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Apontamentos de DA I

ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Funções Primarias e Funções secundárias do Estado

a) Funções Primarias do Estado

São funções primárias a função politica e a função legislativa, ambas situam-se no


mesmo plano de paridade Constitucional.

A função política traduz-se na prática de actos que respeitam, de modo directo e


imediato, ao poder político e as relações deste com outros poderes do Estado. Alguns
dos actos políticos têm relevância jurídica nacional e internacional (a celebração de
tratados, o estabelecimento de relações diplomáticas, ou a declaração de guerra). Outros
apenas têm relevância nacional e repercutem-se no funcionamento do sistema de
governo, por exemplo, os programas o acto de dissolução da Assembleia de República.
Estes actos não visam projectar-se directa e imediatamente para fora do universo
público e para os cidadãos.

A função legislativa consiste essencialmente na actividade permanente e de caracter


político de definição de princípios e elaboração de preceitos com eficácia externa,
tipicamente com caracter regulador da vida colectiva, logo, com vocação primacial de
incidência directa e imediata nos cidadãos e devem revestir a forma determinada na
Constituição da República de Moçambique.

b) Função Secundaria do Estado

As funções secundarias do Estado são a função jurisdicional e a função administrativa.


O caracter secundário das aludidas funções decorre da sua subordinação as funções

primárias.

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A função jurisdicional traduz-se na implementação da Constituição, das leis e dos
demais actos normativos vigentes na ordem jurídica, mediante a sua interpretação,
desenvolvimento, e caracterização, o esclarecimento da sua aplicação no tempo e no
espaço, apreciação da conformidade constitucional e infra-constitucional dos actos das
entidades públicas e dos cidadãos, através da dirimir conflitos entre interesses públicos
e privados, por conseguinte, a doutrina entende que o caracteriza fundamentalmente o
acto da função jurisdicional é a circunstancia de este é praticado para resolver uma
questão de direito, com a finalidade de obter a reintegração da paz jurídica (SOUZA e
MATOS: 2004).

O art. 211° da CRM estatui que os tribunais têm como objectivo: garantir e reforçar a
legalidade como factor da estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar
os direitos e liberdades dos cidadãos, assim como os interesses jurídicos dos diferentes
órgãos e entidades com existência legal. Acrescenta, ainda, os tribunas: penalizam as
violações da legalidade e decidem pleitos de acordo com o estabelecido na lei.

Cabe ainda aos tribunais, à luz do art. 212° da CRM, educar os cidadãos e
administração pública no cumprimento voluntario e consciente das leis. Estabelecendo
uma justa e harmoniza convivência social (função educacional).

A função administrativa é aquela que, no respeito pelo quadro legal e sob a direcção dos
representantes da colectividade, desenvolve as actividades necessárias à satisfação das
necessidades colectivas em cada momento selecionadas, mediante previa opção
constitucional e legislativa.

Segundo CAUPRS (2005), a definição material da função administrativa não é fácil de


estabelecer, o que é compreensível, tendo em consideração que a sua origem, o poder
administrativo era o que restava do poder absoluto do soberano, depois de reiterados o
poder legislativo e o poder judicial (principio da tripartição dos poderes).

No entanto, e de acordo com o autor em referência, a noção residual da função


administrativa era suficiente ao tempo do Estado liberal, em que o Estado fazia pouco,
policiava, julgava, sancionava, recrutava e cobrava impostos e, a sua actividade era
diferente da que era desenvolvida pelos particulares.

A partir dos anos de 1930, o Estado alarga o seu campo de actividade passando a
responder às mais variadas solicitações dos cidadãos, saúde, educação, segurança social,

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informação, muitas vezes concorrendo com os particulares no exercício de actividades
semelhantes, então a função residual tornou-se insuficiente para abarcar toda a
actividade administrativa pública.

Esta é uma actividade multiforme, abrange a produção de bens e a prestação de


serviços, bem como as actuações que visem a obtenção e gestão dos recursos materiais e
humanos necessários para o seu desenvolvimento. O âmbito concreto varia em função
dos interesses públicos que em cada momento histórico seja constitucional e
legislativamente considerados relevantes.

