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Ca p í t ulo
Relações Oclusais para Próteses
Parciais Removíveis
Sumário Do Capítulo
Relação de Contato Oclusal Desejável para Próteses
Parciais Removíveis
Métodos para Estabelecimento das Relações Oclusais
Aposição direta dos modelos
Registros interoclusais de dentes remanescentes
posteriores
Relações oclusais com o uso de planos de orientação
sobre placa-base de registro
Registros da relação maxilomandibular realizados
completamente sobre bases de prova
Oclusão estabelecida pelo registro da trajetória
oclusal
Materiais para Dentes Artificiais Posteriores
Montagem dos dentes no gabarito oclusal
Estabelecimento das Relações Maxilomandibulares para
uma Prótese Parcial Removível Inferior Antagônica a
uma Prótese Total Superior
242
A quarta fase* no tratamento de pacientes com próteses parciais
removíveis é o estabelecimento de uma oclusão funcional e
harmônica. A harmonia oclusal entre uma prótese parcial
removível e os dentes naturais remanescentes é o principal fator
na preservação da saúde das estruturas circundantes. No trata-
mento de pacientes com próteses totais, a inclinação da trajetó-
ria condilar é o único fator que não está ao alcance do controle
do dentista. Todos os outros fatores podem ser alterados para a
obtenção de equilíbrio oclusal e harmonia nas posições excên-
tricas de forma que sejam obedecidos o conceito particular e a
filosofia da oclusão.
A oclusão equilibrada é desejável em próteses totais porque
as tensões de uma oclusão não balanceada podem causar ins-
tabilidade da prótese e o trauma das estruturas de suporte. Essas
tensões podem chegar ao ponto de causar movimentos da base
da prótese. Na prótese parcial removível, entretanto, devido ao
encaixe da prótese parcial removível ser no dente suporte, as
tensões oclusais podem ser transmitidas diretamente para esse
dente de suporte e para as outras estruturas de suporte, resul-
tando numa força de sustentação que pode ser mais prejudicial
que as tensões transitórias encontradas nas próteses totais. A
falha de criação e manutenção da oclusão adequada na prótese
parcial removível é resultado principalmente de (1) falta de
suporte da base da prótese, (2) ilusão de se estabelecer a oclusão
com um único registro estático da relação maxilomandibular, e
(3) um plano oclusal inaceitável.
Ao estabelecer a oclusão em prótese parcial removível, a
influência dos dentes naturais remanescentes é tal que geral-
mente a forma oclusal dos dentes na prótese parcial removível
deve ser confeccionada para obedecer a um padrão oclusal já
estabelecido. Os ajustes oclusais ou confecção de restaurações
podem alterar esse padrão. Entretanto, o padrão presente no
momento em que a prótese parcial removível é feita dita a
oclusão na mesma. As únicas exceções são aquelas na qual uma
prótese total antagônica pode ser confeccionada para funcionar
*Capítulo 2, na discussão sobre as seis fases de tratamento com prótese
parcial removível.
 Capítulo 17  Relações Oclusais para Próteses Parciais Removíveis 243

harmoniosamente com a prótese parcial removível, ou na qual

há somente dentes anteriores remanescentes em ambos os arcos
e o relacionamento incisal pode ser feito de forma que os con-
tatos dentários não prejudiquem a estabilidade e a retenção da
prótese. Nessas situações, os registros da relação maxilomandi-
bular e a montagem dos dentes devem proceder da mesma
maneira que os realizados para as próteses totais, e com a apli-
cação dos mesmos princípios gerais.
Os dentes remanescentes ditam a oclusão em todos os outros
tipos de próteses parciais removíveis. O dentista deve empe-
nhar-se para conseguir contatos planejados na oclusão cêntrica
e ausência de interferência na excursão lateral. Embora o rela-
Figura 17-1    Oclusão posterior de uma prótese total superior
cionamento funcional da prótese parcial removível com a den-
antagônica a uma prótese parcial removível inferior Classe I. A
tição natural algumas vezes possa ser ajustado satisfatoriamente estabilidade da prótese total superior pode ser promovida pelo
na boca, o ajuste extraoral é geralmente mais fácil tanto para o desenvolvimento da oclusão balanceada, como mostrado.
dentista quanto para o paciente, é mais preciso e pode ser rea-
lizado de uma maneira mais abrangente.
O estabelecimento de uma oclusão satisfatória para pacientes
com prótese parcial removível deve incluir o seguinte: (1) análise
da oclusão existente; (2) correção de desarmonia oclusal exis-
tente; (3) registro da relação cêntrica ou de uma oclusão cêntrica
ajustada; (4) harmonização dos movimentos mandibulares
excêntricos para uma oclusal funcional excêntrica; e (5) correção
das discrepâncias oclusais criadas pelo ajuste da estrutura metá-
lica e pelo processamento da prótese parcial removível.

Relação De Contato Oclusal Desejável

Para Próteses Parciais Removíveis
Os esquemas oclusais seguintes são recomendados para o desen-
volvimento de uma relação oclusal harmônica entre próteses
parciais removíveis e para melhorar a estabilidade das mesmas:
1. Contatos simultâneos bilaterais dos dentes posteriores anta-
gonistas devem ocorrer na oclusão cêntrica.
2. A oclusão da prótese parcial removível dentossuportada deve
ser planejada semelhante à oclusão observada na dentição
natural harmônica, devido à estabilidade da prótese parcial
removível ser resultado dos efeitos dos retentores diretos
finais em ambos os lados da base da prótese.
3. A oclusão bilateral balanceada na posição excêntrica deve ser
formulada quando a prótese total superior (Figura 17-1) é
antagonista da prótese parcial removível. Isto é realizado
primeiramente para promover a estabilidade da prótese
total. Entretanto, contatos simultâneos na relação protrusi-
voa não são prioritários sobre a aparência, a fonética, e/ou
um plano oclusal favorável.
4. Contatos no lado de trabalho devem ser obtidos para próte-
ses inferiores de extremidade livre distal (Figura 17-2). Esses
contatos devem ocorrer simultaneamente com os contatos
no lado de trabalho dos dentes naturais para distribuir as
tensões sobre a maior área possível. A função mastigatória
da prótese é melhorada por tal disposição.
5. Os contatos simultâneos de trabalho e balanceio devem ser
reformulados para uma prótese parcial removível superior de
extremidade livre bilateral, sempre que possível (Figura 17-3).
Tal arranjo irá compensar, em parte, a posição desfavorável
que os dentes artificiais superiores devem ocupar em relação
ao rebordo, que é geralmente lateral à crista do rebordo.
