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Autoriza o Governo a legislar sobre o código Aeronáutico. Atribui a Luís da Silva Bastos uma pensão de Estado.
Concede benefícios fiscais às concessionárias do serviço público de Autoriza a Direcção-Geral do Tesouro a prestar um aval ao Banco
transportes aéreos. Comercial do Atlântico de Cabo Verde, visando garantir uma
operação de crédito no valor de 94 162 784,00 ECV, à EMPA.
Lei 127/V/2001:
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c) O regime dos actos ilícitos de mera ordenação - a prestação de informações falsas ou distorci-
social e os respectivos processos. das através dos terminais SCR;
Artigo 2º - as vendas falsas, incompletas ou discriminató-
(Extensão)
rias de produtos de transporte aéreo através
dos terminais SCR;
A autorização legislativa prevista no artigo anterior
abrange, designadamente: h) O regime de extradição por crimes cometidos
no domínio da aeronáutica civil;
a) A consagração no Código Aeronáutico do prin-
cípio da concessão, no domínio da aeronáu- i) O regime jurídico de prescrição dos crimes e
tica civil comercial, de incentivos fiscais des- das contra-ordenações cometidos no domínio
tinados exclusivamente a transportadores de da aeronáutica civil, bem como das respecti-
nacionalidade cabo-verdiana que preenche- vas sanções e processos;
rem determinados requisitos; j) O regime jurídico aplicável a processos admi-
b) O estabelecimento do regime jurídico aplicável nistrativos e judiciais pendentes após a en-
aos factos e actos que constituem contra- trada em vigor do Código Aeronáutico.
ordenação cometidos no domínio da aeronáu- Artigo 3º
tica civil, designadamente em casos de rein-
cidência; (Integração no Código Aeronáutico)
c) A tipificação de factos e actos constitutivos de Fica, ainda, o Governo autorizado a integrar no Có-
contra-ordenações aeronáuticas e a fixação digo Aeronáutico toda a matéria objecto da presente
das respectivas coimas e sanções acessórias Lei, devendo aquele assumir a forma, mais solene, de
e dos respectivos pressupostos de aplicação, Decreto-Legislativo.
bem como das circunstâncias atenuantes e
Artigo 4º
agravantes;
(Duração)
d) A fixação da competência da autoridade ou en-
tidade administrativa para o conhecimento A presente autorização legislativa tem a duração de
das contra-ordenações aeronáuticas e a apli- 45 dias.
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soluções ponderadas no contexto dos interesses legíti- b) Isenção de IUR, pelo período de 7 anos a contar
mos em jogo. da data de assinatura do contrato de conces-
são do serviço público de transporte aéreo ou
3. A tomada de consciência que nos últimos tempos da atribuição do estatuto de transportadora
vem incidindo sobre as questões levantadas pelo uso aérea de serviço público;
das aeronaves, designadamente em relação com a ener-
gia, o ambiente e a ocupação do espaço, o comércio c) Isenção do pagamento de direitos de importa-
mundial, o movimento turístico e a formação dos gran- ção, emolumentos gerais e o imposto de
des espaços económicos, tem representado, no plano consumo a importação dos equipamentos ne-
das suas manifestações externas, sucessivos e acentua- cessários à exploração da concessão, aerona-
dos apelos aos poderes públicos em ordem à adopção de ves e respectivos sobressalentes e rotáveis
medidas susceptíveis de promover o melhor equilíbrio motores, máquinas, ferramentas, utensílios,
entre a satisfação das necessidades de transportes e a peças de reserva e quaisquer outros mate-
utilização rentável, eficaz e segura dos meios mais riais destinados a manutenção das aerona-
apropriados. ves e das oficinas afectas ao serviço público
concedido pelo prazo de concessão;
4. As ligações aéreas satisfazem necessidades e
preenchem funções cuja importância no contexto polí- d) Isenção do pagamento de direitos de importa-
tico-geográfico do nosso país justifica o empenhamento ção, emolumentos gerais e imposto de
do Estado na preparação de medidas institucionais que consumo à importação de veículos motoriza-
permitam a sua acção nas formas mais adequadas à dos que circulem exclusivamente no períme-
satisfação do interesse público. tro dos aeroportos do país, pelo prazo de
concessão;
5. É exactamente neste quadro que se insere o pro-
cesso de privatização estratégica da TACV, SA num e) Isenção de pagamento de direitos de importa-
contexto de busca de parcerias empresariais externas e ção, emolumentos gerais e imposto de
internas consistentes passíveis de mobilização para o consumo à importação de combustíveis, lu-
nosso país de mais valias técnicas, económico- brificantes e provisões de bordo, pelo prazo
financeiras e de gestão indispensáveis a que a empresa de concessão;
possa fazer face à progressiva concorrência no sector
f) Isenção de pagamento de direitos de importa-
dos transportes aéreos.
ção, emolumentos gerais e o imposto de
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6.Visa-se, pois, com o presente diploma atribuir um consumo à importação de equipamentos in-
conjunto de benefícios fiscais às concessionárias do ser- formáticos e programas de computação ne-
viço público de transportes aéreos com o propósito de cessários ao desenvolvimento e a moderniza-
criação de um sector forte, dinâmico e de qualidade, ção de actividade concessionada;
que seja capaz de aproveitar as potencialidades do pre- g) Isenção de pagamento de impostos, os juros da
sente e, sobretudo, as que, no futuro, se abrirão com os obrigações emitidas pelas concessionárias do
fenómenos da globalização potenciando o desenvolvi- serviço público de transporte aéreos, pelo
mento da TACV no plano da sua expansão e moderni- prazo de concessão.
zação através da ocupação de novas rotas, criação de
novos mercados e melhoria da qualidade dos serviços Artigo 3º
oferecidos e a oferecer. Entrada em vigor
Assim, A presente lei entra imediatamente em vigor.
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional de- Aprovada em 23 de Novembro de 2000.
creta nos termos da alínea b) do artigo 174º e da alínea
h) do nº1 do artigo 176º da Constituição o seguinte: O Presidente da Assembleia Nacional, António do
Espírito Santo Fonseca.
Artigo 1º
Promulgado em 29 de Dezembro de 2000.
Objecto
Publique-se.
O presente diploma concede benefícios fiscais às
concessionárias do serviço público de transportes aé- O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
reos. MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
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a) Aplicar, transferir, converter, substituir ou em- 1. Em processos de investigação das infracções sub-
pregar esses dinheiros, bens ou produtos, no jacentes e de branqueamento, consagrar o dever de
todo ou em parte, directa ou indirectamente, participação à autoridade judiciária competente, desde
com o fim de ocultar ou dissimular a sua ori- que o pedido de informações seja ordenado por um juiz,
gem ilícita ou de ajudar uma pessoa impli- das informações relativas às relevantes operações e
cada na prática de qualquer dessas infrac- movimentos bancários e financeiros e à identificação
ções a eximir-se às consequências jurídicas dos clientes, afastando o sigilo bancário, das seguintes
dos seus actos, com pena de prisão de 4 a 12 entidades, bem como seus dirigentes e empregados:
anos;
a) Instituições de crédito, instituições parabancá-
b) Ocultar, dissimular ou encobrir a verdadeira rias, empresas seguradoras e sociedades ges-
natureza, origem, localização, disposição, toras de fundos de pensões com sede em ter-
movimentação, propriedade desses bens ou ritório cabo-verdiano;
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tida a verdadeira identificação do cliente, nos termos g) Conservação, por um período de cinco anos
legalmente previstos. após o termo das relações com os respectivos
clientes, de cópia ou referência dos documen-
3. Determinar que as entidades bancárias e finan- tos comprovativos da identificação, e, du-
ceiras e mesmo as autoridades de supervisão do sis- rante 10 anos a contar da data de execução
tema financeiro devem participar às autoridades judi- das operações, dos originais ou cópias com
ciárias competentes as operações, que pela sua idêntica força probatória, bem como das in-
natureza, volume, carácter inabitual em relação ao formações referidas na parte final do nú-
perfil do cliente, ou qualquer outro motivo fundado, se
mero anterior;
tornem suspeitas de se encontrarem relacionadas com
a prática de crimes previstos no corpo do nº 1 do artigo h) Não declaração da moeda nacional ou estran-
2º, ainda que os factos típicos constitutivos do crime geira à entrada do território de Cabo Verde;
tenham sido cometidos no estrangeiro.
Artigo 5º
i) Não utilização do sistema financeiro nas trans-
ferências internacionais de moeda, divisas
(Extensão: Contra-ordenações) ou títulos, provenientes do estrangeiro ou a
ele destinado.
A autorização conferida ao abrigo do artigo 1º tem a
seguinte extensão: 2. Tipificar como contra-ordenações, puníveis com
1. Tipificar como contra-ordenações, puníveis com coima de 500.000$00 a 750.000.000$00 ou de
coima de 75.000$00 a 25.000.000$00 ou de 25.000$00 a 250.000$00 a 250.000.000$00, consoante seja aplicada
10.000.000$00, consoante seja aplicada a entidades fi- a entidades financeiras ou a pessoas singulares, as in-
nanceiras ou a pessoas singulares, as infracções às re- fracções às regras de:
gras de :
a) Recusa da realização de operações com quem
a) Identificação obrigatória dos clientes e seus re- não forneça a identificação própria ou da
presentantes com quem as entidades bancá- pessoa por conta de quem actua;
rias ou financeiras estabeleçam relações de
negócios estáveis ou ocasionais, sempre que b) Dever especial de colaboração com a autori-
estas últimas ultrapassem o valor de dade judiciária competente logo que tenha
1.500.000$00; conhecimento de quaisquer factos que pos-
sam ser ou constituir indícios da prática de
b) Identificação obrigatória dos beneficiários de um dos crimes referidos no corpo do nº 1 do
seguros ou de operações do ramo "Vida" e de artigo 2º;
planos de pensões cujos prémios ou contri-
buições sejam superiores a 150.000$00 ou, c) Não revelação ao cliente ou a terceiros de que
em caso de prémio ou contribuição únicos, foram prestadas informações ou que está em
ultrapassem os 300.000$00; curso uma investigação criminal;
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d) Abstenção da execução, por período não super- em matéria de branqueamento, a que estão obrigadas
ior a vinte e quatro horas, de quaisquer ope- as entidades bancárias e financeiras referidas no ar-
rações que suspeitem estar relacionadas com tigo 3º e ao Ministro das Finanças a competência para
a prática de um dos crimes referidos no aplicar as coimas previstas na lei.
