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MOSSORÓ - RN
2013
ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ
MOSSORÓ - RN
2013
ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ
QUEIROZ, Alexsandra Fernandes de. Characterization and classification of soils in Casa Nova-
BA for its intended use, management and conservation. 2013. 75p. Dissertation (Masters in Soil
Science) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró - RN, 2013.
The alterations provoked in the environment resulting from human interventions without an
adequate planning, for providing economic growth, caused the degradation of natural resources. For
more appropriate use of the soil, it is necessary to know its attributes morphologicals, physicals and
chemicals, that will assist in the proposition of techniques of management more appropriate to local
conditions aiming to improve soil quality and consequently the water of Lake of the Sobradinho.
Thus, this study aims to perform the classification and morphological, physical and chemical
characterization of the five soil classes more representative in Casa Nova-BA with the purpose of
evaluate their potential and limitations for agricultural use. We selected five areas in the
municipality of Casa Nova-BA, the area surrounding of the Lake of Sobradinho where trenches
were opened for studies morphological and collecting of the samples to realization of the physical
and chemical analyses. The soils studied were: Haplic Cambisol, Red Yellow Argisol, Quartzarenic
Neosol, Haplic Planosol, Yellow Argisol. In general, the soils have good physical characteristics,
mainly represented by the values found in soil density, degree of flocculation and total porosity,
which do not offer serious impediments to agricultural use. The Haplic Cambisol has deficient
drainage, mainly caused to the predominance of micropores, which provides a greater humidity
retention. The Red Yellow Argisol presents the main physical limitation the strong presence of
gravel and pebbles, which can prevent the development of plants with deep root system, as well as
limiting the use of machines. The Quartzarenic Neosol and Yellow Argisol does not present
limitations related to drainage are more sandy, facilitating the management in this sense, without
offering strong risk of compaction. In the Haplic Planosol is limited the drainage, even being very
sandy, due the cementation present in the Bt horizon. The Haplic Cambisol and Red Yellow Argisol
are naturally fertiles soils because they present greater amounts of nutrients avaiables to plants. The
Quartzarenic Neosol, the Haplic Planosol and Yellow Argisol present low natural fertility, where it
is necessary to the appropriate use of a fertilization program for the agricultural use of them is
profitable. The quantity of OM (Organic Mater) is low in all soils, the use of management systems
aimed its accumulation and maintenance at appropriate levels in these soils contribute to the
increase in CEC (Cation Exchange Capacity), as well as to improve their chemical properties.
Keywords: Sustainable agricultural use. Soil quality. Chemical and physical attributes. Limitations
of use. Soil degradation.
LISTA DE TABELAS
1. CAPÍTULO I.................................................................................................. 12
1.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13
1.2.MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 14
1.2.1 Localização e descrição da área de estudo............................................. 14
1.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 14
1.2.1.2. Clima...................................................................................................... 15
1.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 16
1.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 16
1.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 16
1.2.1.6. Geologia.................................................................................................. 17
1.2.1.7. Solos....................................................................................................... 17
1.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 17
1.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 17
1.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 18
1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 19
1.3.1. Atributos morfológicos............................................................................ 19
1.3.2. Atributos físicos....................................................................................... 27
1.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 40
1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 41
2. CAPÍTULO II................................................................................................ 46
2.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 47
2.2. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 48
2.2.1. Localização e descrição da área de estudo............................................ 48
2.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 48
2.2.1.2. Clima...................................................................................................... 49
2.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 49
2.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 50
2.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 50
2.2.1.6. Geologia.................................................................................................. 50
2.2.2.7. Solos....................................................................................................... 51
2.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 51
2.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 51
2.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 51
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 53
2.3.1 Atributos químicos................................................................................... 53
2.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 59
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 60
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1. Capítulo I
1.1. INTRODUÇÃO
A região do Vale do Submédio São Francisco vem sendo alterada de forma intensa nos
últimos anos, tendo o desenvolvimento de atividades agrícolas efeito marcante na atual
configuração da paisagem. Cerca de 50 % dos municípios componentes da Bacia do São Francisco
apresentam produção agrícola ligada à fruticultura, principalmente na produção de banana, uva e
manga. Essa atividade tem crescido nos últimos anos e assume, cada vez mais, importância
econômica na região (Brasil, 2011).
Dentro desse contexto, o município de Casa Nova – BA destaca-se pelo cultivo de oleráceas,
principalmente a cebola, melancia e melão com 2.456, 585 e 167 ha de área plantada
respectivamente e de frutas como a manga, uva, com 1.340 e 868 ha de área plantada,
respectivamente (SEI, 2011). O desenvolvimento dessas atividades aumentou consideravelmente
nos últimos anos devido ao município estar inserido na área de entorno do Lago de Sobradinho, o
que possibilita o aproveitamento da água que é barrada do Rio São Francisco, para o manejo das
diversas culturas por meio de sistemas de irrigação. As características do clima Semiárido, definido
por altas temperaturas, baixas precipitações e elevados índices de evapotranspiração, aliado à baixa
capacidade de retenção de água, característica presente em grande parte dos solos utilizados na
região, tornam praticamente obrigatório o uso da irrigação para manutenção, principalmente da
agricultura, pelo aproveitamento das águas do São Francisco (Brasil, 2011).
A agricultura é muito importante para a economia local, pois além de gerar emprego, é
responsável por fixar o homem à terra. No entanto a maneira como tal atividade vem sendo
conduzida, combinada com as características físicas e climáticas da região, na maioria das vezes,
causa significativa degradação dos recursos naturais. Como destaca Lepsch (2011), o
desenvolvimento da agricultura, apesar de alterar bastante os ecossistemas, pode e deve ser efetuado
de forma sustentável, produzindo alimentos, fibras e combustíveis que atendam às crescentes
necessidades da população mundial, mas com um mínimo de prejuízos ambientais.
A retirada da vegetação e a adoção de práticas de cultivo impróprias comprometem a
qualidade física, química e biológica dos solos, além da qualidade da água do Lago, já que muitas
áreas agrícolas no município são instaladas na área de vazante formada pela redução da cota ao
longo do ano. Isso compromete a sustentabilidade da atividade agrícola da região, bem como põe
em risco à saúde da população que utiliza essa água, tornando urgente a tomada de decisões com
relação à gestão e manejo adequados para os solos da região.
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Em razão da preocupação com o depauperamento dos recursos naturais é cada vez mais
imperativa a necessidade de estabelecerem-se critérios e metodologias para a avaliação e
monitoramento do efeito da atividade antrópica sobre o ambiente, buscando, dentre outros aspectos,
reorientá-las. Assim, para contribuir no sentido de se ter um uso mais adequado do solo, é
necessário conhecer bem seus atributos químicos, físicos e morfológicos, e a partir disso propor
técnicas de manejo mais adequadas para as condições locais. O conhecimento atual do solo é um
elemento importante para gerenciar o recurso água, expressar o potencial genético das espécies,
minimizar a degradação dos recursos naturais e maximizar o potencial do fator clima, atuando como
um componente de transformação, de reorganização e de sustentação das atividades econômicas,
sociais e culturais no espaço rural (Cunha et al., 2010).
