Sei sulla pagina 1di 22

Oficina de

LIBRAS

Igreja Cristã Maranata


Presbitério Espírito Santense

Módulo I
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

ÍNDICE

TÍTULO PÁGINA

INTRODUÇÃO AO TRABALHO COM SURDOS .......................... 02


HISTÓRIA DOS SURDOS........................................................... 03
A SURDEZ E SUAS CAUSAS ........................................................ 10
O INTÉRPRETE.......................................................................... 13
INTRODUÇÃO A LIBRAS........................................................ 14
ESCLARECIMENTOS SOBRE A APOSTILA.................................. 21
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Introdução ao Trabalho com Surdos.


A oficina de LIBRAS da Igreja Cristã Maranata, tem a missão de
divulgar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) entre seus fiéis, e com este
aprendizado alcançar uma comunicação satisfatória para receber aos nossos
irmãos Surdos, para propagação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

Nossa Oficina oferece o seguinte conteúdo distribuído em 7 Módulos.

Aprendizado do Alfabeto Manual;


Proporciona conhecimento dos Sinais Bíblicos e Sinais da Sociedade;
Desenvolve o diálogo em LIBRAS;
Desenvolver a pratica da interpretação em cultos;
Fundamentos para melhor estruturar o processo de tradução e
interpretação de Português para LIBRAS e LIBRAS para Português;
Aprendizado de expressão facial e corporal, recursos na
interpretação. (Tudo dentro do contexto vivido pela ICM).
Conhecimento do Surdo e sua história;
Praticar a Língua de Sinais;
Apresentar aos alunos a necessidade de aprofundar seu
conhecimento no campo de LIBRAS e na interpretação;
Conhecer mais detalhes sobre o processo da interpretação;

Trabalho com surdos.

Objetivo Geral:

Quando um servo (a) manifesta o desejo de aprender LIBRAS, é preciso que


ele (a) perceba em si próprio qual o real objetivo de querer tal aprendizado. Então
se indague:

Qual meu foco, propósito, para quê, porque investir neste aprendizado?

Isto o levará a refletir no foco principal do trabalho que é Salvação de vidas,


não somente do surdo (a), mas também de todas as pessoas envolvidas com o
surdo, como por exemplo, familiares, amigos ou vizinhos, pois este é um
trabalho de EVANGELIZAÇÃO.

2
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

História dos Surdos.


Dentro do contexto bíblico.

A primeira vez em que foi mencionado o “SURDO” na história foi pelo próprio Senhor
Deus em: Êxodo 4:11
“Ao que lhe replicou o Senhor: Quem faz a boca do homem?
Ou quem faz o mudo, ou o surdo,”
O Senhor dentro de sua infinita sabedoria colocou a ordem inversa da que nos
acostumamos a ouvir “surdo mudo” no decorrer da história veremos que muito, o
surdo foi prejudicado por não entenderem que ele não falava por não ouvir e que eram
duas deficiências diferentes.
Também em Levítico 19:14 O Senhor nos diz:
Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu
Deus. Eu sou o SENHOR.
Mas diferentemente do que o Senhor ensinou a humanidade no principio da civilização,
pensavam que as pessoas com qualquer tipo de deficiência eram uma maldição dos
deuses, e por isto deveriam ser promovidos os meios necessários para aplacar a ira
destes deuses assim conseguindo apagar seus atos errôneos / pecados.

A história dos Surdos em algumas civilizações.

Entre os egípcios, os surdos eram adorados como deuses, eram mediadores entre os
deuses e os Faraós. Como eram comuns os casamentos consangüíneos (Endogamia)
entre os familiares dos faraós muitas vezes ocorria o nascimento de crianças surdas e
isso era um bom presságio. Nas cerimônias de cheias do Rio Nilo na primeira barca que
abria a celebração era colocado os surdos como forma de agradá-los. Estes surdos que
pertenciam à família dos Faraós na maioria eram criados isolados nos palácios e
tinham uma vida muito curta. Por eles não falarem, acreditava-se que eles falavam
diretamente com os deuses.

Alguns Países como a China no passado lançava os surdos ao mar. Os Gauleses


sacrificavam aos deuses, os Espartanos jogavam de altos rochedos, na Grécia eram
considerados incapazes, e eram excluídos do meio social e tanto na Grécia como em
Roma havia vezes em que surdos eram condenados à morte.
Na Grécia, durante o período dos filósofos, a pessoa que nascesse com alguma
deformidade física ou mental era imediatamente abandonada nos bosques ou atirada
de cima de penhascos, pois acreditava que atrairiam grande desgraça sobre a cidade.
Mais do que nunca o deficiente era visto como uma maldição dos deuses e, assim,
deveria ser eliminada. Outro ponto é o ideal de beleza e sabedoria que os gregos
adotavam uma pessoa mal formada, ou com distúrbios mentais ou físicos não
poderiam fazer parte da sociedade.

Durante o Império Romano as fortes influências da cultura grega e do estilo de vida


militar faziam com que as pessoas com deficiência, em especial a surdez, não fossem
contadas, e seguiam a tradição de matar os que eram diferentes. Os Romanos,
influenciados pela cultura grega, viam os surdos como ser imperfeito, não humano sem
direito de pertencer à sociedade, de acordo com Lucrécio e Plínio: "Era comum
lançarem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tibre, para serem
cuidados pelas Ninfas".