corpo do nº 1 do artigo 2º, e, verificadas cir-
Artigo 6º
cunstâncias excepcionais, por período não
superior a quarenta e oito horas, de opera- (Extensão: Obrigações de entidades não financeiras)
ções que ultrapassem um montante definido
por portaria do membro do Governo respon- A autorização conferida ao abrigo do artigo 2º tem a
sável pelas finanças, ouvido, o Banco de seguinte extensão:
Cabo Verde;
1. Sujeitar a princípios equivalentes, designada-
e) Prestação à autoridade judiciária competente mente os de identificação da clientela, registo das ope-
das informações que efectuarem, quando não rações, conservação da documentação que lhes respeita
seja possível suspender as mesmas ou, no e participação de operações suspeitas de ligação a prá-
entender daquela autoridade, essa suspen- ticas de branqueamento, incluindo o que fica disposto
são seja susceptível de frustrar ou iludir a em matéria de contra-ordenações e processo respectivo,
respectiva autoridade probatória ou preven- com as adaptações que se mostrem necessárias para
tiva. garantir a sua eficácia e praticabilidade, as pessoas
singulares e colectivas que:
3. Estabelecer um regime específico de responsabi-
lidade quanto à actuação em nome ou por conta de ou- a) Explorem salas de jogo;
trem, nomeadamente no sentido de:
b) Exerçam actividades de mediação imobiliária
a) A responsabilidade das pessoas colectivas pre- ou de compra de imóveis para revenda;
vista na lei não excluir a dos respectivos
c) Utilizem habitualmente bilhetes ou outros in-
agentes ou comparticipantes;
strumentos ao portador, ou que prestem ser-
b) As pessoas colectivas responderem solidaria- viços ou transaccionem bens de elevado valor
mente pelo pagamento das coimas, taxa de unitário, nomeadamente pedras e metais
justiça, custas e demais encargos quando de- preciosos, antiguidades ou bens culturais.
vidos, aplicados aos agentes e compartici-
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9. Atribuir ao Banco de Cabo Verde a competência É hoje indiscutível a afirmação de que o Código
para instruir os processos de contra-ordenação, por in- Penal, mais do que qualquer outro conjunto de normas,
fracção culposa aos deveres de diligência e vigilância representa ou espelha o momento e o grau de civiliza-
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ção atingido por uma sociedade, não só pelo tipo e na- o direito penal é a parcela do ordenamento jurídico
tureza das sanções que contém mas igualmente pela que mais atinência tem com a matéria de direitos , li-
selecção dos bens jurídicos que faz, enfim, pelo ideário berdades e garantias individuais , e que um Estado
político - criminal que atravessa e dá consistência a de direito democrático não pode manejar os instrumen-
todo o seu tecido normativo. tos punitivos com os mesmos critérios com que o faz
um sistema de poder autoritário.
Ora , o Código Penal vigente em Cabo Verde é basi-
camente o C. P. português de 1886, com as alterações Se pensarmos que, nos últimos vinte e cinco anos,
constantes de algumas reformas parcelares levadas a sucedeu a independência do país e ocorreu uma mu-
cabo em Portugal, e tornadas extensivas ao Ultramar, dança de regime há cerca de nove anos, que temos
e muito localizadas e pequenas alterações impostas neste momento uma nova Constituição que institui um
pelo legislador cabo-verdiano, após a independência do Estado de direito e que define um conjunto de normas
país. e princípios a observar pelo legislador ordinário, no-
meadamente no domínio penal, ficará clara necessi-
É, assim, no essencial, o Código de 1886, e, em boa dade de uma reforma urgente e global do velho código
parte, o de 1852, o que vigora em Cabo Verde. È ver- que ainda vigora entre nós.
dade que - e é isso que, de certo modo, as experiências
estrangeiras nos demonstram – não é a vetustez dos Ela é exigível ainda porque as normas relativas
códigos que dá um ou outro figurino à administração àquilo que se chama a doutrina geral do crime se mos-
da justiça, mas sim, a forma como se operam as refor- tram completamente desactualizadas face à evolução
mas em legislações antigas. No caso do C. P., porém, da dogmática jurídico-penal, tal como é ensinada nas
abundantes razões apontam para uma reforma global universidades modernas e é praticada pela jurispru-
e urgente do Código Penal. dência de países de cultura jurídica próxima da nossa;
porque as condições sociais, económicas, culturais e
Desde já é de sublinhar que o Código de 1852 nasceu políticas de Cabo Verde nada têm já a ver com o século
... velho e desactualizado, para além de ser considerado XIX; porque o próprio pensamento jurídico- penal, nas
uma cópia fiel e tradução apressada do Código Penal intenções político- criminais fundamentais que
napoleónico, necessitado, pois, de urgente substituição, contendem directamente com as partes especiais dos
segundo os comentaristas de então. Na verdade, aquele códigos penais , se modificou profunda e radicalmente ;
código introduziu em Portugal os “ métodos realistas” porque a Parte Especial, nem de perto, nem de longe
do legislador francês em matéria da política criminal, eleva à categoria de bens jurídico- penais os valores
que, grosseiramente, se traduziam na consagração do
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Demais a mais, sempre se considera ser o Código 1. O Código a elaborar ao abrigo da presente lei
Penal um verdadeiro “termómetro “ da evolução polí- deverá observar as normas e princípios constitucio-
tica, para realçar o estreito vínculo entre as mudanças nais e os preceitos constantes de instrumentos interna-
de regime político e o Código Penal. Ora, no nosso cionais a que Cabo Verde se encontra vinculado e rela-
caso, mantém-se, no essencial, um código do século tivos ao direito penal e aos direitos humanos.
XIX, que não é, nem podia ser um código que reflec-
tisse, de algum modo, os valores próprios de um Es- 2. A autorização referida no artigo antecedente
tado de direito moderno, sabendo-se, como se sabe, que terá os seguintes sentido e extensão:
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1) O novo Código Penal, do ponto de vista do 5. O novo Código, de acordo com a Constituição, de-
ideário político-criminal, deverá ser marcado verá estatuir que nenhuma pena ou medida de segu-
pelos valores fundamentais consagrados pela rança tem, como efeito necessário, a perda de direitos
Lei Fundamental de Cabo Verde, os quais, civis, profissionais ou políticos, o que o obrigará a
aliás, traduzem a idiossincrasia nacional uma profunda alteração do que dispõe o actual C. P.
cabo-verdiana: a crença na liberdade do Em matéria de “ efeitos das penas “.
homem e a consequente aposta na responsa-
bilidade pessoal; a dignificação da pessoa hu- O novo Código regulará a matéria das penas acessó-
mana e o afastamento de qualquer ideia de rias e dos efeitos das penas, no respeito desse impera-
sua instrumentalização para a realização de tivo constitucional. Por um lado, deverá definir um ca-
fins outros que não o livre desenvolvimento tálogo de penas acessórias ,e, por outro , submetê-las
da personalidade ética do indivíduo; a re- a um regime próprio de verdadeiras penas, nomeada-
núncia a formas de tratamento que condu- mente ao da limitação da sua medida pela medida
zam ou potenciem atitudes de conformismo da culpa e a da proibição de uma sua aplicação auto-
e a técnicas de segregação incompatíveis com mática. Razão por que as penas acessórias devem ser
o respeito pela dignidade da pessoa hu- sempre temporárias, entre um máximo e um mínimo e
a sua concreta aplicação ser avaliada e fundamentada
mana; a aposta na recuperação do homem; o
em cada caso.
culto do humanismo e a defesa de uma an-
tropologia optimista. Ele deverá prever como penas acessórias a proibição
2) A aplicação das sanções criminais terá sempre temporária do exercício de função, a proibição de
por finalidade a protecção dos bens jurídicos condução de veículos motorizados, a incapacidade para
eleger e ser eleito e a incapacidade para exercer poder
essenciais à subsistência da comunidade so-
paternal, tutela ou curatela.
cial e a reintegração do agente na vida co-
munitária. A solução é clara expressão da A primeira, para além de ser temporária, não
ideia - cara e própria de um Estado de di- abrangerá apenas funcionários públicos mas todos os
reito - de que a intervenção do direito penal que exerçam actividade ou profissão dependente de tí-
deverá ser vista como última ratio da polí- tulo ou de autorização ou homologação de autoridade
tica social e subsidiária dentro do sistema pública. A fim de ficar claro que se trata sempre de
estatal de controlo. O que quererá dizer que, pena, explicitar- se – à que ela não será aplicável
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num Estado de direito material, de cariz de- quando tem lugar a aplicação de medida de segurança
mocrático e social como o cabo-verdiano , o de interdição de actividades , a qual tem como pressu-
direito penal só deve intervir com os seus in- posto, não a culpa, mas, sim, a perigosidade do agente
strumentos próprios de actuação ali onde se revelada na prática do facto.
verifiquem lesões insuportáveis das condi-
ções comunitárias essenciais de livre reali- O mesmo se deverá fazer em relação à pena de proi-
zação e desenvolvimento da personalidade bição de condução, que se distinguirá claramente a me-
de cada homem. dida de segurança de cassação de licença de condução,
esta baseada na perigosidade manifestada no facto
O que deverá envolver ainda a aceitação da pelo agente.
ideia de que só finalidades “ relativas” de
prevenção, geral e especial, podem justificar Idêntico tratamento deverão merecer as medidas de
a aplicação de sanções criminais. A ideia de incapacidade para o sufrágio, activo e passivo. Deverá
que a prevenção geral assume o primeiro ser-se mais exigente no segundo caso do que no pri-
lugar como finalidade da pena, não a preven- meiro, dada a óbvia diferenciação de níveis de respon-
ção geral negativa ou de intimidação, mas a sabilidade. Assim, serão muito mais apertados os
prevenção geral positiva, de integração ou re- pressupostos de aplicação da medida de incapacidade
forço da consciência jurídica comunitária e para eleger e mais curto o período de aplicação da inca-
do seu sentimento de confiança no direito. pacidade.
Ideia, aliás, com autónomo fundamento consti- 6. Ainda no domínio das ideias –limite impostas por
tucional ( artigo 17º nº 5, in fine), aquele ideário político- criminal o novo Código Penal
deverá estabelecer que a medida da pena não poderá
3. Como expressão de um outro princípio, este de- ultrapassar, em caso algum, a medida da culpa e que
corrente da vertente social Estado de direito ( vidé, as medidas de segurança terão de se fundamentar na
entre outros, os artigos 1º , nºs 2,3 e 4 , 7º, 54º, 55º , e perigosidade do agente exteriorizada pela prática de
60º a 81º da Constituição), a pena deverá ter uma fina- um facto previsto como crime e não poderão resultar
lidade de ressocialização, estando afastadas desta ideia mais gravosas do que a pena abstractamente aplicável
quaisquer concepções paternalistas ou instrumentalis- ao facto cometido, nem exceder o limite necessário à
tas que pretendam consagrar um “modelo terapêutico” prevenção da perigosidade do agente.
ou impor alguma “ideologia de tratamento, inaceitá-
veis num Estado de direito. O que exprime, sem quaisquer dúvidas, a outra
ideia de que o princípio da culpa deverá ser visto como
4. O novo Código deverá, pois, subtrair ao regime exigência da inviolabilidade da dignidade da pessoa
do direito penal a disciplina de actividades e condutas humana (artigo 1º da Constituição). O novo Código
axiologicamente neutras, que devem ser consideradas será, pois, tributário de um direito penal da culpa.
como pertencentes ao âmbito de um direito substan- Não haverá pena sem culpa e a medida da pena nunca
cialmente administrativo. poderá exceder a medida da culpa. A culpa como um
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pressuposto da aplicação da pena, como forma de limi- pena, a par da indicação exemplificativa de certas cir-
tação do poder do Estado e consequente garantia da li- cunstâncias que poderão agravar ou atenuar a pena,
berdade pessoal. Relativamente às medidas de segu- dentro dos limites legais definidos. O que, segura-
rança, deverá reger o princípio da proporcionalidade, mente, criará as possibilidades de um melhor enqua-
que cumpre assim função materialmente similar à do dramento do caso concreto, e, assim, de uma maior jus-
princípio da culpa: não só a medida não poderá re- tiça do caso concreto, sem deixar de definir regras
sultar mais gravosa do que a pena abstractamente racionalizáveis, e, portanto, susceptíveis de controlo,
aplicável ao facto típico que indicia e fundamenta a nomeadamente em sede de recurso. O Código Penal de-
aplicação da medida de segurança ou exceder o limite
verá ser claro na exigência de que na sentença serão
do necessário à prevenção da perigosidade do agente ,
expressamente referidos os fundamentos da medida
como também deverá valer a ideia de subsidiarie-
dade e intervenção mínima na escolha da medida a concreta da pena.
aplicar.
