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BRASÍLIA
2009
Dedico este trabalho à minha mãe, Zilmar, que com sua
paciência e benevolência muito me incentivou e inspirou; ao
meu pai, Baelon, fonte de amor incomensurável, pelo suporte
e compreensão. Aos meus padrinhos, Tânia e João Carlos,
amores da minha vida.
Agradeço aos meus pais, pela educação que me deram e
também por todo apoio, presentes em qualquer circunstância.
ABSTRACT
The Public Forest Management Law represents great change in Brazil’s forest policy.
Law 11,284/2006, which regulates public forest management for sustainable
production, establishes that the Government and its agencies may grant forest
concessions to private companies for promoting sustainable logging. Such law,
designed mainly for the exploration of areas in the Amazon, has the purpose of
bringing together forest conservation and sustainable development, and yet to
undermine illegal logging, illegal land appropriation land grabbing and tax evasion.
Through forest concessions, the Public Administration would give responsibilities to
the concessionaires, declaring that it is unable to provide inspection itself. The
approval of Law 11,284/2006 reumed quickly, despite several opinions against its
creation. Its constitutionality is being discussed on the Federal Supreme Court. In this
study we analyze the Management Law in its socio-legal aspects, in the scope of
constitutional, administrative, environmental and civil processual law; as well as its
factual outcomes regarding the FLONA Jamari licitation in Rondônia, the first public
forest concession on Amazon.
RESUMÉ
INTRODUÇÃO........................................................................................8
1 FLORESTAS TROPICAIS……………............................................10
CONCLUSÃO.........................................................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................67
INTRODUÇÃO
1
EHRLICH, Paul. A perda da diversidade in Biodiversidade, E.O,Wilson (Org.). Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1997, p.27.
2
LUGO, Ariel. Estimativas de redução na diversidade de espécies da floresta tropical in
Vale ressaltar que qualquer esforço de quantificar e catalogar a
diversidade contida nessas florestas se apresenta como trabalho hercúleo. Atualmente,
tem-se uma estimativa que existam 3 milhões de espécies de plantas, entretanto, há
um consenso na comunidade científica de que existe uma grande dificuldade de
inventariar com precisão a maior parte das espécies endêmicas existentes nas florestas
tropicais, portanto, esse valor poderia ser até 10 vezes maior. 3
6
MYERS, Norman. Florestas Tropicais e suas espécies in Biodiversidade, E.O,Wilson (Org.). Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p.36.
7
Ibidem p.37.
8
PENA-VEGA, Alfredo, O despertar ecológico. Edgar Morin e a ecologia complexa.Rio de
Janeiro: Garamond, 2003, p.84-88.
meio ambiente causadas por fatores naturais e sociais, considerando que, sob a ótica
da ecológica, quanto maior a simplificação de um ecossistema, maior a sua
fragilidade.
9
Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) pretende proporcionar a preservação
da patrimônio natural da Amazônia através dos princípios de desenvolvimento sustentável. Seus
países membros são: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.A
OTCA surgiu em decorrência do Tratado de Cooperação Amazônica, que foi assinado em 3 de julho
de 1978. Os objetivos do tratado são a preservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos
naturais da Amazônia. Em 1995, as oito nações decidiram criar a OTCA para fortalecer e
implementar os objetivos do Tratado. O protocolo de emenda ao TCA foi assinado em Caracas,
capital venezuelana, em 14 de dezembro de 1998. Disponível em: http://www.otca.org.br/ Acesso
em 06.02.09
10
Ibidem, p. 97-99
da humanidade. O Homem é parte da biodiversidade mas tem-se considerado acima
dela e esta atitude tem alterado o equilíbrio do planeta e comprometido o próprio
futuro do Homem. A biodiversidade é a garantia de que o Homem encontrará tudo o
que necessita para sua subsistência.
11
O nome Amazonas foi dado pelo frei espanhol Gaspar de Carvajal, o primeiro cronista europeu a
viajar pelo rio, durante a expedição de Francisco de Orellana, na primeira metade do século XVI. O
frei afirmou que sua embarcação foi atacada por mulheres que, como na mitologia grega das
amazonas, pretendiam escravizar os homens para procriar antes de matá-los.
12
SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA AMAZÔNIA. Disponível em:
http//www.sivam.gov.br/Amazonia/numeros1.htm. Acesso em: 28.08.08
13
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?
id_noticia=799 Acesso em 09.04.09
A formação humana começa junto com a floresta. As mudanças
climáticas ocorridas há 7.000 e 6.000 anos atrás, levaram a um elevação de
temperatura e umidade, propiciando solo fértil para que as florestas expandissem. Por
volta de 5.000 anos atrás surgem práticas primitivas de coleta de frutos e pesca feita
por grupos pré-históricos.14
14
Disponível em: http://www.tomdaamazonia.org.br/index.asp?id=historia_1.2. Acesso
em:16.01.2009
15
SMITH, Anthony. Os conquistadores do Amazonas: quatro séculos de exploração e aventura
no maior rio do mundo, São Paulo: Best Seller, 1994 p.36
16
"A noção Heartland que pode ser entendida como área-pivô, região-eixo, terra central ou coração
continental – é o conceito-chave que constitui a pedra de toque da teoria do poder terrestre. Para
Mackinder "quem controla a hertland [terra-coração] domina a pivot área e quem domina a pivot
área controla a "ilha mundial", e quem controla a "ilha mundial" domina o mundo." In
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782000000100011&script=sci_arttext. Acesso em:
03.09.2008
17
Disponível em: http://www.tomdaamazonia.org.br/index.asp?id=historia_1.4 Acesso
em:16.01.2009
18
MARTINS, Edílson. Amazônia, a última fronteira, Rio de Janeiro: Codecri, 1982.
que, além de resguardar possíveis incursões estrangeiras por via fluvial, deu origem à
atual cidade de Belém, que serviu como base para o povoamento da Amazônia. A
19
escravidão na região foi essencialmente de mão-de-obra indígena.
2004, p.23-24.
