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NEO-SCHUMPETERIANA
1 INTRODUÇÃO
Entre o pouco consenso estabelecido no intenso debate que tenta entender o atual
processo de “globalização”, encontra-se o fato de que a inovação e o conhecimento são
os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento de nações,
regiões, estados, setores, empresas e até indivíduos. Conforme discutido em Cassiolato
e Lastres (1999), a crescente competição internacional e a necessidade de introduzir
eficientemente, nos processos produtivos, os avanços das tecnologias de informação e
comunicações têm levado as empresas a centrar suas estratégias no desenvolvimento de
capacidades inovativas. Tal capacitação é vista como essencial, até para permitir a elas a
participação nos fluxos de informação e conhecimentos que marcam o presente estágio
(fim do século XX e início do século XXI) do capitalismo mundial.
Os países latino-americanos se defrontam com as atuais transformações a partir
de sistemas nacionais de inovação formados ao longo do período de substituição de
importações, que, além de intensa importação de tecnologia, apresentavam as seguintes
características:
a) Níveis extremamente reduzidos de gastos em ciência e tecnologia (C&T)
e P&D, particularmente se comparados com os países da OCDE1;
b) Mais de 90% das atividades de P&D realizadas por institutos de pesquisa
e universidade públicas e por laboratórios de P&D de empresas públicas, com
participação extremamente reduzida de empresas privadas;
c) As universidades públicas desempenhando papel fundamental no
treinamento de recursos-humanos especializados.
Portanto, de maneira geral, o setor público detinha (e ainda detém) o papel mais
importante no desenvolvimento dos sistemas nacionais de inovação desses países (como
o Brasil).
Aponta-se, ainda, que, durante o período de substituição de importações, a maior
parte das tecnologias adquiridas pelos países latino-americanos era relativamente
madura. Considerava-se que a maior parte da capacitação necessária para usar e operar
as tecnologias de produto e de processo poderia ser adquirida de uma maneira
relativamente fácil, via treinamento em rotinas básicas. Por outro lado, não se requeria
ou estimulava, de forma efetiva, a acumulação da capacitação necessária para gerar
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No Brasil, por exemplo, os gastos em C&T apresentam forte conotação estatal. O governo brasileiro
investiu 95% do total nacional em ciência e tecnologia, na década de 1990. Com investimentos médios
inferiores a 0,5% do PIB interno, para o período. Já nos Estados Unidos, os gastos com P&D e C&T,
além de se apresentarem com uma influência menor do governo (com participação de 50%), nos anos
1990, representaram cerca de 3,5% do PNB americano.
A maior parte das empresas [latino-americanas] não foi construída para evoluir. A maioria o foi
para operar tecnologias maduras, supostamente já otimizadas. Não se esperava que as empresas
alcançassem competitividade por elas próprias. A lucratividade era determinada por fatores
exógenos, como a proteção tarifária, subsídio à exportação e numerosas formas de auxílio
governamental, em vez da capacidade de a própria empresa aumentar a produtividade ou [a]
qualidade [de seus produtos e processos de produção]. As empresas não são conectadas
[tecnicamente... E tem sido] difícil a geração de sinergias nas redes e complexos industriais.
(Perez, apud Cassiolato; Lastres, op. cit. , p. 14).
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Para uma visão ampla sobre as contribuições para o entendimento da dimensão local da inovação, ver
Lastres et al. (1999), em especial as partes constantes entre as páginas 54 e 58.
2 A INOVAÇÃO
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Isso se dá, primeiro, porque eles financiam, e muitas vezes executam, uma parte importante da pesquisa
nacional. Segundo, porque os alvos governamentais englobam as áreas civil e militar (de segurança
nacional), não só por programas de financiamento e execução, mas também por importação e exportação
de tecnologia (através de políticas de comércio). Terceiro, porque o governo é responsável pela rede
nacional de trabalho, coordenando, assim, políticas de educação e informação.
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“O capitalismo, então, é, pela própria natureza, uma forma ou método de mudança econômica, e não
apenas nunca está, mas nunca pode estar estacionário. E tal caráter evolutivo do processo capitalista não
se deve meramente ao fato de a vida econômica acontecer num ambiente social que muda e, por sua
mudança, altera os dados da ação econômica; isto é importante e tais mudanças (guerras, revoluções e
assim por diante) freqüentemente condicionam a mudança industrial, mas não são seus motores
principais. Tampouco se deve esse caráter evolutivo a um aumento quase automático da população e do
capital ou aos caprichos dos sistemas monetários, para os quais são verdadeiras as mesmas coisas. O
impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre dos novos bens de
consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de
organização industrial que a empresa capitalista cria. [...] o mesmo processo de mutação industrial – se
me permitem o uso do termo biológico – que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir
de dentro, incessantemente destruindo a velha, incessantemente criando uma nova. Esse processo de
Destruição Criativa é o fato essencial acerca do capitalismo. É nisso que consiste o capitalismo e é aí que
têm de viver todas as empresas capitalistas” (Schumpeter, 1984. p. 112-113).
