação por dependerem as
ditas cazas de maiores despezas até o ponto de ser per-
cizo reedificallas, quando cheguem arruinar-se alem de
- 517 -

estarem sujei tas a incendios e fallencia dos alugadores".


A . H.M.P ., Idem, ibidern, fls. 32-32v.

(129) -Em 4:700$00 réis. Cada urna foi aval i ada em 2:350$00 réis.
A.H.M.P., Idem, i bidern , fls. 34v. -35 .

(130 ) - Em 17 85 o mestr e pedrei ro Manue l Al ves "apiou o chafa-


riz da Ribeira, e tarnbern arrumou a mesma pedra". Cf . vol.
II , nota 193.

(131) - Cf. vol. II.

(132) - VITORINO , Pedro - As muralhas do Porto, in "Douro-Lito-


ral", Porto, 2ª série , VI , 1 946 , p. 10.

(133) - Talvez urna imagem de S. João ou do padroeiro da cidade


S. Pantaleão. Esta última é referido por: MENESES, A -
A fqnte da rua de§ . . Jo3:o, in "O Tripeiro", Porto, vol.
II, nQ 47, 1909-1910, p. 169.

(134) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q , fls. 56-57. Condições


d a arrematação : "ficaria toda a pedra para quem rernata-
ce, e que a madeira e mais materiais que da dita obra sai
cem serarn arurnados e guardados a custa dos rernatantes
para tudo tornar a servir e o tetto sera suspendido em
varas de sorte que asirn inteiro possa asentar depois nas
paredes que de novo se fizerem, e deixaram livre a pas-
sagem da rua dos Canastreiros para carros liteiras e ca
valgaduras que na falha da passagem da dita porta ha de
servir ao publico e tarnbern hão de escurar a caza da ~

da e tudo o mais que necessario for para a segurança da


obra , e tarnbern se ha de desfazer a caza do doutor Joze
Antonio de Oliveira Mizeria e da out ra caza que esta p~

la parte de fora erncostada ao muro contigua a caza da


g u a rda e a rurnandoc e t a rnb e rn o s ma teri a is da s me smas na r e
fe rida forma acima " .
- 518 -

(135) - Cf. vol. II, nota 165.

(136) - Cf. vol. II.

(137) - VITORINO, Pedro - Senhora do 6. A sua capela junto da por


ta da Ribeira, in "O Tripeiro". , Porto, 3ª série, 2 ano,
nQ 45 (165), 1927, P·. 330.

(138) - Na vereaçao de lO de Agosto de 1782 foi chamado ao Sena


do o mestre pedreiro, António Moreira, morador na fre-
guesia de Lordelo do Ouro, para . informar sobre alguns rr~

teriais vendidos da antiga capela de Nossa Senhora do 6.


Na altura o mestre pedreiro referiu que tinha sido ven-
dida urna grade de ferro ao cônsul dos ingleses e alguma
madeira a outras pessoas, cuja importância entregou ao
mestre pedreiro Caetano Pereira, e este a teria entre-
gue ao procurador da cidade, Bento Gomes Delgado. Na me~

ma altura foi chamado o mestre carpinteiro José Franci~

co Santiago, morador na rua nova de S. João, que infor-


mou o Senado que ouvira dizer que o juiz e mordomas da
capela tinham ficado com alguns materiais como: retábu-
lo; sino; ornamentos e imagens dos Santos. Cf. A.H.M.P.,
Livro de Vereaçôes, nQ 88, fls. 246-246v.

(139) - Borbolêta Constitucional, Porto, nQ 51, 1822 (Fevereiro,


28) . Sobre John Whitehead e a sua acçao na praça da Ri-
beira e capela de Nossa Senhora do 6 consultar: TAYLOR,
René - The Atchitecture of Port-Wine, in "The Architec-
tural Review", Westminster, vol. 129, nQ 77 2, 1961, p. 396.
Em Maio de 1774, o procurador da cidade pagou 6$640 réis
"ao consul de Inglaterra por despesas que tinha feito com
modelos e rnediçôes pertencentes às Obras Publicas". A.H.M.P.,
Livro do Cofre, nQ 29, fl. 331.

(140) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 38, fl. 247 e fl. 302.

(141) - Borbolêta Çonsti~ucional, Porto, nQ 39, 1822 (Fevereiro,


14) .
- 519 -

(142) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 323v.-324.

(143) - BONET CORREA, A.- Mor:t;oJ,.og.ia y ciudad., Urbanismo y ar-


quit~ctura du~apte el Antiguo Rêgimep en Espafia, Barce-
lona, Editorial Gustavo Gili, . 1978, pp. 11-21.

(144) - "Sobre o arco da Porta Nova, huma das da circumvallação


antiga da cidade do Porto, se ve outra Ermida, & Capel-.
la dedicada ã Soberana Raipha dos Arijos Maria Santíssi-
ma, aonde se venera huma devotissima, & milagrosa Ima-
gem sua, a quem invo~ão com o titulo do Socorro''. SANTA
MARIA, Fr. Agostinho .... Santu,ário Mq.riano, tomo V, Lisboa, ·
Na Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1716, p. 109.

(145) - ·ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - O culto a Nossa


Senhora, nc Porto, na Época Moderna, in " Revista de His
tória", Porto, vol. II, Actas do Colóquio "O Porto na
Época Moderna" I, 1979, pp. 159-173.

(146) - Existem em Portuoal alguns exemplos, referidos por A. Bo


net Correa. Cf. Idem- ob. cit., pp. 11-12. Um dos mais
significativos exemplares de uma capela aberta, encontr~

-se em Braga - a capela de Nossa Senhora da Torre. Cf.


SMITH, Robert C. Tres estudos bracarenses, Braga, Li-
vraria Cruz, 1972, pp. 15-21.

(147) - BONET CORREA, A.- ob. cit., pp. 11-12.

(148) -SANTA MARIA, Fr. Agostinho- ob. cit., p. 107.

(149) - WITTKOWER, Rudolf - Palladio and English Palladianism,


London, Thames and Hudson, 1985, p. 155.

(150) - FERREIRA ALVES, Joaquim J .B. - A Cadeia e Tribunal daRe-


lação do Porto. Quatro . documentos para a história da sua
construção, in "Boletim do Arquivo Distrital do Porto~ Por
to, vol. II, 1985, p. 10.
520 -

(151) - Idem, ibidem, p. 10.

(152) - Idem, ibidem, p. 10.

(153) - A.H.M.P., Registo, Livro 9, fls. 340-340v.

(154) - "huma das de mais concurço da mesma cidade". A.H.M.P.,


Idem, ibidem, fls. 340-340v.

(155) - A.H.M.P . , Idem, ibidem, fls. 340-340v. Exposição do Se-


nado da Câmara de lO de Dezembro de 1750.

(156) - A.H.M.P., Livro de Vereações,nQ 81, fl. 338v.

(157) ·- · A.H.M.P., Registo, Livro 9, fls. 358-359.

(158) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 358-359.

(159) -FERREIRA ALVES, Joaquim J. B. - ob. cit., p. 10.

(160) - A.N.T.T., Ministério do Reino, maço nQ 355, s/fls.

(161) - Espeque - estaca ou pau com que se esteia alguma coisa;


escora.

(162) - .A. N.T.T., Idem, ibidem, s/fl. Em 1757 era tesoureiro das
obras Bento Gonçalves França (A.H.M.P., Livro do Cofre,
nQ 14, fl. 174), ocupando o mesmo lugar em 1765 (A.H.M.P.,
Idem, nQ 18, fl. 142).

( 163) - Eugénio dos Santos e Carvalho faleceu em 1760.

(164)- FERREIRA ALVES, Joaquim J. B. - ob. cit., p. 13 e p. 15.

(165) - A.N . T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(166) -FERREIRA ALVES, Joaquim, J.B. - ob. cit., p. 14.


- 521 -

(167) - Henrique Ventura, era natural de Viana do Castelo.

(168) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B.-ob. cit., p. 14.

(169) - Idem, ibidem, pp. 13-17.

(170) - Idem, ibidem, p. 13 e p. 15.

(171) - Idem, ibidem, p. 16. 1765 é apontado como o ano da col~

caçao da primeira pedra (GONÇALVES, Flávi o - A arte no


Pqrto n~ epoca do Marq~~$ de Pombal, in "Pombal Rev isi-
tado",voL II, Lisboa, Editorial Estampa, 1984, p. 122).
Segundo um manuscrito da Academia Real das Ci~ncias as
obras principiaram em 2 de Janeiro de 1767, B.A.C.L., s:érie
Azul, nQ 185, fls. 4-4v. "se principiou a reedificar a
Cadeia da Relação em Janeiro de 1767". B.N.L., COO 119,
fl. 6.

(172) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B. - ob. cit., p. 1 6.

(173) - Idem, ibidem, pp. 17-20 .

(174) - Idem, ibidem, pp . 20-25.

(175) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 89, fls. 82v . -83 . (Doe. 9).
Esta sociedade foi distratada em 5 de Setembro de 1772
(Doe. lO) .

(176) -FERREIRA ALVES, Joaquim J . B. - ob. cit., pp. 25-29.

(177) -SMITH, Robert c.- A Casa da Câmara de J3raga (1753-1756),


Braga, Separata da Revista "Bracara Augusta", vol. XXII,
1968, pp. 20-21, nota 47.

(178) -Idem, ibidem, pp. 20- 21, nota 47. Idem- André Soares.
Arquitecto do Minho, Lisboa, Livros Horizonte, 1973, p.
54, nota 37.
- 522 -

(179) - A.D.P., Po-8, nQ 268, fl. 47v.

(180) - "aparecerão prezentes Henrique Ventura, morador na rua


de S. Bento freguezia de Nossa Senhora da Victoria eAn
tonio Ferreira morador fora da Porta do Olival, fregue
zia de Santo Ildefonso mestre das obras das cadeas des
ta Relaçarn". Ambos faziam seu procurador a Paulo Vidal,
da cidade de Braga. A.D.P., Po-2, nQ 325, fls.l64v.~l65 . .

(181) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(182) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(183) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(184) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(185) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(186) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.


"Como porem até o prezente, não tenha havido rezolução
sobre as minhas conta s, dando-se a providencia necessa-
ria a este respeito, e o empenho dos dinheiros emprest~

dos vay crescendo, não posso escuzar-me de recorrer a


Vossa Excelencia; para que conferindo com meu Primo O
Senhor Marquez de Pombal sobre este negocio, haja de p~

por à Sua Magestade afim de que o mesmo Senhor, se dig-


ne determinar o que for servido, v isto a urgente ne ces-
sidade, que há de se proseguir nas referidas obras".

(187) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(188) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(189) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s /fl.


- 523 -

(190) - Este pedido foi reforçado em 25 de Outubro pela seguin-


te razão:
"Em nove de Agosto deste anno reprezentei a Sua Magest~

de, por mãos de Vossa Excelencia a necessidade, que ha-


via de concluir-se a obra das Cadeyas, e Rellassão des-
ta cidade, e os meyos que para esse effeito me occor ri-
ao , como expoem a copia incluza: E agora, por occasião
do intentado arrombamento, que por não estarem comple-
tas as dittas cadeyas, projectarão os prezos, r ompendo
huma abobeda, que a nao ter eu acautellado com sentinel
las, cons~irião a fuga os mais facinorozos; sou obriga
do a repetir a mesma reprezentação a Vossa Excelenciap~

ra que sendo prezente a Sua Magestade, haja a Mesma Se-


nhora por bem tomar a rezolução, que for mais do seu Re
al Agrado e servisse. Deos guarde a Vossa Excelencia. Por
to a 25 de Outubro de 177 7 .
Illustrissimo e Excelentíssimo Visconde de Villa Nova
de Cerveira
João de Al mada ".
A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fl.

(191) - Em 1795 foi utilizada pedra da demolição da antiga Casa


da Câmara, para as obras da Cadeia e Tribunal da Rela -
ção. A.H.M.P., Livro do Cofre nQ 80 , fl. 72 .

(192) - FREIRE, A. Braacamp - Governado res da Relação do Porto,


in "O Tripeiro", Porto, I série, vol. I , ano I, 1909 , p.
252.

(1 93 ) -COSTA, Agostinho Rebelo da- ob. cit., p. 128.

(1 94 ) - B.P.M.P., Ms. 1270, fl. 264v.

(195) - B.P.M.P., Idem, fl. 265.

(196) - B.P .M. P. , Idem , f l s. 293 -294.


- 524 -

(19~) - FRANÇA, José- Augusto - A arte em Portuga l no século XIX,


vo l. I, Lisboa, Li vraria Bertran d , 1 966, p . 58.

(198) - GONÇALVES , Flávio- ob. cit., p. 108.

(199) - Na vereaçao de 18 de Outubro de 1766 foram notificados


os proprietários dos aloques, aos quais foi entregue o
"acordão" que o Senado tinha feito com o médico e o cir
rurgião da saúde e no qual foi determinado que o uso dos
ditos a l oques eram prejudiciais à saúde pública, tendo
que ser mudados para as Fontainhas, que onde seriam r ee
dificados à custa dos proprietá r ios. A.H.M.P. , Livr o de
Vereações, nQ 85, fls. 53-54.

(200) - Ver doe. nQ 18.

(201) - Foram r esponsáveis pela sua construção o mestre pedrei-


ro Francisco Gonçalves e o mestre carpinteiro André Mar
tins. A. H.M.P., Imposição do Vinho, Livro 132, fls. 17v.
-18.

( 202 ) - A.H.M.P., Arrematações,Livro 4Q, fls. 22v.-23.

(203) - "Aos seis dias domes de Julho de mil setecentos e se-


centa e sete annos nesta cidade do Porto e Caza do Sena
do da Camera onde asistirão o doutor Joze Paulo de Sou-
za e deputados da Junta da Contribuição das Obras Publi
cas; ahi andando a lanssos o rossar as pedreiras junto
dos aloques, de sorte que fique liv re t e rreno, que além
d e lles tenha ao menos vinte palmos para la se fazer ca-
za para o dito ofisio, foi rematado este rosso por pre~

so de coarenta e sinco mil reis em tudo pe l lo mestre J o


ze Francisco e pello mesmo mestre forão rematadas as p~

redes da caza a brassa de trezentos palmos a mil oito-


centos e sincoenta reis sendo tudo por conta do dito mes
tre, e tambem o tanque que se mandou faz e r para surrado
- 525 -

res, a brassa do lageado a dous mil e cento e sincoenta


reis". A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 28-28v.

(204) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 23v.-24v.

(205) - Era natural da freguesia de Âncora, termo de Viana do


Castelo.

( 20 6) - Idem.

(207) -Ve r doe. nQ 7.

(208) - A.H.M.P., Liv ro do Cofre, nQ 20, fls. 98-99v.

(209) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 98-99v.

(210) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 196 .

(211) - A.H.M.P., Idem, nQ 21, fl. 373.

(212) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 365.

(213)- A.H.M.P., Idem, nQ 22, fls. 173, 174, 393.

(214) - A.H.M.P., Idem, nQ 25, fls. 200-201.

(215) - A.H.M.P., Idem, nQ 23, fl. 365.

(216) - A.H . M.P., Idem, ibidem, fl. 313.

(21?) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 321.

(218) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 376.

(219) - A.H.M.P., Idem, nQ 24, fls. 44-46.

(220) - A.H . M.P., Idem, ibidem, fl. 167.


- 526 -

(221) - COSTA, Agostinho Rebelo da- ob. cit., p. 29.

(222) - A.H.M.P., Idem, n Q 27 , fl. 260 . A obra foi ajustada por


55$200 réis.
Despesa feita com o corte da pedra para a escultura:
Antón io Gomes 24 dias a 180 réis 4$320
Valent im Ferreira 23 dias a 170 réis 3$910
1
António da Silva 22 12 dias a 150 réis 3$375
mestre José F-rancisco Moreira 4 dias a 240 réis $960
rol do ferreiro $820
do carreto 3$500
de vinho para os lavradores $160 .
17$045

Pedro Henquel, 4 de Junho de 177 4 .


A. H. M.P., Idem, ibidem, fl . 192.

(223) - SMITH , Rober t C. - André ~0a r es ... , p. 23 e p . 33 .

(224) - A. H. M. P. , Idem, nQ 25, f l. 29 1.

(225) - A.H.M .P., Idem, nQ 32 , fls. 22 - 23.

(226) - A.H.M . P ., I dem, ibidem, f ls. 45 - 46.

(2 27) - A.H.M.P ., Arrematações , Livro 49, . fls . 47. -48v.

( 228 ) - COSTA , Agost i nho Rebelo da - ob . cit ., p. 29.

(229) - Idem, ibidem, p. 29.

( 230) - HANEMAN , J. Th. -Elementos de composicion de arquitec -


tura, Barcelona, Editorial Gus t avo Gi li, S . A., 1985, est.
56 -1.

(231) -COSTA, Agostinho Rebelo da - ob . cit ., p . 29 .


- 527 -

(232) - VITORINO, Pedro - Notas de arqueologia portuense, Porto,


Câmara Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a
História do Porto- III, 1939, p. 69. O sino para a ca-
pela de S. Roque foi feito por Manuel Rodrigues Bento.
A.H . M.P ., Livro do Cofre, nQ 27, fl. 33 . A. obra de "me-
ter" água na fonte começou em Dezembro de 1778. Nela tra
balharam o mes tr e pedreiro Manuel da Costa e o mestre dos
aquedutos Jos~ Perei ra. A.H.M . P. , Idem, nQ 32 , f l s . 63 -
-64.

(233) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fls. 25v .-26v.

(234) - A . H.M.P., Idem, ibidem, fls. 33-33v.

(235I - Inscrição que existia na Porta do Sol :


"SOL HUIC PORTAE
JOSEPHUS I LUSITANO IMPERIO
JOANNES DE ALMADA ET DE MELLO
PORTUCALENSI URBI
FINITIMISQUE PROVINVIIS
AETERNUM JUBAR GAUDIUM PERENNE"
Esta transcrição foi recolhida de uma carta que João No
gueira Gandra, escreveu em 29 de Julho de 1852 , a Jos~

Amorim Braga:
"Tenho a honra de participar a Vossa Excelencia para ser
presente a Excelentíssima Camara Municipal que a inscriE
ção l ap i dar exarada na tarja sobre a Po rta do Sol, foi in
teiramente descuberta , e se esta enchendo de massa preta
na forma uzada, a fim de se tornar legível ao publico. P~

ra que haja de conservar-se nos Livros de Proprias des -


sa Exce llentissima Camara, o contheúdo da mesma i nsc riE
ção, inc l uza remetto a cop i a exacta del la " . A. H. M.P ., Li
v ro de Próprias n~ 80 , fls. 1 77 -1 78.

(236) - LAVEDAN, Pierre, HUGUENEY, Jeanne e HENRAT , Philippe


L ' urbanisme à l':f:poque Moderne, XVIe-xvr rresiécles, Paris,
Arts et Métiers Graphiques, 198 2 , p. 15 7 , est. 435 a 4·42.
- 528 -

(237) - O arco triunfal, da autoria de Francesco Laurana, do


"Castel Nuovo" de Nápoles é um exemplo magnífico da trans
formação de uma porta medieval.

(238 } - MARINO, Angela Guidoni - L'architetto e la fortalezza:


qualità artistica e techniche militari nel'500, in "St~

ria Dell'Arte Italiana", vol. 12, Torino, Giulio Einau-


di editore, 1983, pp. 47-96, est. 125-26, 127; NAVALMAS,
Antonio - La ciudad espanola del XVI (Aportaciones para
un estudio urbanistico) , in " Urbanismo e Historia Ur-
na en Espana", Madrid, Universidad Complutense de Ma-
drid, s/d, p. 347.

(239) - Cf. vol. II, nota 88.

(240) -SMITH, Robert C. -A Casa da Cãmara ... , p. 20; Idem


Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. Escultor be-
neditino do século XVIII, vol. I, Lisboa, Fundação Ca-
louste Gulbenkian, 1972, p. 198 e p. 369, nota 195.

(241) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 96, fl. 58.

( 2 4 2) - C f . v o l . I I , p. 34 •

(243) - Idem, p. 36 e p. 39.

(244) - Idem, p. 43.

(245) -COSTA, Agostinho Rebelo da- ob. cit., p. 29.

(246) - Cf. vol. II, p. 36.

(247) - Cf. "Planta Redonda" do Porto, nQs. 9 e 10.

(248) - Idem, p. 50.

(249) - Idem, p. 51 e p. 250, nota 123.


- 529 -

(250) - Idem, p. 52.

(251) - Idem, p. 56.

(252) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fls. l03-l08v. FER-


reira, J.A. Pinto -Um documento notável para a histó-
ria da urbanização do Porto. O plano de melhoramentos em
1..1..8A_, in "O Tr:Lpeiro", Porto, V série, ano VII, 19 53, pp.
330-334.

(253) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 103v.

(254) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l03v.

(255) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l03v.

(256) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 104.

(2 57 ) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 104.

(258) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 104.

(259) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 104.

(260) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 104.

(261) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l04v.

(262) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l04v.

(263) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l04v.

(26 4 ) - A ~ H.M.P .. Idem, ibidem, fl. l04v.-105.

(265) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 105.

(266) - A.H.M.P., Idem, ibide m, fl. 105.


- 530 -

(267) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 105-105v.

(268) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. lOSv.

(269) - "para a execuçao da qual a fonte chamada do Estevão se


mudará, e construirá no lugar em que possa ter corrente
a agoa della, e fique mais comoda a rua publica" A.H.M.P.,
Idem, ibidem, fls. lOSv.-106.

(270) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. lOSv.-106.

(271) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 106.

(272) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 106.

(273) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l06v.

(274) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l06v.

(275) - No lugar da Cancela Velha.

(276) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l06v-107.

(277) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107.

(278) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107.

(279) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107.

(280) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l07v.

(281) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107v.

(282) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107v.

(283) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 107v.


- 531 -

(284) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l07v.

(285) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l08-l08v.

(286) - ''Jaze de Souza mestre pedreiro da freguezia de Moreira


a quantia de oitocentos e oitenta reis, pela brasa de
parede da parte Norte". A.H.M.P. , Idem, ibidem, fl. lOOv.

(287) - "Manoel dos Santos outro sim mestre pedreiro da fregue -


zia de Paranhos, lansou a quantia de oitocentos e oiten
ta reis pela brasa facial do muro da parte do Sul quef~

cha o resto da quinta do confrontante Manoel de Figuei-


roa Pinto the o quintal que este tras arrendado, e dois
mil e trezentos reis pela brasa facial do muro que fe-
cha os pumares da dita quinta do mesmo confrontante'' .
. A.H.M.P., Idem, ibidem, fl . lOOv. Em 9 de Abril de 1785
o mestre pedreiro José da Silva e Sousa arrematou a obra
"do dezentulho e terrapleno da rua da Boavista, reduzi~

do a ao pavimento que se acha deliniado, aterrando em hua


parte, e desaterrando em outra em todo o seu comprimen-
to". A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 113, e fls. ll6-ll6v.

(28S) - Cf. vol. II, p. 87.

(289) - Idem, ibidem.

(290) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. ll4v.-ll6.

(291) - Cf. vol. II, p. 90.

(292) - Idem, p. 101.


P!UNCIPl<IS OBRAS PÚBLICAS NO TEMPO DE JOÃO DE !ILHADA E HELO (1757-1786)

PROJECTO CRONOLOGIA

OBRAS

AUTOR ATRIBUIÇÃO CONTRATO INÍCIO CONCLUSÃO

Rua do .hlmada [ 1] Francisco Xilvier do Rego 1761-1763 Finais oo século XVIII

Francisco Pinheiro da Cu-


nha

Porw áo IJ.nacla [ 21 Francisco Pinheiro da Cu- 1764 , Novenbro , 14 1764 1766


nha

Prilça de Santo Ovídio [3] 1764 Finais do século XVIII

Praça àe S.:J.nto Elói [4J 1764

Rua de S. João [5) Fril11cisco Pinheiro cb Cunh.:l 1765-1766 Fina~s do século ~V1II

Praça àe S. Dcr.u.ngos [6] John l·fm tehead 1774-1775

Praça da Rlbena [7] John l·fru tehead 1776 1785(?)

Porta d.J Ribe1.ra e cap;lil àe Nossa Senh:lra John h'hitehead 1778-1779 1783
do O [ 8]

Cadeia e Tribunal da Relação [9] Eugénio dos Santos 1766, Noverrbro, lO 1765/1766-1767 1796
1767, Abril, 14
1769, ~\aio, 27
1769, Novembro, lO

Praça de Santa Ana e capela de S . Roque [lO] Francisco Pinheiro da Cu- 1766, Dezembro , ll 1767 1773-1775 U1
w
nha 1767, 11arço, lO 1\..l
PRINCIPAIS OBRAS PÚBLICAS NO TE~lPO DE JOÂO DE ALMADA E HELO ( 1757-17 86)

PROJECTO CRONOLOGIA
OBRAS

AUTOR ATRIBUIÇÃO CONTRATO INÍCIO CONCLUSÃO

Porta oo Sol [111 Francisoo Pinh~ro da Cu- 1767, ~\aio, 15 1767 1769
~

Praça da Vitória [121 1769 1772

Praça à::l Laranjal [131 1770

Travessa da rua do Almada, praça da Concei- 1774 1777

ção, escadas do Pinheiro e rua da Conceição


[141

Rw à::ls Lavadouros [ 151 1778

Rua de Sant:a Catarina [ 161 1779

R"u.a áo Carregal [ 17 J 1780

Rua da Boav~sta [181 1784

Rua Famosa [191 1785

Rua de Sanw António [~1 1785

Pareàão das Virtudes [ 211 1786

U1
w
w
--&J.vou.:.·
,_ ... - ..........
_
"-A"":..Jos.::.·-.2."~~-:~·..__..:-..!' _..-
- 534 -

CAPÍTULO III

As Obras Públicas de 1787 a 1804

Aos presidentes da Junta das Obras Públicas que, a par-

tir de 1787 até 1804, sucederam a João de Al mada e Me l o, coube

a tarefa, nem sempre fáci l , de dar continuidade ao programa de

1784 e de realizar novas obras, na sequência das transformações

urbanas efectuadas. Estas obr igavam, para uma me l hor articula -

ção entre as diversas zonas, ao alargamento e alinhamento de

ruas já existentes ou então à abertura de novas vias de comuni-

caçao .

A política seguida pela Junta insere-se naquela que ca-

racterizou a segunda fase das Obras Públicas postas em prática

en tre 1763 a 1786 - a urbanização de toda uma vasta zona extra-

muros, que era naturalmente aquela por onde a cidade podia ex-

pandir-se. As alterações da malha urbana intramuros tinham ter-

minado com as que se fizeram no tempo de João de Almada e Melo.

SÓ mais tarde, já em pleno sécu l o XIX , a cidade antiga seria no

vamente modificada em muitos pontos, destruindo-se por vezes

aquilo que de novo tinha sido feito na segunda metade do secu-

lo XVIII.

Mas ao lado da necessidade de dar continuidade aos no-

vos arruamentos, a Junta das Obras Públicas teve que encarar d!

versos prob l emas , que levaram a atrasar o que se pretendia fa -

zer de novo.

O primeiro , e sempre permanente, era a manutenção das


- 535 -

ruas e dos aquedutos. Disso nos dá conta a carta que a Junta en

viou a Rainha, em 12 de Fevereiro de 1789:

"O estado deploravel em que se achavão muintas das ruas


antigas desta cidade, e todas as que se talharão de no-
vo, que chegarão ao ponto de impraticaveis para o uzo ,
e servidão publica, e a the para tranzi tar por alguas des-
sas no tempo de inverno o Sagrado Viatico, obrigou a es
ta Junta a principiar por este benefício a aplicação do
r e al do vinho concedido pela Real Beneficencia de Vossa
Magestade na provizão de vinte e sinco de Agosto de mil
setecentos e oitenta e sete como hum dos primeiros obj ~

tos da policia , e da necessidade" (l).

Reparar as antigas ruas e as novas, que feitas muitasve

zes sem o devido cuidado em pouco tempo ficavam arruinadas, foi

a primeira preocupação da Junta que entre 1787 e 1790 presidiu J~

se Roberto Vidal da Gama.

O segundo está relacionado com a própria estrutura da ci

dade. No Porto não era com facilidade que se abriam novas ruas e

praças devido ao:

" continuado rochedo em que está fundada a mesma cidade


em quaze toda a sua extensão, mostrou em diferentes pa~

tes quam dificultozo, e dispendiozo foi nivelar as mes-


mas ruas, e reduzillas a prefeição em que muintas já se
achão" (2).

Finalmente em algumas ob ra s surgiram problemas que so p~

d e ram ser resolvidos com despesas avu l tadíssimas . Entregues por

arrematação a mestres pedreiros incompetentes, ameaçando "roina


- 536 -

irnminentes" tiveram que ser reedif i cadas com a devida seguran-

ça ( 3) .

Foi es t a a situação que a Junta encontrou em 1787 e que

se manteve até 1804, agravada ainda por uma cons tante falta de

verbas , necessárias para um tão grande número de obras. A con -

tribuição destinada às Obras Publicas se r ia reduzida a metade a

parti r de 1790. Na Junta de 4 de Março foi apresentado um aviso

da Secretaria de Estado dos Negóc io s do Reino com a cópia de uma

Carta Régia dirigida ao provedor, vice-provedor e deputados da

Junta da Administra ção da Companhia Geral do Alto Douro , para

que em consequência dela:

" se cumprisse e executasse a suspençao de todas as Obras


Publicas a que estava aplicado o real do vinho , para que
daqui em diante o producto da mesma contribuição se devl
da em duas partes, hua para a obra da abertura, e reparo
da barra do Por t o, e a outra para os aquedutos e caes de~

ta cidade, cessando entretanto , por menos necessaria s ou


tras Obras Pub li cas , quaesquer que sejão" (4)

Dando pronta execuçao a "Real ordem" a Junta mandou sus

pender todas as "Obras Publ i cas actoaes " exceptuando-se os aqu~

dutos e o cais .

1. As " contas " sobre as Obras Públicas realizadas

Pela provisão de 25 de Agosto de 1787 a Junta das Obras

Públicas teria que enviar periodicamente para Lisboa as " contas"

de todas as Ob r as Públicas realiz a d as . Juntamente segu iam as cer

tidões relacionadas com o rendimento da contribuição e com as

despesas efectuadas, tanto com o pessoal, desde os a r quitectos


- 537 -

aos mais modestos trabalhadores, como com as compras das propri~

dades e terrenos necessários para as obras empreendidas. Algu-

mas vezes acompanhavam as "contas" as plantas explicativas de tu

do aquilo que foi efectivado.

A primeira foi enviada em 12 de Fevereiro de 1787. Foi

acompanhada por um caderno que incluia catorze plantas desenha-

das e iluminadas por José Champalimaud de Nussane (5), onde e~

tavam as principais obras mandadas fazer pela Junta desde que

"principiou a nova Graça" - Setembro de 1787 - até 31 de Dezem-

bro de 1788. Champalimaud de Nussane desenhou:

lQ - a elevação e perfil da cruz de ferro para orienta

ção dos navios na entrada da barra;

2Q - as escadas do Codeçal para o cais da Ribeira, "ju!!_

ta" com a calçada feita nos Guindais;

3Q - planta e perfil da ponte de Cedofeita;

4Q - planta da praça do Laranjal, com os aquedutos sub-

terrâneos já feitos;

5Q - planta, perfil e elevação do grande paredão da rua

que abriu do Bonjardim para San ta Catarina "sobre o

lameira do reverendo Joze de Souza Coelho Furtado"

com um arco "que se está constroindo de cantaria p~

ra salvar hua arca de agoa das religiozas do conven

to de São Bento da Ave Maria";

6Q - plantas das ruas que ligavam o Carmo e o Hospi tal de

Santo António ao Carregal e Quartéis e "com a que

vai deste sitio para o Carranca";


- 538 -

7Q - planta da ponte do Poço das Patas e aqueduto "para

escuante das agoas" desde a fonte da feira dos g5_

dos até ao fim do campo do Reimão;

8Q - planta, e perfil da rua do Pinheiro com passeios e

pilares, e p l anta da rua dos Açougues ;

9Q - planta da praça de Santo Ovídio, com as novas cal-

çadas dos l ados do sul, e poente , com passeio e p~

lares por aquele l ado;

lOQ - planta da rua de são João, com a da Bandeirinha;

llQ - planta da r ua Chã e Cima de Vi la, com as das obras

feitas fora da Porta do Sol e rua de Entreparedes;

12Q - planta da rua que ia da praça do Laranjal e chanc~

laria, para a praça do Pinheiro, com seus assenbos ,

e pilares junta com a da travessa do Pinheiro;

13Q - planta da praça dos Ferradores , e da rua de Cedo -

feita até à Torrinha;

14Q - planta da rua que ia da Porta do Olival para o Ca~

mo, ornada de passeios e assentos para "recriação

do publico" (6) w

Todas es t as obras riscadas pelo sargento- mór de Infanta

ria com exercício de engenheiro estariam concretizadas " athe o

fim do anno proximo " por merecerem "mais contemplação" (7). Além

destas outras foram realizadas (8):

- um encanamento subterrâneo junto à fonte da Nativida -

de para receber as águas dos " enchurros " da praça das


- 539 -

Hortas, que através desse encanamento eram conduzidas

para o aqueduto do rio da Vila; um outro encanamento

teve que ser feito para escoar os enchurros da fonte

" no sitio das Virtudes ";

- um c unh a l da cerca do Reco lhimento do Anjo, que ficou

danificado por causa do rebaixamento feito na rua da s

Carmelitas ;

- demoliram uma torre da muralha, na calçada da Teresa

"que por dezaprumada, e racha d a , ameasara ruína prox!

ma", o que fizeram também com parte da mura l ha que f~

ceava a rua dos Clérigos "que não podia sustentar-s e ",

caindo outr a parte da mesma mu ralha "por si mesma, na

grande invernia do anno passado.

Teve ainda a Junta que comprar certas propriedades im-

prescindíveis para o alinhamento de algumas ruas e pagar algumas

compras antigas , e ncontrando-se também perante a necessidade de

"acodir a reidif i cação dos paredõens da nova rua de Santo Anto -

nio pela pesima construção delles , feita p e l os empreiteiros ar-

rematantes" {9} .

A segunda " conta " fo i remetida em 15 de Fevereiro de 1790.

Continha a relação das obras que a Junta mandou fazer entre 1 de

Janeiro e 31 de Dezemb ro de 178 9 . Desta v e z não ser ia acompanha -

da , como acont ecera na p rimeira com os mapas '' de algumas obras

mais notaveis " concluídas. A razão era estar, no momento, o. Jo -

sé de Champalimaud de Nussane , ocupado " com a direção do alinh~

mento e plano da nova estrada de Guimarães para esta cidade " {lO}.
- 540 -

O mapa das ob ras compunha-s e da seguinte relação (11):

- aqueduto do Poço das Patas "que continua por arruina -

do, e não vir a cidade muinta parte da agoa , que há no

s eu nascimento";

- conclusão do arco da rua de San to António e parte do

paredão do lado sul da mesma rua;

- conc lusão da ponte de Cedofeita "formando-se sobre el

la hua nobre fonte em hua meia laranja com asentos a

roda com seu parapeito nos lados de cento e vin te pal

mos , e no principio desta hum chafaris para bestas e

gados " (Est. 111);

- conc l usão da rua do Codeçal "toda con tinuada em l an -

ços de escadas soaves com patamares de espaço, a esp~

ço pa r a adoçar a grande sabida daquele monte" (Est. 110),

sendo feita também " a c l oaca para receber as agoas dos

enchurros , e as do convento de Santa Clara com noto-

rio beneficio do publico ";

conc lu são da rua da Neta "que vai do Bonjardim para a

de Santa Catharina com o paredão , arcos, e parapeitos

de ambos os lados";

escada com corrimão "que dese da Lameda da Porta do

Oliva l para a praça da Cordoaria ao lado nor te ";

- paredão da rua de S . Francisco "pago me t ade pe l o pu -

blico;

- continuação do a lteamento do paredão das Virtudes;

- paredão que "alinha a regularidade da praça do Laran

jal pe l o l ado do nasc e nte" (1 2 );


- 541 -

- início da obra do cais de Massarelos (Est. 163) "com

seus proizes para siguransa das amarraçoens, com pa -

seios nos lados, e parapeito ficando ambito livre pa -

ra servidão das carruagens; e estão feito cento e trin

tR e quatro palmos de estenção com a ltura de vinte e

sinco livres de alicerce";

- rua dos Quartéis para a quinta de Tomás Stafford, ne-

cessária para dar um mais fácil acesso a Vilar, S. João

da Foz e Matosinhos;

franquiou-se a comunicação da rua de Trás com a rua

dos Clérigos;

- início da obra do aqueduto de Salgueiros.

Juntamente com estas obras de âmbito mais importante, a r~

lação descrevia todos os consertos e reparos efectuados ao longo

de 1789 (Quadro I) sempre precisos para a conservaçao das ruas

e fontes da cidade, bem como o calcetamento efectuado em diver-

sas ruas, para o qual utilizavam muitas vezes "ladrilho de sei-

xo" (13), o burgo, que r e vestia algumas delas.


- <;4? -

QUI\DRO I

CONSERTOS CI\ LC ET M\ENTO S REFERENCIAS DIVERSAS

- Calçada da rua da Fc.rruriu -HUrJ. ele Triís - Fez-se u calçada na rua do Al-

de Ci..m3. - Rua que ia ela Porta do Oli- ll'élda I jW1to a praça de Santo

- Calçada da rua dos Caldeirei va l para o Cv.lvá.rio Ovídio


-
ros - Huv. du Cadeiu até à [.XJrtaria - r-telhorarélffi a entrada da cidade

- Fonte e tanques dos lavadou- de S. Ocnto desde a Lapa , até à capela do

ros das Virtudes (14) - Travessa de S. Oento Senhor do Olho Vivo

- Rua das Congostas - Ru..1 que ia dos 13élnhos até - Pagaram o resto da obra da bal2

- Rua das Flores à Porta Nova za da cruz da barra

- Rua das Fontes das Taipas,~ - Tr<~vessv. que iu do Calviirio - Pagarélffi o resto do lagearrento
lhão e rua Chã
para a rUrJ. das Virtudes da rua do Alrrada

- Calçada da rua das Tai pas - RUrJ.s do Cidrul c Rio Frio 011 - Pagaram o resto dos travessões

- Rua que ia de S . Nicolau pa- S . Pedro de HircJ.guicJ. dcJ. rua de Santa Catarina e de

ra a Reboleira e Banhos - Largo dos Fcrrudores, e os Santo Ovídio

- Aqueduto do chafariz da Ri- respectivos r.u sscios - Limparélin t.m cano subterrâneo no

beira Campo da Cordoaria

- Assentos das Virtudes - Fizeram um cano na ruv. de Cedo-


- Rua das Hortas feita

- Fizeram o aqueduto das verten-

tes da fonte da Batalha


- 543 -

A "conta" seguinte enviada à Rainha, em 28 de Julho de

1795, sobre o andamento das Obras Públicas abrangia o período

que mediou entre 20 de Novembro de 1793 e 31 de Dezembro de 1794

(15), sendo então presidente da Junta Manuel Francisco da Silva

e Veiga Magro de Moura. Durante aquele período, ainda que a Jun

ta não deixasse de promover "tudo quanto hé utelidade publica em

benefício da cidade" (16), via os recursos necessários para a

sua execuçao diminuídos já que o imposto estava limitado, como

referimos, a "metade de hum real" porque a "outra igual metade

se achar aplicada para as obras, e reparo da barra" desde 1790(17).

