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Autos nº 1049231-58.2016.8.26.0053
advogados, tendo regularizado sua representação processual (fls. 120), vem, em atenção
I. BREVE SÍNTESE
benefício de pensão por morte pela via administrativa (fls. 13/14 e 20/21), mas teve o pleito
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com o seu patrono de então – que resultou, inclusive, em reclamação formal à OAB 1,
por abandono (fls. 16/17) –, acreditou que “não tinha direito ao benefício” e, não tendo
condições financeiras de arcar com outro patrocínio, ficou por longos anos sem acessar
relação ao filho, com a consectária condenação das corrés ao pagamento da pensão por
morte.
Pública, teria ela recebido o benefício desde o óbito – declaração que tinha
presunção de veracidade
requerente não teve o pleito administrativo indeferido por ter deixado de apresentar
documentos necessário ou por ter sido provado que ela não dependia economicamente
do de cujus. Nada disso: o pleito administrativo foi indeferido pelo simples fato de o ex
servidor não a ter inscrito, em vida, como sua dependente junto à CBPM (fls. 15):
1Diz a reclamação que “depois de alguns meses [em que continuou a pagar os advogados], ao voltar ao
escritório, eles já não se encontravam lá, nem deixaram endereço onde eu poderia encontra-los, nem se
comunicaram mais comigo (....) em 2006 fui [novamente] à OAB, mas me informaram que o endereço que
havia lá era de Sorocaba”.
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veracidade.
Lei nº 452/74 teve o seu art. 8º alterado pela Lei Complementar nº 1.013, inaugurando o
novo § 5º, que, este sim, estabeleceu regras e critérios para a concessão do benefício pela
via administrativa:
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Artigo 8º - São beneficiários obrigatórios: Artigo 8º - São dependentes do militar, para fins
de recebimento de pensão:
VI - os pais do contribuinte solteiro, desde que
vivam sob sua dependência econômica e não III - os pais, desde que comprovadamente
existam outros beneficiários obrigatórios. vivam sob dependência econômica do militar, e
não existam dependentes das classes
§ 1º - Os filhos legitimados e os reconhecidos mencionadas nos incisos I ou II deste artigo,
equiparam-se aos legítimos. ressalvado o disposto no parágrafo § 3° deste
artigo.
§ 2º - A pensão atribuída ao temporariamente
incapaz será devida enquanto perdurar a (...)
incapacidade.
§ 5º - A comprovação de dependência
§ 3º - A invalidez permanente, a incapacidade econômica dos dependentes enumerados na
temporária, o desquite e a viuvez, segunda parte do inciso II, no inciso III e no § 1°
supervenientes à morte do contribuinte, não deste artigo deverá ter como base a data do
conferem qualquer direito pensão instituída. óbito do militar de acordo com as regras e
critérios estabelecidos em norma
regulamentar.
2 Fonte: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1974/lei-452-02.10.1974.html
3 Fonte: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1974/alteracao-lei-452-02.10.1974.html
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(...)
requerente não apresentou nenhum documento, pois de fato, não vivia sob a dependência
direitos.
razão da admissão do de cujus na PMSP –, jamais a autora cogitava que seu filho
perderia a vida, ou que aquela mera declaração, um ‘simples papel’, teria tanto impacto
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prático na sua vida. Tivessem disso conhecimento, certamente o filho Antonio teria
morte, deve-se aplicar a legislação vigente ao tempo do óbito do de cujus, nos termos da
“frequentava o salão dela” [da autora] (0’48”), que “era bem simples” (1’08”), tendo
“a ajudava muito materialmente” (1’57”) e que, depois que ele veio a falecer, notou muita
mudança no seu padrão financeiro, pois, “tendo ela muitos filhos, era só ele [o filho] quem
trabalhava, só ela [a requerente] trabalhava” (4’10”) e afirmou que “deu, muitas vezes,
cestas básicas para ela, pois ela não tinha alimentação, então eu ajudei muito ela” (4’50”),
tendo doado essas cestas básicas “até pouco tempo” (4’58”), fazendo questão, inclusive,
de, até hoje, contratar os seus serviços de cabeleireira, mesmo atualmente morando
longe, tudo a fim de a prover com algum serviço, para “ajuda-la” (5’02”).
18. Em relação à casa da requerente, afirma que “ela não tinha muita
coisa dentro da casa, mas depois que o filho começou a ajudar, ela teve uma televisão”
(5’50”) e outros bens materiais, tendo visitado a casa da requerente (2’30”) e afirmado
4SÚMULA N. 340 (STJ): “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na
data do óbito do segurado”.