De seguida, importa proceder-se a uma análise comparativa da actividade administrativa


no quadro geral das funções do Estado, através apontadas.

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS DEMAIS FUNÇÕES DO ESTADO

a) Política e Administração Pública

A política tem um fim específico, definir o interesse geral da colectividade, enquanto a


Administração Pública visa prosseguir, em termos concretos, o interesse geral definido
pela política.

A política tem por objecto, as grandes opções que o país enfrenta ao traçar os rumos do
seu destino colectivo. O da Administração Pública, é a satisfação regular e continua das
necessidades colectivas da segurança, cultura e bem-estar económico e social.

A política tem uma natureza criadora, cabe-lhe em cada momento inovar nos aspectos
fundamentais para a conservação e o desenvolvimento do país. A Administração
Pública tem a natureza executiva, que consiste sobretudo em pôr em prática as
orientações tomadas pela política. Deste facto resulta que a política tem caracter livre e
primário, apenas limitada em certas zonas pela Constituição, enquanto a administração
pública tem caracter condicionado e secundário.

A função politica pertence por natureza aos órgãos superiores do Estado (Presidente da
República, Assembleia da República, Governo), os quais, nos regimes democráticos são
eleitos pelo povo. Por seu turno, a administração pública encontra-se sujeita à direcção e
fiscalização dos órgãos políticos, porém, é entregue a órgãos secundários e subalternos,

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bem como a funcionários e agentes administrativos e outras entidades públicas
diferentes do Estado. Importa referir que o Governo é um órgão de soberania que
exerce simultaneamente as funções: Politica, legislativa e administrativa (conf. art 199°
a 203°, ambos da CRM).

Como se vê, a politica e a administração são actividades que se relacionam, enquanto a


administração pública sofre influencia directa da função politica, aquela realiza as
opções politicas definidas, por outro lado, o órgãos supremo da administração pública
sofre influencia directa da função politica, aquela realiza as opções politicas definidas,
por outro lado, o órgão supremo da administração pública é em simultâneo um órgão
politico fundamental, o Governo.

b) Legislação e Administração

A função legislativa encontra-se no mesmo plano ou nível, que a função politica. Com
efeito, também a legislação define opções, objectivos, normas abstractas, cabendo à
administração pública a sua execução. A diferença entre Legislação e Administração
Pública é uma actividade totalmente subordinada à lei: a lei é fundamento, o critério e o
limite de toda a actividade administrativa. É o princípio da legalidade.

e) Justiça e Administração Pública

As duas funções têm importância traços comuns. São ambas secundarias, pois, antes
delas houve uma definição legal da respectiva conduta ou actuação subordinada à lei,
dado que, a actividade de ambas tem como base a lei. No entanto, também existem
traços que as distinguem, a justiça consiste em julgar, a administração em gerir.

Na justiça aplica-se o direito aos casos concretos, na administração pública prossegue-se


interesses gerais da colectividade. Justiça aguarda passivamente que lhe tragam os
conflitos sobre os quais tem de pronunciar-se, a Administração Pública toma a iniciativa
de satisfazer as necessidades colectivas que lhes estão confiadas.

A juistica está acima dos interesses, é desinteressada, não é parte nso conflitos que
decide: a justiça espera que a parte interessada se dirija ao Tribunal para demandar,

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porém, aplica o direito com objectividade e isenção, sem tomar partido dos interesses
das partes litigantes.

A administração Pública não fica a espera que lhe seja solicitada a execução da lei, por
outro lado, os órgãos do Estado ao executarem a lei procedem como se fosse eles
próprios os titulares dos interesses que a lei visa acautelar. Assim, diz-se que tomam
iniciativa e são parte interessada.

A justiça é assegurada por tribunais, a Administração Pública é exercida por órgãos e


agentes hierarquicamente organizados, os subalternos têm dever de obediência em
relação aos superiores hierárquicos. Do princípio da submissão da Administração
Pública à lei, decorre um outro princípio, que é o da submissão da Administração
Pública aos Tribunais, para apreciação e fiscalização dos seus actos e comportamentos.
(Controlo Jurisdicional da Administração Pública).