Segundo a relação do mapa que acompanhava a "conta" fo-

ram realizadas as obras seguintes:

- concluiu-se a fonte e tanque da rua do Almada (18);

- continuava-se a trabalhar na rua de Santo António e

pedreiras;

terraplenagem da Torre da Marca "para o exercicio mi-

litar";

- começaram-se a fazer as escadas da igreja de Santo Il

defonso, "fronteiras" à rua de Santo António;

- iniciou-se a construção do tanque da praça Nova;

- demoliu-se a antiga torre da Casa da Câmara.

Não se limitou a actividade da Junta, no período referi

do, unicamente a estas obras. Foram feitos consertos: na rua da

Porta de Carros; nas escadas do cais da Ribeira e nas fontes de Ce

dofeita e das Taipas. Tiveram que mandar reconstruir o paredão

da rua Formosa, "chamado da Neta", o qual "cahindo pela sua ma


- 544 -

construção, e farsa do inverno nao era possivel, sem maior es-

trago deixar de acodir se ao seu reparo, pois que a necessidade

asim o pedia" (19) , e consertaram também os passeios da mesma

rua. O mapa das obras aponta ainda: a extracção do entulho de-

fronte do Recolhimento do Anjo; o encanamento das vertentes da

fonte da rua do Almada; o "rebaixo" da rua de Santa Catarina; o

"corte da parede" no sítio de Vilar e a construção das minas de

água da rua do Almada e Salgueiros.

Conhecemos ainda as "contas" com a relação das obras

(Quadro II) concernentes a 1795 (20), 1796 (21), 1797 (22), 1798

(23), 1799 (24), período que correspondeu à presidência de Ma-

nuel Francisco da Silva e Veiga e Magro de Moura, altura na ~l

nos aparece Francisco de Almada e Mendonça a desempenhar a fun-

çao de presidente da Junta das Obras Públicas, ainda que numbre

ve espaço de tempo , como já tivemos ocasião de ver (25).


QUADRO II

"CONTAS " ENVIADAS l\ LIS&O/, COM !1 RELAÇÃO DAS OBRAS REAL I zr,DAS DE 179 5 A 1799

1795 1796 1797 1798 1799

- Tanque da pra:;a Nova - Obra ào Padrão das Almas - Passeio ào largo de Santo Ildefcmol- Continuação das minas da água de 1- Continuação das obras das minas da
- Conserto oo cais da Riteira - MlJias da rua do Almada e Salgueit:c:sl - Tanque da praça Nova Salgueiros, Santa Catarina e arca 3gua no sitio de Salgueiros , Santa
- Conclusão oo paredão da Neta que se I - Escadas da igreja de Santo Ildefon-i - "Capeamento" áa Natividade de água de Paranhos catarina e arca de Paranhos
unha arruinado so - Paredão oo adro "ant.lgo àos Justi- ~- Tanque da rua das Taipas e aqucrlu~- Paredão e pedreira no s itio das V.i,J::
- l·linas da água da rua do Almada e - Passeios da rua de Santo António carlos " - Passeios da rua de S . Bento da Vit§i tudes
Salgueiros ria - Fonte na rua das Taip;LS
- Conclusão da derrolicão da antiga tiçados" , e seu rebaixamento va l - Aqueduto na rua de S . Daningos
torre da Casa da cãmara e carretos 1- RebaU<amento da rua da Torrinha - Obra na rua de S . João Novo - Pedreira na rua de S . João Novo
da pedra para a Relação - Obra da nova rua do chafariz de Vi -Parapeito na rua da Natividade -Passeios da rua de S. Miguel 1- Obra do " tilheiro" para a obra da
- Conclusão de 1..111\3 nova casa no pâtlO l a Parda - MJ..nas de SalguClros c Santa Catari- - Reparo da rruralha e Porta de Carros! fonte na rua cla.s Taipas
da cãmara, para Jreter lousas , e ban - ~ura da rua que ia para o Pa- na - Passeios da rua das Taipas 1- Obra do escoramento das casas e ag\!e
bas - drão das Almas - Rebaixamento das Taipas -Continuação oo aqueduto no sít.lo àel duro da rua de S. Daningos -
I
- Rc!:lai>'.ar.ento da rua que 1a para o - Rcbul..Xalllel1to da rua d~ Santo Ilde- - Paredão das Virtudes SalgueJ.ros 1- "TilJ1cüro" oo sitio das Virtudes ~
Padrão das Almas fonso - Proc:uri!tori<~ dos Padres Benuràos - Aqueduto ro largo da Batalhil ra a obra do paredão
- Conserto da rua de Nossa Senhora cb 1- Obra da calçi!da ao pé do convento 1- Obra na rua das V1rtudes - Pedreira no s ít1o dos Quartéis pa- - Reparação na ill1tiga Casa da Cãmari!
Natividade, para a expcrlição das de Santo Elói - Passeios na rua da Neta r a o paredão das Vin:udes ''que ameass.::1va .nu.na ''
águas - Conserto das calcadas da cicbde - Conserto na rua de s. José das Tai- - Aqueduto na rua de s. Domingos - Continuação da obra do aqueduto no
- Passeios da rua de SantO /últómo - Obra do aquEduto de Sal gueiros pas - Rcb.JL~to an p:lrte da rua da sítio de Salgue1ros
- J..queduto da praça Nova - PareCáo do adro "antigo dos Justic~l- Resto dos passeios na rua da Neta V1tória - Obra do tanque no sí tio da Batalha
Rel::.aixamento na rua de Santo Ilde- dos " - Resto do tanque da praça Nova - Rebai.>:arrento na viel a da Batalha - Obra do novo aqueduto no sitio do
fonso ~- Parapeito na rua d e Santo António ~ - Área da água n.:J rua do ;,.lmada - Resto dos entulhos do largo da Ba- I Poço das Pa tas
- Desentulho ào antigo adro dos Enfor - l..qucàuto na rua da Torrinha - Desentulho do largo de SantO Ilde- talha I_ Pils~cio~ na rua de S . Bento da Vit:é
I -
cados - Conserto na praça Nova fonso - Conserto oo aqus:luto da ponte da I ria
- DffiOlic;ão da casa de JoaquiJn Bento 1- 1\qUeduto pari! o tanque da praçil No- I- Arca da água na rua dos TiJ1torciros praça Nova 1 - Obra no aqucrluto da rua de Bel 01on
Kal.fllundo a Santo Elói I va - Desentulho na calçada dos Cl érigos,
I
te
- Aqueduto da água do Peço das Patas - Mina de Santa Catarina rua de Trás da Sé e travessa da Neta - Obra do aqueduto no sítio de Santa
- COJ?ra àe louca para o =r.serto dos - Encanamento da água na de AJJrada - Conserto na rua de Trás e travessa Catarina
aquedutos da cidade ,_ Tanque da praça Nova cbs Clérigos
- Conserto de várias ruas "para virem - Reba:iJ<alnento da rua das Taipas - Passeios na rua das Taipas
os carros triunfantes a cidade pelo - Calçada na rua das Hortas - Rebaixamento e passeios na rua da
feliz nascincnto do Ser enissilro Prin- Paredão na rua de Trás Vitória
cipe da Beira" j- Resto da calçada da praça Nova - Tanque na rua das Taipas I..JI
- Conserto da rua do Estevão ,- E:ncanarrento da água para a praça N2 - Arca da ác;;ua de Paranhos *"'
U1
!_ Desentulho dos Quartéis p.:lra Vilar va - Aqueduto na rua das Taipas
- Pir â.-nides das escadas de Santo Ilde - Pedrei ra na rua de S . João Novo
fonso -
QUADRO II

"CONTAS" ENVIADAS A LISBOA COM A RELAÇÃO DAS OBRAS REALIZADAS DE 1795 A 1 799

1795 1796 1797 1 798 1799

- Aberb.tra oo sítio da "Agoa ardente:• - Resto da calçada das Hortas


e compra de dois prédios para a sua - Resto da calçada de Santo Ildefonso
ctX"~suução " sendo ·o mais offrecido - Calçada p:>r detrãs do tarquc da pr~
pellos confrontantes" ça Nova
- ConsertO na praça do Laranjal - Escadas atrás da Sé
-ConsertO e r ebaixamento na rua da - Acrescento do telheiro da praça No-
Torrinha va
- Conserto nas ruas de Santo André e - Calçada na rua da Neta
s. Rcque - R~to dentro da Porta do Oli
val
- Obra no Padrão de Santo Elói
- Passeio no Largo de Santo Ildefonso
- Obra da rua de Vilar
- Obra do Padrão de Belamonte
- Obra da procuratoria dos Padres BCE
na.rdos
- Paredão das Virtudes

ll1
~

"'
-
- 54 7 -

Entre 1800 e 1804 nao devem ter sido enviados os relatá

r i os das obras , como ordenava a provisão de 25 de Agosto de 1.787.

Sobre eles não encontramos qualquer referência. Mas o levanta-

mento das Obras Públicas que elaboramos permitem-nos conhecer aqu~

lo se se fez durante o espaço de tempo em que a Junta das Obras

Púb licas foi presidida por: Manue l Francisco da Silva e Veiga M~

gro de Moura (1799-18 00 ); Pedro de Melo Breiner (1 800-1 803 ) eno

vamente o prime ir o de 1 803 a 1804.

As obras mais importantes efec tuadas nos primeiros qua-

tro anos do século XIX, não sao mais do que a continua -


çao das que se iniciaram nos últimos anos do sécu

lo anter i or , e que se prolongaram , em a lguns · casos , para alémdo

limite cronológico que impusemos ao nosso trabalho. Entre aque -

las destacam-se: o pa r edão das Virtudes (E st. 116), à frente do

qual , encont r amos como responsável, até 1804, o mestre pedreiro

Bartolomeu de Carval ho; os aquedutos do Poço das Patas, Salgue~

ros e Santa Catarina; e as fontes da Bata l ha (Ests. 120-121) -

construída em parte do terreno, que ficou após a demolição da

casa do padre Francisco de Sales (2 6 ) - Bonjardim (E st . 122 [?])

e de Santa Catarina (Est . 118 [? ]).

2 . Alguns aspectos da activ idade da Jun t a das Obras PÚ-

blicas entre 1 787 a 1804

2 .1. Rua de Santo António. Escadarias de Santo Ildefonso

2.1. 1. A abertura da ru a d e Santo António aparece no pl~

no d e me lhora mento s d e 1784 tr a ç a d o p e la Junta das Obras P úbli-


- 548 -

ca s, ini ciando-se os t raba l hos para a sua abertura em 1785. A

nova rua permitiria urna ligação directa entre a parte alta da

freguesia de Santo I l defonso e a praça das Hortas, e desta, atr~

vés das ruas da Natividade e dos Clérigos com a Cordoaria. Esta

ligação fazia-se anteriormente por urna viela estreita , denornin~

da ca l çada da Teresa (Est. 93) , ou então, pelas ruas que intra-

muros davam acesso desde a Ba t a l ha à Porta de Car r o s .

Nas demolições necessárias tanto da parte junto a igre-

ja dos Congregados corno na de Santo Ildefonso, trabalhou o mes -

tre pedreiro Caetano Pereira (27). Em 1786 começaram as obras

dos paredões: o do l ado sul arrematado pelo mestre pedrei ro J~

se Pereira (28) e o do norte pe l o mestre pedr eiro José Francis-

co (29). Este último, que arrematara "em praça publica o pare -

dão da rua nova, que va i da Po r ta de Carros para a igreja deSan

to I l defonso que fica da parte do norte" (30), fez sociedadecorn

os mestres pedreiros José de Sousa, Francisco Moreira, José da

Silva Sousa Testa e Manuel Gomes para a execução do referido p~

redão.

Feita urna visto r ia à obra , em Janeiro de 1788 (31), pe-

lo mestre pedreiro António Alves, este concluiu que:

- o paredão da parte da calçada da Teresa não es~va fci

to corno mandavam os apontamentos, faltando-lhe a cal

que devia levar para assentar a pedra , de forma a po-

der sustenta r casas;

o paredão do norte pela grande a l tura que tinha, exi

gia maior segurança; no entanto , "feito em seco sem

cal no assento da pedra, que so lha pozerão pela par-


- 549 -

te de fora que de nada lh e ap roveita para sua segura~

ça" ( 32 ), vi ri a mais tarde a ruir.

Desta mesma opinião ser ia o mes tr e pedreiro Bartolomeu

de Carvalho , que assistira à visto ria.

Levado este problema a J unt a , sobre ele se debruçam ern7

de Fevereiro (33). Atendendo a vi storia fe i ta , e " pela detrerni -

nasao e arbitri o que derão os l o uvados Antonio Al va r es , e Bartho-

lorneu de Carvalho mestres pedreiros" po r parte do púb l ico , e o~

vidos também os louvados por parte dos mestres que arremataram

os paredões, respectivamente Manue l João da Silva e José Rodri -

g u es Braga , assentaram que estes:

" se achavão construidos sem a sigurança necessaria fal -


tando conhecidarnente os arrematantes as clauzulas a que
se sugeitarão nos apontamentos , que se lhe derão asina -
dos pe l o procurador da cidade , seguindo-se desta fraude
o perigo de poder ter roina para o futuro, e a impossi -
bilidade de poderem edificar se cazas sobre os mesmos
paredões " (34).

Por isso seria conveniente que no sítio onde os ditos p~

redões tinham mais altura, "e por isso mesmo rnayor f raqu eza ", f~

sem reforçados, formando- se urna praça quadrada "na grandeza que

perrnitise o terreno com grosura , siguransa, e forta leza que pe-

de a arte nos seus paredoens" (35). Este traba l ho seria executa

do debaixo da inspecção do sargento-mór de Infantaria com exer-

cício de engenheiro José Charnpa lirnaud de Nussane "o qua l passa-

ra a toma r as medidas occupando nesta praça toda a area quefor

presiza , sem offensa da servidão da rua da calsada da Thereza "


( 3 6) •
- 550 -

Ainda na mesma reunião assentaram que em virtude da "fra

queza que tem os paredoens", que foram feitos pelos mestres pe-

dreiros José Pereira - ou José Pereira do Rio - e José Francis-

co, a obra realizada seria paga segundo "o seu merecimento com

ajusto e abatimento que merece a sua falcificação" (37). o mes -

tre José Francisco desistiria da obra em 20 de Outubro de 1788

(38), sendo substituído por António Alves.

Ambos os paredões teriam que ser reedificados. Este tra

balho seria feito em parte à custa dos arrematan tes (39), e o

resto que ameaçava ruína, pagaria o "publico" ( 40) . Tudo isto le

varia a Junta de 24 de Setembro de 1789 (41) a tomar uma a~itu-

de que fosse o menos gravosa possível aos di nh eiros públicos. A~

sim, perante a necessidade:

"de reformar se pelo publico, o resto que falta por r e-


formar do arco por onde se dirigem os aquedutos das r e-
ligiozas de S. Bento com o paredão d o lado do norte da
rua de Santo Antonio, na o so na parte já arro inada ao
poente do mesmo arco, mas na parede em que amiasava i mi
nente roina ao lado do nascente, o que tudo pede huma
importantissima despeza pela nececidade de mover entu-
lhos, desfazer o mesmo paredão the os seus alicerces, e
forma lo de novo com a sigurança necessaria" (42);

dicidiram que seria mais útil e de menor despesa, por ·parte do

"público" formar-se uma praça do lado norte (Est. 115) . Aliavam

assim o aspecto económico à premência de um novo espaço que seE_

viria para a "vendagem publica, e dezembarasar o sitio da praça

Nova, Porta de Carros e Feira da multidão da vendagem q ue emba-


- 551 -

raçao athe agora o livre tranzito da servidão publica" e que ut:i:_

lizariam para um depósito de entulhos (43). Os dois projectos .

não seriam concretizados: nem o de uma praça virada a SLll, como fi

cara resolvido na Junta de 7 de Fevereiro de 1788, nem a que a~

rece traçada na planta de Teodoro de Sousa Maldonado.

Todos estes contratempos levaram a que a obra da rua de

Santo António se prolongasse até 1795-1796. Ainda que, devido à

sua importância tivesse um tratamento especial, como se pode ler

na carta que José de Seabra da Silva, escreveu de Mafra em 2 de

Setembro de 1791, ao presidente da Junta das Obras PÚblicas, Fran

cisco Roberto da Silva Ferrão:

"Tendo Sua Magestade imformaçâo de que nao havendo actu


almente para as diferentes Obras PÚblicas dessa cidade
os meios necesarios para todas se emprehenderem ao mes-
mo tempo em razao das abultadas aplicaçois feitas para
a mais importante obra da barra: e tendo tambem informa
ção de que alguas das obras da cidade devem ter proce-
dencia ao menos segundo os poucos meios que subejão: He
Servida ordenar que com preferencia se proceda logo e em
primeiro lugar as obras da rua nova de Santo Antonio an
tes que pella suspençâo dellas se experimente maior ru~

na, e que dipois destas obras concluidas se de conta, p~

ra sua Magestade decidir se se deve passar as obras dos


novos aquedutos, ou outras que pareserem mais precizar e
uteis" (44).

Para facilitar a comunicação entre a rua de Santo Antó-

nio e a praça das Hortas, foi necessário alterar a escadaria que

dava acesso à igreja dos Congregados (Ests. 93-86). Também a rua

da Natividade foi alinhada da parte da fonte para permitir uma


- 552 -

melhor ligação entre a nova rua e a dos Cl~rig0s (45).

2.1.2. Existindo já uma escadaria defronte da igreja de

Santo Ildefonso (Est. 87), à qual vamos encontrar associado em

1787 o mestre pedreiro António Alves (46), esta seria transf or-

mada, a partir de 1794 (47), criando-se um remate monumental a

rua de Santo António, como o que existia em relação à rua dos

Clérigos, com a escada que dava acesso à igreja, feita a partir

de 1750, segundo a planta de Nico lau Nasoni, pelo mestre pedrei

ro Manuel António de Sousa (48). Esta primitiva escada foi alt~

r ada em 1787 como se pode ler no assento que a J unta fez em 11

de Outubro desse mesmo ano. Nele se exigia que a Irmandade dos

Clérigos apresentasse à Junta das Obras PÚblicas a licença "com

que mudarão a escada da igreja da figura , que tinha no seu pri-

meiro estado'', pois tinha usurpado " ao publico" toda a pa r te

"que abrange a meia laranja com que esta formada, quando antig~

mente essa parte ficava recolhida, tendo a desc ida para os dois

lados, pena de ser demolida a sua custa " (49).

A escadaria que foi Erlificada em frente da rua de Santo António na

continuação das que davam acesso à igreja de Santo Ildefonso (Ests.

85-88), era constituída por um lanço de escadas ao nível do e n-

troncamento das ruas de Santo António com a de Santa Catari na .

Subindo-se este primeiro lanç o , atingia-se u m patamar, de onde

partiam dois lanços paralelos, que ligavam o pr i meiro patamar

com o segundo. Este era comum tanto às escadarias viradas para a

rua de Santo António como às do largo de Santo Ildefonso. Des-

te segundo p~tamar alcançava - se a igreja , através da primeira es

cadaria que fo i construída defronte da desta .


- 553 -

Entre os dois lanços paralelos, um pódio balaustrada for

mava ao nível do segundo patamar uma varanda, no centro da qual

foi levantado um obelisco (Est. 94). Este elemento de origem ~i

pcia, relacionado com o culto solar (50) encontrou na Roma de

Sisto v (1585-1590) plena aceitação (51). A partir dos séculos

XVII e XVIII passou a fazer parte da paisagem urbana do mundo católico

(52), divulgando-se com mais regularidade "sob os cãnones do neo

classicismo" (53), o que também sucederia em Portugal (54).

O obelisco da escadaria de Santo Ildefonso, era consti-

tuído por dois elementos. o plinto e o obelisco propriamente d!

to, ligando-se um com o outro através de quatro esferas (55).~

matava o obelisco um elemento decorativo em forma de "pinha".

A obra da escadaria e do obelisco foi executada entre

1794 e 1796. Ainda ·que os documentos silenciem o autor do risco,

este poderia ter sido feito por António Pinto de Miranda, que de-

senhou em 1794 "Hua planta baixa com hum projeto Pª as escadas,

e praça de StQ Ildefonso" (56). O mestre pedreiro que dirigiu as

obras foi Bartolomeu de Carvalho.

O obelisco era não só o coroamento monumental de todo o

conjunto, mas também figurava a verticalidade que nos Clérigos

era dada pela torre. Com o seu levantamento, criou-se urna harmo

nia entre os remates das ruas de Santo António e dos Clérigos.

2.2 . A abertura de novas ruas e a criação de novas pra-

ças, tanto no interior das muralhas, bem como na nova malha ur-

bana que se formou extramuros foi acompanhada de projectos das

casas que deviam ser edificadas. Fenómeno que surgiu na renova-

ção urbana empreendida por João de Almada e Melo, acentuou-se


- 554 -

apos a sua morte, devido ao facto de grande parte das que se con.§_

truiram nas novas estruturas urbanas, o terem sido após 1786.

A procura da uniformidade (57) não se limitou ao que se

criou de novo. Fez-se sentir na necessidade de regularizar esp~

ços já existentes. Neste caso, o exemplo mais significativo foi

a tentativa de transformar a praça da Ribeira num espaço dispo.§_

to simetricamente. Também a supressão da muralha (Sé:), em certas

zonas da cidade, criou novas áreas a urbanizar que ficaram su-

jeitas as regras estabelecidas pela Junta das Obras PÚblicas.

A preocupaçao pelo "prospecto" e decoro dos edifícios paE_

ticulares aparece num relatório não datado do procurador da ci-

dade Manuel Félix Correia Maia (1790-1 792 e 1798-1804). Nele afiE_

mava que uma das obrigações relacionadas com o ofício que dese~

penhava era a "rigoroza, e indispensavel obrigação de promover e

vigia r pela utilidade publica e bem comum dos seus moradores" (59),

no qual se incluía a vigilãncia das novas construções. Porque, s~

gundo Correia Maia, a experiência mostrava os erros que se com~

tiam contra o "publico prospecto" devido aos edifícios particu-

lares nascerem " da liberdade com que os edificadores pertendem

iludir ~s prudentes deliberações deste Senado'' (60), o que fa -

ziam constantement~ '' já assentando as soleiras sem que as ruas

tenham determinado plano , obrigando depois ao público ou e ntu-

lhar parte dos portais, como sucedeo na calçada dos Clerigos ou

descarnar os alicerces como na de Cedofeita" (61). Além destes

abusos por parte do público era frequente este al terar as plan-

tas. Por tudo isto pedia o procurador da cidade que " ninguém p::>.§_

sa assentar so leiras" sem que fosse tirado e "abal i zado" o decli


- 555 -

ve da respectiva rua e que se nao permitisse "o menor desfarce

da alteração das plantas aprovadas" (62).

Esta situação levaria a uma fiscalização que, na maior

parte dos casos, não trouxe grande benefício ao bom "prospecto"

dos edifiícios, já que mesmo construídos segundo o risco aprov~

do pela Junta das Obras Públicas, em poucos anos aquele era al-

terado.

Todavia, alguns documentos revelam aspectos de uma ten-

tativa por parte do Senado de não permitir que se construisse

fora das normas estabelecidas.

Em 1779, Joaquim Leite Ferreira "senhor e possuidor de

hua morada de cazas" na rua nova de S. João, próximas da praça

da Ribeira, que estavam "velhas, e incapazes", pretendia demo-

li-las e mandá-las construir de novo "pella mesma en-

tidade da planta que Vossa Excelencia (João de Alrrada e Melo) foi

servido lhe determinar" (63) . O mesmo aconteceu com João dos

Santos Teixeira em 1785. Proprietário de "duas moradas de cazas"

na praça de Santo Elói, querendo edificá-las de novo, tinha pe-

dido autorização ao "Illustrissimo e Excelentissimo Governador

das Justiças". Concedida a licença, esta veio acompanhada da re~

pectiva planta, onde apareciam quatro arcos, já que o propriet~

rio era obrigado a fazer:

"os quatro arcos deliniados na mesma planta sobre o ter


reno publico, e somente o suplicante com o uso, e servi
dão da elevação das cazas sobre os mesmos arcos, que fl
cao servindo para utelidade publica, mas não foi asina-
da a dita planta pelo Ilustrissimo e Excelentissimo Se-
nhor Governador sem que primeiro o suplicante fizesse ter
- 556 -

mo de deixar livres os mesmos arcos para a servidão pu-


blica" (64).

Criava-se assim a arcada que a Junta das Obras Púb l icas

pretendia fazer defronte da igreja e convento de Santo Elói, pa

ra nela estabelecer, como já referimos, o mercado do peixe, co-

mo tinha ficado decidido no plano de melhoramentos de 1784.

Também , quando o contratador de madeiras António da Cu-

nha pretendeu edificar uma casa na rua do Almada teve que subme

ter-se à planta fornecida pela Junta. Ao fazer o contrato para

a construção em 21 de Outubro de 1786, entregou ao mestre pe-

dreiro Manuel Gomes de Oliveira o projecto para fazer "a fron-

teira das cazas, primeiro e segundo andar na forma da planta, que

e lle Antonio da Cunha tem asignada pello inginheiro, e na forma

das ordens de Sua Excellencia" (6 5 ).

Através das vistorias requeridas pe l os proprietários ou

impostas pela defesa do interesse público, a Câmara podia fisc~

lizar também as novas construções ou as obras de beneficiação

feitas nos ed i f ícios existentes.

Os projectos das casas a edificar nas novas ruas e pra-

ças que se abriram pela acção da Junta das Obras Públicas, de-

vem- se , na maioria dos casos, aos e n genhe iros - arquitectos que

foram tamhém os responsáveis pelas transformações urbanas oper~


- 557 -

das na cidade, entre 1763 e 1804. Também os arquitectos da cid~

de , Teodoro de Sousa Maldonado e Luís Inácio de Ba rros Lima , li

garam os seus nomes a variadíssimos projectos.

De Francisco Pinheiro da Cunha conhecem-se duas plantas

de casas. Uma para a rua de Santa Catarina, l ado poente, execu-

tada em 1776 (Est. 146-A), e a outra do mesmo ano, para a traves-

sa que ligaria a rua do Almada com a praça do Laranja l (Est.

146-B).

Na primeira encontramos urna longa fachada, formada por

um grupo de prédios, na qual Pinheiro da Cunha procurou dar mo-

vimento através da utilização: do recuo simétrico (66) dos di -

versos corpos, que a constituiarn, uns em relação aos outros, o

que era ainda acentuado pelas suas diferentes dimensões e da al -

tura distinta com que se apresentavam . Além disso , salientou a

animação da fachada pelo ritmo que imprimiu aos telhados: o te-

lhado duplo - de tipo germânico, utilizado por Carlos Mardel, e

onde se abriam águas - furtadas (67) - nos corpos salientes, e o

te lh ado que seguia o sistema do vigamento português (68),nos que

ficavam recuados. As aberturas, nao contando com as portas,erarn

constituídas por "janelas rasgadas" ( 69) e janelas "de peitoril" (70).

A segunda planta apresenta dois tipos de fachadas: urna

constituída por três corpos, dois dos quais dispostos simétrica

mente em relação ao central , e a ou tra corrida . Ambas de monóto

na composição, diferem na disposição dos vãos . Na primeira apa -

recem " janelas rasgadas" no corpo central do segundo andar, na

segunda entre o rés-do -chão e o primeiro andar foi introduz i do

um rnezanino .
- 558 -

A Francisco Pinheiro da Cunha podemos atribuir a planta

das casas que ladeavam a capela de S. Roque, na praça de Santa

Ana, e o projecto, nao assinado, feito e m 1771, para a mesma pra-

ça (Est. 143) .

Na ru a de S. João o esquema utili zado foi o das casas

de rés-do-chão e três andares. O primeiro e o t erceiro de jane-

l as de peitoril , e o segundo de janelas de sacada . Os edif í c ios

a erguer nos ex tremos norte e sul eram rematados por um frontão,

com um óculo na parte central. Um desses, la do nascente, no e x-

tremo norte, na parte da rua que dava acesso a S. Domingos , foi

executado segundo o projecto , e l aborado em 1 786 , por José Cham-

palimaud de Nussane. Ao me smo se deve uma planta, de 1 794 , com

a fachada para o lado sul da praça de Santo Ovídio (Est. 156).

Algumas das casas construí das ou projectadas apresenta-

vam no rés-do-chão uma arcada. Assim foram edificadas as casas

que o Senado da Câmara mandou l evantar n a praça da Ribeira(Est.

64), segundo o risco e laborado talvez por John Whitehead, que ,

como v i mos , seria o grande responsável pelas obras de transfor -

mação da referida praça. O mesmo esqu ema , de casas com arcada ,

apa r ece num projec t o de Teodoro de Sousa Ma ldonado para a pra-

ça de Santo Elói (Est . 148) e na planta , que em 1801, Luís Iná-

cio de Barros Lima , execu tou para uma desejada, mas nun ca co n -

cre ti zada , praça de Nossa Senhora da Lapa , junto à igreja domes

mo n ome , e qu e daria ao local a monumenta lidad e que não tinha e

que nao ve i o a ter.

A act ividade de Teodoro de Sousa Maldonado , que des emp~

nhava a função de arquitecto da cidade levou-o a e l aborar muitos


- 559 -

projectos para as casas que seriam levantadas ou foram construí

das nas novas ruas e praças, corno aconteceria para as ruas de:

Santo António (Est. 95); nova dos Lavadouros (Est. 144); Cedo-

feita (Est. 154); Boavista (Est. 155); nova do Padrão (Est. 147),

entre outras, e para as praças de Santo Elói, corno vimos, eA~

dente (Est. 150). Em quase todos estes riscos desenvolve os mes-

es esquemas: no rés-do-chão os vãos são essencialmente consti-

tuídos por portas; o número de andares varia entre um e dois; em

alguns casos urna água-furtada forma um terceiro andar (Est. 148).

Os telhados seguem quase sempre o sistema do vigamento português,

utilizando excepcionalmente o "sistema gerrnãnico do telhado du-

plo" (Est. 148). Janelas rasgadas e janelas de peitoril são, com

poucas variantes, usadas sistematicamente em todas as casas.

Outro ritmo no desenvolvimento das fachadas imprimiu An

tónio Pinto de Miranda, tanto no projecto que elaborou para a

rua de Santo António (Est. 151) , corno no que executou para o la

do sul da praça de Santo Ovídio (Est. 157). Este foi feito em

1795, um ano depois da planta que, para o mesmo local, tinha rea

lizado Charnpalirnaud de Nussane. As casas que desenhou para a rua

de Santo António são de rés-do-chão e três andares, o terceiro

dos quais sobre a cornija ou de águas furtadas. Ainda que a si~

plicidade de linhas se evidencie nas fachadas, os pequenos fro~

tões triangulares que rematam as janelas de peitoril do tercei-

ro andar e as duas janelas de sacada do prédio central, também

no terceiro sobrado, enriquecem a composição. Este pormenor tarn

bem acontece com os que completam o conjunto a nascente e a po-

ente: no primeiro, um frontão triangular com um óculo no centro,


- 560 -

do mesmo tipo dos que foram edificados na rua de S. João; no se

gundo, um pequeno ático rematado por um frontão curvo. No cen-

tro do ático abria-se um óculo oblongo. Decoravam ainda este

conjunto ornatos em forma de pinha, do mesmo género daquele que

rematava o obelisco. No projecto elaborado para o lado sul da

praça de Santo Ovídio, Pinto de Miranda utilizou, corno remates

nos dois corpos laterais e no corpo central, elementos que lem-

bram os que encontramos nos prédios que riscou para a rua de San-

to António, mas onde substituiu as pinhas por urnas. Além desta

variante, o quarto andar do corpo central e dos dois laterais é

em rnezanino, bem corno o terceiro andar dos dois intermédios, a~

da que de urna forma menos acentuada. Curiosa é também a utiliza

ção de pilastras (ou meias colunas) de ressalto (72).

A Luis Inácio de Barros Lima, arquitecto do Senado da Câ

rnara, devem-se muitos projectos, realizados principalmente no prl

rneiro quartel do século XIX. Trabalhando num período politicam~

te conturbado e para urna clientela de recursos lirni tados, as con&-

truções (Est. 153) idealizadas por Barros Lima reflectem, pela

simplicidade de concepção, a epoca que se vivia então e o tipo

de clientela a quem servia - urna pequena burguesia que só em ca-

sos excepcionais conseguia economicamente ultrapassar a mediania.

Assirn,corn urna Câmara que dispunha de poucos recursos e

urna clientela que nao tinha possibilidades de cumprir os progra-

mas que o Senado pretendia irnpôr, a maior parte dos conjuntos idea

lizados para o belo "prospecto" da cidade, só parcialmente foi

concretizada, e em muitos casos completamente abandonada. Outros

ainda foram alterados para aumentar a rentabilidade, corno aconte

ceu por exemplo com as casas que a câmara construiu na praça da


- 561 -

Ribeira, e que pouco depois seriam vendidas a particulares. Es -

tes aumentando o número de andares contrariaram o espírito de

quem as concebeu. Mais uma vez como aconteceu com o hospital de

Santo António, a realidade prevaleceu sobre a utopia.

2.3. Um dos aspectos que caracteri zou a actividade da

Junta entre 1 787 e 1804 foi o início da demolição da mura l ha .

Principiou-se assim um processo que levari a ao desaparecimento

de grande parte da estrutura defensiva, da qual restam hoje fra-

gmentos , e que se tinha conservado com poucas alterações até fi-

nais do século XVIII.

Durante o período em que este ve à frente das Obras Públi

cas João de Almada e Melo a denominada "muralha fernandina" foi

preservada, ainda que tenha sofrido algumas modificações. Trans-

formar-se-iam os Postigos de Santo Elói e Santo António do Pene-

do, nas Portas do Almada e do Sol. Far-se-iam me lhoramentos nas

Portas da Ribeira e Virtudes. Em 1767 foram mandadas demolir: a

"torre que se hia aroinado defronte dos celeiros nalameda (sic)"

(73) e a torre "defronte do Calvario" (74). A primeira foi arre-

matada pelo mestre pedr eiro José Francisco e a segunda pelo mes -

tre Antón io da Costa,do mesmo ofício. Mas nos dois casos, teri~

apos as demoliçÕes, de "levantar o muro" para que ficasse na "al

tura do demais".

As demolições começariam a partir de 1787 (75). Nesse ano,

o presidente da Junta pediria para Lisboa a autorização necessa-

ria para ser apeada a muralha do "lado mer i diona l " da r ua dos Clé

rigos, não só porque ameaçava ruína mas também porque permitiria


- 562 -

o seu alinhamento ( 76 ). Tr ansmitida a autorização ao " Governa-

dor ínterino do Partido", Sebastião Correia de Sá, este foi in-

cumbido de da r ordem ao presidente da Junta das Obras Públicas,

José Roberto Vida l da Gama, pa ra demolir a muralha , o que fez

por ca rta de 21 de Março de 1788 ( 77). O derrube da muralha no

lado sul da rua dos Clérigos, permitiria, para além do alinha-

ment o ref erido, abrir uma rua que faria a comunicação entr e aqu~

la rua e a chamada rua de Trás ( Est. 80 ). A Rainha autorizou os

proprietários possu i do res de casas encos tadas à mura lha , ou a

ela contíguas que pudessem " adian t alas e crescer com ellas até

o a linhamento regular da referida rua; sujeitando se elle s a f a

zer as frentes que para e lla ficarem segundo o prospeto , e pl~

no aprovado e posto em execução nas outras propriedades situadas

na mesma rua" ( 78 ) .

A area demolida nao se confinaria só ao lado sul da rua

dos Clérigos. Foi autorizado o apeamento da muralha desde a Por

ta de Carros até à igreja dos Clérigos (79).

A partir de 1 790 seria derribada: uma torre " junto ao Po~

tigo das Virtudes "; duas torres " que ficam fora da Porta do Sol "

e toda a mura lha que ia da Porta do Sol até Cima de Vila "com a

outra torre que lhe fica contigua" ( 80 ) . Confirmada esta resolu

çao em 17 92 (81), g rande parte do espaço ocupado pela mura lhad~

ria lugar a três novos edifícios: a Casa Pia; o Teatro de S. João

e a nova capela de Nossa Senhora da Bata l ha.

Conhecemos mais algumas zonas onde a muralha foi demoli -

da , através de uma carta de 2 de Junho de 1 79 4 (82), do preside~

te da Junta das Obras PÚblicas , Manuel Francisco da Si l va Veiga

Magro de Moura, reagindo contra um edital do Governador das Ar-


- 563 -

mas. Sebastião Correia de Sá, mandara colocar editais nos luga-

res públicos da cidade, pelos quais a população era informadada

entrega gratuita dos terrenos das muralhas e torres apeadas a

quem neles edificasse no prazo de quatro anos (83) .

Segundo o presidente da Junta (84) a entrega desses ter

renos levaria a que muitos dos projectos já aprovados , relacio-

nados com os melhoramentos que se faziam na cidade não pudessem

ser concluídos uma vez que :

"alguns terrenos da antiga muralha demolida [ ... ] se de


vem aprove ita r para alargar a servidão pública que aliaz
era incomoda ou dezafrontar edifícios recomendaveis que
se achavão oprimi dos com ella. Tal he por exemplo o ter
reno da muralha demolida ao lado sul da ig reja dos Clé-
rigos e da torre que se achava naquelle sitio; tal he o
terreno da muralha demolida junto a Porta do Olival em
a entrada da rua de Traz; tal he o terreno da mesma mu-
ralha demolida, ou que se ha de demolir pelo lado da no
va obra da Cadeia por onde e la confronta com a alameda
da Cordoaria" (85).

Assim toda a mu ralha que corri a da Porta de Carros até

ao Postigo (ou Porta) das Virtudes seria demolida até aos f inais

do século XVIII .

