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Fichamento

Franz Boas

- ‘As limitações do método comparativo Antropológico’ 1896

O texto aponta em linhas gerais as vantagens metodológicas daquilo que o autor chama de
novo método histórico em detrimento do método comparativo, notadamente no que tange a
dar conta da questão da origem dos costumes a fim de se desenhar leis gerais da evolução
histórico-cultural das sociedades humanas.

‘a ocorrência frequente dessas formas não prova nem uma origem comum, nem que elas
tenham se desenvolvido de acordo com as mesmas leis psiquícas. Pelo contrário, o mesmo
resultado pode ter sido alcançado por quatro linhas diferentes de desenvolvimento e de um
número infinito de pontos de partida’ p31

O autor propõe uma reformulação no método histórico, a onde a simples ocorrência de


costumes/formas/ideias correlatas, similares ou mesmo idênticas em culturas distintas não
evidenciariam nem uma origem nem um desenvolvimento histórico comum. Nesse sentido o
ponto chave da investigação antropológica se desloca da análise sincrônica e descritiva de tais
costumes para o rastreamento do desenvolvimento histórico-cultural próprio de cada
sociedade. Destarte, o estudo histórico das culturas possibilitaria provar a comparabilidade das
sociedades em questão na medida em que apontaria para as reais origens dos costumes bem
como para as formas em que se integraram/modificaram ao longo do tempo.

‘temos que exigir que as causas a partir das quais o fenômeno se desenvolveu sejam
investigadas, e que as comparações se restrinjam àqueles fenômenos que se provem serem
efeitos das mesmas causas (...) antes de se tecerem comparações mais amplas, é preciso
comprovar a comparabilidade do material’ p32

‘concordamos que existam certas leis governando o desenvolvimento da cultura humana e nos
empenhamos para descobri-las. O objetivo de nossa investigação é descobrir os processos
pelos quais certos estágios culturais se desenvolveram. Os costumes e as crenças, em si
mesmos, não constituem a finalidade última da pesquisa. Queremos saber as razões pelas
quais tais costumes e crenças existem – em outras palavras, desejamos descobrir a história de
seu desenvolvimento.’p 33

- ‘Os métodos da etnologia’ – 1920

Crítica às hipóteses evolucionistas e difusionistas.

‘desse modo, construímos retrospectivamente um desenvolvimento ortogenético em direção à


nossa própria civilização moderna. Mas se admitimos que é possível existirem diversos tipos
definitivos e coexistentes de civilização, fica evidente que não se pode manter a hipótese de
uma única linha geral de desenvolvimento’p42

Além da crítica ao caráter etnocêntrico das hipóteses Boas levanta a dimensão dinâmica dos
fenômenos culturais, não contemplada por proposições teóricas estáticas da cultura que a
despeito de possuírem significação histórica não analisam os processos de transformação
interna.

‘esses métodos são essencialmente formas de classificação estáticos da cultura segundo dois
princípios distintos; interpretam-se essas classificações como se elas fossem dotadas de
significação histórica, sem se fazer, contudo, qualquer tentativa de provar que essa
interpretação é justificada.’ P43

Nesse sentido a alternativa Boasiana foca-se no entendimento da cultura enquanto processo


histórico, o qual está em fluxo constante e sujeito a intensas modificações. O estudo dos
fenômenos culturais deve assim privilegiar a compreensão histórica da conformação dos
costumes tanto no que tange a evolução das condições culturais internas quanto das
influências externas nas chamadas aculturações. Importante ressaltar que o entendimento do
contato cultural como um processo modificador dos costumes, reiterando a crítica à teoria
difusionista, na medida em que encontrar hábitos intactos de uma sociedade em outra
afastada (temporal ou espacialmente) seria praticamente improvável dado os movimentos de
aculturação aos quais tais fenômenos estão sujeitos. Não há nesse sentido uma pretensão de
formulação de leis gerais da evolução das formas culturais humanas, na medida em que é
preciso de antemão entender os processos históricos próprios de cada cultura, sem, contudo
retirar desse horizonte metodológico tanto as ondas de influência externa quanto a dimensão
do contato cultural e da aculturação. Destarte, não se trata de uma perspectiva isolacionista
das culturas, mas de um tratamento histórico das mesmas.