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Obviamente, não é apenas pela ótica neo-schumpeteriana que pode ser observado o processo de geração
e difusão do conhecimento. Pela ótica da escola marxista, ver, por exemplo: Kuenzer (1997), em especial
o capítulo II.
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“De fato, o mundo do tecnicamente possível é muito mais amplo do que o do economicamente rentável
e maior do que o do socialmente aceito. E esses dois últimos, tampouco, coincidem. [...] Existem linhas
de forças sócio-econômicas que interagem com o desenvolvimento tecnológico determinando de maneira
recíproca, em última análise, as trajetórias percorridas” (Perez, 1986, p. 43).
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Tais como o economista inglês D. Ricardo (1772-1823).
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Depois de uma longa pesquisa sobre o desenvolvimento econômico, o Banco Mundial concluiu, em
1991, que é o investimento intangível em acumulação de conhecimento o fator decisivo na dinâmica e no
crescimento das economias e não o investimento físico, como se acreditava. A despeito da incorporação
(mesmo que tardia) dessa concepção nas teorias de crescimento da escola neoclássica, essa suposição
(realista) sempre esteve presente na análise dos economistas históricos e nos neo-schumpeterianos.
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O Japão do século XX, com suas novas formas de organizar a produção (just in time, círculos de
controle de qualidade, etc.) é apenas um dos muitos exemplos que podem ser dados para enfatizar essa
afirmação.
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Ver dados quantitativos em: Hobsbawn (1997), especialmente no capítulo XVIII.
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No entanto, é importante não confundir a autonomia altamente estimada do cientista individual,
amoldando o seu próprio programa de trabalho e pesquisa, com a determinação de agências de P&D
privadas em busca de lucros futuros mais atraentes.
[Pode-se dizer que neste caso] os custos crescentes da inovação, a necessidade de um rápido
ajuste ante as mudanças tecnológicas e o fato de que as tecnologias se fazem crescentemente
sistêmicas ou genéricas [sem grifo no original], implicam que as firmas necessitam dividir os
custos e riscos de suas atividades de P&D (opinião expressa por Dunning, apud López; Lugones,
1999. p. 77. Ver, também, parte I do texto).
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Um mercado organizado é, então, um compromisso entre o mercado e a hierarquia (a firma
verticalmente integrada).
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O distrito industrial é uma entidade sócio-territorial caracterizada pela presença ativa de uma
comunidade de “atores” e um conjunto de empresas em um espaço geográfico e histórico determinado.
Nos distritos, ao contrário do que acontece em outros tipos de arranjos, como por exemplo, nas cidades
industriais, tem-se conseguido uma relação extremamente positiva com a comunidade local e com as
empresas.
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Os distritos industriais italianos, que podem ser outro exemplo de Sistemas Regionais de Inovação,
exemplificam casos de desenvolvimento baseado, geralmente, em industriais “tradicionais”, tais como: a
têxtil, a cerâmicas, etc.
[...] desde os anos 1980 surgiram muitos estudos sobre “sistemas locais [de inovação]” [sem
grifo no original] sendo as regiões – ou distritos industriais – italianas o objeto de estudo mais
recorrido na literatura em questão; o direcionamento de estudos similares em países em
desenvolvimento [como, por exemplo, o Brasil] é uma tendência mais recente, porém,
igualmente em expansão (López, et al., 1999. p. 82).
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Para uma comparação dos estudos sobre desenvolvimento baseado em baixos salários e
desenvolvimento baseado na acumulação de aprendizagem coletiva do conhecimento, ver Humphrey;
Schmitz (1996).
6 AS TRAJETÓRIAS TECNOLÓGICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Trajetória tecnológica é um conceito que sugere que as mudanças nas inovações tecnológicas possuem
uma lógica própria (Perez, 1986).
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A essência da dinâmica das trajetórias tecnológicas, no interior dos Sistemas Nacionais de Inovação,
pode ser capturada pela análise metodológica dos modelos não-lineares ou “complexos”. Tal como
desordem organizada, auto-organização ou caos, a complexidade constitui um termo que expressa um
novo instrumento conceitual na elaboração epistemológica que se está produzindo na atualidade com o
objetivo centrado no desenvolvimento de teorias científicas que se destinam a encontrar um maior grau de
integrabilidade do universo (Nicolis; Prigogine, 1989). É importante observar que esta teoria não se
encontra limitada ao âmbito das ciências tradicionais, tais como a Física, a Química ou a Biologia,
estendendo-se por muitos outros campos, tais como o das Ciências Sociais e da Economia. Engloba,
também, as contribuições da teoria dos sistemas, da cibernética, dos estudos sobre inteligência artificial e
dos fractais, (Díaz, 1994).
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