Mesmo existindo informações acerca dos solos na região semiárida, como os levantamentos
exploratórios e outros estudos feitos dentro dessa temática (Jacomine et al., 1976; Cunha et al.,
2008; Cunha et al., 2010; Dantas et al., 1998; Santos & Ribeiro, 2000; Santos et al., 2012) é sempre
válida a realização de pesquisas sobre caracterização dos diferentes solos representativos em uma
escala mais detalhada, principalmente quando submetidos ao uso agrícola, como é o caso desse
trabalho no município de Casa Nova – BA. Estudos de caracterização de solos em regiões ainda
pouco exploradas, além de disponibilizarem informações mais precisas sobre as diversas ordens de
solos ao longo do território nacional, permitem sistematizar informações sobre as propriedades dos
solos, que poderão servir de subsídio para o desenvolvimento de práticas de manejo e uso
sustentável, bem como para recuperação de áreas degradadas (Santos et al., 2012).
Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização morfológica e física e a
classificação de cinco classes de solos mais representativas do município de Casa Nova – BA com a
finalidade de avaliar suas potencialidades e limitações para o uso agrícola.
Figura 1. Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos representativas da região de
entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.
1.2.1.2. Clima
Seguindo a classificação de Köppen o clima é do tipo Bswh’, caracterizado por ser bastante
quente, é denominado também de clima semiárido (Jacomine, 1976). Além de apresentar uma baixa
média anual de precipitação, inferior a 500 mm, há uma má distribuição desse elemento climático
no tempo e no espaço, pois as chuvas são concentradas em apenas três ou quatro meses e ocorrem
em poucos dias do ano, sendo em geral, intensas e intercaladas por períodos de veranicos (Silva et
al., 2010). As médias anuais de temperaturas variam de 23º a 27º C e de evaporação em torno de
2.000 mm ano-1(Moura et al., 2007). A irregularidade no regime pluviométrico, acompanhada pelo
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1.2.1.3. Vegetação
De acordo com o Diagnóstico do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco (Brasil, 2011), o tipo de vegetação predominante na região de
Casa Nova – BA é a Savana Estépica (Caatinga) e Segundo Jacomine et al. (1976), a Caatinga é do
tipo hiperxerófila. Foram observadas nas áreas espécies vegetais como: Cnidoscolus quercifolius
Pohl – Euphobiaceae (“faveleira”), Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl
– Cactacea (“xique-xique”), Cereus jamacaru D.C. – Cactaceae (“mandacaru”), Jatropha
mollissima (Pohl) Baill – Euphorbiaceae (“pinhão-bravo”), Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan – Fabaceae – Mimosoideae (“angico”), Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett –
Burseraceae (“imburana”), Croton sonderianus Müll. Arg – Euphorbiaceae (“marmeleiro”),
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema preta”), Mimosa arenosa
(Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema branca” ou “calumbi”), Bromelia laciniosa Mart.
ex Schult.f. (“macambira”), Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz - Fabaceae -
Caesalpinioideae (“catingueira”), Aspidosperma pyrifolium Mart (“pereiro”), Ziziphus joazeiro
Mart – Rhamnaceae (“juazeiro”), Spondias tuberosa Arruda – Anacardiaceae (“umbuzeiro”).
1.2.1.4. Hidrografia
O município de Casa Nova – BA está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco. Além do Rio São Francisco existem outras drenagens naturais como o riacho do
Sobrado, riacho Grande e o riacho Ouricuri (CPRM, 2005). O Lago de Sobradinho, resultado do
barramento do Rio São Francisco, situado ao sul do município, é um importante corpo hídrico para
a região, sendo sustentáculo para o desenvolvimento das mais diversas atividades econômicas,
principalmente a agricultura irrigada.
1.2.1.5. Geomorfologia
A região está inserida na Depressão Sertaneja, numa superfície de pediplanação denominada
Depressão Periférica do Médio São Francisco, a qual se refere à faixa de terrenos do Pré-Cambriano
que separa as bacias do Piauí-Maranhão e do Tombador, apresentando pedimentos escalonados,
campos de dunas e planícies aluviais. Alguns “inselbergues” sobressaem na paisagem
extremamente dissecada. Tem uma altitude média em torno de 400 a 500 m (Brasil, 1973).
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1.2.1.6. Geologia
A área de estudo está inserida em uma província (Província Estrutural São Francisco) com
predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos. Faz parte
do Grupo Caraíba, representado por rochas intensamente metamorfisadas, tendo como principal
componente um biotita-gnaisse de cor cinza, ao qual se associam anfibolitos, quartzitos e
micaxistos. Os quartzitos destacam-se na paisagem de superfície aplainada formando cristas e
serrotes. É possível obervar também coberturas sedimentares em áreas restritas sobre as rochas do
Pré-Cambriano (Brasil, 1973).
Além do Grupo Caraíba, há no município de Casa Nova a formação de dunas, decorrente do
Período Quaternário. A denominação dada é Formação Casa Nova, que são depósitos constituídos
de areias finas bem classificadas com nítidos traços de erosão eólica que se desenvolvem na
margem esquerda do Rio São Francisco (Jacomine et al., 1976).
1.2.1.7. Solos
Os principais solos da região, derivados das rochas que formam o embasamento geológico, e
que podem ou não sofrer influência de cobertura de material retrabalhado são: Neossolos Litólicos
Eutróficos e Distróficos associados com muitos afloramentos de rocha, Latossolos Vermelho
Amarelo Eutrófico e Distrófico, Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico e Luvissolos (Jacomine et
al., 1976). Mas é possível também encontrar outras classes de solos representativos da região
semiárida como: Planossolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e
Vertissolos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010).
De maneira geral os cinco perfis dos solos estudados apresentaram variações morfológicas
ente si (Tabela 1). Como são solos que pertencem a classes distintas, os mesmo são resultantes de
fatores e processos pedogenéticos diferenciados que lhes dão características variadas. Ribeiro et al.
(2012), aponta que as características morfológicas refletem a constituição do solo e as condições
sob as quais foi formado, o que permite fazer inferências sobre os processos pedogenéticos e as
condições ambientais, bem como interpretar ou predizer o comportamento das plantas e a resposta
do solo às práticas de manejo.
O perfil P1, classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, A ócrico,
textura média/argilosa, fase ligeiramente pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato
gnaisse/micaxistos (Figura 2). Apresenta sequência de horizontes A-BA-Bi1-Bi2-BC com
profundidade superior a 170 cm.
As transições são planas e claras entre todos os horizontes. Há uma variação na cor ao longo
do perfil, do matiz 10YR nos horizontes A e BA para 2,5Y nos horizontes Bi1, Bi2 e BC. Há
presença de mosqueados (preto 10 YR 2/1) a partir do horizonte BA, em decorrência da drenagem
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imperfeita que esse perfil apresenta e ocorrência de pequenas manchas acinzentadas de coloração
cinzento-azulado (10B/6) a partir do horizonte Bi2, que pode ser um indicativo de ocorrer ascensão
do lençol freático nesse solo. Como destaca Ribeiro et al. (2012), a presença de mosqueados no solo
indica, geralmente, condições de drenagem restrita, sendo observados em solos que apresentam
horizonte de baixa permeabilidade e, ou, naqueles que estão localizados em posições da paisagem
que favorecem a oscilação do nível do lençol freático.