‘todo o problema da história cultural se apresenta para nós como um problema histórico. Para
entender a hist é preciso conhecer não apenas como as coisas são, mas como elas vieram a ser’
p45

‘no domínio da etnologia – em que, para a maior parte do mundo, nenhum fato histórico está
disponível, exceto aqueles que podem ser revelados pelo estudo arqueológico -, todas as
evidências de mudanças podem ser inferidas por métodos indiretos.’ P45

O texto traz a discussão do novo método histórico para o âmbito próprio da etnologia, a onde
na maioria das vezes, as evidências de mudança e transformação estão fora do alcance do
pesquisador. Dessa forma, a transposição do método envolveria um foco no estudo das
sociedades em seu momento presente entendendo-os enquanto fluxo e não como simples
ilhas paradas no tempo. O estudo etnológico seria o das mudanças dinâmicas na sociedade
que podem ser observadas no tempo presente (p47)

‘tão logo esses métodos são aplicados, a sociedade primitiva perde a aparência de absoluta
estabilidade transmitida ao pesquisador que vê determinado povo apenas num dado
momento. Todas as formas culturais aparecem, com maior frequência, num estado de fluxo
constante e sujeitas a modificações fundamentais’ p45

Ao tratar dos processos históricos de mudança nas civilizações humanas, o autor aponta para o
caráter duplo da relação causa-efeito no que tange a influência do ambiente/clima/geografia
sobre os fenômenos culturais. Destarte, há uma crítica a qualquer determinismo na medida
em que esses fatores estão em relação de interdependência com a cultura. (Exemplo do
excedente de alimentos e seus efeitos sobre o tempo de lazer e por consequência sobre a
própria produção de alimentos. Dessa maneira há um sentido muito mais circular na relação
casuística do que propriamente verticalizado e unilateral.)

Em sentido análogo, Boas analisa a relação indivíduo-sociedade na qual as ações do indivíduo


possuem influência no ambiente social da mesma forma que as condições sociais pré-
existentes moldam o individuo. Nesse sentido um estudo dos processos de mudança, focado
nas suas condições dinâmicas, deve levar em consideração não apenas a relação entre
indivíduo-sociedade, mas também os efeitos da ação individual sobre a sociedade na qual ele
vive.

‘como o indivíduo reage à totalidade de seu ambiente social, assim como pelas diferenças de
opinião e pelos modos de ação que ocorrem na sociedade primitiva e que produzem mudanças
de consequências amplas. Em suma o método que estamos tentando desenvolver baseia-se
num estudo das mudanças dinâmicas na sociedade que podem ser observadas no tempo
presente. ’ p 47

‘cada grupo cultural tem sua história própria e única, parcialmente dependente do
desenvolvimento interno peculiar ao grupo social e parcialmente de influências exteriores às
quais ele tenha estado submetido. Tanto ocorrem processos de gradual diferenciação, quanto
de nivelamento de diferenças entre centros culturais vizinhos. Seria completamente
impossível entender o que aconteceu a qualquer povo particular com base num único
esquema evolucionário’. P47

‘em suma, se procuramos leis, elas estão relacionadas aos efeitos de condições fisiológicas,
psicológicas e sociais, e não a sequências de realizações culturais’ p 49

- ‘Os objetivos da pesquisa antropológica’ 1932

O argumento central do texto gira em torno do foco na compreensão histórica da formação


biológica, psicológica e cultural do homem, bem como da independência dessas dimensões
entre si. Destaca-se assim, na obra do autor, o problema da raça enquanto determinante de
fenômenos culturais. A explicação boasiana para esse descolamento dá-se através do
argumento de que os estudos raciais não levam em conta a intensa diferenciação biotípica
entre os indivíduos, no que tange a suas aptidões. Esse fator operaria como um nivelador, por
assim dizer, das diferentes raças entre si no que se refere aos efeitos que essas distintas
capacidades individuais têm sobre a cultura. No mesmo sentido, a cultura recai de maneira
diferenciada sobre os indivíduos no que tange as distintas maneiras possíveis de experimentá-
la.