9. O novo Código, naturalmente, consagrará, em ma-
7. Como outras formas de expressão do princípio téria de garantias e aplicação da lei penal, as soluções
da culpa, com o sentido atrás recortado, muitas outras impostas por outro princípio de política criminal, tam-
soluções deverão ser consagradas pelo novo Código. bém como autónomo assento constitucional (artigo
Entre elas: a exigência de imputação a título de negli- 31º): o da legalidade.
gência do resultado mais grave nos chamados crimes
preterintencionais ou agravados pelo resultado; o tra- Assim, proibirá a aplicação retroactiva da lei penal
tamento a ser dado ao erro sobre a ilicitude, com o desfavorável ao agente, tanto no que se refere a crimes
afastamento da responsabilidade por falta de culpa, e penas como a estados de perigosidade e medidas de
quando a falta de consciência da ilicitude não for cen- segurança, e o recurso à analogia para qualificar um
surável, a consagração da não responsabilização crimi- facto como crime, definir um estado de perigosidade ou
nal em situações de inimputabilidade, definida esta em determinar a pena ou a medida de segurança que lhes
razão da idade e da verificação de anomalia psíquica, corresponde.
sempre no pressuposto de que apenas se pode fazer um
juízo de censura ética quando o agente se pode deter- Entretanto, por exigência constitucional igualmente,
minar pela norma, tendo como base a consciência da deverá consagrar expressamente o princípio da aplica-
ilicitude do facto; a inimputabilidade por anomalia ção da lei penal concretamente mais favorável ao ar-
psíquica partirá de uma perspectiva que não se esgota guido.
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12. Mas mais (e diferente) do que isso, o novo Código 17. O novo Código distinguirá claramente as situa-
- e, neste aspecto, em sintonia com o que, por exemplo, ções de exclusão de ilicitude das de exclusão de culpa e
também estatuem os códigos da Guiné- Bissau, da de desculpa, evitando, assim, um preceito do género do
França, dos Países Baixos ou da Noruega - deverá pre- artº 44 do Código em vigor (ou o Projecto de 1980), que
ver a responsabilização das pessoas colectivas e entida- engloba situações completamente distintas, como de
des equiparadas pelas infracções criminais cometidas justificação (3, 4 e 5), de desculpa (2 e 7, in fine) e de
pelos seus órgãos ou representantes, em seu nome e na ausência de acção (1). Em relação às causas de exclu-
prossecução de interesses da respectiva colectividade, são da ilicitude, a descrição deverá ser naturalmente
salvo se o agente tiver actuado contra as ordens ou in-
exemplificativa, no pressuposto hoje irrecusável de que
struções do representado. Uma tal opção – que, aliás,
entre nós, tem recente precedente, qual seja o da Lei a ordem jurídica é uma unidade.
sobre as infracções fiscais aduaneiras – estará de
18. Em matéria de consequências jurídicas do facto
acordo com as necessidades, sobretudo de um ponto de
vista político – criminal, de um tal alargamento, a que punível, o diploma a elaborar deverá proceder à elimi-
não é estranha a pressão resultante da criminologia do nação da classificação das penas de prisão em maior e
white – collar crime cedo se deu conta da ineficácia de correccional, procedendo à sua unificação, de acordo
qualquer política de repressão ou prevenção criminal com as exigências de ressocialização da pena e com o
que não atinja directamente as organizações burocráti- fito de combater todo e qualquer efeito "infamante",
cas e impessoais em que se converteram nos principais para além de uma tal distinção não corresponder, já há
operadores no mundo dos negócios, sem esquecer, em- muito tempo, aos objectivos que, historicamente, a ela
bora, e igualmente, todo o arsenal crítico produzido no estavam associados.
sentido da não responsabilização criminal das pessoas
colectivas, nomeadamente, em sede de dogmática jurí- 19. Deverá ser elevado o limite mínimo da pena de
dico-penal. prisão para 30 dias, que é hoje de três dias, em função
do que hoje se entende ser a melhor solução de um
Solução, aliás, que, depois da revisão constitucional, ponto de vista de política criminal, balizada pela ideia
estará ao abrigo de quaisquer objecções, nomeada-
da recuperação do delinquente. Assim, está-se em sin-
mente de eventual inconstitucionalidade material.
tonia com aqueles que entendem dever ser encetada
13. No que respeita às formas de aparecimento do uma luta contra as penas curtas de prisão - contra
facto punível, o novo Código Penal deverá consagrar aquelas penas cuja duração é demasiado curta para
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um tratamento unitário da tentativa, fazendo, desapa- que se esboce uma tentativa séria de ressocialização,
recer, pois, a figura da frustração, enquanto categoria mas suficientemente longa para que o delinquente
dogmática autónoma, o que apenas razões de estrita e contacte com o ambiente deletério da prisão e veja in-
extrema logicismo fizeram consagrar nos códigos lati- terrompidas, quando não destruídas para sempre, as
nos oitocentistas. suas relações familiares, profissionais e sociais.
Outrossim, estabelecerá uma regra sobre a chamada 20. Deverá ser estabelecido um tecto para o limite
tentativa inidónea ou impossível, no quadro de uma
máximo das penas de prisão - 25 anos, sempre em obe-
construção unitária e objectiva da figura da tentativa,
que claramente deixa fora da punibilidade o caso cha- diência às exigências de prevenção especial já aqui re-
mado de tentativa irreal ou supersticiosa. feridas. Esse limite máximo não deverá, porém, ser re-
duzido drasticamente em função também das
Igualmente deverá estabelecer um regime claro e necessidades de prevenção geral e da realidade social
rigoroso sobre a desistência e o chamado arrependi- do país.
mento activo, incluindo regras sobre a desistência em
caso de comparticipação e nas hipóteses dos chamados Também pesou o facto de se saber hoje que mais
crimes de consumação antecipada. vale reduzir a duração legal das penas e instituir
um sistema de aplicação e execução que, numa me-
14. O Novo Código deverá eliminar o encobrimento dida razoável e sem pôr em causa a utilização de
como forma de comparticipação, seguindo-se o que
mecanismos e institutos exigidos nomeadamente
fazem as legislações modernas: prever uma tal figura
pelo fim de ressocialização do agente, a faça corres-
na parte especial como crime/s autónomo/s.
ponder à sua duração efectiva, do que ameaçar com
15. O Código deverá estabelecer regras as mais claras penas muito elevadas que, na prática, não são cum-
possíveis sobre o complicado problema da comunicabili- pridas em grande medida. Outrossim, sem preten-
dade das circunstâncias entre os comparticipantes num der pôr em causa o significado simbólico e o valor
facto, quando estão em causa os chamados crimes espe- de adequação do limite das penas às expectativas e
cíficos próprios ou impróprios. Nomeadamente, procu- representações comunitárias, também é um dado
rará esclarecer a vexata quaestio que consiste em saber adquirido hoje que, de acordo com Montesquieu, o
se a comunicação se faz de cúmplice para o autor. efeito de prevenção tem menos a ver com a severi-
16. No que se refere à punição do crime continuado, dade das penas do que com uma sua efectiva aplica-
o novo diploma optará por um princípio de exaspera- ção em tempo adequado e num processo expedito,
ção, isto é, a punição será estabelecido a partir da mol- razão por que, sobretudo quando a questão se co-
dura penal mais grave, sendo a determinação da me- loca em optar entre mais um, dois ou três anos a
dida concreta da pena feita de acordo com as regras mais ou a menos no limite máximo da pena aplicá-
gerais. O que não impede, assim, que se valore dentro vel em casos de criminalidade grave, a resposta se
daquela moldura a circunstância de ter havido plurali- torne quase irrelevante de um ponto de vista de po-
dade de factos. lítica criminal.
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21. O novo Código, em matéria de medidas sanciona- - o primeiro consiste em que, na esteira do que
tórias não institucionais deverá ir até onde o permitam dispõe a recente legislação espanhola, se
as possibilidades do país, nomeadamente em matéria deve prever um regime particular de liber-
de criação de estruturas de execução e acompanha- dade condicional para idosos(mais de setenta
mento das sanções criminais. Apesar de experiências anos) e doentes graves;
estrangeiras surgirem como muito positivas de um
ponto de vista de obtenção de finalidades de prevenção - o segundo : na definição dos pressupostos da li-
especial, não se deverá avançar na consagração de al- berdade condicional, limitar mais a sua
gumas delas, seja pela tal incapacidade de meios para concessão, por comparação com o regime ac-
as pôr em prática (casos dos regimes de semidetenção e tual, procedendo nomeadamente a um esca-
da prova), seja pura e simplesmente porque pareceram lonamento do tempo mínimo de prisão que
desajustadas para o país (casos das penas de admoes- tem de ser cumprido, em função da gravi-
tação e do trabalho social ou a favor da comunidade). dade da pena a que o agente foi condenado.
No entanto, o novo diploma deverá conter soluções,
também nesta matéria, que apontam nesse exacto sen- - o terceiro: a aplicação do regime de liberdade
tido moderno de aplicação e execução das sanções cri- condicional dependerá sempre do consenti-
minais tendo em vista a reintegração comunitária do mento do condenado, numa opção que, tendo
agente. Assim, por exemplo, a atribuição da qualidade em conta os objectivos de política criminal
de pena principal à multa, com amplitude diferente da subjacentes ao instituto - dirigidos, ao fim e
actual, enquanto peça essencial da política criminal e
ao cabo, à ideia de ressocialização -, sem es-
dos sistemas sancionatórias hodiernos. Sobretudo no
quecer a circunstância de se tratar de um re-
domínio da pequena e média criminalidade, a pena de
multa deverá ser verdadeira alternativa à pena de pri- gime sempre condicionado de liberdade - se
são desde que fiquem, no caso concreto , salvaguarda- funda numa rejeição de qualquer concepção
das as exigências de prevenção. paternalista, terapêutica ou autoritária na
aplicação e execução das sanções criminais e
Outrossim, deverá optar-se pelo sistema dos dias de na ideia de que existe um verdadeiro direito
multa, o que permite, de uma forma mais adequada, a cumprir a totalidade da pena.
adaptá-la à medida da culpa do agente e às suas condi-
ções económicas, esbatendo, assim, as habituais críti- 25. O novo Código consagrará ainda, no propósito
assumido, até onde foi possível e realista, de, sem pre-
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28. Como consequência da proibição constitucional 34. O novo Código procurará proceder a uma outra
de medidas de carácter perpétuo ou de duração ilimi- sistematização e nortear-se pela preocupação de sim-
tada ou indefinida, o Código modelará todas as medi- plificação no tratamento dos crimes contra a vida e a
das como temporárias, estabelecendo ainda que ces- integridade, evitando, por exemplo, tipos como os pre-
sará a sua aplicação quando cessar o estado de vistos nos actuais artigos 350º (tentativa de homicídio
perigosidade que a fundamentou. Porém, nos casos de e homicídio frustrado), 353º (envenenamento) e 355º
medidas não privativas da liberdade será definido um (parricídio) reformulando completamente os tipos de
tempo mínimo de cumprimento. crimes de ofensas corporais (artigos 359º e segs)-, evi-
29. Deverá ser prevista a possibilidade de, não se tando a sistematização tal qual é feita hoje dos chama-
tratando de objectos de comércio ilegal ou que ponham dos homicídio e ofensas corporais involuntários e supri-
em perigo a segurança das pessoas ou a ordem pública, mindo disposições inúteis, quando não importando
ou ainda que não ofereçam sério risco de ser utilizados soluções pouco claras, como, por exemplo as dos artºs
na prática de novos crimes, directamente, ou através 376º(homicídio e ofensas corporais com justificação do
do produto da sua venda, se cobrir as responsabilida- facto), -377º (legítima defesa face a homicídio ou ofensa
des do agente face ao lesado com os objectos do crime. corporal grave) e 378º (excesso de legítima defesa).