3
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Neste Império, vemos que as pessoas com distúrbios mentais e deformações físicas
eram exibidas nos circos e espetáculos públicos, muitas vezes sendo nomeados como
seres não humanos.
Normalmente isolavam os surdos assim como os leprosos, e quando os surdos
morriam, abriam suas gargantas, e comparavam com a dos ouvintes para verificar qual
era a diferença, o porquê de não falarem. No entanto não encontravam nada que
justificasse a falta da fala, e isso os confundiam.

Os Filósofos.

Na Antiguidade alguns filósofos Gregos e Romanos também fizeram alusões sobre os


surdos podemos citar, dentre eles primeiramente Sócrates que no ano 368 a.C. disse o
seguinte:
“Suponha que nós, os seres humanos, quando não falávamos e queríamos indicar
objetos, uns para os outros, nós o fazíamos, como fazem os surdos mudos sinais com
as mãos, cabeça, e demais membros do corpo”.
Aristóteles outro filósofo Grego (384 a.C. - 322 a.C.), foi aluno de Platão e professor de
Alexandre “o Grande”, acreditava que era impossível se educar os surdos, ele
acreditava que: ”o pensamento era desenvolvido através da linguagem, e a linguagem
com a fala. Assim o surdo não falava por isto não pensava e conseqüentemente não
poderia ser considerado como um ser humano.”

Aristóteles disse a respeito da pessoa surda que:

1. Independente da perda auditiva é capaz de conhecer o mundo pela visão.

2. A perda auditiva limita o desenvolvimento da linguagem oral.

Tais observações ainda são pertinentes até hoje.

Sêneca (4 a.C. - 65 d.C ) afirmou:


“Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as
cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos
os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos
afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das
saudáveis”.

O Senhor Jesus.

Observamos a cultura em que os deficientes eram uma maldição, na época de Jesus


observando a pergunta dos discípulos em João 9:2

2: E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus
pais, para que nascesse cego?

Jesus responde maravilhosamente.

João 9:3
3: Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se
manifestem nele as obras de Deus.

4
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Diferentemente de tudo que vimos até aqui no período em que O Nosso Senhor Jesus
Cristo esteve aqui no mundo vemos sempre próximo a ele os deficientes.

Buscando a cura física?

Também, mas sobre tudo eles sentiam na presença do Senhor o amor e a humanidade
que lhes fora tirado pelos Faraós, filósofos e Reis e por parte do povo da época.

A religião.

Na implantação de Roma, da igreja junto com o estado, os deficientes continuaram


sendo vistos como seres amaldiçoados por deus, ou que cometeram graves pecados.
O tratamento dispensado a eles variava desde a caridade até a caça. Dependendo da
família em que se nascesse e da época, o melhor destino de um deficiente era viver
enclausurado na casa da família ou num mosteiro. Poderia ser queimado em praça
pública como expiação da maldição que pairava sobre aquele lugar.
O imperador Justiniano, em 529 a.C., criou uma lei que impossibilitava os Surdos de
celebrar contratos, casar, elaborar testamento e até de possuir propriedades ou
reclamar heranças (com exceção dos Surdos que falavam).
Em Constantinopla as leis eram aplicadas da mesma forma em relação aos surdos não
tendo eles direitos algum, porém o trato com eles era diferente os Surdos realizavam
algumas tarefas, tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres, ou como
bobos, de entretenimento do sultão.
Durante a idade média, com o aumento do poder secular da igreja Romana e a
conseqüente deturpação dos princípios religiosos relacionados ao amor ao próximo.
Estes foram tempos difíceis durante o período que se criou a Santa Inquisição, um
tribunal que tinha a função de caçar e “converter” todos os hereges. Sabemos que os
métodos utilizados não eram gentis e envolviam, quase sempre, provas nas quais a
pessoa se sobrevivesse, era considerado culpado de possuir algum pacto com o
demônio, então era morto. Porém se ele morresse durante a prova atestava-se a
inocência do individuo. Em nenhum dos casos o resultado era bom para o acusado. Os
deficientes mais uma vez não tinham muitas chances de sobreviver. Principalmente
porque o resultado dos estudos em Roma (quando abriam as gargantas), mostrava que
não havia um motivo para que eles não falassem, partindo daí a idéia que eles eram
possuídos por um espírito maligno que os impediam a fala.
Agostinho defendia a idéia de que os pais de filhos Surdos estavam pagando por algum
pecado que haviam cometido.
A Igreja Romana, até a Idade Média, cria que os Surdos, diferentemente dos ouvintes,
não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os
sacramentos.
Até o fim da Idade Média, muitas atrocidades foram realizadas com os surdos, desde a
maldição dos deuses até a condenação à fogueira. Alguns estudiosos relatam sobre a
realidade histórica dos surdos: “os surdos eram vistos como irracionais, não educáveis,
pessoas castigadas pelas divindades, entre outros. Por causa disso eram forçados a
fazerem trabalhos desprezíveis e condenados a viverem isolados”.
Essa idéia de que os surdos são inúteis, incompetentes e amaldiçoados perdura por
séculos.

5
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Os professores.