‘diferentes tipos, áreas, extratos sociais e culturas exibem diferenças marcantes em função
fisiológica e mental. A afirmativa dogmática de que o tipo racial sozinho é responsável por
essas diferenças não passa de uma pseudociência. Um tratamento adequado requer a
ponderação de vários fatores’ p 93
‘a cultura é um determinante muito mais importante do que a constituição física. Repito que se
pode encontrar nos indivíduos uma relação um tanto estreita entre a reação mental e a
constituição física, mas que ela estará completamente ausente no caso das populações.
Nessas circunstâncias, precisamos basear a investigação da vida mental do homem sobre um
estudo da história das formas culturais e das inter-relações entre a vida mental individual e a
cultura. Esse é o tema da antropologia cultural. ’ P97

‘a menos que saibamos como a cultura de cada grupo humano se tornou aquilo que é, não
podemos ter a esperança de alcançar qualquer conclusão relativa às condições que controlam
a história geral da cultura’. P97

Nesse sentido Boas renuncia aos determinismos reducionistas da cultura, sejam eles da esfera
biológica, ambiental ou econômica. Para o autor os fenômenos culturais estabelecem com
esses fatores uma relação de interdependência e não de condição, na medida em que essas
esferas não possuem o caráter ou a força criativa que é marca da cultura. A cultura assim
aparece enquanto uma forma integrada (nos mais diferentes graus) e que, portanto não está
condicionada unilateralmente a nenhuma outra forma, mas sim articulada de maneira
interdependente das mesmas. Nesse sentido o autor não nega a importância do estudo da
dimensão biológica do homem, mas sim a suposta preponderância desta dimensão sobre as
formas culturais.

‘Toda tentativa de deduzir as formas culturais de uma única causa está fadada a fracassar,
pois as diversas expressões da cultura estão intimamente inter-relacionadas, e uma não pode
ser alterada sem afetar as outras. A cultura é integrada.’ P105

Além disso, a percepção das culturas enquanto formas mais ou menos integradas leva a
concluir a impossibilidade da formulação de leis gerais para a sua evolução em termos seriais.
Não há como dar conta das individualidades culturais deduzindo-as de formulações gerais que
as condicionam e em outras palavras cerceiam seu potencial criativo. Este último fundado na
relação indivíduo/sociedade que por sua vez é condição do fluxo constante das formas
culturais. A análise da relação entre as dimensões econômicas, biológicas ou ambientais e a
cultura poderá até ser interessante uma vez que não se faça em termos condicionantes, no
então acabará se restringindo na maioria das vezes a descrições de caráter estático.

‘os fenômenos culturais são de tal complexidade, que me parece duvidoso que se possa
encontrar qualquer lei cultural válida. As condições das ocorrências culturais repousam sempre
na interação entre indivíduo e sociedade, e nenhum estudo classificatório das sociedades irá
solucionar esse problema.’ P107

‘a matéria prima da antropologia é tal, que ela precisa ser uma ciência histórica, uma das
ciências cujo interesse está centrado na tentativa de compreender os fenômenos individuais,
mais do que no estabelecimento de leis gerais’. P107