As raízes são muitas, médias e finas, comuns e grossas nos horizontes A e BA, poucas e
finas no Bi1, raras e finas nos demais horizontes, sendo observado que as mesmas tomam sentido
horizontal, o que indica um impedimento ao crescimento radicular devido ao excesso de umidade
em alguns períodos do ano e à consistência muito dura dos horizontes subjacentes. Nos horizontes
BA e Bi1 ocorrem cascalhos pouco desarestados, por outro lado, a pedregosidade superficial é
muito pouca nesse solo, não oferecendo, portanto, impedimento à mecanização.
Esse solo possui textura franco-argilo-arenosa no horizonte A e franco-argilosa nos
horizontes subjacentes. A estrutura é moderada, pequena e média em blocos subangulares no
horizonte A, fraca, média em blocos angulares no BA, maciça nos horizontes Bi1e Bi2, fraca,
pequena e média em blocos angulares no BC. A consistência seca é, na maior parte do perfil muito
dura. Apenas os horizontes A e BC diferiram, apresentando consistência seca do tipo ligeiramente
dura e macia respectivamente.
Com relação à consistência úmida, firme e muito firme predominam no solo, sendo que
apenas o BC apresenta consistência úmida friável. Já a consistência molhada, é plástica e pegajosa
ao longo de todo o perfil do solo, Segundo Resende et al., (2002), nesses casos, deve-se ter cuidado
com o conteúdo de água no solo por ocasião dos trabalhos de manejo com motomecanização
agrícola, a fim de evitar dificuldades no seu preparo. De acordo com Mota et al (2008) em termos
de consistência, é imprescindível o conhecimento das implicações de ordem prática quando não são
definidas faixas ótimas de umidade (ponto de sazão) em que os solos devem ser trabalhados, sem
que suas estruturas sejam modificadas a ponto de prejudicar o desenvolvimento das culturas. De
acordo com os mesmos pesquisadores, o emprego de máquinas e implementos agrícolas no preparo
do solo, tratos culturais e colheitas, por exemplo, ocorrem interações entre as máquinas-
implementos com o solo, caracterizadas pela aplicação de forças e reação resultante. Assim,
recomenda-se que antes da mecanização deste solo, defina-se um ponto ótimo de umidade de forma
a minimizar o impacto das máquinas e veículos sobre as mais distintas propriedades dinâmicas do
mesmo e crescimento das culturas. Outra vantagem apontada por Mota et al. (2008) é que as
operações em faixas ótimas de umidade do solo requerem potência mínima por parte dos motores
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agrícolas, aumentando, portanto, a vida útil destes. Além disso, o produtor pode reduzir custos com
combustíveis e com a manutenção desses equipamentos.
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As transições quanto à forma são planas em todos os horizontes. Quanto ao grau somente
entre os horizontes BA e Bt1 a transição é gradual e nos demais horizontes as transições são claras.
A cor apresenta uma variação ao longo do perfil, do matiz 10YR no horizonte A, 7,5YR no
horizonte BA, e 5YR nos horizontes Bt1 e Bt2. Há presença de mosqueado comum, médio e
distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/3) no horizonte Bt1 e mosqueado abundante, médio e
distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/4) o que indica oscilação do nível do lençol freático,
proporcionada, principalmente, pelo aumento na cota do Lago de Sobradinho ao longo dos anos que
provoca a redução do ferro e, consequentemente, a formação dos mosqueados nos horizontes mais
profundos do solo. A presença de raízes comuns, finas e médias nos horizontes A e BA e poucas,
finas, raras e médias nos horizontes Bt1 e Bt2 confirmam que à medida que aumenta a profundidade
desse solo, há maior impedimento ao aprofundamento do sistema radicular das plantas.
A textura é franco-arenosa e pouco cascalhenta nos horizontes A e BA, argilosa muito
cascalhenta no Bt1, argilo-arenosa muito cascalhenta nos horizontes Bt2 e Bt3. Os horizontes A e
BA apresentam estrutura fraca, pequena e média em blocos angulares. A consistência (seca, úmida
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sua cor, o matiz é 10YR em todos os horizontes. A textura varia de areia no horizonte A para areia-
franca nos demais horizontes. A estrutura é do tipo grãos simples em todos os horizontes e a
consistência (seca, úmida e molhada) é macia, solta, não plástica e não pegajosa, respectivamente,
em todos os horizontes. Visualizando as características morfológicas desse Neossolo Quartzarênico
é possível apontar que o mesmo não oferece impedimento à mecanização, pois se encontra inserido
em relevo plano, não apresenta pedregosidade, é muito profundo e fortemente drenado.
O perfil P4 corresponde a um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico
fragipânico, A ócrico, textura arenosa/média, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato
recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário sobre rochas do Pré-Cambriano (gnaisses)
(Figura 5).
está localizado em relevo plano, não apresenta pedregosidade até a profundidade de 100 cm e
apresenta uma boa drenagem.
O Cambissolo Háplico (CXve) apresentou pouca variação com relação à distribuição das
frações granulométricas areia, silte e argila nos seus horizontes (Tabela 2). Observa-se que os teores
de areia total decrescem à medida que aumenta a profundidade do solo, variando de 471 g kg-1 no
horizonte A até 403 g kg-1 no horizonte BC. Há predominância de areia fina e areia muito fina sobre
as demais em todos os horizontes, o que pode contribuir para um aumento na retenção e
disponibilidade de água no perfil (Santos et al., 2012). Tal fato pode ser comprovado pela alta
microporosidade apresentada pelo solo, uma vez que 77 a 89 % do espaço poroso é ocupado por
microporos. Já com relação aos teores da fração argila, ocorre o inverso da fração areia, havendo
um aumento gradual à medida que aumenta a profundidade, apresentando 300 g kg-1 no horizonte A
e 398 g kg-1 no horizonte Bi2. A pouca diferença de argila ao longo do perfil é uma das
características desse tipo de solo (Oliveira, 2005). Os teores de silte variaram entre 171 g kg-1 e 229
g kg-1, corroborando com Souza et al. (2010) e Santos et al. (2012) que encontraram valores
parecidos para solos do semiárido. Como há pouca variação na distribuição das frações areia, silte e
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argila ao longo do perfil, o solo apresenta somente duas classes texturais, franco-argilo-arenosa no
horizonte A e franco-argilosa nos horizontes subjacentes.
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kg-1 no horizonte A, para 772 g kg-1 no horizonte Btx (Tabela 2). As frações de areia predominantes
são de granulometrias média e fina. Os teores de silte são muito baixos, variando de 24 a 77 g kg-1.
Os teores de argila também são muito baixos, principalmente nos horizontes A e E1 e E2 (34 g kg-1,
60 g kg-1 e 87 g kg-1 respectivamente) enquanto no Btx é possível obervar um incremento dessa
fração para 151 g kg-1. Quando se encontra a pouca profundidade, o horizonte plânico pode
dificultar a prática de preparo do solo para o plantio, especialmente quando feita por tração animal,
devido sua elevada consistência (Oliveira 2005), Não é o caso desse perfil, posto que o horizonte
plânico inicia-se a uma profundidade superior a 110 cm no solo.