Entretanto, essa relação desejável frequentemente deve ser
Figura 17-2    Prótese parcial removível inferior de extremi-
dade livre bilateral antagônica aos dentes naturais da arcada
superior. Os contatos de trabalho são alcançados, os contatos
de balanceio são intencionalmente evitados por completo,
porque eles não melhoram a estabilidade da prótese, e, ainda, o
equilíbrio protrusivo é evitado, em favor da aparência aceitável
e do plano oclusal favorável.
ajustada quando os dentes anteriores do paciente têm um
trespasse vertical excessivamente inclinado com pouco ou
nenhum trespasse horizontal. Mesmo nessas situações, con-
tatos no lado de trabalho podem ser obtidos sem a utilização
de inclinações excessivamente acentuadas das cúspides.
6. Somente os contatos de trabalho precisam ser estabelecidos
para a prótese parcial removível com extremidade livre uni-
lateral superior ou inferior (Figura 17-4). Os contatos no
lado de balanceio não melhorariam a estabilidade da prótese
porque ela é totalmente suportada pela armação no lado de
balanceio.
7. Na configuração da prótese parcial removível Classe IV de
Kennedy, os contatos com dentes anteriores antagonistas na
posição de intercuspidação planejada são desejados para
prevenir a extrusão contínua dos incisivos naturais antago-
nistas, salvo se forem impedidos de extrusão por meios como
placa lingual ou barra auxiliar, ou por contenção. Os conta-
tos para dentes posteriores antagonistas nas posições excên-
tricas podem ser desenvolvidos para melhorar a função
 244 Parte II  Clínica e Laboratório 
Figura 17-3    Arcos antagônicos parcialmente edêntulos
Classe I, planejados para possibilitar contatos no lado de traba-
lho dos dentes posteriores antagônicos e com a presença de
contatos de balanceio para minimizar o deslocamento da prótese
parcial removível superior e para distribuir amplamente as forças
provenientes para as estruturas de apoio (pilares e rebordos).
incisiva, mas devem ser preparados para possibilitar a oclusão
balanceada sem interferências excursivas.
8. Os dentes posteriores artificiais não devem ser montados
mais distalmente que o início da acentuada inclinação ascen-
dente do rebordo residual da mandíbula ou além da papila
retromolar (Figura 17-5), pois isto levaria ao deslocamento
anterior da prótese.
Somente uma relação harmônica isolada das superfícies
oclusais e incisais antagonistas não é adequada para garantir a
estabilidade das próteses parciais removíveis de extremidade
livre distal. Além disso, a relação dos dentes com os rebordos
residuais deve ser considerada. Os contatos bilaterais excêntri-
cos da prótese parcial removível inferior de extremidade livre
distal não necessitam ser realizados para estabilizar a prótese.
As cúspides vestibulares, entretanto, devem ser posicionadas
favoravelmente para direcionar a carga em direção à vertente
óssea vestibular, que é a área primária de suporte no arco man-
dibular. Nessas posições, a prótese não é submetida a força de
inclinação excessiva (Figura 17-6). Por outro lado, os dentes
artificiais da prótese parcial removível superior de extremidade
livre bilateral frequentemente devem ser montados lateralmente
à crista do rebordo residual (Figura 17-7). Tal posição desfavo-
rável pode causar o deslocamento da prótese, que é contida
somente pela ação do retentor direto no lado de balanceio. Para
aumentar a estabilidade da prótese, parece lógico, se possível,
Figura 17-4    Quando a oclusão é desenvolvida para uma
prótese parcial removível (superior ou inferior) Classe II, somente
os contatos laterais de trabalho são necessários, visto que a esta-
bilidade adquirida da armação contralateral com o encaixe dentá-
rio oferece resistência à movimentação da prótese. Os contatos
no lado de balanceio não vão melhorar a estabilidade mais do que
a que já foi proporcionada pelos dentes contralaterais.
Figura 17-5    Os dentes posteriores mandibulares não devem
ser montados na distal da inclinação ascendente do rebordo
residual (ramo ascendente). O dente molar foi colocado imedia-
tamente anterior à marca sobre o modelo na área saliente que
designa o início da inclinação.
proporcionar contatos de trabalho e de balanceio simultâneos
nessas situações.
Métodos Para Estabelecimento
Das Relações Oclusais
Os cinco métodos para estabelecer as relações oclusais para
próteses parciais removíveis serão descritos sucintamente. Antes
de qualquer deles sere descrito, é necessário que o emprego da
montagem do arco facial do modelo superior e os fatores per-
tinentes na oclusão de prótese parcial removível sejam conside-
rados. A técnica para o uso do arco facial foi descrita sucintamente
no Capítulo 12.
Apesar de a montagem do eixo de rotação ser desejável para
procedimentos de reabilitações bucais completas, nenhum dos
arcos faciais de tipo comum facilitarão a montagem do modelo
 Capítulo 17  Relações Oclusais para Próteses Parciais Removíveis 245

maxilar em relação ao eixo condilar no articulador com precisão
razoável e aceitável para a prótese parcial removível. Como foi
sugerido no Capítulo 12, é muito melhor o planejamento da
oclusão relacionada com plano eixo orbital. Já que na oclusão
da prótese parcial removível o fator dominante é o dente natural
remanescente e sua influência proprioceptiva na oclusão, um
raio comparável no plano oclusal orientado com instrumentos
aceitáveis permitirá a reprodução razoável dos movimentos da
mandíbula.
Figura 17-6    O dente posterior na extremidade livre distal foi
selecionado com largura vestibulolingual mais estreita que do
dente original, e eles foram montados respeitando o suporte
primário (plataforma óssea vestibular) para distribuir a força
funcional para o local mais anatomicamente favorável, de
maneira que os efeitos de alavanca sejam diminuídos.
Os articuladores semiajustáveis podem simular o movi-
mento mandibular, mas não os copia. A compreensão das limi-
tações de um instrumento específico e o conhecimento dos
procedimentos que podem superar essas limitações são neces-
sários para que uma oclusão adequada seja criada.
O registro das relações oclusais para arcos edêntulos parciais
pode variar desde uma aposição simples dos modelos antagô-
nicos (pela oclusão suficiente dos dentes naturais remanescen-
tes) até um registro das relações maxilomandibulares, da mesma
forma que é realizado para pacientes completamente edêntulos.
Por mais que alguns dentes naturais permaneçam em contato,
de qualquer maneira será a influência cuspídea daqueles dentes,
que tem função no movimento maxilar, que vai ditar a locali-
zação dos dentes artificiais e o planejamento oclusal.