Também a Casa da Câmara seria deitada abaixo a partir de

1794. Situada perto da Sé (Est. 2 , nQ 34), encon trava - se em imi -

nente ruina em 1783, o que levou o Senado a mandar fazer visto -

ria por mestres peritos , em Fevereiro desse ano (86). A conclu-

sao a que chegaram os mestres pedreiros e carpintei ros (87) in-

cumbidos de tal tarefa , era de que estava "desaprumada e impre -


. ÁREAS ONDE A MURALHA FOI DEMOLIDA

ANTIGA CASA DO SENADO DA CÂMARA


- 564 -

pendicolar com duas grandes bichas abertas na distancia de mais

de setenta palmos e de largura meio palmo, e tres quartos de pa!


mo, concorrendo tarnbern a total podridão das madeiras e frixaes"

(88), e por isso devia ser apeada.

Não podendo "os Senhores do Senado", realizar as sessoes

devido ao perigo em que se encontrava, alugaram para esse firnas

"cazas chamadas das Aulas", do convento dos Agostinhos Descalços

(antigo Colégio de S. Lourenço da Companhia de Jesus) ,por 96$000

réis por ano (89), onde a Casa da Cãrnara passaria a funcionar,

apos a realização de algumas obras, em 1784.

Passados d ez anos após a vistoria efectuada, sendo con-

siderado perigoso o estado de ruína e m que se encontrava a anti

ga Casa da Câmara, foi decidido na ve reação de 17 de Abril de

1793 (90), demolir-se a parte superior. Só no ano · seguinte, em

3 de Abril de 1794 (91), pediria o S enado autorização para o seu

t ota l apeamento, para Lisboa, o que foi concedido em Outubro des

se ano (92), ocupando-se desse trabalho o mestre pedreiro Antó -

nio Alves (93).

2.4. A distribuição de água à cidade levantava inúmeros

problemas à Câmara, desde a sua captação nas nascentes, até a

condução aos diversos chafarizes (94), fontes (95) e bicas, es-

palhadas pelo Porto (96). Através do levantamento que fizemos de

todas as Obras Públicas referidas nos Livros do Cofre (97), po-

demos obse rvar que as questões relacionadas com a agua recebe-

ram, por parte do Senado a maior atenção, e, de urna forma esp~

cial, entre 1787 e 1804 devido a duas razões fundamentais.


- 565 -

A primeira estava relacionada com a necessidade de res-

taurar a maior parte dos aquedutos, que se encontravam em muito

mau estado. As grandes obras empreendidas, não permitiam, mui-

tas vezes, desviar as verbas precisas para a sua manutenção; e~

ta uma das razoes que levou o procurador da cidade, Bento Gomes

Delgado, a criticar a acçao de João de Almada e Melo . A conser-

vação dos meios que forneciam a água à cidade seria uma constan

te não só de Bento Gomes Delgado, mas de todos aqueles que de-

sempenharam a função de procurador da cidade. Disso nos dá con-

ta uma relação que sobre o assunto fez, em 1775, Pedro Henquel(98):

"Dis o procurador da cidade que r'l qrande diminuição can que se


achão as fontes della faltando-lhes a agoa necessaria
nao so para o uzo ordinario dos moradores; mas inda pa-
ra acodir a qualquer incêndio que suceda, e com a secu-
ra que se experimenta na prezente estação (99) se faz
mais necessaria, e sencivel; deu isto occazião a repe-
tidas queixas, de que rezultou o exame que Vossa Exce-
lencia mandou fazer nas fontes e aquaduc tos, e inda que
nelle achávão as arcas e mains d ' agoa com diminuição, com-
tudo inda podem prover a cidade fazendo-se nos aquedutos
os concertos e reparos que muito necessitão como são a~

guns lanços d'alcatruzes renovados, pias , cápas e ferra


gens para se fechárem os lugares dos registos nas suas
repartiçoíns, e tambem se necessita fazer alguns lanços
de canos de chumbo, prevenindo a introdução de raizes
d'arvores como he n'alameda à Porta d'Olival para a agoa
do seu chafariz, que dá provimento a muitos moradores e
tambem para os prezos das cadeas que padecem com esta
falta. A huma necessidade tem urgente he precizo dar re
medio, mas esta sem a sua proporcio nada despeza não se
pode praticar por ser bastante a ruina, como a Vossa Ex
celencia foi patente. A consignação que há para semelhan
- 566 -

tes reparos he tenua e actoalrnent e nao ha depozito sufl


ciente para se poder logo compor os aqueductos com a pro~

tidão que pede o prezente cazo , e porque com esta falta


padesse o povo, hospitaes, e cadeas " .

A segunda razao encontrava- se na urgência de aumentar a

rede de distribuição de água através da construção de novos a~

dutos, fontes e chafarizes, motivada pela extensão da malha ur-

bana, o que levou a que no programa das Obras Públicas de 1787 a 1804

se desse urna maior importância à sua execução .

Para os aquedutos, fontes e chafarizes, a Câmara manti-

nha permane ntemente um funcionário incumbido da sua manutenção,

denominado por mestre dos aquedutos ou mestre das águas do Sena

do. Entre 1757 e 1804 exerceram essa função:

1757-1759 Francisco de Sousa (100)

1759-1770 António Pinto (101)

1770-179 1 José Pereira (102)

1791-1792 Manuel Rodrigues (103)

1792-1804 José Pereira.

Durante o período em que José Pereira ocupou o cargo de

mes tre dos aquedutos, aparecem temporariamente a desempenhar es

sa função: Manuel de Moura , em 1 780, e António Alves, entre 1802

e 1804, substituindo José Pereira diversas vezes, por motivo de

doença (104) .

O mestre dos aquedutos tinha por obrigação: "varijar, lim-

par e bijear" (105) ou fazer de novo os aquedutos; consertar as

fontes e chafarizes e b etumar as taças e os tanques . Cerno pedrel

ro que era estava apto a executar outros serviços: a l guns que


- 567 -

pertenciam à sua arte, outros que nada tinham a ver com ela.Fre

quentemente vê-mo-lo ocupar-se: do conserto dos telhados do ma-

tadouro, da Casa da Câmara ou das capelas que pertenciam ao Se-

nado; a caiar o açougue público; a arrancar as árvores secas da

alameda da Cordoaria e plantar novas, ou então a administraroon

sertos diversos. José Pereira, em Julho de 1783, geriu a obra

que se fazia no paredão "fora do P9stigo de S. João Novo" (106).

Pelos serviços que prestava, o mestre dos aquedutos recebia 240

réis diários (107).

O trabalho permanente que exigia a regular distribuição

da água a cidade, obrigava a Câmara a recorrer, através de con-

tratos, a diversos mestres pedreiros que se encarregavam de cons

truir, ou arranjar, aquedutos, fontes e chafarizes.

Os alcatruzes necessários para os aquedutos vinham de

Ovar, cujo fornecedor, frequentemente referido, era o mestre olci

ro da dita vila, Ventura de Oliveira Dias (108). Mas outros mes-

tres oleiros da mesma localidade aparecem como fornecedores des

se material para a Câmara do Porto: .António Ferreira Regalado (109);

Francisco Dias Ferreira (110) e Pedro Gomes (111).

Ainda que a partir de 1790 a contribuição para as Obras

Públicas tivesse sido reduzida a metade, já que a outra parte foi

aplicada à abertura e reparos da obra da barra do Porto, não di


- 568 -

rninuiu a activid.ade relacionada com a reparaçao e construção de

aquedutos e dos seus respectivos terminais, que eram as fontes

e os chafarizes. Enquanto que as obras relacionadas com a aber-

tura de novas ruas vão sofrer um atraso com essa redução de ver

ba excepto no caso da rua de Santo António - as que dizEm respeJ:.

to a distribuição de agua à cidade, são das mais irnportantesque

se executam desde o Gltirno dec~nio do s~culo XVIII at~ 1804,

o que está de acordo com a segunda razao apontada.

Em 1789 (112), contratou a Junta das Obras Pfiblicas o

sargento-mór Francisco Rodrigues Mendes, conhecidos os seus pre~

tirnos e "grande inteligencia", para estudar o percurso do aque-

duto de Paranhos - cuja água estava exposta a constantes roubos

por parte dos particulares - incumbindo-o da "direção da obra do

seu aqueduto" (113).

Fizeram-se ainda os aquedutos: de Salgueiros (114), ini-

ciado primeiro pelo "publico" e entregue, por arrematação, em 25

de Fevereiro de 1790 ao mestre pedreiro António Alves (115); o

do Poço das Patas e o da rua de Santa Catarina. Todas estas obras

se iriam prolongar para al~m de 1804.

No mesmo período e pela mesma razao construirarn-se no -

vas fontes. Urnas , em locais onde não existiam; outras, devido a

necessidade de se deslocarem do centro das praças e largos, onde

inicialmente haviam sido colocadas, mas que os novos programas de

urbanização, obrigaram a deslocar de forma a criarem-se espaços

livres e facilitar as comunicações. Assim aconteceu nas praças da

Ribeira e da Porta do Olival e no largo da Batalha. As novas fon

tes ao contrário das que ex isti am foram adossadas a edifícios,

criando-se assim um espaço mais amplo.


- 569 -

A sua proliferação foi o resultado das diversas funções

que desempenhavam na cidade de então . Além da função decorativa

- que nos aparece na fonte da praça da Ribeira e na fonte da p~

ça Nova (Est. 99) - outras duas, justificavam por si só, a ne -

cessidade da sua construção e da sua manutenção: o fornecimento

de água às populações (e animais ) e serem reservatórios para acu

di r aos incêndios .

2.5. Um elemento novo aparece nesta fase nas ruas do Por

to - o passeio. Aparecendo o primeiro a partir de 1786, seguir-

-se-ia, entre 1787 e 1800, a construção de muitos outros, que

f oram surgindo l adeando ruas e praças (Quadro III ) . A sua inser

ção na estrutura urbana da cidade talvez se possa inc luir en tre

os diversos aspectos, que no Porto da época, são uma consequên-

cia da influência inglesa.

Na terceira parte da dissertação de Manuel da Maia, re-

lacionada com a reconstrução de Lisboa, lê-se:

"O que r esta ainda determinar he se as ruas principais


se devem dividir em tres partes como as de Inglaterra;
[ ... ] declaro q as ruas de Inglaterra são formadas de
trez divizões, a do meyo mais larga para carruagens, e
as duas dos lados para a gente de pé; aquella calçadade
pedra miuda , e as duas de enchelharias (115) graças com
seus postes que as separão da do meyo , para que as car-
roagens não vao embaraçar os dous paseyos" (116).

Mas, se para a sua utilização na capi tal, Manuel da Maia

l evantou reservas, " por dificuldade de conservação e porque a rua


- 570 -

em três partes "consumi ri a muito terreno", com protesto certo

dos proprietários assim lesados" ( 117) ' o mesmo -


nao
aconteceu no Porto. Aqui , o elemento que José de Figuei-

redo Seixas no seu "Tratado da Ru ação " defende corno necessár i o

pa ra ladea r as ruas (117), teve plena aceitação.

Nas arrema taç õe s pa ra a construção dos passeios incluia

- se muitas vezes os "frades", corno aconteceu em rel ação a cal-

çada da igreja dos Clérigos, c uj a obra foi ar r ematada por An-

dré dos Santos, em 11 de Novemb ro de 1786:

"andando a l a nsos a obra. dos paseios, e proizes da ca ls a


da da igreja dos Clerigos nella l ansou Andre dos Santos
mestre pedreiro a quantia de mil e trezentos reis pela
brasa dos ditos paseios e oitocentos reis por cada hum
dos proizes" (118).

Os " frades" (119), procuravam evitar que "carros, lite!_

ras e bestas de carga e cavalaria'' andassem por cima dos passei

os. Para impedir "a ruina que terão os passeios que ornao as ruas

[ ... ] se se consentir o abuso com que cornessao a passar por elles"

os meios de transporte acima referidos , foram mandados fixar "ed!,

taes publicos" para proibir uma tal infracção , já que os passei

os eram destinados às pessoas.

Quem infringisse a proibição teria q ue pagar três mil réis

da cadeia, sendo "metade para o denunciante se o houver ou para

o oficial que o prender e . a outra metade para as Obras Publicas "

( 120) •

A modernidade do aparecimento dos passei os no Porto des -

de 1786 e um aspecto a r ea lç ar , se nos lembrarmos que os primei-


- 571 -

ros passeios, à moda inglesa, aparecem em Paris, na "Pont-Neuf"

e a seguir na rua "de l'Odéon", em 1781 (121).


572

QUIIDRO III

PIISSEIOS

/\NO LOC/I L ARREN/\TANTE

1786 Padrão das Almas ~\anuel 1\lves, m. p.

1787 Do largo da Feira até Zl rua do Lo..treiro José de Sousa, m. p.

1787 Largo de Santo Elói do lado da mu ralha /\ndré dos Santos, m. p.

1787 Travessa da Chan cel aria

1787 Rua de Cedofeita Nanuel tios Sa ntos , m. p.

1788 Rua de Santo Ovidio J osé Leite da Si l va , m. p.

1788 Rua do Pinheiro , par t e norte ~\anuel Perei ra da Cunha, m. p .

1788 Laranjal

1788 Rua de Cedofeita Nanue l dos Santos, m. p.

1788 Rua dos Clérigos ll ncl ré d os Santos , m. p.

1788 Rua de S . Jo.io Oartolomcu de Carvalho, m. p.

1788 Rua da Port.:l do Oliv al Oarto l omcu d e Carval ho , m. p .

1 788 Travessa dos Ferradores f.\a noel Pereira , m. p .

1 789 Rua de Cedo feita ~1anuel do s Sa n tos, m. p.

1789 Rua do Cilrmo

1790 Largo dos Ferrudorcs ll n tón i o Alves, m. p.

1794 T rave ssa da rua de S<tntil Catarina llntónio lllves , m. P ·

1795 Rua de Santo António 0-:~rto l omeu de Carvalho, m. p.

1796 Rua de S«nto 1\n tónio oarto l omcu de C<trv<tlho, m. p.

1796 Largo de Silnto Ildefonso !lilrto1omeu de Carva lh o , m. p .

1797 Largo de S« nto Ildefon so 0-:~rtolomeu de Curva lho, m. p.

17'37 Rua da Neta oartolomeu de Cilrvalho , m. p.

1797 Rua da Vitória Oartolomeu de C.:~rval h o , m. p.

1797 Rua das Taip.:ls O.:lrtolomeu de Carv al ho , m. p .


-
1798 Rua da Vitória oartolomeu de Carvalho , m. p .

1798 Rua de S . Ni guel 0-:~rtolomeu de Carva lho, m. p .

1798 Rua das T«ipas /\ntónio 1\lves, m. P ·

1800 Rua das Taipas lln tónio /\lves, m. p.

1800 Rua de Oe l o montc u.:~rto l omeu de Carv<tlho , m. p.


- 573

Conclusão

Se o período antecedente, 1757-63/1786, foi a época em

que foram traçadas e nalguns casos concretizadas, as grandes li

nhas da transformação urbana do Porto, a época que termina, pa-

ra nos, em 1804, deu continuidade a muitas das obras começadas

no tempo de João de Almada e Melo.

Incidindo os novos arruamentos na zona situada extramu-

ros, a área urbana cresceu consideravelmente. Procurou-se nao so

facilitar as saídas da cidade para as províncias do Minho e Trás

-os-Montes, mas também ligar através de uma rede de ruas as pri~

cipais artérias construídas.

Acompanharam a abertura das ruas os respectivos projec-

tos das casas que as deviam ladear, buscando-se assim uma uni-

formidade, sõ raramente conseguida, mas que era sintoma do espi

rito de uma epoca.

Mas mais uma vez, entre 1787 e 1804, a permanente falta

de verbas levaria a que todos os programas se arrastassem por lo~

gos anos prevalecendo muitas vezes o que era considerado essen-

cial - as obras relacionadas com a distribuição de água e os con

sertos sempre necessários.

A demolição de parte da muralha e a construção de pas-

seios sao dois aspectos que marcaram este período, ambos carac-

terísticos das transformações urbanas operadas em mu itas cida-

des europeias da segunda metade do século XVIII.


- 574 -

N O T A S

l) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fl. 30.

2) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 30.

3) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 30.

4) - A.H.M.P., Idem, ibidem, flr 54v.

5) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 29. MEIRELES, Maria Adela i -


de - Catálogo dos Livros de Plantas, Porto, Arquivo His
tórico da Câmara Municipal do Porto, 1982, p. 30.

6) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 29-29v.

7) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 30.

8) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 30-30v.

9) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 31.

( lO) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 53.

( ll) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 53-54. A.N.T.T., Ministê-


rio do Reino, maço nQ 340, s / fl.

( 12) - "e se concluirão os aquedutos, que ficão nella subterra


neos para os enchurros de Liceiras". A.H.M.P., Idem, ibi
dem, f l . 54 .

( 13) - Cf. vol. II, p. 151. As ruas do Porto lageadas ou calce


tadas a seixo ou burgo.
"Folha dos travalhadores que travalhão no cais da Ribei
ra na midição e carregação do seixo que entra e sai pa-
ra as ruas desta cidade que teve principio em o primei-
- 575 -

ro de Dezembro e findou a 31 do dito mes e anno de 1788


a saber:
João Correia Pinto Montenegro
inspector dias 23 a 240 reis 5$520
Trabalhadores
Joze Antonio da Silva dias 21 a 160 reis 3$360
Manoel Antonio dias 20 112 a 160 reis 3$280
11 reis
António da Costa dias 19 2 a 160 3$120
11
Costodeo Joze dias 2 2 a 160 reis $400
15$680

Folha dos carros de burgo


que forão para a rua da
Cadeia aonde não anda ins
pector a saber:

Manoel Antonio da Feira do Gado carros 3 a 80 reis $240


Bernardo Alves da Povoa de Baixo carros 3 a 80 reis $240
Manoel António Naviça carros 9 a 80 reis $720
João Antonio do Carvalhido carros 2 a 80 reis $160
Joze Antonio Coelho do Carvalhido carros 3 a 80 reis $240
António de Sousa do Reimão carros 16 a 80 reis 1$280
Manoel Joze Pereira de Entreparedes carros 6 a 80 reis $480
Manoel Moreira de Requezende carros 16 a 80 reis 1$280
Francisco Antonio de Barros carros 9 a 80 reis $720
Antonio Fernandes Canastra carros 14 a 80 reis 1$120
Antonio da Cunha de Sedofeita carros 9 a 80 reis $720
Manoel Teixeira de S. Cosme carros 5 a 80 reis $400
Manoel de Souza de Balbom carros 5 a 80 reis $400
Manoel Joze de S. Mamede carros 12 a 80 reis $960
João Luis da Crus da Povoa carros 6 a 80 reis $480
Joze Antonio de Furamentes carros 13 a 80 reis 1$040
Manoel Martins Castilhano carros 8 a 80 reis $640
Joze Antonio de Oliveira da Feira
do Gado carros 20 a 80 reis 1$600
carros 1 59 r eis 28$400
- 576 -

Emporta esta folha vinte e oito mil quatrocentos reis


28$400
João Correia Pinto Montenegro
Conferida passe mandado Porto 31 de Dezembro de 1788
como Governador Presidente
Vidal"
A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 57, fl. 166.

( 14) - "Fesse hum aqueduto no mesmo sitio para os enchurros".


A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 53v.

( 15) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fls. 94v.-96v.

( 16) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 95v.

( 17) - A.H.M.P., Idem, ibidem, f1. 95v.

( 18) -Com o " aqueduto para guiar a agoa a fonte do Almada". A.


H.M.P., Idem, ibidem, fl. 96.

( 19) - A.H.M.P., Idem, ibidem, f1. 95v.

( 20) - A.H .M .P., Idem, ibidem, fls. 99-101.

( 21) - A.H.M.P., Ob ras Públicas, nQ 2271, fls. l3v.-l4v.

( 22) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l4v.-l5.

( 23) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. lSv.

( 24) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. l6v.

( 25) - Cf. capítulo I, nota 46.

( 26) - A.H.M.P., Idem, nQ 2303, fl. 13.

( 27)- Cf. vol. II, pp. 90, 91, 98, 99 .


- 577 -

( 28) - Cf. vol. II, pp. 99, 101, 102, 109.

( 29) - Cf. vol. II, pp. 100, 101, 104, 107.

( 30) - Cf. vol. II, doe. 16.

( 31) - A . H.M.P., Idem, nQ 2279- B, fls. 3-4.

( 32) - Teria também que ser feito de novo o arco por onde pas-
sava o cano da água para o mosteiro de S. Bento da Av é
Maria. Em 5 de Junho de 1788, foi mandada fazer visto-
ria "ao arco por onde passa o cano da agoa, que vai pa-
ra o convento das religiosas de S. Bento; por baixo da
rua nova de S. Antonio" por se achar muito arruinado.F~

ram incumbidos dessa vistoria os mestres pedrei ros Hen-


rique Ventura Lobo e Antonio Alves (A.H.M.P., Idem, ib!
dem, fl. 12), que a fizeram em 11 do mesmo mês.A.H.M.P.,
Idem, ibidem, fls. 13-13v.

( 33) - A.H.M.P . , Idem, nQ 2302, fl. l2v.

( 34) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 12v.

( 35) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 12v.

( 36) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 12v.

( 37) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 12v .

( 38) - "dezestia da factura da obra do paredão da rua de Santo


Antonio, e não duvidava se manda se continuar por quem
bem parecese, a custa do seu proprio dinheiro athé onde
era obrigado na forma dos apontamentos". Foram testemu-
nhas: Manuel José da Silva, morador na rua do Bonjardim
e João Bernardo Ferreira Lopes, morador na rua de Entre
paredes. A.H.M.P., Idem, nQ 2279 - B,. fl. 22.
- 578 -

( 39) - A.H.M.P., Idem, nQ 2302, fls. 28-28v.

( 40) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 43.

( 41) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 43.

( 42) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 43.

( 43) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 43.

( 44) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 8lv.

( 45) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 6v.

( 46) - Cf. vol. II, pp. 108-109.

( 47) - Idem, p. 171.

( 48) - COUTINHO, Bernardo Xavier - A igreja e a irmandade dos


Clérigos. Apontamentos para a sua história, Porto, Câma
ra Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a His
tória do Porto- XXXVI, 1965, pp. 206-207.

( 49) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 5v.-6.

( 50) - POSENER, Georges - Pictionaire de la ciyilisation égyp-


tienne, Paris, Fernand Hazan, 1970, p. 196. SERINGE, Phi
lippe - Les symboles dans l ' a rt, dans les religions et
dans da vie de tous les jours, Geneve, Éditions Hélios,
1985, p. 348.

( 51) - LAVEDAN, Pierre, HUGUENEY, Jeanne e HENRAT, Philippe


L'urbanisme à l'Époque Moderne. XVIe- XVIIIe siecles,
Paris, Arts et Métiers, 1982, p. 34, est. XL.

( 52 ) - CORREIA, José Eduardo Capa Horta ~ Vila Real de Santo


António. Urbanismo e poder na política pombalina, vol. I,
Lisboa, 1 984 , p . 380.
- 579 -

( 53) - Idem, ibidem, p. 381.

( 54) - Um dos obeliscos mais significativos seria inaugurado em


1776 na praça de Vila Real de Santo António . Idem, ibi-
dem, pp. 380-386.

( 55) - Este obelisco lembra o que vem desenhado numa das vinhe
tas da obra de: SOYÉ, Luis Rafael- Noi tes Jozephinasde
Mirtilo sobre a infausta morte do Serenissimo Senhor D.
Joze Principe do Brazil dedicadas ao consternado povo Lu-
zitano, Lisboa Na Regia Officina Typografica, 1790, p. 135.

( 56) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 18. A.H.M.P., Li


vro do Cofre, nQ 79, fl. 253v.

( 57) - Um dos princípios que caracteriza o urbanismo do século


XVIII. Cf. CHUECA GOITIA, Fernando- La epoca de losBo~

banes, in "Resumen historico del urbanismo en Espana",


Madrid, Instituto de Estudios de Administracion Local,
1968, p. 215; Idem- Breve historia del urbanismo, Ma-
drid, Alianza Editorial, 1974, p. l45.

( 58) - O mesmo aconteceu por exemp l o em França. Cf. LAVEDAN, Pier


re, HUGUENEY, Jeanne e HENRAT, Philippe- ob. cit., pp.
155-157; CHARRE, Alain - Art et urbanisme, Paris, Pres ~

ses Universitaires de France, "Que sais-je?", nQ 2089,


1983, p. 79.

( 59) - A.H.M.P., Suplemento às Próprias nQ 10, (Obras Pfiblicas~

fl. 1.

( 60) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 1 .

( 61) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 1.

( 62) - A.H.M.P ., Idem, ibidem, fl. lv.


- 580 -

( 63) - A.H.M.P., Livro de Compras, nQ 7, fls. 73-73v.

( 64) - A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 87, fls. 18lv.-182.

( 65) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 176, fls. 42v.-43v.

( 66) - FRANÇA, José-Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo,


Lisboa, Livraria Bertrand, 1977, p. 128.

( 67) - I dem , ibidem, p. 127.

( 68) -Idem, ibidem, p. 127.

( 69) - Idem, ibidem, p. 106.

( 70) - Idem , ibidem, p. 106.

( 71) - Idem, ibidem, p. 127.

( 72) - Principes d'analyse scientifigue. Architecture. Méthode


et vocabulaire, vol. 2Q, Paris, Imprimerie Nationale, 1972,
VII-30- A.

( 73) - A.H.M. P. , Arrematações , Livro 4Q, fl. 3lv .

( 74) - A.H.M . P. , Idem, ibidem, fl . 32.

( 75) - Cf. vol. II, p. 111.

( 76 ) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fls. 14-14v.

( 77) - A.H.M.P., Idem, ibidem , fl. 15v.

( 78 ) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2 300, fl. 6.

( 79) - Segundo o aviso _da Secretaria de Estado dos Negócios do


Reino de 1 de Ma rço d e 1788. A. H.M.P., Idem, nQ 2302, fls . 34-
34v .
- 581 -

( 80) - B.N.L., Colecção Pombalina, Livro nQ 463, fl. 220.

( 81) - A.H.M.P., Registo Geral, nQ 13, fls. 191-19lv. A.H.M.P.,


Livro de Próprias, nQ 17, fl. 50.

( 82) - A.M.O.P., Ministério do Reino, maço nQ 37, s/fl.

( 83) - Sebastião Correia de Sã, Governador das Armas deste Par


tido "Faço saber que Sua Magestade por Sua Real Rezolu-
ção tomada em consulta dos tres Estados do Reino foi ser
vida declarar-me por provizão de trinta de Abril do pre-
zente anno que prometia gratuitamente os terrenos das m~

ralhas e torres demolidas nesta cidade aquelas pessoas


que se obrigarem a edeficar nelas em tempo de quatro an-
nos", Quartel General, Porto, 20 de Maio de 1794. A.M.O.
P., Idem, ibidem, s/ fl.

( 84) -Que curiosamente aponta 1757 como o ano da criação da J~

ta das Obras Públicas.

( 85) - A.M.O.P., Idem, ibidem, s/fl .

( 86) - A.H.M.P., Vistorias, Livro 4Q, fls. 9lv.-93v. BASTO, Ar


tur de Magalhães - Os diversos Paços do Concelho na ci-
dade do Porto, in ''Vereaçoens Anos de 1390-1395", Porto,
Cãmara Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a
História do Porto - II, s/d., pp. 269-271.

( 87) -Mestres pedreiros: Manuel Alves (ou Manuel Álvares);


Caetano Pereira;
José de Sousa.
Mestres carpinteiros: José de Beça Correia e José Fran-
cisco Santiago.

( 88) - A.H.M.P., Livro de Vereações , nQ 88 , fls. 282-282v.


- 582 -

( 89) - A.H.M.P., Livro de Próprias, nQ 16, fls. 328-328v.

( 90) - A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 92, fl. 46.

( 91) - A.H.M.P., Copiador ao Governo, nQ 3, fls. 368v.-369v.

( 92) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2300 , fl. 31.

( 93) - A.H . M.P., Livro do Cofre, nQ 87, fls. 196-l96v.

( 94) - Chafariz·- obra de pedra, mais ou menos artificiosa, on


de há bicas, que lançam água para utilidade pública. MA
CHADO, José Pedro - Grande Dicionário da Língua Portu-
guesa,vol. .. III, . L;i.sboa,Amigos .do· Li.vro Editores, 1981, p. 116.

( 95) - Fonte - jorro de água que sai por um canal e se precip~

ta num tanque, quer para serviço público, quer particu-


lar. Idem, ibidem, vol. V, p. 238. Chafariz e fonte são
designações que aparecem aplicadas indeferentemente, nos
documentos.

( 96) - ALMEIDA GARRET, Antão de - Aquedutos, fontes e chafari-


zes do velho Porto, in "Boletim Cultural", Porto, vol.
XXIV, Publicação da Câmara Municipal do Porto, 1961, pp.
197-203; MARÇAL, Horácio - O abastecimento de água à ci-
dade do Porto e à vila de Matosinhos, in "O Tripeiro",
VI série, ano VII I, 1968, pp. 301-310; COUTINHO, Berna~

do Xavier Fontes e chafarizes do Porto. A propósitode


um problema de toponímia, in "Boletim Cultural",Porto,
vol. XXXII, Publicação da Câmara Municipal do Porto, 1969,
pp. 397-471.

( 97) - Cf. vol. II.

( 98) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 28, fls. 282~282v.

( 99) - Verão de 1775.


- 583 -

(100) - A.H.M.P., Idem, nQ 15, fls. 294-295.

(101) - António Pinto, denominado também António Pinto da Costa,


ocupou o lugar de mestre dos aquedutos de 6 de Outubro
de 1759 a 21 de Novembro de 1770 (A.H.M.P., Idem, nQ 33,
fls. 197-197v.). Teria arrematado o cargo com ManuelPin
to, talvez seu irmão.

(102) - Cargo que arrematou com João Pinto.

(103) - Cf. vol. II, p. 277, nota 416.

( 104) - José Pereira em 1802 "andando no exerci cio das mesmas agoas
sucedeo por conta disso cahir e cobrar huma perna" A.H.M.
P., Idem, nQ 108, fl. 86). Deve ser o mesmo acidente que
se refere, quando escreveu ao Senado pedindo-lhe a conti
nuação da "esmola" para se poder sustentar já que tinha
dado um grande queda em 28 de Agosto de 1802. A.H.M.P.,
Idem, nQ 109, fls. 190-190v.

(105) ·- A.H.M.P., Idem, nQ 76, fl. 57.

(106) - A.H.M.P., Idem, nQ 37, fl. 239.

(107) - A.H.M.P., Idem, nQ 30, fl. 68. Em 1797 recebia, José Pe-
reira, 70$000 réis por ano. A.H.M.P., Idem, nQ 86. fl. 234.

(108) - A.H.M.P., Idem, nQ 28, fls. 128-129; nQ 85, fl. 195 e nQ


112' fl. 14 7.
Em 1775, Ventura de Oliveira Dias forneceu:
"342 - trezentos e quarenta e dous alcatruzes
de repucho de grandeza comua, a sinco-
enta e sinco reis 18$810
320 - trezentos e vinte alcatruzes de corren
teza comum a quarenta reis 12$800
600 - seiscentos alcatruzes dos de marca gr~
- 584 -

de conforme a mostra que se lhe deu


a secenta e sinco reis 39$000

70$610"
A.H.M.P., Idem, nQ 28, fl. 129.

( 1 O9 ) - A . H . M. P . , Idem , n Q 15 , f 1. 47 .

(110) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 47.

(111) - Em 1772, Pedro Henquel mandou vir de Ovar, do rr.estre olei


r o Pedro Gomes:
"350 alcatruzes de correnteza a 40 reis 14$000
186 - ditos de repucho dos gr~

des a 70 reis 13$020


280 - ditos de repucho mais pe-
quenos a 55 r:eis 15$400
100 ditos passadores pequenos a .S5 reis 5$500
60 ditos passadores grandes a 70 reis 4$200
20 ditos mais de repucho pe-
quenos a 55 reis 1$100
996 53$220"

A.H.M.P., Idem, n Q 25, fl. 238.

(112) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fls. 44-44v.

(113) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 55.

( 114) - Desenhado parte do seu percurso por Cruz Amarante em 1809.


Cf. ALMEIDA GARRET, Antão de- ob. cit., est. 184-185.

(115) - Enxelharia o mesmo que enxilharia. Enxilharia o mesmo


que silharia.

(11 6 ) -FRANÇA, José-~ugusto- ob. cit ., p. 306.


- 585 -

(117) - Idem, ibidern, p. 89.

(118) - MOREIRA, Rafael - Urna utopia urbanística pombalina: o


"Tratado da Ruacão" de José de Figueiredo Seixas, in
"Pombal Revisitado",vol. II, Lisboa, Editorial Estampa,
1984, p. 139.

(119) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4Q, fl. 228.

(120) - VITORINO, Pedro - "Frades" de pedra, in "Boletim do Dou


ro Litoral", Porto, nQ IX, 1944, pp. 20-22.

(121) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fls. 17v.-18.

(122) - LE ROY LADURIE, Ernrnanuel - Barogue et Lurnieres, in "His


toire de la France urbaine", vol. III, Paris, Seuil, 1981,
p. 452.
PRINCIPAIS OBRAS POBLICAS REALIZADAS DE 1787 a 1804

PROJECTO CRONOLOGIA
OBRAS

AUTOR ATRISU I ÇÂO CONTRATO IN!CIO CONCLUSÂO

'
Rua de Santa catarina (cant.) [1] Antes de 1787

Rua. de Santo António (cont. J [2 ] Antes de 1787

Paredão das Virtudes (CCf;lt.) [3] Antes de 1787

Rua do Carranca [4]


1787

Rua de Santo Ovid1o e travessa do Pinheiro [ 5] 1787

Rua. da Boavista (cont. J (6) Antes de 1787

Rua. do Pinhe1ro (cont. ) (7] Antes de 1787

Travessa do ~tirante (8] 1788

Rua de Nossa Senhora da Graça (9] 1788

Rua Fornosa (cont.) (lO]


Antes de 1787
'
Rua de Ceàofeita (cont. J [11]
Antes de 1787

Escadas do Cocleçal [12] José Charrq:elimaud de 1788 1789


Nussane

Rua do carrega! (cont . J (13] Antes de 1787

Cais de Massarelos (14] José Champalimaud de 1789


Nussane

Escadarias e l argo de Santo I l defonso [15] António Pinto de Miran 1794 1796-1797
da Vl
CX>
0'1
Fcnte da pr aça Nova (16] 1794 1797
,,_ .. ·-~
~;v~·~··~·~v~~~~-----~·--~---~-~_,--
- 587 -

CAPÍTULO IV

Os edifícios construídos sob a inspecção de Francisco de Al mada

e Mendonça

Ainda que apareça tradicionalmente Francisco de Almada

e Mendonça como o continuador do programa da transformação urba

na iniciado por João de Al mada e Melo, ta l nao aconteceu. Essa

responsabilidade caberia aos presidentes, que sucessivamente fo

ram desempenhando esse cargo à frente da Junta das Obras Públi-

cas. Almada e Mendonça só ocuparia a presidência da Junta num

breve espaço de tempo - de Novembro de 1798 a Junho de 1799 .

Todavia se as suas funções foram outras, não deixou de

l igar o s e u nome , como aconteceu em outros locais, a um certonú

mero de edifícios, para cuja inspecção foi encarregado, por no-

meaçao régia (l) .

No Porto, a construção do Quartel d o Se gundo Regimento,

a Casa Pia e o novo Matadouro, esteve sob a sua responsabilida-

de. A estes três edifícios acrescentaremos ainda a nova capela

d e Nossa Se nhora da Batalha .

l. Quartel do Segundo Regimento

Em 1762 foi criado um Segundo Regime nto de Inf a ntaria no

Porto (2). Se m edifíc io próprio, ficaria instalado nos Ce leiros

da Cordoaria. Esta construção seiscentista qu e nasceu para a fi-

nalida d e qu e lhe d e u o nome , foi utili zad a ao long o da sua exis-

t ê nc i a (3) pa r a o s mai s di ve r s o s f in s : a rma z ém de armas e muni


- 588 -

çoes (4); teatro; quartel (5); hospital militar e fi na l mente, an

tes de ser demolido, como armazém alugado a pa rticulares.

Sem condições para acomodar o Segundo Regimento que so-

fria "continuadas mollestias tanto pelo aperto com que se acha

va alojado como pela falta de ar que entra no edificio que lhe

serve de quartel" ( 6) , foi determinado em 20 de Fevereiro de 1 7 90

(7) a construção de uma casa própria - o que seria o Quartel do

Segundo Regimento. Ordenava também a Rainha que fosse levantado

um outro quartel "com a competente cavallariça para as Partidas

e Destacamentos de Cavallaria e d'Infantaria (8). Ambas as obras

ficariam debaixo da inspecção de Francisco de Almada e Mendonça.

Um segundo aviso, também de 20 de Fevereiro de 1 790 , fo~

nece informações mais precisas (9). Refere novamente a "falta de

commodidades para a boa economia da trqpa existente na Casa dos

Celeiros, onde estava instalado o Segundo Regimento , que a lém

de incómoda era "prejudicial a saude dos seus individuas pello

aperto em que vivem, e pello pouco ar que recebe o mesmo edifí-

cio. Constando igualmente a D. Maria I o vexame que "experimen -

ta o povo da mesma cidade com o aboletamento das continuas Par-

tidas, e Destacamentos de Cavallaria, e Infantaria, que não so

vem todos os meses receber pagamento para a tropa das mais pro-

vincias, mas no decurso do anno a outras diligencias do Real Ser-

viço, passando a esta Corte em conducções , e reconduções de sen

tenciados e dezertores", seria necessário construir outrossim wn

quartel para terminar com tal situação.

Assim pela consignação do subsídio militar seriam edifi

cados dois quartéis : um , no lado norte da praça de Santo Oví-


- 589 -

dio - daí ser designado muitas vezes por Quartel de Santo Oví-

dio- e o segundo para as "Partidas e Destacamentos", no lugar

"que se julgar mais proprio".

O Quartel do Segundo Regimento seria executado "na for-

ma do plano aprovado" pela Rainha. Enviado de Lisboa, vinha as-

sinado por Luís Pinto de Sousa, ministro dos Negócios Estrange~

ros e da Guerra (lO).

Sobre o autor do risco levantam-se-nos algumas dúvidas.