Trata-se de solução imposta pela, hoje, cada vez mais
indiscutível necessidade de consideração dos interesses 35. O Código, na esteira do que, de forma prevale-
da vítima no enquadramento e solução do fenómeno do cente, tem ensinado o direito comparado, deverá pre-
crime. No mesmo sentido, e também na esteira do que, ver o crime de homicídio a pedido da vítima e a instiga-
por exemplo, dispõem as leis espanhola e argentina, o ção ou auxílio ao suicídio. Trata-se de duas
novo Código deverá considerar que o crédito do lesado incriminações que, em conjugação com a das interven-
à indemnização por perdas e danos emergentes do ções e tratamentos médico - cirúrgicos arbitrários, as-
crime goza de preferência relativamente a qualquer seguram o enquadramento normativo capaz de ofere-
outro surgido após o cometimento do facto, incluindo a cer um princípio de resposta à difícil área problemática
multa e as custas processuais. da chamada eutanásia, na diversidade das suas mani-
festações - indirecta, passiva e activa.
30. O novo Código esclarecerá que a indemnização
por danos resultantes do facto punível é regulada pela Sempre numa perspectiva de um direito penal bali-
lei civil, nomeadamente no que respeita à definição dos zado pelo princípio da intervenção mínima e que pos-
seus pressupostos e critérios para proceder ao cálculo tula uma sua função de protecção subsidiária de bens
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Assim, para além de unificar num tipo - o sequestro - este tipo poderá funcionar como uma espécie de tipo re-
o que, tradicionalmente, vem tratado como sequestro sidual, nos casos em que o comportamento levado a
ou cárcere privado e rapto, deverá prever um tipo de cabo pelos meios descritos no tipo, e com a finalidade
crime onde se pune a intervenção médica sem consenti- também nele apontada (e que, assim, o demarcam de
mento do paciente. outros comportamentos socialmente adequados ou,
pelo menos, não merecedores de tutela penal, e que,
38. O novo Código Penal de Cabo Verde deverá in- sumariamente, poderiam ser apelidados de mera sedu-
cluir no domínio dos crimes contra as pessoas os, hoje, ção ou simples “piropo"), não consubstancia o crime de
chamados crimes sexuais, entendidos já não como cri- agressão sexual, na forma consumada ou tentada, ou,
mes contra a honestidade, mas, sim, como contra a li- ainda, outros tipos de crime, maxime crimes contra a
berdade e a autodeterminação sexuais. O que levará a honra.
exigir uma cuidadosa ponderação dos valores que me-
recem uma tutela jurídico-penal, de acordo com os cri- 43. O Código também deverá incluir, entre outros,
térios próprios de um Estado de direito, aberto a uma tipos como os de omissão de auxílio e não impedimento
pluralidade de concepções de vida e que não deve aspi- de crime contra a pessoa, que, de uma forma ou outra,
rar a uma qualquer modelação de comportamentos no pretendem ser expressão da violação de um exigível
domínio da moralidade, maxime a sexual. dever de solidariedade, em casos de grave necessidade
39. Desse modo, a previsão de crimes de "lenocínio" e provocado, nomeadamente, por calamidade pública ou
de "exploração de menor ou incapaz para fins porno- situação de perigo comum, ou, ainda, de perigo de vida
gráficos" obedecerá igualmente a um critério, aqui já para outrem, desde que, naturalmente, a conduta que
referido, de ir até onde se possa ainda afirmar a exis- se exige ao omitente não crie grave risco para a sua
tência de bem jurídico merecedor de tutela penal. Daí pessoa ou para a de terceiros.
que não se deva punir a prostituição em si mesma 44. O novo Código Penal de Cabo Verde deverá re-
considerada (ou a actividade de pornografia), mas ape- ponderar o desenho legal dos crimes contra a, honra,
nas a conduta de quem fomente a sua prática junto de desde o critério de distinção entre a difamação e a injú-
menores de certa idade (14 anos, ou, ainda, com pena ria, passando pela ideia, aparentemente exigida pela
mais baixa, 16 anos) ou de pessoas incapazes, ou, nossa realidade social, de um relativo reforço de sua
ainda, no primeiro caso, de pessoa em situação de ne-
punição. Considerando não existirem razões de fundo
cessidade económica extrema e o agente se tiver apro-
que levem à distinção entre injúria e difamação, seja a
veitado dessa situação.
que é fundada na circunstância de a ofensa ser dirigida
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40. O Código a aprovar deverá prever uma forte directamente ao ofendido ou dirigindo-se a terceiros
agravação para as situações em que, da prática do (como fazem o Código Penal português ou o italiano),
crime sexual, resulte, nomeadamente, gravidez, ofensa seja a que, como no código em vigor, no código aus-
grave à integridade física ou psíquica, transmissão de tríaco ou no brasileiro, se baseia na circunstância de se
doença grave e incurável, suicídio ou morte da vítima, imputar ou não facto ofensivo da honra, seja, ainda, a
com o que se pretenderá, nomeadamente quando se re- fundada em critérios intermédios, como na Suíça ou na
fere à gravidez, dar resposta particular, de forma Alemanha (na difamação, há imputação de factos per-
achada satisfatória, às especificidades relevantes da ante terceiros, na injúria, imputa-se um juízo ofensivo,
penetração violenta vaginal. seja directamente, seja perante terceiro), ele deverá
optar por unificar as figuras sob a epígrafe de injúria,
41. Como já se disse, para além dos casos de actos ao jeito do que se faz na Argentina ou em Espanha.
sexuais violentos, o diploma a aprovar dará cobertura
à protecção da autodeterminação sexual, pelo que de- Opção que, naturalmente, não impede que se tenha
verá prever tipos de crime sexual contra menores ou a noção de que, para muitos efeitos, nomeadamente os
pessoas diminuídas na sua capacidade de autodetermi- de tratamento dogmático, por exemplo, em sede de jus-
nação. Assim, deverão ser previstos tipos de crime de tificação ou de exclusão ou isenção da pena, sejam de
"abuso sexual de crianças" e também de "abuso sexual distinguir as situações de imputação de factos e as de
de menores". Neste caso, porém, deverá considerar-se meros juízos de valor.
como agente pessoa maior, já que o que se pretende
salvaguardar não é, por exemplo, a virgindade(como se 45. Outrossim, o Código novo deverá prever um tipo
fazia no código vigente em Cabo Verde com o estupro, que puna a ofensa à memória de pessoa falecida, em
antes da revogação do artº 392º pelo decreto-lei nº 78/ consonância com valores fortemente enraizados no
79, de 25 de Agosto), ou qualquer forma de atentado ao país, e numa preocupação tributária não apenas da
pudor. Com isso, afasta-se a punição em casos como os ideia de que a personalidade jurídica e os direitos a ela
de relações sexuais consentidos entre um jovem de 16 relativos são "empurrados" para depois da morte , mas
anos e outro de 15 ou, ainda, noutros casos, sempre igualmente da asserção de que a memória do falecido
que o acto sexual não tenha sido praticado prevale- ainda se projecta, de algum modo, na honra e conside-
cendo-se de sua superioridade, originada por qualquer ração dos que lhe são mais próximos.
relação ou situação, ou do facto de a vítima lhe estar
confiada para educação ou assistência. 46. Neste domínio, o novo diploma deverá ser adepto
de uma noção ampla de honra (abrangendo as qualida-
42. O Código, também na esteira de reformas recen- des relativas, quer à chamada personalidade moral,
tes e posições assumidas por crescentes sectores sociais quer a sua projecção social, e recusando uma qualquer
e doutrinários, deverá ponderar a consagração de um outra discriminação baseada na diferença entre uma
tipo de "assédio sexual", enquanto comportamento vio- noção fáctica ou normativa da honra), no que preten-
lador da liberdade de disposição sexual, através de or- deu, ao cabo e ao resto, sintonizar-se com a dimensão
dens, ameaças ou coacção com a finalidade de obter fa- da protecção concedida à honra na Constituição do
vores ou beneficies de natureza sexual. Na prática, país.
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47. O novo Código Penal deverá reformular e actuali- Igualmente, na área dos crimes ecológicos, informá-
zar a relevância da exceptio veritatis, fazendo-a abran- ticos, genéticos e outros, se deverá incluir o núcleo es-
ger os crimes de injúria e de ofensa a pessoa colectiva. sencial daquela criminalidade, devendo ser previstos
Concretamente, essa relevância deverá ter lugar tipos que correspondam a um núcleo essencial de valo-
quando a divulgação do facto se refira a pessoa que res no domínio da protecção ambiental, da economia e
tenha relevância pública ou exerça cargo público e do Estado e outros que, pode dizer-se, perderam já o
tenha por fim defender ou garantir um interesse pú- seu carácter pontual e adquiriram a determinação sufi-
blico actual ou dar satisfação à liberdade de informa- ciente para figurarem num corpo de leis com tendência
ção nos termos próprios de uma sociedade pluralista e para a estabilidade, independentemente da evolução
democrática- quando o facto imputado ao ofendido das estruturas económico- políticas.
tenha sido ou possa ser objecto de processo criminal e a
imputação seja feita para realizar interesse legítimo do 52. Deverá optar-se por não consagrar qualquer mo-
agente ou de terceiro ou quando a pessoa ofendida soli- delo que considere o valor da coisa como elemento
cite, por qualquer forma, a prova da imputação contra constitutivo do tipo de crime patrimonial, sendo certo
ela dirigida. que, na qualificação do furto, do roubo e de outros cri-
No entanto, não deverão estar sujeitos à possibili- mes contra o património, se deve entrar com a ponde-
dade de prova os factos protegidos pelo direito à intimi- ração de circunstâncias como as de "ter ficado a pessoa
dade da vida privada e familiar. prejudicada em difícil situação económicas' ou de "o
agente ter causado prejuízos consideráveis à vítima",
48. A moldura penal nos crimes contra a honra de- com o que, nomeadamente, se dá resposta a algumas
verá ser relativamente aumentada, de acordo com o das dificuldades apontadas a outros critérios conheci-
que parece ser uma exigência generalizadamente sen- dos, como o que liga a qualificação ou o privilegiamento
tida em Cabo Verde. a -níveis quantificados e prefixados do valor pecuniário
da coisa. Por um lado, aquelas ligadas à determinação
49. Deve ser garantida a protecção autónoma do di-
reito à privacidade, e, através deste, de direitos à ima- da responsabilidade subjectiva do agente(problemas de
gem e à palavra, mediante a criação de tipos penais dolo e de erro) quando ela se afere em função de um
próprios, como o "atentado à intimidade da vida pri- valor pré- fixado, como no código vigente, para além de
vada", "gravações, fotografias e filmes ilícitos", "de- problemas muito práticos que têm a ver com a necessi-
dade de quase permanente actualização dos valores,
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56. Deverão ser criados tipos de crime (algumas independência ou a integridade territorial do país, ou,
vezes chamados crimes contra a paz e a humanidade), ainda, o de criar um clima de agitação ou perturbação
de acordo com a necessidade de proteger valores e inte- social. E, se tivermos em conta o requisito de utilização
resses a que a comunidade internacional atribui a de certos meios de actuação, cremos, com isto, dar-se
maior importância , dando, aliás, consagração a nível correspondência, no essencial, às formas mais frequen-
do Código Penal ao que, algumas vezes, o Estado de tes e graves de atentado terrorista.