- ‘Evolution or difusion’ 1924

Ao analisar um estudo de Parsons sobre duas populações geográfica e culturalmente distintas


bem como as populações que as intermediavam (em ambas as esferas) Boas demonstras as
falhas dos argumentos evolutivo e difusionista no tratamento da questão.
Em primeiro lugar, o autor recusa a ideia da dedução da ancestralidade através da
identificação da forma cultural mais simples, elemento central do argumento evolucionista.
Notadamente no estabelecimento do matriarcado enquanto precedente histórico e evolutivo
das formas patriarcais. Destarte, o autor demonstra como a tese da simplicidade não se
sustenta frente às infinitas possibilidades de condições interdependentes as quais estão
conectadas todas as formas culturais. Nesse sentido, a pluralidade de condicionantes impede,
na maioria das vezes, deduções diretas e teóricas que desconsiderem a análise empírica dos
processos históricos pelos quais as culturas ganham forma. A abordagem evolucionista daria
conta do caso abordado a partir da indução de uma das sociedades como a mais antiga e a
partir de então a chegada evolutiva ao seu extremo cultural, posicionando os fenômenos
culturais intermediários como formas menos ‘puras’, ‘contaminadas’ por assim dizer.

‘all special cultural forms are the products of historical growth, and unless considerations
entirely foreign to the observed distribution are introduced, no proof can be given that one of
the extreme forms is more ancient than the other.’ P 290

‘To us the assumption of a unique form of cultural beginnings does not seem plausible. Setting
aside the question of what form of social life may have existed at the time when our ancestors
first developed speech and the use of tools, we find everywhere phenomena that point to very
early differentiations from which even the simplest cultural forms developed.’ P293

‘it seems to us that the uniformity of early patterns cannot be proved’ p294

Boas reconhece a importância da difusão enquanto fenômeno evidente, no entanto introduz


ao argumento difusionista a dimensão não apenas da mudança cultural, mas também a noção
de aculturação. Nesse sentido o autor trata os fenômenos culturais enquanto formas em
constante mudança na mesma medida em que os efeitos do contato não são reduzidos a puras
adições mecânicas aos padrões culturais pré-existentes. Além disso, a ambição difusionista do
encontro de uma origem primeira das formas culturais através do rastreamento dos processos
de difusão não interessa a Boas. Na medida em que para o autor formas semelhantes podem
aparecer (simultaneamente ou não) em lugares distintos, por meio de processos históricos
independentes (como o fogo, alguns sistemas de parentesco, etc.), o foco da análise
antropológica deve partir da análise histórica interna ainda que sem perder de vista o
horizonte do contato cultural.

‘the introduction of new ideas must by no means be considered as resulting purely


mechanically in additions to the cultural patter, but also as an important stimulus to new inner
developments’ p291

‘the great mass of observed facts bears out the theory that in the regions under consideration
two fundamentally distinct forms came into contact, that the one is not derived from the other,
but that through the mingling of the two forms new types arose in the intermediate districts.’
294
-‘The Aims of Ethnology’ 1888

‘the task of ethnology is the study of the total range of phenomena of social life. Language,
customs, migrations, bodily characteristics are subjects of our studies’. P627

Ao estabelecer a uiniversaliadde da existência de tradições, linguagem e sistemas de regras


entre todos os povos humanos o autor traça o marco a partir do qual se podem determinar os
objetivos do estudo etnológico. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que combate o
pensamento etnocêntrico o autor desenha os objetivos da antropologia no entendimento dos
processos históricos pelos quais passaram as diferentes culturas. ‘we must follow the gradual
development of the manifestations of culture’ 628

Nesse sentido, ao estudar os diversos aspectos das sociedades humanas (sejam as formas
corporais, a linguagem ou a cultura) é mister entendê-las como resultado de um acúmulo
histórico o qual por sua vez está entrecortado por uma série de influências e contatos culturais
diversos.

‘The first aim of ethnological inquiry must be critical analysis of the characteristcs os each
people. The means at our disposal for making such an analysis are varied: bodily form,
language nad culture are results of historical processes and may, therefore, be utilized for the
study of history’ 629

O estudo das formas anatômicas remete a tempos pré-históricos e o método deve procurar as
reminescências físicas e genéticas a fim de remontar as possíveis migrações e contatos entre
diferentes populações.