A relação horizontal da mandíbula (máxima intercuspidação
habitual ou relação cêntrica) na qual a prótese é confeccionada
deve ter sido determinada durante o diagnóstico e o plano de
tratamento. Os preparos de boca devem ser realizados de acordo
com essa determinação, incluindo o ajuste oclusal da dentição
natural, se isto for indicado. Por isso, uma dessas condições deve
existir: (1) relação cêntrica e máxima intercuspidação habitual
coincidentes com ausência de evidências de condições patológicas
oclusais, portanto a decisão deve ser de confeccionar a prótese na
relação cêntrica; (2) relação cêntrica e máxima intercuspidação
habitual não coincidentes, mas a máxima intercuspidação habitual
é claramente definida, então opta-se pela confecção da prótese em
máxima intercuspidação habitual; (3) relação cêntrica e máxima
intercuspidação habitual não coincidentes e a máxima intercuspi-
dação habitual não é claramente definida, então opta-se pela con-
fecção da prótese na relação cêntrica; e (4) dentes posteriores

Figura 17-7    A, O molar superior oclui em relação horizontal normal com o molar antagonista. B, A posição resultante é lateral à
crista de suporte do rebordo residual. Essa posição é funcionalmente desfavorável devido aos efeitos de alavanca potencialmente
instáveis; entretanto, a estabilidade pode ser melhorada pelo ajuste de contatos de trabalho e balanceio simultâneos no plano
oclusal.
 246 Parte II  Clínica e Laboratório 
ausentes em um ou ambos os arcos, e a prótese deve ser realizada
em relação cêntrica.
As relações oclusais devem ser estabelecidas pelo uso de um
dos métodos mais apropriados, que serão demonstrados a seguir,
adaptados para a situação particular do edêntulo parcial.
Aposição Direta dos Modelos
O primeiro método é utilizado quando existem remanescentes
dentários antagonistas em contato suficiente para reproduzirem
uma relação maxilomandibular óbvia, ou quando poucos dentes
precisam ser repostos em bases protéticas pequenas e não é
encontrada nenhuma anormalidade oclusal. Com esse método,
modelos antagonistas podem ser ocluídos na mão. Os modelos
ocluídos devem ser mantidos em aposição com suportes rígidos
unidos com cera pegajosa nas bases do modelo até que eles
sejam montados em segurança em um articulador.
Na melhor das hipóteses, esse método pode somente perpe-
tuar a dimensão vertical de oclusão existente e qualquer desar-
monia oclusal existente entre a dentição natural. A análise oclusal
e a correção de qualquer desarmonia oclusal existente devem
preceder a aprovação deste registro da relação maxilomandibu-
lar. As limitações de tal método são óbvias. Ainda, qualquer regis-
tro de relação maxilomandibular é melhor do que o registro
interoclusal impreciso entre os dentes naturais remanescentes. A
menos que o registro seja realizado de forma que não influencie
na trajetória de fechamento da mandíbula devido ao tamanho
e/ou a consistência do meio de registro, a aposição direta dos
modelos antagonistas pelo menos eliminaria a possibilidade de
o paciente ter uma relação maxilomandibular deficiente.
Registros Interoclusais de Dentes
Remanescentes Posteriores
O segundo método, que é uma modificação do primeiro, é utili-
zado quando há dentes naturais remanescentes suficientes para
sustentar a prótese parcial removível (Classe III ou IV de Kennedy),
mas a relação dos dentes naturais antagonistas não possibilita a
oclusão dos modelos na mão. Em tais situações, as relações maxi-
lomandibulares devem ser estabelecidas como se fossem para as
próteses fixas, com algum tipo de registro interoclusal.
O menos preciso desses métodos é o registro interoclusal
com cera. O volume, a consistência e a fidelidade da cera vão
influenciar no sucesso do registro da relação cêntrica depois do
resfriamento da mesma. A cera em excesso que toca nas super-
fícies mucosas pode deformar os tecidos moles, o que evita o
assentamento preciso do registro de cera sobre os modelos de
gesso. A distorção da cera durante ou após a sua remoção da
boca pode também interferir no assentamento preciso. Por-
tanto, um procedimento claro para confecção de registros inte-
roclusais em cera será apresentado logo em seguida:
• Uma lâmina de cera, reforçada por metal, uniformemente
amolecida é colocada entre os dentes, e o paciente é guiado
para o fechamento em relação cêntrica (Figura 17-8). O
fechamento correto deve ser treinado antes da inserção da
cera para que o paciente não hesite ou desvie durante o fecha-
mento da boca. Depois, a cera é removida e imediatamente
resfriada dentro d’água em temperatura ambiente. A cera
deve ser reinserida uma segunda vez para a correção da dis-
torção resultante do resfriamento e depois novamente res-
friada após sua remoção da boca.
• Todos os excessos de cera devem ser removidos neste momento
com um bisturi afiado. O mais importante neste momento é
que toda a cera que toca nas superfícies mucosas esteja recor-
tada de forma que fique livre de contato. O registro de cera,
novamente resfriada, deve ser reinserido para que se tenha
certeza de que não há nenhum contato com os tecidos
moles.
Um registro de cera pode também ser corrigido posterior-
mente com material para registro oclusal de livre escoamento,
como uma pasta de óxido metálico, que é usada como meio de
registro final. Ao fazer tal registro corrigido de cera, o dente
antagonista (e também o lábio do paciente e a luva do dentista)
deve ser levemente revestido com vaselina ou um preparado de
silicone. Depois, o material de registro oclusal é manipulado e
aplicado em ambos os lados do registro da cera reforçada por
metal. Este conjunto é rapidamente inserido na boca, e o
paciente é auxiliado para o fechamento na trajetória ensaiada,
a qual será guiada pelo registro de cera anterior. Após o material
de registro oclusal endurecer, o registro de cera corrigido é
removido e sua precisão é verificada. Qualquer excesso proje-
tado além do molde de cera deve ser removido com um bisturi
afiado até que permaneçam somente os registros das pontas das
cúspides. Tal registro deve ser assentado nos modelos precisa-
mente, sem discrepâncias ou interferências, e devem resultar
num registro interoclusal preciso. Quando um arco antagonista
intacto está presente, o uso do modelo antagonista pode não ser
necessário. Em vez disso, um gesso rígido pode ser derramado
diretamente no interior do material de registro oclusal para
funcionar como um modelo antagonista. Entretanto, embora
isso possa ser um procedimento aceitável na confecção de pró-
teses parciais unilaterais fixas, as vantagens de se ter modelos
devidamente orientados num articulador adequado contrain-
dica esta prática. A única exceção para isto é quando o modelo
superior, no qual a prótese parcial removível será confeccionada,
for montado anteriormente com o auxílio do arco facial. Em
tais casos, um arco mandibular intacto pode ser reproduzido
em gesso, já que o modelo é vertido diretamente no interior do
registro intraoclusal.
Figura 17-8    Uma película de cera amolecida em banho
d’água é usada para o registro da posição interoclusal. Uma vez
removida e resfriada, esse registro é corrigido com um material
para registro mais rígido e preciso. Antes de este material ser
utilizado na montagem, o registro deve ser recortado para pos-
sibilitar o assentamento completo do modelo sem a distorção
do material.