23
DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. São Paulo:
Nobel, 1989."De como foi que começou até o fim da borracha". Disponível em:
www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/68.pdf. Acesso: 17.01.2009
24
Ibidem p.25-26
25
Ibidem p.29-32
Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e criada a Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Em seu artigo 2°, é instituído o conceito
de Amazônia Legal26, sendo que os Estados a ele pertencentes passaram a gozar de
benefícios fiscais e a obtenção facilitada de crédito.
Tal erro se verifica ainda nos anos 90, com a adoção de programas
puramente desenvolvimentistas, como o Ação (1996) e o Avança Brasil (1999). Nos
anos 90, o ritmo de devastação bateu todos os recordes. Atualmente, está sendo
34
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. art.225
35
Em inglês: Pilot Program to Conserve the Brazilian Rain Forest tradução livre: Programa Piloto
para Conservar a Floresta Úmida Brasileira. O Programa Piloto para a proteção de Florestas
Tropicais busca a proteção da vida por meio da cooperação de entes públicos, agentes internacionais
e a sociedade civil organizada. Tem como objetivo encontrar formas de conservar as florestas
tropicais da Amazônia e da Mata Atlântica, visando dessa forma, promover soluções para a efetiva
proteção e o uso sustentável dessas florestas brasileiras, assim como o bem-estar das populações
locais. DEUS, Maria Cristina de, O Programa Piloto para a proteção das florestas tropicais in
Os 40 anos do Código Florestal , Coord. Por Maria Collares e Felipe da Conceição, 1º edição, Rio
de Janeiro,EMERJ, 2007,. P.121-125.
36
Ibidem p.27-29
37
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. (Org.) Paula Yone Stroh. Rio de
Janeiro: Garamond, 2002. p.49.
38
LEFEBVRE, Henri. Espaço e política. Trad. Margarida Maria de Andrade e Sérgio Martins (do
original: Espace et politique. Paris: Éditions Anthropos, 1972) p.25-29.
implementado o Programa Amazônia Sustentável (PAS), um plano com diretrizes
gerais e estratégicas para sua implementação, tendo como objetivos principais, o
desenvolvimento sustentável, a ampliação da presença do Estado democrático, a
soberania nacional, a integração do Brasil com países sul-americano amazônico, o
combate ao desmatamento ilegal, a recuperação de áreas degradas, a proteção da
biodiversidade e a proteção aos direitos indígenas e das comunidades locais, entre
outros. 39
39
PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA. Plano Amazônia Sustentável: diretrizes para o
desenvolvimento sustentável da Amazônia Brasileira.Brasília: MMA, 2008. p. 5-7.
40
Ponderando sobre o arcabouço legal sobre florestas brasileiras, a Professora Syglea Lopes informa
sobre a evolução verificada no conceito de manejo florestal identificando três diferentes momentos:
inicialmente o manejo era “sustentado” (Portaria n° 486-P/86), depois “sustentável” (Decreto n°
1.282/94) e, após o Decreto n° 2.788/98, “sustentável de uso múltiplo”. Este último diploma legal
assim definiu: “Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo é a administração da floresta para
obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a
utilização de múltiplas espécies de madeiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros,
bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza ambiental.” In LOPES, Syglea Rejane
Magalhães. Procedimentos legais da exploração florestal na Amazônia. Belém: EFS, 2000.p.47.
41
Disponível em: http://www.noticiasdaamazonia.com.br/2542-sem-responder-as-perguntas-
mangabeira-irrita-deputados-e-assume-limitacoes-para-coordenar-o-pas/ Acesso em 20.01.08
nomeação de Mangabeira Unger renunciou inesperadamente o Ministério do Meio
Ambiente.
42
Disponível em: http://www.mma.gov.br/pnf. Acesso em:07.09.08
A Amazônia pode ser considerada uma floresta urbanizada, pois
mais da metade de sua população vive em centros urbanos, que por sua formação
histórica, possuem uma constituição étnica diversa, gerando riqueza cultural, conflitos
de interesses, e a busca por direitos e cidadania, transfigurando, então, em um cenário
fértil para intensa influência internacional.43
43
BECKER, Bertha K. Migração e mudança ocupacional na fronteira amazônica brasileira:
estratégia, trajetória, conflitos e alternativas. In: BECKER, Bertha K. et al. Fronteira Amazônica:
questões sobre a gestão do território. Brasília:UNB; Rio de Janeiro:UFRJ, 1990, pp.89-109.
44
BECKER, B.K. Mudanças estruturais e tendências na passagem do milênio in A Amazônia e
seu banco. (Org.) MENDES, A.D, Manaus: Ed. Valer, 2002.
45
Companhia Vale do Rio Doce
4. Organização da sociedade . conflitos sociais/ambientais; .diversificação da estrutura
civil – estrutura da sociedade. .conectividade + mobilidade + social
urbanização. .formação de novas sociedades
locais – sub regiões;
.conscientização – aprendizado
político ;
.organização das demandas em
projetos alternativos com
aliança/parceiros externos;
.despertar da região /conquista
da cidadania.
5. Malha socioambiental – .conflitos de terra e de .formação de um vetor tecno-
estrutura da apropriação do territorialidade; ecológico;
território. .conflitos ambientais .demarcação de terras indígenas;
.multiplicação e consolidação de
Unidades de Conservação
(UC’s);
.Projetos de Gestão Ambiental
Integrada (PGAI’s) nos estados;
Planos de Desenvolvimento
Sustentável dos Assentamentos
(PDAS);
.capacitação de quadros para o
Zoneamento Ecológico-
Econômico (ZEE).
46
BECKER, Bertha. Amazônia: Geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro:Garamond,
2004, p.41-42
(IMAZON), a floresta está dividida da seguinte forma: 43% de reservas ambientais e
indígenas, em parte ocupada por posseiros47; 21% terras do Estado (fora das reservas).
Estima-se, hoje, que dos 5 milhões de km2 da Amazônia, apenas 4% das propriedades
são privadas e têm o registro válido48. Os outros 32% são propriedades privadas, mas
sem qualquer registro válido no INCRA ou nos órgãos fundiários estaduais. 49Essa
insegurança jurídica se justifica pela dimensões continentais e o difícil acesso
combinados com a inércia estatal e sua inexistência quanto promotor de programas e
projetos governamentais.