O estudo da linguagem por sua vez (não obstante sua importância na identificação de
sobrevivências que remontem a migrações e contatos culturais) é marcado muito mais pelas
mudanças do que pelas reminescencias. Em outras palavras, no estudo das línguas e dialetos é
possível observar nas mudanças que os mesmos sofrem ao longo do tempo através da
introdução ou desaparecimento de elementos linguísticos (fonemas, palavras, verbos) que
indiquem por sua vez o contato e influência cultural externa ou mesmo as mudanças
decorrentes de desenvolvimentos internos.

A introdução de novas tecnologias e invenções, a intensificação de trocas comerciais ou


mesmo os períodos de migrações deixam marcas profundas na linguagem constituindo uma
forte evidência no que se refere a reconstrução de processos históricos.

‘the analysis of dialects enables us to follow the history of Word and of concepts through long
periods of time and over distant areas. (…) thus the history of language reflects the history of
culture’ 631

No que tange ao estudo das diferentes configurações culturais Boas indica o foco nos traços
que atravessam a vida de um povo desde os costumes mais triviais até as tradições mais
estanques. O importante para o autor é analisar esses contextos culturais como formas em
fluxo focando desta forma no processo histórico que as constitui e que as atravessa
permanentemente. O estudo da cultura passa assim por pelo menos dois grandes aspectos
que constituem os vetores de mudança histórica, sejam eles os contatos culturais e seus
desdobramentos bem como as tensões entre os indivíduos e a tradição. Destarte pode-se dizer
que a antropologia boasiana foca-se no entendimento dos conflitos internos e das pressões
externas às sociedades humanas, tendo no seu horizonte de análise a mudança e o fluxo como
constantes da análise histórica. Não sendo possível entender a cultura de um povo descolada
de sua história etnologia acaba por se configurar enquanto disciplina que integra a história da
cultura. Tendo em vista que para o autor a etnologia precisa reconstituir historicamente o
progresso das sociedades que estuda a fim de estabelecer cientificamente a possibilidade de
comparação entre elas. É somente através do entendimento preciso de quais características
sócio-culturais são adquiridas, transmitidas e quais se desenvolvem de maneira independente
que é possível falar de características universais da humanidade. Sendo assim, a etnologia
estaria de um lado focada no estudo das especificidades histórico culturais dos povos ao
mesmo tempo em que remete essas análises a comparações de caráter mais amplo.

‘We recognize taht the life of a people in all its aspects is a resulto f its history, in which are
reflected the tribal traditions as well as the features learned by contact with neighbors. To the
ethnologist the most trifiling features of social life are important because they are expressions
of historical happenings. Thet are part of the datra from which the past has to be
reconstructed.’ 632

‘ethnography is part of the history of culture, and cannot be separated from it. (…) if we found
that ethnology as an historical science is intimately related to the history of culture, this
connection appears still closer when we turn to the second important task of our science. a
comparison of the social life of different people proves that the foundantions of their cultural
development are remarkably uniform’ 632/633

‘the general law is expressed in the individual phenomenom just as much as the individual
phenomenon is interpreted as an exemplification of the general law’

‘ the frequent occurrence of similar phenomena in cultural areas thar have no historical contact
suggests that important results may be derived from their study, for it shows that the human
mind develops everywhere according to the same laws’