 Capítulo 17  Relações Oclusais para Próteses Parciais Removíveis 247

Algumas das vantagens do uso de pasta de óxido metálico
sobre a cera como um meio para registros oclusais incluem
(1)  consistência uniforme; (2) facilidade de deslocamento no
fechamento; (3) fidelidade de reprodução da superfície oclusal;
(4) estabilidade dimensional; (5) possibilidade de algumas
modificações na relação oclusal após o fechamento, se isto for
feito antes do material endurecer; e (6) reduzida possibilidade
de distorção durante os procedimentos de montagem.
Os três detalhes importantes que devem ser observados
quando utilizamos esse material são os seguintes:
1. Ter certeza de que a oclusão é satisfatória antes de se realizar
o registro interoclusal.
2. Ter certeza de que os modelos são reproduções precisas dos
dentes que foram registrados.
3. Recortar o registro com um bisturi afiado onde existam áreas
retentivas, contato com tecidos moles ou sulcos profundos.
Relações Oclusais com o Uso de Planos de
Orientação sobre Placa-base de Registro
Um terceiro método é utilizado quando uma ou mais áreas de
extremidade livre distal estão presentes, quando há um grande
espaço edêntulo dentossuportado, ou quando dentes antagonis-
tas não se encontram entre si. Nesses casos, planos de orientação
sobre placa-base devem ser utilizados como suporte para o
registro da relação maxilomandibular. Os registros simples com
cera nunca são aceitáveis nas áreas edêntulas. Qualquer cera,
embora macia, é capaz de deslocar os tecidos moles. É impos-
sível assentar precisamente tal registro de cera no modelo de
gesso do arco.
Com esse método, os procedimentos de registro são os
mesmos do segundo método, exceto pela substituição dos
dentes perdidos por roletes de cera (Figura 17-9). É essencial a
utilização de bases precisas para suportar a relação oclusal. As
bases fotopolimerizadas por luz visível (FLV) podem ser adap-
tadas aos modelos por meio da técnica para confecção de mol-
deira descrita no Capítulo 15. Utilizando o modelo de trabalho,
as retenções indesejáveis devem ser aliviadas. Entretanto, não se
deve adicionar qualquer cera neste espaço. Pincela-se uma
camada fina de agente isolante sobre o modelo e também cera
de alívio, para ajudar na remoção da base sobre o modelo depois
do tempo de polimerização recomendado pelo fabricante. Cui-
dadosamente, adapta-se o material de base de FLV ao modelo.
O material não deve ser afinado e nem deve ser adaptado sobre
os dentes remanescentes. A base é polimerizada, e em seguida a
base de registro é separada do modelo e toda cera de alívio
remanescente é removida. A base deve ser limpa e um revesti-
mento que bloqueie o ar é aplicado sobre toda a base de registro,
de acordo com as instruções (região externa).
As bases de registro podem também ser totalmente confec-
cionadas de resina acrílica autopolimerizável. Esses materiais
utilizados em forma de massa não têm precisão suficiente para
esse propósito, a menos que sejam corrigidos pelo reembasa-
mento. Uma base de resina acrílica pode ser confeccionada pela
aspersão de monômero e polímero numa matriz rasa de cera
ou massa depois que as retenções forem aliviadas. Se a matriz
e o alívio foram feitos com cuidado, não ocorrerão interferên-
cias na remoção, e será necessário pouco recorte. Quando o
método de aspersão é utilizado e é respeitado o tempo suficiente
para que a polimerização progressiva ocorra, tem-se como
resultado bases estáveis e precisas. Outras bases de registro
incluem o uso de metal fundido ou base de resina acrílica
formada sob compressão e processada para o registro das rela-
ções maxilomandibulares.
Em relação ao terceiro método, devemos fazer referência ao
rebordo em que a base de registro será realizada. Se a prótese
for dentossuportada ou se uma base de extremidade livre distal
é feita na forma anatômica do rebordo, as bases serão confec-
cionadas para que se ajustem na forma do rebordo residual. Mas
se uma base de extremidade livre distal é suportada pela forma
funcional do rebordo residual, é necessário que o registro das
relações maxilomandibulares seja protelado até que o modelo
de trabalho esteja corrigido para a forma funcional.

Figura 17-9    Relacionamento e distribuição dos dentes remanescentes para aqueles pacientes que necessitam que as bases de
registro e os planos de orientação sejam utilizados para a montagem precisa dos modelos. A, Base de registro de resina acrílica e
plano de orientação de cera de placa-base sólida para maxila edêntula e Classe I de Kennedy no arco mandibular. Essas bases
de registro são estáveis e formadas pela aspersão de resina acrílica autopolimerizável. B, Os planos de orientação são substitutos de
dentes posteriores perdidos e fornecem uma oportunidade de suporte posterior na realização de registros interoclusais; a grande
extensão edêntula na mandíbula direita é mais crítica.
 248 Parte II  Clínica e Laboratório 
A base de registro deve ser o mais semelhante possível à
base final da prótese. As bases de registro das relações maxilo-
mandibulares são inúteis, a menos que elas sejam feitas no
mesmo modelo ou num modelo de duplicação no qual a prótese
será confeccionada, ou quando serão elas mesmas as bases finais
das próteses. Para que sejam as bases finais da prótese, devem
ser confeccionadas com uma liga fundida ou com uma base de
resina acrílica processada.
Os registros da relação maxilomandibular realizados por
este método completa essencialmente o mesmo propósito dos
dois métodos anteriormente descritos. O fato de as bases de
registro serem utilizadas para dar suporte a áreas edêntulas
não altera seu resultado. Em qualquer método, a habilidade e
o cuidado empregados pelo dentista para confecção dos ajustes
oclusais na prótese final vão determinar a fidelidade da oclusão
resultante.
Métodos para Registrar a Relação Cêntrica nas
Bases de Registro
A relação cêntrica deve ser registrada de várias maneiras quando
as bases de registro forem utilizadas. A menos precisa é o uso
de planos de orientação com cera macia. Os planos de orienta-
ção de godiva, por outro lado, podem ser amolecidos por flam-
bagem e tratamento térmico, resultando geralmente em um
registro oclusal aceitável. Esse método é consagrado pelo tempo,
e quando é realizado de forma competente tem precisão igual à
de qualquer outro método.