Cabo Verde se comprometeu a realizar, em convenções
assinadas por seus representantes. A par do atentado 60. No que se refere à protecção jurídico-penal do
(à vida, à integridade e à liberdade) contra certas enti- ambiente, o Código, sem pôr de lado ou minimizar o
dades estrangeiras normalmente objecto de especial clamor social que, hoje, entre nós também, soa em de-
protecção segundo o direito internacional, factos como fesa dos valores ambientais, deverá ser muito pru-
o genocídio, o recrutamento de mercenários, a organi- dente.
zação para a discriminação racial e a escravidão deve-
rão ser incriminados. De acordo com a ideia central de se limitar a protec-
ção penal a um núcleo já estabilizado, com significado
57. Na mesma linha de pensamento, e sobretudo comunitário, de valores, mas tendo igualmente em de-
nessa categoria de crimes, o novo diploma deverá limi- vida consideração as hesitações, as críticas, os cuida-
tar ao estritamente imposto pela defesa de bens jurídi- dos e as dificuldades que, tanto de um ponto de vista
cos e necessidade de intervenção penal a utilização de de adequação dos critérios legitimadores da interven-
técnicas de equiparação da tentativa à consumação ção penal, da eficácia das possíveis incriminações,
(seja pela via da mera equiparação quoad poenam seja quanto do modelo de construção típica desses crimes -
pela via de construção de crimes de empreendimento), de dano, de perigo concreto, de perigo abstracto, ou,
e de punição dos actos preparatórios. A punição excep- ainda, como delitos de desobediência vêm sendo ex-
cional de actos preparatórios, enquanto tais e não, por pressos, um pouco por todo o lado, o Código não deverá
exemplo, como incriminações autónomas ou Crimes instituir uma categoria autónoma de crimes contra o
autónomos , deverá ficar reduzida, em termos de actos ambiente. Antes, poderá tipificar, no âmbito de crimes
não tipicizados, a crimes como o genocídio, traição, sa- contra a segurança colectiva, crimes como o de danos
botagem contra a defesa nacional, provocação à guerra, contra o ambiente ou o de poluição.
violação de segredo de Estado(apenas quando estão em
causa a independência ou a integridade territorial do 61. As mesmas razões de fundo - limitação ao núcleo
país, e, não, por exemplo, a mera protecção dos interes- essencial e estabilizado de valores - a que acrescem as
de necessidade de tratamento jurídico particular, no-
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trados, ao mesmo tempo que procederá à redefinição do A Constituição da República e o Programa do Go-
tipo penal respectivo, de forma, nomeadamente, a com- verno destacam a importância da segurança social, re-
patibilizá-lo com os dispositivos constitucionais atinen- conhecendo-a como sendo um dos direitos fundamen-
tes às garantias do exercício da função judicial e de tais dos cidadãos, cabendo ao Estado, para além da sua
magistratura autónoma(M.P.). função de regulador e facilitador, exercer, também,
uma acção inspectiva, garantindo o cumprimento da lei
Artigo 3º e a defesa dos interesses dos destinatários.
(Prazo)
Nesse sentido, pretende-se, com a aprovação deste
A presente autorização legislativa é concedida por diploma, alargar a rede de segurança social a todos os
um período de 45 dias. cidadãos cabo-verdianos e suas famílias, visando, por
um lado, garantir a igualdade de tratamento e a inte-
Artigo 4º gração social através de protecção a grupos mais vulne-
(Entrada em vigor)
ráveis e, por outro lado, prevenir situações de carên-
cias, disfunção, marginalização, evitando, assim, todas
A presente lei entra imediatamente em vigor. as formas de exclusão, desigualdades sociais e assime-
trias.
Aprovada em 24 de Novembro de 2000.
Para o efeito, a presente Lei traz, na sua essência,
O Presidente da Assembleia Nacional, António do três regimes diferentes, ou seja, a Rede de Segurança,
Espírito Santo Fonseca. a Protecção Social Obrigatória e a Protecção Social
Complementar.
Promulgada em 10 de Janeiro de 2001.
O Programa do Governo estabelece que «O Sistema
Publique-se Nacional de Segurança Social deverá cobrir todos os
grupos sociais e profissionais, incluindo os trabalhado-
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
res independentes e as profissões liberais, e que a fun-
MASCARENHAS GOMES MONTEIRO
ção do Estado é de promover, organizar e coordenar o
Assinada em 13 de Janeiro de 2001. sistema com a participação de associações sindicais,
profissionais e patronais».
O Presidente da Assembleia Nacional, António do
É, pois, em cumprimento desse programa que se pre-
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A política da segurança social é um dos instrumen- A rede de segurança tem como fundamento a solida-
tos indispensáveis para o desenvolvimento económico, riedade nacional, reflecte um carácter distributivo e
e o garante do equilíbrio, equidade, tranquilidade e abrange toda a população residente que se encontre em
justiça social. situação de falta ou diminuição dos meios de subsistên-
cia e não possa assumir integralmente a sua própria
O Governo está consciente de que se deve preservar protecção.
e promover o desenvolvimento da cultura de solidarie-
dade nacional e de grupo, respeitando os sagrados Artigo 3º
princípios da universalidade, da igualdade, da respon- (Protecção social obrigatória)
sabilidade do Estado, da adequação, da participação e
da concertação social, para que todos os cidadãos se 1.A protecção social obrigatória pressupõe a solida-
sintam integrados, inseridos e membros participativos riedade de grupo, tem um carácter comutativo, assenta
no processo de desenvolvimento económico e social de numa lógica de seguro e abrange os trabalhadores, por
Cabo Verde. conta de outrem ou por conta própria, e suas famílias.
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2.A protecção social obrigatória tenderá a proteger g) Princípio da Concertação Social - Conduz à
os trabalhadores referidos no número anterior e res- obrigação do Estado de definir as medidas de
pectivas famílias, de acordo com o desenvolvimento política de protecção social em sintonia com
económico e social, nas situações de falta ou diminui- as organizações representativas da socie-
ção da capacidade de trabalho, de desemprego involun- dade civil.
tário e morte, bem como compensar os encargos fami-
Artigo 7º
liares.
(Relação com sistemas estrangeiros)
3.A protecção social obrigatória é financiada através
de contribuições dos trabalhadores e, quando for o O Estado promove a celebração ou adesão a acordos
caso, pelas entidades empregadoras. internacionais com o objectivo de serem garantidos, em
Artigo 4º
regime de reciprocidade, os direitos dos cidadãos cabo-
verdianos que exerçam a sua actividade noutros paí-
(Protecção social complementar) ses ou a estes se desloquem, bem como a conservação
dos direitos adquiridos e em formação quando regres-
A protecção social complementar assenta numa ló-
sem a Cabo Verde.
gica de seguro é de adesão facultativa e pretende refor-
çar a cobertura fornecida no âmbito dos regimes inte- CAPÍTULO II
grados na protecção social obrigatória.
Da Rede de Segurança
Artigo 5º
Artigo 8º
(Dispositivo permanente de protecção social)
(Objectivo)
1.O dispositivo permanente de protecção social com-
preende as prestações integradas na rede de segurança 1.Constitui objectivo da rede de segurança o bem
e nos regimes obrigatórios e complementares, bem estar das pessoas, das famílias e da comunidade, atra-
como as instituições de protecção social. vés da promoção social, incluindo a acção social, e do
desenvolvimento regional, a fim de reduzir as desigual-
2.Incumbe às instituições de protecção social gerir a
dades sociais e as assimetrias regionais.
rede de segurança e os regimes obrigatórios e comple-
mentares de protecção social. 2.A rede de segurança visa prevenir situações de ca-
Artigo 6º rência, disfunção e marginalização, bem como a inte-
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(Financiamento)
(Integração de Regimes especiais)
1.O financiamento é feito através:
1.Os funcionários e demais servidores do Estado, das
a) Do Orçamento do Estado; autarquias locais, dos institutos públicos e de outras
pessoas colectivas públicas cujo estatuto se reja pelas
b) Do Orçamento dos Municípios;
normas da função pública serão abrangidos pelo o re-
c) Do orçamento de projectos específicos, nacio- gime de protecção social por conta de outrem.
nais ou internacionais;
2.Os trabalhadores do Banco de Cabo Verde e de ou-
d) Dde donativos; tras instituições bancárias serão integrados no regime
de protecção social por conta de outrem.
e) De qualquer outra forma legalmente admi-
tida. 3.A integração poderá ser feita de forma faseada.
2.A utilização, por parte dos interessados, dos servi- Artigo 17º
ços e equipamentos sociais pode ficar sujeita ao paga-
(Prestações)
mento de comparticipações, tendo em conta os seus
rendimentos ou dos seus agregados familiares. As prestações podem ser pecuniárias ou em espécie e
Artigo 13º
devem ser adequadas às eventualidades a proteger,
tendo em conta a situação dos beneficiários e suas fa-
(Relação entre o Estado e as Organizações da Sociedade Civil) mílias.
1. O Estado reconhece e valoriza a acção desenvol- Artigo 18º
vida por organizações da sociedade civil na prossecução
dos objectivos da rede de segurança. ( Revisão das prestações)
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(Concorrência de prestações e rendimentos de trabalho) Do Regime dos Trabalhadores por conta de Outrem
2.Os efeitos da inscrição não se extinguem pelo de- (Condições de atribuição das prestações)
curso do tempo.
1. A atribuição das prestações ficará dependente de
Artigo 24º inscrição.
(Financiamento)
2. As prestações na doença, maternidade, invalidez,
1.Os trabalhadores e as entidades empregadoras velhice e morte dependem do decurso de um prazo de
quando for caso disso são obrigados a contribuir para o garantia.
financiamento da protecção social obrigatória.
3. O direito às prestações não fica prejudicado
2.As contribuições são determinadas pela incidência quando a falta de pagamento ou declaração das contri-
de percentagens fixadas sobre as remunerações efecti- buições não for imputável aos trabalhadores.
vas ou convencionadas.