47
P.ex. Reserva Indígena Raposa Serra do Sol/RR
48
Disponível em: http://www.noticiasdaamazonia.com.br/4458-projeto-preve-o-confisco-de-terras-
griladas/ Acesso em: 03.09.08
49
Disponível em: http://imazongeo.org.br/ . Acesso em 03.09.08.
50
A Sesmaria era a concessão de terras no Brasil pelo governo português com o intuito de
desenvolver a agricultura, a criação de gado e, mais tarde, o extrativismo vegetal, tendo se
expandido à cultura do café e do cacau. Ao mesmo tempo, servia a povoar o território e a
recompensar nobres, navegadores ou militares por serviços prestados à coroa portuguesa. O sistema
de sesmarias do Brasil era um prolongamento do sistema jurídico português, estabelecido pela lei de
26 de maio de 1375 e baixada por D. Fernando. As capitanias hereditárias foram uma forma de
administração territorial do Império Português uma vez que a Coroa, com recursos limitados,
delegou a tarefa de colonização e/ou exploração de determinadas áreas a particulares através da
doação de lotes de terra, sistema utilizado inicialmente com sucesso na exploração das ilhas
atlânticas. No Brasil, esse sistema ficou conhecido como capitanias hereditárias, tendo vigorado, sob
diversas formas, durante o período colonial, do início do século XV até ao século XVIII, quando o
sistema de hereditariedade foi extinto pelo Marquês de Pombal em 1759 in BENCHIMOL, Samuel.
Amazônia: Formação social e cultural, Manaus: Valer / Universidade do Amazonas, 1999. P.31-
45
51
Olga Maria Becker afirma que a migração cumpre uma função específica na degradação ambiental,
reforçando a pressão da população sobre os recursos e serviços in BECKER, Olga M. S.
Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia, contextos. In:CASTRO, Iná E. et al.
Explorações Geográficas. Rio de Janeiro. Ed. Bertrand Brasil. 1997. p.7
52
SAYAGO, Dóris. O pulo do grilo: o INCRA e a questão fundiária na Amazônia in Amazônia:
Cenas e Cenário, Dóris Sayago, Marcel Bursztyn (orgs.) .Brasília:Universidade de Brasília,2004, p.
Esse grave quadro introduz a Floresta Amazônica em um cenário
anárquico, onde a principal conseqüência é o uso irracional do recursos naturais, em
especial as florestas, impulsionado por uma visão utilitarista do meio ambiente. O
mundo moderno é produto de um processo civilizatório abalizado no
antropocentrismo e na dominação da natureza.
No ano de 2004, o setor gerou uma renda anual bruta de US$ 2,3
bilhões, provenientes de 82 pólos industriais. Mais da metade da produção florestal,
64%, é destinada ao mercado interno, entretanto, há um forte crescimento da
exportação, tendo quase triplicado em 16 anos, atingindo a marca de US$ 943
milhões, em 2004. O processamento das toras de madeira se dá nas seguintes
porcentagens: 63% serrada; 21% laminado e compensado e os 16% restantes são
produtos beneficiados.58
56
GIUDICE, Roberta Rubim Del. Proposta do Governo Federal para a gestão da florestas
públicas e fomento das atividades florestais. Disponível em:
http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vi_en/artigos/mesa2/Proposta_do_Gover
no_Federal_brasileiro_para_a_gest_o_florestal.pdf. Acesso em: 03.09.08
57
Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/sca/_arquivos/plano_amazonia_sustentavel.pdf.
Acesso em 07.09.2008.
58
LENTINI, M. et al. Fatos Florestais da Amazônia. Belém: Imazon, 2005.p 110
59
O Programa Brasileiro de Certificação Florestal, CERFLOR, é materializado pela aplicação da
normas NBR 14789 e NBR 15789, para a certificação do manejo de Florestas Plantadas e Florestas
Nativas, respectivamente. A aplicação dessas normas fundamenta-se na verificação de indicadores,
no contexto de diversos critérios e que atendem aos seguintes cinco princípios fundamentais: 1)
Obediência à legislação; 2) Racionalidade no uso dos recursos florestais a curto, médio e longo
prazos, em busca da sua sustentabilidade; 3) Zelo pela diversidade biológica; 4) Respeito às águas,
ao solo e ao ar; 5) Desenvolvimento ambiental, econômico e social das regiões em que se insere a
atividade florestal.. Informações detalhadas acerca destas normas podem ser obtidas consultando-se
www.inmetro.gov.br e www.abnt.org.br.
brasileira uma boa orientação. E salienta que, “normas existem, e não é o caminho da
supernormatização60 que vai possibilitar um maior nível de concretização destes
direitos. Na verdade, a observância das normas existentes seria suficiente para uma
política ambiental bem encaminhada.”61
60
Destaca André Osório Gondinho que “A grande dificuldade presente em todas as tentativas de
codificação reside no fato de os valores sociais e ideológicos de uma sociedade não permanecerem
imutáveis durante o curso da história, bem como na impossibilidade de o legislador prever situações
inimagináveis ao tempo de sua positivação”. (in Codificação e cláusulas gerais. Revista Trimestral
de Direito Civil – RTDC. São Paulo: Padma, ano 1, vol. 02, abril a junho de 2000, p. 3).
61
SAMPAIO, Antonio Coelho. A busca pela efetividade do direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equibrado. p 63. Disponível em:
http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1466. Acesso em
22.01.09
62
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras
de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente; art.69-A. Elaborar ou
apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo,
estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão.
Esse é o arcabouço jurídico que trata de florestas públicas objetos da
Lei de Gestão, tema do presente trabalho. O mapa a seguir mostra a disposição das
Florestas Públicas no território nacional. São nessas áreas que ocorrerão as futuras
concessões:
63
Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/sfb/_arquivos/imagem_florestas_publicas_bioma.jpg. Acesso
em: 18.05.08
2. LEI DE GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS
68
no Senado Federal recebeu o número 62/2005.
69
C.f Ação Direta de Inconstitucionalidade n.°3.989, STF.