Quando são utilizados planos de orientação de cera, eles
devem ser reduzidos em altura até que fiquem apenas fora do
contato oclusal na dimensão vertical de oclusão desejada. Uma
parada única é adicionada posteriormente para a manutenção
de sua posição terminal enquanto o registro da relação maxilo-
mandibular é realizado em algum material uniforme macio, que
se torne rígido. O gesso para moldagem de presa rápida, a pasta
para registro de mordida e a resina acrílica autopolimerizável
podem ser utilizados. Com a utilização de qualquer um desses
materiais, o dente antagonista deve ser lubrificado para facilitar
a separação. Qualquer que seja o meio de registro, ele deve
possibilitar o fechamento normal sem resistência em posição
cêntrica e deve ser transferido com fidelidade para os modelos
com o propósito de se realizar a montagem.
Registros da Relação Maxilomandibular Realizados
Completamente sobre Bases de Prova
O quarto método é utilizado quando não existe a presença de
nenhum contato oclusal entre os dentes naturais remanescentes,
como quando uma prótese total superior antagonista vá ser
realizada concomitantemente com uma prótese parcial removí-
vel inferior. Este método deve ser utilizado também nas situa-
ções raras que os poucos dentes remanescentes não se ocluem
e não terão influência nos movimentos mandibulares excên-
tricos. Os registros da relação maxilomandibular serão realiza-
dos totalmente nos planos de orientação onde ambos os arcos
possuam apenas dentes anteriores presentes (Figura 17-10).
Em qualquer dessas situações, os registros da relação maxi-
lomandibular são realizados totalmente nos planos de orienta-
ção. Os planos de orientação devem ser apoiados em bases
precisas de registro da relação maxilomandibular. Aqui, a
escolha do método para registro das relações maxilomandibu-
lares é a mesma que para as próteses totais. Pode ser utilizado
tanto um método interoclusal direto quanto um registro com
traçador de agulha, como os pantográficos. O uso do arco facial,
a escolha do articulador, a escolha do método para registro das
relações maxilomandibulares e o uso do registro das posições
excêntricas são considerados opcionais, assim como na confec-
ção das próteses totais, de acordo com a experiência, a habili-
dade e a vontade de cada dentista.
Oclusão Estabelecida pelo Registro da
Trajetória Oclusal
O quinto método de estabelecimento da oclusão da prótese
parcial removível é o registro da trajetória oclusal e o uso de
um gabarito de oclusão em vez de um modelo do arco anta-
gonista. Quando um registro da relação maxilomandibular
estática é utilizado, com ou sem movimentos articulares
excêntricos, os dentes artificiais são montados para ocluir de
acordo com um conceito específico de oclusão. Por outro
lado, quando um registro oclusal funcional é utilizado, o
dente é alterado para aceitar todo movimento mandibular
excêntrico registrado.
Esses movimentos são realizados de forma mais com-
plicada pela influência dos dentes naturais remanescentes.
A harmonia oclusal nas próteses totais e nas reabilitações
orais completas deve ser obtida pelo uso de diferentes ins-
trumentos e técnicas. Schuyler enfatizou a importância de
se estabelecer primeiro a relação dentária anterior e a guia
incisal, para depois continuar qualquer processo de reabili-
tação oral completa. Outros autores demonstraram as van-
tagens do estabelecimento da guia canina como chave da
oclusão funcional antes de se continuar com qualquer regis-
tro funcional contra um arco antagonista proteticamente
recuperado. Isto é realizado com base na teoria de que o
dente canino serve para guiar a mandíbula durante os
movimentos excêntricos quando os dentes antagonistas
Figura 17-10    Arcos dentários antagonistas Classe I de Kennedy
somente com dentes anteriores remanescentes. Os registros das
relações maxilomandibulares são realizados com a utilização de
bases de registro e planos de orientação estáveis.
 Capítulo 17  Relações Oclusais para Próteses Parciais Removíveis 249

entram em contato ­funcional. Também tem sido destacado meios protéticos. O dentista deve considerar no momento do
que o dente canino transmite os impulsos periodontais pro- planejamento do tratamento as possíveis ­vantagens de se esta-
prioceptivos para os músculos da mastigação e deste modo belecer a oclusão final em um arco intacto.
tem uma influência nos ­movimentos mandibulares mesmo
sem guia de contato efetiva. Entretanto, quanto mais as Passo a Passo dos Procedimentos Utilizados
superfícies oclusais dos dentes naturais remanescentes não
para o Registro da Trajetória Oclusal
restaurados permanecem em contato, como em muitas
Depois de ajustada a armação para que se encaixe na boca,
bocas parcialmente dêntulas, mais esses dentes proporcio-
a técnica utilizada para o registro da trajetória é a seguinte:
narão influência primária no movimento mandibular. O
1. Confeccione os planos de cera sobre a base da prótese que
grau de harmonia oclusal que pode ser obtido em próteses
tenha o mesmo grau de precisão e estabilidade da base
fixas ou removíveis dependerá da harmonia oclusal que
final da prótese. Idealmente, esta seria a base final da
existe entre esses dentes.
prótese, que é uma das vantagens de se fazer uma prótese
Sobre a oclusão, Thompson escreveu: “Observar a oclusão
com base metálica. Outra maneira é confeccionar uma
com os dentes nas relações estáticas e depois no movimento
base temporária de resina FLV ou de aspersão de resina
mandibular em várias posições excêntricas não é suficiente.
acrílica autopolimerizável (Figuras 18-34 até 18-38), qual-
O conceito dinâmico é necessário para se produzir uma
quer delas essencialmente idênticas à base final de resina
oclusão que está em harmonia funcional com o esqueleto
acrílica. Para qualquer prótese parcial removível de extre-
facial, com a musculatura e com a articulação temporoman-
midade livre distal, confeccione essa base em um modelo
dibular.”* Pela adição de “e com os dentes naturais remanes-
que já tenha sido corrigido para a forma funcional dese-
centes”, as exigências para prótese parcial removível estão
jada ou para a forma de suporte no rebordo edêntulo.
completamente definidas.
Coloque uma película rígida de cera pegajosa na base
Alguns dos métodos descritos anteriormente podem ser
antes de prender os planos de cera na base. A cera utilizada
aplicados para a confecção de próteses parciais removíveis
para os planos de cera deve ser rígida o bastante para
em ambos os arcos simultaneamente, enquanto que o regis-
aguentar a força de mordida e deve ter resistência o bas-
tro da trajetória oclusal necessita que o arco antagonista
tante para resistir a fratura. As ceras rígidas de incrustações
esteja intacto ou restaurado para a dimensão do tratamento
se mostraram adequadas para a maioria dos pacientes.
planejado. Um enceramento diagnóstico dos arcos maxilar e
Entretanto, alguns indivíduos com musculatura fraca ou
mandibular facilitará a visualização do preparo de boca
bocas frágeis têm dificuldade de morder este tipo de cera.
proposto e os procedimentos restauradores necessários para
Em tais situações, use uma cera um pouco menos rígida.
adaptar o esquema oclusal planejado, a orientação correta
Faça o plano de cera largo o bastante para registrar todos
do plano oclusal, a forma correta do arco, e as modificações
os extremos dos movimentos mandibulares.
