Sei sulla pagina 1di 2

As pesquisas de GOMES SZYMANSKI (1992) com as famílias da periferia de São Paulo nos auxiliaram

na compreensão desses modelos de família atual. Ela apresenta um conceito surgido das análises de
observação e depoimentos de seus participantes: família pensada e família vivida.
Nas pesquisas realizadas, a autora notou que as pessoas falaram da vida da sua família como se a
estivessem comparando com alguma outra família. Esta parecia ser a certa, a boa, a desejável; a família
em que vivia era diferente. Para encaixar-se nessa família boa, certa (a autora chamou-a de FAMÍLIA
PENSADA), essas famílias faziam de tudo: malabarismos, encenações, mas dificuldades econômicas e
outros improvisos eram muitos, levando-as a afastar-se deste modelo tão almejado. Ambos viviam o que
lhes era permitido viver (ela chamou este modelo de FAMÍLIA VIVIDA).
Tentaremos esclarecer melhor estes modelos de GOMES SZYMANSKI (1992).{mospagebreak
title=Família Pensada}

FAMÍLIA PENSADA
Neste modelo de família as relações interpessoais ocorrem de forma harmoniosa. Seus membros
executam o papel esperado. Pai, provedor de recurso material; mãe só cuida dos filhos e do lar; filhos,
comportados, obedientes e estudiosos. As famílias que o adotam passam pelo controle do grupo social
que as pressionou a adotar um modelo. Seguir este modelo é agir de forma coerente, é preservar
socialmente a imagem de quem o vive. Muitas vezes as expectativas de um para com o outro não são
atingidas, os atritos têm como referencial o modelo e não as pessoas: eu e o outro. A sensação que fica
entre ambas é de que "o errado sou eu", se não estiver vivendo o modelo pensado. Não observa que
estamos querendo viver a todo custo esse modelo pensado. (GOMES SZYMANSKI, 1992).
Muitas famílias não vivem sob o modelo pensado. Mas, o que temos que observar é que não só
recebemos o modelo da sociedade, mas que este também é formado no decorrer da nossa vida em
família. As expectativas, regras, crenças e valores que cada um traz para dentro da família, quando a está
constituindo, vão aos poucos construindo novas culturas familiares. A história de vida de cada pessoa
leva-a a encarar a si, aos outros e ao mundo de forma única; o que ocorre numa família atinge de certa
forma a todos os seus membros, mas de maneira diferente de uma para outra. Pode-se começar uma
nova família com a proposta de colocar este modelo em funcionamento, como se fosse o único certo nas
adaptações das diferentes circunstâncias. Conforme as possibilidades que a família vai vivendo vem a
sensação de que "se eu pudesse tudo seria diferente", se as coisas tivessem seguido um rumo diferente,
minha família seria igual ao modelo que eu imagino, que "os outros" vivem. No caso de famílias da
periferia, esses "outros" seriam os "ricos". (GOMES SZYMANSKI, 1992, p. 16).
A autora conclui que podemos, sim, escolher um caminho de vida, que é diferente daquele proposto pelo
modelo pensado, estaríamos criando uma condição nova de viver, o que pode vir a se tornar um novo
modelo pensado.

FAMÍLIA VIVIDA
Nesta família encontraremos o agir concreto do cotidiano, que poderá ou não estar de acordo com a
família pensada. Esta família se manifesta como uma solução, isto é, como caminhos possíveis que
podem ser adotados frente às situações diferentes que surgem no seu cotidiano.
A autora lembra que quando um casal resolve casar, ambos entram na relação para formar uma família
com duas ou três propostas de família pensada. Ao confrontá-la no cotidiano, depara-se com inúmeras
dificuldades que podem ser de ordem econômica, geográfica, habitacional, hábitos de convivência
diferentes, entre outros. E é aí que se iniciam os arranjos, as manobras, vão sendo adotados modos de
agir que se cristalizam num viver que, na maioria das vezes, afasta-se do modelo pensado. Com isto,
vive-se a nostalgia de um modelo pensado irrealizado e irrealizável, quando não se aceitam as soluções
encontradas como possíveis escolhas feitas segundo as possibilidades e os limites do momento.
(GOMES SZYMANSKI, 1992).