-‘The Mind of the Primitive Man’ 1938

O autor combate já na introdução algumas teorias e percepções a cerca da relação entre raça e
desenvolvimento cultural. Para Boas só é possível falar de qualquer determinismo ou
influencia biológica no aceleramento ou retardamento do desenvolvimento cultural humano
se estudarmos cada grupo racial separadamente no que tange a relação entre a constituição
corporal e a vida social e mental de um povo. Não bastam nesse sentido as análise de ossadas
ou mesmo de crânios por si só, se existe alguma conexão entre a estrutura corporal e a vida
cultural é preciso entendê-las no seu funcionamento. Entretanto para o autor há muito mais
evidências de que a mente humana tenha um funcionamento universal do que o contrário.
Destarte, ao longo do capítulo 11 demonstra como o desenvolvimento ou não de certas
características ou aptidões (culturais, sociais, tecnológicas ou mesmo linguísticas) dependem
não de uma pré-disposição biológica, mas dos processos históricos (mudanças internas e
influencias externas) pelos quais passam cada povo. A ausência de certo traço linguístico ou
tecnológico não evidencia a incapacidade de determinado povo de desenvolvê-lo, indica,
todavia que a necessidade de desenvolvimento do mesmo não se mostrou necessária na
história de tal sociedade. Para o autor, não há evidência científica que prove o determinismo
biológico sobre o progresso cultural humano, mas os indicativos de que todas as sociedades
possuem as mesmas esferas sociais, isto é, língua, religião, tradição e etc. demonstram a
universalidade da mente humana e que a mesma se desenvolve de acordo com as próprias
condições sócio-históricas. Não obstante, Boas é um firme crítico da ideia de um
desenvolvimento linear e progressivo. Ao afirmar a primazia da condicionante histórica no
progresso cultural o mesmo pode retardar ou avançar de acordo com os fatores internos e a
sua relação com as culturas vizinhas. Além disso, o progresso cultural só pode ser avaliado de
acordo com a história própria de cada povo e os contatos que o mesmo estabelece.

‘We have recognized that the achievement alone is no satisfactory proof of an unusual mental
ability of the White race. It follows from this, that anatomical differences between the White
race and others can be interpreted as meaning superiority of the former, inferiority of the
latter, only if a relation between anatomical form and mentality can be proved existed’.

Boas toma a linguagem como um exemplo não apenas da universalidade da mente humana no
que se refere a suas capacidades, mas também enquanto indicativo da variedade de formas as
quais o pensamento humano pode adquirir. Nesse sentido o autor se utiliza do conceito Word-
stem para identificar os grupos fonéticos que expressam determinado conjunto de ideias.
Nesse sentido, dado a extensão de experiências que a língua deve exprimir frente ao número
limitado de Word stems que a compõe, está subjacente a linguagem uma extensa classificação
dessas mesmas experiências. Em outras palavras é a partir do agrupamento classificatório
desses grupos fonéticos que semelhantes e diferentes são determinados, sendo esse sistema
de diferenciação culturalmente determinado. Destarte, a linguagem só diferenciará
foneticamente as categorias culturalmente implicados, reunindo como iguais aquelas que não
apresentam alteridade significativa para a vida do povo em questão. a diferenciação linguística
por si só não constitui dessa maneira um indicativo de evolução cultural ou mesmo de maior
capacidade biológica/racial. O autor demonstra como essas capacidades estão imanentes a
todas as culturas dada a universalidade da mente humana e que as mesmas surgem caso haja
necessidade para tal. Um exemplo linguístico é a capacidade de abstração. Poder falar em
termos de sujeito/espaço indeterminados é uma característica das línguas indo-européias.
Todavia isso não é evidencia de uma superioridade linguística, se não apenas da ausência de
necessidade de postulações como essas em outras culturas.

‘since the total range of personal experiences which language serves to express is infinitely
varied and its whole scope must be expressed by a limited number of Word-stems, an extended
classification of experiences must necessarily underlie all articulate speech’.189

The groups of ideas expressed by specific word-stems show very material differences in
different languages, and do not conform by any means to the same principles of classification’
191
The fact that generalized forms of expression are not used, does not prove inability to form
them, but it merely proves that the mode of life of people is such that they are not required;
that they would, however, develop just as soon as needed’ 197

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