4. As condições de atribuição das prestações serão
3.As contribuições dos trabalhadores por conta de desenvolvidas pelo Governo, podendo ser adaptadas às
outrem são descontadas pelas entidades empregadoras características do grupo a abranger.
nas respectivas remunerações e entregues por estas
Artigo 30º
juntamente com as contribuições próprias.
(Montante das prestações e revalorização)
Artigo 25º
(Gestão)
1. O montante das prestações será definido tendo
em atenção os rendimentos, encargos familiares, idade,
A gestão pode ser efectuada pelos órgãos gestores da grau de incapacidade, períodos de actividade profissio-
protecção social obrigatória ou por outras entidades de nal e contributivos.
Direito Privado.
2. Será ainda determinado um montante máximo e
A gestão pode ser efectuada por entidades gestoras mínimo das prestações, bem como as regras a que deve
da protecção social obrigatória ou por outras entidades obedecer a revalorização dos montantes que servem de
de Direito Privado. base ao cálculo das prestações.
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Os créditos resultantes das contribuições devidas 2. O direito às prestações é impenhorável salvo rela-
prescrevem no prazo de 10 anos. tivo àquelas cujo montante ultrapasse cinco vezes a re-
muneração mínima da função pública.
Artigo 47º
CAPÍTULO VII
(Contas sociais)
Disposições Finais e Transitórias
As contas sociais devem reflectir, relativamente ao
dispositivo de protecção social: Artigo 53º
(Regulamentação)
a) As receitas e despesas;
O Governo desenvolverá a presente lei de bases por
b) A origem das despesas sociais; Decreto-Lei.
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Cabo Verde, pequeno país insular, é particularmente 1. O M.S.F. – Macroeconomic Stability Fund tem
exposto aos riscos de choques externos, que aumentam por objecto financiar, operações que tenham por finali-
à medida que a economia do país vai crescendo e se dade assegurar a estabilidade cambial do Escudo de
concretiza a sua inserção no sistema económico mun- Cabo Verde ou/e a liquidez externa de Cabo Verde,
dial. sempre que a estabilidade cambial ou o equilíbrio ex-
terno sejam ameaçados ou, neste último caso, agravado
No conjunto dos riscos referidos, sobressaem os que por choques externos.
derivam de crises económicas de carácter universal ou
regional e susceptíveis de pôr em causa a estabilidade 2. A reposição dos recursos do M.S.F. – Macroeco-
cambial do Escudo de Cabo Verde ou/e de afectarem ou nomic Stability Fund utilizados em conformidade com
agravarem o equilíbrio externo. o nº1 deste artigo será feita nos termos estatutários
O Governo, desde o início, consciente da gravidade Artigo 4º
deste último conjunto de riscos, idealizou uma solução,
constituída por um fundo de suporte à estabilidade (Receitas)
cambial e à balança de pagamentos, propriedade do
1. Constituem receitas do M.S.F. – Macroeconomic
Banco Central.
Stability Fund:
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Efectivamente, a Constituição da República regula A presente lei estabelece o regime jurídico geral de
(artigo 44º), de forma relativamente pormenorizada, a protecção de dados pessoais das pessoas singulares.
matéria de utilização de meios informáticos e protecção
de dados pessoais, estabelecendo (artigo 44º, nº 1) que Artigo 2º
todos «os cidadãos têm direito de acesso aos dados in- (Âmbito de aplicação)
formatizados que lhes digam respeito, podendo exigir a
sua rectificação e actualização, bem como o direito de 1. A presente lei aplica-se ao tratamento de dados
conhecer a finalidade a que se destinam, nos termos da pessoais por meios total ou parcialmente automatiza-
lei». Estabelece, ainda, a Constituição da República dos, bem como ao tratamento por meios não automati-
(artigo 44º, nº 3) que a «lei regula a protecção de dados zados de dados pessoais contidos em ficheiros manuais
pessoais constantes dos registos informáticos, as condi- ou a estes destinados.
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5. O disposto no número anterior aplica-se no caso f) «Terceiro»: a pessoa singular ou colectiva, a au-
de o responsável pelo tratamento estar abrangido por toridade pública, o serviço ou qualquer outro
estatuto de extraterritorialidade, de imunidade ou por organismo que, não sendo o titular dos
qualquer outro que impeça o procedimento criminal. dados, o responsável pelo tratamento, o sub-
contratante ou outra pessoa sob autoridade
6. A presente lei aplica-se ao tratamento de dados directa do responsável pelo tratamento ou do
pessoais que tenham por objectivo a segurança pública, subcontratante, esteja habilitado a tratar os
a defesa nacional e a segurança do Estado, sem pre- dados;
juízo do disposto em normas especiais constantes de in-
strumentos de direito internacional a que Cabo Verde g) «Destinatário»: a pessoa singular ou colectiva,
se vincule e de legislação específica atinente aos res- a autoridade pública, o serviço ou qualquer
pectivos sectores. outro organismo a quem sejam comunicados
dados pessoais, independentemente de se
Artigo 3º
tratar ou não de um terceiro, sem prejuízo
(Exclusão do âmbito de aplicação) de não serem consideradas destinatários as
autoridades a quem sejam comunicados
A presente lei não se aplica ao tratamento de dados dados no âmbito de uma disposição legal;
pessoais efectuado por pessoa singular no exercício de
actividades exclusivamente pessoais ou domésticas. h) «Consentimento do titular dos dados»: qual-
quer manifestação de vontade, livre, especí-
Artigo 4º fica e informada, nos termos da qual o titu-
(Princípio geral) lar aceita que os seus dados pessoais sejam
objecto de tratamento;
O tratamento de dados pessoais deve processar-se de
forma transparente e no estrito respeito pela reserva i) «Interconexão de dados»: forma de tratamento
da intimidade da vida privada e familiar, bem como que consiste na possibilidade de relaciona-
pelos direitos, liberdades e garantias fundamentais do mento dos dados de um ficheiro com os
cidadão. dados de um ficheiro ou ficheiros mantidos
por outro ou outros responsáveis, ou manti-
Artigo 5º dos pelo mesmo responsável com outra fina-
(Definições) lidade.
1. Para efeitos da presente lei, entende-se por: 2. Para efeitos do disposto na alínea a) do número
anterior, é considerada identificável a pessoa que
a ) «Dados pessoais»: qualquer informação, de possa ser identificada, directa ou indirectamente, desi-
qualquer natureza e independentemente do gnadamente por referência a um número de identifica-
respectivo suporte, incluindo som e imagem, ção ou a um ou mais elementos específicos da sua iden-
relativa a uma pessoa singular identificada tidade física, fisiológica, psíquica, económica, cultural
ou identificável, «titular dos dados»; ou social.
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3. Para efeitos do disposto na alínea d) do número b) Cumprimento de obrigação legal a que o res-
anterior, sempre que as finalidades e os meios do tra- ponsável pelo tratamento esteja sujeito;
tamento sejam determinados por disposições legislati-
vas ou regulamentares, o responsável pelo tratamento c) Protecção de interesses vitais do titular dos
deve ser indicado na lei de organização e funciona- dados, se este estiver física ou legalmente in-
mento ou no estatuto da entidade legal ou estatutaria- capaz de dar o seu consentimento;
mente competente para tratar os dados pessoais em
d) Execução de uma missão de interesse público
causa.
ou no exercício de autoridade pública em que
CAPÍTULO II esteja investido o responsável pelo trata-
mento ou um terceiro a quem os dados sejam
Tratamento de dados pessoais comunicados;
SECÇÃO I e) Prossecução de interesses legítimos do respon-
Qualidade dos dados e legitimidade do seu tratamento sável pelo tratamento ou de terceiro a quem
os dados sejam comunicados, desde que não
Artigo 6º prevalecem os interesses ou os direitos, liber-
(Qualidade dos dados) dades e garantias do titular dos dados.
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c) Dizer respeito a dados manifestamente torna- 2. A interconexão de dados pessoais deve ser neces-
dos públicos pelo seu titular, desde que se sária e adequada à prossecução das finalidades legais
possa legitimamente deduzir das suas decla- ou estatutárias e de interesses legítimos dos responsá-
rações o consentimento para o tratamento veis dos tratamentos, não implicar discriminação ou di-
dos mesmos; minuição dos direitos, liberdades e garantias funda-
mentais dos titulares dos dados, ter em conta o tipo de
d) Ser necessário à declaração, exercício ou defesa dados objecto de interconexão e ser rodeada de adequa-
de um direito em processo judicial e for efec- das medidas de segurança.
tuado exclusivamente com essa finalidade.
SECÇÃO II
4. O tratamento dos dados pessoais referentes à
saúde e à vida sexual, incluindo os dados genéticos, é Direitos do titular dos dados
permitido quando for necessário para efeitos de medi- Artigo 11º
cina preventiva, de diagnóstico médico, de prestação de
cuidados ou tratamentos médicos ou de gestão de servi- (Direito de informação)
ços de saúde, desde que o tratamento desses dados seja
efectuado por um profissional de saúde obrigado ao se- 1. Quando recolher dados pessoais directamente do
gredo profissional ou por outra pessoa igualmente su- seu titular, o responsável pelo tratamento ou o seu re-
jeita a uma obrigação de segredo equivalente, tenha presentante deve prestar-lhe, salvo se já forem dele
sido notificada a Comissão Parlamentar de Fiscaliza- conhecidas, as seguintes informações:
ção nos termos do artigo 23º, e sejam garantidas medi-
a) Identidade do responsável pelo tratamento e,
das adequadas de segurança da informação.
se for caso disso, do seu representante;
5. O tratamento dos dados referidos no número 1
pode ainda ser efectuado, com medidas adequadas de b) Finalidades do tratamento;
segurança da informação, quando se mostrar indispen- c) Os destinatários ou categorias de destinatários
sável à protecção da segurança do Estado, da defesa da dos dados;
segurança pública e da prevenção, investigação ou re-
pressão de infracções penais. d) O carácter obrigatório ou facultativo da res-
Artigo 9º
posta, bem como as possíveis consequências
se não responder;
(Registos de actividades ilícitas, condenações penais,
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do tratamento de dados com finalidades estatísticas, 5. O direito de acesso à informação relativa a dados
históricas ou de investigação científica, a informação da saúde, incluindo os dados genéticos, é exercido por
do titular dos dados se revelar impossível ou implicar intermédio de médico escolhido pelo titular dos dados.
esforços desproporcionados ou ainda quando a lei de-
terminar expressamente o registo dos dados ou a sua 6. No caso de os dados não serem utilizados para
divulgação. tomar medidas ou decisões em relação a pessoas deter-
minadas, a lei pode restringir o direito de acesso nos
6. A obrigação de informação não se aplica ao trata- casos em que manifestamente não exista qualquer per-
mento de dados efectuado para fins exclusivamente igo de violação dos direitos, liberdades e garantias do
jornalísticos ou de expressão artística ou literária, titular dos dados, designadamente do direito à sua in-
salvo quando estiverem em causa direitos, liberdades e timidade da vida privada, e os referidos dados forem
garantias dos titulares dos dados. exclusivamente utilizados para fins de investigação
científica ou conservados sob forma de dados pessoais
Artigo 12º
durante um período que não exceda o necessário à fina-
(Direito de acesso) lidade exclusiva de elaborar estatísticas.
