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Supervisão Editorial
Nataniel dos Santos Gomes
Assistente Editorial
Clarisse de Athayde Costa Cintra
Tradução
Omar de Souza
Adaptação da capa
Valter Botosso Jr.
Copidesque
Norma Cristina Guimarães Braga
Revisão
Margarida Seltmann
Cristina Loureiro de Sá
Joanna Barrão Ferreira
Projeto gráfico e diagramação
Julio Fado
Apresentação 7
1. Quem é Deus, afinal? 11
2. Será que temos alguma boa razão para
acreditar em Deus? 45
3. Como é possível acreditar em Deus com
tanto sofrimento no mundo? 70
4. A fé religiosa pode ser racional? 97
5. A ciência evoluiu. Isso significa o fim da religião? 117
6. A liberdade não passa de ilusão? 147
7. Será que existe essa história de vida após a morte? 171
8. O que acontece com as pessoas de outras religiões? 193
9. O que significa viver bem? 226
10. Qual é o objetivo final da vida? 261
Notas 283
Apresentação
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Capítulo 1 Quem é Deus,
afinal?
Não pareceu uma resposta muito útil. Não era de admirar que,
segundo o relato no livro de Êxodo, Moisés continuasse hesitando por
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A herança judaica
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por guardar a Lei. Em vez disso, Deus derramaria a sua graça sobre Is-
rael de um jeito ou de outro, por isso, para os judeus, guardar a Lei era
uma resposta de amor a essa iniciativa divina. Afinal de contas, Deus
tirara os israelitas da escravidão no Egito primeiro, e só então entregara
a Lei a Moisés.
O Cristianismo herdou não apenas o monoteísmo judaico, como
também ambos os conceitos. Para os cristãos, a noção de um Deus
salvador serviu para reforçar outra idéia: a de que o Criador salvara seu
povo por intermédio de Cristo, e não por meio do êxodo, embora essa
fuga fosse reinterpretada como uma espécie de prefiguração da salva-
ção cristã. A passagem dos israelitas pelo mar Vermelho, por exemplo,
passou a ser compreendida como uma antevisão do batismo, a lavagem
cerimonial com água por meio da qual se inicia na religião cristã.
A princípio, os cristãos rejeitavam a noção de que a Lei ainda lhes
estivesse vinculada, embora essa iniciativa não tivesse sido fácil: basta
ler os textos bíblicos nos quais Paulo trata desse assunto, tais como Ro-
manos 9-11. Mas mantiveram a ênfase na moralidade e na importância
de uma vida digna como retribuição à bondade de Deus; guardaram até
mesmo a noção de que a moralidade em si era, de alguma forma, um
legado divino. Vamos analisar esses conceitos de maneira mais detalha-
da nos capítulos 9 e 10.
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Como seria possível ser ele um nada, se sem ele nada seria
criado? Como poderia ele, sendo um nada, ter criado todas as
coisas materiais; ou, sendo um vazio, ter criado todas as coisas
consistentes; ou, sendo incorpóreo, ter criado todas as coisas ma-
teriais? [...] Pois quem será capaz de negar que Deus é um corpo,
embora “Deus seja um Espírito”? Pois o Espírito possui uma
substância corpórea de natureza e forma próprias.3
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pessoa, cujos olhos não estão preparados para receber uma luz
mais intensa, prestasse atenção no fulgor do sol. Será que haveria
alguma necessidade de dizer a essa pessoa que o esplendor do sol
é incalculavelmente maior e mais glorioso que todas as luzes que
ela já teve oportunidade de ver na vida? [...] Geralmente, nossos
olhos não conseguem ver a natureza da luz em si — ou seja, a
essência do sol —, mas quando vemos seu esplendor ou seus
raios se espalhando, talvez através de uma janela ou de pequenas
aberturas que permitem a entrada da luz, podemos refletir sobre
quão grandes são o suprimento e a fonte de luz daquele corpo.
Da mesma maneira, as obras da providência divina e seu plano
para o mundo inteiro são como raios da natureza de Deus, se
comparados à sua verdadeira essência e existência.4
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Segundo essa visão, Deus está tão além do universo que não po-
demos categorizá-lo. Clemente sugere que imaginemos um objeto fí-
sico e, em seguida, o despojemos mentalmente de todas as qualidades
que possui na condição de objeto físico; restará a nós apenas a pura
noção da existência desse objeto. Dessa maneira, o “conhecimento”
que temos de Deus é, de fato, apenas o conhecimento do que ele não
é, e não do que é.