Em 700 d.C John Beverley foi considerado o primeiro educador de surdos por ter
ensinado um surdo a falar ,pela primeira vez (em que há registro).
O maior problema que as famílias enfrentavam em relação aos surdos era por eles não
falarem e por isso não podia receber herança, não podiam casar-se etc. por isto muitas
famílias ricas procuravam professores para ajudar seus filhos a falarem, para serem
considerados como um cidadão.
Vamos citar alguns professores abaixo:

PEDRO PONCE DE LEÓN (1510 à 1584), foi um monge beneditino, espanhol, que se
dedicava a educação de jovens surdos, nobres e ricos, tendo em vista a manutenção
da herança da família. Além de fundar uma escola para Surdos, em Madrid, ele dedicou
grande parte da sua vida a ensinar os filhos Surdos, de pessoas nobres que lhe
encarregavam os filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei (assim, a
preocupação geral em educar os Surdos, na época, era tão somente econômica). León
desenvolveu um alfabeto manual, que ajudava os Surdos a soletrar as palavras (há
quem defenda a idéia de que esse alfabeto manual foi baseado nos gestos criados por
monges, que comunicavam entre si desta maneira pelo pacto de terem feito voto de
silêncio). Nesta época era costume que as crianças que recebiam este tipo de educação
e tratamento fossem filhas de pessoas que tinham uma situação econômica boa. As
demais eram colocadas em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas,
pois não se acreditava que pudessem se desenvolver em função da sua
“anormalidade".

GIROLAMO CARDAMO: (1501 à 1576) realizou o primeiro estudo cientifico com pessoas
surdas, elaborou o primeiro sistema de classificação da surdez e declarou que a surdez
não era obstáculo para o aprendizado. Cardano fez a seguinte classificação da Surdez:
1. Surdos de nascença;
2. Perda auditiva antes da aquisição da fala;
3. Perda auditiva após aquisição da fala.
Ainda hoje se utiliza esta classificação.

CHARLES MICHEL DE L`ÉPÉE nascido em 1712, ensinava, numa primeira fase, os


Surdos, por motivos religiosos. Muitos o consideram criador da língua gestual, L'Épée
reconheceu que essa língua realmente existia e que se desenvolvia (embora a não
considerasse uma língua com gramática). Os seus principais contributos foram:
• Criação do Instituto Nacional de Surdos Mudos, em Paris (primeira escola de Surdos
do mundo);
• Reconhecimento do Surdo como ser humano, por reconhecer a sua língua;
• Adoção do método de educação coletiva;
• Reconhecimento de que ensinar o Surdo a falar seria perda de tempo, antes que se
devia ensinar-lhe a língua gestual.

ALEXANDRE GRAHAM BELL (1847-1922)


Em 1872, abriu uma escola de educação para professores de surdos, em Boston. Bell
tentou encontrar algum meio mecânico de modo a tornar o discurso visível e
desenrolar a amplificação. Durante as experiências inventou o telefone. Era contra o
uso da Língua Gestual.

6
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Estes professores tinham divergências em relação a língua a ser utilizada pelos surdos
havia uma corrente que era o Oralismo “Alemã” e Gestualista “Francesa” .

Congresso de Veneza.

Em 1872, decidiu-se o seguinte:


O meio humano para a comunicação do pensamento é a língua oral;
Se orientados, os surdos lêem os lábios e falam;
A língua oral tem vantagens para o desenvolvimento do intelecto, da moral e da
linguística.

Conferência de Milão de 1880.

Em 6 de Setembro de 1880, os educadores de surdos de todos os países reuniram-se


em Milão para um Congresso Mundial de Educação de Surdos. As discussões foram
sobre os eficácia dos métodos de ensino. Cada representante falou sobre o método
usado na instrução e educação. Todos os países com excepção dos Estados Unidos
adoptaram o método oral como o preferido.O Congresso de Milão, em 1880, foi um
momento obscuro na História dos surdos, uma vez que que lá um grupo de ouvintes
tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo
oralismo (o comité do congresso era unicamente constituído por ouvintes.). Em
consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante
fins do século XIX e grande parte do século XX.
O Congresso durou 3 dias, nos quais foram votadas 8 resoluções, sendo que apenas
uma (a terceira) foi aprovada por unanimidade. As resoluções são:

1. O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à


língua gestual;

2. O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos,


afecta a fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua
articulada pura deve ser preferida;

3. Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam


educação;

4. O método mais apropriado para os surdos se apropriarem da fala é o método


intuitivo (primeiro a fala depois a escrita); a gramática deve ser ensinada
através de exemplos práticos, com a maior clareza possível; devem ser
facultados aos surdos livros com palavras e formas de linguagem conhecidas
pelo surdo;

5. Os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na elaboração


de obras específicas desta matéria;

6. Os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram o


conhecimento adquirido, devendo, por isso, usar a língua oral na conversação
com pessoas falantes, já que a fala se desenvolve com a prática;

7
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

7. A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10
anos, sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos;
nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo;

8. Com o objectivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam


ser reunidas as crianças surdas recém admitidas nas escolas, onde deveriam ser
instruídas através da fala; essas mesmas crianças deveriam estar separadas das
crianças mais avançadas, que já haviam recebido educação gestual, a fim de
que não fossem contaminadas; os alunos antigos também deveriam ser
ensinados segundo este novo sistema oral.

Este acontecimento só foi modificado 100 anos depois, somente a partir de 1980 é que
se voltou a valorizar as Línguas de Sinais como sendo própria da pessoa surda.