Quanto ao veto presidencial, jurisconsultos70 têm argumentado que,
considerando-se que o manejo florestal será feito em terras públicas e que a
Constituição Federal previu forma expressa de aprovação de concessões para
explorações dessa natureza, nem mesmo o grande afã em se dar celeridade ao
processo licitatório e resguardar as garantias aos vencedores de tal processo em áreas
superiores a dois mil e quinhentos hectares poderá se sobrepor ao veemente mando
constitucional.
O caso fático afeto a direitos difusos deve ser discutido com a maior
seriedade possível, abrindo o debate para múltiplos setores da sociedade, devendo sim
ser analisada e aprimorada pelo o Congresso Nacional a cada concessão.Vale ainda
ressaltar que a Carta Magna não possui frases inúteis, e toda e qualquer disposição
nela escrita tem condição de norma constitucional, possuindo assim grau hierárquico
maior que a Lei de Gestão.
Também foi vetado o art. 63, que previa que o Serviço Florestal
Brasileiro, bem como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal a ele
subordinado, teriam as suas ações aprovadas por um Conselho Gestor. Na justificativa
foi descrito que essa disposição hierárquica resultaria em duas instâncias de
deliberação executiva, o que não se coaduna com uma gestão eficiente.
70
Pela Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil assinaram a moção pelo veto
pensadores do meio ambiente como Guilherme José Purvin de Figueiredo - Procurador do
Estado/SP, Professor de D. Ambiental USF e PUC/Rio. Coord. Geral da APRODAB; José Afonso
da Silva - Professor Titular aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
Procurador do Estado/SP aposentado; Paulo Affonso Leme Machado - Professor de Direito
Ambiental na Universidade Metodista de Piracicaba Prêmio Internacional de Direito Ambiental
Elizabeth Haub (1985); Paulo de Bessa Antunes - Advogado, Membro do Ministério Público
Federal, Doutor e Mestre em Direito; Adriana Maurano - Advogada - OAB/SP 120.409; Anete
Garcia Fiuza - Advogada, Prof. de D. Ambiental da UNIC-Cuiabá/MT; Angela Issa Haonat -
Professora de Direito Ambiental da Universidade Federal do Tocantins – UFT; Carlos Bocuhy -
Presidente do PROAM - Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental; Carolina Mazieri –
Advogada;Cristiane da Costa Carvalho - Advogada/MS; Danielle de Andrade Moreira - Professora
de Direito Ambiental da PUC-Rio; Elida Séguin - Defensora Pública/RJ e Professora de Direito
AmbientalFrancelise Pantoja Diehl - Advogada/SC, Mestre em Direito Ambiental; José Eduardo de
Alvarenga - Professor Universitário; Márcia Brandão Carneiro Leão - Advogada e Professora
Universitária – SP; Luciano Rolo Duarte - Advogado/SP; Márcia Maria Dantas Anjos Tanaami –
Advogada; Maria Nayde Freire de Souza Oliveira - Advogada/PE, Membro da Comissão de Meio
Ambiente da OAB-PE, Vice Diretora do GESQC-PE ONG e Professora de Direito Ambiental;
Rodrigo Lima Klem - Advogado Público/RJ; Vitório Sorotiuk - Advogado/PR. Disponível em:
http://www.aprodab.org.br/cartas/cf49xvii.htm Acesso em 31.01.09
ao §2º do artigo 39 do Projeto de Lei. Tal dispositivo previa vedação à substituição
das fontes orçamentárias já asseguradas às atividades de controle e fiscalização a
cargo do IBAMA, como forma de compensação orçamentária, em decorrência do
cumprimento do disposto na alínea b do inciso I do caput do mesmo artigo 39.71
71
Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2571/Uma-introducao-a-Lei-das-
Florestas-Publicas Acesso em: 08.04.09
72
Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1070 Acesso em: 06.10.08
73
GIUDICE, Roberta Rubim Del. Proposta do Governo Federal para a gestão da florestas
públicas e fomento das atividades florestais. Disponível em:
http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vi_en/artigos/mesa2/Proposta_do_Gover
no_Federal_brasileiro_para_a_gest_o_florestal.pdf. Acesso em: 03.09.08
74
GODOY, Amália Maria Goldberg. A gestão sustentável e a concessão das florestas públicas.
Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, ano 10, n.3 p. 631-654, set/dez.2006
75
São eles: do Meio Ambiente (MMA); do Desenvolvimento Agrário (MDA); da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA); da Defesa (MD); da Ciência e Tecnologia (MCT); da
Integração Nacional (MI); de Minas e Energia (MME); do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG); do Trabalho e Emprego (MTE); das Relações Exteriores (MRE); do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC); e Justiça (MJ), além da Casa Civil.
76
Disponível em: http://www.amazonia.org.br/noticias/print.cfm?id=251047 Acesso em 30.09.08.
Entretanto, esses dados se mostram conflitantes ao longo do tempo.
Em período ânuo, outros dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), mostrando que o desmatamento não estava reduzindo, mas sim,
aumentando vertiginosamente, tendo dobrado, em setembro de 2008.77Estima-se que,
em agosto de 2008, foram desmatados 756km2 de floresta, o que equivale a metade
da cidade de São Paulo.78 79
77
Disponível em:
http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL77739216052,00RITMO+DE+DESMATAMEN
TO+DA+AMAZONIA+DOBRA+EM+AGOSTO.html Acesso em 30.09.08.
78
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u450087.shtml Acesso em
03.09.08
79
O número representa uma alta de 134% em relação ao registrado em julho (323 km2). Os dados são
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com base em dados de satélite do sistema Deter,
de detecção do desmatamento em tempo real.
80
De agosto de 2007 a julho de 2008, o Brasil desmatou 11.968 km2 de florestas na Amazônia Legal.
Esse é o dado do desmatamento anual divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE). O número representa um aumento de 3,8% em relação ao desmatamento verificado no ano
anterior, indicando uma quebra na tendência de reduções da taxa verificada desde o período 2004-
2005. É um indício de que ainda é necessário rever e ampliar os esforços para conter o
desmatamento, tornando-os mais sistêmicos, integrados e estratégicos.Entre agosto de 2006 e julho
de 2007, a taxa de desmatamento foi de 11.532 km2, 18% menor do que o desmatamento medido
entre 2005 e 2006. Essa relativa estabilidade da taxa de desmatamento neste último ano contrasta
com algumas expectativas de maior aumento associado ao aquecimento do mercado de commodities
agrícolas pré-crise econômica. Parte dessa tendência está associada às ações implementadas pelo
governo federal desde o final de 2007, que passou a envolver mais o setor produtivo no esforço de
redução do desmatamento. Disponível em:
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_ambiente_brasil/educacao/educacacao_news/?