dentárias completas, para que se adaptem ao desenho da
2. Comunique ao paciente que o plano de cera deverá ser
prótese parcial removível — todos na dimensão vertical de
usado por 24 horas ou mais. Ele deverá ser usado cons-
oclusão. Se o planejamento de próteses parciais removíveis é
tantemente, inclusive durante a noite, e só será removido
feito para ambos os arcos, é necessária a decisão de qual
durante as refeições. Com o uso e a mordida no plano de
prótese será confeccionada primeiro e qual suportará a
cera rígida, será realizado um registro de todos os extre-
relação oclusal funcional com o arco antagonista. Geralmente
mos dos movimentos da mandíbula. O rolete oclusal de
o arco mandibular é reabilitado antes e a prótese parcial
cera deve manter um contato positivo com a dentição
removível superior é ocluída naquele arco reabilitado. Se a
antagonista em todas as excursões e deve ter altura bas-
reabilitação do arco superior for com uma prótese total ou
tante para garantir que o registro da trajetória funcional
prótese parcial fixa ou coroas, deve ser realizado um encera-
de cada cúspide foi esculpido na cera. Esse registro deve
mento diagnóstico completo antes do estabelecimento da
incluir não só os movimentos voluntários, mas também
oclusão com a prótese parcial removível antagonista. Se
os movimentos involuntários e as mudanças nos movi-
forem confeccionadas próteses parciais fixas antagonistas ou
mentos mandibulares causadas por alterações de postura.
coroas que ocluam nos antagonistas, poderá ser vantajoso o
As posições mandibulares extremas e os movimentos
desenvolvimento da oclusão e a confecção de ambas simul-
habituais durante o sono também devem ser registrados.
taneamente para garantir o posicionamento ideal, a relação
A trajetória oclusal que é registrada por este meio repre-
intercuspídea e a integridade funcional.
sentará cada dente em seu aspecto tridimensional. Embora
Independente do método utilizado para o registro das rela-
o modelo vertido a partir disto se assemelhe com os dentes
ções maxilomandibulares, quando um arco é reabilitado com-
antagonistas, eles serão maiores que os dentes que foram
pletamente primeiro, esse arco é considerado um arco intacto,
esculpidos desta maneira porque eles representam os dentes
mesmo se ele foi restaurado parcialmente ou totalmente por
em todos os seus movimentos extremos. O registro da traje-
tória oclusal desta maneira elimina totalmente a necessidade
de reprodução dos movimentos mandibulares em algum
*De Thompson JR: Temporomandibular disorders: diagnosis and instrumento.
dental treatment in the temporomandibular joint. In Sarnat B, editor: Instrua o paciente sobre a remoção e a colocação da
The temporomandibular joint, ed 2, Springfield, Ill, 1964, Bernard G. prótese parcial removível que serve de apoio para o plano de
Sarnat e Charles C. Thomas, pp 146-184.
250 Parte II  Clínica e Laboratório 
cera e explique que, por meio da mastigação em todas as
direções, a cera será esculpida pelos dentes antagonistas. Os
dentes antagonistas devem ser limpos ocasionalmente
quando houver o acúmulo de partículas de cera. É necessário
que o paciente compreenda o que esta sendo realizado e
entenda que tanto os movimentos voluntários quanto os
involuntários devem ser registrados na cera.
Antes de dispensar o paciente, adicione ou remova cera
onde indicado para possibilitar os contatos completos e
contínuos por toda faixa mastigatória. Para fazer isto, aqueça
repetidamente a cera com uma espátula quente e faça o
paciente fechar e mastigar com a dentição antagonista o
plano de cera aquecido, e cada vez adicione mais cera em
qualquer área que esteja deficiente. Qualquer área deixada
sem suporte devido ao escoamento pelas forças oclusais
devem ser reforçados com cera adicional. É importante que
o plano de cera esteja absolutamente limpo e livre de saliva
antes da aplicação de uma nova camada de cera. Cada adição
de cera deve ser realizada de forma homogênea no rolete
para evitar a fratura ou disjunção do plano de cera durante
o tempo em que ele será usado. Deixe o plano de cera com
1 a 3 mm de altura, dependendo da necessidade de aumento
da dimensão vertical de oclusão.
3. Depois de 24 horas, a superfície oclusal do plano de cera
deve exibir um brilho contínuo, que indica o contato
funcional com os dentes antagonistas em todas os movi-
mentos extremos. Algumas áreas com contatos deficien-
tes devem ter cera adicionada neste momento. As razões
positivas para a manutenção de contatos oclusais por
todo tempo de utilização do plano de cera são: (a) todos
os dentes antagonistas devem ser colocados em função;
(b) uma prótese antagonista, se presente, se tornará
completamente assentada; e (c) a dimensão vertical de
oclusão na região de molares será aumentada, enquanto
a cabeça do côndilo mandibular estará sendo reposicio-
nada e o tecido temporomandibular poderá retornar a
sua relação normal.
Se durante esse período o plano de cera não for reduzido
até o contato natural dentário, aqueça-o pela aplicação de ar
direto da seringa tríplice através de uma chama sobre a
superfície da cera. Se o rolete de cera for mantido entre os
dedos durante o aquecimento, resultará em um processo
gradual de amolecimento, em vez de causar um derretimento
da superfície. Aqueça o rolete de cera repetidamente e repo-
sicione-o na boca até que a altura oclusal seja reduzida e as
excursões laterais sejam registradas. Neste momento, utilize
cera adicional para suportar aquelas áreas que ficaram sem
suporte pelo escoamento de cera para as superfícies vestibu-
lares ou linguais. Remova as áreas de cera que não têm
envolvimento óbvio, até limitar o plano de cera o máximo
possível. Remova também aquelas áreas projetadas além da
superfície oclusal, as quais, se presentes, podem limitar o
movimento funcional.
Quando a prótese é assentada e as mudanças na posição
da mandíbula são realizadas após o período de uso anterior,
é possível completar o registro oclusal no consultório. Entre-
tanto, se todos os movimentos involuntários e aqueles cau-
sados por mudanças posturais não forem registrados, o
paciente deve usar novamente o plano de cera por um
período de tempo.
4. Depois do segundo período de utilização de 24 a 48 horas,
o registro deve estar completo e aceitável. Os dentes
remanescentes que foram considerados pontos de parada
devem estar em contato, e o plano de cera deve mostrar
uma superfície de brilho intacta que represente cada
cúspide em todos os movimentos extremos.
