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Sujeitos de Direito

Internacional
Professor Auxiliar
José Pina Delgado
Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais
1) Características da Personalidade
Jurídica Internacional
• Noção: a personalidade jurídica internacional diz respeito à
susceptibilidade para se ter direitos e deveres na esfera
internacional.
• Distinção: capacidade internacional não se confunde com
destinatário da regulação internacional/objeto do DI.
Ilustrativamente, o meio ambiente, o património cultural e os
indivíduos, são sem sombra para dúvidas, objectos de protecção do
Direito Internacional, mas não é imediado a concessão de
personalidade jurídica internacional, em casos alguns por ser isto
impossível facticamente, outros por ausência de determinação
jurídica nesse sentido.
• Distinção: ator internacional não se confunde com sujeito de direito
internacional. O actor internacional equivale à entidade
internacional que, de facto, tem intervenção nas relações
internacionais. Neste âmbito é um objecto das ciências sociais e do
seu ramo que se dedica à esfera internacional e à sua descrição.
Agora, nem sempre a entidade que participa de facto nas relações
internacionais e sequer as que são centrais ao sistema
internacional têm personalidade jurídica internacional. Esta vai
depender precisamente de um reconhecimento do sistema
internacional neste sentido, o que nem sempre ocorre.
• Cenário atual:
– Centralidade do Estado:
• O Estado ainda mantém a sua centralidade no sistema
internacional e, portanto, nesse sistema, é um sujeito natural.
• Até pouco tempo era o único sujeito aceito na esfera internacional,
contudo, nos últimos tempos emergiram no cenário internacional
outros actores igualmente importantes do ponto de vista das
relações internacionais e que se tornam de imediato em candidatos
naturais a sujeitos de direito internacional: entidades para-
estaduais, organizações internacionais, empresas transnacionais,
indivíduos, organizações não-governamentais, etc.
• Ocorre que nesses casos, o Estado é indubitavelmente um
elemento controlador da própria atribuição de personalidade
jurídica internacional a outros actores internacionais, pois a ele
ainda cabe admitir, directa ou indirectamente, outros sujeitos de
Direito Internacional, ainda que possa, nesta tarefa, ser
acompanhado por organizações internacionais.
• Mas a admissão de novos sujeitos é gradual em termos
de reconhecimento de sua personalidade: da expansão
que se vai observar do rol de sujeitos de Direito
Internacional, notar-se-á igualmente que têm capacidades
jurídicas diferentes. Isso não tem o efeito de impedir que
sejam consideradas como sujeitos de Direito Internacional,
por um lado, mas pelo outro, de forma clara e inequívoca, o
alcance da capacidade jurídica internacional vai desde a
capacidade plena do Estado, e decrescentemente passando
pelas organizações internacionais e atingindo indivíduos e
empresas transnacionais, com capacidade mais reduzida.
• Essa personalidade jurídica e suas diferentes extensões
devem ser observadas nas diversas manifestações da
personalidade jurídica.
• Capacidades Jurídicas Internacionais de um Sujeito de DI:
– a) tem capacidade para participar do processo normativo
internacional (não apenas do Treaty-making power), mas
também do processo costumeiro e da capacidade para produzir
atos unilaterais vinculativos);
– b) tem capacidade para participar do processo de
governação das relações internacionais (designadamente de
ser membro das organizações especialmente criadas para esse
efeito e das conferências que sejam convocadas para tal e,
finalmente, das interacções típicas de natureza diplomática que
possuem esse fim);
– c) tem capacidade de reclamação internacional (que se
materializam num direito de acção judiciário, chamado locus
standi in judicium, e num direito geral de demandar outros
sujeitos de Direito Internacional pela prática de acto ilícito);
– d) tem (limitada) de execução de decisões internacionais e
de auto-tutela de direitos; e
– e) é susceptível de ser demandado internacional.
2) Estado:
• 2.1) Elementos do Estado:
– Figura central, ao contrário de prognósticos
de enfraquecimento;
– Cerne é o estado moderno de criação
europeia;
– Caracterizado por estar assentado: a) num
substrato territorial; b) substrato político; c)
substrato populacional.