Ainda que atribuído a Reinaldo Oudinot (11), pensamos que o av~

so de 20 de Fevereiro de 1790 não é explícito quanto à sua auto

ria:

"Foi a Mesma Senhora Servida rezolver que pela consign~

ção do subsídio militar se edifique um novo quartel na


praça de Santo Ovidio na forma do plano aprovado pe l a
Mesma Senhora, e que vai por mim assignado, e que outro
sim se construa um proporcionado quartel e cavallariça
para as sobreditas Partidas e Destacamentos no lugar que
se julgar mais proprio nomeando a Vossa Senhoria inspe~

tor da referida obra segundo as instrucções que por or-


dem de Sua Magestade lhe tenho comunicado a este respe~

to, e empregando no projecto, e plano d'ella o tene~

te-coronel engenheiro Reinaldo Oudinot que se acha na dl


ta cidade, e para execuçao a Theodoro de Souza Maldona-
do que serve de arquitecto das Obras Publicas" (12).

A partir da leitura do aviso sabemos que existia já um

projecto para o Quartel do Segundo Regimento aprovado por D. Ma

ria I, cuja planta poderia ter sido desenhada por Reinaldo Oud~

not e enviada para Lisboa para aprovação, ou então executada na

capital, corno aconteceu com a Cadeia e Tribunal da Relação.


- 590 -

No segundo caso teríamos que pensar que a autoria do ris

co teria que ser atribuída a algum dos arquitectos que então ma~

cavam a arquitectura lisboeta: Manuel Caetano de Sousa (1742-

-1802) ou José da Costa e Silva (1747-1819). Inclinamo-nos para

este último. Talvez por ter já uma obra executada segundoumris-

co da sua autoria a ele se tenha recorrido quando lhe foi enco

mendado o projecto para a Real Academia da Marinha e Comércio

( 13), que seria criticado em 1804 por Carlos Luís Ferreira da Cruz

Amarante ( 14) . A este seria encorrendada uma planta para a Real Aca

demia que, em 26 de Setembro de 1807 (15), António de Araújo e

Azevedo, ministro do Re.ino e primeiro e único conde da Barca, apr~

varia.

Se sobre o autor do risco do Quartel do Segundo Regime~

to se podem levantar dúvidas o mesmo nao acontece com os arqui -

tectos que acompanharam a sua execução.

O primeiro foi Teodoro de Sousa Maldonado que desde os

primeiros trabalhos necessários para o início da construção ap~

rece ligado à mesma. Disso nos dá conta o prime iro auto de apr~

vação de despesas, de 17 de Abril de 1790, que o arquitecto da

cidade assinou e o ter recebido no mesmo ano 40$000 réis pelo

"risco do Quartel e mais medidas e pellos mapas necessarios e

asistencias das louvaçoens" (16). Tratar-se-ia de uma cópia do

projecto original. À obra do Quartel de Santo Ovídio estaria li

gado até 1799, ano da sua morte (17). Recebia pelo seu trabalho

dez mil réis por mês.

O segundo foi José Francisco de Paiva nomeado para ar-

quitecto do quartel em 1797 "para lhe administrar todas as di-


- 591 -

rnensoes precisas" (18), com um ordenado mensal de oito mil réis.

Entrando, talvez, em 1797, para auxiliar Teodoro de Sousa Maldo

nado, ficaria, a partir de 1799, a substitui-lo, corno o arqui-

tecto responsável pelas obras do quartel.

Conhecem-se também todos os artistas, artífices e traba

lhadores que andaram na obra (19), entre os quais destacamos os

mestres pedreiros incumbidos da sua execução - José de Sousa e

Francisco Tomás da Mota. A pedra utilizada para a sua construção

veio: das pedreiras da Lapa e da Fontinha, e da muralha demoli-

da entre a Porta do Sol e Cima de Vila.

As obras iniciadas em 1790 (20) ficariam concluídas em

1805-1806, ainda que em 1800-1801 se encontrasse o quartel numa

fase bastante adiantada corno podemos ver na descrição que dele

faz D. José Cornide:

"tiene esta ciudad en el campo de San Ouvido (San OVidio)


un gran cuartel fabricado Últirnarnente y capaz de 3.000
. hornbres. Se cornpone de um gran cuadro de un solo alto,
con las cocinas en la parte interior y separadas del ali
ficio principal. Este edifício es de sencilla arquitec-
tura, sin más adorno que las armas Reales colocadas so-
bre la cornisa de la fachada, y en él y su habitación
principal tiene cómodo alojarniento el Coronel y Oficia-
les" (21).

O Quartel do Segundo Regimento (Est. 101) tem a fachada

principal virada a sul (21) dividida verticalmente em três cor-

pos, tendo o central um pequeno avançamento, que mais tarde urna

varanda sobre urna arcada iria enobrecer. o corpo central era cons

tituído de rés-do-chão e dois andares, com cinco janelas de pei-


- 592 -

toril em cada andar, ostentando o escudo real sobre a cornija.

A simplicidade que caracterizou o corpo central, manteve-se nos

dois laterais e nas outras fachadas do edifício, o que lhe dava

o aspecto de um "casarão" (23) incaracterístico e de linhas rí-

gidas.

2. Real Casa Pia de Correcção e de Educação e Aquartel~

mento das Partidas Avulsas

O segundo quartel referido no aviso de 20 de Fev ereiro

de 1790 seria edificado entre a Porta do Sol e o largo da Bata-

lha, no local onde tinha sido demolida a muralha (Est. 108) .Ini

ciada a construção da denominada Casa Pia, em 1790, as obras ne

cessárias para entrar em funções estavam prontas em 1792, já que

a partir de 19 de Dezembro desse mesmo ano passou a servir para

as "Partidas Volantes" (24).

Projectada por Reinaldo Oudinot, a sua execuçao foi en-

tregue ao arquitecto da cidade Teodoro de Sousa Maldonado, co-

mo mandava o aviso de Fevereiro de 1790, e onde também trabalha

ria José Francisco de Paiva (25)

Exteriormente (Est. 100) e constituído por dois pisos,

com janelas de peitoril, tendo a fachada principal um corpo li-

geiramente saliente. Este forma o único sector que dá ao edifí

cio, dentro da sua grande simplicidade,uma certa nobreza. A di-

gnidade do granito que contrasta com a brancura dos corpos lat~

rais, a varanda corrida do primeiro andar, com as suas três ja-

nelas de sacada, e o frontão que remata o conjunto, onde se en-


- 593 -

centram as armas reais, sao os elementos que enobrecem o fron-

tíspio da Casa Pia.

O edifício inicialmente idealizado para uma única fun

çao - quartel das Partidas Avulsas - após a sua conclusão se-

ria destinado para outros fins: prisão dos calcetas; fábrica de

lonas, e para "huma Academia, ou Casa de Educação" (26). Esta

última, que lhe daria o nome pelo qual mais vulgarmente é co-

nhecida, nunca chegaria. a funcionar (27).

3. Capela de Nossa Senhora da Batalha

Situada a primitiva capela de Nossa Senhora da Batalha

em frente da Porta de Cima de Vila (Est. 108-D), seria substi-

tuída por uma nova, construída mais a sul (Est. 108-E). Liber-

tava-se assim o largo da Batalha de um edifício que, devido a

sua localização, impedia a circulação entre toda a nova zona da

Porta do Sol que ia adquirindo importância e as novas ruas de

Santo António e Santa Catarina. Criava-se também com a sua de-

molição urna praça mais vasta.

Ao incluirmos a nova capela da Batalha dentro dos edi-

fícios ligados à acção de Francisco de Almada e Mendonça, nao

foi, por o Desembargador e Corregedor ter sido nomeado inspe~

tor da sua construção~ mas por ter tomado um papel activo na

transferência do local da capela.

Em 1792 foi enviado um aviso a Francisco de Almada e

Mendonça, assinado pelo ministro Luís Pinto de Sousa, no qual

se ordenava a mudança da antiga capela de Nossa Senhora da Ba-

talha:
- 594 -

"Sendo prezente a Sua Magestade a urgente necessidade de


que há de se demolir a capella de Nos sa Senhora da Bata
lha edeficando se outra ermida em citio mais acomodado.
Hé a mesma Senhora servida ordenar a Vossa Senhoria con
formando se com o parecer do Reverendissimo Bispo dessa
Diocese que proceda immediatamente a demolição da mesma
capella construindo se em ~eu lugar outra de novo no ci
tio de humas cazas velhas e cahidas, que forão de João
Pereira Falcão com o terreno do muro a ellas contigue tü-
do a custa da consignação que Vossa Senhoria recebe pa-
ra as mais obras de que se acha encarregado" (28).

Francisco de Almada e Mendonça teria que avisar da reso

lução tomada nao so o bispo D. João Rafael de Mendonça (1771-1793)

mas também o Senado da Câmara. A despesa feita com a demolição

da capela antiga e a construção da nova seria paga pela "consi-

gnação" que o Corregedor e Provedor da Comarca do Porto rece-

bia para as outras obras que estavam sob a sua inspecção (29).

Demolida a capela e ntre 1792-1793, logo se deve ter da-

do início à construção da nova. Nada se sabe sobre o autor do

risco, nem quem foi o mestre pedreiro que arrematou a obra, já

que um incêndio que deflagrou na capela antes de 1816 (30} des-

truiu o arquivo que nela existia.

As obras terminaram em 1 79 8. Em Janeiro de 1 799 é des-

crita como "de todo completa a concluida" (31), sendo vista pe-

lo mestre pedreiro José de Sousa, um dos responsáveis pela cons

trução do Qua rtel do Segundo Regimento.

Demolida em 1924 (32) dela nos ficou uma descrição, fei

ta no auto de entrega, aos mesários do ofício de serigueiros "que

o são da Confraria, ou Irmandade" de Nossa Senhora da Batalha, p~


- 595 -

lo Senado da Câmara, proprietário da capela. Segundo o relato fei

to, tinha:

"a sua porta principal para a parte do nascente e huma


porta travessa para a parte do sul, hum altar mor, dois
coleteraes, seu coro por sima da mesma porta principal
hum pulpito na parede da parte do norte tem de cumprido
athé o arco cruzeiro do altar, ou capella mor quarenta,
e hum palmos, e de largo vinte, e cinco, e do arco do
cruzeiro athé a parede onde encosta o altar mor tem de
cumprido vinte e seis palmos, e de largo vinte, e dois
tudo isto medido pela parte de dentro tem mais para a
parte do norte a confrontar com a cappela mor huma caza
da sachristia, que tem de cumprido vinte, e dois palmos,
e de largo vinte e hum com sua porta para se entrar co-
mo entra direito a mesma cappela como por esta a dita
sachristia tendo esta tão bem entrada por hum corredor,
que pela mesma parte do norte se fez com sua porta que
o veda a faciar para a mesma parte do nascente cordean-
do com a frente das mais cazas, que se seguem para essa
mesma parte do norte, e fazem prospecto para a praça, ou
lugar da Batalha cuja porta e corredor tãobem da entra-
da, e serventia para a caza da sachristia que mais per-
tence a mesma capella e fica por sima da mesma sachris-
tia e tem a mesma largura e cumprimento desta tendo tão
bem huma janella de peitoril para a parte do norte, e
outra no meio da parede de cuja capella mor que fica p~

ra esta mesma parte e ão corresponder com o solho desta


mesma caza de secretaria e ainda como desta há outro cor
redor, que vem a ficar por sima do ja mencionado e da en
trada e serventia para o coro, e pulpito, e tem de cum-
p rido trinta e quatro palmos e de largo dez tendo à fren
te por sima da expressada porta que da entrada para o co~

redor de baixo de huma janella de sacada com suas grades


de ferro havendo tãobem por sirna deste corredor, e em to
- 596 -

do o cumprimento, e largura delle outra caza para assis


tencia de sachristão com sua janella de peitoril para a
mesma parte do nascente" (33).

A fachada da capela de Nossa Senhora da Batalha (Ests.

103-104), além da porta descrita na relação anterior apresenta


I

um janelão de sinuoso recorte, sendo rematada por um frontão cur

vo interrompido, onde um tímpano de linhas ondulantes, no qual

se abre Qm óculo, confere juntamente com o janelão, o movimento

que falta ao resto da composição do frontispício.

4. Matadouro

Em 1792, o administrador dos açougues públicos, Manuel

Félix Correia Maia, apresentou um relatório ao Senado da Câmara

sobre as condiçÕes precárias da "caza do matadouro'' (34). As razões apr~

sentadas detalhadamente incidiam principalmente em dois aspectos

fundamentais: a falta de espaço devido a exiguidade das instala

çoes - semana lmente matavam-se entre 130 a 140 bois - e as con-

dições em que a carne se encontrava antes de ser distribuída p~

ra os talhos, devido as "cazas do matadouro" serem "sordidas" (36),

o que não permitia a menor higiene.

Teve este relatório a melhor aceitação por parte do prQ

curador da cidade, Bento Gomes Delgado (1792-1795):

"O que reprezenta o administrador dos assougues publi-


cas desta cidade, he tão fundamental, que tocando todas
as indignidades da defeituoza caza do matadouro do gado,
parece que ainda não disse tudo, pois os olhos se enfa-
- 597 -

dão de ver tão hidiondas officinas. A cidade tem creci-


do concideravelmente; e fazendo se tantas Obras Publi-
cas de ruas novas, fontes e aqueductos, tem esquecido
esta, sendo da primeira necessidade, falta que reprovão
os nacionaes cultos, e estrangeiros puliciados" (36).

Não deixou mais uma vez, Bento Gomes Delgado, de criti-

car a política urbana inciada por João de Almada e Melo e ainda

que em ritmo mais lento continuada pelos seus sucessores. Ruas

novas, com as inevitáveis fontes e aquedutos, faziam esqueceras

obras fundamentais para a cidade. Alvitrava o procurador

que era necessário construir-se um novo matadouro, no mes-

mo local, mas maior do que o antigo.

A sugestão de Bento Gomes Delgado limitou-se a alguns

arranjos (37) . Por essa razão, já corno vereador, Manuel Félix

Correia (1796-1798), apresentou um requerimento na vereação de

6 de Fevereiro de 1796, no qual lembrava a conveniência de fa-

zer-se urna nova casa para "matadouro do gado", devido à incapa-

cidade de que existia (38).

Apresentado o pedido para a construção de um novo mata-

douro, logo aquele foi aceite e confirmado pelo aviso de 13 de

Setembro de 1796 (39), dirigido a Francisco de Almada e Mendon-

ça, que seria o inspector da obra . O matadouro antigo, depois de

concluído o novo, ficaria a servir para armazém da Real Casa Pia

"visto lhe ficar ~on tiguo" (40). Acompanhava o aviso a planta,

assinada por José de Seabra da Silva.

O projecto do novo matadouro (Est. 96) poderia ter sido

e laborado, caso tenha sido feito no Porto, pelo arquitecto da ci

dade, Teodoro de Sousa Maldonado, ainda que nenhum documento, até


- 598 -

ao momento, o refira. Após a sua morte, ocuparia o cargo de ar-

quitecto, José Francisco de Paiva (41), responsabilidade que~

teria até 1808 (42).

Escolhido o local, as Fontainhas (Est. 95), as obras ti

verarn início em 1797, concluindo-se já depois do falecimento de

Francisco de Almada e Mendonça, em 1808.

Para recreio público, foi criada, em fre n te do novo ma

tadouro (Est. 95), urna alameda (Ests.97-98), cujo traçado ( 43)

se poderá também atribuir a José Francisco . de Paiva. Com uma fon-

te, tanques para lavar roupa e árvores dispostas simetricamente

(Est. 97), formaria, a partir dos primeiros anos do século XIX,

um local de passeio para os portuenses.

Conclusão

As obras efectuadas no Porto debaixo da inspecção de

Francisco de Almada e Mendonça, foram restritas, ain da que si-

gnificativas para a cidade. Homem de confiança do Príncipe Re-

gente, foi-lhe entregue a responsabilidade da construção dos dois

edifícios públicos mais importantes erguidos no Porto nos finais

do século XVIII - o Quartel do Segundo Regimento e a Real Casa

Pia .

A demolição da muralha entre a Portas do Sol e Cima de

Vila, levou à criação de toda urna zona livre, que foi ocupada por

três obras a que o Corregedor e Provedor da Comarca do Porto am


o seu nome ligado: a Casa Pia, que lhe serviu de residência, o

Teatro de S. João e a capela de Nossa Senhora da Batalha, fica~

do a nascente do Quartel das Partidas Avulsas o novo matadouro e


- 5 99 -

a alameda das Fontainhas.

Todo este conjunto, que valorizou aquela área da cidade,

seria coroado por uma ponte que ligaria o largo defronte da Por

ta do Sol ao convento de Santo Agostinho da Serra, em Vila Nova

de Gaia. Um sonho, que nunca passaria do projecto elaborado po r

Cruz Amarante.
- 600 -

N O T A S

1) - Pela Carta Régia de 15 de Fevereiro de 1790 foi nomeado


fiscal e promotor das obras da barra do Porto. A.R.C.,
Ordens Régias, Pasta 18, nQ 7, s/fl. A.H.M.P., Obras Pú
blicas, nQ 2302, fls. 55v-56.

2) - COSTA, Agostinho Rebelo da - Descripção topografica, e


historica da cidade do Porto, Porto, Na Officida de An-
tonio Alvarez Ribeiro, 1789, pp. 184-185.

3) -Construido em 1699-1700 e demolido em 1869. Cf. FERREI-


RA, J.A. Pinto -Recolhimento de Orfãs de Nossa Senhora
da Esperança (Fundado na cidade do Porto no séc. XVIII),
Porto, Câmara Municipal do Porto, Documentos e Memórias
para a História do Porto- XLII, s/d, pp. 60-61, nota 2.

4) - Idem, ibidem, p. 60, nota 2.

5 ) - "A Junta do Arsenal desta cidade me pede pelo officio i~

c luzo haja de mandar entregar lhe as chaves da caza de-


nominada dos Celeiros que athe agora servia de aquarte-
lamento militar para n'ella se depozitarem os generos
da Real Fazenda que estão debaixo da administração da di-
ta Junta, antes porem de differir à sua requizição prec~

zo que Vossa Senhoria por serviço de Sua Alteza Real haja de


informar-me do que se lhe offerecer a similhante respei-
to huma ves que o dito edifício he publico desta cidade,
e tendo Vossa Senhoria as chaves do mesmo as remeterá a
este governo com a sua r espos ta. Deos Guarde a Vossa Se-
nhoria. Quartel General do Porto 24 de Janeiro de 1807.
Luiz d'Oliveira da Costa de Andrade
Coronel com o Governo interino das Armas"
A.H.M.P., Prazos e Compras, Livro nQ 74, fl. 168.

6) - A.H.M.P., Próprias, Livro nQ 72 , fls. 47- 47v.


- 601 -

7) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 47-47v.

8) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 47-47v.

9) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 47v.-48v.

( lO) - SERRÃO, Joaquim Veríssimo -História de Portugal [1750-


-180 7 ], Lisboa, ·verbo, 1982, p. 314.

( ll) - FRANÇA, José-Augusto - A arte em Portugal no século XIX,


vo l. I , Li sboa, Livraria Bertrand, 1966, p. 59.

( 12) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 47v.-48v.

( 13) - CARVALHO, Ayres de - Os três arquitectos da Ajuda. Do


''Rocaille" ao Neoclãssico , Lisboa, Academia Naciona l de
Belas-Art es, 1979, p. 103.

( 14) - Idem, ibidem , pp. 127-128.

( 15) - BASTO, Artur de Magalhães - Memór i a histórica da Acade-


mia Politécnica do Porto, Porto, Enciclopédia Portugue-
sa Limitada, 19 37, p. 68.

( 16) - A.D.P., Gove rno Civi l, Livro nQ 19, f ls. /.v . e Sv.

( 1 7) - A.H . M.P., Subs í dio Militar. Despesa com o Quartel de San


to Ovídio, Livro 2Q, fl. 57.

( 18) - A.H .M.P . , Idem , ibidem, fl. 70.

( 19) - A.D.P. , Idem , Livros nQ 19, 20, 21, 22 e 23 .

( 20) - A.D.P. , Idem, Livro, nQ 1 9, fl. 2.

( 21) - CORNI DE, D. José - Estado de Portugal e n el a no de 1800,


vol. I, Madrid, Imprenta y Función de Manuel Tello, 1893,
p . 182 .
- 602 -

( 22) - SOUSA REIS, Henrique Duarte de - Apontamentos para a his-


tória do Governo Militar do Pôrto até ao século XIX, POE
to, Publicação da Câmara Municipal do Porto, Documentos
e Memórias para a História do Porto- IX, s/d., pp. 113-
-118.

( 23) -FRANÇA, José-Augusto- ob-cit., p. 59.

( 24) - A.D.P., Governo Civil, Livro nQ 24, fl. 2.

( 25) - PINTO, Maria Helena Mendes - José Francisco de Paiva.


Ensamblador e arquitecto do Porto [1744-1824], Lisboa,
Museu Nacional de Arte Antiga, 1973, p. 58.

( 26) - A.H.M.P., Próprias, Livro nQ 50, fl. l80v.

( 27) -CERQUEIRA, F. de- A Casa Pia, in "O Tripeiro", Porto,


2Q. ano nQ 48, 1909, p. 190.

( 28) - A.H.M.P., Prazos, Livro nQ 44, fl. 467.

( 29) - Consignação paga pela Junta do Subsídio Militar da Cida


de. A.H.M.P., Próprias, Livro nQ 32, fl. 38.

( 30) - PATRÍCIO, Francisco José - A capella de Nossa Senhora da


Batalha, in "O Tripeiro", Porto, 3Q ano, nQ 103, 1913,
p. 491.

( 31) - A.H.M.P., Prazos, Livro nQ 44, fl. 468.

( 32) - BASTO, Artur de Magalhães - Silva de his tória e arte~

(Notícias Portucalenses), Porto, Editora- Livraria Pro


gredior, 1945, p. 160.

( 33) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 468-468v.

( 34) - A.H.M.P., Prazos e Compras, Livro nQ 74, fls. 149-150.


- 603 -

35) "não so por serem os pavimentos terreos, e por isso ser


precizo estrumarem-se com matos, que ainda sendo muda-
dos duas vezes na semana, com o trafico e trilho do ga-
do e humidade do mesmo produz mao cheiro" A.H.M.P.,Idem,
ibidem, fls. 149-149v.

( 36) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 150v.

( 37) - Cf. vol. II, p. 169.

( 38) - A.H.M . P., Livro de Vereações, nQ 93, fl. 17v.

( 39) - A.D . P., Governo Civil, Livro nQ 103, fls. 2-2v.

( 40) - A.D.P . , Idem, ibidem, fl. 2. A.H.M.P . , Prõprias, Liv ro


nQ 72, fl. 51.

( 41) - A.H.M . P., Livro do Cofre, nQ 99, fl. 4 2 .

( 42) -PINTO, Maria Helena Mendes- ob. cit., p. 23.

( 43) - Idem, ibidem, p. 23.


OBRAS PÚBLICAS SOB A INSPECÇÃO DE FRANCISCO DE ALMADA E MENDONÇA

PROJECTO CRONOLOGIA

OBRAS

AUTOR ATRIBUIÇÃO CONTRATO IN!CIO CONCLUSÃO

Quartel do Segurxlo RegiJrento r11 Reinaldo OUdinot (?) 1790 1805-1806

José da Costa e Silva (?)

Real casa Pia de Correcção e de Educação e Aquarte-i Reinaldo C>.Jclinot 1790 1 792-1804
lamento das Partiàas Avulsas r2]

cafela de Nossa Senhora da Batalha r3J 1792-1 793 1798

~!atacburo r4] Teodoro de SOusa ~ldonaào 1797 1808

Alameda das Fontainhas r5l José Francisoo de Paiva 1801 1808

0'1
o
"""
QUARTA P A R T E

O S H O ME N S
- 606 -

CAPÍTULO I

Dados sobre os argui tectos que trabalharam no Porto de 1757 a 1804

1. António Pinto de Miranda e o arquitecto cuja activi-

dade conhecida o associa à Cadeia e Tribunal da Relação, à nova

igreja da Ordem Terceira de S. Francisco e a alguns trabalhosp~

ra as Obras Públicas.

Restringida a sua acçao no Porto, até aornomento,às obras

acima mencionadas situa-se a trabalhar na cidade na última déca

da do século XVIII, mais precisamente entre 1794 e 1799.

Em 1794 (1) aparece referido corno arquitecto da Cadeia

e Tribunal da Relação. Desconhecemos a partir de que ano ocupa-

ria esse cargo, que o levaria a ser o responsável pela conclu-

sao do edifício que ficou pronto em 1796.

O lugar de "Archi tecto da Relação" levá-lo-ia a traba- ·

lhar para a Junta das Obras Públicas:

-em 1794 foi convocado para participar na avaliaçãodas

casas situadas desde a, já então extinta, Porta do Oli


' .
val até à travessa de S. Bento: Tarefa esta que execu

tou juntamente com: o arquitecto da cidade, Teodorode

Sousa Maldonado; o inspector das obras da Relação, Sl

mão de Araújo e Abreu e quatro louvados, dois mestres

pedreiros - Manuel João da Silva e José Dias - e dois

carpinteiros José Moreira de Azevedo e José Pedro Ri-

beiro (2);

- no ano seguinte acompanhado pelo mesmo arquitecto da

cidade e pelo engenheiro José Charnpalirnaud de Nussane,


- 607 -

participou na vistoria que foi feita para "abertura de

uma travessa de comunicação entre a rua da Sovela e a

rua do Almada" (3).

Não se limitariam a vistorias e a avaliações os servi

ços que prestou ao Senado da Cãmara. A Junta encomendou-lhe pl~

tas - o "deliniamentos, e riscos" (4) - pedindo António Pinto de

Miranda, em 1795, que lhe fosse pago o serviço que lhe deu ''hum

grande trabalho (5). o arquitecto não fazendo preço ao trabalho

que executou esperava por parte da Junta "ao menos por equidade

[ ... ] o donativo, que forem servidos, attendendo tãobem a que o

suplicante carece e não he muito abundante de bens" (6). Acompa-

nhava o requerimento a lista das plantas que tinha feito:

urna planta baixa com um projecto para as escadas, e

praça de Santo Ild~fonso;

- um prospecto para a rua nova de Santo António;

um prospecto para o lado da praça de Santo Ovídio fron

teiro aos Quartéis;

a planta baixa da pequena praça dos Lóios com as

obras de J o aquim Bento, e as ruas que nela entram;

- a planta baixa da praça Nova, e o prospecto dos qua-

tro l ados da mesma, cada um em seu papel ;

- um risco para reformar o chafariz da mesma praça;

- um plano para o rebaixe da rua das Taipas (7).

Como paga pelos trabalhos que executou recebeu por pa~

te da Junta das Obras Públicas quinze moedas de ouro (8).

Entre 1795 e 1799, António Pinto de Miranda trabalha-

ria para a Ordem Terceira de S. Francisco. Seria o responsável


- 608 -

pela traça: da nova igreja (9) i da obra de talha (lO) e do or-

gão(ll).

2. Damião Pereira de Azevedo pertencia a urna família de

grandes artistas que ocuparam um lugar de destaque na arte por-

tuense da segunda metade do século XVIII. Era filho do entalha-

dor Francisco Pereira Campanhã (12) e sobrinho dos mestres pe-

dreiros Caetano Pereira e João Pereira (13) , o primeiro dos qua~

aparece à frente das principais obras que foram feitas no Porto

nesse período.

Foi arquitecto da Relação, fez um projecto para a nova

igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, que foi preteridoa f~

v or do de António Pinto de Miranda e, em 1780, comprometeu-se a

"reedificar e acrescentar o retãbulo da Capela-Mor" da igreja de

Nossa Senhora da Vitória ( 14) . Entre os diversos trabalhos que rea-

lizou para a Ordem Terceira do Carmo, Damião Pereira de Azev edo

encarregou-se de fazer gratui tarnente o risco e de dirigir as obras

da sacristia e da rectificação da fachada desse lado da igreja(l5).

Pretendeu ser nomeado arquitecto civil das obras partic~

lares (16) reconhecendo-lhe a Junta das Obras Públicas a "Liber-

dade para fazer quaisquer plantas de particullares" (17), que t~

riam que ficar sujeitas à aprovaçao da Junta, a quem tinha tam-

bém solicitado o cargo de "Director das Obras da Cidade" (18).

Além de ter feito vãrias vistorias para Cãmara ( 19) foi in-

cumbido de fazer:

- as plantas do lado setentrional e do lado nascente da

praça de Santo Ovídio (20) i


- 609 -

três plantas de fontes "e copia a que se executou em

Cedofeita para estar na mão do mestre pedreiro" (21).

Esteve também durante "16 rnezes de asistencia na direc-

çao da construção da fonte de Cedofeita" recebendo por esse ser

viço 9$600 réis por mês (22).

O presidente da Junta, José Roberto Vidal da Gama, pe-

diu-lhe, em 1788, urna informação sobre urna planta que tinha apre-

sentado Gonçalo Pereira, para construir um edifício no lado nor

te da praça de Santo Ovídio, onde:

"conformando-se esta planta quanto for possíve l com os


preceitos, que devem observar se nos edifícios para o
uzo dos ricos particulares, e nos que cercão as praças
publicas em que segundo Monsieur Blondel Cours d'Archite~

ture torno 2 pagina 256 se deve empregar hurna ordem co-


lossal que abrace dous andares superiores, sobre hum em
bazarnento que forme o corpo das loges que reinão à flor
da terra[ ... ]. Nem se diga que considerando se este edi
ficio corno caza de campo, lhe bastará ter o andar regu-
lar sobre o corpo das logeas, ou ainda mesmo à flor da
terra, corno dis o citado Monsieur Blondel pagina 252, p~

ra que sendo as cazas de campo edificadas ordinariamen-


te para recreio nos centros dos predios rusticos, e re-
tiradas das cidades, corno se vê em Paladio Livro 2 capi
tulo 12 tratando da escolha de sitios para estes edifi-
cios" (23).

Damião Pereira de Azevedo esteve ainda ligado a obra da arcada

da Ribeira em 1810 (24).

3. Eugénio dos Santos e Carvalho "archi tecto da nova Li~

boa" e o "lQ archi tecto das Obras Publicas" ( 25) , nasceu em 1711
- 610 -

e veio a falecer em 5 de Agosto de 1760 (26)

Formado na Aula de Fortificação ( 27) descendia de uma fa

mília de pedreiros. Seu pai, António dos Santos, tinha sido pe-

dreiro e depois mestre de fazer riscos para obras. Também seu

avo paterno, António de Carvalho, exercera a profissão de pedr~

ro. Ambos eram naturais do termo de Mortágua.

Engenheiro e arquitecto, trabalhou desde 1736, nas for-

tificações do Alentejo (28), "mas muito pouco se sabe da sua vi

da e da sua carreira" ( 29) ainda que tenha tido algum relevo, PJis

"merecera o hábito de Cristo, relativamente novo, em 1749" (30).

Eugénio dos Santos foi: inspector das obras da Corte (31) ;

arquitecto supranumerário das obras do Paço da Ribeira (32) e

desempenhou também as funções de arquitecto do Senado da cidade

de Lisboa ( 33) .

A este homem - cujo nome nos liga à reconstrução de Lis

boa - deve o Porto o projecto de um dos edifícios mais importa~

tes que foram levantados no tempo dos Almadas - a Cadeia e Tri-

bunal da Relação.

4. Francisco Pinheiro da Cunha fazia parte da equipa de

Pedro GMlter da Fonseca que foi responsável pelo projecto nQ . 1

(seguindo a numeração do engenheiro-mar do Reino, Manuel da Maia)

para a reconstrução de Lisboa (34).

Vindo em 1758, como ajudante do sargento-mar Francisco

Xavier do Rego, para trabalhar no levantamento da barra de Avei

ro (35), deve-se-lhe o desenho de uma "Planta da Ria" (36). Tr~

balhariam ambos na demarcação, em 1761, da zona à volta da cid~

de do Porto, onde a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do


- 611 -

Alto Douro teria o exclusivo da venda dos vinhos (37) e foramos

responsáveis pela planta que, nesse mesmo ano, João de Almada e

Melo mandou executar da zona dos Laranjais (38).

Em 1762 foi-lhe feita mercê do posto de ajudante de In-

fantaria, com exercício de engenheiro, juntamente com Estevão de

Freitas Pereira, Claúdio António da Silveira, Joaquim José Cipr~

ano dos Santos, Francisco Gomes de Lima, Félix Duarte e Alexan-

dre José Montanhas, todos discípulos da Aula Militar (39). Seria

também em 1762 nomeado para o cargo de "ajudante das ordens do

general de infantaria D. Rodrigo António de Noronha e Menezes"(40).

A partir de 1764 até 1779 (41), Francisco Pinheiro da

Cunha sera o arquitecto-engenheiro responsável pelas Obras PÚ-

blicas - o seu primeiro director.

Em 1 76 4, de passagem pa ra Valença, foi incumbido da exe-

cuçao de várias tarefas pela Junta das Obras Públicas:

- reformou o alinhamento da rua do Almada, pondo-lhe~

bém os marcos;

- deliniou as suas travessas;

- levantou plantas para o novo bairro dos Laranjais;

- desenhou a fonte da rua do Almada e a porta do mesmo

nome;

- fez o projecto de uma fonte "que esta detreminado fa-

zer-se em Vila Nova na agoa ferrea" (42).

Por estes serviços e por diversas mediçÕes, entre as

quais a medição da obra de l ageamento da rua da Fonte Taurina

(43) receberia por parte da Junta 48$000 r é i s , antes de partir

para Valença "para onde he o seu destino " (44).


- 612 -

Pouco se deve ter demorado em Valença, já que em Abril

de 1765 o procurador da cidade, Pedro Henquel dizia que:

"o ajudante engenheiro Francisco Pinheiro da Cunha tem


andado em varias deligencias das Obras Publicas fazendo
mediçoins & tirando plantas e riscos, tanto dos terre-
nos como das prespectivas, tudo com muito cuidado e zel
lo" ( 4 5) .

Continuando a dar assistência às Obras Públicas ao lon-

go de 1765 e 1766, Pinheiro da Cunha só a partir de 1767 passol:l

a receber pelos serviços que prestava 96$000 réis anualmente:

"João de Almada e Mello do Conselho de Sua Magestade the-


nente general dos seus exércitos Governador das .Arr!E.s e das Jus-
tissas do Partido desta cidade prezidente da Carnara (46) e
da Marinha da mesma cidade. Como o ajudante engenheiro
Francisco Pinheiro da Cunha foi mandado vir para estaci
dade a fim de fazer as plantas das Obras Publicas da rres
ma e ter a seu cuidado o exame de se executarem na con-
formidade das ditas plantas, no que se tem empregado an
a actividade e zelo conhecido, sem que athe agora rece-
bese estipendio certo. Ordeno q~e daqui em diante se
lhe paguem noventa e seis mil réis por anno satisfazen-
do lhe com portaria "minha e a seus devidos tempos, pel-
lo dinheiro pertencente a consignação das referidas obras,
e para que fique constando a todo o tempo o ordenado que
lhe arbitro se registara esta no livro a que tocar. Por
tolde Janeiro de 1767. João de Almada e Melo" (47).

Esta quantia era-lhe paga em fracções mensais de 8$000

réis, como provam os inúmeros mandados de pagamento passados em


- 613 -

seu nome.

Desenhando plantas (46), acompanhando a execuçao das

mesmas, participando em vistorias, assistindo a tudo o que est~

va relacionado com as Obras Públicas, Francisco Pinheiro da Cu-

nha, que vimos ser também o autor dos apontamentos para a obra

da Cadeia e Tribunal da Relação, desempenhou um lugar fulcral

nas transformações urbanas operadas no Porto até 1779.

Arquitecto do Armazém da P6lvora na Afurada (Doe. nQ 11~

a elle se devem três obras das mais representativas do período

de João de Almada e ~1elo e que por terem sido demolidas nao che

garam até nos - a Porta do Almada, a Porta do Sol e a praça de

Santa Ana com a capela de S. Roque.

5. Francisco Xavier do Rego capitão de Infantaria com

exercício de engenheiro, foi nomeado em 1757 para o posto de sar

gento-mor de Infantaria (49) e em 1762 foi-lhe feita merce do

posto de tenente-coronel de Infantaria, com exercício de enge-

nheiro (50). A Francisco Xavier do Rego, ficou o Porto a dever

a planta (51) do novo bairro que se pretendia criar, de uma fo~

ma regular, numa zona extramuros da cidade denominada dos Laran

jais.

6. João Glama Stroberle, pintor (52) que, segundo Car-

los de Passos, veio de Lisboa depois de 1755 (53) para o Porto

onde pintou retratos e "quadros de assuntos religiosos e de te-

mas hist6ricos e aleg6ricos" (54). Como arquitecto apresentou um

risco, em 1756 para a igreja da Irmandade de Nossa Senhora da La

pa, que foi depois substituído - 1759 - por um projecto para a


- 614 -

mesma igreja da autoria de José de Figueiredo Seixas.

7. Joaquim da Costa Lima Sampaio ou Joaquim da Costa L~

ma , e ra filho do mestre pedreiro Veríssirno da Costa. Tendo tra-

balhado com John Whitehead, foi o autor, segundo a tradição, do

risco do palácio dos "Carrancas ". Mais tarde, 2 de Agosto de 1822,

foi nomeado pela Junta das Obras Públicas, arquitecto da cidade

(55), "na sequência do pedido de demissão" do arquitecto Luís Iná

cio de Barros Lima.

8. Joaquim Teixeira Guimarães P~ sucedeu na direcção das

Obras Públicas a Francisco Xavier do Rego, sendo nomeado para o

cargo em 4 de Agosto de 1779, por João de Almada e Melo:

"Por se haver recolhido à sua respectiva praça de Val-


lença o ajudante e~ginhe iro Francisco Pinheiro da Cunha,
que por ordem minha se achava encarregado da direçarn das
Obras Publicas desta cidade. Norneo para continuar no mes-
mo exercício ao padre Joaquim Teixeira Guimarães, porrne
constar, que nelle concorrem os requizitos, e mais qua -
lidades necessarias, para cumprir com a sua obrigaçarn, e
vencera o mesmo ordenado, que recebia o sobredito aju-
dante enginheiro . Porto 4 de Agosto de 1779" (56).

Ficava assim o sucessor de Francisco Pinheiro da Cunha

a auferir a mesma mensalidade, que eram 8$000 réis, ocupando o

cargo para o qual tinha sido nomeado até 1 7 87 (57), ainda que na

sessão da Junta de 27 de Agosto de 1789 estivesse presente corno

"Director que era de todas as Obras Públicas d e sse tempo" ( 58).