O Argissolo Amarelo (PAe) apesar de apresentar horizontes B textural e ser classificado
como Argissolo, possui textura muito arenosa em todos os horizontes, com teores de areia
superiores a 792 g kg-1. Como nos perfis do Neossolo Quartzarênico e do Planossolo Háplico, as
frações predominantes de areia nesse solo são do tipo areia média e areia fina, assim como também
os teores de silte são baixos ao longo do perfil. Oliveira (2005) aponta que é muito comum os
Argissolos apresentarem textura arenosa ou média em superfície, e isso pode facilitar o preparo do
solo para o plantio. Do ponto de vista da fertilidade do solo, é válido salientar também que é
principalmente na fração grosseira, silte e areia, que se encontram os minerais capazes de fornecer,
após intemperização, nutrientes para as plantas (Resende et al., 2002). No entanto, vale observar
que nesse Argissolo Amarelo, assim como no Neossolo Quartzarênico e no Planossolo Háplico isso
não ocorre, uma vez que a areia fração predominante nesse solo, é constituída praticamente por
quartzo, sendo por isso solos desprovidos por completo de minerais alteráveis e, portanto,
virtualmente sem nenhuma reserva potencial de nutrientes para as plantas (Oliveira, 2005). Com
relação à fração argila, há um aumento gradual, de 55 g kg-1, 95 g kg-1, 127 g kg-1, 139 g kg-1 nos
horizontes A, Bt1, Bt2 e Bt3 respectivamente. Observando, portanto, as características morfológicas
anteriormente mostradas e a distribuição das frações granulométricas ao longo do perfil, é possível
apontar que esse solo oferece boas condições para o manejo e mecanização por proporcionar uma
boa drenagem, não apresentar pedregosidade até 100 cm, e baixa erodibilidade.
Com relação ao grau de floculação (GF), indicador da proporção de argila que se encontra
floculada e consequentemente do grau de estabilidade dos agregados (Embrapa, 2011), observa-se
que os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe)
apresentaram de maneira geral valores mais elevados, o que indica pouca mobilidade das argilas
nesses solos, como também maior resistência à dispersão. Nos perfis do Planossolo Háplico (SXd) e
do Argissolo Amarelo (PAe) o GF, principalmente no horizonte A, é menor do que nos horizontes
subjacentes, o que pode ser explicado pela baixa quantidade de argila desses horizontes.
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densidade das partículas depende da constituição do solo e, como esta varia relativamente pouco de
solo para solo, ela não varia de modo excessivo entre diferentes solos (Reichardt & Timm, 2004).
A porosidade total nos horizontes dos solos variou de 38 % a 52 %, estando dentro dos
limites propostos por Kiehl (1979,) em que para solos de textura média a argilosa a porosidade total
varia de 40 % a 60 %, para solos mais arenosos a variação fica entre 35 % a 50 %. É válido salientar
que a porosidade depende de características como: a textura e o teor de matéria orgânica do solo
(MOS), que influenciam no tipo de estrutura; a profundidade do perfil, uma vez que a consolidação
aumenta com a mesma; e o manejo, que provoca alterações no conteúdo de MOS e desagrega ou
compacta o solo (Curi & Kämpf, 2012).
Para estudar o armazenamento e movimentação de água do solo, bem como a aeração, torna-
se importante conhecer a distribuição dos poros. Solos com textura grosseira tem maior proporção
de macroporos, sendo bem drenados e arejados enquanto solos com textura fina tem capacidade de
drenagem inferior, porém a porosidade total é maior, retendo com isso mais água (Kiehl, 1979). Os
microporos são importantes, portanto, para a retenção e armazenamento de água pelo solo, ao passo
que os macroporos pela drenagem e aeração do solo (Ferreira, 2010). Observando a distribuição de
macro e microporos nos solos é possível perceber que os perfis P1 e P2 apresentam um desbalanço
entre as proporções, uma vez que a relação macro:microporos varia de 1:3,4 até 1:8,0 no
Cambissolo Háplico (CXve), e de 1:3,0 até 1:4,7 no Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe),
havendo com isso forte predominância de microporos, indicando maior limitação à entrada e
circulação de água e ar nesse solos. Nos outros três perfis de solo estudados, a presença dos macro e
microporos apresentam distribuição parecida. No Neossolo Quartzarênico (RQo) a relação
macro:microporos varia de 1:1,1 a 1:3,3, no Planossolo Háplico (SXd) de 1:1,2 a 1:2,3 e no
Argissolo Amarelo (PAe) de 1:1,7 a 1:4,4. São os solos que mais se aproximam da proporção ideal
de macro:microporos que é de 1:2 (Kiehl, 1979). Vale observar que apesar desses solos serem mais
arenosos, a presença de areia com granulometria mais fina proporciona uma boa quantidade de
microporos, o que não ocorre de modo geral em solos arenosos com presença de frações mais
grosseiras. Tal comportamento pode contribuir para que esses solos consigam reter mais água. O
uso da irrigação por gotejamento com alta frequência e baixa intensidade, torna-se primordial
nesses tipos de solo, que além de proporcionar um melhor aproveitamento da água aplicada, evita
também a lixiviação dos nutrientes.
Na Figura 7 estão contidos os dados referentes à distribuição de agregados por classes de
diâmetro, tendo como base o peso do solo retido nas peneiras de diferentes malhas. O tamanho dos
agregados tem influência no crescimento e no sistema radicular das plantas, e cada solo tem
tendência a apresentar um tamanho determinado de agregados, dependendo principalmente da
34
quantidade de argila e matéria orgânica, seus principais agentes cimentantes (Kiehl, 1979). Num
sentido mais amplo, acrescenta-se ainda que a forma, o tamanho e o arranjo dos agregados são
bastante variáveis e estão associados a um complexo conjunto de interações entre fatores
mineralógicos, químicos e biológicos (Lepsch, 2011).
Observou-se que no Cambissolo Háplico (CXve) há uma maior concentração de agregados
com diâmetro menor que 0,250 mm em todos os horizontes. Como pode ser observado na Tabela 2,
esse solo apresenta teores de argila superiores a 300 g kg-1, que em outras condições pedológicas
poderia proporcionar a formação de agregados com diâmetros maiores, uma vez que a argila
desempenha entre tantas funções, a formação de agregados mais estáveis no solo. No entanto, este
solo apresenta alternados ciclos de umedecimento e secagem ao longo do ano, variando de
moderadamente a imperfeitamente drenado, o que lhe confere uma consistência muito dura quando
está seco, firme a muito firme quando úmido na maior parte dos horizontes, (Tabela 1). Esses
fatores podem explicar a existência de agregados de menores diâmetros em função da fragmentação
dos mesmos pela alternância do teor de água, diminuindo, portanto, a resistência desse solo em
sofrer processos erosivos. De maneira geral, aceita-se como sendo de baixa estabilidade, os solos
com índice de agregação inferior a 0,5 mm, pois tais solos podem tornar-se impermeáveis quando
irrigados (Kiehl, 1979).
No Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) a percentagem de agregados maiores que 2 mm é
maior principalmente nos horizontes BA e Bt1. À medida que aumenta a profundidade, a
distribuição de agregados de diâmetros menores aumenta também. A explicação para isso pode ser
o fato desse solo ser extremamente pedregoso, com presença de cascalhos e calhaus
semidesarestados em quantidades crescentes com o aumento da profundidade do solo, impedindo a
formação de agregados mais estáveis e resistentes ao esboroamento.
No Neossolo Quartzarênico (RQo) a distribuição de agregados com diâmetro maior que 2
mm aumenta com a profundidade, isso pode ser relacionado à textura desse solo, que mesmo se
tratando de um Neossolo Quartzarênico, há um pequeno incremento de argila nos horizontes C2, C3
e C4l, e isso pode ter proporcionado a formação de agregados maiores. Nos horizontes A e C1
predominam agregados pequenos, com diâmetro inferior a 0,250 mm prevalecendo sobre as demais
classes de diâmetros.
35
P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico - CXve P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico
abrúptico - PVAe
70
A (0 - 15 cm)
60 80 A (0 - 10 cm)
BA (15 - 35 cm) 70
AGREGADOS (%)
50 BA (10 - 33 cm)
AGREGADOS (%)
Bi (35 - 80 cm) 60
40 50 Bt1 (33 - 55 cm)
Bi2 (80 - 130 cm)
30 40 Bt2 (55 - 85 cm)
BC (130 - 170+ cm)
30
20 Bt3 (85 - 100+ cm)
20
10 10
0 0
>2 2-1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250 >2 2-1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico - RQo P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico
fragipânico - SXd
70
A (0 - 15 cm)
60 100
C1 (15 - 55 cm) A (0 - 20 cm)
AGREGADOS (%)
AGREGADOS (%)
50 C2 (55 - 110 cm) 80 E1 (20 - 55 cm)
40 C3 (110 - 160 cm) E2 (55 - 110 cm)
60
30 C4 (160 - 200+ cm) Btx (110 - 140 cm)
40
20
10 20
0 0
>2 2-1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250 >2 2-1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
60
50 A (0 - 20 cm)
AGREGADOS (%)
CLASSE (mm)
Figura 7. Percentagem de agregados (%), por classe de diâmetro, no perfil de cinco solos
localizados na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.
O Planossolo Háplico (SXd) apresentou comportamento diferente dos outros perfis com
relação à distribuição de agregados com diferentes classes de diâmetro (Figura 7). Os agregados
com diâmetro maior que 2 mm vão diminuindo proporcionalmente à medida que aumenta a
profundidade solo. Em um solo que apresenta horizonte B textural (Bt), com teor de argila maior
que os horizontes sobrejacentes, o esperado é que haja a formação de agregados maiores nesse
horizonte, pela condição da argila funcionar como agente agregador das partículas constituintes do
solo. No entanto esse solo morfologicamente apresenta um horizonte Bt com característica
36
Tensão (kPa)
1000
A (0-15 cm)
100
BA (15-35 cm)
1000
A (0-10 cm)
100
BA (10-33 cm)
O Neossolo Quartzarênico (RQo) representa bem a relação existente entre a classe textural
do solo e sua capacidade de reter mais ou menos água. Como é um solo muito arenoso, com teores
superiores a 807 g kg-1 de areia nos seus horizontes, apresenta baixa capacidade de retenção de
água, consequentemente de nutrientes também. Observa-se que as curvas de todos os horizontes são
muito semelhantes e praticamente se sobrepõem principalmente os horizontes A, C1 e C2 (Figura
10). Por serem muito arenosos, os Neossolos Quartzarênicos apresentam sérias limitações com
respeito ao armazenamento de água disponível para as plantas, no entanto a granulometria da fração
areia é bastante importante na capacidade de retenção de água por esses solos, quando predominam
a areia fina sobre a grossa, há maior disponibilidade de água (Oliveira, 2005), como é o caso desse
perfil. De maneira geral, é importante que o manejo da água nesse solo seja bem planejado a fim de
evitar o desperdício desse recurso, bem como a lixiviação dos nutrientes do solo.
1000
A (0-15 cm)
100
C1 (15-55 cm)
10 C2(55-110 cm)
C3 (110-160 cm)
1
C4 (160-200+ cm)
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
de uma cimentação aparente reversível nesse solo (Btx) pode explicar tal situação, uma vez que essa
camada com uma consistência dura pode ser um impedimento para que o solo retenha conteúdos
mais elevados de água em tensões maiores como ocorre nas baixas tensões. Em solos de textura
binária, especialmente nos que apresentam textura contrastante ou mudança textural abrupta, o
comportamento hídrico apresenta importantes variações ao longo do perfil, especialmente entre os
horizontes A, E e B (Oliveira, 2005). Portanto, é recomendado levar em consideração suas
características morfológicas e físicas para um adequado manejo da água e conservação do solo, pois
como já foi discutido, esse perfil é muito arenoso, o que proporciona maior infiltração da água,
principalmente nos horizontes A, E1 e E2. No entanto, o horizonte Btx não oferece a mesma
condição, há restrição à drenagem, o que é comprovado pela presença de mosqueados.
1000
As curvas que representam o Argissolo Amarelo (PAe) mostram uma distinção entre seus
horizontes no que se refere à retenção de água nas baixas tensões (Figura 12). Observa-se que nesse
solo com o aumento da profundidade, a quantidade de água retida é maior, e isso pode estar
relacionado ao aumento de argila ao longo do perfil (Tabela 2). Já em tensões mais altas as curvas
praticamente se sobrepõem, não apresentando diferenças significativas entre os horizontes desse
solo. Lepsch (2011) relata que além da quantidade, a qualidade da argila tem influência no
montante de água que um solo pode reter, assim como também a quantidade de húmus presente no
solo, pois a energia que retém água está diretamente relacionada com a superfície específica das
partículas. No entanto, como esse solo apresenta pouca quantidade de argila, o predomínio da areia
40
fina, nessas condições, torna-se um fator muito importante para aumentar a capacidade de retenção
de água.
Assim, para todos os solos estudados, a adoção de práticas de manejo e uso que contribuam
para um acréscimo no conteúdo de matéria orgânica podem melhorar suas qualidades físicas,
aumentando, por exemplo, a capacidade de retenção de água, tornando-se, portanto, uma estratégia
importante para o manejo sustentável dos sistemas agrícolas na região. Como propõem Silva et al.
(2007), a produção “in situ” de material orgânico de origem vegetal para a melhoria de
características químicas, físicas e biológicas do solo via cobertura de solo, constitui uma alternativa
potencial no manejo de áreas agricultáveis do Submédio São Francisco, não só por evitar o impacto
direto das gotas de chuva, mas principalmente, por reduzir a taxa de evaporação e elevar os teores
de matéria orgânica do solo.
1000
1.4. CONCLUSÕES
desse solo. O Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) apresenta como principal limitação física a
forte presença de cascalhos e calhaus, o que pode impedir o desenvolvimento de plantas com
sistema radicular profundo, bem como limitar o uso de máquinas.