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dade de conhecer a Deus de tal maneira que parecia não restar abso-
lutamente nada dele que pudéssemos saber. Se a palavra “Deus” não
se refere mesmo a Deus, então como podemos saber que ele existe? E,
se existe, o que é exatamente, senão o que normalmente imaginamos
como “Deus”? Meister Eckhart, místico muito influente no fim do sé-
culo XIII, chegou a escrever que Deus era a plenitude do “ser” (ou seja,
o que há de mais existente no mundo) e, em outra oportunidade, que
não existe (ou seja, que ele não possui características que normalmente
atribuiríamos a algo que exista de fato). Não é de se admirar muito
que Eckhart tenha sido julgado por heresia durante sua vida (uma con-
trovérsia que permanece até os nossos dias): para muitos, idéias como
aquelas pareciam diferir pouco do puro e simples ateísmo.
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sem saber o que é, como acontece quando alguém vislumbra uma figura
indefinida à distância, mesmo sem poder distinguir seus traços.
Segundo Tomás de Aquino, a única exceção a essa distinção é
Deus. No caso do Criador, sua essência é sua existência. Se você per-
guntar o que ele é, a resposta é: “Ele existe” — exatamente como o
próprio Deus falou a Moisés, segundo o relato contido no livro de Êxo-
do. Tomás de Aquino salienta que a existência da maioria das coisas é
causada por outra; esse é o motivo pelo qual a existência dessas coisas
não coincide com sua essência. Mas Deus não possui causa alguma. Por
essa razão, não se pode explicar sua existência vinculando-o a algo fora
de sua essência; sua existência é sua essência.
A doutrina de Tomás de Aquino soa bastante peculiar, especial-
mente hoje, quando nosso dia-a-dia não inclui conversas sobre essên-
cias e existências. Mas a questão é, talvez em sua raiz, bem mais simples:
Deus não é um objeto como os demais, nem mesmo o maior que se
possa imaginar. Ele não é uma coisa que possa ser encontrada no uni-
verso. Se elaborássemos uma lista imensa, relacionando todos os objetos
que existem no universo, Deus não faria parte dela. Ele transcende o
universo. Mais que isso: é ele, em última análise, quem permite que o
universo exista. Se a essência de Deus é sua existência, então podemos
dizer que, em certo sentido, Deus simplesmente é a própria existência.
Para que algo exista, de certa forma, é necessário que compartilhe da
existência de Deus.
Não havia nada de novo em relação a essa visão básica. Irineu,
grande teólogo do fim do século II, descreveu Deus como aquele que
sustenta o universo na palma da mão e como aquele que abarca o uni-
verso de tal forma que nada poderia existir sem ele. Outro teólogo desse
período, Minúcio Félix, explica seu ponto de vista da seguinte maneira:
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Isso nos leva a um tipo de paradoxo. Por essa visão, Deus trans-
cende o universo a ponto de diferir das coisas que existem, pertencendo
a uma categoria totalmente diversa. Ainda assim, ao mesmo tempo, o
universo existe em Deus, em certo sentido. Isso não pode ser interpretado
de um modo literal — Deus não é o “lugar” em que o universo se loca-
liza. Em vez disso, Deus é o elemento que mantém o universo coeso. Isso
significa que Deus não é apenas transcendente; ele também é imanente,
ou seja, está presente em todas as coisas.
Essa compreensão da relação entre Deus e o mundo foi expressada,
talvez de maneira mais notória, por Nicolau Malebranche, um filósofo
e sacerdote católico do século XVII. Malebranche declarou que perce-
bemos todas as coisas “em Deus”, um comentário um tanto hermético
que tem sido interpretado das mais diferentes maneiras. Em uma das
possíveis leituras, Malebranche acreditava que as impressões que nossos
sentidos registram são resultado não de fatores externos agindo sobre
nós, mas da ação direta de Deus; assim, as coisas que vemos, ouvimos e
tocamos diretamente são apenas idéias na mente do Criador.
Em uma leitura alternativa, Malebranche queria dizer que as con-
cepções que fazemos das coisas são idéias na mente de Deus. Ao vermos
algo, sabemos o que é apenas porque Deus sabe o que é e nos concede
diretamente a capacidade de compreensão. Toda vez que pensamos “so-
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bre” alguma coisa, essa coisa é, na verdade, uma idéia, uma definição da
coisa na compreensão divina. De um jeito ou de outro, Deus cumpre
um papel muito íntimo em nossa percepção do mundo que nos cerca, e
até mesmo em nossos processos mentais, pois, a cada vez em que pensa-
mos em algo, estamos, na verdade, pensando nas idéias de Deus.