- 615 -

Exercendo corno o primeiro director das Obras Públicas

as diversas funções que lhe eram impostas pelo cargo que desem-

penhava, do padre Joaquim Teixeira Guimarães chegaram até nos

quatro plantas: duas de casas para a rua e travessa de Santa Ca

tarina (59); urna com o desenho do alçado de urna casa a edificar

na rua de Santo António (60) e outra "referente a um processo de

expropriação para alinhamento da rua da Porta de Carros" (61).

9. John Carr (1723-1807) foi durante cerca de meio secu

lo o principal arquitecto que trabalhou no Yorkshire e no norte

de Inglaterra (62). Filho, neto e bisneto de pedreiros (63) Carr

deixou-nos um grande número de obras - edifícios públicos e ca-

sas de campo ( 64) - num elegante estilo neopalladiano enriqueci-

do pela influência de Robert Adam (65).

A sua experiência corno arquitecto de hospitais - "The In-

firrnary" de Leeds (1769-71), "The County Lunatic Asylurn" de York

(1774-77) e "The County Hospital" de Lincoln (1776-77) - e as

suas relações com o cônsul John Whi tehead, levá-lo-iam a ser es-

colhido para executar o projecto do Hospital de Santo António.

10. John Whitehead cônsul da "noção britanica" no Porto

de 1756 a 1802 (66) teria tido urna grande irnportância-aindaque

documentalmente difícil de abranger - nas transformações que a

Junta das Obras PÚblicas realizaram no Porto, bem corno na arqu~

tectura neopalladiana que foi introduzida na cidade nesse perÍQ

do.

Arquitecto amador, descrito por Costigan corno ''urna pes-

soa pouco vulgar" (67), seria o responsável pelo projecto da Ca


- 616 -

sa da Feitoria e pelas obras realizadas na praça da Ribeira e

na capela de Nossa Senhora do· 6.

Todas estas obras iriam, juntamente com a construção do

novo hospital da Misericórdia e a actividade da Junta das Obras

Pfiblicas, criar no Porto "um movimento antibarroco'' (68). Es te

ainda que desenvolvendo-se paralelamente a um gosto que denomi-

naremos de tradicional (tardo-barroco/rococó), iria impondo a

cidade uma maneira diferente de sentir a arquitectura e que abr.!.

ria o caminho ao neoclassicismo. Neste percurso, a figura de John

Whitehead será talvez fulcral.

11. José Champalimaud de Nussane, sargento-mór de I nfan

taria com exercíci o de engenheiro (69) encontrando-se no Porto

em 1787, foi convidado pela Junta a aceitar o cargo de director

das Obras Pfiblicas. Deliberação esta tomada na sessao de 27 de

Setembro:

"Havendo informação de que nesta cidade se acha prezen-


te o sargento mor enginhei ro monsieur Champalimont su-
jeito h abil e que tirou ja hua planta desta cidade e pro-
víncia, e por isso com mais luz es para diretor das obras
projetadas, que fazendo objeto desta contrebuição; par~

ceu se lhe falase para saber se pode ou nao encarregar-


- se da mesma diresão, e o estipendio, que pertende ve n-
cer por e lla, para a Junta poder tomar a sua delibera-
são" (70).

Dera já . provas da sua capacidade para a função que a Jli!!

ta das Obras Pfiblicas lhe queria destinar . Al ém da planta do Por-

to que o documento acima refere , havia dirigido , em 1 773 , o ali


- 617 -

nhamento da rua de S. João com a praça da Ribeira (71) e, an 1782,

examinado por ordem de João de Almada e Melo a fortaleza de S.

João da Foz (72), elaborando o relatório dos consertos necessa

rios ( 7 3) •

José Champalimaud de Nussane ocuparia o lugar de direc

tordas Obras Públicas a partir dos finais de 1787. Em Novembro

desse ano, o Governador das Armas de Viana, D. João de Sousa,

participou a José Roberto Vidal da Gama, então presidente da

Junta das Obras Públicas, que em virtude do "Aviso Régio de 12

de Outubro o refe~ido engenheiro viria para o Porto, a fim de

se encarregar da direcção das obras " (74). Por este trabalho re

ceberia anualmente 300$00 réis (75).

Como os anteriores directores, Champalimaud de Nussane

desenhou diversas plantas necessárias para as obras que se pr~

tendiam fazer (76), assistindo a tudo o que era preciso ao bom

andamento das Obras Públicas.

Encarregado em 1789 "do delineamento e abertura da es-

trada de Guimarães" ( 77) , seria conservadq no cargo para que fo -

ra designado em 1787, pelo Av iso Régio de 11 de Setembro de

1789:

"Ainda que Sua Magestade por Avizo de trinta de Julho do


presente anno derigido a Vossa Senhoria fosse servida
dar por dispensado ao sargento mor de Infantaria can exer-
cicio de enginheiro Jozé Champalimaud de Nussane de tu-
do quanto estava encarregado para haver de cuidar no de
lineamento, e abertura da estrada de Guimaraens de que
fo ra . servida incumbi lo, semelhante ordem se não deve jul-
gar absoluta, mas sim interina e pelo t e mpo qu e durar a
- 618 -

sobredita comissão; devendo por este motivo ser conser-


vado como de antes na inspecção das Obras Públicas des-
sa cidade: o que participo a Vossa Senhoria para que fi
que nessa inteligencia. Deus guarde a Vossa Senhoria,P~

lacio de Queluz honze de Setembro de mil setecentos oi-


t enta e nove" (78).

José Champalimaud de Nussane, que, em 1789, tinha como

ajudante o furriel Luís António da Silva Pereira (79), estaria

à frente das Obras Públicas do Porto até 1794.

12. José de Figueiredo Seixas pintor e arquitecto, ini-

ciou a sua carreira no Porto na primeira daquelas duas artes, pi~

tando na Sé em 1734.

Como arquitecto, a cidade deve-lhe: o · risco que em 1756

executou para a igreja da Ordem Terc e ira do Carmo e que, em 1762,

"sofre u algumas emendas da mão de Nicolau Nasoni" ( 80) e que "foi

a grande obra " (81) de Figueiredo Seixas; o segundo ri sco para a

igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, sendo-lhe ainda atd

buída "varias moradias existentes no Porto'' (82) .

Tradutor em 173 2 da obra de Andrea Pozzo, Perspectiva pic-

torum et architectorum, mestre da Aula de Riscar do Porto (83) ,

autor do Tratado da Ruação (84), estendendo a sua actividade, c~

mo pintor, a Vila Real (85), José de Figueiredo Seixas e um ar-

tista sobre cuja a actividade muito se desconhece.

13. José Francisco de Paiva (1744-182 4 ) en samblador ear

quitecto (86) exerceu principalmente a sua actividade dentro da

primeira profissão, na q ual foi examinador do refer ido ofícioem


- 619 -

1784. Nesse ano, _ juntamente com António Ribeiro Duarte, passou

a certidão de exame de ensamblador a José da Silva Ribeiro (87).

Como arquitecto trabalharia: no Quartel de Santo Ovídio;

na nov a igreja de Valongo; no novo Matadouro e no Passeio das Rn

tainhas: A estas duas obras refere-se o mandado seguinte:

"Diz Joze Francisco de Paiva desta cidade que por ordem


do Illustrissimo Senhor Francisco de Almada e Mendonça,
foi o supplicante nomiado para architetto da obra do n~

vo Matadouro; e prassa das Fontainhas para lhe diliniar


todas as dimençoens" (88).

t ainda atribuída à sua actividade como arquitecto: um

imóvel na rua dos Quartéis; a praça de t ouros qt1e foi mandada cons-

truir para os festejos realizados no Porto pelo nascimento da I~

fanta D. Maria Teresa; com Teodoro de Sousa Maldonado alinhou e

demarcou os alicerces para a obra da igreja da Trindade, no Cal-

vário, sendo também mencionado como arquitecto e autor da planta

da igreja de Santa Maria de Campanhã (89).

14 . Luís Inácio de Barros Lima arquitecto ao serviço da

cidade de 1801 a 1822, ano em que pedindo a demissão do cargo se

ria substituído por Joaquim da Costa Lima Sampaio.

Em 1800 (90), requereu o lugar de arquitecto da cidade,

ainda que já trabalhasse para a Junta das Obras Públicas desde

1798. Deste ano, são duas plantas da sua autoria - ambas com o

alinhamento que tinha o caminho que ia do Campo de S. Lázaro p~

ra as Fontainhas, para sobre aquele se "regular a rua projecta-

da" { 91) .
- 620 -

Devido à necessidade que a Junta das Obras Públicas ti-

nha de um arquitecto permanente ao seu serviço, Pedro de Melo

Breiner, foi autorizado pelo Príncipe Regente a, interina e pr~

visóriamente,nomear um arquitecto civil hábil e idóneo (92). Ne~

sa altura, 1801, devido ao estado de guerra em que se vivia não

era possível "que os officiaes do Corpo de Engenheiros sejão dis

trahidos" (93). Em 1 de Outubro de 1801, seria Luís Inácio de

Barros Lima, nomeado pelo presidente da Junta, para o "emprego

de Architeto da Cidade" (94), recebendo de três em três meses p~

lo seu trabalho 50$000 réis (95).

As plantas datadas que desenhou entre 1801 e 1804 foram (96) :

- alinhamento e nivelamento da rua nova de S. Marçal ou

Santo António do Bolhão;

- elevação da planta geral da praça nova de Nossa Senho

ra da Lapa;

- alinhamento da rua de Campanhã, da casa do Cativo até

à capela do Senhor do Padrão;


- alinhamento da travessa da Carvalhosa;

- planta geral da travessa da Carvalhosa;

- mapa do terreno para a abertura da nova rua da Fonte

Nova;

- fonte da rua da Boavista;

- planta da rua da Alegria;

alinhamento da nova travessa para fazer a comunicação

entre a rua de Trás e a Ferraria de Cima.

Luís Inácio de Barros Lima fez inúmeros projectos de ca

sas para as antigas e novas ruas do Porto, podendo ser conside-

rado um dos arquitectos mais importantes da cidade na primeira


- 621 -

metade do s~culo XIX.

15. Manuel· Álvares,ou Manuel Alves, foi o arquitecto da

nova igreja do mosteiro de S. Bento da Av~ Maria. Natural de San

ta Cruz do Bispo, quase nada se sabe sobre a sua actividade.

Al~m do projecto que executou para a nova igreja das be

neditinas, em 1783-1784, Manuel Álvares deve ser o mestre pedrel

roda freguesia referida que, em 3 de Fevereiro de 1781 (97), j~

tamente com o mestre pedreiro Manuel João da Silva (98), fez um

contrato com Jos~ Tavares, Jos~ Carvalho - ambos do mesmo ofí-

cio - António Pinto, mestre rebocador e Jos~ Leite da Silva.

Segundo o documento, Manuel Álvares e Manuel João da Sil

va tinham arrematado "dous lanços de cais em seguimento do de

Gaya at~ à calçada da Serra", largando para os segundos outor-

gantes "a terça parte do lanço de cima cuja terça parte do dito

lanço principia da calçada da Serra para baixo" (99).

16. Manuel de Jesus Maria (P~ Frei) a quem~ atribuídoo

risco das obras executadas na igreja de S. Nicolau, foi o autor

da traça do retábulo da capela mor desta igreja paroquial, exe-

cutada pelo entalhador Jos~ Teixeira Guimarães (100).

Provavelmente, como já oportunamente observámos, seria

o responsável pela traça de outra igreja- a de Nossa Senhorada

Vitória.

17. Manuel dos Santos Porto, ou Manuel Jos~ dos Santos

Porto, a quem, a nosso ver pertenceria o projecto da igreja do

Recolhimento de Nossa Senhora do Patrocício, era natural de San


- 622 -

ta Cruz do Bispo.

Num documento de 30 de Junho de 1770 (101), em que assi

na como testemunha, juntamente com o mestre carpinteiro Manuel

de Oliveira Pedroso, é designado por "mestre arquitecto desta ci

dade".

Manuel dos Santos Porto, trabalhou para a Irmandade dos

Clérigos (102) sendo a sua obra mais importante o risco que exe

cutou para o retábulo da capela mor.

18. Reinaldo Oudinot ajudante de Infantaria por decreto

de 3 de Setembro de 1766 (103), sargento-mór a partir de 20 de

Março de 1780 (104) chegaria ao Porto, já com o posto de tenente-

-coronel de Infantaria com exercício de engenheiro, em 1 7 89, p~

rase ocupar das obras da barra do Douro, como determinav a o Avi-

so Régio de 20 de Setembro desse ano dirigido a José Roberto Vi-

dal da Gama :

"Sua Magestade manda passar a essa cidade ao thenente co


ronel Rainaldo Oudinot, para dispor, e examinar o neces-
sario a obra da barra na forma das instruçoens que se lhe
dam: e em quanto se não dam a este respeito outras prov~
dencias Vossa Senhoria fará pelo cofre das Obras Publicas
pagar os instrumentos, que elle vai encarregado de aprome
tar; dando conta com a despeza do que nisso se for exec~

tando. Deus Guarde a Vossa Senhoria. Palacio de Queluzem


vinte de Setembro de mil setecentos oitenta e nove Joze
de Seabra da Silva" (105).

Tendo trabalhado nas obras da barra de Aveiro, a sua e~

periéncia trá-lo-ia para o ~orto, para executar o "mapa topogr~


- 623 -

fico do rio Douro", tendo corno auxiliar o capitão de Infantaria

com exercício de engenheiro, Faustino Salustiano da Costa e Sá,

que assina em nome de Reinaldo Oudinot, em 31 de Dezembro de 1789

(106), a relação das despesas feitas para a execução do referi-

do mapa.

Pela Carta Régia de 15 de Fevereiro de 1790 (107), Rei-

naldo Oudinot, auxiliado pelo seu ajudante, foi incumbido de di

rigir os trabalhos relacionados com a abertura da barra do Por-

to, desde a foz do rio Douro até à cidade. A inspecção destas obras

foi atribuída à Junta da Companhia Geral da Agricultura das Vi-

nhas do Alto Douro, sendo fiscal .e promotor das mesmas . Fran

cisco de Almada e Mendonça. Oudinot permaneceria à frente das

obras da barra do Porto até 1804, altura em que foi enviado pa-

ra a ilha da Madeira. Em sua substituição ficaria, primeiro o

sargento-mór Luís Gomes de Carvalho (108), e a partir de Maio d e

1804 por ter mais patente, o tenente-cor.onel do Real Corpo de E!!


genheiros, Faustino Salustiano da Costa e Sá (109).

A Reinaldo Oudinot ficaram ligadas as construções cb QuaE_

tel do Segundo Regimento e da Real Casa Pia, cujo projecto foi

da sua autoria. A sua actividade estendeu-se ainda a Póv oa de

Varzim.

Pedro de Melo Breiner, numa carta de 10 de Setembro de

1800, na qual pedia para ser nomeado um arquitecto para a cida-

de, refere-se a Oudinot. Nessa carta dirigida para a secretaria

dos Negócios do Reino, dizia:


- 624 -

"Na occazião prezente se acha. aqui o coronel Reynaldo Ou


dinot com outros officiaes do Corpo de Engenheirosàs or-
dens, e ja principiou a encarregar-se o dito coronel de
huma obra das mais principaes desta commissão, qual he o
encanamento da agua de Paranhos, que he a principal que
vem a cidade, e muito necessaria porque vem à cadea e hos
pital; porem por huma intriga, que houve entre elle, eo
procurador da cidade, sem que eu possa saber qual delles
teve razão na origem, esta a obra parada, e a Junta em
melindre com o di tto coronel, de sorte que eu nao ouzo nan
chama lo, nem servir me de outro [ •.• ]. O que mais aqui
se preciza, he de hum architecto civil, e por isso quan-
do haja de ser nomeado algum official do Corpo, precizo
he que os seus maiores conhecimentos sejão aquelles.A gr~

duação do ditto Reynaldo Oudinot, e alguma aspereza de


genio de que elle he dotado, segundo me inforrnão, a re-
zidencia em que .elle esta fora da cidade, e perto de huma
legoa, a incurnbencia que tem da obra da barra, são tudo
circunstancias, que parecem o fazem menos próprio parae~

te emprego " (110).

O presidente da Junta das Obras Públicas, caso o P rínci

pe Regente não permitisse a nomeação de um arquitecto civ il e

quizesse para o lugar um engenheiro militar, alv itrav a o nornedo

tenente Carlos Luís Ferreira da Cruz Amarante "que por algumas

obras que tem dirigido nesta provincia, corno a ponte de Amaran-

te, tem merecido bastante conceito, concorrendo muito para isso

a sua prudencia, e mansidão de caracter" (111). Corno referimos,

o lugar seria ocupado por Luís Inácio de Barros Lima. Cruz Ama-

rante, corno arquitecto, desenvolveria uma actividade notável no

Porto, principalmente depois de 1804.


- 625 -

·19. Teodoro de Sousa Maldonado foi o primeiro arquitec-

to da cidade, cargo que começou a desempenhar a partir de 1792

e onde permaneceria até a sua morte ocorrida em 1799 (112), ain

da que trabalhasse para a Junta das Obras Públicas desde 24 de

Abril de 1789 (113).

Entre 1789 e 1792 executou diversas tarefas para a Jun-

ta, como ele próprio refere, numa lista que elaborou para acom-

panhar o pedido de recompensa pelos trabalhos efectuados. Estes

foram:

as plantas da fonte do Poço das Patas, do cais do Mos

queiro - teria feito outra em 1795 (114) - da fonte de

Cedofeita, da rua do Almada, paredão da Neta, do arco

"reformado" para o aqueduto das beneditinas "na rua n~

va de Santo Antonio", do paredão das Virtudes, do aque-

duto de Salgueiros, das escadas do Codeçal (115), da

calçada dos Clérigos (116), entre outras;

- os mapas das ruas que "então se calçarão com suas rne-

diçoens, vez i tando todos os dias as mesmas obras" (117).

Além destes trabalhos foi nomeado para ajudar José Cha~

palirnaud de Nus sane "em todas as operaçoens geornetricas, cano foi

nas rnediçoens para a planta do cais de Miragaia para · varios ali

nharnentos e declives corno o da nova rua nova do Padrão das Al-

mas que ultimamen te o supplicante terminou (118), e fez a plan-

ta que se acha approvada no archivo" (119). Na ausência de Nus-

sane, Teodoro de Sousa Maldonado substituía-o, suprindo todasas

obrigações que pertenciam ao director das Obras PÚblicas semque

" fosse descuberta ornmissão alguma, ou repugnancia na execuçam do

que se lhe determinava" (120).


- 626 -

As qualidades demonstradas entre 1789 e 1792 por Teodo-

ro de Sousa Maldonado levariam a que o Senado da Câmara do Por-

to o noroeasse arquitecto da cidade. Esta resolução seria tomada

numa vereaçao extraordinária efectuada em 30 de Maio de 1792:

"E logo nesta vereaçao; atendendo ao requerimento do b~

charel Theodoro de Souza Maldonado, em que reprezentava,


que tinha feito a sua formatura na Universidade de Coiro
bra em a faculdade de Mathematica, como mostrava por suas
cartas e que nos Estatutos da mesma Universidade L. 3Qp~

2 ttQ 1 e Pª. 2 & 11 se prometia como premio aos que se


formasem em a referida faculdade os lugares de architte
tos das cidades deste Reyno, e que em consequência dis-
to elle d evia ser pela Camara desta cidade nomiado ar-
chiteto della, estabecendo lhe ordenado competente, mui-
to principalmente dipois delle suplicante ter mostrndo a
sua idoneidade em as plantas que ja tem fe ito e todas as
deligencias, que pela mesma Camara, e Junta das Obras Pu
blicas desta cidade lhe forão encarregadas respeitantes
ao ditto officio de architheto; e attendendo-se digo ao
dito requerimento, por serem certas todas as cauzas nele
allegadas, e haver nececidade nesta cidade de architheto
nomiarão em o dito lugar o r eferido bacharel Theodoro de
Souza Maldonado" (121).

Na mesma vereaçao assentaram pedir à Rainha a provisão

necessária para lhe darem por ano 96$000 réis, tirados do cofre

das Obras PÚblicas, quantia que tinham pago tanto a Francisco Pinheiro

da Cunha, corno ao padre Joaquim Teixeira Guimarães.

Em Abr il de 1793 receberia 480$000 réis que lhe foram "ar-

bitrados em pagamento do serviso que tinha feito ao publico no

tempo de quatro anos" (1 22 ), ficando a receber por ano 120$000


réis (123).
- 627 -

A partir de 1792, já então arquitecto da cidade, a sua

actividade foi intensa . A ele se devem inúmeras plantas al~s

delas relacionadas com as obras mais importantes que entre aqu~

la data e o ano em que faleceu se executaram no Porto, das quais

destacamos: as da rua de Santo António (124); calçada dos Clér~

gos (125) e rua da Boavista (126). Devem-se-lhe também diversos

projectos para casas que tinham que ser construídas segundo as

plantas que a Junta das Obras Públicas aprovasse.

Teodoro de Sousa Maldonado, arquitecto, hábil no desenho

(127) e poeta (128) foi o personagem, ao lado de Champalimaudde

Nussane, que directa ou indirectamente mais marcou a arquitect~

ra do Porto no último decénio do século XVIII.

20. Vicente Mazzoneschi cenógrafo e arquitecto, ou como

ele próprio se identificava "Romano, Arquictecto, e Pintor de

Perspectiva" (129) teria vindo para Portugal chamado por Sebas-

tião da Cruz Sobral para trabalhar no "Teatro da Rua dos Condes'~

passando depois para o de S. Carlos (130).

A sua formação e a sua actividade em Itália sao desco-

nhecidas. Antes de 1793 encontrava-se em Espanha, mais precisa-

mente em Málaga . Em 12 de Novembro daquele ano foi inaugurado o

Teatro Principal, cujo projecto se ficou a dever a Vicente Maz-

zoneschi (131) . Em Abril de 1794 estava ainda na referida cida-

de espanhola. Nessa altura, os capitulares da Catedral de ~lála­

ga, tendo conhecimento da presença na cidade do arquitecto ita-

liano e sabendo que:


- 628

"tenía bastante habilidad en el arte, y, com rnoti vo de lo


rnucho que habia vi.sto en Italia y en Espana, poderia fo_!:
mar un plazo para el tabernáculo que faltava en esta igle
sia y po~ la proporción de tenerlo aqui sería menos ces-
toso que si fuera necesario traerlo de fuera" (132);

encomendaram-lhe um desenho que expressase "de qué colores debían

ser los rnárrnoles y en que parte de Italia o de Espana los habia

mas especjales y el cesto que su conducción a esta ciudad podía

tener" (133). Vicente Hazzoneschi executaria quatro desenhos: "uno

del suelo de la capilla rnayor, otro del plan del t a-

bernáculo, otro de frente o fachada _.y el cuarto de

perfil" (134). O orçamento dado foi de 500 ducados, prometendo

dar o trabalho, concluído segundo afiançava, no Natal de 1796.

A obra para a Cadetral de Málaga não o prenderia à cida-

de. Lá ficaria o arquitecto José Martín Aldehuela que, corno ar-

qui tecto da Catedral, foi incumbido da obra. Vindo para Portugal, em

princípios de 1795 encontrava-se na capital, corno se pode ler na

Gazeta de Lisboa de 26 de Janeiro de 1796 - "havendo há hum anno

a esta parte tido a honra de servir aqui o PÚblico corno Pintor ·

de Decorações no Real Theatro de S. Carlos" (135).

Em 1796 encontramo-lo no Porto, onde, por iniciativa de

Francisco de Almada e Mendonça, se iria edificar um teatro, e do

qual Mazzoneschi foi o arquitecto, aproveitando-se a sua prese~

ça foi consultado para a construção do "cerni tério subterrâneo sob

o pavimento" da nova igreja da Ordem Terceira de S. Francisco (136).

Desconhecemos se, corno arquitecto, a cidade lhe deve

mais do que referimos, ainda que urna notícia inserida na Gazeta


- 629 -

de Lisboa de 25 de Julho de 1801, na qual oferecia ao público os

seus serviços dê a entender que sim - '~Vicente Mazzoneschi, Ro-

mano, Arquitecto e Pintor perspectivo, havendo por 8 annos dado

provas da sua habilidade pela construcção do Theatro do Porto,e

de outras obras naquella cidade" (137).

Conclusão

Nas construções e transformações urbanas realizadas no

Porto de 1757 a 1804, encontramos como responsáv eis dos projec-

tos das obras um conjunto de personalidades com a mais diversi-

ficada formação, que exe rceram a mesma actividade - a de arqui-

tecto.

Devido a esta característica encontramos: pintores; ar-

quitectos civis e e ngenheiros militares, cuja diferença no Ant!

go Regime, segundo Bonet Correa, "no era la formación ni el tí-

tulo, sino la práctica profisional"; mestres pedreiros de arqu!

tectura, que devido a uma tradição familiar ou pela experiência

adquirida, aparecem como arquitectos, alguns dos quais ultrapa~

sam a f unção do arquitetcto - conceber edifícios - pois além de

desenhá-los tomam parte do "acto físico" da construção (Spiro Ko~

tof); e alguns amadores. Apesar da diversificada formação, em t~

dos eles encontramos um elemento comum - o conhecimento dos tra

tados de arquitectura.

Estes, difundindo normas de fácil apreensao pennitiam - mes

mo para aqueles que afastados "tanto en lo geografico como en

su forrnación intelectual", como de qualquer "possible discusion


- 630

sobre el sentido de la arquitectura" (Carlos Sambricio) - proje-

ctar edifícios, abrir ruas, organizar urna praça.

Os engenheiros que trabalharam no Porto trouxeram para

a cidade toda uma experiência colhida na rnanualística militar e

na prática adquirida - na Lisboa pombalina; tal foi o caso de

Francisco Pinheiro da Cunha.

A falta de documentação precisa sobre a formação e acti

vidade de muitos dos arquitectos que contribuíram para o enriqu~

cimento arquitectónico e para a renovaçao urbana que marcou o

Porto dos Alrnadas, impede-nos de momento, de avançar sobre esta

problemática. A necessidade de estudos biográficos sobre algu-

mas destas figuras é premente. SÓ depois desse trabalho concre-

tizado poderemos ter urna visão mais completa daqueles que, atr~

vês dos seus riscos, foram os arquitectos do Porto alrnadino.


DIRECTORES E ARQUITECTOS DAS OBRAS PÚBLICAS

Directores das Obras Pfiblicas

1764-1779 Francisco Pinheiro da Cunha, engenheiro militar

1779-1787/1789 padre Joaquim Teixeira Guimarães, arquitecto amador

1789-1794 Jo sé Champalimaud de Nussane, engenheiro militar

Arquitectos da Cidade

1789/1792-1799 Teodoro de Sousa Ma1donado

1801-1822 Luís Inácio de Barros Lima

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- 632 -

N O T A S

1) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2308, fls . 2-3.

2) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 2-3.

3) - MEIRELES, Maria Adelaide - Catálogo dos Livros de Plan-


tas, Porto, Arquivo Histórico, Câmara Municipal do Por-
to, 1982, p. 18.

4) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 81, fl. 244.

5) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 244.

6) - A.H.M.P., Idem, ibidern, fl. 244.

7) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 246. MEIRELES, Maria Adelai


de- ob. cit., p. 18, p. 66[92], p. 71[120] e p. 79 [159].

8) - "Dou os meus poderes ao senhor Joze Antonio de Souza Go


mes para que possa receber do cofre das Obras Publicas
quinze moedas de ouro, que me fes arbitrar a dignissima
Junta das mesmas pelo que fis de desenhos para a mesma
e poderá asignar no livro como se eu proprio fosse. Por
to a lo de Setembro de 1795.
Antonio Pinto de Miranda"
A.H.M.P., Idem, ibidem, fl . 245.

9) - BASTO, Artur de Magalhães - Apontamentos para um dicio-


nário de artistas e artífices que trabalharam no Porto
do século XV ao século XVIII, Porto, Câmara Municipal do
Porto, Documentos e Memórias para a História do Porto -
XXXIII, 1964, p~ 52.

lO) - Idem, ibidem, p. 511 .


- 633 -

( 11) - Idem, ibidem, p. 216.

( 12) - "Mariana Roza viuva que ficou de Francisco Pereyra Cam-


panham mestre entalhador, e seus filhos Damião Pereyra
de Azevedo, Joanna Joaquina, e Anna Thereza solteiros [ ... ]
moradores na rua nova de Almada [ ... ] e bem asim seu cu
nhado, e tio João Pereyra mestre pedreiro morador n o lu
gar do Pinheiro da freguezia de Santa Maria de Carnpanharn
e Joze Fernandes Neves mestre emxamblador". A.D.P., Po-
9, 4ª série, nQ 146, fls. 65-67.

( 13) -BASTO, Artur de Magalhães- ob. cit., p. 90 .

( 14) - Idem, ibidem, p. 50.

( 15) _ FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha e Memória


histórica da Ordem Terceira de Nossa Senho ra do Carmo
da cidade do Porto, Porto, 1956, p. 7 1.

( 16) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit . , p. 20.

( 17) - A.H.M.P . , Livro do Cofre, nQ 102, fls . 132-133. MEIRELES,


Maria Adelaide- ob . cit., p. 20.

( 18) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob . cit., p . 20.

( 19) - Idem, ibidem, pp . 21-22 .

( 20) - Idem, ibidem, p . 20 .

( 21) - A. H. M.P., Livro do Cofre, nQ 102 , fl. 125 e fl . 13 4 .

( 22) - A. H.M . P., Idem, ibidem, fl. 125.

( 23) - A. H. M. P., Idem, ibidem, fl. 136.

( 24) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 21.


- 634 -

( 25) - B.A.C.L., S~rie Azul, nQ 945, s/fl.

( 26) -VASCONCELOS, Jos~ Augusto do Amaral Frazão de - Eugé-


nio dos Santos. Arquitecto de Lisboa Pombalina, Lisboa,
Imprensa da Armada, 1934, p. 6.

( 27) - FRANÇA, Jos~-Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo,


Lisboa, Livraria Bertrand, 1977, p. 102.

( 28) - Idem, ibidem, p. 102.

( 29) - Idem, ibidem, p. 102.

( 30) - Idem, ibidem, p. 102.

( 31) - Idem, ibidem, p. 102.

( 32) - Idem, ibidem, p. 102.

( 33) - Idem, ibidem, p. 102.

( 34) - Idem, ibidem , p. 87 e p. 92. Idem - Les six plans de la


Lisbonne Pombaline, in "Colóquio", Lisboa, 2ª s~rie, nQ
8, 1972, p. 31.

( 35) -MEIRELES, Maria Adelaide - ob. cit., p. 22. MENDES, H.


Gabriel - Cartografia e engenharia pombalinas da ria e
barra de Aveiro, in "B oletim do Arquivo Histórico Mili-
tar", vol. 43, Lisboa, 1974, pp. 11-17.

( 36) - Idem, ibidem, p. 14.

( 37) - MOURÃO, Ramiro - Àcerca dum privilégio concedido à Com-


panhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em
1756, in "Anais do Insti tuto do Vinho do Porto , Porto,
nQ 2 , 1941, pp. 37-44.
- 635 -

( 38) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 60[65].

( 39) - SANTOS, H. Madureira dos - Catálogo dos decretos do ex-


tinto Conselho de Guerra na parte não publicada pelo Ge-
neral Cláudio de Chaby, III vol., Lisboa, Separata do
"Boletim do Arquivo Histórico Militar", 1961, p. 122.

( 40) - Idem, ibidem, p. 206.

( 41) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., pp. 22-23.

( 42) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 17, fl. 261.

( 43) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 22.

( 44) - A.H.M.P., Idem, ibidern, fl. 261.

( 45) - A. H.M.P., Idem, nQ 18, fl. 166.

( 46) - No que dizia respeito às Obras Públicas.

( 47) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fl. 31. BASTO, Artur


de Magalhães- ob. cit., p. 221.

( 48) - MEIRELES, Maria Adelaide - ob. cit., p. 67 [97] ,p. 68[102]


e p. 72[123].

( 49) - VITERBO, Francisco Marques de Sousa - Diccionário histó-


rico e documental dos archi tectos, engenheiros e construo-
tores portuguezes ou a serviço de Portugal, v ol. II, Lis
boa, Imprensa Nacional, 1904, p. 357 .

( 50) -SANTOS, H. Madureira dos- ob. cit., p. 91.

( 51) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 60[65] .


- 636 -

( 52 ) - MACHADO, Cyrilo Wolkmar - Collecção de memorias relati-


vas às vidas dos pintores e escultores, archi te tos e g~

vadores portuguezes, e dos estrangeiros que estiverãoem


Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1922, pp.
107-108.

( 53) - PASSOS, Carlos de - O Pôrto na arte nacional, in "Nova


monografia do Pôrto", Porto, Companhia Portuguesa Edito
ra, 1938, p. 303.

( 54) - GONÇALVES, Flávio - A arte no Porto na epoca do Marquês


de Pombal, in "Pombal Revisitado", vol. II, Lisboa, Edi
torial Estampa, 1984, p. 113.

( 55) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 26.

( 56) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2301, fl. 94v.

( 57) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 27.

( 58) -Idem, ibidem, p. 27.

( 59) - Idem, ibidem, p. 52 [24 e 25].

( 60) - Idem, ibidem, pp. 27-28.

( 61) - Idem, ibidem, p. 28.

( 62) - COLVIN, Howard - A biographical dictionary of Britsh ar-


chitects .l600-1840, London, 1978, p. 189.

( 63) - Idem, ibidem, p. 189.

( 64) - MIDDLETON, Robin e WATKIN, David - Archicture Moderne


17 50-1870. Ou néo-classicisme au néo-gothique, Paris,
Berger-Levrault, 1983, p. 391 .
- 637 -

( 65) - Idem, ibdiem, p. 391.

( 66) - DELAFORCE, John - The Factory House at Oporto, London,


Christie's 'Wine Publications, 1983, p. 106.

( 6 7) - COSTIGAN, Arthur William - Cartas de Por tugal (1778-1779),


vol. I, Lisboa, Edições Ática, s/d, p. 144 .

( 68) - FRANÇA, José-Augusto - A arte em Portugal no século XIX,


vol. I, Lisboa, Livraria Bertrand, 1966, p. 58.

( 69) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 29.

( 70) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fl. 4.

( 71) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 30.

( 72) - Acompanharam-no no exame à fortaleza de S. João da Foz


os mestres pedreiros Caetano Pereira e José Pereira e o
mestre carpinteiro José Francisco Santiago . A.H.M.P., Li
vro do Cofre, nQ 36, fl. 8.

( 73) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 66-67.

( 74) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., pp. 29-30.

( 75) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fls. 27v . -28.

( 76) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 30, p. 57[49],


p . 74 [137], p. 79 [158] e pp. 82-83 [179].

( 77) - Idem, ibidem, p. 31.

78) - A. H.M.P ., Obras Públicas, nQ 2302, fl. 45v.

( 79) - A.H.M.P., Li vro do Cofre, nQ 53, fl. 60.


- 638 -

( 80) - FREITAS, Eugénio Andrêa da Cunha e - José de Figueire-


do Seixas. O homem e o artista, in "O Tripeiro", Porto,
VI série, ano IV, 1964, pp. 257-258.

( 81) - MOREIRA, Rafael - Uma utopia urbanística pombali n a: o


"Tratado da Ruação" de José de Figueiredo Seixas, in "Pan
bal Rivisitado", vol. II, Lisboa, Editorial Estampa., 1984,
p. 134.

( 82) -GONÇALVES, Flávio- ob. cit., p. 106.

( 83) -MOREIRA, Rafael- ob. cit., p. 135.

( 84) - Idem, ibidem, pp. 133-144.

( 85) - BRANDÃO, Domingos de Pinho - José de Figueiredo Seixas.


Algumas obras. Alguns documentos, Porto, Separata da Re
vista "Museu", 1964, pp. 9-12.

( 86) - PINTO, Maria Helena Mendes - José Francisco de Paiva. En-


samblador e arquitecto do Porto [1744-1824], Lisboa, Mu
seu Nacional de Arte Antiga, 1973.

( 87) - A.H.M.P., Livro de Registo, nQ 11, fls. 431-432v.

( 88) - A.H.M . P., Livro do Cofre, nQ 101, fl. 277.

( 89) -PINTO, Maria Helena Mendes, - ob. cit., pp. 22-23.

( 90) - A. H.M.P . , Obras Públicas, nQ 2272, fl. 6v.

( 91) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 69[10 8] e p. 82


[177] .

( 92) - A.H . M.P., Idem, nQ 2300, fl. 41.

( 93) - A.H.M.P . , Idem, ibidem, fl. 41.


- 639 -

( 94) - A.H.M.P., Idem, nQ 2272, fl. 7.

( 95) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 111, fl. 139.

( 96) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 67[99], p. 79


[161], p. 50[15], PP· 52-53[27], p. 71[122], p. 83[180] I

p. 60[62], p.72[124] ep. 53 [32].

( 97) - A.D.P., Po-2, nQ 350, fls. 47v.-48v. Referido em BASTO,


Artur de Magalhães- ob. cit., p. 24. Foram testemunhas
do contrato: José de Beça Correia, mestre carpinteiro;
Joaquim da Silva Mafra "mestre que foy das obras da igr~

ja dos Clerigos" e Veríssimo da Costa, mestre pedreiro.

( 98) - Morava na rua do Almada.

( 99) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 47v.

(100) -GONÇALVES, Flávio- ob. cit., p. 122.

(101) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 95, fl.

(102) - COUTINHO, Bernardo Xavier - A igreja e a Irmandade dos


Clérigos. Apontamentos para a sua história, Porto, Cãma
ra Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a His
tória do Porto- XXXVI, p. 663.

(103) - VITERBO, Francisco Marques de- ob. cit., vol. II, pp.
233-234.

(104) -SANTOS, H. Madureira dos- ob . cit., vol. IV, p. 173.

(105) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2302, fl. 46.

(106) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 66, fls. 255-255v.


- 640 -

(107) - A.R.C. Ordens Régias, Pasta 18, nQ 7, s/fls.

(108) - A.R.C. -, Idem, Pasta, 30, nQ 112, s/fls.

(109) - A.R.C., Idem, Pasta 31, nQ 39, s/fls.

(110) - A.N.T.T., Ministério do Reino, Maço 355, s/fls.

(111) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(112) - Faleceu em 9 de Outubro de 1799. Era solteiro e foi se-


pultado na capela das Almas (rua de Santa Catarina) . A.D.P.,
Secção do Registo Civil, Porto, Freguesia de Santo Ilde-
fonso, 6bitos, nQ lO,fl. 13. Era filho de Bernardo Ribei
ro de Sousa e de sua mulher Antónia Joaquina de Vasconce
los Maldonado. A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 99, fl. 126v.