Os dentes naturais anteriormente em contato não preci-
sam necessariamente estar em contato no término do regis-
tro oclusal. Os dentes que sofreram extrusão por um período
de anos e aqueles que sofreram movimentação para acomo-
dação da sobreoclusão ou da rotação mandibular não devem
estar em contato quando o equilíbrio mandibular tiver sido
restabelecido. Tais dentes podem possivelmente voltar a ter
contato oclusal no futuro ou ter seu contato oclusal restabe-
lecido após a instalação inicial da prótese. Como a posição
mandibular pode ter mudado durante o processo de registro
oclusal, a relação intercuspídea de alguns dentes naturais
pode ser diferente de antes. Esse fato deve ser reconhecido
na determinação do correto restabelecimento da dimensão
vertical de oclusão.
A oclusão assim estabelecida na prótese parcial removí-
vel terá uma harmonia mais completa com os dentes anta-
gonistas naturais ou artificiais do que aquela que foi obtida
pelo ajustes somente na boca, porque os ajustes oclusais
para o acomodamento dos movimentos voluntários não
previne necessariamente a desarmonia oclusal em todas as
posições posturais ou durante os períodos de tensões.
Além disso, os ajustes oclusais feitos na boca sem a análise
oclusal são limitados pela habilidade do dentista em inter-
pretar corretamente as marcas oclusais realizadas intrao-
ralmente, quer por uma tira de articulação quer por outros
métodos.
O registro da trajetória oclusal tem vantagens adicionais.
Ele faz com que a obtenção das relações maxilomandibulares
seja possível nas condições atuais de trabalho, com a estru-
tura da prótese em sua posição final, os dentes antagonistas
em função, e a prótese antagonista, se presente, totalmente
assentada. Em alguns momentos, isto também torna possível
a recuperação da dimensão vertical de oclusão perdida, uni-
lateralmente ou bilateralmente, devido a ocorrência de uma
sobreoclusão ou uma rotação mandibular.
O registro completo está pronto agora para ser convertido
em uma guia oclusal. Isto é geralmente realizado pelo encaixe
do registro oclusal com massa de modelar após ela ser reas-
sentada e fixada no modelo processado ou no modelo de
trabalho. Somente o registro em cera e as áreas de paradas
verticais podem ser deixados expostos. Depois, estas áreas
são preenchidas com gesso resistente de confecção de tro-
quéis para formar um gabarito de oclusão (Capítulo 18).
É necessário que as paradas em gesso sejam utilizadas
para manter a relação vertical, em vez de somente confiar em
alguma parte ajustável do articulador, o qual pode ser
mudado acidentalmente. Além disso, se as paradas em gesso
e da montagem do modelo da prótese e do gabarito simul-
taneamente permite que se use um articulador charneira
simples.
 Capítulo 17  Relações Oclusais para Próteses Parciais Removíveis
Materiais Para Dentes Artificiais
Posteriores
Atualmente, os dentes de resina acrílica são geralmente preferí-
veis aos os dentes de porcelana, porque os dentes de resina são
facilmente ajustados e se considera que são os que mais se
assemelham ao esmalte no potencial abrasivo de dentes antago-
nistas. Dentes de resina acrílica com superfícies oclusais em
ouro são preferencialmente utilizados em antagonistas de dentes
naturais restaurados com superfície oclusal em ouro, enquanto
os dentes de porcelana são utilizados geralmente quando são
antagonistas de outros dentes de porcelana.
As superfícies dos dentes de resina acrílica, entretanto,
podem com tempo se tornar impregnadas de partículas abrasi-
vas, e desta forma se tornam uma substância abrasiva por si
próprios. Isto pode explicar por que os dentes de resina acrílica
são às vezes capazes de desgastar superfícies antagonistas de
ouro. Uma avaliação da presença ou ausência de contatos oclu-
sais, entretanto, deve ser meticulosamente realizada a cada 6
meses em consultas de manutenção, independente da escolha
do material para confecção de dentes posteriores.
Embora existam algumas controvérsias sobre o uso de dentes
artificiais de resina acrílica ou porcelana, há uma concordância
clara de que o estreitamento (redução da extensão vestibulolin-
gual) das superfícies oclusais é desejável. Os dentes posteriores
que preenchem esse requisito devem ser selecionados, e o uso
de formas dentárias com excessiva extensão vestibulolingual
deve ser evitado.
Os dentes de resina acrílica são facilmente ajustados e pro-
porcionam rapidamente a construção de superfícies em ouro
fundido nas suas porções oclusais. Um procedimento simples
para fabricação de superfícies oclusais de ouro e sua união com
dentes de resina acrílica é descrito no Capítulo 18 sobre as
formas dos dentes posteriores.
Montagem dos Dentes no Gabarito Oclusal
A superfície oclusal dos dentes artificiais, de porcelana ou
resina, deve ser modificada para ocluir no gabarito. Neste
método, na verdade, a porcelana ou a resina atuaram somente
como um material bruto no qual a superfície oclusal será
confeccionada de forma que esteja em harmonia com o
padrão de oclusão existente. Por isso, os dentes devem ser
montados mais altos, para depois serem modificados e se
encaixarem no gabarito na dimensão vertical de oclusão.
Os dentes montados em um gabarito oclusal geralmente
devem ser colocados no centro do alcance funcional. Sempre
que possível, o dente deve ser montado de forma que fique
posicionado no centro vestibulolingual do gabarito. Quando
os dentes naturais têm sua oclusal funcional registrada, esta
deve ser considerada a posição fisiológica normal da denti-
ção artificial, independente da relação com o rebordo resi-
dual. Por outro lado, se algumas oclusões artificiais no arco
antagonista são registradas, como a de uma prótese total
antagonista, os dentes devem ser montados em uma relação
favorável a sua base, mesmo se isso significar uma montagem
ligeiramente vestibularizada ou lingualizada do centro do
gabarito.
251
Os dentes são geralmente montados para intercuspidar
com os dentes antagonistas na relação de intercuspidação
normal. Sempre que possível, a cúspide mesiovestibular dos
primeiros molares superiores deve ser posicionada em relação
ao sulco vestibular do primeiro molar inferior, e todos os
outros dentes consequentemente montados de acordo com
isto. Com uma oclusão funcionalmente confeccionada,
entretanto, não é absolutamente necessário que as relações
normais dos dentes antagonistas sejam restabelecidas. Em
primeiro lugar, os dentes antagonistas no arco dentário que
não são contíguos podem não estar alinhados na forma
normal, e a intercuspidação pode ser difícil de ser alcançada.
Em segundo lugar, as superfícies oclusais precisarão ser
modificadas para então terem um funcionamento favorável
independente do seu posicionamento anteroposterior. Já que
as modificações nas cúspides para se encaixarem no gabarito
oclusal estarão em harmonia com a dentição antagonista,
não é necessário que os próprios dentes sejam montados
para serem adaptados ao conceito usual do que constitui
uma relação anteroposterior normal.