Toda interpretação que se dá às relações e situações ocorridas numa família passam a ser elaboradas
tendo por base este contexto da estrutura proposta (família pensada). Quando a família se afasta desta
estrutura do modelo ela é considerada "desestruturada ou incompleta", é responsabilizada por problemas
emocionais, desvios de comportamento e pelo próprio fracasso escolar da criança. Isto nos leva a
perceber que o foco está na estrutura da família e não na qualidade das inter-relações. (SZYMANSKI,
1995, p. 23-25). Com isto, o modelo de família pensada que incorporamos é o da família nuclear
burguesa, onde os papéis sociais estão bem definidos e cujas soluções dos problemas e dificuldades são
dadas pela cultura vigente. A família que possui um membro portador da Síndrome de Autismo, é
percebida por alguns profissionais e alguns membros da sociedade como desestruturada.
Sabemos, de antemão, que um membro portador de Síndrome de Autismo numa família exige dela um
adaptar-se à nova condição que enfrentarão dali para a frente, mas isto não quer dizer que ela é
desestruturada, desorganizada ou incompleta. A nossa postura e atitude frente a ela estará alicerçada na
concepção que temos de família. É observado que algumas famílias que possuem um membro portador
de autismo e até mesmo as famílias que não possuem, mas vivenciam outros lutos, sofrem a nostalgia do
distanciamento do "modelo pensado"; vivem culpabilizando-se por esta nova realidade enfrentada, ou
buscam incessantemente culpados. Não conseguem perceber que o "modelo vivido atualmente" pode ser
transformado em um "novo modelo pensado de família", podem buscar soluções benéficas e possíveis
neste novo modelo. Nesta concepção pode-se concluir que conforme o significado que se atribui a uma
situação são as ações que decorrem dela como resposta.
De fato, percebe-se que a ideologia, através dos meios de comunicação, penetra nos lares reforçando
padrões do "modelo de família pensada". Os padrões de perfeição, beleza, felicidade, são perpetuados e
transformados em ações práticas que, inconscientemente, adotamos para com os membros de nossa
família, com amigos, no trabalho, enfim, no meio em que circulamos. São imagens e slogans como este,
passados pela mídia, que padronizamos: "o mundo trata bem quem se veste bem - use jeans" (todos
temos que ser iguais para sermos bem tratados); "as feias que me desculpem, mas beleza é
fundamental" produtos de beleza (se você não tiver um padrão de beleza, fecham-se as possibilidades de
sucesso); "pessoas inteligentes têm algo em comum" - fumam o mesmo cigarro (temos que ser igual ao
que postula o senso comum, assim seremos respeitados e inteligentes); sem falar nas demonstrações de
famílias felizes, que esbanjam beleza, riqueza e boa nutrição nas propagandas, da mídia, de alimentos.
Quem não quer demonstrar ou viver uma realidade destas? Beleza, riqueza, perfeição, felicidade plena?
Como fugir da nostalgia advinda desta realidade tão distante? Como evitar que a frustração deste modelo
perdido permeie de forma negativa nossa atuação com o outro? Como administrar o "modelo vivido", sem
deixar que o "modelo pensado" se sobreponha na nossa atuação profissional? Isto é possível? Penso que
é possível mudar este quadro, compreendendo as relações que permeiam a família na sua subjetividade,
buscando elaborar possíveis leituras para desvendá-las, incluindo-se como sujeito participante nesta
busca. Como profissionais, temos compromisso com os educandos e suas famílias. Temos que
administrar primeiramente nossos conflitos e buscas internas para podermos, posteriormente, estabelecer
um elo de reciprocidade e empatia com as famílias. Acredito que, se compreendermos a família , as
estruturas do cotidiano e as relações de poder que permeiam na escola, poderemos mudar de atitude
frente às famílias com as quais atuamos, oportunizando-as a elaborar uma parceria conjunta com a
escola. Nesse sentido, pretendo abordar no próximo capítulo algumas colocações que poderão contribuir
com este estudo.

Potrebbero piacerti anche