(113) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 76, fl. 131. Ano em que fez
diversas plantas. Cf. A.H.M.P., nQ 2598.

(114) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 75 [141].

(115) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 76, fl. 131.

(116) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13lv.

(117) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 131.

(118) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 69[107].

(119) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13lv.

(120) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 13lv.

(121) - A.H.M.P., Livro de Vereações, nQ 91, fl. 250v.

(122) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2285, fl. 79.


- 641 -

(123) - 1794 recebeu 26 · moedas


1795 recebeu 30 · moedas
1796 recebeu -.
140$000 rels
1797 recebeu 28 moedas
Cf. A.H .M. p. I Livro do Cofre, nQ 90, fl. 294.

(124) -MEIRELES, Maria Adelaide- ob. cit., p. 50[11], p. 52


[22], p. 66[91 e 95].

(125) - Idem, ibidem, p. 53 [28], p. 71 [118], pp. 72-73 [128], p.


73 [129].

(126) - Idem, ibidem, p. 78[155].

(127) -Autor da vista do Porto de 1789.

(128) - "Na Poesia Pastoril nao tem superior, e com facilidade


admiravel produz os melhores, e os mais armoniosos ver-
sos neste· genero". COSTA, Agostinho Rebelo da - Descrip-
çao topografica, e historica da cidade do Porto, Porto,
Na Officina de Antonio Alvarez Ribeiro, 1789, p. 350. A
morte do Príncipe do Brasil, D. José (1761-1788) levá-
-lo-iam a escrever: Epicedio na morte do Serenissimo Se--
nhor D. Joze Principe do Brazil e exequias, que com tan-
ta magnificencia fez celebrar o Senado da Cidade do Por-
to, Porto, Na Officina de Antonio Alvarez Ribeiro, 1788
e Elegia na morte do Serenissimo Senhor D. Joze Princi-
pe do Brazil, Porto, Na Officina de Antonio Alvarez Ri-
beiro, 1788.

(129) -Gazeta de Lisboa, Lisboa,nQ IV, Na Regia Officina Typo-


grafica, 1796 (Janeiro, 26).

(130) - DIAS, João Pereira - Cenários do Teatro de S. Carlos,


Lisboa, Publicação do Ministério da Educação Nacional,
1940, pp. 29-30 e Idem - Cenógrafos italianos em Portu-
- 642 -

~' Lisboa, Separata do nQ 4 dos "Estudos Italianos em


Portugal", 1941, p. 7.

(131) - SUPERVIELLE, José - Guia de Málaga y su província. Indi-


cador del comercio y la industria, Málaga, 1908, p. 325.

(132) - LLORDÉN, Andrés - El Tabernáculo de la Santa Iglesia Ca-


tedral malaguefia. (Notas hist6rico-artisticas), in "Gi-
bralfaro", Málaga, ano VII, nQ 7, 1957, p. 13.

(133) - Idem, ibidem, p. 13.

(134) - Idem, ibidem, p. 13 .

(135) - Gazeta de Lisboa, Lisboa, nQ IV, Na Regia Officina Typo-


grafica, 1796 (Janeiro, 26).

(136) -BASTO, Artur de Magalhães- ob . cit., p. 419.

(137) - VITERBO, Francisco Marques de Sousa- ob. cit., vol . II,


p. 158. Em Lisboa, colaboraria com Costa e Silva, nos
"planos ideados para as casas de aluguer das Pedras Ne -
gras". CARVALHO, Ayres de- Os três arquitectos da Aju-
da. Do "Rocaille" ao neoclássico, Lisboa, Academia Nacio
nal de Belas-Artes, 1979, pp. 95-96 e p. 98.
- 643 -

CAPÍTULO II

Artistas. Artífices. Trabalhadores

1. Artistas

1.1. O elo entre a obra e o artista: a arrematação e o

contrato.

1.1.1. A ligação entre o projecto executado pelo arqui -

tecto - previamente aprovado pela entidade que o tinha encomen-

dado - e os artistas que o vão pôr em prática, passa em primei -

ro lugar pela arrematação da obra.

Se quanto às Obras Públicas e as que mandava fazer o Ca

bido, os documentos fornecem dados precisos sobre o local da ar

rematação, os contra tos relacionados com as Ordens Religiosas, can

os particulares e com as mais diversas instituições (1) não re-

ferem a forma como se estabelecia o primeiro contacto entre os

artistas e os que pretendiam levar a efeito urna determinada Obra.

Aque l es, vivendo na cidade ou vindos da província, sabedores da

existência de um trabalho comunicavam com o comitente e eram con

tratados pela melhor oferta.

Nos dois casos acima referidos, a obra era posta a l an-

ços ou a pregao, em lugares determinados.

As do Cabido eram arrematadas no adro da sé , ainda que

o claustro tambêm tivesse servido para essa f ina lidade. Três co~

tratos de 1717, relacionados com a construção da nova Casa do

Cabido, referem o primeiro local. Em dois (2) pode ler-se que,

" para se fazer a [ ... ] a rema ta são " mandaram "a ndar a pregao [ ... ]
- 644 -

no adro da sé desta cidade". No terceiro (3) escreve-se que "no

adro e alpendre da Sé [ ... ] aonde se costumão [fazer] as arema-

tasoins das rendas do I llustrissimo Cabido" foi arrematada a obra

de pedraria do claustro da Sé. Assim o local das arrematações

era o adro e alpendre da sé, onde as obras postas a pregão "pe-

lo official deste Juizo" ( 4) eram tomadas pelos artistas. Ein 1709

(5), por razões que desconhecemos,o lugar escolhido para a arr~

matação de uma obra que o Cabido pretendia fazer foi o claustro

da Sé.

Nas Obras Públicas, principalmente nas mais importantes,

o processo iniciava-se em primeiro lugar por colocar editais nas

"partes publicas" da cidade e "fora della" (6), como aconteceria

para a construção da praça de Santa Ana e capela de S. Roque. P~

ra a edificação da Cadeia e Tribunal da Relação foram mandados

afixar editais "não só nas partes publicas" do Porto mas também

nas cidades e "villas notaveis das tres provincias do destrito

da mesma Rellação" (7).

Após a colocação dos editais onde se indicava o dia

em que a obra seria posta a lanços, seguia-se a arrematação da

mesma. O contrato relacionado com a praça de Santa Ana e capela

de S. Roque precisa que "todo o mestre pedreiro que quizece la~

çar na dita obra, se achace a porta do pallacio de Sua Excelen-

cia (8), no dia honze do mes de Dezembro do anno proximo precedente,

( 9) que ahi se havia de rematar à quem por menos a fizece na for-

ma da" planta e apontamentos (lO).

Os locais para a arrematação das Obras Públicas eram dois:

no largo em frente do palácio onde vivia o presidente da Jun-

ta - o largo do Corpo da Guarda - ou no Senado da Câmara.


- 645 -

Defronte do palácio do Corpo da Guarda foram arremata-

das as obras para a construção da Cadeia e Tribunal da Rela-

çao - "ahi na rua publica defronte das cazas'' de João de Almada

e Melo "pello pregoeiro da Rellação Jozé Ferreyra das Neves com

hum ramo verde na mão foi apregoado em altas e inteligiveis vo-

zes, que de todos farão bem ouvidas que quem quizece lançar em

toda a obra de pedraria que se há de fazer para os Passos da Rel

lação desta cidade, e seu destrito, e cadeas della, se chegace a

elle pregoeiro que lhe tomaria o seu lanço" (11).

Para as obras da Câmara incumbia-se o porteiro do Sena-

do do pregao (12). Este daria a obra arrematada aquele que por

menor preço se encarregasse de a fazer.

Nas obras correntes e mesmo em algumas importantes fa-

zia- se so o termo de arrematação assinado pelo artista - ou ar-

tistas- que tinha tomado a obra, apresentando fiadores.Noutros

casos ao termo de arrematação seguia-se o contr ato notaria l. Fo i

o que aconteceu com a praça de Santa Ana e a capela de S. Roque.

Para esta obra arrematada em 11 de Dezembro de 1766, dia em que

foi elaborado o respectivo termo (13), seria feito contrato em

notário a lO de Março de 1 767 (14).

O termo de arrematação (15) além de definir, pela entr~

ga da obra a quem pertencia a responsabilidade d e executá-la, con

tinha as condições que e ram exigidas para a sua realização.

1.1.2. Exceptuando as Obras Públicas, onde na maior pa~

te dos casos o termo de arrematação era suficiente para o início

de uma obra, toda a in stituiç ão religiosa ou púb lica assim como


- 646 -

os particulares asseguravam numa empreitada as ob r igações dos

artistas e os seus próprios deveres através do contrato notari-

al. Este fazia - se tanto para um trabalho importante como para

uma obra de menor vulto.

o contrato realizava - se quase sempre em casa do notá -

rio- "moradas de mim tabellião ". Existiam porém algumas excep-

çoes. Os que estavam re l acionado s com as ordens e instituições

religiosas eram feitos nos respectivos mosteiros, conventos e

recolhimentos. Quando a abadessa Marcelina Ângela Rosa do mos -

teiro da Madre de Deus de Monchique mandou fazer o armazem do

Cais Novo o contrato elaborou- se " em hua grade do dito mosteiro"

(16), o mesmo aconteceria quando a regente do recolhimento de

Nossa Senhora do Patrocinio e Santa Maria Madalena, Teresa Ma-

ria de Jesus, pretendeu erigir a nova igreja. Encontravam-se "em

huma das grades do dito recolhimento e da parte de dentro della"

a regente, a escrivã e mais deputadas, da parte de fora o tabe-

lião, o administrador do recolhimento, os mestres pedreiros, os

fiadores e as testemunhas (17). Também os contratos feitos com

as " pessoas de qualidade " que viviam no Porto realizavam- se na

casa onde viviam: foi no palácio da praça das Hortas de D. Lou -

renço de Amorim da Gama Lobo , que foi elaborado o "instrumento

de contrato e obrigação" (18) entre aque l e fidalgo e o mestre p~

dreiro Miguel dos Santos , quando o primeiro pretendeu "edificar

de novo hum pallacio", na sua quinta da Bonjóia , sita e m Campa-

nhã (19).

Após a indicação do local , que é antecedido pela data, o

contrato f az r efe rência aos outorgantes : os qu e p rete nde m a obra

e os que vao exe cutá-la . Os primeiro s fazem- se r e p r esen tar por


- 647 -

vezes por um procurador. Na feitura dos contratos para a Cadeia

e Tribunal da Relação, realizados no palácio do Corpo da Guarda

(20), e para a construção da praça de Santa Ana e capela de S.

Roque, elaborado no Senado da Câmara, estava presente João de

Almada e Melo. Nos primeiros como Governador das Justiças,no se

gundo como presidente da Junta das Obras PÚblicas.

Indicada a obra, são transcritos os apontamentos na mai

or parte dos casos pormenorizadamente. Estes acompanhavam o ris

co ou riscos feitos pelo arquitecto, ou então como acontecia com

as Obras Públicas, tinham sido transcritos no termo de arremata

ção e, caso existisse contrato, eram copiados para este. Assim

aconteceu com a praça de Santa Ana e capela de S. Roque (21). No

acto do contrato as plantas eram assinadas pelo tabelião e pelo

mestre arrematante.

Raramente citam o nome do responsável pelo risco.Daí ter

que existir o necessário cuidado na atribuição da autoria da tr~

ça, sem que se possuam provas concludentes. Não devemos perder

de vista o pormenor importante de, por vezes, se encontrar por

trás de um edifício digno de apreço um mestre pedreiro de arqui

tectura e não um arquitecto de renome corno frequentemente se

afirma. No contrato para o pãlácio da Bonjóia, D. Lourenço de

Amorim da Gama Lobo apresentou as cinco plantas que mandou fa-

zer, mas o nome do seu autor é omitido (22), o que acontecia na

maior parte dos contratos. Assim, grande parte dos projectos que
eram:

"proposés par toutes sortes de personnes qui avaient acquis


la science de l'architecture, soit d'une façon pratique
- 648 -

par l'exercice d'un quelconque métier du bâtiment, soit


intellectuellement, soit techniquement par la compéten-
cede l'ingénieur" ( 23) 1

ficaram no anonimato.

Os apontamentos, elaborados pelo autor do risco, ou por

pessoa competente - para a Cadeia e Tribunal da Relação enquan-

to o projecto era de Eugénio dos Santos e Carvalho, aqueles fo-

ram da responsabilidade do então director das Obras Públicas,

Francisco Pinheiro da Cunha - estabeleciam as condições corno a

obra devia ser feita e os respectivos preços. A partir dos apo~

tarnentos registados no contrato o artista - ou artistas - arre

rnatante via-se obrigado a executar a empreitada conforme estava

determinado, sujeitando-se, caso fosse considerado necessário, à

vistoria feita por mestres peritos, para verificarem se tudo e~

tava a ser feito dentro das normas fixadas pelos apontamentos.~

so desv irtuasse o risco e o que tinha ficado acordado, sujeitav~

-se "a demolir, e tornar a fazer de novo a sua propria custa" (24).

Estabelecendo o prazo no qual a obra devia estar concluí

da (25) o contrato continha ainda:

a forma de pagamento a fazer ao arrematante. De quin-

ze em quinze dias, corno fizeram as religiosas de Mon-

chique (26) i "por ferias de oito ou quinze dias con-

forme for costume na terra", corno ficou acordado no ca

so da Cadeia e Tribunal da Relação (27) i "em quatro p~

garnentos sendo o primeiro no principio da obra e o ul-

timo sera depois de finda a obra examinada" (28). Es-

tas formas de pagamento, ou outras que fossem ajusta-


- 649 -

das, nao davam ao arrematante outra garantia que nao

fosse o próprio contrato;

- a relação dos fiadores apresentados pelo artista que

tinha tomado a obra. Aqueles geralmente eram dois, sen

do do mesmo ofício, de ofício diferente ou de qualquer

outra profissão. Nos termos de arrematação das Obras

Públicas quase sempre os fiadores são da mesma profi~

são (29)._0s _fiadores teriam que dar ~r:ilnento à obra "em

falta do arematante" (30);

a garantia dada pelo arrematante através dos seus bens

de executar tudo o que ficara estipulado.

Finalmente, com a assinatura do documento pelas pa~

tes interessadas e pelas testemunhas, ficava a obra entregue a

responsabilidade - daquele- ou daqueles ·- que transformariam o

projecto em realidade.

1.2. Sociedade entre artistas

Arrematada a obra individualmente ou por dois artistas,

algumas vezes os arrematantes faziam sociedade com companheiros

do mesmo ofício, ou de profissão diferente para a concretização

de uma determinada empreitada.

O mestre carpinteiro José Francisco Santiago, que por cog

trato tomara conta, em 27 de Maio de 1769, da obra de carpinta-

ria da Cadeia e Tribunal da Relação (31), a 13 de Julho do mes-

mo ano "fes companhia e sociedade", com os seus fiadores no con

trato, os mestres pedreiros António da Costa, Caetano Pereira e


- 650 -

José Francisco, na obra de carpintaria "ficando todos quatro

igualmente intereçados nella à perda, ou ganho que Deos der" (32).

Em 1785, os mestres pedreiros André dos Santos, José de

Sousa e José Ferreira, que haviam tomado a obra das paredes que

hão de dividir as ruas publicas nos sítios do Bonjardim emté San

ta Catherina, e de Santa Caterina té a caza da Agoa Ardente", fl

zeram sociedade para a realização desta obra com mais sete mes-

tres pedreiros (33). No mesmo ano, o mestre pedre~ro José Fran-

cisco, que arrematara o paredão do lado norte da rua de Santo An-

tónio associou-se com quatro mestres da mesma arte e um lavra

dor, importante para os carretos das pedras e entulhos, para le

var a cabo a empreitada (34).

Estas parcerias poderiam surgir pela falta de dinhei-

ro da parte do arrematante para iniciar a obra. Tal sucedeu ao

mestre pedreiro, António Pinto da Costa. Tendo tomado conta de

um trabalho relacionado com a calçada de Vila Nova de Gaia (35),

e "porque não tinha dinheiro para despezas da dita obra" estava

contratado com António Gonçalves, mestre espingardeiro e com seu

sobrinho Bernardo da Costa, em lhes dar "interese" na empreita-

da. António Gonçalves, forneceria todo o dinheiro necessário p~

ra "as ferias dos ofeciais e mais ferramentas e aprestos". O lu

cro seria repartido igualmente pelos três. No caso de haver de-

mora no pagamento "do preço da arematação serão obrigados os dous

socios Antonio Pinto da Costa e Bernardo da Costa a satisfazer

ao dito sócio António Gonçalves juros de sinco por cento cada

hum da sua respectiva parte" ( 3 6) .


- 651 -

1.3. Mobilidade de artistas

Ainda que a maior parte dos artistas que trabalharam no

Porto entre 1757 e 1804 sejam naturais da cidade ou de freguez~

as limítrofes, a actividade intensa que se vivia então relacio-

nada com as Obras Públicas e com outras edificações estimulou a

vinda de artistas da província. A sua mobilidade ~ sempre "um

facto por demais evidente para que possamos ignorá-lo" (3 7 ) . Es

te fenómeno que Jacques Salbert denominou por "nomadismo" em re

lação aos entalhadores (38) estende-se a todos os ofícios.

A reconstrução de Lisboa atraiu à capital inúmeros artis

tas e art{fices (39) bem corno a construção de Vila Real de San-

to António. Para a nova vila "implantada na margem do Guadiana,

frente a Espanha" (40), foram artífices portuenses (41) e de

"varias partes deste Reyno" (42). Do Porto iriam diversos car-

pinteiros à frente dos quais se encontrava o mestre desse ofício,

Tomás Pereira da Costa (43).

Também na "segunda cidade do Reino" trabalhariam artis -

tas nao oriundos da cidade nem das freguesias circunviz inhas.

Os mestres pedreiros que arremataram a obra da Cadeia e

Tribunal da Relação, Henrique Ventura, Ambrósio dos Santos e An

tónio Ferreira, eram respectivame nte, os dois primeiros de Bra-

ga e o segundo de Santa Maria de Adaúfe, freguesia do termo da

mesma cidade (44), de onde era o mestre pedreiro José Pereira ,

que trabalhou no Porto, associado à obra do Quartel de Santo Oví-


dio (45}.

Do Minho vieram os escultores que esculpiram o S. João

Nepornuceno para o nicho da Sé: Jos~ de Sousa; António de Sousa


- 652 -

e Manue l de Sousa. Desta mesma província eram o ri u ndos muitos

dos mestres rebocadores e trolhas que aqui trabalharam.

Também os mestres.pedreiros que tomaram a obra da pra -

ça de Santa Ana e capela de S. Roque, José Alves do Rego e Ma-

nue l Martins, eram natu r ais da freguesia de Âncora "termo da

villa de Viana" (46).

Curiosamente a desav ença que por causa desta obra opos

os dois mestres pedrei r os , vem revelar dois aspec t os importan-

tes relacionados com a mobilidade dos artistas : o primeiro é o

próprio "nomadismo" que os leva a executar obras em diversos lo

cais (47); o segundo é a possibi lidade de abraçarem novos ofíci

os por serem mais bem pagos (48).

Encontrando-se preso na Cadeia da Relação Manuel Ma r-

tins, foi exti nta, em 3 de Setembro de 1773 ( 49 ), a sociedade

que existia entre ele e José Alves do Rego . Este acusava o seu

sócio de nada entender do ofício de pedre iro, pois aprendera o

de sapateiro:

"Provará que o r eo nunca aprendeu o officio de pedreiro,


nem calvineiro, antes o officio que sempre exercitoude~

de o seu principio foi o de çapateiro, tão certamente


que ainda he vivo seu mestre e suposto fizece huma sahi
da a Lisboa, nao aprendeu lá esse officio pois se demu-
rou couza de hum mes, nem elle foi para Lisboa com ani -
mo de exercitar mas pa r a escapar aos me rcadores de so l- ·
la de Vi anna a quem devia abultadas parcellas de dinhei
ro" ( 50 ).

A incapacidade de Manue l Martins é demonstrada por José

Alves do Rego : no conce lho de Coura não tinha feito mais do que
- 653 -

"revolir hum telhado couza esta que qualquer rapas sabe fazer"

(51); p rovava que em Valença nao tinha administrado qualquer

obra, onde só "rebocou a caza dos Assentos, e Selleyros [ ... ] e

dezempenhou tão mal a delegencia que logo cahio o reboque quan-

do se deu a salva de artilharia pella victoria de Abana" (52) e

que Manuel Martins não sabia "lançar duas linhas paralellas , nem

genero a l gum de medição" (53).

Todas estas acusaçoe s e outras que fazem parte da "sen-

tença civel", foram negadas por Manue l Martins, que afirmou ter

aprendido o "officio de pedreyro, não so de alveneiro, mas taro-

bem de canteiro" para o qual tinha andado "nos seus principias

com mestres peritos, e intelegentes, como foi na cidade de Lis -

boa onde deu principio à tal ocupação, e trabalha por official

há mais de v inte annos, tomando obras por sua conta, mettendo nel

las officiais" (54). Como mestre pedreiro tomara conta: da obra

de uma capela na freguesia de Gondar, concelho de Vila Nova de

Cerveira (55) e de parte da igreja do Espírito Santo do conce-

lho de Coura (56). Tinha sido administrador das obras da praça

de Valença (57) e reedificou os quartéis e outras casas do cas-

telo de Viana (58). Por tudo isto, Manuel Martins era "perito e

intellegente da arte de pedreiro, o officio que sempre exerci-

tou, e nao o de çapateiro como se quer supor" (59).

Por seu lado José Al ves do Rego, que acusava o antece-

dente de ser sapateiro e não mestre pedreiro, provava pertencer

a este ofício (60), como "mestre examinado no offício de pedre~

ro e tão bom mestre que tem feito edifícios de admiravel arqui -

tec t ura" (61) .


- 654 -

1.4. Mestres pedreiros, carpinteiros, pintores e estuca

dores

Os artistas que se ocupam da execuçao de um edifício

que interessam à arquitectura (62) - são dos mais diversificados

ofícios. Além dos que vamos referir outros eram chamados a col~

borar: escultores; entalhadores; ferreiros; serralheiros; lato-

eiras; oleiros ., azulejadores e trolhas.

O estudo do papel que no século XVIII desempenharam os

mestres destas diversas profissões está em grande parte ou mes -

mo totalmente, por fazer. Aquilo que se apontou em relação aos

mestres pedreiros (63), verifica-se igualmen te a todos os outros(64).

Assim, para os artistas que estiveram ligados às Obras

Públicas e à arquitectura desse período falta m-nos: dados bio-

gráficos; conhecimentos sobre a sua formação técnica; sobre as

condições económicas e sociais "em que trabalharam e viveram" e

sobre "a razão do seu predomín io em certas zonas do país e as

deambulações que efectuaram por diferentes regiões" (65).

Durante o período dos Almadas alguns mestres pedrei ros

monopoli zaram a maior parte das obras, tanto públicas como parti-

culares. É o caso de Caetano Pereira, José Franc i sco, Henrique

Ventura, António Alves e Bartolomeu de Carval h o, entre o u tros.

Arrematando geralmente de parceria com José Francisco ,

ou José Francisco Moreira, Caetano Pereira·, tio como vimos, do a!:_

quitecto Damião Pereira de Azevedo, vai até à sua morte ocorri-

da em 1793 (66) estar à frerite de muitas das obras então reali-

zadas . Em 1767 aparece como um dos mestres pedre i ros "dos mais
- 655 -

peritos da cidade do Porto" (67), altura em que lhe foi estipu-

lado que por cada vistoria ou deligência que a Câmara lhe incu~

bisse, receberia na cidade 240 r~is e fora dela "na distanciade

huma legoa" 480 réis. A partir de 1783, como estivesse sempre

"muito ocupado em Obras Publicas e particulares", por continuar

a ser "bem perito no seu officio'' seria no seu impedimento sub~

tituido por seu filho, Caetano Pereira, também mestre pedreiro,

considerado "sujeito de capacidade" (68). O seu nome e n contra-

-se associado à construção da igreja dos Clérigos (69), ao Hos-

pital de Santo António e às mais representativ as Obras Públicas

que se fizeram principalmente no tempo de João de Almada e Melo.

Henrique Ventura, que veio para o Porto para ser um dos

mestres pedreiros que arrematou a obra de pedraria da Cadei a e

Tribunal da Relação, permaneceu ligado à cidade através de di-

versas obras (70). Deve ser o mesmo mestre pedreiro que aparece

designado por Henrique Ventura Lobo, e que esteve associado as

Obras Públicas até 1790 (71) . Nesse mesmo ano, Benta Maria, sua

viúva, pedia ao Senado da Câmara o dinheiro que,por serviços

prestados pelo seu marido, não tinha ainda sido entregue ( 7 2) .

Henrique Ventura Lobo foi o mesmo mestre pedreiro que se e n car-

regou da obra do convento de Santa Clara de Vila do Conde, ini-

ciada em 1777 (72a).

No último decénio do século XVIII e nos primeiros qua-

tro anos do s~culo seguinte, encontramos à f r e nte da maior par-

te das Obras PÚblicas os mestres pedreiros António Al ves e Bar-

tolomeu de Carvalho (73).

Exer c endo a sua actividade dentro do mes mo ofício sali-


- 656 -

entaram-se ainda: José de Sousa, um dos responsáveis pela obra

do novo Quartel do Segundo Regimento (74) juntamente com Fran-

cisco Tomás da Mota (75); José Rodrigues, natural da Falperra, e

que em 1797 apa r ece a frente dos pedreiros que trabalharam no ~

tadouro (76) e Manuel dos Santos Barbosa "mestre pedreiro da

obra do hospita l novo" (77).

Entre os mestres carpinteiros que se ocupavam de obras

no período dos Almadas - Manuel de Araújo (78) ; Domingos Alves

Pereira (79), Manuel José de Faria (80), Manuel da Silva Fari-

nha (81), José de Beça Correia e Inácio Domingos de Oliveira (82),

entre outros - sobressai a figura de José Pedro Ribeiro. Este as-

sociaria à sua actividade como mestre carpinteiro a de executar

"varios riscos e plantas" para as Obras Públicas (83).

O pintor Domingos Teixeira Barreto, que trabalhou nas

obras efectuadas na Sé, durante a vacância de 1766-1770, seria

o "artista-artífice" que na sua arte mais se distinguiu no Por-

to na segunda metade do século XVIII (84). Para as Obras Públi-

cas trabalharam como pintores: Lourenço Teixeira Guimarães; João

Pereira Cardoso; José Pinto de Araújo; Manuel Gomes d e Abreu e

Manuel José da Costa.

O gosto pelo estuque ornamental (8 5 ), que se acentuou na

decoração arquitectónica do século XVIII, fez-se sentir também

no Porto dos Almadas. Seguiu- se na cidade a moda da utilização

desse elemento decorativo , que em Lisboa foi considerado como

"uma herança pombalina" (86). O retábulo da cape la de S. Roque,

como vimos, foi executado em estuque, pelo mestre João Baptista

Picardo Teixeira de Sousa. Também como mestre da mesma arte tra

balharia Luís Chiari na igreja dos Terceiros de S. Francisco. Re


- 657 -

bocadores e trolhas, muitos deles naturais de Afife, foram exí-

mios como estucadores. Lembremos os nomes de: Francisco Fernan

des (87); Manuel Alves; Bento Alves e Mateus Alves (88), todos

daquela localidade minhota. O primeiro trabalharia para a Mitra,

em 1766, os outros três - juntamente com José do Couto, de Pero

sinhore Manuel Alves, de Pedroso -ocupar-se-iam da obra do sa-

lão da Real Casa Pia.

2. Artífices

Arrematada a obra pelo mestre do ofício trabalhariam &h

a sua orientação artífices da mesma arte, cujo número variava,

conforme a importância da obra.

O número de "offeciais" que devia o mestre trazer na e~

preitada era fixada muitas vezes pelo próprio contrato. No que

foi feito para a praça de Santa Ana e capela de S. Roque, os mes

tres pedreiros teriam que trazer na obra aqueles que João de Al

mada e Melo e o Senado determinassem (89). José Alves do Rego e

Manuel Martins quando iniciaram a obra traziam "offeciais que f~

zem o numaro de 40 homens de trabalho". Esse numero estipulado

era menor no Inverno do que no Verão (91).

O "nomadismo" que referimos em relaçâo aos artistas apl1:_

ca-se também aos artífices, ainda que a maior parte seja oriun-

da de regiões próximas da cidade.

Ainda que a presença de galegos no Porto na segunda me-

tade do século XVIII tenha sido marcante e apareçam muitas ve-

zes a fazer pequenos serviços para as obras são raros os artífi


- 658 -

ces, naturais da Galiza, que trabalharam no Porto, ao contrário

do que acontece em outras zonas do norte. As únicas referências

que temos a galegos estão relacionadas com a construção do QuaE

tel de Santo Ovídio . AÍ trabalharam como pedreiros os seguintes

ga l egos : Francisco Martins (92) i Ventura Martin s (93) i Franc is-

co Garcia (94) e Manuel Lourenço (95).

3. Trabalhadores

Além dos artistas que arremataram as obras, e dos artí-

fices que com eles colaboravam na sua execuçao, vamos encon-

trar distri buidos por diversas tarefas homens que os documentos

referem pelo nome genérico de trabalhadores. As suas funções g~

ralmente não especificadas estariam relacionadas com todas aqu~

las tarefas que não pertenciam aos ofícios.

Em 1791 trabalhavam no Quartel de Santo Ovídio cinquen-

ta e um trabalhadores (96) entre os quais três galegos Bento

do Lago, Manuel da Costa e Pedro Fernandes . No mesmo edifício,

em 1801, aparecem lançados na folha da féria de 16 a 21 de Ju-

nho (97) apenas dezassete (98). O número dos homens que eram ela~

sificados desta forma, variava conforme a importância e o anda-

mento da obra.

Ao lado dos traba l hadores aparecem, nas listas das fé -

rias, os que designavam por rapazes, cujas funções não sao esp~

cificadas. Em 1791, na mesma obra acima referida estão lançados

os nomes de t r inta e sete rapazes (99).

Para as Obras Públicas os lavradores das "freguezias cir

cunvizinhas" (100) ocupavam-se do transporte da pedra:


- 659 -

"Dizem João Rodrigues Martins e Joze Ferreira e Antonio


Alves e outros mais lavradores da freguezia de Sedofei-
ta que elles meterão a pedra necessaria para se calsar
de novo a rua de S. Nicolau a qual veyo de Sefofeita e
a acarretarão toda" (101).

Em 1788 foi enviada pela Junta das Obras Públicas uma

circular para os juizes e ouvidores "do distrito desta cidade do

Porto", para que aqueles remetessem à Junta "huma relação inde-

vidual de todos os carreteiros, e lavradores que tiverem carros

no seo respectivo destricto" (102). Nesse mesmo ano, por cada

carro de pedra que foi levado da rua nova de S. João para a rua

nova de Santo António, cobrariam os lavradores 60 réis (103). Os

carreteiros e lavradores estavam também incumbidos de retiraras

entulhos das obras (104).

O emprego de soldados, que seria frequente no trabalho

das estradas ao longo do século XIX (lOS), aparece no Porto li-

gado à construção do Quartel de Santo Ov ídio (106) .

3.1. Calcetas

A partir de 1787 vao ser utilizados nas Obras Públicas

sentenciados denominados por calcetas ( 107) - designação dada "à

braga ou argola de ferro que trazem n'hum só pé partindo d'ella

huma forte corrente para ligar dous a dous destes prezes" (108).

Pela Carta Régia de 1787- 25 de Fevereiro (109)- D. Ma

ria I estenderia ao Porto e sua Comarca "as providencias" que em

4 de Novembro de 1755, tinha tomado D. José I em relação a Lis-


- 660 -

boa. Nessa altura, "para socorrer os habitantes desta capital"

( 110), estaleleceu-se que "os processos e as penas arbitrarias"

seriam "para o serviço das Obras Publicas" (111). Assim , a Ra~

nha ordenava que "os vadios ociozos e mendigos do Porto, e sua

Comarca sejão da inspeção do Governador das Justiças da mesma

Relação, e Caza do Porto , para serem processados, e sentencea-

dos para as Obras Publicas da dita cidade e Comarca" (112). Foi

nomeado para "Juis Rellator" dos processos dos presos para as

Obras PÚblicas, Francisco de Almada e Mendonça (113). Em 25 de

Fevereiro de 1789, os "vadios, ociozos e mendigos do Porto e

sua Comarca" ficariam debaixo da inspecção do Governador das Jus-

tiças ( 114) .

Os calcetas estavam presos na Casa Pia - "cadêa chamada

da Real Caza Pia, ou da Porta do Sol" (115) - de onde saiam pa-

ra trabalhar nas Obras Públicas - ruas, novo Matadouro e Quartel

de Santo Ovídio.

Os "ranchos" de presos, como acontecia com os trabalhad~

res e rapazes, eram constituídos por um número variável de ho -

mens, sendo sempre acompanhados por dois ou quatro guardas, que

auferiam, em 1787, 160 réis, e em 1804, 180 réis diariamente.

Pela Carta Régia de 29 de Dezembro de 1802 os "condena-

dos a trabalhar nas Obras Púhlicas, commummente chamados calce-

tas" (116), ficariam não sob a inspecção do Governador das Jus -

tiças, mas de Francisco de Almada e Mendonça, que a conservaria


até 1804.
- 661 -

Conclusão

Elaborado o projecto para a construção dos edifíc ios, p~

ra a abertura de ruas e praças, a sua concretização dependia da

competência e esforço de um grande número de homens que colabo-

ravam para um mesmo fim.

Arrematada a empreitada, firmado o respectivo contrato

notarial para muitas obras, estas passavam para o mestre que se

responsabilizava pela sua execução. Formavam-se parcerias de me~

tres do mesmo ofício ou de ofícios diferentes a fim de dividirem

responsabilidades ou tomarem conta de diversos trabalhos.

A actividade desenvolvida na cidade entre 175 7 e 1804

atrairia artistas e artífices de várias zonas da província, da~

do-se continuidade a um fenómeno que os caracteriza - "o nomadis

mo". Também do Porto sairam aqueles que levaram a sua arte e a

sua força de trabalho aos mais diversos pontos do Reino, nomeada

mente para Lisboa e Vila Real de Santo António.

Ao longo do período sobre o qual nos debruçamos, alguns

mestres pedreiros foram figuras marcantes pelo seu labor, apar~

cendo à frente da maioria das obras efectuadas. Com eles trab a -

lharam artífices, trabalhadores e calcetas.


- 662 -
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- 663 -

N O T A S

1) - Confrarias, hospícios, recolhimentos, colégios.

2) - A.D.P., Po-1, 4ª série, nQ 238 , fls. 81-8lv. e fl. 82v.

3) - A .D.P., Idem, ibidern, fl. 92 .

4) - A.D.P., Idem, ibidern, fl. 92.

5) - A.D.P., Idem, nQ 224, fl. 181.

6 ) - Cf. vol. II, doe. 7, p. 314.

7) - FERREIRA ALVES, Joaquim J. B. - A Cadeia e Tribunal da Re-


lação do Porto. Quatro documentos para a história da sua
construção, in "Boletim do Arquivo Distrital do Porto", Porto,
v o l . I I , 1 9 8 5 , p . 13 , p . 1 7 , p . 21 e p . 2 6 .

8) - João de Almada e Melo.

9) - 1766.

( lO) - Cf. vol. II, doe. 7, p. 314.

( 11) -FERREIRA ALVES, Joaquim J . B. - ob. cit., p. 14.

( 12) - "depois de ter andado a pergao pello porteiro Joze de Me


nezes". A.H.M.P., Arrematações, Livro 4, fl. 33.

( 13) - A.H.M.P., Idem, ibidern, fls. 23v~ -24.

( 14) - Cf. v ol. II, doe. 3, pp. 313 - 318.

( 15) - Algumas obras eram feitas a jornal e nao por arrematação,


corno a título de exemplo : "Dis o procurador da cidade que
- 664 -

para haver de terraplenar-se a praça de Santo Ouvidio


corno se fas precizo, e não sendo conveniente, que esta
obra se arernate por ser muito defici1, e sucesivel
de engano o justo calculo da despeza do dito terrapleno:
tem Vossa Excelencia (João de Almada e Melo) rezolvido
que ele se fassa por jornaleiros debacho da particular
inspecção do vereador mais velho Manoel de Figueiroa P~

to; visto que sendo este morador na dita praça mais faci~

e exactamente pode dirigir, e zelar a dita obra, elejen


do daquelles obreiros hum de mais capacidade, e conduta
assistindo corno deve asistir succesivarnente ao trabalho
dos ditos jornaleiros e prontifique todo o necessarioda
dita obra e sendo igualmente util e precizo que sernana-
riarnente se paguem estes jornaes e geiras de carretas, e
se nao pode este pagamento verificar sem que Vossa Exce
lencia se digne regula-lo com parthicular rnethodo: detre
minando ao Doutor Juiz de Fora, que aprezentando -lhe
aquele obreiro, e fiel da dita obra as folhas sernanarias
dos jornaes carretas, e despezas, que se tenhão feito com
cestos, e ferramentas sendo as di tas folhas prirreiro ap~

vadas, e asignadas pelo dito Manoel de Figueiroa Pinto,


lhe mande passar mandado para receber do thezoureiro das
Obras Publicas as ernportancias das ditas folhas, para p~

lo registo, que delas deve ficar no Livro desta Adrninis


tração satisfazer os ditos jornaes, carretas, e despe-
zas". A.H.M.P., Livro de Compras, nQ 16, fl. 20.

( 16) - Cf. vol. II, doe. 4, p. 301.

( 17) - Idem, doe. 8, p. 319.

( 18) - Em 21 de Março de 1759.

( 19) - A.D.P., Po-9, 4ª série nQ 15, fls. 95v.-96. SMITH, Robert


C. - Nicolau Nasoni. Arquitecto do Porto, Lisboa, Livros
Horizonte, 1967, pp. 157-158.
- 665 -

( 20) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B. - ob. cit . , pr 13, p. 17,


p. 21 e p. 25.

( 21) - A.H.M.P., Arrematações, Livro 4, fls. 23v.-24v. Cf. vol.


II, doe. 7, pp. 314-315.

( 22) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 96.

( 23) - BAZIN, Germain - L'architecture religieuse baroque au


Brésil,t. I, Paris, Éditions d'Histoire et d'Art, 1956,
p. 2 2.

( 24) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 96.