• A) População:
– Substrato pessoal, o povo.
– Significa: um agrupamento de indivíduos que habita
dentro dos limites territoriais do Estado.
– Nacionalidade: é o vínculo que une o Estado ao povo
individualmente considerado é a nacionalidade. Não
significa que todos os indivíduos que habitam dentro
de um determinado território organizado de forma
estatal tenha com ele um vínculo de nacionalidade,
mas o normal é que uma parte considerável deles a
possua.
• Indicações do Direito Internacional: De um ponto de vista do
Direito Internacional Geral, os critérios para a atribuição da
nacionalidade são deixados para serem fixados pelo próprio direito
interno de cada Estado. Portanto, em certa medida, vige um
princípio da liberdade da atribuição da nacionalidade.
• E esta tem sido feita normalmente através da aplicação do critério
do solo (do local de nascimento ou ius soli), sendo nacional aquele
que nasce no território do Estado, ou do sangue (da origem ou ius
sanguinis), de acordo com o qual é nacional aquele que descende
de nacionais do Estado. Critérios adicionais podem ser encontrados
paralelamente, mas subsidiariamente como a nacionalidade
atribuída por naturalização (baseado na residência, casamento,
adopção), acto discricionário do Estado, às quais se associa a
atribuição de nacionalidade por motivos económicos (investimentos)
ou por mérito (serviços relevantes prestados).
• Problemas:
– O grande problema em relação ao princípio da liberdade de
concessão de nacionalidade tem a ver com as relações
conflitivas que isso pode ocasionar nas relações com outros
Estados. A mais comum são as situações de dupla-
nacionalidade, que se podem agravar nos casos em que, num
caso concreto, um Estado não a admite. É um pouco o que tem
acontecido com vários países da Antiga União Soviética com as
suas minorias russas. Nestes casos, e para ser mais preciso em
geral, existe a orientação de desconsiderar a nacionalidade
estrangeira face ao Estado perante o qual o indivíduo é também
nacional e estabelecer a efectividade da nacionalidade, de
acordo com a qual exige-se um vínculo mínimo entre o Estado e
o indivíduo que ele concede nacionalidade. A identificação do
vínculo efectivo far-se-á com base nos critérios acima
apontados.
• Efeito: O principal efeito do vínculo de nacionalidade é a distinção entre cidadão e
estrangeiro.
– Nacional: o Estado tem um direito de protecção interno e externo. Esta
protecção poderá manifestar-se de diversas formas:
• Primeiro: num sentido não jurídico, mais ligado ao apoio genérico dado a
nacionais no exterior, designadamente auxílio de cariz consular, cultural,
financeiro e jurídico, implicando na existência de serviços diplomáticos e
consulares do Estado.
• Segundo: poderá implicar na chamada protecção diplomática, de acordo
com o qual, em determinadas situações, e obedecidos certos pressupostos
– nacionalidade, esgotamento dos recurso internos, violação de direitos –, o
Estado poderá intervir junto às autoridades locais para proteger os seus
cidadãos.
• Terceiro: a protecção poderá também assumir forma contenciosa, quando o
Estado impetra reclamações internacionais em nome do seu nacional e
tenta reparação por danos causados por actos ilícitos de um Estado ou
outro sujeito de Direito Internacional.
• Quarto: em situações muito limitadas, a protecção poderá manifestar
características militares, pois, no actual Direito Internacional, permite-se o
uso limitado da força para resgatar nacionais em perigo no estrangeiro. A
ser analisado em sede do DISegurança.
• OBS: A extensão da protecção que um Estado deve ao seu cidadão
na esfera internacional fica, em geral, a critério do próprio, e, do
ponto de vista do Direito Internacional, não poderá ser invocado
contra si próprio pelo indivíduo a menos que releve matéria de
direitos humanos que vinculem o Estado. Nesse caso, a proteção
ao indivíduo deve ser pelas vias do direito interno.