Estabelecimento Das Relações
Maxilomandibulares Para Uma Prótese
Parcial Removível Inferior Antagônica
A Uma Prótese Total Superior
A confecção de próteses parciais removíveis inferiores que irão
ocluir com uma prótese total superior é comum. A prótese
superior pode já estar presente, ou poderá ser confeccionada
simultaneamente à confecção da prótese parcial removível infe-
rior antagonista. Em qualquer caso, o estabelecimento da relação
maxilomandibular nesta situação pode ser realizado por meio
de um dos métodos delineados anteriormente.
Se uma prótese total superior existente está satisfatória e o
plano oclusal é orientado em posição aceitável de formato ana-
tômica, funcional e estético (o que raramente ocorre), então a
prótese total não necessita ser trocada e este arco antagonista é
considerado um arco intacto, como se os dentes naturais esti-
vessem presentes. A transferência do arco facial é feita neste arco,
e o modelo é montado no articulador. Para fazer isto, o registro
do arco facial é realizado com a prótese total posicionada. Após
o arco facial ser removido do paciente, a prótese total também
será removida para ser moldada com hidrocoloide irreversível.
Quando o material de moldagem tomar presa, remove-se a
prótese, faz-se a sua limpeza, e ela pode ser devolvida ao paciente.
Um modelo é vertido sobre a moldagem, e depois esse modelo
será montado em articulador com o auxílio do registro feito
com o arco facial. O registro das relações maxilomandibulares
deve ser feito com precisão nas bases de registros anexadas à
estrutura da prótese parcial removível inferior com a utilização
do meio de registro apropriado. A relação cêntrica é registrada
e transferida para o articulador. Os registros excêntricos podem
ser realizados para a individualização do articulador.
Em ocasiões raras, quando a prótese parcial removível infe-
rior irá reabilitar todos os dentes posteriores e os dentes ante-
riores não estão interferindo, um traçador de ponto de apoio
 252 Parte II  Clínica e Laboratório 
central deve ser inserido no palato da prótese superior, e a
relação cêntrica registrada por meio de um traçado intraoral
contra a base mandibular estável. Se o método de registro com
traçador de agulha for utilizado, o instrumento traçador deverá
ser cuidadosamente removido da prótese e unido no mesmo
local do palato do modelo de gesso para ser transferido para o
articulador por meio do arco facial. O modelo inferior pode ser
orientado pelo modo de registro da relação maxilomandibular
horizontal e unido ao articulador.
Quando uma prótese total está antagônica ao arco no qual a
prótese parcial removível será confeccionada, o modelo da prótese
total pode ser utilizado durante os procedimentos de confecção.
Entretanto, quando a oclusão é corrigida após a confecção e a
prótese parcial removível é finalizada durante sua prova inicial,
a prótese total deve ser recolhida e montada no articulador no
registro de relação cêntrica na dimensão vertical de oclusão dese-
jável. Este procedimento levará a uma relação intercuspídea mais
precisa e prevenirá a abrasão dos contatos das cúspides que
poderão ocorrer se for usado o modelo de gesso da dentadura.
Este procedimento ocorre quando o paciente estiver no consul-
tório, para não impedir o uso da prótese total existente.
Se a relação dos dentes posteriores da prótese superior com
o rebordo inferior for favorável e a prótese total estiver estável,
o registro da trajetória oclusal no arco mandibular, assim como
de qualquer arco intacto oposto, estabelecerá o relacionamento
maxilomandibular. O sucesso deste método depende da estabi-
lidade da base protética, da qualidade dos tecidos de suporte, da
relação com os dentes antagonistas com o rebordo mandibular,
e da inter-relação entre os dentes naturais e artificiais.
Mais frequentemente, a prótese total superior existente não
será aceitável para uso devido ao mau posicionamento dos
dentes. A prótese pode ter sido confeccionada para ocluir com
os dentes mandibulares mal posicionados, os quais podem ter
sido perdidos, ou os dentes foram montados sem atenção para
a relação oclusal futura com prótese parcial removível inferior.
Muitas vezes são vistas próteses superiores com dentes poste-
riores montados próximos ao rebordo residual sem a preocu-
pação com a relação entre os arcos e com um plano oclusal
muito baixo. Usualmente, entretanto, a nova prótese superior
deve ser realizada simultaneamente com a prótese parcial remo-
vível inferior, e as relações maxilomandibulares devem ser res-
tabelecidas em uma das duas maneiras.
Se a prótese parcial removível inferior é dentossuportada
(um arco Classe III de Kennedy com prótese removível bilate-
ral), o arco mandibular é reabilitado primeiro. O mesmo se
aplica a um arco mandibular que será reabilitado com próteses
parciais fixas. Em ambas as situações, o arco mandibular é com-
pletamente reabilitado primeiro, e o relacionamento maxilo-
mandibular é estabelecido como se o arco inferior fosse uma
prótese completa antagonista. Então, a prótese total superior é
confeccionada baseada neste arco considerado intacto.
Por outro lado, é mais comum que a prótese parcial remo-
vível possa ter uma ou mais bases de extremidade livre distal.
Essa situação então necessita que a oclusão seja estabelecida em
ambas as próteses concomitantemente.
Todos os preparos de boca e procedimentos restauradores
necessários para orientação correta do plano oclusal, correção
da forma do arco, acomodação do plano oclusal desejado e
acomodação do desenho da prótese parcial removível devem ser
efetuados nos dentes naturais remanescentes. Além disso, todos
os tecidos de suporte devem estar num estado de saúde aceitável
antes de realizada a moldagem final. Após serem feitas as mol-
dagens finais, o que inclui a moldagem alterada do modelo ou
a moldagem de correção do modelo, o plano de orientação
superior é modelado, a relação vertical de oclusal com os dentes
remanescentes inferiores é restabelecida e é realizada a trans-
ferência do arco superior para o arco facial. As relações maxilo-
mandibulares podem ser registradas por quaisquer métodos
anteriormente descritos e a montagem completa em articulador
é completada. A oclusão pode ser estabelecida como para as
próteses totais, com o cuidado de se estabelecer uma relação
dente/rebordo favorável em ambos os arcos, um ótimo plano
oclusal e harmonia oclusal entre todos os dentes articulados.
Após a prova, vários métodos podem ser utilizados para
terminar a reabilitação. Ambas as próteses podem ser processa-
das simultaneamente e remontadas para correção oclusal, ou a
prótese parcial removível pode ser confeccionada antes. Após as
próteses estarem prontas e remontadas, os dentes — ainda em
cera na prótese total — são ajustados para a correção de qual-
quer discrepância.
As discrepâncias oclusais criadas durante o processamento
devem ser corrigidas antes de se possibilitar o uso da(s) prótese(s)
pelo paciente. Os métodos segundo os quais essas discrepâncias
podem ser corrigidas são discutidos no Capítulo 18.