( 25) - Todos os contratos estabelecem o tempo em que devia es-


tar concluída a obra, como podemos observar nos seguin-
tes exemplos:
o mestre pedreiro Manuel de Sequeira teria que concluir
as "obras de pedraria", da casa do fabricante de fitas
José António Monganha, "dentro do termo de trez mezes"
(A . D . P . , Po -1 ·, 4 ª sé r i e , n Q 3 4 3 , f 1 . 1 O 5 ) i
o mestre pedreiro, José Moreira, contratado em 17 de Mar-
ço de 1802 pelo capitão Leonardo José Lopes dos Santos,
ourives, teria que a dar a obra, que arrematou, acabada
"emthe o fim do mez de Oitubro (sic)" (A.D.P., Po-2, nQ
397, fl. 123v.).
Caso o arrematante ultrapassasse a data determinada se-
ria penalizado:
"pagando-lhe a elle outorgante" (A.D.P., Idem, ibidem,
fl. 123v.) i não a concluindo no "referido tempo e nao a
fazendo podera elle Jozé da Sylva mandalla concluir por
quem lhe parecer e sendo por mayor preço sera elle Dam~

ão Francisco de Carvalho obrigado a satisfazer todo o


mais excesso" (A.D.P., Idem, nQ 362, fl. 46).

( 26) - Cf. vol. II, doe. 4, p. 302.


- 666 -

( 27) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B. - ob. cit., p. 16.

( 28) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 45v.

( 29) - Caetano Pereira, mestre pedreiro apresenta como fiado-


res os mestres pedreiros José Francisco e Domingos da
Costa (A.H.M.P., Arremataç6e~ Livro 4, fl. 8); Ant6nio
Alves, também mestre pedreiro, teve como seus fiadores
Henrique Ventura Lobo e Manuel João, ambos do mesmo ofí
cio. A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 2297, fl. 13v.-14. Num
contrato de 1759 entre D. Maria Quitéria Joaquina de C~

minha e os mestres pedreiros José Francisco e João Pe-


reira, estes apresentaram corno fiadores quatro colegas
do mesmo ofício: Francisco Álvares, José Moreira, Balta
sar Francisco e Caetano Pereira. A.D.P., Po-2, nQ 295,
fl. 94.

( 30) -FERREIRA ALVES, Joaquim J .B.- ob. cit., p. 27.

( 31) - Idem, ibidem, pp. 20-2 5.

( 32) - Cf. vol. II, doe. 9, pp. 323-324 .

( 33) - Cf. vol. II, doe. 15, pp. 353-355.

( 34) - Idem, doe. 16, pp. 356-358.

( 35) - "que ha de principiar da porta do doutor Manuel Pereira


da Silva athe o mastro da bandeira".

( 36) - A.D.P., Po-8, nQ 347, fls . 51-5lv.

( 37) - FERREIRA ALVES, Na tá lia Marinho - A arte da talha no Por-


to na época barroca. (Artistas e clientela. Materiais e
técnica), vol. I, Porto, Dissertação de doutoramento em
Hist6ria da Arte, apresentada à Faculdade de Le tras do
Porto , 1986, p. 131.
- 667 -

( 38) - SALBERT, Jacques - Les ateliers de retabliers lavallois


au XVIIe et XVIIIe siecles: étude historique et artis-
tique, Paris, Librairie C. Klincksieck, 1976, p. 198.

( 39) - FRANÇA, José-Augusto - Lisboa pombalina e o iluminismo,


Lisboa, Livraria Bertrand, 1977, p. 151.

( 40) - HORTA CORREIA, José Eduardo Capa - Vila Real de Santo An-
tónio levantada em cinco meses pelo marquês de Pombal,
in "Pombal Revisitado", vol. II, Lisboa, Editorial Es-
tampa, 1984, p. 81.

( 41) - Vila Real de Santo António. Urbanismo e poder na políti-


ca pombalina, vol I, Lisboa, Dissertação de doutoramen-
to em História da Arte apresentada à Faculdade de Ciên-
cias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa,
1984, p. 140.

( 42) - Idem, ibidem, vol. II, p. 178.

( 43) -Idem, ibidem, vol. II, p. 211. O mestre carpinteiro iria


ganhar 550 réis por dia e os outros oficiais 350 réis.

( 44) -FERREIRA ALVES, Joaquim J. B.- ob. cit., p. 13.

( 45) - A.D.P., Governo Civil, nQ 21, fl. 283v.

( 46) - Cf. vol. II, doe. 7, p. 313.

( 47) - Não so em Portugal, como nas colónias e em Espanha.

( 48) -FRANÇA, José-Augusto- ob. cit., p. 151.

( 49) - A.D.P., Po-9, 4ª série, nQ 115, fls. 60-71.

( 50) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 65.


- 668 -

( 51) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 65.

( 52) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 65.

( 53) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 65.

( 54) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62. "Provara que o reo he me~

tre pedreyro, tanto de alvenaria, como de cantaria, e a~

sentador, e por isso tem tomado algumas obras, e he o


director das mesmas [ ... ] não só huma vez, mas muitas es
teve na cidade de Lisboa; e seus arredores, e nas partes
do Alentejo a exercitar o dito officio em obras de supo-
zição e isto por dillatado tempo [ ... ] administrou are
tificação da praça, e fortificação de Valença, cuja obra
fes sem engano algum". A.D.P., Idem, ibidem, fl. 66v.

( 55) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62.

( 56) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62v. Freguesia de Santa Maria


de Paredes "cabeça deste Concelho [ ... ] & huma Igreja do
Espirita Santo". COSTA, António Carvalho da . - Corogra-
fia Portuguesa, t. I, Braga, Typographia de Domingos Gon
çalves Gouvea, 1868, p. 231.

( 57) - "aonde edificou a caza dos Assentos de Leyros, e outros


mais edificios". A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62v.

( 58) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62v.

( 59) - A.D .P., Idem, ibidem, fl. 62v.

( 60) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 61.

( 61) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 65.

( 62) - BAZIN, Germain- ob. cit., p. 21.


- 669 -

( 63) - GONÇALVES, Flávio - Mestres de pedraria gaienses que tr~

balhararn, no século XVIII, na "Torre de Garcia d 'Ávila",


in "Gaya", Vila Nova de Gaia, vol. II, 1984, p. 259.

( 64) - Seria longa a lista de todos aqueles que têm fornecido


dados da maior importância para um melhor conhecimento
deste terna, a quem muito devem aqueles que se dedicam a
estes estudos, o que não significa que nao haja ainda um
vasto caminho a percorrer.

( 65) -GONÇALVES, Flávio- ob. cit., p. 259.

( 66) - Caetano Pereira faleceu, já viúvo de Luísa Pereira, em


23 de Julho de 1793, na rua da Póvoa de Baixo, fregue-
sia de Santo Ildefonso. Fez testamento e deixou como res
tarnenteiros seu filho Caetano Pereira e seu genro José
António de Oliveira. A. D. P., Secção do Registo Civil, Por
to, Santo Ildefonso, óbitos, nQ 8, fl. 92.

( 67) - A.H.M.P., Registo Geral, Livro lO, fl. 34.

( 68) - A.H.M.P., Copiador ao Governo, Livro 3, fls. 42v.-43v.

( 69) - COUTINHO, Bernardo Xavier - A igreja e a irmandade dos


Clérigos. Apontamentos para a sua história, Porto, Cârna
ra Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a His
tória do Porto- XXXVI, 1965, p . . 162.

( 70) - Cf. vol. II.

( 71) - C f . v o 1 . I I , p. 15 2 .

( 72) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 68, fl. 13.

( 72a)- SMITH, Robert C. - The art of Portugal. 1500-1800, New


York, Meredith Press, 1968, p. 125.
- 670 -

( 73) - Cf. vol. II.

( 74) - A.D.P., Governo Civil, nQ 19, fl. 25v.

( 75) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 101.

( 76) - A.D.P., Idem, nQ 103, fl. 2.

( 77) - A.D.P., Po-2, nQ 240, fl. 10.

( 78) - A.H.M.P., Obras Públicas, nQ 1991, fl. 18v.

( 79) - A.D.P., Mitra, nQ 123, fl. 145.

( 80) - A.D.P., Governo Civil, nQ 22, fl. 62v.

( 81) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 62v.

( 82) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 48, fl. 54.

( 83) - A.H.M.P., Idem, nQ 102, fl. 6. MEIRELES, Maria Adelaide


- Catálogo dos Livros de Plantas, Porto, Arquivo Histó-
rico da Câmara Municipal do Porto, 1982, pp. 34-36.

( 84) - BASTO, Artur de Magalhães - Apontamentos para um dicio-


nário de artistas e artífices que trabalharam no Porto
do século XV ao século XVIII, Porto, Publicações da Câ-
mara Municipal do Porto, Documentos e Memórias para a
História do Porto- XXXIII, pp. 61-64. Domingos Teixei-
ra Barreto era pai dos pintores João Teixeira Barreto e
José Teixeira Barreto.

( 85) - VASCONCELOS, Flórido de - Considerações sobre o estuque


decorativo, in "Boletim do Museu de Arte Antiga", Lis-
boa, vol. V, nQ 2, 1966, pp. 34-43.
- 671 -

( 86) - FRANÇA, José-Augusto - A arte em Portugal no século XIX,


vol. I, Lisboa, Livraria Bertrand, 1966, p. 31.

( 87) - A.D.P., Mitra nQ 121, fl. 4.

( 88) - A.D.P., Governo Civil, nQ 10, fl. 115v.

( 89) - Cf. vol. II, doe. 7, p. 315.

( 90) - Cf. vol. II, p. 22.

( 91) -FERREIRA ALVES, Joaquim J.B. - ob. cit., p. 16.

( 92) - A.D.P., Idem, nQ 19, fl. 25v.

( 93) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 101.

( 94) - A.D.P., Idem, ibidem, fl. 320.

( 95) - A.D.P., Idem, ibid e m, fl. 321.

( 96) - A.D.P., Idem, ibidem, fls. 125v.-126.

( 97 ) - A.D.P., Idem, nQ 21, fls. 283v.-284v.

( 98) - NOMES TERRAS JORNA


João António Lisboa -.
240 re1s
António José de Jesus Tavira -.
190 re1s
José da Guerra Trancoso 100 ré is
Bento Martins Póvoa de Cima 140 réis
José de Fontes Grijó -.
60 re1s
Rafael de Sousa "Cano d'agoa" -.
60 re1s
Custódio Martin s Póvoa -.
60 re1s
Manuel José Carvalhido -.
60 re1s
António Joaquim Ge rmalde 60 ré is
Jo sé F er r e ira Ge rma lde 60 r e-.1s
- 672 -

António Domingos Germalde 60 -.


re~s

António Joaquim Ferreira Boavista 60 -.


re~s

Francisco da Silva Carvalhido 60 -.


re~s

José de Sá Carvalhido 60 ré is
Pedro de Oliveira Grijó 60 -.re~s

António de Oliveira Grijó -.


60 re~s
Manuel Rodrigues Grijó 70 -.
re~s

A.D.P. I Idem, ibidem, fl. 284-284v.

( 99) - A.D.P., Idem, nQ 19, fls. 126-126v.

(100) - A.H.M.P., Livro do Cofre, nQ 33, fl. 19v.

(101) - A.H.M.P., Idem, nQ 29 , fl. 281.

(102) - A.H.M.P., Idem, nQ 47, fl. 84.


" Relação dos labradores digo dos juizes houvidores dos
conselhos do termo desta sidade.
Sertefico em como estimei a illustrissima portaria da
Junta das Obras Publicas desta cidade a todos os juizes
e ouvidores do termo desta cidade como consta dos reei-
vos juntos: a saver ao jois de Campanham o mesmo ao de
Rio Tinto ao ouvidor de Gondomar o mesmo ao de Valongo
o mesmo ao de Aguia r de Soiza o mesmo ao de Refoges o
mesmo ao de Alfena o mesmo ao da Maia o mesmo ao de Azo
rar o mesmo ao de Lesa da Palmeira o mesmo ao de Mato-
zinhos o mesmo ao do julgado de Boisão (sic) o mesmo ao
do conselho da Gaia de que todos pasarão seus prezentes
recivos de que dou fedia 17.18. 19. 20.Porto e nos refe-
ridos conselhos 20 de Janeiro de .1788.
Manoel Luis da Costa". A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 84v.

(103) - A.H.M.P., Idem, nQ 53, fl. 116 .

(104) - A.H.M.P., Idem, ibidem, fl. 53.


- 673 -

(105) - MATOS, Artur Teodoro de - Transportes e comunicações em


Portugal, Açores e Madeira (1750-1850), Ponta Delgada,
Universidade dos Açores, 1980, p. 224.

(106) - A.D.P., Idem, ibidem, fls. 124v.-125.

(107) - Calceta - argola de ferro presa na perna de que saía uma


corrente que se prendia à cintura do condenado ou com
que se ligavam um ao outro.

(108) - B.P.M.P., Ms. nQ 1272, fl. 635v.

(109) - A.N.T.T. Ministério do Reino, nQ 355, s/fls.

(110) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(111) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(112) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(113) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(114) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(115) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.

(116) - A.N.T.T., Idem, ibidem, s/fls.


C O N C L U S Ã O
- 675 -

o tema que desenvolvemos debruçou-se sobre um período

que tanto no campo da arquitectura como no do urbanismo foi um

dos mais fecundos da história do Porto - a segunda metade do se

culo XVIII - fase em que a cidade encontrou novas formas de ex

pressão arquitectónica e procurou organizar, dentro e fora das

muralhas, o seu espaço. Contudo, o fascínio desta aventura nao

nos pode afastar de uma realidade sempre presente - o adiado, o

inacabado ... A utopia muitas vezes sobrepôs-se à realidade.

A esta ép::x::a estavão associadas duas figuras que, não tendo si-

do nem arquitectos nem engenheiros militares, conseguiram iden-

tificar-se de tal forma com o que nessa altura foi realizado,que

os verdadeiros responsáveis se apagam. Es~es homens foram os Al

rnadas: João de Almada e Melo e Francisco de Almada e Mendonça.

Desempenhando funções diferentes - nas quais o mérito se

associou no pai, ao parentesco com o lQ marquês de Pombal e no

segundo, aos laços que tinha com a melhor nobreza do Reino e a

amizade com o Príncipe Regente - contribuirarn ambos para a reno

vaçao da cidade.

Mas o que se fez nesse sentido no Porto, entre 1757 e

1804 , não se ficou a dever unicamente à iniciativa ou a adrninis

tração dos Alrnadas. Todos os presidentes da Junta das Obras PÚ-

blicas, sempre esquecidas, merecem compartilhar com aqueles o

merecimento que até aos nossos dias lhes tem sido atribuído.

A arquitectura que se fazia na cidade, quando João de Al

rnada e Melo veio para Governador das Armas, exprimia-se essenci-

almente dentro do barroco de Nicolau Nasoni onde se ia acentuan-

do o vocabulário do rococó. A tendência para o conservadorisrnof~

ria com que ao longo do período almadino pre dominasse urna arqu i-
- 676 -

tectura tardo-barroca/rococó.

Simultâneamente o espírito classicizante que se vai im-

pondo a partir de 17 56/1758 acentua-se pela influência dos edi-

fícios que se levantaram graças à acção da Junta das Obras Pú-

blicas ou devido às suas directrizes, e bem assim pela daqueles

construídos dentro do espírito neopalladiano que os ingleses trou-

xeram para o Porto. Tudo isto iria contribuir para o neoclassi-

cismo, que a cidade almadina ainda conheceu.

Mas, se através da arquitectura se introduziram novas

formas e novos edifícios, seria naquilo que foi feito na sua es

trutura urbana que o Porto dos Almadas foi diferente.

A cidade, ainda medieval, que intramuros só ronhecia duas

ruas traçadas ao "moderno" - a rua Nova e a rua das Flores - com

praças pequenas e irregulares, expandindo-se sem "ordem" para o

exterior, seria o fulcro das atenções. Criaram-se e regulariza-

ram-se ruas e praças, houve preocupação com o fornecimento de água

através de aquedutos e fontes, introduziram-se elementos novos.

Assim, à urbe medieval sucederia com as limitações que t~

remos que ter sempre presentes, uma cidade nova, que dispensaria

em grande parte a própria fronteira da segurança - a muralha.

Para tudo isto contribuiu o esforço de muitos: arquite-

ctos, engenheiros mi li tares, artistas, artífices e trabalhadores.

Estes saberiam concretizar uma von tade, que se não foi aquilo que

nos projectos se idealizou, criou um espaço diferente e abriu ca

minho para o crescimento urbano da segunda metade do século XIX.


APENDICE
- 678 -

PROPRIEDADES COMPRADAS PARA AS OBRAS PÚBLICAS (1765-1788)

1765 - "humas cazas sobradadas com seo pateo, quintal ou terre-


no que fica por tras delas sitas na rua Nova"
Confrontações: Nascente - rio da Vi l a
Norte - pátio e quintal da Casa da Fei
to ria
Sul - rua pública
Vendedores: D. António de Noronha Meneses da Mesquita e
Melo e sua mulher D. Mariana Isabel da Mes-
quita e Noronha
Fonte: A.D.P., Po-~, 4Q série, nQ 65, fls. ll8v.-l20v.
A.H.M.P., Livro de Compras, nQ 4, fls. l-6v.

1765 - "humas azenhas e cazas em que ellas estão, e as que se


seguem athe o Terreirinho e cozinha pequena das cazasque
ficão da parte de sima do cano que vai para a Feitoria e
o quintal e cazas delle, e o corredor que tudo fica por
baixo do rego, e tambem a escada de pedra que vai para a
cozinha, e tudo o mais dahi para baixo"
Confrontações: Nascente - rio da Vila e traseiras e qui~

tais da rua dos Mercadores


Poente casas dos vendedores e Terrei
rinho
Norte - idem
Sul - viela do "Traquiado" e muro do
quintal da Feitoria
Vendedores: Desembargador Dr. Vicente José de Sousa Maga
lhães, "Lente de Canones na Universidade de
Coimbra" e sua mulher D. Catarina de Azevedo
Montenegro Magalhães e António Caetano de So~

Sousa Magalhães "superintendente da Ribeira


do Ouro" e sua mulher D. Tomãsia Eugénia Pe-
reira de Magalhães
Fonte : A.D.P., Idem n Q 66, fls. 43v.-46
A.H.M.P., Idem,ibidem, fls. 8-14.
- 679 -

1765 - "duas moradas de cazas sobradadas com seu quintal fonte


de agoa, e mais pertenças sitas na rua de S. Cre spim e
principio da das Quingostas"
Confrontações: Nascente - casa e quintal do p.e José Fer
nandes Ferreira
Poente casa da madre Ana Miquelina de
Santo Agostinho
Norte - rua de S. Crispim
Sul - rio dõ Vi la
Vendedores: José de Freitas da Rocha e seu irmão Vicente
de Freitas da Rocha
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 116-118
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 15-21.

1766 - "huma morada de cazas sobradadas sitas aos boeyros da rua


das Congostas"
Confrontações: Nascente - rua nova de S. João e casa que
pertenceu a José de Freitas da
Rocha
Poente - rua das Congostas
Norte - Idem e praça de S. Crispim
Sul casa da viúva de António de Sá
Lopes
Vendedores: Madre Ana Miquelina de Santo Agostinho, "pr~

feça no convento de Santa Clara da villa de


Caminha·~

Fonte: A.D . P. , Idem, nQ 73, fls. 87 - 87v .


A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 23- 29.

1767 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na rua Nova desta


cidade, que forão do capit~o Ignacio Diogo de Caminha e
de sua mulher D. Bernardina Maria "
Confrontações: Nascente - casa de Mateus de Faria, past~

leiro
Poente - casa de D. Maria Quitéria Joa-
quina de Caminha
- 680 -

Norte - rua Nova


Sul - armazens do Dr. António Ber-
nardo de Brito
Vendedores: D. Maria Quitéria Joaquina de Caminha e sua
irmã D. Maurícia Antónia Micaela de Caminha
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 78, fls. 97-99.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 32-40.

1767 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na praça da Ribei


ra"
Confrontações: Nascente - casa de Pedro Martins Gonçal-
ves
Poente viela que vai para o Forno V~

lho e casa de António Veríssi


mo
Norte - recanto da viela d:t casa de Cae
tano José Teixeira
Sul - praça da Ribeira
Vendedores: Reverendo João Luís Barata, Carlos Hermano
Soltau & Companhia e Catarina Luisa
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 50-57v.

1768 - "a mayor parte de uma morada de cazas sobradadas sitas


em Sam Chrispim por cima das Escadinhas"
Confrontações: Nascente - início da rua das Congostas
Poente - com João Soares de Azevedo e
seu filho
Norte - rua que ia do início das Con-
gostas para S. Domingos
Sul - com o restante das mesmas ca-
sas
Vendedores: Reverendo José da Fonseca e Sousa, reitor de
Canedo e seu sobrinho o reverendo Manuel da
Fonseca e Sousa Pinto
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 58-65.

1768 - "huma morada de cazas sobradadas na rua do Souto"


Confrontações : Nascente - com a nova praça
Poente - rua do Souto
Norte - com a nova praça
- 681 -
Sul - escadas e caminho público

Vendedores: Bento José dos Reis e sua mulher Jerónúre Ro~


Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 69-76.

1768 - "duas moradas de cazas sobradadas misticas humas com as


outras, e sitas na praça da Ribeira"
Confrontações: Nascente - casas de Manuel Francisco e da
viúva de Domingos Rodrigues PoE_
tugal
Poente - rio da Vila e armazem de Antó
nio Bernardo de Brito
Norte - com Ventura Pereira e An tónio
da Silva Chamorro
Sul - recanto da viela e casa de An-
tónio Veríssimo de Sampaio
Vendedores: Caetano José Teixeira e sua mulher Antónia Cla
ra Rosa
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 81-89.

17 68 - "parte de h uma morada de cazas sobradadas si tas a boca da


rua Nova"
Confrontações: Nascente - outra parte da casa
Poente - rua nov a de S. João
Norte - idem
Sul - rua Nova
Vendedores: Francisco de Oliveira Cirne e sua mulher D. Ana
Margarida de Sousa Cirne
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 82, fls. 67v.-70
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 94-105.

1768 - "huma morada de cazas sobradadas sitas nos cobertos da


praça da Ribeira"
Confrontações: Nascente - praça e chafariz da Ribeira
Poente rio da Vila
Norte - c asa de João de Soutelinho "o
Duque"
Sul - casa do capitão João Alves de
Freitas
Vendedores : José da Silva Chaves de Figueiredo e sua mu-
lher D. Antónia Lizarda da Silva
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 84, fls. 75-78
A.H.M.P., Idem, ibidem, f1s. 110-120.
- 682 -

1768 - "huma morada de cazas sobradadas sitas no fundo da rua No


va"
Confrontaç6es: Nascente - casa que pertenceu a D. Maria
Quitéria
Poente - casa de Gonçalo Martins
Norte - rua Nova
Sul - Forno Velho
Vendedores: Vicente Pedrassem da Silva e sua mulher D. Ma
ria do ú de Caminha Hopman
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 78-80
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 129-137v.

1768 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na praça da Ribei-


ra"
Confrontaç6es: Nascente - praça da Ribeira
Poente - rio da Vila
Norte - casa que pertenceu a Domingos
Francisco Chaves
Sul - casa do capitão Domingos Álva-
res Vale
Vendedores: João Álv ares de Freitas e sua mulher Teodósia
Teixeira Álv ares
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 145-153.

17 69 - ''huma morada de cazas sobradadas, sitas nos cobertos da


[ ... ] praça da Ribeira hindo para o Forno Velh o "
Confrontaç6es: Nascente - praça da Ribeira
Poente - casa dos herdeiros de Ra f ael de
Carv alho
Norte - casa de António Verí ssimo de Sam
paio e seus irmãos
Sul - casa de Domingos Francisco Cha-
ves e traseira da casa de José
Vieira de Azevedo
Vendedores: João de Soutelinho e sua mulher Maria de Jesus
e Francisco Barreto da Mota e sua mu lher Maria
de Jesus

Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 159-166v.


- 683 -

1769 - "huma morada de cazas e parte de outras tres propriedades


s ita s nos cobertos da praça da Ribeira"
Confrontações: Nascente - rua que deu ser vidão para o For
no Velho
Poen te - ser ventias dos armazens dos ve n
dedores e outros
Norte - beco e casa que foi de Caetano
José Teixeira
Sul - c asas dos mesmos vendedores
2ª propriedade
Nascente - rua q ue ia para o Forno Velho
Poente resto da mesma propriedade
No r te - com os vendedores
Sul - idem
3ª propri edade - "e a parte da terceira pr~

priedade parte com as me~

mas confrontaçõis asima , c~

mo t ambem a parte da quaE


ta propriedade, excepto do
Sul, que parte com as ca-
zas de Domingos Francisco
Chaves "
Vendedores: Dr . Bento António de Sampaio "corregedor da co
marca de Evora" e de seus irmãos o Dr. Francis
co José de Sampaio Freire "conventual de S. Ben
to de Avis" e o Dr. António Veríssimo de Sampaio
Fonte: A.D.P ., Idem, nQ 89, f l s . 10v.-13v .
A.H.M.P. , Idem, ibidem, fls. 172-182v .

1769 - "huma morada de cazas sobradadas sitas nos cobertos da di-


praça da Ribeira "
Confrontações: Nascente - casa do desembargador António Al
ves da Cunha
Poente - rua nova de S . João
Norte - casa de Ambrósio Ferreira
Sul - praça da Ribeira
Vendedores: Pedro Martins Gonçalves e sua mulher Rosa Ma-
ria
- 684 -

Fonte: A.D.P., Idem, nQ 90, fls. 7v.-10


A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 229-244v.

1769 - "huma morada de cazas sobradadas de hum sobrado sitas na


rua Souto"
Confrontações: Nascente - casa dos herdeiros de António
Barbosa de Albuquerque
Poente - casa de António José dos Santos
Norte - com a praça
Sul - casa dos herdeiros de António
Barbosa de Albuquerque
Vendedores: Pascoal André e sua mulher Mariana Fernandes
e sua filha e genro José Ferreira Fontes e sua
mulher Custódia Fernandes de Jesus
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 93, fls. 18v.-20v.
A.H.M.P., Idem, nQ 5, fls. l0-18v.

1769 - "huma morada de cazas sobradadas de tres sobrados sitas na


rua do Souto junto a mesma praça"
Confrontações: Nascente - casa de Pascoal André e outros
Poente - rua do Souto
Norte - praça e sítio onde estiveram os
Pelames
Sul casa dos herdeiros de António
Barbosa de Albuquerque
Vendedores: António José dos Santos e sua mulher Ana Perei
ra do Espírio Santo, Pascoal André e sua mulher
Mariana Fernandes e sua filha e genro José Fe~

reira Fontes e sua mulher Custódia Fernandes de


Jesus
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 20v.-23

A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 1-9.


- 685 -

1770 - "hum pardieyro e terra que ele ocupa sito no dito fragu~

do por baixo da igreja de Nossa Senhora da Victoria "


Confrontações: Nascente - com o "fraguedo"
Poente - casa dos vendedores
Norte - adro da igreja de Nossa Senho-
ra da Vitória
Sul com o "fraguedo"
Vendedores: Jerónima Maria dos Santos e seu filho José
Machado de Faria Pessoa
Fonte: A. D.P., Idem, nQ 96, fls. 57v- 60 ; A.D .P., Idem,nQ
97, f l s. 39 - 40
A.H.M . P., Idem, ibidem, fls. 62-70v.

1772 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na rua do Souto"


Confrontações: Nascente - com outra casa da yendedora
Poente - rua do Souto
Norte - nova praça de S . Roque
Sul - casa de Francisco da Silva Cas
tro
Vendedores : Joana Maria de Jesus v_iúva de António Barbo-
sa de Albuquerque
Fonte: A. D.P., Idem, nQ 105, fls. 4v.-7
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 1 35- 142.

17 7 2 - "h uns armazens di tos no Forno Velho junto a di ta praça da


Ribeira"
Confrontações:Nascente - rio da Vila e casa de Caetano Jo
sé Teixeira
Poente viela que ia para o Forno Velho
e casa de António Veríssimo Sam-
paio
Norte - casas de Maria Quitéria e Inácio
Diogo Caminha
Sul - recanto da referida viela
Vendedores: António Bernardes Álvares de Brito
Fonte: A.D.P. , Idem , ibidem , fls. 38 - 40v.
A. H.M.P., Idem, ibidem, fls . 77 -1 34 e fls . l47-160 .
- 686 -

177.2 - "huroa morada de cazas sobradadas sitas por baixo donde


esteve o arco de S. Domingos vindo para Sam Chrespim a
mao para baixo as segundas"
Confrontações: Nascente - casa de João de Basto Maia
Poente - casa de Manuel Ribeiro de Car-
valho
Norte - viela da Palma
Sul - rua de S. Domingos
Vendedores: Luis Teixeira Guimarães, homem de negócio, e
sua mulher Escolástica Angélica Bernardina
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 107, fls. 47-Slv-.·
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l74-l80v.

1772- "huma morada de cazas sobradadas, sitas por baixo ondee~ :

teve o arco de S. Domingos, vindo para Sam Chrespim à mão


esquerda"
Confrontações: Nascente - casa de Luis Teixeira Guimarães
Poente - praça de S. Domingos
Norte - viela da Palma
Sul - rua de S. Domingos
Vendedores: Manuel Ribeiro de Carvalho, mestre serigueiro
e sua mulher Antónia Bernarda de Sousa
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 49v.-5lv.
A.H.M.P., Idem, fls. l 62 -l72v.

1773 - "huma morada de cazas sobradadas, sitas por baixo donde


es teve o arco de Sam Domingos he huma morada de cazas a
mão esquerda"
Confrontações: Nascente - casa de Maria Caetana, viúva de
Maurício Correia de Azevedo
Poente - casa que pertenceu a Luis Tei-
xeira Gomes
Norte - viela da Palma
Sul - rua de S. Domingos
Vendedores: João de Basto Maia Pereira e sua mulher D.
Teresa Joaquina Pereira Maia
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 112, fls. l- 3v .
A.H.M.P ., Idem, ibidem, f1s. 195-207v .
- 687 -

1773 - " huma morada de cazas sobradadas sitas por baixo donde e~

teve o arco de Sam Domingos , vindo para Sam Chrespim à mão


esquerda para baixo que hã a quinta morada de cazas"
Confrontações: Nascente casa do reverendo Josã António
Vi laça
Poente - casa do Dr. Manue l José da Cu -
nh a
Nort e - viela da Palma
Sul - rua de S. Domingos
Vendedo r es : Ma r ia Caetana Rosa , viúva de Maurício de Araú
jo Monteiro
Fonte : A. D.P. , Idem , ibidem , f l s. 3v .- 6
A.H.M.P., Idem, ibidem , f ls . l82 - l93v.

1773 - "huma morada de cazas sobradadas sitas por baixo donde es


teve o arco de S . Domingos , vindo para Sam Chrispim à mao
esquerda para baixo que he a quarta morada de cazas"
Confrontações: Nascente - casa de Maria Caetana Rosa
Poente - casa de João de Basto Maia Pe-
reira
Norte - viela da Palma
Sul - rua de S. Domingos
Vendedores: Dr . Manuel José da Cunha de Far la e sua mulher
Maria Clara da Assunção da Cunha
Fonte: A.D.P. , Idem, ibidem, fls. 6- 8v.
A.H.M.P . , Idem, ibidem, fls. 210- 22lv.

177 3 - ."huma morada de cazas sobradadas si tas na quina da viel -


la da Palma"
Confrontações: Nascente - casa de Ana Angé l ica
Poente - rua que terminava na praça de
S. Domingos
Norte - casa do reverendo António José
de Lima
Sul - vie l a da Palma e praça de S. Do
mingas
- 688 -

Vendedores: padre Cosme Vareiro da Silva e sua irmã Mar-


garida Angé lica de Vasconcelos
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 113, fls. 29-3lv.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 223-233v.

1773 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na rua da Ponte de


S. Domingos que são as ultimas que ficão no fim da mesma
rua místicas ao hospital de Sam Chrispim"
Confrontações: Nascente - rua que ia para a Biquinha
Poente - casa do reve rendo José António
Vi laça
Norte - viela da Palma
Sul - rua da Ponte de S. Domingos
Vendedores: António José Soares e Silva e sua mulher Ger
trudes Rosa do Nascimento
Fonte: A.D. P., Idem, ibidem, fls. 3lv.-33v.
A.H.M.P., Idem, nQ 6, fls . 1-llv.

17 7 3 - "h uma morada de cazas sobradadas si tas na rua da Ponte de


S. Domingos que sao as penul timas que fi cão no fim da mes-
ma rua à mão esquerda"
Confrontações: Nascente - casa de António José Soares e
Silva
Poente - casa de Maria Caetana Rosa
Norte - vie la da Palma
Sul - rua da Ponte de S . Domingos
Vendedores: Padre Dr. José António Vilaça da Cruz
Fonte: A.D .P., Idem , ibidem, fls. 73-75v .
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 13-25v .

1773- "terreno do quintal das cazas [ ... ] místico a mesma pra-


ça"
Confrontações : Nascente - paredão da praça da Vitória
Poente - quintal da casa de António Re-
belo Pereira
Norte - casa do vendedor
Sul - paredão da praça da Vitória
- 689 -

Vendedores: José Machado de Faria Portela


Fonte: A.D.P., Idem, nQ 114, fls. 27v.-29v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 27-36.

1774 - "hum campo chamado dalem da Eyra, sito no sitio do Laran


jal"
Confrontações : Nascente - quintal do sargento-mor Antó-
nio da Costa Soares
Poente - com o monte
Norte - terras de João Alves Cardoso
Sul - terras de Aires Pinto Henriques
Vendedores: Manuel Alves de Carvalho Miranda e sua mulher
Josefa Joaquina Rosa
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 121, fls. 83-84v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 38-38v.

1774- "huma morada de cazas sobradadas sitas na [ . .. ] praça da


Ribeira"
Confrontações: Nascente - praça da Ribeira
Poente - rio da Vila
Norte - casa que pertenceu ao capitão
João Álvares de Freitas
Sul - casa da viúva e filhos de José
Correia de Aguiar
Vendedores: Isabel Maria da Conceição vi úva do cap itãoD~

mingos Álvares do Vale e seus filhos o r eve-


rendo Francisco Januário e José Constantino
Vale, Ana Isabel Rosa, Maria Máxima e F rancis
ca Felicia
Fonte: A.H .M.P., Idem, ibidem, fls. 48-57v.

1775 - "parte da dita caza" ou Albergaria do Hospital de S. Cris


pim e S. Crispiano
Confrontações: não referidas
Vendedores: Provedores do Hospital dos Palmeiras de S. Cris
pim e S. Crispiano
Fonte: A. D.P., Idem, nQ 127, fls. 89v.-9lv.
A.H.M.P., Idem, ibidem, f ls. 60-66v.
- 690 -

1776 - "parte da terra do quintal das cazas"


Confrontações: Nascente - rua nova do Almada
Poente - rua que ia para Santo Ovídio
Norte - com a nova parede do vendedor
Sul - quintal do Juiz de Fora António
Barroso Pereira
Vendedores: Reverendo Caetano José Moreira de Sá
Fonte: A.D .P., Idem, nQ 137, fls. 84v.-86v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 142-14 7.

177 6 - "quatro moradas de cazas"


Confrontações: 1ª casa: de José António Oliveira Miséria
Nascente - casa de José de Sousa Barroso
Lima
Poente - casa de António Correia Nunes
Norte - praça da Ribeira
Sul - muralha da cidade
2ª casa: de António Correia Nunes
Nascente - casa de José António Oliverra Mi
séria
Poente - casa de Nossa Senhora do 6
Norte - praça da Ribeira
Sul - muralha da cidade
3ª casa: de José de Sousa Barroso Lima
Nascente - casa dos herdeiros de Pedro da
Costa Real
Poente - casa do José António d e Olivei-
ra Miséria
Norte - praça da Ribeira
Sul - muralha da cidade
4ª casa: dos herdeiros de Pedro da Costa
Real
Nascente - torreão da cape la de Nossa Se-
nhora do 6
Poente - c asa de José de Sousa Barroso
Norte - praça da Ribeira
Sul - muralha da cidade
- 691 -

Vendedores: José António de Oliveira Miséria e mm mWllier


D. Teresa Margarida; António Correia Nunes;
José de Sousa Barroso Lima e os herdeiros de
Pedro da Costa Leal
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 138, fls. 42v.-48
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 148-163.

1776 - "huma morada de cazas sobradadas"


Confrontações: Nascente - praça da Ribeira
Poente - outra casa do vendedor
Norte - casa de Mariana de Mendonça
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Manuel Lourenço Mendes
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 63v.-65v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 169-176v .

1776 - "parte da terra do quintal das cazas"


Confrontações: Nascente - quintal do Dr. Sebastião da Cos-
ta Barbosa
Poente - Filipe dos Santos
Norte - com terra do quintal do v ende-
dor
sul - rua nova
Vendedores: José Vieira dos Santos e sua mulher Joana Ma
ria Alves
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 13, fls. 115-116v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 211-216v.

1776 - "parte da terra e quintal das cazas"


Confrontações: Nascente - Filipe Dantas
Poente viúva de Francisco José Vieira
Norte - José Leite
Sul - Juiz de Fora Dr. António Bar-
reto Pereira
Vendedores: José Leite da Silva e sua mulher Josefa Maria;
seus cunhados Manuel Francisco e sua mulher Ma
ria Francisca e José Francisco e sua mulher Ana
- 692 -

Maria, filhos e herdeiros de Pedro Francisco


Fonte: A. D.P., Idem , nQ 139, f l s. 7v . -9v.
A.H.M . P., Idem, ibidem, fl s. 21 8 - 224 .

1776 - "parte da terra do quintal das cazas da dita Thereza I~

cia de Jezus"
Confrontações: Nascente - terra do quintal de José Leite
Poente - terra do quintal dos herdeiros
de José Guedes
Norte - terra do quintal de Teresa Iná
cia de Jesus
Sul rua pública
Vendedores: Teresa Inácia de Jesus viúva de Francisco Jo-
se Vieira, pasteleiro
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 45v . -47v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 227-232.

1776 - "huma morada de cazas sobradadas com sua logea para o pJ.§_
tigo do Peixe"
Confrontações: Nascente - casa de Manuel Loureiro Mendes
Poente - casa de João Martins de Araújo
Norte - casa de Mariana de Mendonça
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Manuel Lourenço Mendes
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 56-58v.
A.H.M.P., Idem, nQ 6, f l s. 180- 187v.

1776- "huma morada de cazas [ ... ] que se compoem de huma logea,


e alguns quartos"
Confrontações: Nascente - cobertos da Ribeira
Poente - casa dos herdeiros de Francis-
co Martins da Luz
Norte - loja de Manuel Lourenço Mendes
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Manuel Caetano Álvares de Sousa e sua mulher
Ana Teresa Tomásia
- 693 -

Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 58v.-61


A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. l90-l97v.