Da explanação feita, sobre o relacionamento entre a função administrativa e as outras


funções do Estado, pode se estabelecer o seguinte quadro de relacionamento:

 A função administrativa é instrumental da função politica-a administração


pública realiza as opções definidas pela politica;
 A função administrativa encontra-se subordinada à função legislativa a lei
estabelece a forma como a administração pública deve ser efectuada;
 A função administrativa é controlada pela função jurisdicional – os particulares
têm a possibilidade de impugnar os actos da administração que violem os seus
direitos e interesses legítimos.

SISTEMAS ADMINISTRATIVOS

Generalidades

Tanto a função administrativa, como a Administração Pública que exerce e o Direito


Administrativo que a disciplina variam de conteúdo e amplitude, atendendo aos tipos e
às formas de Estado em que se desenvolve o processo (SOUSA e MATOS: 2004). O
Estado liberal era pouco interventivo, o papel da administração pública era o de
assegurar as necessidades básicas de segurança, saúde e educação. Já no Estado de bem-
estar social, a administração pública tem um campo de acção mais amplo, e para além

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das áreas básicas de intervenção, também busca o bem-estar económico e social da
população.

A tipificação das diferentes formas jurídicas de organização e de actuação conduz ao


estudo dos sistemas administrativos. No presente capitulo pretende-se uma abordagem
dos principias sistemas administrativos tomando como paradigma os sistemas britânico
e francês, classificados pelo francês Maurice Hauriou, em dois tipos, a administração
judiciaria, pertencente aos sistemas jurídicos do common law e a administração
executiva, pertencente aos sistemas jurídicos romano-germânicos.

Porém, para uma melhor percepção dos referidos sistemas importa que se faça uma
diferenciação entres estes e o sistema tradicional que os antecedeu, que vigorou na
Europa até aos séculos XVII e XVIII.

Para efeitos da análise que se pretende, importa, antes de mais, definir o sistema
administrativo como: o conjunto de elementos que, de uma forma ordenada e coerente,
caracterizam a organização, o funcionamento e a actividade da Administração Pública,
incluindo, naturalmente, o ordenamento jurídico correspondente, num determinado
espaço ou lugar e num certo período de tempo (TAVARES: 2000).

SISTEMA ADMINSTRATIVO TRADICIONAL

Vigorou no período da Monarquia absoluta, em que o rei exercia o poder absoluto,


concentrando em si os três poderes do constitucionalismo moderno-legislativo,
executivo e judicial e manteve-se até ao Estado Liberal. Caracterizava-se,
essencialmente, pela indiferenciação das funções administrativas e judicial e pela
existência de garantias dos particulares perante a administração. Com efeito, a
administração pública não se encontra submetida a normas jurídicas obrigatórias,
confundindo-se a lei com a vontade do poder, por consequência, os particulares não
podiam invocar quaisquer direitos contra a administração.

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As principais características deste sistema, são:

 Indiferenciação das funções administrativas e jurisdicional e, consequentemente,


inexistência de uma separação rigorosa entre os órgãos do poder executivo e do
poder judicial – O Rei era o supremo juiz e o supremo administrador, ou seja,
não havia separação de poderes.
 Não subordinação da Administração Pública ao principio da legalidade e,
consequentemente, insuficiência do sistema de garantias jurídicas dos
particulares face à administração-antes das grandes revoluções liberais
(Revolução Inglesa de 1688 e Revolução Francesa de 1789) não havia uma
subordinação da Administração Pública à lei, pois, ou não havia normas
reguladoras da Administração Pública, ou as normas existentes eram meras
instruções ou directivas externas sem carácter obrigatório e que não vinculam o
poder soberano.
 A revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
conduziram a criação dos sistemas administrativos modernos, em que a
Administração Pública passa a estar vinculada ao Direito.
 Em resultado desta modificação, a actividade administrativa pública, passou a
revestir caracter jurídico, estando submetida ao controlo judicial, assumindo os
particulares a posição de cidadãos, titulares de direitos em face dela. Foi o
triunfar dos ideias de liberdade individual face ao autoritarismo tradicional da
Monarquia Europeia.