O Neossolo Quartzarênico (RQo) e o Argissolo Amarelo (PAe) não apresentam limitações
relacionadas à drenagem por serem mais arenosos, facilitando nesse sentido o manejo, sem oferecer
fortes riscos de compactação. No entanto tem como limitação a baixa capacidade de reter umidade.
Já o Planossolo Háplico (SXd) ocorre limitação à drenagem, mesmo sendo muito arenoso, devido a
cimentação presente no horizonte Bt.
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2. Capítulo II
46
2.1. INTRODUÇÃO
47
Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização química de cinco classes de
solos mais representativas do município de Casa Nova – BA com a finalidade de avaliar suas
potencialidades e limitações para o uso agrícola.
Figura 13. Mapas de localização dos perfis de cinco classes de solos representativas da região de
entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.
2.2.1.2. Clima
Seguindo a classificação de Köppen o clima é do tipo Bswh’, caracterizado por ser bastante
quente, é denominado também de clima semiárido (Jacomine, 1976). Além de apresentar uma baixa
média anual de precipitação, inferior a 500 mm, há uma má distribuição desse elemento climático
no tempo e no espaço, pois as chuvas são concentradas em apenas três ou quatro meses e ocorrem
em poucos dias do ano, sendo em geral, intensas e intercaladas por períodos de veranicos (Silva et
al., 2010). As médias anuais de temperaturas variam de 23º a 27º C e de evaporação em torno de
2.000 mm ano-1(Moura et al., 2007). A irregularidade no regime pluviométrico, acompanhada pelo
intenso calor, resulta em elevadas taxas de evapotranspiração, proporcionando um balanço hídrico
negativo na região semiárida (Silva et al., 2010).
2.2.1.3. Vegetação
De acordo com o Diagnóstico do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco (Brasil, 2011), o tipo de vegetação predominante na região de
50
Casa Nova – BA é a Savana Estépica (Caatinga) e Segundo Jacomine et al. (1976), a Caatinga é do
tipo hiperxerófila. Foram observadas nas áreas espécies vegetais como: Cnidoscolus quercifolius
Pohl – Euphobiaceae (“faveleira”), Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl
– Cactacea (“xique-xique”), Cereus jamacaru D.C. – Cactaceae (“mandacaru”), Jatropha
mollissima (Pohl) Baill – Euphorbiaceae (“pinhão-bravo”), Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan – Fabaceae – Mimosoideae (“angico”), Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett –
Burseraceae (“imburana”), Croton sonderianus Müll. Arg – Euphorbiaceae (“marmeleiro”),
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema preta”), Mimosa arenosa
(Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema branca” ou “calumbi”), Bromelia laciniosa Mart.
ex Schult.f. (“macambira”), Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz - Fabaceae -
Caesalpinioideae (“catingueira”), Aspidosperma pyrifolium Mart (“pereiro”), Ziziphus joazeiro
Mart – Rhamnaceae (“juazeiro”), Spondias tuberosa Arruda – Anacardiaceae (“umbuzeiro”).
2.2.1.4. Hidrografia
O município de Casa Nova – BA está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco. Além do Rio São Francisco existem outras drenagens naturais como o riacho do
Sobrado, riacho Grande e o riacho Ouricuri (CPRM, 2005). O Lago de Sobradinho, resultado do
barramento do Rio São Francisco, situado ao sul do município, é um importante corpo hídrico para
a região, sendo sustentáculo para o desenvolvimento das mais diversas atividades econômicas,
principalmente a agricultura irrigada.
2.2.1.5. Geomorfologia
A região está inserida na Depressão Sertaneja, numa superfície de pediplanação denominada
Depressão Periférica do Médio São Francisco, a qual se refere à faixa de terrenos do Pré-Cambriano
que separa as bacias do Piauí-Maranhão e do Tombador, apresentando pedimentos escalonados,
campos de dunas e planícies aluviais. Alguns “inselbergues” sobressaem na paisagem
extremamente dissecada. Tem uma altitude média em torno de 400 a 500 m (Brasil, 1973).
2.2.1.6. Geologia
A área de estudo está inserida em uma província (Província Estrutural São Francisco) com
predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos. Faz parte
do Grupo Caraíba, representado por rochas intensamente metamorfisadas, tendo como principal
componente um biotita-gnaisse de cor cinza, ao qual se associam anfibolitos, quartzitos e
micaxistos. Os quartzitos destacam-se na paisagem de superfície aplainada formando cristas e
51
serrotes. É possível obervar também coberturas sedimentares em áreas restritas sobre as rochas do
Pré-Cambriano (Brasil, 1973).
Além do Grupo Caraíba, há no município de Casa Nova a formação de dunas, decorrente do
Período Quaternário. A denominação dada é Formação Casa Nova, que são depósitos constituídos
de areias finas bem classificadas com nítidos traços de erosão eólica que se desenvolvem na
margem esquerda do Rio São Francisco (Jacomine et al., 1976).
2.2.1.7. Solos
Os principais solos da região, derivados das rochas que formam o embasamento geológico, e
que podem ou não sofrer influência de cobertura de material retrabalhado são: Neossolos Litólicos
Eutróficos e Distróficos associados com muitos afloramentos de rocha, Latossolos Vermelho
Amarelo Eutrófico e Distrófico, Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico e Luvissolos (Jacomine et
al., 1976). Mas é possível também encontrar outras classes de solos representativos da região
semiárida como: Planossolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e
Vertissolos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010).
Após a seleção das áreas foram feitas observações dos solos, relevo e vegetação. Em cada
área foi aberta uma trincheira na qual se realizou a descrição morfológica e a coleta de amostras de
solos para fins analíticos seguindo as recomendações do Manual de Descrição e Coleta de Solo no
Campo (Santos et al., 2005). A nomenclatura dos horizontes diagnósticos e a classificação
taxonômica dos solos foram realizadas de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos (EMBRAPA, 2006) e na Proposta de Atualização da Segunda Edição do Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2012). Em cada perfil foram coletadas amostras de todos os
horizontes para a realização das análises químicas.
em água e KCl mol L-1 na proporção de 1:2,5, teores de fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio,
alumínio, , carbono orgânico, cobre, ferro, manganês e zinco; acidez potencial (H+Al) e
condutividade elétrica (CE) no extrato da pasta de saturação. As análises químicas foram realizadas
conforme metodologias descritas abaixo:
pH em água e KCl – medido por eletrodo de vidro, em pHmetro, na proporção 1:2,5 de
solo:solução.
Fósforo disponível – extraído por Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1
e H2SO4 0,0125 mol L-1
) e
determinado em fotocolorímetro na presença de ácido ascórbico.
Cátions trocáveis (Ca2+, Mg2+, Na+, e K+) – Ca2+ + Mg2+ foi extraído com KCl mol L-1 e
determinados por titulação com EDTA 0,0125 mol L-1 em presença do indicadores negro de
eriocromo; no mesmo extrato o Ca2+ foi determinado por titulação também com EDTA 0,0125
mol L-1 usando a murexida como indicador. O Mg2+ foi obtido por diferença [Mg2+ = (Ca2+ +
Mg2+) - Ca2+]. O Na+ e K+ foram extraídos por Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1 e H2SO4 0,0125 mol
L-1) e determinados em fotômetro de chama.
