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TOMADA DE POSIÇÃO
Segundo o DL 74/2004 de 26/3 no seu Artigo 6.º, ponto 4: “A matriz curricular dos cursos
científico-humanísticos, com excepção dos de ensino recorrente, inclui a Área de Projecto, que
pretende mobilizar e integrar competências e saberes adquiridos nas diferentes disciplinas.”
Durante anos, a Área de Projecto do 12º ano foi espaço privilegiado para os alunos
adquirirem ou desenvolverem a autonomia, criatividade e outras competências base na
metodologia de projecto. Na nossa Escola foram desenvolvidos projectos distinguidos, quer a
nível nacional quer internacional, como foi o caso de “Propagação in vitro de Plantago
almogravensis”, “Borboleta monarca em Odemira” e de “Rochas do Sudoeste – os mistérios
escritos na pedra”, em estreita colaboração com o Clube de Ciências.
Como um dos principais argumentos para a extinção da Área de Projecto, refere-se a sua
“ineficácia” pois haveria benefício pedagógico suficiente em utilizar as chamadas "metodologias
de projecto" em cada uma das disciplinas do currículo em vez de ter uma Área de Projecto
autónoma, conforme explica o Conselho de Ministros em comunicado. Estranhamente, não são
apresentados estudos que suportem essa alegada ineficácia, nem se esclarece quais as
condições que serão criadas às disciplinas do currículo para o desenvolvimento dessas
metodologias. Alega-se também que esta extinção surgirá na senda de uma reorganização
curricular que visa diminuir a carga horária lectiva semanal dos alunos do 12º ano e focar a
atenção na preparação dos exames nacionais. Ora esta é uma falsa questão, pois a maioria dos
exames decisivos para o prosseguimento de estudos dos alunos deste nível de ensino, os das
disciplinas específicas bienais, ocorre no 11º ano e não no 12º ano, pelo que nos questionamos:
onde está a alegada vantagem de “assim os alunos terem mais tempo para se prepararem para
os exames"?
O Governo não percebeu, ou não quis perceber, as incalculáveis vantagens de ter uma
Área Curricular não disciplinar cujo funcionamento não estivesse espartilhado pelo cumprimento
de conteúdos programáticos disciplinares e que se focasse, essencialmente, no desenvolvimento
de competências essenciais para um futuro empreendedor, ou seja na metodologia de projecto. A
Área de Projecto veio introduzir uma dinâmica nova, no sentido de uma verdadeira cultura
aprendente, privilegiando a aprendizagem pela descoberta, como complemento às disciplinas
“mais teóricas” e também às mais experimentais, um verdadeiro incentivo para a pesquisa,
investigação e acção num espaço horário próprio mas que não se esgota nele.
Pelas razões atrás expostas, o Conselho Geral da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias
Gonçalves, reunido no dia 10 de Janeiro de 2011, lamenta a decisão do Governo de extinguir a
Área de Projecto de 12º ano e considera inaceitável que, contrariando a filosofia orientadora da
Lei de Bases do Sistema Educativo, os critérios de natureza administrativa se tenham sobreposto
aos critérios de natureza pedagógica, pois é incompreensível que, durante a vigência do DL
74/2004, alunos de um mesmo currículo, continuamente mutilado e transmutado, quase
irreconhecível, concluam com competências diferentes o Ensino Secundário.
(Fernanda Almeida)