16800 Acesso em 12.04.09
sucateamento de pessoal, resultante das recentes divisões na estrutura do IBAMA,
repartindo as atribuições, criando-se novos órgãos, porém sem a contratação de novos
servidores. Ainda mais nesse momento em que os interesses do mundo se voltam
para a Amazônia como grande interesse econômico, e fazem o uso de seu poder pelas
ONG’s.81
81
Um levantamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) encaminhado ao Ministério da
Justiça para amparar a operação de combate à biopirataria, compra ilegal de terras, interferência
indevida em áreas indígenas e exploração de recursos minerais, lista pelo menos 25 organizações
não-governamentais com atuação na Amazônia e que devem ser investigadas pela força tarefa criada
pelo Ministério da Justiça. No grupo estão as entidades mais expressivas com atuação nas áreas
indígenas e na defesa do meio ambiente. O relatório traz um cadastro completo das entidades, nome
ou razão social, origem, sede, dirigentes, fontes de financiamento, área de atuação e as atividades
desenvolvidas, mas deixa claro que nem todas exercem atividades suspeitas. entre as ONGs
ambientalistas, um dos alvos certos da investigação é a inglesa Cool Earth, dirigida pelo milionário
sueco Johan Eliasc, que oferece terras pela Internetno Amazonas, Mato Grosso e em determinadas
regiões do Equador com o pretexto de arrecadar dinheiro para preservação de áreas "adotadas".
Cerca de 20 mil pessoas fizeram doações na primeira semana de campanha do site da Cool Earth.
Em 2005, Johan Eliasch comprou uma área de 160 mil hectares em Manicoré (a 332 quilômetros ao
sul de Manaus). A campanha recebeu o apoio de várias personalidades e entidades ambientalistas
britânicas. Outra ONG com atuação na área, a amazonense Comissão Pró-Yanomami (CCPY),
segundo as anotações da Abin, chegou a celebrar convênio com o laboratório americano Shaman
Pharmaceuticals, sem o conhecimento da Funai ou da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), para
repassar conhecimentos tradicionais dos índios sobre medicina em troca de recursos, o que
caracterizaria, segundo o governo amazonense, a prática de etnobiopirataria. Na lista de 25 ONGs, a
Abin aponta 13 com atuação em áreas indígenas e, entre elas, as suspeitas. As que mereceram maior
atenção são entidades como a Amazon Conservation (ACT), de origem americana, que desenvolveu
campanhas para compra de terras e é suspeita de biopirataria. Dados coletados pela Abin, a entidade
repassaria conhecimentos indígenas sobre substâncias extraídas de plantas e animais a laboratórios
estrangeiros ligados à produção de cosméticos e medicamentos. Grupos indígenas chegaram a
acusar a ACT de não prestar contas e nem repassar recursos prometidos às aldeias in Biopirataria e
o desafio da gestão de Florestas Públicas. PEREIRA, Maria Rachel Coelho. Disponível em:
http://dgta.fca.unesp.br/docentes/stella/200802/epf/BIOPIRATARIA.pdf Acesso em: 16.03.2009
82
40% do valor excedente ao valor do preço mínimo.
83
Sua receita será, além do preço mínimo do edital, o recursos entre 20% a 40% do FNDF.
84
As normas que regulamentam as gestão de florestas no Brasil: LEI Nº 11.284, DE 2 DE MARÇO
DE 2006 - Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na
trazer tal impacto, essa Lei requer, necessariamente, uma base de implementação
compatível com suas necessidades.
estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo
Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; e dá outras providências; DECRETO Nº 6.063
DE 20 DE MARÇO DE 2007 - Regulamenta a Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei
11.284/2206);DECRETO Nº 5.795, DE 5 DE JUNHO DE 2006 - Dispõe sobre a composição e o
funcionamento da Comissão de Gestão de Florestas Públicas, e dá outras providências; DECRETO
DE 13 DE FEVEREIRO DE 2006 - Institui o complexo geoeconômico e social denominado
Distrito Florestal Sustentável - DFS da BR-163, e dá outras providências;RESOLUÇÃO 03/2007,
DE 05 DE OUTUBRO DE 2007 - Regulamenta os indicadores a serem utilizados no julgamento da
melhor proposta técnica e bonificadores para concessão florestal;RESOLUÇÃO 02/2007, DE 06
DE JULHO DE 2007 - Regulamenta o Cadastro Nacional de Florestas Públicas.;RESOLUÇÃO
01/2007, DE 12 DE MAIO DE 2007 - Altera o valor das madeiras nos Contrato de Transição, e dá
outras providências.;INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 2, DE 10 DE AGOSTO DE 2006 -
Disciplina a convocação para a celebração de contrato de transição objetivando a continuidade do
manejo florestal de que trata o art. 70 da Lei no 11.284, de 2 de março de 2006;CONTRATO DE
GESTÃO Nº 1, DE 1º DE OUTUBRO DE 2007 - Assegura ao Serviço Florestal Brasileiro
autonomia administrativa e financeira, no grau conveniente ao exercício de suas atribuições, de
forma a contribuir para a execução das políticas nacionais de gestão de florestas
públicas;PORTARIA INTERMINISTERIAL N° 301, DE 02 DE OUTUBRO DE 2006 - Dispõe
sobre o quantitativo máximo de 150 servidores a serem requisitados para o Serviço Florestal
Brasileiro;PORTARIA N° 59, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2008 - Estabelece os Centros
Especializados que integram a Estrutura do Serviço Florestal Brasileiro;RESOLUÇÃO 01/2008,
DE 21 DE JANEIRO DE 2008 - Implementa a Unidade Regional do Distrito Florestal Sustentável
da BR – 163;RESOLUÇÃO 02/2008, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2008 - Implementa a Unidade
Regional do Purus-Madeira;RESOLUÇÃO 03/2007, DE 05 DE JUNHO DE 2008 - Altera o valor
das madeiras nos Contratos de Transição, e dá outras providências;RESOLUÇÃO 04/2008, DE 23
DE JUNHO DE 2008 - Implementa o Sistema Nacional de Parcelas Permanentes - SisPP e as
Redes de Monitoramento da Dinâmica de Florestas Brasileiras e dá outras
providências;INSTRUÇÃO NORMATIVA 04/2008, DE 25 DE JUNHO DE 2008 Define os
procedimentos técnicos para o Licenciamento Ambiental para o uso sustentável de florestas
públicas, na modalidade concessão florestal, e para a elaboração, apresentação e avaliação técnica
do Relatório Ambiental Preliminar - RAP.