SISTEMA ADNIMISTRATIVO DE TIPO BRITÂNICO OU DE


ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA

É um sistema que tem por alicerce o forte prestígio do poder judicial, em que num
quadro de Estado de Direito, a Administração Pública está sujeita aos tribunais
comuns e ao direito comum, onde o costume é a principal fonte de direito e vigora a
regra do precedente judiciário.

As características do sistema administrativo britânico são as seguintes:

 Separação dos poderes: o Rei fica impedido de resolver, por si ou por


conselhos formados por funcionários da sua confiança, questões de natureza

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contenciosa, por força da lei da “Star Chamber’, e foi proibido de dar ordens
aos juízes, transferi-los ou demiti-los, mediante o “Act of Settelement’”;
 Estado de Direito: os Direitos, liberdades e garantias dos cidadãos
britânicos foram consagrados no Bill of Rights (1689). O Rei ficou a partir
de então, claramente subordinado ao Direito, particularmente, o
consuetudinário “Common Law”.
 Descentralização: Distinção entre uma administração central e uma
administração local. Mas as autarquias locais gozavam tradicionalmente de
ampla autonomia face a uma intervenção diminuta.
 Sujeição da Administração aos Tribunais Comuns: a Administração
Pública acha-se submetida ao controlo jurisdicional dos Tribunais Comuns.
Os tribunais comuns gozam de plena jurisdição, face à Administração
Pública, o que significa que o juiz pode anular as decisões ilegais e, também,
ordenar às autoridades administrativas que cumpram a lei.
 Sujeição da Administração ao Direito Comum: Tanto o Rei como os seus
conselhos e funcionários se regem pelo mesmo direito que os cidadãos
anónimos.
 Execução judicial dos administradores: Neste sistema, a Administração
Pública não pode executar as decisões por autoridade própria;
 Garantias judicias dos administrados: os particulares dispõem de um sistema
de garantias contra as ilegalidades e abusos da Administração Pública.

SISTEMA ADMINISTRATIVO DO TIPO FRANCÊS OU DE


ADMINISTRAÇÃO EXECUTIVA

Neste sistema o prestígio é do poder executivo. A lei é a principal fonte de Direito e


existe uma distinção clara entre o Direito Público. Á semelhança do sistema de
administração judiciária, também assenta na separação de poderes e num quadro de
Estado de Direito, porém, a Administração Pública está sujeita aos tribunais
administrativos e submetida ao Direito Administrativo, funcionando o privilégio da
execução prévia a acompanhar as decisões administrativas.

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As características iniciais do sistema administrativo Francês são seguintes:

 Separação de poderes: Com a Revolução Francesa foi proclamado


expressamente, logo em 1789, o princípio da separação dos poderes, entre o
executivo, o legislativo e o judiciário;
 Estado de Direito: Além da separação dos poderes, são também enunciados
solenemente os direitos subjectivos públicos invocáveis pelo individuo contra o
Estado;
 Centralização: Com a Revolução Francesa, uma nova classe social e uma nova
elite chega ao poder, e acentua-se a centralização como forma de impor as novas
ideias, implantar as reformas políticas, económicas e sociais dos novos ideais e
vencer a resistência. Assim cria-se um aparelho administrativo fortemente
centralizado, o território francês é dividido em inúmeros departamentos dirigidos
por prefeitos de nomeação governamental. Por seu turno, os municípios perdem
autonomia administrativa e financeira, e são dirigidos por um conselho
municipal, na dependência do prefeito.
 Sujeição da Administração aos Tribunais Administrativos: surgiu assim uma
interpretação peculiar do princípio da separação dos poderes, diferente da que
prevalecia em Inglaterra: se o poder executivo não podia imiscuir-se nos
assuntos da competência dos Tribunais, o poder judicial também não poderia
interferir no funcionamento da Administração Pública;
 Subordinação da Administração ao Direito Administrativo: a força, a
eficácia, a capacidade de intervenção da Administração Pública coloca os órgãos
e agentes administrativos numa posição diferente dos particulares, pois, os
primeiros exercem funções de interesse público e utilidade geral, e devem, por
isso, dispor quer de poderes de autoridade, que lhes permitam impor as suas
decisões aos particulares, quer de privilégios ou imunidades pessoais, que os
coloquem ao abrigo de perseguições ou más vontades dos interesses feridos;
 Privilégios da Execução Prévia: o Direito Administrativo confere, pois, à
Administração Pública um conjunto de poderes “exorbitantes” sobre os
cidadãos, por comparação com os poderes “normais” reconhecidos pelo Direito
Civil aos particulares nas suas relações entre si. De entre esses poderes
“exorbitantes”, sem dúvida que o mais importante é, no sistema Francês, o