No Brasil.

Em 1857, D. Pedro II fundou o Instituto Imperial dos Surdos-Mudos dirigido pelo


professor Francês Ernest Huet.
Foi no INES que surgiu da mistura da língua de sinais francesa com sinais usados pelos
surdos de varias regiões do Brasil, a língua de sinais brasileira “LIBRAS”.
Em 1957, O Instituto Imperial dos Surdos – Mudos passa a chamar-se:
Instituto Nacional de Educação de Surdos em consonância com os avanços na área da
surdez.

Os médicos.

No fim da Idade Média e inicio do Renascimento, que saímos da perspectiva religiosa


para a perspectiva da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a óptica
médica e científica.
Esse longo período começa a ter fim no princípio da idade moderna, onde diversas
pesquisas diferenciam surdez de mudez e é nesse período que a expressão surdo-
mudo deixa de ser designação para os surdos.

Aqui voltamos ao principio de nosso relato, aonde no inicio o nosso Deus já havia
mostrado que eram duas necessidades especiais o MUDO e o SURDO.

Êxodo 4:11
“Ao que lhe replicou o Senhor: Quem faz a boca do homem?
Ou quem faz o mudo, ou o surdo,”

Através destes estudos, os surdos deixam de serem considerados seres desprezíveis, e


começam a ser considerados como pessoas com direito a uma cidadania através de
educação e socialização, porém não podemos esquecer que os surdos continuam a
“sofrer” por possuírem necessidades especiais.
Oliver Sacks em seu livro “Vendo Vozes” nos aponta exatamente esse lado triste da
história dos surdos: “A situação das pessoas com surdez pré-linguistica antes de 1750
era de fato uma calamidade”. Isolados ou executados ou mantidos a margem da
sociedade.

Vejamos os seguintes médicos:

8
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Jean Marc Itard - Médico cirurgião se tornara médico residente do Instituto Nacional de
Surdos-Mudos (Paris). Estudou com Philipe Pinel, seguindo os pensamentos do filósofo
Condillac, para quem as sensações eram a base para o conhecimento humano e que
reconhecia somente a experiência externa como fonte de conhecimento.
Dentro desta concepção era exigida a erradicação ou a “diminuição” da surdez para
que o Surdo tivesse acesso a este conhecimento. Com Pinel, o que era considerado
como diferença passou a ser reconhecido como doença e, portanto, passível de
tratamento para sua erradicação e a supressão do “mal”. Estes dois pilares onde Itard
constrói seu conhecimento influenciaram de forma marcante a sua atuação. Para
descobrir as causas visíveis da surdez, Itard:
Dissecou cadáveres de Surdos;
Aplicou cargas elétricas nos ouvidos de Surdos;
Usou sanguessugas para provocar sangramentos;
Furou as membranas timpânicas de alunos (alunos morreram por este motivo);
Fez várias experiências e publicou vários artigos sobre uma técnica especial para
colocar cateteres no ouvido de pessoas com problemas auditivos, tornando-se
famoso e dando nome à Sonda de Itard;
Fraturou o crânio de alguns alunos;
Infeccionou pontos atrás das orelhas deles.

As guerras.

Em 1920, antes da chegada dos nazistas ao poder, surgiu nos EUA e na Alemanha um
movimento da comunidade médica, com apoio das sociedades em questão, em prol da
esterilização de doentes mentais e psicopatas criminosos (na Alemanha este
movimento ficou conhecido como higiene racial). Em 1933, com a chegada dos
nazistas ao poder, este movimento teve suporte político. Nesse mesmo ano, na
Alemanha, foi aprovada uma lei para esterilizar as pessoas portadoras de doenças
genéticas transmissíveis, incluindo a surdez. Na época, Berlim continha cerca de vinte
e cinco comunidades de Surdos. Poucos surdos escaparam, sobrevivendo em guetos e
nos campos de concentração na Alemanha, Polônia e Hungria.
O Pós-guerra: surgiram inúmeras instituições que tentavam auxiliar os deficientes,
partindo do pressuposto de que era preciso transformar a pessoa, modificá-la para que
pudesse ser integrada a sociedade, era o chamado Paradigma dos Serviços, em alguma
função compatível ao grau de comprometimento do indivíduo. A década de 60 do
século XX tornou-se, assim, marcante pela relação da sociedade com a pessoa com
necessidades educacionais especiais incluindo às com deficiência. Dois novos conceitos
passaram a circular no debate social: normalização e desinstitucionalização.

Nos nossos dias o projeto de salvação chegando ao Surdo.

Aqui recomeçamos uma maravilhosa etapa na vida dos Surdos, a que desde o principio
da bíblia foi traçada, pois o Senhor nos tem revelado a forma adequada no convívio
com os Surdos não os temos como um ser intocável (como no Egito) e nem como um
ser imundo (como na cultura Grega), mas o próprio Senhor os tem cuidado como
ovelhas que precisam do Bom Pastor e hoje os Surdos que estão aos pés do nosso
Salvador Jesus Cristo estes têm encontrado as respostas a todos os seus anseios e as
suas necessidades. Nossa oração está voltada para que o Senhor abençoe aos Surdos e
que sua história daqui por diante seja repleta de benções na presença do SENHOR.