1776- "huma morada de cazas sobradadas [ . .. ] sitas nos lavadou


ros do Laranjal"
Confrontações: Nascente - quintal dos vendedores
Poente - um ribeiro
Norte viela que ia para a rua do Pa-
raiso
Sul - rua nova
Vendedores: José da Silva Mota e sua mulher Quitéria Leo
narda da Silva
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 6lv.-63v.
A.H.M.P., Idem, nQ 13, fls. 246-253.

1776 .:.:"hurna· morada de- cazas sobradadas"


Confrontações: Nascente - praça da Ribeira
Poente - casa de Manuel Lourenço Mendes
Norte - rua da Fonte Taurina
Sul - casa de Manuel Lourenço Mendes
Vendedores: Mariana de Mendonça, viúva de António da Sil-
va Pinto
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 65v.-68v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 233-243.

1776 - "parte da terra do quintal das Cazas"


Confrontações: Nascente - quintal da viúva de Francisco
José
Poente - quintal de Juiz de Fora António
Barroso Pereira
Norte - terra do quintal das vendedoras
Sul - nova rua
Vendedores: Rosa Teodora de Jesus e sua irmã Teresa Teotó
nia de Jesus, filhas de José Guedes Pinto de
Moura
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 93v.-96
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 256-26Jv.
- 694 -

1776- "dous pedaços de terra de dous quintaes [ ... ] e tres pe-


daços de terra dos tres quintaes [ ... ] e hum pedaço de
terra do quintal"
Confrontações: 1ª propriedade
Nascente - terra do quintal do vendedor
Poente - com o ribeiro
Norte quintal de José da Silva Mota
Sul quintal de Francisco Caldeira
da Fonseca
2ª propriedade
Nascente terra do quintal do vendedor
Poente - com o ribeiro
Norte - com a viela
Sul - quintal do reverendo António
Caldeira da Fonseca
3ª propriedade
Nascente t e rra do quintal do vendedor
Poente com o ribeiro
Norte - quintal do reverendo António
Caldeira da Fonseca
Sul - quintal dos herdeiros de José
da Mota Manso
Vendedores: Reverendo António Caldeira da Fonseca, José
da Silva Mota, cirurgião , e sua mulher Quit~

ria Leonarda da Silva, e Francisco Caldeira


da Fonseca e sua mulher Josefa Maria
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 100-104
A.H .M. P ., Idem, nQ 6, fls. 200-214.

1777- "huma morada de cazas sobradadas [ ... ] e sao as tercei-


ras ao subir as escadas do muro"
Confrontações: Nascente - casa do vendedor
Poente - casa de João de Araújo
Norte - rua da Fonte Taurina
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Manuel Lourenço Mendes
Fonte : A.D . P., Idem, nQ 141, fls. 3lv.-33v.
A.H.M.P ., Idem, ibidem , fls. 224-23lv.
- 695 -

1777- "parte das cazas [ ... ] sitas na rua da Biquinha, pegadas


ao hospital de S. Chrispim "
Confrontações: Nascente - casa dos vendedores
Poente - rua pública
Norte - casa dos vendedores
Sul - terra pública
V~ndedores: Maria Bernardina de Jesus, viúva de Filipe P~

reira Simes, e seu filho José Pereira Simes


Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 83v-86
A.H.M.P., Idem, nQ 13, fls. 289-298.

1777 - "hum pedaço de terra do quintal das cazas"


Confrontações: Nascente - com o ribeiro
Poente - com mais terra do quintal
Norte - com a v iela
Sul - com mais terra do quintal
Vendedores: António Rodrigues da Silva Praça e sua mulher
Ana Eugénia de Oliveira
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 143, fls. 38-4lv.
A. H.M.P., Idem, ibidem, fls. 268-280v.

1777 - "parte da terra do quintal das Cazas"


Confrontações: Nascente - praça da Conceição
Poente - quintal de José Vieira
Norte - com mais terra do mesmo quintal
Sul - terra do Colégio dos Meninos 6r
fãos
Vendedores: Sebastião Marques Pereira e sua mulher Luisa
da Silva
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 56-58
A.H . M.P., Idem, ibidem, fls. 282-288v.

1777- "huma morada de cazas sobradadas [ ... ] sitas ao pe da mes


ma praça"
Confrontações: Nascente - com outra casa da vendedora
Poente - idem
Norte - casa dos herdeiros de Domingos
Alves Vale
- 696 -

Sul - casa dos herde i ros do mestre es


cola da Sé , Manuel Carneiro de
Ar aújo
Vendedores: Luisa Maria , viú va de José Correia de Aguiar
Fonte: A.D.P., Idem, n Q 14 4 , fls. 1 10- 112.

1778 - "huma morada de cazas sobradadas "


Confrontações: Nascen t e - praça da Ribeira
Poente casa de José Filipe da Costa
Norte - casa de Luis a Maria , viúva de
José Co rr eia de Aguiar
Sul rua da Font e Tauri na
Vendedores: Convento da Madre de Deus de Monchique , capi-
tão António Lopo de Sande e sua mulher Joana
Antónia da Gama, Erígida Joaquina de Azevedo
Ferreira
Fonte: A.H.M . P., Idem, nQ 1 3 , fls. 307 - 3 22 .

17 78 - "huma morada de cazas sob radadas [ ... ] sitas no principio


da rua da Fonte Taurina"
Confrontações: Nascente - casa dos herdeiros de Joaquim Jo-
sé Fer r eira de Carvalho
Poent e - casa dos herdeiros de José Cor-
reia de Aguiar
Norte - idem
Sul - rua pública
Vendedores: José Filipe da Costa
Fonte: A . H.M. P., I dem , nQ 7, f ls. l- 8v .

1778 - "huma morada de cazas sobradadas "


Confrontações: Nascente - casa que o Senado comprou às r~

ligiosas do convento de Monchi -


q ue
Poente - rua púb lica
Norte - terreno da casa que o Senado co~

prou ao capitão Domingos Alves


Vale
Sul - rua públi c a
- 697 -

Vendedores: Luisa Maria, viúva de José Correia de Aguiar


Fonte: A.D.P., Idem, nQ 148, fls. 18-20
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 10-17v.

1778 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na mesma praça e


místicas a mesma Porta da Ribeira"
Confrontações: Nascente - muralha da cidade
Poente - praça da Ribeira
Norte - rua dos Canastreiros
Sul - Porta da Ribeira
Vendedores: José António de Oliveira e sua mulher Teresa
Margarida
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 19-29.

1778 - "huma morada de cazas sobradadas sitas na parte de fora


da dita Porta e mística a ella"
Confrontações: Nascente - cais da Ribeira
Poente - muralha da cidade
Norte - idem
Sul - cais da Ribeira
Vendedores: Venerãvel Irmandade dos Clérigos Pobres
Fonte: A.H.M.P., Idem, nQ 13, fls. 349-356v .

1778 - "huma morada de cazas sobradadas"


Confrontações: Nascente - rua dos Mercadores
Poente - rua nova de S. João
Norte - casa de Manuel Gomes Leitão
Sul - praça da Ribeira
Vendedores: António Álvares da Cunha e Araújo e sua mu-
lher Luisa Joaquina Correia da Silva Frois
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 149, fls. 30-32y.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 358-365v.
- 698 -

1778- "huma morada de cazas sobradadas [ . . . ] sitas na rua da


Fonte Taurina"
Confrontações: Nascente - novo "arquiamento" da praça da
Ri beira
Poente - casa de José Martins da Luz
Norte - rua da Fonte Taurina
Sul - rua de Cima do Muro
Vend edores: João Ribeiro Pereira e sua mu lher Ana Rosa
Fonte: A.D.P ., Idem, nQ 1 50 , fls. 58v.-61
A.H.M.P . , I dem , ibidem, fls. 367 -37 5 .

1779 - "hum pedaço de terra de hum quintal "


Confrontações : Nascente - propriedade dos vendedores
Poente - rua
Norte - idem
Sul - com a propriedade dos vendedo~

res
Vendedores: José da Silva Mota, cirurgião, e sua mu lher
Quitéria Leonarda da Silva
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 151, fls. 30v. - 33.

1779 - "huma morada de cazas sobradadas [ ... ] sitas ao pe da me s


ma praça da Ribeira "
Confrontações: Nascente - praça da Ribeira
Poente - casa de José Vieira de Azevedo
Norte - praça da Ribeira
Sul - rua públi ca
Vendedores : Reverendo António Gomes Marques de Sousa
Fonte: A.H .M .P. , Idem, nQ 7, fls. 75-8 l v.

1779 - "hum pedaço de terra no fundo do quintal dos orfhãos"


Confrontações: Nascente - quintal do s v endedores
Poente - rua nova
Norte - quintal de Manuel Martins
Sul - quinta l do tutor dos órfãos, M~

nuel de Mendonça Freire


Vendedores : Orfãos de Lourenço José de Melo
Fonte: A.H.M.P., I dem , ibidem, fls. 82- 88v .
- 699 -

1780- "huma propriedade de cazas com seu quintal [ ..• ] de outro


quintal de outra propriedade de que elle he senhor (Manu-
el de Figueiroa Pinto) e pussuidor na dita prasa de Santo
Ovídio"; "hum pedaço do seu campo que tambem possue citua
do ao pé da dita prasa"; "hum campo".
Confrontações: 1ª propriedade
Nascente - Maria Rodrigues
Poente - com a estrada
Norte - terras e casa do vendedor
Sul - com a praça
2ª propriedade
Nascente - terreno de João Coelho da Silva
Poente - terreno comprado a Manuel de Fi
gueiroa Pinto
Norte - terreno da vendedora
Sul terreno de João Coelho da Silva
3ª propriedade
Nascente - terreno do vendedor
Poente - terreno comprado a Maria Rodri-
gues
Norte - terreno do vendedor
Sul - nova praça
Vendedores: Manuel de Figueiroa Pinto, Maria Rodrigues e
João Coelho da Silva
Fonte: A.D.P., Po-4, nQ 327, fls. 74-76v.; Po-4, nQ 343,
fls. 1-5.

1780 - "huma parte do seu quintal das cazas em que elle mora na
dita rua da estrada de Cedofeita"
Confrontações: Nascente - terra e casa de Valéria Luísa
Baptista
Poente - quintal de Custódio Ferreira Car-
neiro de Vasconcelos
Norte - mais quintal do vendedor
Sul - viela do Carregal
Vendedores: José da Silva de Carvalho
Fonte: A.H.M . P . , Idem, ibidem, fls. 89-95v.
- 700 -

1782 - "parte dos quintais das cazas q ue elles possuem na rua do


Pinheiro"
Confrontações: Nascente - quintal de Jos~ Vieira
Poente - qui ntal dos herdeiros de Jos~

Guede s
Norte - quinta l dos vendedor e s
Su l - rua nova do Pinhei ro
Vendedo res: João Gomes e seu irmão Manuel Gomes da Fonse
ca
Fo nt e: A.H.M . P. , Idem, ibidem, fls. 105-lll.

1784 - "hurna morada de cazas [ ... ] si ta na rua dos Mercadores des


ta cidade com quina pa r a a ditta rua nova de Sam João"
Confrontações: Nascente - rua pública
Poe nt e - rua nova
Norte - idem
Sul - casa de Domingos Martins Gonça!
ves
Vendedores: Manuel do Nascimento Coel ho e sua mulher Ana
Joaquina Leite de Morais e Filipe Coe lho
Fonte : A.H.M.P. , I dem , ibidem, fls. l 63 -l 69v .

1785 - " parte de hum seu quintal que possue no sitio do Laranjal "
Confrontações : Nascente - casa do ~endedo r

Poente - com a viela


Norte - quinta l de Jos~ Pinto Resende
Sul - nao indica
Vendedores : Capi tão João Luís do Vale
Fonte : A.H.M.P., Idem, ibidem, fls . 210- 215 .

1785- " humas cazas sem o quinta l [ ... ] no sit i o do Laranjal"


Confrontações: Nascente - com Manuel Jos~ da Cruz do Cil
Poente - idem
Norte - com a praça
Sul - com os vendedores
Vendedores : Manuel Al v es de Carvalho Miranda e sua mulher
Josefa Joaquina Rosa
Fonte: A.H. M.P., Idem , ibidem , fls. 217-221.
- 701 -

1785 - "hum pedaço de quintal"


Confrontações: Nascente ·- com o vendedor
Poente rua de Santa Catarina
Norte casa de José Rodrigues Braga
Sul rua de Santa Catarina
·vendedores: Reverendo Dr. José de Castro e Sá da Fonseca
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 224-228 ..

1785 - "humas cazas na dita rua do Laranjal, que se compoem de


duas moradas de pardieiros [ ... ] mais a cazaque de no-
vo os mesmos vendedores andavão levantando [ ... ] caza e
fronteira dos mesmos vendedores [ ... ] toda a parte de o u
tra morada de caz~s que já se acha demarcada para a mes-
ma praça"
Confrontações: lª propriedade
Nascente - com a praça
Poente com Manuel Alves
Norte - com a praça
Sul com Manuel Alves
2ª propriedade
Nascente - com Manuel Alves
Poente idem
Norte com os vendedores
Sul - idem
3ª propriedade
Nascente com os vendedores
Poente - com Manuel Alves
Norte - com a praça
Sul - com Manuel Alves
4ª propriedade
Nascente com José de Sousa Felgueiras
Poente - com os vendedores
Norte - com a praça
Sul com os vendedores
Vendedores: Manuel José da Cruz do Cil e sua mulher Ana
Joaquina
Fonte: A.H .M. P., Idem, ibidem, fl s . 230- 235v.
- 702 -

1785 - "hum pedaço de terra"


Confrontações: Nascente - com António Ribeiro
Poente - c om Manuel José da Cruz Cil
Norte - com a praça
Sul - casa dos v endedores
Vendedores: José de Sousa Felgueiras
Fonte: A.H.M . P., Idem, ibidem, fls. 238-242.

1785- "morada de cazas [ .. . ] que t em e p ossue na rua do La ran-


j a l"
Confrontaç ões: Nascente - com o vendedor
Poente - com a v i ela
Norte - quintal de João Pinto Resende
Sul - rua púb l ica
Vendedores : José Gomes e sua mulher An gé lica Tomásia
Fonte: A.D.P., Po-4, n Q 359 , f ls. 65v.-67v .

1 785 - " parte do quintal das cazas que elles sao senhores "
Confrontações : Nascente - casa dos vendedores
Poente - com a vi e la
Norte - quinta l de José Luís do'Va l e
Sul - quinta l de Domingos Gomes
Vendedores : José Pinto de Resende e s ua mulher Ana Ludo-
vi na
Fonte : A.D. P ., Idem, i bidern , fls . 68-69v .
A . H. M.P ., Idem, nQ 8 , f ls. l-5.

1785 - "hum pedaço de terra do seu quinta l que fica na rua da Pi


caria "
Confrontações: Nascente - com a rua
Poente - com a vendedo r a
Norte - com a rua
Sul - com a vendedora
Vendedores: Margarida Joana de Almeida viúva de Louren ço
de Almeida Dias
Fo nte : A.D.P. , Id e m, ibidem, fls . 87-89
A. H. M. P . , Idem, ibide m, fl s . 9-14.
- 703 -

1785 - "cazas e quintal"


Confrontações: Nascente - quintal de António José de Sousa
de Sousa Lobo
Poente - quintal do Alferes de Santo An
dr é
Norte - praça pública
Sul - quintal de António Ribeiro
Vendedores: José Manuel Gomes e sua mulher Teresa de Je-
sus
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 31-35.

1785 - "hum pedaço da propriedade do seu quintal que elle tem e


possue no citio do Laranjal"
Confrontações: Nascente - terra do vendedor
Poente - com a viela
Norte - com a viela do Laranjal
Sul - quintal de António Leite Pinhei
ro
Vendedores: José da Cruz Ferreira
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 99-lOOv.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 44-47v.

1785 - "parte da terra do seu quintal, que elles possuem na rua


do Laranjal"
Confrontações: Nascente - quintal dos vendedores
Poente - com a viela
Norte - quintal de José da Cruz Ferrei-
ra
Sul - quintal de João Luís do Vale
Vendedores: António Leite Pinheiro e sua mulher Luisa Te-
resa de Araújo
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. l00v.-102v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 36-40v.
- 704 -

1785 - "tres moradas de cazas e hum pedaço de hum quintal"


Confrontações: Nascente - a rua pública
Poente - terras do capitão mor de Arouca
Norte - idem
Sul - rua Direita de Santo Ildefonso
Vendedores: Sargento mor António José de Lemos e sua mu-
lher Maria Rosa Angélica
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 12 3-128.

1785 - "huma morada de cazas com seu quintal sitas na dita praça
de Santo Ouvido"
Confrontações: Nascente - terras de Maria Rodrigues da Cos
ta
Poente - rua pública
Norte terras de António Alves
Sul - com a praça
Vendedores: Manuel de Fig ue iroa Pinto
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 361, fls. 68-69v.
A. H.M.P ., Idem , ibidem, fls. 181-190.

1785 - " parte de dois campos "


Confrontações :Nascente - terras da vendedora
Poente - terras de Maria Rodrigues
Norte - terras da vendedora
Sul - praça de Santo Ovídio
Vendedores: Maria de Jesus Alves
Fonte : A. D.P., Idem, ibidem , f ls. 9lv. - 93
A.H . M.P., I dem , ibidem , fls . 209- 213 .

1785 - " hum carr.po "


Confrontações : Nascente - terras de Maria de J esus Al ves
Poente - quinta l de Manuel de Fi gueiro a
Pinto
Norte - terras de António Al ves
Sul - praça de Santo Ovídio
Vendedores: Maria Rodrigues , viúva de Vicen te Rodrigues
Fonte : A.D.P., Id em, ibidem, f ls. 93v .-9 5
A.H . M.P., Idem, ibide m,f l s. 214-218.
- 705 -

1785 - "parte de hum campo"


Confrontações: Nascente - terras de Maria de Jesus Alves
Poente - rua de Nossa Senhora da Lapa
Norte - terras do vendedor
Sul - terras de Maria da Costa
Vendedores: António Alves, o novo
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 95-96v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 219-223.

1785- "hurna morada de cazas [ ... ] citas ao pé do Bulhão"


Confrontações: Nascente - largo da fonte do Bulhão
Poente - rua pública
Norte - casa de Custódia Maria
Sul - com a viela
Vendedores: Teodósia Luisa, viúva de Francisco Coelho
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 116-117
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 224-226.

1785- "metade das cazas, e quintal [ ... ] ao pe da Cancela · Ve-


lha"
Confrontações: Nascente - rua do Bonjardim
Poente - v iela da Cancela Velha
Norte - id e m
Sul - casa do padre João Lopes de Oli
v eira
Vendedores: José Carvalho e sua mulher Maria do Pilar
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 124v.-126
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 229-233v.

1785 - "hurna morada de cazas sobradadas com o seu quintal que no


referido citio da Cancela Velha"
Confrontações: Nascente - rua do Bonjardim
Poente - o rego de água
Norte - casa de Manuel Martins
Sul - viela da Cancela Velha
Vendedores: José Alves e sua mulher Josefa Maria
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 362, fls. l-2v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 235-239v.
- 706 -

1785 - "huma parte do quintal que no referido citio da Cancela Ve


lha possuem"
Confrontações: Nascente - terra do vendedor
Poente - rua dos Lavadouros
Norte - travessa do Cirne
Sul - terra do vendedor
Vendedores: José da Silva Mota e sua mulher Quitéria Ber-
narda (ou Leonarda) da Silva
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 23-24v.

1785- "parte de humas cazas [ ... ] na referida viella do Estevão"


Confrontações: Nascente - com Simão de Araújo e Abreu
Poente com Joaquim Pereira
Norte - viela das Liceiras
Sul - v iela do Estevão
Vendedores: João de Carvalho de Amorim Albuquerque
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 86v.-90
A.H.M.P., Idem, nQ 9, fls. 68-73.

1785- "parte de humas cazas [ ... ] na dit-a viela do Estevão"


Conf rontações: Nascente - com João Carvalho de Amorim
Poente com António José
Norte - viela das Liceiras
Sul - viela do Estevão
Vendedores : Joaquim Ferreira Beça e sua mulher Ana Rosa
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 88-90
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 62-66v.

1785- "cazas [ ... ] no sitio da Cancella Velha e parte do quintal


da s mesmas"
Con frontações: Nascente- terra dos herdeiros de Jacintode
Magalhães
Poente - rua do Bonjardim
Norte - casa de João dos Reis
Sul com o vendedor
Vendedores: Manuel Te ixeira de Moura e sua mulher Teresa
de Jesus
- 707 -

Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 12lv.-123v.


A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 7.4-79v.

1785 - "huma parte da terra do quintal"


Confrontações: Nascente - quintal de José Carneiro
Poente - viela da Cancela Velha
Norte - idem
Sul - terra dos vendedores
Vendedores: João José de Almeida Magalhães e sua mulher
Ana Eusébia Joaquina de Magalhães
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 126-127v .
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 82-88.

1785 - "hum pedaço" de terra


Confrontaç6es:Nascente casa de Joaquim Caldeireiro
Poente - os vendedores
Norte - idem
Sul - v iela pública
Vendedores: António José da Silva Pereira e sua mulher
Gertrudes Bernardina Esteves
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 363, fls. 1-3
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 90-94v.

1785- "hum quintal [ ... ] na rua do Bonjardim"


Confrontações: Nascente - terras dos herdeiros de Jacin-
to de Magalhães
Poente - rua pública
Norte - quintal de Manuel Teixeira
Sul - quintal de António da Silva Ma
galhães
Vendedores: Elias António Lopes
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 5-7

A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 96-102.


- 708 -

1785 - "cazas" na rua da Porta de Carros


Confrontações: Nascente "retiro" da casa de João Henri
que
Poente rua pública
Norte - casa de Francisco José Ribeiro
de Macedo
Sul - casa da viúva de Mateus Rodri-
gues Medina
Vendedores: António Pereira 'Vilaça e sua mulher Ana Cla-
ra Rosa
Fonte: A.H.M.P., Idem, nQ 8, fls. 83-87v.

1785- "parte da morada de cazas [ ... ] na dita rua de Porta de


Carros"
Confrontações: Nascente - quintal de José Joaquim Fernan
des
Poente casa e quintal de Manuel da Fon
seca e Sousa
Norte - casa dos vendedores
Sul - casa e quintal de Manuel da Fon
seca e Sousa
Vendedores: Francisco José Ribeiro de Macedo
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 363, fls. 75v.-77
A.H.M.P., Idem, nQ 9, fls. 222-226.

1785 - "sinco mil seiscentos e tres palmos e meio quadrados da


morada de cazas, e quintal [ ... ] na mesma rua da Portade
Carros"
Confrontações: Nascente - casa e quintal de José Joaquim
Fernandes
Poente - casa de Francisco José Ribeiro
de Macedo
Norte casa dos vendedores
Sul casa de Luis António Ribeiro
Braga
Vendedores: Manuel da Fonseca e Sousa e sua mulher Ana Ma
ria Joaquina da Fonseca
- 709 -

Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 77v.-79


A.H.M.P:, Idem, ibidem, fls. 216-221.

1785 - "a mayor parte das cazas e rocio"


Confrontações: Nascente - casa de Manuel da Fonseca e Sou
sa
Poente - casa de José Gomes da Silva
Norte · - casa da vendedora
Sul - casa dos herdeiros do padre Jo-
se de Queirós
Vendedores: Ana Teresa de S. José
Fonte: A. D.P. , Idem, ibidem, fl s. 85-87
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 186-191.

1785 - "metade de huma morada de cazas de hum sobrado com rua so


bre cozinha"
Confrontações: Nascente - casa e quintal do reverendo João
"Buteler"
Poente - quintal de Francisco José de Ma
cedo
Norte - casa e quintal dos vendedores
Sul - idem
Vendedores: José Joaquim Fernandes Correia e sua mulherMa
ria Alves de Jesus
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 81-82v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 180-185.

1785 - "metade de huma cozinha, huma nacessaria, e a maior parte


de hum piqueno quintal"
Confrontações: Nascente - casa de Diogo Barbeiro
Poente - casa de Bernardo José Carneiro
Norte - casa e quintal de Manuel da Foo
seca e Sousa
Sul - com os vendedore s
Vendedores: Manuel Carneiro Machado, e sua mae Clara Tere-
sa Correia de Barros e seu irmão José carneiro
Machado Castelo Branco
Fonte: A.D.P., Ide m, ibidem, fls. 8 3-85
A.H.M . P., Idem , ibdi em, fls. 173-179.
- 710 -

1785 - "duas partes das duas moradas de cazas e seu retiro"


Con frontações: Nascente - ca s a de Francisc o José Ribeiro
de Mac edo
Poente - idem
Norte - casa dos vendedores
Sul - casa da vi6va de Mateus Rodr~-

gues Medi na
Vendedores: José Gome s da Silva e sua mulher Inácia Bemar
dina Angélica de Cast r o
Fonte: A. D. P., Idem, ibidem , f l s. 87v .- 89v .
A.H.M.P . , Idem, ibidem, fls. 192- 197.

1785 - " parte das cazas e r etiro"


Confrontações: Nascente - casa de José Joaquim Fernandes
Poente - casa de Franc i sco Pereira d :e
Ar aújo
Norte quinta de Manuel da Fonseca e
Sousa
Sul casa do vendedor
Vendedores: Luís António Ribeiro Braga , homem de negócio
e sua mulher Eufrásia Maria Angélica
Fonte: A.D.P . , Idem, ibidem , fls. 90- 92
A. H.M . P., Idem, ibidem , fls. 198-203.

1785 - " parte de hum ti l heiro, que serve de estrebaria, pertença


das suas cazas que possue no mesmo citio da porta de Car-
ros"
Confrontações: Nascente - casa e quintal de o. Cl ara Tere
sa Corr eia de Barros
Poente - casa de Francisco José Ribeiro
de Macedo
Norte - casa do Dr . Manuel da Fon seca e
Sousa
Sul - casa do vendedor
Vendedores: Bernardo José Carneiro
Fonte: A.D . P., Idem, ibidem, fls. 92- 93v.
A. H.M.P., Idem, ibide m, fls. 204 - 208.
- 711 -

1785- "parte das cazas e retiro [ ... ] que possue no principio da


dita rua da calçada da Thereza"
Confrontações - Nascente - casa ..de Luis António Ribeiro Br a
ga
Poente - casa de Diogo Barbeiro
Norte - quintal de Manuel da Fonseca e
Sousa
Sul - casa do vendedor
Vendedores: Francisco Pereira d e Araújo
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 95-96v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 210-214v.

1785 - "huma morada de cazas sitas da parte de fora da rua da Por


ta de Carros"
Confrontações: Nascente - casa dos vendedores
Poente - terra do público
Norte - idem
Sul - idem
V~ndedores: Francisco José Ribeiro de Macedo e sua mulher
Joana Leonor Moniz
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 364, fls. 48-49v.
A.H.M.P., Idem, nQ 10, fls. 44-48.

1785- "hum bocado de quintal [ ... ] na calçada da Thereza"


Confrontações: Nascente - rua pública
Poente - idem
Norte - idem
Sul casa dos vendedores
Vendedores: Joaquim José de Sousa Salgado
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 120-122
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 81-85.

1785 - "humas cazas citas na rua do Laranjal"


Confrontações: Nascente - rua pública
Poente - com o vendedor
Norte - com Damião Pereira
Sul - rua pública
- 712 -

Vendedores: José da Cruz Ferreira


Fonte: A.D.P., I dem , ibidem, fls. 122 - 123v.
A.H.M.P. , Idem, ibidem, f ls. 86 - 90 .

1785 - "parte das cazas e q~ intal que na rua do Laranjal" po~

s u iam os vendedores
Confrontaçõee: Nascente - rua pública
Poen t e - casa e quintal de José da Cruz
Ferreira
Norte - casa e qui n tal de Antón i o Ribei
ro
Sul r ua púb l ica
Vend edores : Damião Pereira de Azevedo e sua mae Mariana
Rosa
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls . 123v. -1 25
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 91-96.

1785- "hum quintal [ ... ] que possuem na rua da Boavista"


Confrontações: Nascente - propriedade do vend edor
Poente - propriedade do Revere ndo Chan-
tr e de Cedofeita
Norte - propriedade do vendedor
Sul - propriedade do Revere ndo Chan-
tre de Cedofeita
Vendedores: Joaquim José Pereira Dias e sua mulher Maria
Joaquina
Fonte : A.D . P ., Idem, nQ 365, fls. 63 - 64v.
A.H .M. P., Idem, ibidem, f ls. 118-122.

1785 - "quinze palmos do expressado quinta l "


Confrontações: Na scen te - propriedade de Joaqu im José Pe
reira Dias
Poen te - propriedade do vendedor
Norte - propriedade de Joaquim José Pe
reira Dias
Sul - propriedade do Reverendo Chan-
tre de Ce dofeita
- 713 -

Vendedores: Joaquim José Pinto


Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 72v.-73v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 113-116v.

1785 - "nove mil trezentos e sincoenta palmos do expressado qui~

tal"
Confrontações: Nascente propriedade do vendedor
Poente - propriedade de Joaquim José Pe-
reira Dias
Norte - propriedade do vendedor
Sul - propriedade de Joaquim José Pe-
reira Dias
Vendedores: João Baptista Fontana
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 74-75v.
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 123-127.

1786- "parte de hum campo [ ... ] cito no referido citio da Agoa


Ardente"
Confrontações: Nascente - com o vendedor
Poente - estrada pública
Norte - estrada pública
Sul - com Manuel dos Santos
Vendedores: António Joaquim de Basto Maia Pereira
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 366, fls. 1-4
A. H.M.P., Idem, ibidem, fls. 158-162.

1786- "parte do campo [ ... ] no dito citio da Agoa Ardente"


Confrontações: Nascente - com o vendedor
Poente - estrada pública
Norte - com José de Basto Maia
Sul - viela pública
Vendedores: José da Cunha
Fonte: A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 163-166v.
- 714 -

17 86 - "parte de hum quintal, e parte de humas cazas si tas na rua


da Cancella Ve l ha"
Confrontações: Nascente - rua pública
Poente - idem
Norte - idem
Sul com os vendedores
Vendedores: José da Silva Mota e sua mulher Quitéria Leo-
narda da Silva
Fonte: A.H.M .P., Idem, ibidem, fls. 223-227v.

1786 - "parte das tres moradas de cazas"


Confrontações: Nascente - rua pública
Poente - com o vendedor
Norte idem
Sul - rua pública
Vendedores : Bernardo Ribeiro de Sousa
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 367, fls. 24-26
A.H.M.P., Idem, ibidem, fls. 229 -2 33v.

1786 - "parte de hum quintal que no mesmo sitio do Padrão das Al


mas"
Confrontações: Nascente - casa de João Ribe iro Viana
Poente - quintal de Jerónimo de Oliveira
Norte com o vendedor
Sul - rua pública
· vendedores: Domingos Teixeira Guimarães
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 28v.-30
A.H.M.P. , Idem, ibidem, fls. 235-2 39.

1786- "morada de cazas [ ... ] no citio do Padrão das Almas"


Confrontações: Nascente - casa de João Ribeiro Viana
Poente idem
Norte - quintal do mesmo
Sul - rua pública
Vendedores: Josefa Angélica
Fonte : A.D . P ., Id em , ibidem, fls. 32-34.
- 715 -

1786- "parte do quintal [ ... ] sito ao Padrão das Almas"


Confrontações: Nascente - quintal de Domingos Teixeira
Poente - quintal de Manuel Pedroso
Norte - com os vendedores
Sul - rua pública
Vendedores: úrfãos de Maria Soares
Fonte : A.H.M.P., Idem, nQ 11, fls. 24-28v.

1786- "hum pedaço de quintal [ ... ] cito no mesmo lugar de Cedo


feita"
Confrontações: Nascente - rua pública
Poente - com o vendedor
Norte - idem
Sul - com Joaquim Pereira
Vendedores : Reverendo José Alves Martins
Fonte: A. D.P., Idem, nQ 368, fls. 89v.-91.

17 86 - "huma parte do quintal [ ... ] c i ta ao di to Padrão da Almas"


Confrontações: Nascente - terra de Domingos Teixeira
Poente - terra de Manuel Pedroso de Lima
Norte - terra de Domingos Teixeira
Sul - terra de Manuel Pedroso de Lima
Vendedores: úrfãos de Maria Soares
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 96-97v.
A.H.M.P., Idem, nQ 9, fls. 103-106v.

1786- "hum pedaço de quintal [ •.. ] cito na rua do Padrão das Al_
mas"
Confrontações: Nascente - terra de Jerónimo de Oliveira
Poente - terra de ~..anuel Pedroso Lima
Norte - terra de Jerónimo de Oliveira
Sul - terra de Manuel Pedroso Lima
Vendedores : Francisco Soares da Mota
Fonte: A.D.P. , Idem, ibidem, fls. 97v.-99.
- 716 -

1787 - "parte das mesmas cazas e do seu quintal"


Confrontações: Nascente - casa e quintal do vendedor
Poente - com a rua
Norte - idem
Sul - com a rua nova
Vendedores: Reverendo Gabriel da Costa Neves
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 371, fl. 14v.-16.

1787 - "parte de hurnas cazas com hum pedaço de terra [ ... ]na cal
çada da Thereza"
Confrontações: Nascente - com José António de Sousa
Poente - com Maria Inácia
Norte - rua pública
Sul - com o vendedor
Vendedor: Reverendo José Tomás Duarte
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 17-18v.

1787- "huma morada de cazas [ ... ] na calssada de Santo Ildefon


so"
Confrontações: Nascente - casa de Maria Inácia de Araújo
Poente -casa do reverendo José TomásDu
arte
Norte - rua nova
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Agostinho José Braga
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 375, fls. 106v.-108.

1787- "huma morada de cazas [ ... ] na calssada de Santo Ildefon


so"
Confrontações: Nascente- casa do reverendo José TomásDu
arte
Poente - Agos~inho José Braga
Norte - rua nova
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Maria Inácia de Araújo
Fonte: A.D.P., Idem, ibidem, fls. 108-109.
- 717 -

1787 - "hurna ~nora.da de cazas citas na calssada de Santo Ildefon-


so"
Confrontações: Nascente - casa de Agostinho José Braga
Poente com Maria José de Jesus
Norte - com a rua nova
Sul - muralha da cidade
Vendedores: Reverendo Tomás da Silva
Fonte : A.D.P., Idem, ibidem, fls. l05-106v.

1788 - "huma morada de cazas para se demolir, citas a .Crus do Sou


to [ ... ] e ficão sobre o arco que vai da rua da Banharia
para a rua . Nova do Pateo"
Confrontações: Nascente - casa de Leandro Cardoso
Poente rua pública
Norte - arco que vai para os Pelames
Sul - rua pública
Vendedores: Manuel de Barros Pereira e sua mulher Teresa
Leonor Pinto Ferreira de Barros
Fonte: A.D.P., Idem, nQ 377, fls . 128v.-l30.
Í N D I C E

Sumá rio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I

Nota preliminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X

Fontes e bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI V

Introdução ....... . ................. . .. ......... . . . . ...... 1

Primei r a Parte - Os Almadas . . . . . . . . . . . . . . . . ......... . 34

Capítul o I - Joãode Almada e Melo (1 703 -1 786) ... . 36

Capítulo II - Francisco de Almada e Mendonça (1757-

-1804 ................... .. ............. . . . . 79

Segunda Parte - Arqui te c tu r a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Capítulo I - Os antecedentes: panorama da arqui -

tectura no Porto de 1700-1757 . . . . . . . 104

Capítulo II - O terramoto de 17 55 no Porto e a es

trutura arquitectónica da cidade se

gundo as Memórias Paroquiais de 1758. 1 96

Capítulo III -Do tardo-barroco ao neoclássico ..... 232

Capítulo IV -Arquitectura neopalladiana . ......... 311

Terceira Parte -Obras P6blicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392

Capítulo I -A Junta das Obras P6blicas .. ........ 393

Capítulo II - As Obras P6blicas n o tempo de João

de Almada e Melo (1757-1786) . . . . . . .. 446

Capítulo III - As Obras P6blicas de 1 787 a 1804 .... 534

Capítulo IV - Os edifícios construídos sob a ins-

pecção de Francisco de Almada e Me~

donça............................... 587
Quarta Parte - Os Homens . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 605

Capitulo I - Dados sobre os arquitectos que trab~

lharam no Porto de 1757 a 1804 . . . . . . . 606

Capitulo II -Artistas. Artífices. Trabalhadores .. . 643

Conclusão................................................ 674

Apêndice................................................. 677
ERRATA VOLUME I

Pg. Linha Onde se l ê • Deve ler - se

VII ll , praça [ ... ] escadas . Praça [ ... ] .E~

[ ... ] e rua c adas [ ...] . Rua


XIII 7 a e

27 Prof. Professor

XXVIII 27 arte Arte

3 3 Nossas Nossa

4 SAnto Santo

6 6 provoados povoados

26 fima firma

16 26 e a a

35 19 viradeira - Viradeira,

41 16 conheciênto conhecimento

90 25 Minho Minho"

146 14 Duques duques

202 4 8.287 8 287

203 17 3.587 3 587

205 3 3.370 3 370

23 7.926 7 926

209 17 l. 611 l 6 11

212 l 8.287 8 287

213 l 3.587 3 587

214 l 3.370 3 370

215 l 7.926 7 926

216 l l . 611 l 611

233 21 3.336 3 336


225 28 3.122 3 122

31 3.370 3 370

237 14 I676 1676

240 23 cicho nicho

249 4 casas casa

263 l Nese Nesse

6 Bago "Bago

270 8 e que, e que, pelo

271 3 ocnheceram conheceram

278 6 razmoes razoes

211 8 a e a

341 2 hospital Hospital

17 hospital Hospital

350 27 possue possui

356 12 casa casa,

427 12 prosseguia, prosseguia

455 12 ja já

470 14 tuído: tuído -

17 demolida, demolida -
479 18 encontrava encontrava,

488 8 severidade "severidade

552 27 da desta desta


553 lO

559 21 aguas furtadas águas-furtadas


561 4 hospital Hospital

639 14 fl. fl. 97

18 - XXXVI, -XXXVI, 1965


ERRATA VOLUME I (cont.)

Pg. Linha Onde se lê Deve ler-se

3 16 apresentado apresentando
35 6 Relacionadas Relacionados
36 3 Almda Almada
43 2 de Lousã da Lousã
80 lO 5 e 7 de Outubro 5 e 7 de Outubro,
de 1776,

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