Malebranche também sustentava uma espécie de ocasionalismo,
uma doutrina fundada por filósofos muçulmanos medievais (o mais fa-
moso deles foi Abu Hamid al-Ghazali, no século XI). Essa doutrina não
chegava a ser rara na Europa do século XVII. Segundo esse ponto de
vista, os objetos físicos são intrinsecamente inertes, nunca agindo uns
sobre os outros. Dessa forma, quando um objeto se choca com outro e
parece movê-lo, o que realmente acontece é que Deus move o primeiro
objeto e o faz parar, movendo em seguida o outro. Em outras palavras,
tudo o que acontece no mundo é resultado da ação direta do próprio
Deus. Isso também inclui os movimentos de nossos corpos. Deus não
controla nossos corpos como um manipulador de marionetes; em vez
disso, quando alguém resolve mexer seu braço, Deus reage a essa esco-
lha e move o braço dessa pessoa para ela.
É difícil imaginar uma visão de um Deus que se coloque mais
no centro das coisas do que essa. É claro que, depois do século XVII,
poucas pessoas a aceitaram. Parece desnecessariamente complicada.
Se Deus faz tudo, qual o sentido da existência dos objetos materiais?
O filósofo George Berkeley, que se tornou bispo de Cloyne no século
XVIII, chegou à conclusão lógica dessa doutrina e argumentou que as
coisas materiais simplesmente não existiam. Tudo quanto existe é Deus
e as mentes. O mundo que vemos à nossa volta é composto por inteiro
de idéias dadas diretamente por Deus, que não precisa usar a matéria
para se lembrar do que deve fazer.
Desse modo, Deus se torna o sistema eletrônico gerador de realida-
de virtual por excelência, e o mundo existe apenas em seu pensamento.
Surpreendentemente, essa visão foi preconizada cerca de 1.500
anos antes. Orígenes parece ter sugerido que apenas Deus e as mentes
criadas existem de fato, e a matéria nada mais é do que uma espécie de
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O Deus sofredor
Tudo isso pode parecer muito bom, mas há quem não considere muito
inspirador. Seja Deus imanente ou transcendente, ele não demonstraria
um caráter muito solidário, pois estaria sempre em sua redoma além
do tempo, imune aos problemas que enfrentamos em nossa existência
mortal. Mais uma vez, estamos diante de um ponto que sempre suscitou
grande discórdia entre os cristãos. Afinal, se é esse o caso, como alguém
poderia dizer que Jesus — que sofreu e morreu na cruz — era Deus?
A compreensão tradicional é a de que Deus não sofre — pelo me-
nos, não na condição de Deus. Ou seja, Deus não sofre normalmente.
No entanto, Cristo sofreu, e Cristo era Deus. Segundo o Concílio da
Calcedônia, que ocorreu no ano 451, Cristo era uma pessoa, mas tinha
duas naturezas. Era plenamente humano e plenamente Deus ao mesmo
tempo. Isso quer dizer que todas as coisas relacionadas aos seres huma-
nos estão relacionadas a ele, assim como significa que todas as coisas
relacionadas a Deus estão relacionadas a Cristo. Esse conceito, por si,
abre espaço para novos problemas e questões (será que Cristo era, ao
mesmo tempo, onipotente e limitado em poder?).
O mais importante, porém, a nosso ver, é o seguinte: tudo isso
significa que as coisas normalmente relacionadas apenas aos seres hu-
manos também podem ser relacionadas a Deus, e vice-versa. Cristo era
Deus, e Cristo sofreu; assim, podemos dizer que Deus sofreu. Da mesma
forma, Cristo era humano, e Cristo andou sobre as águas; conseqüen-
temente, podemos dizer que um ser humano caminhou sobre as águas.
Essa relação é conhecida como communicatio idiomatum (“comunica-
ção de atributos”). Isso significa que, ao tratar da encarnação, é possível
afirmar que Deus sofreu (teve fome, ficou cansado e assim por diante).
Essa declaração faz parte da ortodoxia da fé cristã desde o século V.
Tradicionalmente, os cristãos não crêem que Deus sofreu de
modo intrínseco. Mesmo quando estava preso na cruz, Deus sofreu
como um ser humano. O Concílio da Calcedônia foi muito claro sobre
essa questão, e condenou “aqueles que ousam declarar que a deidade do
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“De fato, eu, o Senhor, não mudo. Por isso vocês, descen-
dentes de Jacó, não foram destruídos. Desde o tempo dos seus
antepassados vocês se desviaram dos meus decretos e não lhes
obedeceram. Voltem para mim e eu voltarei para vocês”, diz o
Senhor dos Exércitos.