9
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

A surdez e suas causas


Quando começamos a entender e estudar a cultura surda temos o desejo de
conhecer cada vez mais desse novo universo. Parte importante da construção deste
conhecimento é o esclarecimento de alguns mitos e a compreensão de alguns
conceitos.

O que é a SURDEZ

Primeiro precisamos entender o que é surdez de fato. Surdez ou deficiência


auditiva são termos utilizados para indicar perda de audição ou diminuição na
capacidade de escutar os sons. Podemos nos deparar com pessoas diagnosticadas
surdas, que conseguem ouvir alguns ruídos, ou até mesmo a voz de alguém o
chamando. Isso acontece, pois existe uma classificação de surdez, que vai da
dificuldade de ouvir uma voz baixa até a perda total de audição (não ouve nenhum tipo
de som).

Saber em qual nível se classifica o surdo pode facilitar a evangelização e


assistência dessa vida, pois é um indicador de como lidar com o surdo. Por exemplo:
Sei que a vida que eu assisto tem uma surdez profunda, de que adianta eu gritar ao
conversar com ele? Isso apenas atrairia a atenção dos outros e causaria um grande
constrangimento ao surdo.

Abaixo segue uma tabela simplificada mostrando a perda auditiva.

Em cada nível a
comparação do som que
Decibéis Nível da surdez não consegue ser
ouvido.

25 a 40 Decibéis Surdez Leve Comparado a um jardim


tranquilo.

41 a 55 Decibéis Surdez Moderada Comparado ao barulho


de um escritório.

56 a 70 Decibéis Surdez Acentuada Comparado a um


liquidificador.

71 a 90 Decibéis Surdez Severa Comparado a um


caminhão pequeno
acelerando.

Acima de 91 Decibéis Surdez Profunda Comparado a uma


britadeira.

10
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Outro conceito a ser desmistificado é que a pessoa surda não é necessariamente


muda. Estas são duas deficiências diferentes, por isso termos pejorativos como
“mudinho”, “surdo-mudo”, surdinho, etc., não devem ser aceitos em uma comunidade
esclarecida. A surdez pode vir acompanhada de outras deficiências como a deficiência
mental, visual ou física. Devemos entender bem suas limitações tanto físicas, sociais e
cognitivas, a fim de dar a melhor assistência possível.

Causas da SURDEZ

Com o passar do tempo, é comum que o surdo deseje compartilhar sua história, e
nos conte como ficaram surdos. Vamos agora conhecer algumas das causas mais
comuns de surdez:

Doenças Gestacionais: Algumas doenças como rubéola, varíola e toxoplasmose,


se adquiridas na gravidez podem levar o bebê às deficiências, dentre elas a
surdez.
Incompatibilidade de sangue entre mãe e bebê (fator RH).
Peso inferior a 1,500 ao nascer.
Doenças como sarampo, caxumba ou Meningite (Obs: a meningite bacteriana ou
Virótica é a maior causa de surdez no Brasil).
Infecções nos ouvidos prolongadas por mais de três meses (otites).
Exposição freqüente a barulho muito alto.
História familiar - ter outros casos de surdez na família;
Anomalias crânios faciais: deformações que afetam a orelha e/ou o canal
auditivo
Traumatismo craniano associado à perda de consciência.
Uso continuado de Walkman ou outro aparelho com fone de ouvido.
Trabalho em ambiente de alto nível de pressão sonora.
Síndrome de Down e de Waldemburg.

O Surdo

Toda pessoa, independente de ser surda, apresenta características de


personalidade, que são resultado de sua história de vida. Sendo assim existem
algumas características que são comuns a muitos surdos.

Por exemplo:

Demonstram muito suas emoções. Percebemos com facilidade se o surdo


entendeu ou não o que lhe foi dito, se algo lhe agrada ou lhe incomoda, pois a
expressão facial é uma característica importante em sua língua.
Não gostam de levar sustos, que os chamem batendo em suas costas,
cutucando e aparecendo de repente em seu campo de visão.
Afeiçoam-se com facilidade a quem lhe dá atenção. É importante respeitarmos a
confiança que eles nos dedicam, com o cuidado de agir sem paternalismo. É

11
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

importante deixar claro que o intérprete não é dono do surdo. Que não é só o
intérprete que o assiste, mas o pastor e a igreja que cuida e ora por ele, dessa
forma estamos INTEGRANDO o surdo na OBRA.

O Surdo na OBRA

O Senhor a cada dia tem revelado no meio do seu povo o amor que ele tem
pelos surdos e a importância deste trabalho. Nós precisamos enxergar mais a frente e
entender que o Senhor tem chamado os surdos, para realizar uma grande Obra através
de suas vidas. O intérprete deve sempre se lembrar que a função do surdo não é se
sentar no banco e ser um mero expectador da interpretação, mas o Senhor tem para
eles a salvação, santificação e conseqüentemente a instrumentalidade na casa do
Senhor.

Ao trabalhar com o Surdo sempre devemos nos lembrar que ele pode ser um
futuro pastor, diácono, professor, ele precisa ser instruído a buscar amadurecimento
espiritual, experiências pessoais, como qualquer outro membro da igreja. Surdo não é
“coitadinho”, nem “incapaz”, pelo contrário o Senhor tem capacitado os nossos surdos
para serem evangelistas, servos muito usados nesta Obra. Este entendimento de que a
surdez não é limite para o Espírito Santo, e que nossos surdos são vasos nas mãos do
Senhor começa por nós que estamos no trabalho, mas deve ser transmitido a toda
igreja, se tratamos o surdo como limitado, a igreja também vai tratar.