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sejam tomadas medidas de garantia da defesa dos in- ou a eliminação não autorizadas de dados
teresses legítimos do titular dos dados. pessoais inseridos (controlo da inserção);
SECÇÃO III d) Impedir que sistemas de tratamento automati-
Segurança e confidencialidade do tratamento zados de dados possam ser utilizados por
pessoas não autorizadas através de instala-
Artigo 15º
ções de transmissão de dados (controlo da
(Segurança do tratamento) utilização);
1. O responsável pelo tratamento deve pôr em prá- e) Garantir que as pessoas autorizadas só possam
tica as medidas técnicas e organizativas adequadas ter acesso aos dados abrangidos pela autori-
para proteger os dados pessoais contra a destruição, zação (controlo de acesso);
acidental ou ilícita, a perda acidental, a alteração, a di-
fusão ou o acesso não autorizados, nomeadamente f) Garantir a verificação das entidades a quem
quando o tratamento implicar a sua transmissão por possam ser transmitidos os dados pessoais
rede, e contra qualquer outra forma de tratamento ilí- através das instalações de transmissão de
cito. dados (controlo da transmissão);
2. As medidas previstas no número anterior devem g) Garantir que possa verificar-se, a posteriori,
assegurar, atendendo aos conhecimentos técnicos dis-
em prazo adequado à natureza do trata-
poníveis e aos custos resultantes da sua aplicação, um
nível de segurança adequado em relação aos riscos mento, a fixar na regulamentação aplicável
que o tratamento apresenta e à natureza dos dados a a cada sector, quais os dados pessoais intro-
proteger. duzidos, quando e por quem (controlo da in-
trodução);
3. O responsável pelo tratamento, em caso de trata-
mento por sua conta, deverá escolher um subcontra- h) Impedir que, na transmissão de dados pes-
tante que ofereça garantias suficientes em relação às soais, bem como no transporte do seu su-
medidas de segurança técnica e de organização do tra- porte, os dados possam ser lidos, copiados,
tamento a efectuar, e deverá zelar pelo cumprimento alterados ou eliminados de forma não autori-
dessas medidas. zada (controlo do transporte).
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4. A realização de operações de tratamento em sub- 2. Tendo em conta a natureza das entidades respon-
contratação deve ser regida por um contrato ou acto ju- sáveis pelo tratamento e o tipo das instalações em que
rídico que vincule o subcontratante ao responsável pelo
é efectuado, a Comissão Parlamentar de Fiscalização
tratamento e que estipule, designadamente, que o sub-
contratante apenas actua mediante instruções do res- pode dispensar a existência de certas medidas de se-
ponsável pelo tratamento e que lhe incumbe igual- gurança, garantido que se mostre o respeito pelos di-
mente o cumprimento das obrigações referidas nos reitos, liberdades e garantias dos titulares dos dados.
números 1 e 2.
3. Os sistemas devem garantir a separação lógica
5. Para efeitos de conservação de provas, os elemen- entre os dados referentes à saúde e à vida sexual, in-
tos da declaração negocial, do contrato ou do acto jurí- cluindo os genéticos, dos restantes dados pessoais.
dico relativos à protecção dos dados, bem como as exi-
gências relativas às medidas referidas nos números 1 e 4. A Comissão Parlamentar de Fiscalização pode de-
2, são consignados por escrito ou em suporte equiva- terminar que a transmissão seja cifrada, nos casos em
lente, de preferência, com valor probatório legalmente que a circulação em rede de dados pessoais referidos
reconhecido. nos artigos 8º e 9º possa pôr em risco direitos, liberda-
des e garantias dos respectivos titulares.
Artigo 16º
(Confidencialidade do tratamento)
1. Os responsáveis pelo tratamento dos dados referi-
dos nas alíneas do número 1, nos número 2 e 5 do ar- Qualquer pessoa que, agindo sob a autoridade do
tigo 8º e no número 1 do artigo 9º devem tomar as me-
responsável pelo tratamento ou do subcontratante,
didas adequadas e acrescidas de segurança da
informação, designadamente para: bem como o próprio subcontratante, tenha acesso a
dados pessoais, não pode proceder ao seu tratamento
a) Impedir o acesso de pessoa não autorizada às sem instruções do responsável pelo tratamento, salvo
instalações utilizadas para o tratamento des- por força de obrigações legais.
ses dados (controlo da entrada nas instala-
ções); Artigo 18º
(Sigilo profissional)
b) Impedir que suportes de dados possam ser
lidos, copiados, alterados ou retirados por l. Os responsáveis do tratamento de dados pessoais,
pessoa não autorizada (controlo dos suportes
bem como as pessoas que, no exercício das suas fun-
de dados);
ções, tenham conhecimento dos dados pessoais trata-
c) Impedir a introdução não autorizada, bem dos, ficam obrigados a sigilo profissional, mesmo após
como a tomada de conhecimento, a alteração o termo das suas funções.
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2. Igual obrigação recai sobre os membros da Comis- c) For necessária ou legalmente exigida para a
são Parlamentar de Fiscalização, mesmo após o termo protecção de um interesse público impor-
do mandato. tante, ou para a declaração, o exercício ou a
defesa de um direito num processo judicial;
3. O disposto nos números anteriores não exclui o
dever do fornecimento das informações obrigatórias, d) For necessária para proteger os interesses vi-
nos termos legais, excepto quando constem de ficheiros tais do titular dos dados;
organizados para fins estatísticos.
e) For realizada a partir de um registo público
4. O pessoal que exerça funções de assessoria à Comis- que, nos termos de disposições legislativas
são Parlamentar de Fiscalização ou aos seus membros ou regulamentares, se destine à informação
está sujeito à mesma obrigação de sigilo profissional. do público e se encontre aberto à consulta
do público em geral ou de qualquer pessoa
CAPÍTULO III que possa provar um interesse legítimo,
Transferência de dados pessoais desde que as condições estabelecidas na lei
para a consulta sejam cumpridas no caso
Artigo 19º concreto.
(Princípios) 2. Sem prejuízo do disposto no número 1, pode ser
1. Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, a autorizada pela Comissão Parlamentar de Fiscalização
transferência de dados pessoais que sejam objecto de uma transferência ou um conjunto de transferências
tratamento ou que se destinam a sê-lo, só pode reali- de dados pessoais para um país que não assegure um
zar-se com respeito das disposições da presente lei e nível de protecção adequado na acepção do número 2
demais legislação aplicável em matéria de protecção de do artigo anterior, desde que o responsável pelo trata-
dados pessoais e, tratando-se de transferência para o mento apresente garantias suficientes de protecção da
estrangeiro, para o país que assegurar um nível de pro- vida privada e dos direitos e liberdades fundamentais
tecção adequado. das pessoas, assim como do seu exercício, designada-
mente, mediante cláusulas contratuais adequadas.
2. A adequação do nível de protecção é apreciada em
função de todas as circunstâncias que rodeiem a trans- 3. A Comissão Parlamentar de Fiscalização comu-
nica ao Primeiro Ministro das autorizações que conce-
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4. Estão isentos de notificação os tratamentos cuja j) A descrição geral que permita avaliar de forma
única finalidade seja a manutenção de registos que, preliminar a adequação das medidas toma-
nos termos de disposições legislativas ou regulamenta- das para garantir a segurança do trata-
mento em aplicação dos artigos 15º e 16º.
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a) O tratamento dos dados pessoais a que se refe- c) A ou as finalidades a que se destinam os dados
rem as alíneas a) e c) do número 1 do artigo e as categorias de entidades a quem podem
8º e o número 2 do artigo 9º; ser transmitidos;
d) A utilização de dados pessoais para fins não f) As transferências de dados previstas para ou-
determinantes da recolha. tros países.
2. O diploma legal que autorizar os tratamentos a 2. Qualquer alteração das indicações constantes do
que se refere o número anterior carece de prévio pare- número 1 está sujeita aos procedimentos previstos nos
cer da Comissão Parlamentar de Fiscalização. artigos 23º e 24º.
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2. A coima é agravada para o dobro dos seus limites c) Desviar ou utilizar dados pessoais, de forma in-
quando não forem cumpridas as obrigações constantes compatível com a finalidade determinante da
dos artigos 7º, 8º, 9º, 10º, 19º e 20º. recolha ou com o instrumento de legalização;
Artigo 35º d) Promover ou efectuar uma interconexão ilegal
de dados pessoais;
(Concurso de infracções)
e) Depois de ultrapassado o prazo que lhes tiver
1. Se o mesmo facto constituir, simultaneamente, sido fixado pela Comissão Parlamentar de
crime e contra-ordenação, o agente é punido sempre a Fiscalização para cumprimento das obriga-
título de crime. ções previstas na presente lei ou em outra le-
gislação de protecção de dados, as não cum-
2. As sanções aplicadas às contra-ordenações em prir;
concurso são sempre cumuladas materialmente.
f) Depois de notificado pela Comissão Parlamen-
Artigo 36º
tar de Fiscalização para o não fazer, manti-
(Punição de negligência e da tentativa) ver o acesso a redes abertas de transmissão
de dados a responsáveis pelo tratamento de
1. A negligência é sempre punida nas contra- dados pessoais que não cumpram as disposi-
ordenações previstas no artigo 34º. ções da presente lei.
2. A tentativa é sempre punível nas contra- 2. A pena é agravada para o dobro dos seus limites
ordenações previstas nos artigos 33º e 34º. quando se tratar de dados pessoais a que se referem os
artigos 8º e 9º.
Artigo 37º
Artigo 41º
(Aplicação das coimas)
(Acesso indevido)
1. A aplicação das coimas previstas na presente lei
compete ao presidente da Comissão Parlamentar de 1. Quem, sem a devida autorização, por qualquer
Fiscalização, sob prévia deliberação desta. modo, aceder a dados pessoais cujo acesso lhe está ve-
dado é punido com prisão até um ano ou multa até
2. A deliberação da Comissão Parlamentar de Fisca- 120 dias.
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lização, depois de homologada pelo presidente, consti- 2. A pena é agravada para o dobro dos seus limites
tui título executivo, no caso de não ser impugnada no quando o acesso:
prazo legal.
a) For conseguido através de violação de regras
Artigo 38º
técnicas de segurança;
(Cumprimento do dever omitido)
b) Tiver possibilitado ao agente ou a terceiros o
Sempre que a contra-ordenação resulte de omissão conhecimento de dados pessoais;
de um dever, a aplicação da sanção e o pagamento da
c) Tiver proporcionado ao agente ou a terceiros
coima não dispensam o infractor do seu cumprimento, benefício ou vantagens patrimoniais.
se este ainda for possível.
3. No caso previsto no número 1 o procedimento cri-
Artigo 39º
minal depende de queixa.
(Destino das receitas cobradas)
Artigo 42º
O montante das importâncias cobradas, em resul- (Viciação ou destruição de dados pessoais)
tado da aplicação das coimas, reverte para o Estado,
salvo disposição legal que disponha de modo diferente. 1. Quem, sem a devida autorização, apagar, destruir,
danificar, suprimir ou modificar dados pessoais, tor-
SUBSECÇÃO II nando-os inutilizáveis ou afectando a sua capacidade
Crimes
de uso, é punido com prisão até dois anos ou multa até
240 dias.
Artigo 40º
2. A pena é agravada para o dobro nos seus limites
(Não cumprimento de obrigações relativas a protecção de dados) se o dano produzido for particularmente grave.