85
Art. 15 do Código Florestal: “Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas
primitivas da bacia amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de
condução e manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de
um ano”. A Regulamentação desse artigo só veio a ser regulamentado pelo Decreto 1.282/94, depois
sendo regulamentado sua parte final pelo Decreto. 5.975/06.
até 10 anos(120 meses) e uso de critério tipo técnico na seleção da melhor oferta.
floresta primária e não tinham licença ambiental. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, diz
que foi feito acordo para que, no lugar de pagar em dinheiro, o Incra recupere áreas degradadas nos
assentamentos e doe áreas destinadas à reforma agrária para unidades de conservação. A auditoria
diz que os 330.290 hectares desmatados representam 59% do total dos sete assentamentos autuados.
Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/03/22/desmatamento-auditoria-pedida-por-
lula-prova-que-derrubada-de-florestas-em-assentamentos-do-incra-vai-alem-do-que-se-pensava-
754949256.asp Acesso em 12.04.09
89
Disponível em : http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL830809-16052,00.html Acesso
em: 12.04.09
90
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Elementos de Direito Administrativo. São Paulo,
Revista dos Tribunias, 2000. p. 753/755
os execute em seu nome, por sua conta e risco. "91
2.6 Regulamentação101
98
Ex.vi. Art.49-56 da Lei de Gestão.
99
Art. 52. Do Dec. 6.063/06: O monitoramento das florestas públicas federais considerará, no
mínimo, os seguintes aspectos: I - a implementação do PMFS; II - a proteção de espécies endêmicas
e ameaçadas de extinção; III - a proteção dos corpos d'água; IV - a proteção da floresta contra
incêndios, desmatamentos e explorações ilegais e outras ameaças à integridade das florestas
públicas; V - a dinâmica de desenvolvimento da floresta; VI - as condições de trabalho; VII - a
existência de conflitos socioambientais; VIII - os impactos sociais, ambientais, econômicos e outros
que possam afetar a segurança pública e a defesa nacional; IX - a qualidade da indústria de
beneficiamento primário; e X - o cumprimento do contrato.
100
Art. 57. do Dec. 6.063/06: O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
- INMETRO consolidará o procedimento de avaliação de conformidade, inclusive no que se refere
a: I - sistema de acreditação de entidades públicas ou privadas para realização de auditorias
florestais;II - critérios mínimos de auditoria;II - modelos de relatórios das auditorias florestais; e IV
- prazos para a entrega de relatórios.
101
Outros marcos regulatórios :Decreto nº 5.795, de 5 de junho de 2006 - Dispõe sobre a composição
e o funcionamento da Comissão de Gestão de Florestas Públicas, e dá outras providências ;Decreto
de 13 de fevereiro de 2006 - Institui o complexo geoeconômico e social denominado Distrito
Florestal Sustentável (DFS) da BR-163, e dá outras providências; Resolução 03/2007, de 05 de
outubro de 2007 - Regulamenta os indicadores a serem utilizados no julgamento da melhor
proposta técnica e bonificadores para concessão florestal; Resolução 02/2007, de 06 de julho de
2007 - Regulamenta o Cadastro Nacional de Florestas Públicas; Resolução 01/2007, de 12 de maio
de 2007 - Altera o valor das madeiras nos Contrato de Transição, e dá outras providências.;
Contrato de Gestão nº 1, de 1º de outubro de 2007 - Assegura ao Serviço Florestal Brasileiro
autonomia administrativa e financeira, no grau conveniente ao exercício de suas atribuições, de
forma a contribuir para a execução das políticas nacionais de gestão de florestas públicas; Portaria
Iinterministerial n° 301, de 02 de outubro de 2006 - Dispõe sobre o quantitativo máximo de 150
servidores a serem requisitados para o Serviço Florestal Brasileiro; Portaria n° 59, de 25 de
fevereiro de 2008 - Estabelece os Centros Especializados que integram a Estrutura do Serviço
Florestal Brasileiro; Resolução 01/2008, de 21 de janeiro de 2008 - Implementa a Unidade
Regional do Distrito Florestal Sustentável da BR – 163; Resolução 02/2008, de 19 de fevereiro de
2008 - Implementa a Unidade Regional do Purus-Madeira; Resolução 03/2007, de 05 de julho de
2008 - Altera o valor das madeiras nos Contratos de Transição, e dá outras providências; Resolução
04/2008, de 23 de junho de 2008 - Implementa o Sistema Nacional de Parcelas Permanentes -
A lei de gestão de florestas públicas, n° 11.284/2006, traz consigo
uma série de matérias a serem regulamentadas por decretos e portarias. Já foram
expedidas as normas regulamentares a seguir elencadas:
111
Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/sfb/_arquivos/contrato_de_gestao_mma_sfb_final.pdf Acesso
em:30.09.08
112
DI PIETRO Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 196.
113
Ex vi art.10-11 da Lei 11.284/2006
114
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Licitação do 1° Lote de Concessões Florestais –
Floresta Nacional do Jamari (RO). p. 10-15
115
Além da chancela do Conselho Gestor, quando houver A inclusão de áreas de florestas públicas sob
o domínio da União no Paof, é necessária a manifestação prévia da Secretaria de Patrimônio da
União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. E nas hipóteses em que forem incluídas
áreas situadas na faixa de fronteira definida no § 2o do art. 20 da Constituição Federal, o Paof
deverá ser previamente apreciado pelo Conselho de Defesa Nacional quando estiverem.