Alumínio – extração com solução KCl 1 mol L-1 e determinação volumétrica com solução
diluída de NaOH 0,025 mol L-1 na presença de azul de bromotimol como indicador.
Acidez potencial (H+Al) – extraída com acetato de cálcio tamponado a pH 7,0 e determinado
volumetricamente com solução de NaOH em presença de fenolftaleína como indicador.
Carbono Orgânico – oxidação da matéria orgânica via úmida com dicromato de potássio em
presença de ácido sulfúrico e titulação do excesso de dicromato de potássio com solução padrão
de sulfato ferroso amoniacal.
Condutividade elétrica – determinada no extrato da pasta de saturação com auxílio de
condutivímetro. O extrato é retirado a partir da preparação de uma pasta de solo saturado, com a
adição de água, até atingir uma condição pré-estabelecida (100 g de solo adiciona-se água
contida em proveta de 50 mL, em quantidade inicial de 25 mL para solos arenosos e 50 mL para
os demais). Um filtro de sucção é utilizado para obter uma quantidade suficiente do extrato, para
realizar a leitura da condutividade elétrica.
Teores de cobre, ferro, manganês e zinco – Extraídos com Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1 e H2SO4
0,0125 mol L-1) na relação solo:solução de 1:5 e determinados por Espectofotometria de
Absorção Atômica.
A partir dos resultados obtidos foram calculados: ΔpH: ΔpH = pH(KCl) – pH(H2O); Teor de
Matéria Orgânica: MO = CO * 1,724; Soma de Bases: SB = Ca2+ + Mg2+ + Na+ + K+ Capacidade de
53
Troca de Cátions: CTC = SB + (H+Al); Saturação por bases: V = (SB/CTC) * 100; Saturação por
Alumínio: m = (Al3+/t) * 100 e Porcentagem de Saturação por Sódio: PST = (Na+/CTC) * 100.
sertão pernambucano e Oliveira et al., (1998) no norte de Minas Gerais, região também de clima
semiárido.
Com relação aos valores de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) trocáveis observou-se muita
variação entre os solos estudados, sendo que os teores de cálcio são sempre superiores aos de
magnésio em todos os solos. Os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho
Amarelo (PVAe) concentram maiores teores de cálcio e magnésio, podendo ser observado que esses
teores aumentam com a profundidade dos solos. No Cambissolo Háplico (CXve) os valores de
cálcio e magnésio variam de 5,5 a 8,6 cmolc dm-3 e de 2,0 a 6,4 cmolc dm-3, respectivamente,
enquanto no Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) o cálcio varia de 3,1 a 11,1 cmolc dm-3 e
magnésio de 0,8 a 5,4 cmolc dm-3. Valores aproximados de cálcio e magnésio foram encontrados
por Oliveira et al., (2009) estudando solos do semiárido. As concentrações de Ca2+ e Mg2+ são,
portanto, adequadas a manutenção de plantas cultivadas nesses solos.
56
0+
P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe
A 0- 5, 5, - 0, 4,3 7,4 12, 2, 0,7 0, 0, 3,0 0, 4,9 6 12, 74, 0, 1,
20 8 0 0,8 08 2 5 55 00 0 28 03 1 00 9 0 2 1 0 5 4 5
Bt 20 3,8 17, 37, 1, 0,
5, 5, 0, 4,4 1, 0,4 0, 0, 2,2 0, 3,0 7
1 - - 2,2 3 1 8 6 5
9 3 16 5 60 0 19 03 2 00 5 3
40 0,6 2 2 1
Bt 40 2,4 25, 13, 1, 0,
6, 5, 0, 3,0 1, 0,5 0, 0, 2,0 0, 3,3 6
2 - - 1,4 8 8 2 7 1
2 3 17 8 30 0 22 03 5 00 7 1
75 0,9 4 2 1
Bt 75 1,9 23, 3,5 1, 0,
3 - 6, 4, 0, 7 2,8 0, 0,2 0, 0, 1,3 0, 3,0 4 1 2 1
10 4 9 - 08 1,1 5 91 9 14 03 7 00 2 5
0+ 1,5 4 4 1
CE: Condutividade Elétrica; CO: Carbono Orgânico; MO: Matéria Orgânica; SB: Soma de Bases; CTC:
Capacidade de Troca Catiônica; V: Saturação por Bases; m: Saturação por Alumínio; PST: Percentagem de
Saturação por Sódio Trocável
58
2.4. CONCLUSÕES
OLIVEIRA, C. V.; KER, J. C.; FONTES, l. E. F.; CURI, N.; PINHEIRO, J. C. Química
e mineralogia de solos derivados de rochas do grupo bambuí no norte de Minas Gerais.
R. Bras. Ci. Solo, 22:583-593, 1998.
RESENDE, M.; CURI, N.; RESENDE, S. B.; CORRÊA, G. F. Pedologia: base para
distinção de ambientes. 4.ed. Viçosa: NEPUT, 2002. 338p.
ANEXO
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL: P1-CN
DATA: 13.03.2012
PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de
entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).
CLASSIFICAÇÃO ATUAL: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, A ócrico, textura
média/argilosa, fase ligeiramente pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano.
LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, Fazenda Angical, município de
Casa Nova – BA.
COORDENADAS (UTM): 24 L 0277831 S e 8977046 W.
ALTITUDE (GPS): 380 m.
SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em área plana ligeiramente abaciada.
LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Rochas cristalinas do complexo gnaisse/micaxistos.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do material supracitado.
68
DESCRITO E COLETADO POR: Tony Jarbas Ferreira Cunha, Manoel Batista de Oliveira Neto
Alexsandra Fernandes de Queiroz.
69
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Nº. DE CAMPO: P1-CN
A 0 - 15 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida) e bruno-amarelado (10YR 5/6, seca); franco-
argilo-arenosa; moderada pequena e média em blocos subangulares; ligeiramente dura, firme,
plástica e pegajosa; transição plana e clara.
BA 15 – 35 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto (10
YR 2/1), franco-argilosa; fraca e média em blocos angulares; muito dura, firme, plástica e
pegajosa; transição plana e clara.
Bi1 35 - 80 cm, bruno-avermelhado (2,5Y 5/4, úmida); mosqueado abundante, pequeno e distinto, preto
(10 YR 2/1), franco-argilosa; maciça; muito dura, muito firme, plástica e pegajosa; transição plana
e clara.
Bi2 80 – 130 cm, bruno-avermelhado (2,5Y 5/4, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto
(10 YR 2/1); franco-argilosa; maciça; muito dura, muito firme, plástica e pegajosa; transição plana
e clara.
BC 130-170+ cm, vermelho (2,5Y 5/6, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto (10 YR
2/1); franco-argilosa; fraca pequena e média em blocos angulares; macia, friável, plástica e
pegajosa.
RAÍZES
- Muitas médias e finas, comuns e grossas no A e BA, poucas finas no Bi1, raras e finas nos
demais horizontes.
POROSIDADE: Poros comuns, pequenos e muito pequenos ao longo de todo perfil.