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deplorável”, que “não teve mais um conserto, um nada” (0’55”) desde o falecimento de
Antonio, mas que antes, “sempre foram feitas melhorias”, e que a casa, nessa época, “era
anos” (1’51”) e que como a família era “de muitos filhos”, todos trabalharam “desde muito
cedo” para ajudar na casa, especialmente os mais velhos, incluindo ela própria, que
foi quando ele entrou na polícia foi que a gente teve uma melhoria em casa,
pois eram muitos irmãos, os pais não tinham muitas condições, ninguém tinha
estudo, então foi o meu irmão que deu um ‘up’ dentro de casa em relação a
comida, em relação a vestimenta (2’28”).
22. Depois, ela própria também foi trabalhar, então “o nosso dinheiro
era praticamente pra dentro de casa, pra melhoria da casa” (2’34”), sendo muito comum que
os filhos ajudassem no sustento (2’40”), mas especialmente ele, pois, ao contrário dela
(que casou muito cedo), ele era solteiro e, portanto, “tinha mais condições” de ajudar
(2’45”).
Filho homem mais velho que passa em concurso público estável e ganha o
equivalente a 5 mil reais por mês, presta auxílio essencial à casa habitada por mais 5
experiência do que normalmente ocorre (art. 375, CPC) que, segundo a melhor doutrina,
25. Isso porque a autora juntou aos autos (fls. 34/36) cópia da sua
Carteira de Trabalho (CTPS), em que é possível verificar apenas duas anotações (na vida
inteira!), como cabelereira, o que indica que, desde há muito tempo, não é empregada
26. Também está nos autos (fls. 37) cópia de seu cartão de benefício
do programa ‘Bolsa Família’, o que claramente indica seu estado de penúria, reforçado
pelo patrocínio deste Departamento Jurídico – que presta assistência judiciária gratuita
Erastóstenes Frazão, 61, situada para além de Guaianazes, na Zona Leste da Capital, e
devido ao fato de que, desde a morte do filho da requerente, a casa ficou ”deplorável”,
5SANTOS, Moacir Amaral. Prova Judiciária no Cível e Comercial. São Paulo, Saraiva, 1983, p.
440.
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NET”, outra que “é manicure” e a outra que, depois de “muito tempo desempregada”,
atualmente é “assistente administrativa” (6’20”, Valéria) é natural que o filho mais velho
obrigação de ajudar em casa” e até hoje tentam “ajudar como podem”, havendo mês em que
“um ajuda mais, outro menos, tem mês em que ninguém pode ajudar, pois não tem condições,
pois está desempregado e tem filhos”, sendo certo que “quem está casado ajuda menos e quem
29. Lembra, assim, do de cujus, que era solteiro e, portanto, era quem
mais tinha condições de auxiliar, inclusive em razão do cargo que detinha que – para a
realidade social da família – representava um cargo de ‘alto padrão’, o único filho que,
6O de cujus recebia R$ 1.053,71 líquidos (fls. 18), correspondente a 5.85 vezes o salário mínimo de
então (R$ 180,00, ano 2001). A mesma relação, aplicada ao salário mínimo atual (R$ 954,00, ano 2018),
resulta em um rendimento líquido de R$ 5.580,00. Fontes: Medida Provisória nº 2.194-6, de
23/08/2001 e Decreto nº 9.255, de 29/12/17.
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30. Para além das provas dos autos, quantos mercados, subsistência
básica da família, o de cujus não pagava para a mãe, cujos comprovantes naturalmente
se perderam ao longo de todos esses anos? Quantas vezes não auxiliou na compra de
chuveiro novo, um implemento simples para a casa que, conforme afirmado por Valéria
fato, a prosperidade momentânea da família, tanto que, logo depois de sua morte, a
autora foi obrigada a abandonar o salão que ela própria alugava para prestar seus
A mãe teve que sair do salão, pois “não conseguiu pagar as contas, pois ele que
ajudava e acabou perdendo tudo, então [ela] perdeu o emprego, perdeu o salão,
perdeu tudo. Tinha a ajuda dele mais o pouquinho que ganhava no mês, então
complementava [a renda]. A ajuda dele era muito necessária, então perdeu tudo.
(3’59”)
empreender, pois o filho auxiliava cotidianamente nas despesas domésticas, mas assim
amarga desde então. Simplesmente não foi mais possível pagar as despesas da casa
negócio próprio – atividade que certamente lhe garantiria, hoje, condição financeira
13/14 e 20/21) evidencia, por fim, que ela necessitava do auxílio financeiro de seu filho e
singela casa térrea de 60m², sem escritura, a mesma em que até hoje vive a autora, na
financeira da beneficiária
modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 373, II, CPC) – ônus de que não se
requerente.