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“privilégio de execução prévia”, que permite à Administração executar as suas
decisões por autoridade própria;
 Garantias jurídicas dos administrados: também o sistema administrativo
Francês, por assentar num Estado de Direito, oferece aos particulares um
conjunto de garantias jurídicas contra os abusos e ilegalidades da Administração
Pública, mas essas garantias não são efectivadas através dos Tribunais Comuns e
sim através se Tribunais Administrativos.

CONFRONTO ENTRE OS SISTEMAS DE TIPO BRITANICO E DE TIPO


FRANCÊS

Os dois sistemas possuem elementos específicos, que permitem identificar aspectos


comuns e distintivos. Porém, está comparação, é feita olhando os seus elementos
teóricos originais.

Elementos comuns:

Tanto o sistema de administração judiciária (tipo Britânico) como o de administração


executiva (tipo Francês), consagram a separação de poderes entre o executivo, o
legislativo e o judiciário e o Estado de Direito.

Elementos distintivos:

 Quanto à organização administrativa, o sistema do tipo Britânico é


descentralizado, enquanto o do tipo Francês é centralizado;
 Quanto ao controlo jurisdicional na administração, o sistema de tipo Britânico
entrega-o aos Tribunais Comuns, enquanto o modelo francês entrega-o aos
Tribunais Administrativos. Em Inglaterra há pois, unidades de jurisdição, em
França existe dualidade de jurisdições;
 Quanto ao direito regulador da administração, o sistema de tipo Britânico é o
Direito Comum, que basicamente é Direito Privado, mas no sistema tipo Francês
é o Direito Administrativo que é Direito Público;

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 Quanto à execução das decisões administrativas, o sistema de administração
judiciária fá-la depender da sentença do Tribunal, ao passo que o sistema de
administração executiva atribui autoridade própria a essas decisões e dispensa a
intervenção prévia de qualquer Tribunal (Privilegio de execução prévia de
qualquer Tribunal (privilegio de execução prévia);
 Quanto às garantias judicias dos administrados, a Inglaterra confere aos
Tribunais Comuns amplos poderes de injunção face à Administração, podendo
conceder a Administração a cumprir um dever legal ou abster-se de uma atitude
contraria à lei (jurisdição penal), que lhes fica subordinada como a generalidade
dos cidadãos, enquanto a França só permite aos Tribunais Administrativos que
anulem as decisões ilegais das autoridades ou as condenem ao pagamento de
indemnizações, ficando a Administração independente do poder judicial (mera
legalidade).

EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS ADMINISTRATIVOS BRITÂNICO E


FRANCÊS

Actualmente os sistemas administrativos britânicos e francês evoluíram,


verificando-se uma certa aproximação entre os mesmos em alguns aspectos e a
manutenção das diferenças em outros, vejamos:

Aproximação entre os sistemas

Na organização administrativa, um e outro sistema evoluíram, notando-se que o


sistema britânico tendeu a ser mais centralizado com o aumento dos serviços locais
do Estado, enquanto o sistema francês foi se tornando menos centralizado, tendo
transferido varias funções do Estado para o nível regional.

Também se verifica uma aproximação no tocante ao direito regulado. Na


Administração Britânica foram criadas várias leis administrativas, reguladoras das
áreas socias de prestação de serviços culturais, educativos, sanitários e assistência.
Por seu turno, a Administração Francesa passou a actuar em vários domínios sob a

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égide do Direito Privado, predominantemente no domínio das empresas públicas
que funcionam nos moldes do Direito Comercial.