OBSERVAÇÕES
- Ocorrência de manganês ao longo de todo o perfil;
- Atividade biológica fraca no horizonte A;
- A partir do horizonte Bi2 ocorrem pequenas manchas acinzentadas de coloração cinzento-azulado
(10B/6);
- No horizonte BC também ocorre cores de redução;
- As raízes tomam sentido horizontal devido provavelmente ao excesso de umidade em alguns
períodos do ano e à consistência muito dura dos horizontes subjacentes;
- Na massa do solo em BA e Bi1 ocorrem cascalhos pouco desarestados;
- A pedregosidade superficial é muito pouco, não oferecendo impedimento ao uso do solo;
- Perfil um pouco úmido a partir de 80 cm.
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL: P2-CN
DATA: 13.03.2012
PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de
entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).
DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,
Alexsandra Fernandes de Queiroz.
71
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Nº. DE CAMPO: P2-CN
A 0 – 10 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida) e bruno-amarelado (10YR 5/4, seca); franco-
arenosa pouco cascalhenta; fraca, pequena e média em blocos angulares; ligeiramente dura, friável,
não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
BA 10 – 33 cm, bruno-forte (7,5YR 4/6, úmida); franco-arenosa pouco cascalhenta; fraca pequena e
média em blocos angulares; dura, friável, ligeiramente plástica e pegajosa; transição plana e
gradual.
Bt1 33 – 55 cm, vermelho-amarelado (5YR 5/6, úmida); mosqueado comum, médio e distinto, bruno-
oliváceo-claro (2,5Y 5/3); argila muito cascalhenta; plástica e muito pegajosa; transição plana e
clara.
Bt2 55 – 85 cm, vermelho-amarelado (5YR 4/6, úmida); mosqueado abundante, médio e distinto, bruno-
oliváceo-claro (2,5Y 5/4); argilo-arenosa muito cascalhenta; muito plástica e muito pegajosa; plana
e clara.
Bt3 85 – 100+ cm.
RAÍZES
- Comuns, finas e médias nos horizontes A e BA. Poucas, finas, raras e médias nos horizontes Bt1
e Bt2.
POROSIDADE: Muitos poros pequenos, comuns, médios e grandes nos horizontes A e BA, muitos
poros pequenos e médios nos horizontes Bt1, Bt2 e Bt3.
OBSERVAÇÕES
- Devido o excesso de pedras e cascalhos não foi possível descrever a estrutura e a consistência
seca e úmida dos horizontes Bt1 e Bt2;
- Solo extremamente pedregoso com cascalhos e calhaus semidesarestados;
- Presença de canais de pequenos animais (aranhas, formigas) nos horizontes A e BA;
- A partir dos 100 cm inicia-se rochosidade bastante compacta com muitos calhaus arestados,
evidenciando a rocha local. O material suprajacente provavelmente foi retrabalhado, sendo oriundo
de elevações (serrotes) de rochas cristalinas próximas ao local da coleta;
- Horizonte Bt3 coletado e não descrito devido ao excesso de cascalhos ao longo do perfil.
72
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL: P3-CN
DATA: 14.03.2012
PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de
entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).
DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,
Alexsandra Fernandes de Queiroz.
73
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Nº. DE CAMPO: P3-CN
A 0 – 15 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida) e amarelo (10YR 7/6, seca); areia; grãos simples;
macia, solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.
C1 15 – 55 cm, amarelo-brunado (10YR 5/6, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C2 55 – 110 cm, bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C3 110 – 160 cm, bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não
plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.
C4 160 – 200+ cm, amarelo-brunado (10YR 6/8, úmida); areia-franca; grão simples; macia, solta, não
plástica e não pegajosa.
RAÍZES
- Poucas, médias e finas no horizonte A, raras, médias e finas nos demais horizontes.
POROSIDADE: Poros comuns, médios e pequenos em todos os horizontes.
OBSERVAÇÕES
- Fraca atividade biológica no horizonte A;
- Solo bastante uniforme em todo o perfil.
74
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL: P4-CN
DATA: 14.03.2012
PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de
entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).
DESCRITO E COLETADO POR: Tony Jarbas Ferreira Cunha, Manoel Batista de Oliveira Neto
Alexsandra Fernandes de Queiroz.
75
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Nº. DE CAMPO: P4-CN
RAÍZES
- Comuns, médias e finas nos horizontes A e E1, raras no horizonte E2.
OBSERVAÇÕES
- Presença de crotovinas no horizonte E2;
- Forte atividade biológica nos horizonte A, E1, E2;
- A estrutura do Btx não foi bem avaliada, não sendo identificadas colunas;
- Perfil próximo a mais ou menos 200 m do Lago de Sobradinho;
- Área plana rebaixada próxima a serrotes arredondados constituídos por rochas cristalinas com
cristas de quartzitos.
76
DESCRIÇÃO GERAL
PERFIL: P5-CN
DATA: 14.03.2012
PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de
entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).
CLASSIFICAÇÃO ATUAL: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico, A ócrico, textura
arenosa/média cascalhenta, fase endopedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano.
LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, comunidade Pau a Pique,
município de Casa Nova – BA.
COORDENADAS (UTM): 24 L 0211311 S e 8936607 W.
ALTITUDE (GPS): 415 m.
SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em área plana de baixos tabuleiros com ocorrência
de incelbergs e morros isolados.
LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário, sobre
rochas cristalinas (gnaisses e granitos).
MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do material supracitado.
PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.
ROCHOSIDADE: Não rochosa.
RELEVO LOCAL: Plano.
RELEVO REGIONAL: Plano.
EROSÃO: Laminar ligeira.
DRENAGEM: Bem drenado.
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,
faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.
USO ATUAL: Capoeira com pecuária extensiva, próximo ao cultivo de banana, com presença de jurema,
faveleira, pinhão brabo, mororó, jurema, umburana, lã de seda, angico de caroço, algaroba,
catingueirinha.
CLIMA: BSwh’ de Köeppen.
DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,
Alexsandra Fernandes de Queiroz.
77
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Nº. DE CAMPO: P5-CN
A 0 – 20 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida) e bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/4, seca);
areia; fraca, pequena em blocos angulares; ligeiramente dura, friável, não plástica e não pegajosa;
transição plana e clara.
Bt1 20 – 40 cm, bruno-forte (7,5YR 5/6, úmida); areia-franca; fraca, pequena e média em blocos
angulares; ligeiramente dura, muito friável, ligeiramente plástica e não pegajosa; transição plana e
difusa.
Bt2 40 - 75 cm, bruno-forte (7,5YR 5/8, úmida); franco-arenosa; fraca, pequena e média em blocos
angulares e subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;
transição plana e difusa.
Bt3 75 – 100 cm, bruno-forte (7,5YR 5/8, úmida); franco-arenosa; fraca, pequena e média em blocos
angulares e subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa.
RAÍZES
- Abundantes, grossas, médias e finas nos horizontes A e Bt1, comuns, médias e finas nos
horizontes Bt2 e Bt3.
POROSIDADE: Poros comuns, médios e pequenos nos horizontes A, Bt1 e Bt2, poucos poros pequenos
no Bt3.
OBSERVAÇÕES
- A partir de 100 cm há ocorrência de calhaus e cascalhos desarestados.