Precisamos estar preparados para os mais diversos tipos de surdos que podemos
encontrar. Alguns tiveram desde criança um acompanhamento adequado, entendem
bem LIBRAS, e têm facilidade em se comunicar. Infelizmente essa é uma base que
poucos surdos no Brasil têm. Conseqüentemente, muitas vezes nos deparamos com
surdos que não foram alfabetizados, que não aprenderam a Língua de Sinais.
Precisamos direcionar uma atenção especial a estes surdos, pedindo graça do Espírito
Santo e aos poucos desenvolvendo uma comunicação mais completa e eficaz com eles.

Entendemos aqui que existem vidas que o Espírito Santo certamente deseja
alcançar, vidas que tem costumes, características próprias. Só no Brasil, são mais de
cinco milhões de surdos (IBGE 2010) pessoas com dificuldade de comunicar-se,
sofrendo como estrangeiros em seu próprio país. O Senhor certamente tem um projeto
também para eles. Como esses surdos vão conhecer o Senhor, entender o projeto se
não lhe explicarem? A Palavra nos fala: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a
toda criatura.” (Marcos 16:15). Quando o Senhor moveu os nossos corações para
aprender esta língua certamente foi com o propósito de nos usar para que esta
orientação se cumpra, cabe a nós agora nos dedicar em aprender, mas muito acima
disto, cabe a nós buscarmos do Senhor o aperfeiçoamento, a direção do Espírito, e
ofertarmos esse aprendizado, para que o Senhor nos use como bem lhe aprouver.

12
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

O Intérprete
O intérprete de LIBRAS na Obra.

A técnica jamais excederá ao preparo Espiritual.

Tem consciência que a Assistência “total” é diferente da “Pastoral”.

Não tem timidez e nem se sente dono. “É mordomo”.

Mantém um visual sóbrio, com roupas, e acessórios adequados.

Segundo o código de ética do intérprete nos diz o seguinte: Art. 6º – “O


Intérprete deve ser discreto no uso de sua roupa, para uma atuação. Deve
sempre usar roupas lisas (de uma cor só), e que contrastem com sua pele. Da
mesma forma, evitar o uso de enfeites e ornatos pessoais (no cabelo, brincos
salientes, colares, anéis, relógios, etc.). Ainda, ele deve saber o seu lugar no
ambiente em que atuará – qual o melhor lugar para ele se posicionar, sendo
confortavelmente visível para o público surdo, sem atrapalhar as pessoas, que
não dependem dele. Estas normas gerais de bom senso e de padrão mundial
valem também ao Guia-intérprete, sendo que este tem maior liberdade quanto
ao vestuário e à posição de atuação.”

Houve uma pesquisa realizada, entre os surdos do Rio de Janeiro, São Paulo e
Brasília, pela Assessora do Gabinete do Departamento de Justiça, Classificação,
Títulos e Qualificação, sobre as interpretações da Classificação Indicativa na
Língua Brasileira de Sinais nas vinhetas televisivas, seguem abaixo alguns dos
comentários feitos pelos mesmos:

Criticas:
Postura, roupa, cabelo e maquiagem inadequados;
Falta de contraste nas cores das roupas e da pele da intérprete;
O cabelo de algumas intérpretes estava caído no rosto e atrapalhou a visualização
da expressão feita pelo profissional e, por conseqüência, a recepção da mensagem;

Sugestões:
A vestimenta, a pele e o cabelo do intérprete devem ser contrastantes entre
si e em relação ao fundo. Devem ser evitados fundos e vestimentas em tons
próximos ao tom da pele do intérprete (NBR 15.290);
Pessoas de pele clara – devem usar roupas de cores escuras (preto, verde
escuro, marrom ou azul marinho)
Pessoas morenas e negras – devem usar roupas de cores claras (gelo, creme,
cáqui, bege)
Roupas de cores, amarela, vermelha, laranja e verde limão devem ser evitadas
porque desviam o olhar do surdo das mãos para as cores. Da mesma forma que o
ouvinte se desconcentra com ruídos de volume alto, o surdo perde a concentração
em meio a cores fortes, que representam uma poluição visual.
O ideal é que os intérpretes usem blusas de cor única, sem estampas, de manga
longa ou três quartos, sem decotes ou golas.

13
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Os intérpretes não devem usar acessórios como correntes, pulseiras ou brincos


compridos, para que não chamem atenção mais do que a mensagem.
É importante que o intérprete atente-se para o cabelo, tendo o cuidado com o
penteado para não cobrir a expressão facial. De preferência os cabelos devem estar
presos em um rabo ou coque.
Interpretar a mensagem de forma clara, expressiva, simpática e sem exageros é
importante para a transmissão da mensagem.

Distingue a interpretação feminina e a masculina.

Usa a expressão facial e corporal sem exageros.

É consciente que fora do corpo não há progresso deste trabalho nessa Obra.

Introdução a LIBRAS.
O que é LIBRAS?
É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS.

LÍNGUA DE SINAIS.

O que é Língua de Sinais?