No tocante à execução das decisões administrativas não se verificam grandes


alterações, porém, destaca-se o “encurtamento” da distância entre um e outro
sistema (Amaral: 1998), em virtude de no sistema britânico ter surgido a figura dos
“administrative tribunals” que não são tribunais no verdadeiro sentido de
integrarem o poder judiciário, sendo na verdade, órgãos administrativos
independentes criados junto da Administração central, para resolverem questões de
Direito Administrativo que a lei determina como pensões sociais, água, urbanismo,
entre outras. Porém, as suas decisões são imediatamente obrigatórias para os
particulares sem ser necessária a confirmação ou homologação judiciária para
poderem ser impostos coativamente, em caso de necessidade.

Por outro lado, no sistema francês, onde vigora o privilégio da execução prévia, os
participantes têm a possibilidade legal de obter dos Tribunais Administrativos a
suspensão da eficácia das decisões unilaterais da Administração Pública, sendo
concedida, a decisão não pode ser executada pela Administração até a solução final
do processo.

Quanto às garantias jurídicas dos administrados, também se verifica uma certa


aproximação, no sistema Inglês os tribunais têm poderes mais amplos pois, anulam
os actos e podem determinar a observância de uma determinada conduta à
Administração que lhes fica subordinada. Porém, no sistema francês a
Administração Pública vem adquirindo, também, mais poderes declarativos face à
Administração, embora noa possam, ainda, condenar a Administração a fazer ou a
não fazer algo, em casos muito específicos, podem declarar qual o comportamento
devido pela Administração.

Neste aspecto importa referir que, alguns doutrinários percebem que as garantias dos
particulares face à administração são menores no sistema do tipo francês, pelo facto
dos Tribunais Administrativos serem de mera legalidade e não plena jurisdição.
Com efeito, naquele sistema, o Tribunal Administrativo pode anular os catos ilegais
da Administração, porém, não pode declarar as consequências da anulação, nem
proibir a administração de proceder de determinada maneira, nem condená-la a
tomar certa decisão ou a adoptar certo comportamento. Resulta deste facto, que são

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as próprias entidades administrativas que decidem como e quando hão-de executar
as sentenças anulatórias proferidas pelo tribunal.

Por exemplo:

O Tribunal Administrativo X anulou o acto administrativo de expulsão do


funcionário B, proferido pelo Ministro da Saúde, por ser ilegal, tendo a decisão
transitado em julgado. Ora, a decisão do Tribunal apenas anula o acto, não condena
a Administração a praticar este ou aquele acto relativamente ao funcionário,
reintegração nos serviços, reposição da situação inicial em que o funcionário se
encontrava antes da expulsão (remunerações devidas, eventuais indemnizações,
enquadramento na carreira…).

Ora o sistema de administração judiciária o tribunal comum tem plena jurisdição,


como tal, pode não só anular as decisões mas também dar ordens ou injunções à
Administração para que proceda de determinada maneira. No exemplo acima, seria
possível ordenar ao órgão da Administração a reintegração do funcionário no
quadro, bem como o pagamento das remunerações devidas, com vista à reposição da
situação anterior ao acto ilegal de expulsão.

Principal elemento distintivo

Não obstante a aproximação entre os dois sistemas, a grande diferença persiste no


tocante ao tipo de controlo jurisdicional da Administração Pública.

No sistema britânico persiste a unidade de jurisdição, os litígios entre a


Administração Pública e os particulares são submetidos à apreciação dos tribunais
comuns, enquanto no sistema francês vigora a dualidade de jurisdições, em virtude
dos referidos litígios serem remetidos à apreciação dos Tribunais Administrativos.

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SISTEMA ADMINISTRATIVO VIGENTE EM MOÇAMBIQUE

O sistema Administrativo vigente em Moçambique, é o do tipo francês ou de


administração executiva, cuja principal característica é a existência de regras
próprias aplicáveis às actividades administrativas, distintas das que regem os
particulares nas suas relações entre si, ou seja existe uma dualidade de jurisdições, a
jurisdição comum (Direito Privado) e a jurisdição administrativa (Direito
Administrativo).