Aprovado o PAOF, cada gleba será estudada em detalhes e dividida
em Unidades de Manejo para a licitação. Toda gleba que for submetida à licitação terá
Unidades de Manejo pequenas (até 10 mil ha), médias (até 40 mil ha) e grandes (até
200 mil ha) para garantir que o acesso a pequenos, médios e grandes produtores. 116Já
foram elaborados dois PAOF’s, referentes aos anos de 2007/2008 e 2009. O governo
mapeou 193,8 milhões de hectares de florestas federais, destes, 43,7 milhões podem
ser inseridos no PAOF, excluindo as áreas de terras indígenas, reservas extrativistas,
parques nacionais e outras unidades de conservação.
116
Disponível em: http://www.amazonia.org.br/guia/detalhes.cfm?
id=146872&tipo=6&cat_id=38&subcat_id=154 Acesso em 01.10.08
Os ganhadores da licitação, após a assinatura do contrato, deverão
preparar um Plano de Manejo Florestal Sustentável, de acordo com a legislação
vigente, que deverá ser apresentado ao IBAMA para aprovação antes do início das
operações. O concessionário poderão subcontratar terceiros, sendo responsáveis por
seus atos, nos termos definidos na legislação. 117
117
Art. 44 do Dec.6.063/06 define para os fins de aplicação do § 1o do art. 27 da Lei no 11.284, de
2006, nas concessões florestais federais, são consideradas: I - inerentes ao manejo florestal as
seguintes atividades: a) planejamento e operações florestais, incluindo:1. inventário florestal;2.
PMFS e planejamento operacional;3. construção e manutenção de vias de acesso e ramais;4. colheita
e transporte de produtos florestais; 5. silvicultura pós-colheita;6. monitoramento ambiental;7.
proteção florestal;II - subsidiárias ao manejo florestal as seguintes atividades:a) operações de apoio,
incluindo: 1. segurança e vigilância;2. manutenção de máquinas e infra-estrutura; 3. gerenciamento
de acampamentos;4. proteção florestal; b) operações de processamento de produtos florestais; c)
operações de serviço, incluindo:1. guia de visitação; e 2. transporte de turistas.
118
Aceiros são faixas de terra de 3 a 15 m de largura, sem vegetação, mantidas limpas com grades,
roçadeira, ou até mesmo com ferramentas manuais, que evitam que um Possível incêndio se alastre.
119
Art. 36.da Lei de Gestão - O regime econômico e financeiro da concessão florestal, conforme
estabelecido no respectivo contrato, compreende: I - o pagamento de preço calculado sobre os custos
de realização do edital de licitação da concessão florestal da unidade de manejo.
120
II - o pagamento de preço, não inferior ao mínimo definido no edital de licitação, calculado em
função da quantidade de produto ou serviço auferido do objeto da concessão ou do faturamento
líquido ou bruto;
121
III - a responsabilidade do concessionário de realizar outros investimentos previstos no edital e no
contrato;
manejo florestal de terras privadas em relação ao manejo em terras públicas.
123
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Plano Anual de Outorga de Florestas 2007/2008.
Brasília. 2007. P.2-5
124
Disponível em : http://pib.socioambiental.org/en/noticias?id=59767 Acesso em 12.04.09
125
VALMORBIDA, Robson. Interpretação Descritiva da Lei de Gestão de Florestas Públicas
para a produção sustentável. Disponível em:
http://www.if.ufrrj.br/inst/monografia/2005II/Monografia%20Robson.pdf Acesso em 12.04.09
Origem do recurso Forma de divisão Destinação do recurso
126
São as integrantes dos Distritos Florestais Sustentáveis, aquelas estratégicas para o
desenvolvimento local e aquelas florestas para cuja inclusão há alguma justificativa tática. Critério
definidos pelo SFB.
127
São elas: Purus Madeira, Calha, BR 163, Leste Amazônica, Nordeste e Sul-Sudoeste.
128
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Plano Anual de Outorga de Florestas 2007/2008.
Brasília. 2007. P.2-5
estabelecidos pela Lei de Gestão de Florestas Públicas: maior benefício social, menor
impacto ambiental, maior eficiência e maior agregação de valor local (renda que
poderá ser criada com a exploração).
A área total da Flona Jamari é de 220 mil hectares, sendo que desse
total, 96 mil (43,6%) serão destinados ao manejo. O restante será destinado ao uso
129
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Edital de concorrência 001/2007. Brasília. 2007. P.10-
11
130
A Instrução Normativa 04, de 04/03/02, editada pelo Ministério do Meio Ambiente,MMA, informa
sobre a elaboração, trâmite administrativo e implementação de PMFS: no seu Art. 1o determina-se o
que segue: Art. 1o - A exploração das florestas primitivas da bacia amazônica de que trata o Art. 15
da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), e das demais formas de vegetação
arbórea natural, somente será permitida sob a forma de manejo florestal sustentável de uso múltiplo,
mediante as modalidades de plano de manejo estabelecidas na presente Instrução Normativa. § 1º As
modalidades de plano de manejo aqui estabelecidas devem obedecer aos princípios de conservação
dos recursos naturais, de preservação da estrutura da floresta e de suas funções, de manutenção da
diversidade biológica, e de desenvolvimento sócio-econômico da região.
131
Ex. vi.§1º, do art. 16, da Lei
132
Ex. vi. Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997
comunitário, à conservação integral e à mineração. As normas que irão reger a
concessão estão dispostas no Plano de Manejo da Flona do Jamari, aprovado pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
em 2005133.
146
Art. 10. O Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF, proposto pelo órgão gestor e definido pelo
poder concedente, conterá a descrição de todas as florestas públicas a serem submetidas a processos
de concessão no ano em que vigorar. § 1o O Paof será submetido pelo órgão gestor à manifestação
do órgão consultivo da respectiva esfera de governo. § 2o A inclusão de áreas de florestas públicas
sob o domínio da União no Paof requer manifestação prévia da Secretaria de Patrimônio da União
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. § 3o O Paof deverá ser previamente apreciado
pelo Conselho de Defesa Nacional quando estiverem incluídas áreas situadas na faixa de fronteira
definida no § 2o do art. 20 da Constituição Federal. § 4 (VETADO)
147
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?
numero=3989&classe=ADI&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M Acesso em: 25.05.2008
148
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) XVII - aprovar, previamente, a
alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
149
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu
especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das
informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-
Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.