As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas, não
são mímicas e nem gestos, elas possuem estrutura gramaticais próprias e estas são
captadas pela visão e produzidas pelos movimentos do corpo, especialmente pelas
mãos, por isto não devemos falar linguagem de sinais e sim Língua de Sinais.
Estas línguas surgiram nas comunidades surdas e são as que mais se adaptam à
comunicação do surdo. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a
sua modalidade visual-espacial.

Na década de 1960, começaram a surgir estudos sobre as línguas de sinais utilizadas


pelas comunidades surdas. Apesar da proibição dos oralistas no uso de gestos e sinais,
como já estudamos, raramente se encontrava uma escola ou instituição para surdos
que não tivesse desenvolvido, às margens do sistema, um modo próprio de
comunicação através dos sinais. A primeira caracterização de uma língua de sinais
usada entre pessoas surdas se encontra nos escritos do abade De L'Epée. Muito tempo
se passou até que o interesse pelo estudo das línguas de sinais de um ponto de vista
linguístico fosse despertado novamente, o que ocorreu nos anos 60 com os estudos de
Willian Stokoe (1978). Ao estudar a Língua de Sinais Americana (ASL), Stokoe
encontra uma estrutura que, de muitos modos, se assemelha àquela das línguas orais.
Argumenta que, assim como da combinação de um número restrito de sons (fonemas)

14
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

cria-se um número vastíssimo de unidades dotadas de significado (palavras), com a


combinação de um número restrito de unidades mínimas na dimensão gestual
(quiremas) pode-se produzir um grande número de unidades com significados (sinais).
Propôs também em sua análise que um sinal pode ser decomposto em três parâmetros
básicos: O lugar no espaço onde as mãos se movem a configuração da(s) mão(s) ao
realizar o sinal e o movimento da(s) mão(s) ao realizar o sinal, sendo estes então os
"traços distintivos" dos sinais. O descontentamento com o oralismo e as pesquisas
sobre línguas de sinais deram origem a novas propostas pedagógicos educacionais em
relação à educação da pessoa surda, e a tendência que ganhou impulso nos anos 70 foi
à chamada comunicação total. "A Comunicação Total é a prática de usar sinais, leitura
orofacial, amplificação e alfabeto digital para fornecer processo de entrada linguísticos
para estudantes surdos, ao passo que eles podem expressar-se nas modalidades
preferidas" (Stewart 1993, p. 118). O objetivo é fornecer à criança a possibilidade de
desenvolver uma comunicação real com seus familiares, professores e os demais
membros da sociedade, para que possa construir seu mundo interno. A oralização não
é o objetivo em si da comunicação total, mas uma das áreas trabalhadas para
possibilitar a integração social do indivíduo surdo. A comunicação total pode utilizar
tanto sinais retirados da língua de sinais usada pela comunidade surda quantos sinais
gramaticais modificados e marcadores para elementos presentes na língua falada, mas
não na língua de sinais. Dessa forma, tudo o que é falado pode ser acompanhado por
elementos visuais que o representam, o que facilitaria a aquisição da língua oral e
posteriormente da leitura e da escrita (Moura 1993).

Abaixo classificaremos os métodos utilizados no aprendizado e comunicação dos


Surdos, até os dias atuais.

Língua de Sinais

Oralismo
“Decisão no congresso mundial de Milão.”

Comunicação total
“No Brasil a comunicação total foi trazida pela professora Ivete Vasconcelos. “

Bilinguismo

O bilinguismo reconhece e baseia-se no fato de que o Surdo vive numa condição


bilíngue e bicultural, isto é, convive no dia a dia com duas línguas e duas culturas:
a língua gestual e cultura da comunidade surda do seu país;
a língua oral e cultura ouvinte de seu país.
Numa abordagem educacional, o bilinguismo baseia-se no reconhecimento do fato de
que as crianças surdas são interlocutoras naturais de uma língua adaptada à sua
capacidade de expressão. Assim sendo, a comunidade surda propõe que a língua de
sinais oficial do seu país de origem lhes seja ensinada, desde a infância, como primeira
língua. Reconhece ainda o facto de que a língua oral oficial do seu país não deve ser
por ela ignorada, pelo que lhe deve ser ensinada, como segunda língua. Os bilinguístas
defendem que a língua de sinais deve ser adquirida, preferencialmente, pelo convívio
com outros Surdos mais velhos, que dominem a língua.
Variações Linguísticas

15
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua, que
sofre as influências da cultura nacional, até mesmo da cultura regional (os
regionalismos), sendo assim cada país a língua de sinais tem uma estrutura diferente.
No Brasil a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), nos Estados Unidos ASL – (American
Sign Language ) e assim por diante.

Curiosidades:

1. Origem da LIBRAS.
A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) têm sua origem na Língua de Sinais
Francesa.

2. Oficialização da LIBRAS:

Foram criadas muitas Leis para beneficiar a pessoa surda entre elas a que abriu
para os surdos a comunicação que antes era opcional, foi a Oficialização da LIBRAS,
hoje nas escolas em palestras etc. os surdos tem através da LIBRAS o acesso ao
conteúdo transmitido. No Brasil Oficialmente temos duas línguas O Português e A
LIBRAS.

LIBRAS. LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros
recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o
sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de
transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos,
formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação
objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir
atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem
garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudióloga e de Magistério, em seus níveis
médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares
Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002

16
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Sinais e seus parâmetros:

Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das


mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de
sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:

1 - Configuração das mãos (CM):

São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras
formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os
canhotos), ou pelas duas mãos.

Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma


configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um
ponto diferente no corpo.

17
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

2 - Ponto de articulação (PA):

É o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é


feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro
vertical (ao lado do corpo) ou espaço neutro horizontal (na frente do corpo).

3 – Movimento (M):

Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e


EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento.

4 - Expressões facial e/ou corporal (EF/C):

As expressões faciais / corporais são de fundamental importância para o


entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela
expressão facial.

OBS: Um sinal pode mudar completamente seu significado dependendo do tipo de


expressão facial utilizada.

Exemplos de expressões: Alegre, confuso, calmo, feliz, bravo, nervoso, medroso,


triste, tímido, etc.

5 - Orientação/Direção (O/D):

Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos
IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.

Para a realização de um sinal faz-se necessário atentar-se para cada um destes


parâmetros, visto que uma pequena mudança poderá produzir um outro sinal.

Estrutura sintática

Não podemos estudar LIBRAS baseando-se na Língua Portuguesa, porque a


Língua Brasileira de Sinais apresenta sua própria gramática diferenciada e desvinculada
da língua oral.

Por exemplo, a construção de uma frase em LIBRAS obedece às regras próprias que
refletem diretamente na forma que a pessoa surda processa suas idéias, e com base
em sua percepção visual-espacial.

18
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Aprendendo um pouco mais da LIBRAS.

1 - Escrita:

Os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua


Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.

2 - Datilologia (alfabeto manual):

Usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não
possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A
- H-I-P-Ó-T-E-S-E.

3 - Verbos:

Serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são


feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.

Tipos de verbos: direcionais ou não direcionais.

Direcionais: a direção do movimento demonstra o ponto inicial (o sujeito) e o final (o


objeto). Ex.: Eu aviso você. / Você me avisa.

Não direcionais: Verbos cognitivos, emotivos e de ações. Ex.: Entender, gostar e


falar.

4 - Frases:

Seguiram a estrutura da LIBRAS.

Ex: (LIBRAS) VOCÊ GOSTAR CURSO?

(Português) Você gosta do curso?

5 - Pronomes pessoais:

Serão representados pelo sistema de apontação.

Obs: (Apontar em LIBRAS é cultural e gramaticalmente aceito).

6 – Pronomes Demonstrativos:

São utilizados os mesmos sinais dos pronomes pessoais, que somente se


diferenciam dentro do contexto da frase.

Ex.: Esta / aqui – Olhar para o lugar apontado.

19
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

7 – Pronomes Possessivos:

Não possuem gênero; eles estão relacionados às pessoas do contexto e não à


coisa.

Ex.: Meu / minha; Seu / sua

8 – Pronomes Interrogativos:

São essencialmente caracterizados pela expressão facial interrogativa feita junto


com o sinal.

Ex.: Que, quem, quando e onde.

9 – Por que / Porque

Não há diferença entre os dois, pois será o contexto da frase e a expressão facial
e corporal que determinará se é interrogativo ou explicativo.

Classificadores

São configurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa ou animal,


funcionam como marcadores de concordância. São muito importantes, pois ajudam a
construir sua estrutura sintática, com recursos corporais que possibilitam relações
gramaticais altamente abstratas.

Referências bibliográficas:
Bíblia
A história da educação dos surdos no Brasil oitocentista – Fernanda Bouth Pinto
Moura, M.C. “A língua de sinais e educação da criança surda”
Sanchez, G.C.M. La increible y triste historia de La sordera.
Stewart, D.A. “Pesquisa sobre o uso de língua de sinais na educação de crianças surdas”
Stokoe, W. Sign language struture. (Edição Revisada.) Silver Spring: Listok Press, 1978
O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa / Secretaria de Educação
Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos – Brasília: MEC;
http://www.casasonotone.com/surdez
http://www.dfjug.org/DFJUG/rybena/rybena_linha_tempo.jsp
Todas as 8 resoluções: História dos surdos no Mundo, página 66-68
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – www.libras.org.br
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – www.feneis.org.br
Livro “Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais” – Desvendando a comunicação usada pelas pessoas com
surdez, Márcia Honora, Mary Lopes Esteves Frizanco. Revisão especializada: Flaviana Borges da Silveira
Saruta (Surda). Editora: Ciranda Cultural.
http://www.infoescola.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-
libras/http://www.libras.org.br/leilibras.php
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/ees_a.php?t=001
http://www.libras.org.br/libras.php
http://www.ines.gov.br/ines_livros/37/37_005.HTM

20
Igreja Cristã Maranata.
Presbitério Espírito Santense.
Trabalho com Surdos e Ensino de LIBRAS.

Esclarecimentos sobre a apostila:

Esta apostila de LIBRAS tem como objetivo atender às igrejas


vinculadas ao Presbitério Espírito Santense da Igreja Cristã Maranata.

É de distribuição interna, sem fins lucrativos, para fins


educativos/evangelísticos e será reeditada sempre que houver necessidade.

Quaisquer dados poderão ser acrescidos ou corrigidos a partir


de informações enviadas para os e-mails: ensino@presbiterio.org.br e
surdosicm@gmail.com

Comissão de LIBRAS ICM

Comissão Executiva do PES

21

Potrebbero piacerti anche