O Sistema de administração executiva vigora desde o período anterior à


independência nacional, tendo sido importado para Moçambique através da
aplicação da Portaria Provincial n.° 395, de 18 de Fevereiro de 1856, que vai
considerar em vigor na província ultramarina de Moçambique o código
Administrativo de 1842 (CISTAC: 2009). Segundo este autor, a política de
assimilação das colónias portuguesas ao regime da organização administrativa da
metrópole fez com que as colonias tenham sido consideradas como simples
províncias do reino (província ultramarinas), as quais se aplicavam, com ligeiras
alterações, as leis feitas para o continente, os critérios de administração e os planos
de governo estabelecidos e traçados para a metrópole.

Após a independência nacional, o sistema manteve-se, pois, a administração baseou-


se na racionalidade formal, concretizada pela produção de normas jurídicas pelo
aparelho de Estado que deviam ser observadas e aplicadas por todos. Explica
CISTAC (2009), que tanto como na ordem jurídica liberal, a ordem jurídica
socialista implica que o conjunto dos órgãos da Administração do Estado deve
respeitar e aplicar as normas superiores lavradas pelos detentores do poder de
Estado. Assim, verificou-se a continuidade do sistema de administração executiva
em Moçambique.

A dualidade de ordens jurisdicionais em Moçambique, principal característica do


sistema de administração executiva, é expressamente consagrada na Constituição de
1990, concretamente no n.° 1 do art. 223°, o qual preconiza que:

Na República de Moçambique existem os seguintes tribunais:

a) O Tribunal Supremo;
b) O Tribunal Administrativo;

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c) Os Tribunais Judiciais.

Deste modo, a Administração Pública encontra-se sujeita a uma jurisdição especializada


que é a jurisdição administrativa, e também a normas jurídicas diferentes das do Direito
Privado, especificamente, ao Direito Administrativo, que confere à Administração
prerrogativas de autoridade e também impõe sujeições à mesma.

Entre os poderes de autoridade da Administração no sistema de administração


executiva, destacam-se:

 O poder de decisão Unilateral, que consiste no poder de modificar


unilateralmente o ordenamento jurídico por exclusiva autoridade, e sem
necessidade de obter o acordo do interessado – exemplo, quando o Conselho de
Ministros aprova um regulamento que vai se aplicar a toda uma categoria de
particulares;
 Privilégio de execução prévia, definido pela alínea g) do artigo 1 das Normas
de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública (NFSAP), aprovadas
pelo Decreto n.° 30/2001, DE 15 DE Outubro, como “Poder ou capacidade legal
de executar actos administrativos definitivos e executórios, antes da decisão
jurisdicional sobre o recurso interpostos pelos interessados”.
Assim, o acto de expulsão do funcionário pelo órgão competente (Por exemplo:
Ministro das Finanças), produz efeitos imediatos. É verdade que o acto pode ser
impugnado pelo visado, porém, o recurso contencioso neste caso não tem efeito
suspensivo.

Conforme anteriormente referido, a Administração Pública não possui apenas poderes


de autoridade, também se encontra sujeita a obrigações específicas, que não se verifica
em regra, no Direito Privado.

Uma das mais destacadas sujeições a que se encontra adstrita a Administração Pública
decorre do art. 248° da Constituição da República de Moçambique, ao preconizar que:

1. A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação respeita


os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

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2. Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e actuam
com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da
justiça.

Das disposições atrás transcritas, decorrem princípios fundamentais de actuação da


Administração, designadamente, o princípio da legalidade administrativa, o princípio do
interesse público e da protecção dos direitos e interesses dos cidadãos; O princípio da
justiça e da imparcialidade.

Os princípios em alusão podem ser vistos no art. 4°, 5° e 6° das Nor de Funcionamento
dos Serviços da Administração Pública, aprovado pelo Decreto n.° 30/2001, de 15 de
Outubro. Outras sujeições são impostas pelas normas em referência, como é o caso do
dever que impede sobre a administração de decidir sobre todos os assuntos que lhes
sejam apresentados pelos particulares (art. 10°), bem como o dever de fundamentação
dos actos administrativos que impliquem o indeferimento do pedido ou a revogação,
alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores.

Por exemplo, o despacho de indeferimento de um pedido de licenciamento comercial


deve ser devidamente fundamentado, sob pena de a falta de fundamentação poder ser
arguida pelo destinatário do mesmo, como fundamento de impugnação do despacho.

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