Apelação nº 994.08.141222-9, da Comarca de São Paulo, Voto nº: 7.176, Juiz Fernão Borba
Franco.
Por primeiro, não assiste razão à apelante no tocante à suposta ausência dos requisitos
autorizadores do percebimento do benefício pela requerente. O art. 8, VI, da Lei
Estadual nº 452/74 garante o que aqui se busca aos pais do policial militar contribuinte
solteiro, como beneficiários obrigatórios, desde que vivam sob dependência econômica
deste e não existam outros beneficiários obrigatórios (...)
É de se ter em conta que a produção da prova, nos autos de processo judicial, com a
participação da CBPM, cumpriu o preceito do parágrafo único do artigo 60 do referido
decreto.
Tanto as declarações das testemunhas (fls. 86/90), quanto os documentos juntados aos
autos (destaque-se o holerite da autora, de R$ 341,00 mensais, a fls. 17) bem
demonstram a dependência econômica da requerente em relação a policial militar
falecida.
para afastar a dependência econômica, muito menos o fato de a autora ter imóvel
próprio ou contar com outras fontes de renda, desde que minguas, como de fato são as
(...)
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Tantos as declarações das testemunhas (fl. 145/46), como os documentos juntados aos
autos, demonstram a dependência econômica dos autores em relação ao policial militar
falecido. E a dependência econômica dos requerentes foi alvo de minuciosa apreciação
pelo d. Juízo a quo, que assim consignou:
"Com efeito, os autores lograram demonstrar que as filhas são, senão casadas, pessoas que têm
vida independente. Todas lutam com dificuldade, já que cada uma delas possui três filhos. Consta,
na versão de Josefa de Albuquerque Bento Ornelas, amiga da família há vinte anos, que as filhas
do casal não trabalham, dedicando-se exclusivamente aos filhos. Uniram-se à pessoas simples,
como elas (fl. 146). Esta versão é confirmada por uma outra testemunha, Terezinha Neres de
Aguiar (fl. 145)".
"Da prova dos autos também é possível retirar que embora os requerentes tenham casa
própria, certo é que José Carlos, marceneiro, não recebe aposentadoria. Não bastasse,
encontra-se desempregado desde a época em que o filho era vivo (fl. 145 e 146). Aliás, os
requerentes vêm aos autos para dizer que estão sobrevivendo graças ao valor do seguro de
vida (R$ 10.000,00), cujo recebimento comprovam a fl. 123 e 124.”
E finaliza:
"Instados pelo magistrado a juntar cópia da Declaração de Imposto de renda, esclareceram que
não prestam declaração à Receita Federal, porque na forma do regulamento do Imposto de renda,
estão isentos".
em relação ao triste fato de que, aqui, a requerente não contou com o valor do seguro
depois de alguns anos na PMSP indica exatamente o oposto do que crê a SPPrev: que a
prosperidade de vida por ele alcançada permitia que, além de auxiliar cotidianamente
a mãe, estava apto a se preparar para construir sua própria vida particular, saindo da
como aqui – fazendo jus, inclusive, aos benefícios da justiça gratuita (fls. 38) - o Eg. TJSP
Por outro lado, a produção da prova oral, nos autos do processo judicial, com a
participação da CBPM, cumpriu o preceito do par. único do art. 60, do referido
decreto.
Em caso análogo, na Apelação Cível nº 768.626.5/6, em que foi relatado pelo e. Des.
OLIVEIRA SANTOS, ficou consignado: “A lei exige que os pais sejam dependentes
economicamente do servidor falecido, mas não significa que, sem ele, pereçam.
Isto quer dizer que não é necessária a demonstração de 'inexistência de outros
meios de subsistência'. E lógico que a autora está viva e, de algum modo, consegue
sobreviver. Há alguma fonte para isso. No entanto, vivia sob dependência do
filho. A inclusão da autora na lista de beneficiários da pensão é mera formalidade"
requerente!
autos, uma vez que a requerente atualmente encontra-se em situação vulnerável, pois
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de peso, sua condição de saúde atual a afasta de trabalhos mais intensos e diversos da
profissão de cabelereira, razão pela qual não possui qualquer tipo de trabalho fixo e
45. “Sobrevive, é verdade, há alguma fonte para isso”, tal como no caso
acima, mas não aufere o mínimo substancial que a Constituição garante e nem a renda
a que tem direito em razão da sua dependência econômica em relação ao seu filho e a
prova nesse sentido) e, por fim, levando-se em conta as regras de experiência, que
indicam não apenas a dependência econômica propriamente dita, mas também que os
quadros de beneficiários da pensão por morte, com o pagamentos das verbas vencidas,
Pede deferimento.