1. É punido com prisão até um ano ou multa até 120 3. Se o agente actuar com negligência, a pena é, em
dias quem intencionalmente: ambos os casos, de prisão até um ano ou multa até 120
dias.
a) Omitir a notificação ou o pedido de autorização
a que se referem os artigos 23º e 24º; Artigo 43º
(Desobediência qualificada)
b) Fornecer falsas informações na notificação ou
nos pedidos de autorização para o trata- 1. Quem, depois de notificado para o efeito, não in-
mento de dados pessoais ou neste proceder a terromper, cessar ou bloquear o tratamento de dados
modificações não consentidas pelo instru- pessoais é punido com a pena de prisão correspondente
mento de legalização; ao crime de desobediência qualificada.
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2. Na mesma pena incorre quem, depois de notifi- 2. A publicidade da decisão condenatória faz-se a ex-
cado: pensas do condenado, em publicação periódica de
maior expansão editada na área da comarca da prática
a) Recusar, sem justa causa, a colaboração que da infracção, ou na sua falta, em publicação periódica
concretamente lhe for exigida pela Comissão de maior expansão da comarca mais próxima, bem
Parlamentar de Fiscalização, nos termos da como através da afixação de edital em suporte ade-
lei; quado, por período não inferior a 30 dias.
b) Não proceder ao apagamento, destruição total 3. A publicação é feita por extracto de que constem
ou parcial de dados pessoais; os elementos da infracção e as sanções aplicadas, bem
como a identificação do agente.
c) Não proceder à destruição de dados pessoais,
findo o prazo de conservação previsto no ar- CAPÍTULO VII
tigo 6º.
Disposições transitórias e finais
Artigo 44º
Artigo 47º
(Violação do dever de sigilo)
(Ficheiros manuais existentes)
1. Quem, obrigado a sigilo profissional, nos termos
da lei, sem justa causa e sem o devido consentimento, 1. Os tratamentos de dados existentes em ficheiros
revelar ou divulgar no todo ou em parte dados pessoais manuais à data da entrada em vigor da presente lei
é punido com pena de prisão de seis meses até três devem cumprir o disposto nos artigos 8º, 9º, 11º e 12º
anos ou multa de oitenta a duzentos dias, se pena mais no prazo de cinco anos.
grave não lhe for aplicável, independentemente da me-
dida disciplinar correspondente à gravidade da sua 2. Em qualquer caso, o titular dos dados pode obter,
falta, a qual poderá ir até à cessação do vínculo que o a seu pedido e, nomeadamente, aquando do exercício
liga ao cargo ou função. do direito de acesso, a rectificação, o apagamento ou o
bloqueio dos dados incompletos, inexactos ou conserva-
2. A pena é agravada de metade dos seus limites se o dos de modo incompatível com os fins legítimos prosse-
agente: guidos pelo responsável pelo tratamento.
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a) For pessoal da função pública ou equiparado, 3. A Comissão Parlamentar de Fiscalização pode au-
nos termos da lei penal; torizar que os dados existentes em ficheiros manuais e
conservados unicamente com finalidades de investiga-
b) For determinado pela intenção de obter qual- ção histórica não tenham que cumprir o disposto nos
quer vantagem patrimonial ou outro benefí- artigos 8º, 9º e 10º, desde que não sejam, em nenhum
cio ilegítimo; caso, reutilizados para finalidade diferente.
c) Puser em perigo a reputação, a honra e consi- Artigo 48º
deração ou a intimidade da vida privada de
outrem. (Ficheiros automatizados existentes)
3. A negligência é punível com prisão até seis meses Os titulares de ficheiros automatizados existentes à
ou multa até 120 dias. data da entrada em vigor da presente lei devem cum-
prir rigorosamente o que nela se contém, designada-
4. Fora dos casos previstos no número 2, o procedi- mente adaptar tais ficheiros no prazo de um ano
mento criminal depende de queixa.
Artigo 49º
Artigo 45º
(Entrada em vigor)
(Punição da tentativa)
A presente lei entra em vigor trinta dias após a sua
Nos crimes previstos nas disposições anteriores, a publicação.
tentativa é sempre punível.
Aprovada em 20 de Dezembro de 2000.
Artigo 46º
O Presidente da Assembleia Nacional, António do
(Sanções acessórias) Espírito Santo Fonseca.
1. Conjuntamente com as coimas ou penas aplicadas Promulgado em 10 de Janeiro de 2001.
pode, acessoriamente, ser ordenada:
Publique-se
a) A proibição temporária ou definitiva do trata-
mento, o bloqueio, o apagamento ou a des- O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
truição total ou parcial dos dados; MASCARENHAS GOMES MONTEIRO
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Trata-se de um domínio de capital importância e que De igual modo, a presente lei prevê de forma tipifi-
mereceu consagração no texto constitucional (artigo cada o regime de tratamento dos dados de tráfego para
44º). Efectivamente, a Constituição da República esta- efeitos de facturação, bem como um regime sancionató-
belece no seu artigo 44º, nº 3 que a «lei regula a protec- rio para os caso de cometimento de infracções.
ção de dados pessoais constantes dos registos informá-
ticos, as condições de acesso aos bancos de dados, de Prevê-se, ainda, o diploma a designação pelo
constituição e de utilização por autoridades públicas e Conselho de Ministros de uma autoridade indepen-
entidades privadas de tais bancos ou de suportes infor- dente que intervém com entidade reguladora e fiscali-
máticos dos mesmos». zadora, com poderes de autoridade, designadamente
em matéria de aplicação de coimas em certos casos.
Estabelece, ainda, a Constituição da República que a
«todos é garantido acesso às redes informáticas de uso Uma vez que se está no domínio da protecção de
público, definido na lei, e o regime aplicável aos fluxos dados pessoais, o diploma prevê a intervenção da Co-
de dados transfronteiras e as formas de protecção de missão Parlamentar de Fiscalização, organismo a ser
dados pessoais e de outros cuja salvaguarda se justifi- criado por diploma especial e a quem compete o
que por razões de interesse nacional, bem como o re- controlo e a fiscalização, em geral, de tratamento de
gime de limitação do acesso, para a defesa dos valores dados pessoais por parte de entidades públicas ou pri-
jurídicos tutelados pelo disposto no nº 4 do artigo 47º» vadas.
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1. O prestador de um serviço deve adoptar todas as 3. O tratamento referido no número anterior apenas
medidas técnicas e organizacionais necessárias para é lícito até final do período durante o qual a factura
garantir a segurança dos serviços de telecomunicações pode ser legalmente contestada ou o pagamento recla-
acessíveis ao público que presta e, se necessário, no mado.
que respeita à segurança da rede, deve fazê-lo conjun-
tamente com o operador da rede pública que suporta o 4. Para efeitos de comercialização dos seus próprios
serviço. serviços de telecomunicações, o prestador de um ser-
viço de telecomunicações acessível ao público pode tra-
2. As medidas referidas no número anterior devem tar os dados referidos no número 2 se o assinante tiver
ser adequadas à prevenção dos riscos existentes, tendo dado o seu consentimento.
em conta a proporcionalidade dos custos da sua aplica-
ção e o estado de evolução tecnológica. 5. O tratamento dos dados referentes ao tráfego e à
facturação deve ser limitado ao pessoal das operações
3. Em caso de risco especial de violação da segurança das redes públicas de telecomunicações ou dos presta-
da rede, o prestador de um serviço de telecomunicações dores de serviços de telecomunicações acessíveis ao pú-
acessível ao público deve informar os assinantes da blico encarregados da facturação ou da gestão do trá-
existência desse risco, bem como das soluções possíveis fego, da informação e assistência a clientes, da
para o evitar e respectivos custos. detecção de fraudes e da comercialização dos próprios
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3. Os direitos a que se refere o número 2 são conferi- das coimas por violação dos artigos 6º, nº 3, 7º, 12º e 13º
dos aos assinantes que sejam pessoas singulares ou do presente diploma.
pessoas colectivas sem fim lucrativo.
2. O processamento das restantes contra-ordenações
Artigo 13º
compete à autoridade independente referida no nú-
(Chamadas não solicitadas) mero 3 do artigo 4º.
1. As acções de marketing directo com utilização de 3. As receitas proveniente das coimas aplicadas pela
aparelhos de chamada automáticos ou de aparelhos de Comissão Parlamentar de Fiscalização revertem-se a
fax carecem do consentimento prévio do assinante cha- favor do Estado.
mado.
4. As receitas provenientes das coimas aplicadas
2. O assinante tem o direito de se opor, gratuita- pela autoridade independente referida no número an-
mente, a receber chamadas não solicitadas para fins de
terior revertem-se em 60% para essa autoridade e em
marketing directo realizadas por meios diferentes dos
40% para o Estado.
referidos no número anterior.
Artigo 18º
3. Os direitos a que se referem os números anterio-
res são conferidos aos assinantes quer sejam pessoas (Disposições transitórias)
singulares quer colectivas.
1. É dispensado o consentimento previsto no número
4. As obrigações decorrentes do presente artigo re- 4 do artigo 7º relativamente ao tratamento de dados
caem sobre as entidades que promovam as acções de pessoais já em curso à data da entrada em vigor da
marketing directo. presente lei, desde que os assinantes sejam informados
Artigo 14º deste tratamento e não manifestem o seu desacordo no
prazo de 60 dias.
(Características técnicas e normalização)
2. O artigo 12º não é aplicável às edições de listas pu-
O cumprimento da presente lei não pode determinar
a imposição de requisitos técnicos específicos dos equi- blicadas antes da entrada em vigor da presente lei ou
pamentos terminais ou de outros equipamentos de te- que o sejam no prazo de um ano, sem prejuízo do cum-
lecomunicações que impeçam a colocação no mercado e primento das obrigações previstas pela legislação ante-
6 490000 001245
1. Praticam contra-ordenação, punível com coima de A presente lei entra em vigor trinta dias após a sua
100.000$00 a 1.000.000$00, as entidades que: publicação.
a) Não assegurarem o direito de informação ou de Aprovada em 20 de Dezembro de 2000.
obtenção do consentimento, nos termos pre-
vistos no artigo 6º, nº 3; O Presidente da Assembleia Nacional, António do
Espírito Santo Fonseca.
b) Não observarem as obrigações estabelecidas
nos artigos 7º a 13º. Promulgado em 10 de Janeiro de 2001.
2. A coima é agravada para o dobro dos seus limites Publique-se.
mínimo e máximo se a contra-ordenação for praticada
por pessoa colectiva. O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
MASCARENHAS GOMES MONTEIRO.
Artigo 17º
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A pensão é paga mensalmente, pelo Orçamento do Es- cento e sessenta e dois mil, setecentos e oitenta e qua-
tado, na mesma data dos demais pensionistas, a partir tro escudos), à EMPA, Empresa de Abastecimento, SA,
do mês seguinte ao da publicação desta Resolução. para efeito de garantia de fundos de contrapartida de
ajuda alimentar fornecida pela cooperação americana.
Artigo 3º
Artigo 2º
(Entrda em vigor)
(Entrda em vigor)
A presente Resolução entra imediatamente em vigor.
A presente Resolução entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros. Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
António Gualberto do Rosário. António Gualberto do Rosário.
Publique-se. Publique-se.
O Primeiro-Ministro, António Gualberto do Rosário. O Primeiro-Ministro, António Gualberto do Rosário.
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