Malaquias 3:6,7
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Esse texto não soa apenas como se Deus fosse capaz de mudar,
mas que sente emoções, incluindo as menos agradáveis. Além disso,
quando o Deus do Antigo Testamento sofre, é juntamente com seu
povo, como sugere o texto de Isaías. No Antigo Testamento, Deus e
seu povo, Israel, estão ligados de forma tão íntima que, quando Israel
prospera, Deus fica feliz, e quando o povo vacila, Deus sofre.
Isso fez com que boa parte dos cristãos dos tempos modernos
rejeitassem a visão “clássica” de um Deus impassível. No século XX,
o teólogo Charles Hartshorne foi, provavelmente, o mais conhecido
expoente desse conceito. Argumentava que a crença clássica, segundo a
qual um ser perfeito não poderia sofrer, tinha mais a ver com a filosofia
grega do que com a Bíblia. Segundo Hartshorne, um estudo da Bíblia
sugere, na verdade, que a capacidade divina de sofrer com seu povo é
uma de suas perfeições. Essa não chega a ser uma idéia muito nova.
Anselmo da Cantuária já havia sugerido algo similar cerca de mil anos
antes, na forma de uma pergunta dirigida ao próprio Deus:
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para o deísmo foi recebida por muitos como mais uma forma de ateís-
mo. Se não há uma “coisa” chamada “Deus”, então será que Deus existe,
afinal de contas? O que significa dizer que Deus “é” a própria existência?
Na verdade, os pontos de vista de Tillich podem também ser conside-
rados como simples reafirmações da teologia de Tomás de Aquino. Se a
“essência” de Deus é sua “existência”, então será que Deus é realmente
alguma outra coisa senão o fato absoluto da própria existência?
Nos anos 1960, influenciados por esses teólogos alemães, vários
escritores cristãos de língua inglesa aproveitaram o famoso slogan de
Nietzsche, “Deus está morto”, para uma ousada subversão, transfor-
mando-o em uma declaração cristã. O mais proeminente desses teólo-
gos foi Thomas Altizer. Em seu livro The Gospel of Christian Atheism [O
evangelho do ateísmo cristão], publicado em 1966, propôs uma versão
radical da cristologia quenótica (a renúncia de Jesus à forma divina para
se tornar homem e sofrer como nós).
Um dos pioneiros dessa cristologia foi o teólogo anglicano do
século XIX Charles Gore. Seguindo a trilha de Filipenses 2:7, que de-
clara que Jesus “esvaziou-se a si mesmo” (quenose), Gore sugeriu que,
em vez da crença tradicional em um Cristo com duas naturezas (uma
humana, outra divina), deveríamos pensar em uma só natureza divina
que, de fato, torna-se humana em Cristo. Ou seja, Deus se despe de sua
divindade quando encarna. Altizer assumiu essa idéia, mas fez a pro-
posta radical de que essa mudança foi permanente. Em lugar de uma
pessoa da Trindade se tornar humana, deixando o restante intocado,
Altizer sugeria que se considerasse a transformação de Deus em um ser
humano. E, quando esse ser humano morre, Deus morre também. Não
existe uma ressurreição ou uma ascensão literal; depois da morte de
Jesus, Deus não existe mais, pois morreu, literalmente.
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Em The Sea of Faith, Cupitt delineia uma posição que ele traba-
lharia com maior clareza em seus livros posteriores. Trata-se de uma po-
sição de não-realismo radical. Segundo seu ponto de vista, não é apenas
Deus que existe somente como uma construção da linguagem humana
— tudo também existe dessa maneira. Vivemos em um mundo feito de
palavras, e a maneira como essas palavras funcionam é determinada so-
mente por como as usamos. Portanto, se “Deus” é apenas uma palavra,
nada há de surpreendente a respeito disso, pois todas as demais coisas
também o são.
Sejam quais forem as diversas concepções sobre Deus — físico,
não físico, passível ou não de ser conhecido, objetivo, abstrato ou
subjetivo —, ele será um personagem recorrente deste livro. Isso não
surpreende muito, é claro. Mas a diversidade de tratamento em relação
a uma gama enorme de questões também reflete ou influencia as dife-
rentes visões de Deus. A esta altura, já deve estar claro que não há uma
doutrina cristã específica sobre Deus, mas muitas crenças diferentes, al-
gumas conflitantes. Em última análise, até dentro do Cristianismo, Deus
continua sendo o grande “Eu Sou” — ou seja, de impossível definição.
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