150
Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de
inconstitucionalidade.
§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por
despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de
outros órgãos ou entidades.
Civil Pública nº 2008.41.00.000012-5 perante a Justiça Federal de Rondônia, pedindo
a declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 49, XVII, CF, que prevê a
competência exclusiva do Congresso Nacional para aprovar, previamente, a alienação
ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
151
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Msg/Vep/VEP-124-
06.htm. Acesso em:23.05.2008
Ao exarar seu decisum sobre o caso vertente, a Desembargadora
Federal Selene Maria levou em conta o conflito de interesses. Nas palavras da
magistrada, “o Ministério do Meio Ambiente justifica a Lei de Gestão de Florestas
Públicas por que seria um meio de legalizar o acesso aos recursos florestais e evitar o
desmatamento desordenado que existe atualmente”, enquanto, na linha oposta, “dizem
os ambientalistas, que não há certeza científica sobre a sustentabilidade do manejo de
florestas naturais e heterogêneas”152. Essa falta de certeza cientifica agride ao
principio constitucional da precaução, consagrado no art.225153 da Constituição
Federal.
156
Na época do parecer esse era a duração máxima das concessões, porém, na versão definitiva da Lei
de Gestão esse intervalo ficou em 40 anos.
Parlamento Nacional (como previsto no art. 49, XVII, da
Constituição) para a aprovação ou não de tal certame” (fl. 13).
Parece razoável, também, o argumento de que “não se pode
confundir a concessão florestal com a concessão dominial (ou
concessão de terras públicas)”. Segundo bem descreve a AGU, “a
primeira (concessão florestal), nos termos da Constituição da
República e da Lei n° 11.284/2006, não implica a transferência da
posse da terra pública, mas sim a delegação onerosa, feita pelo
poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável
para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo,
mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que
atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado” (fl. 15). 157
157
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, STA 235-2/RO, Relator: Min. Pres. Gilmar
Mendes.Brasília,DF, 05.05.2008. DJe n. 85/2008 de 12.05.2008, p.45
apropriasse desse dispositivo constitucional. E, embora o substitutivo tenha sido
aprovado por unanimidade, foi vetado pelo Presidente da República.
solo, passam a ser móveis por antecipação (RT, 394:305; 110:665; 227:231; e 209:476; RJM,
42:112),
162
Consideram-se ainda móveis por antecipação aqueles que, naturalmente imóveis porque ligados à
terra, destinam-se a ser mobilizados, como por exemplo, os frutos ainda não colhidos e as árvores
destinadas a corte. In AMARAL, Francisco. Direito civil introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2003, p. 322).
163
BARBOSA, Magno Neves. A competência exclusiva do Congresso Nacional para aprovar a
concessão florestal em unidades de manejo de florestas públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares: uma interpretação pertinente. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 51,
31/03/2008 Disponível em: http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2464#_ftnref5. Acesso em 31/01/2009.
164
Posição sustentada em audiência pública ocorrida na Câmara dos Deputados em 12.05.2005.
definição do objeto da concessão para manejo florestal. Tem como argumento o fato
da floresta estar anexada ao solo, pois estaria de fato afetada a uma determinada
atividade, o manejo florestal. Assim, para a segunda corrente, a concessão para
manejo florestal equiparar-se-ia a uma concessão de terras públicas, submetendo-se
ao inciso XVII do art. 49 da Constituição.
172
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997. p.167
173
Cite-se, como exemplo, as normas protetivas do consumidor e do meio ambiente, que por terem,
muitas das vezes, caráter eminentemente preventivo, necessitam de uma correlata tutela jurisdicional
que possibilite realizar o desejo da norma de proteção, evitando que ela seja violada. ZOLLINGER,
Márcia. Proteção processual aos direitos fundamentais. Salvador: JusPODIVM, 2006, p. 114.
174
Evidente que o princípio também gera obrigações para os particulares, mas, no presente texto, a
ênfase será em relação ao Poder Público.
175
Lei 9.784/99: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham
ou agravem deveres, encargos ou sanções; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores
pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
precaução é calcado em uma inovadora lógica de atuação do Estado: a lógica das
estratégias prudentes de longo prazo, 176ou seja, governança.
176
Sobre o tema da nova lógica como transformação da “raison publique”, vide Olivier Godard in
“Le principe de précaution, une nouvelle logique d´action entre science et démocratie”. Philosophie
Politique, maio, 2000.
177
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental e princípio da precaução. Disponível em:
www.ccj.ufsc.br Acesso em: 01.11.08
178
FREITAS, Juarez. O Princípio Constitucional da Precaução e o Dever Estatal de Evitar Danos
Juridicamente Injustos. p.19 Disponível em:
http://www.oab.org.br/oabeditora/users/revista/1205505615174218181901.pdf Acesso em: 20.01.09
concessão, autorizando ou não, conforme o debate democrático.
179
KRIELE, Martin Einführung in die Staatslehre, 2ª ed., 1981. apud MENDES, Gilmar Ferreira. A
doutrina constitucional e o controle da constitucionalidade como garantia da cidadania.
Declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade no Direito brasileiro. In:
RDA 191/41.
CONCLUSÃO
A Lei n.° 11.284/2006 é uma norma recente, e ainda muito terá que
ser discutida, a fim de auferir se ela realmente irá cumprir o importante papel que lhe
é dado.
DEUS, Maria Cristina de, O Programa Piloto para a proteção das florestas
tropicais in Os 40 anos do Código Florestal , Coord. Por Maria Collares e Felipe da
Conceição, 1º edição, Rio de Janeiro,EMERJ, 2007.
DI PIETRO Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 18ª ed. São Paulo: Atlas,
2005.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro, Teoria Geral do Direito
Civil, de acordo com o novo Código Civil. 18ª edição, Ed. Saraiva.2006.
______. Espaço e política. Trad. Margarida Maria de Andrade e Sérgio Martins (do
original: Espace et politique. Paris: Éditions Anthropos, 1972).
MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. São Paulo: RT, 2006.