• OBS: Em caso de suspeita pelo cometimento de crimes ou,
alternativamente, execução de pena privativa de liberdade em
outros países, o nacional pode ser afastado do seu Estado. O DI
não bane a extradição de nacional, embora não a obrigue, a menos
que se trate de um tribunal internacional penal criado pelo CS, com
base no Capítulo VII, ou exista obrigação convencional nessa
matéria.
• Estrangeiro: Direito Internacional dá algumas orientações, regra geral,
associadas a um princípio da liberdade do Estado:
– Primeiro: em relação às regras de admissão de estrangeiros no
território nacional, que se processa normalmente através da concessão
de um visto de entrada ou permanência, cujos critério são fixados pelo
próprio Estado e estão ligados a decisões discricionárias que toma.
– Limitações a esse direito: podem existir limitações a esse direito que
lhe são impostas por via convencional, por exemplo, pelo direito
internacional dos refugiados (non refoulement), pelo direito
internacional dos direitos humanos ou pelo direito comunitário da sua
região (acordos sobre livre circulação das pessoas).
– Segundo: a regulação da permanência do estrangeiro em território
nacional é deixada igualmente à discrição do Estado, o mesmo
ocorrendo com as situações em que o estrangeiro é dele afastado, seja
por via de uma extradição, em casos de colocação sob autoridade de
um outro Estado de indivíduo suspeito do cometimento de crimes para
propósitos de acusação ou pessoa já condenada para cumprimento de
pena, seja por via de uma expulsão administrativa, quando deixa de
cumprir os requisitos para a sua manutenção em território nacional ou
nos casos de manifesto perigo para a sua segurança, e nos de
expulsão judicial, como pena acessória, onde o perigo é manifesto.
• B) Território:
– Substracto territorial do Estado é essencial, podendo-se, com
segurança, afirmar que sem território não existe Estado. Todo o Estado
deverá, por conseguinte, estar assente sobre uma parcela de território.
– Para mais, adiciona-se uma outra orientação, muito embora, neste
caso, não seja absoluta: da fixação das suas fronteiras (existem vários
casos, notadamente de Israel, de Estados com fronteiras controvertidas
e que não deixam de fazer parte da comunidade internacional). O que
importa é que parte substancial do território esteja delimitado e,
sobretudo, que esteja submetido ao controlo efectivo do próprio Estado.
– OBS: A exiguidade territorial dos Estados seria um factor impeditivo à
sua personalidade internacional? Atualmente fica mais ou menos claro
que não. Ela independe da extensão territorial concreta. Existem
Estados continentais na comunidade internacional, como a Rússia,
EUA, China, etc, e micro-Estados, como Nauru, etc. Aceitação destes
Estados no seio da comunidade internacional desde há muito é
suficiente para corroborar esta conclusão, isto é, que a extensão
territorial é irrelevantes.
• Abrangência territorial:
– Áreas terrestres: fixadas através de fronteiras naturais ou artificiais, as mais
facilmente determináveis;
– Áreas marítimas: cuja fixação se deve à Convenção das Nações Unidas sobre
Direito do Mar (Convenção de Montego Bay de 1982) e ao Direito Internacional
Costumeiro. Apesar da primeira não ser integralmente declaratória, em boa
parte os seus dispositivos são, designadamente, neste momento, as regras
sobre limites territoriais marítimos. Como base
• O mar territorial deverá ser fixado num máximo de 12 milhas marítimas,
estendo-se a soberania do Estado às aguas interiores (lagos, rios, etc.) e
sobre as águas arquipelágicas, importantes no caso de Cabo Verde.
• A Zona Económica Exclusiva, apesar de protegida da exploração de
terceiros e garantir a exclusividade da exploração económica, não faz parte
do território do Estado.
– Espaço aéreo: por ficção, estende-se sobre o território terrestre e marítimo até
ao limite atmosférico. Neste último espaço, o Estado exerce uma soberania
absoluta, pois não existe qualquer direito de navegação similar à passagem
inocente do mar territorial.
– OBS: Há determinados espaços que são insusceptíveis de apropriação
individual e, portanto, acabam por se consubstanciar em verdadeiras
• res communis (propriedade de todos): são os casos da Antarctica, da
chamada Zona; ou
• res nullius (propriedade de ninguém) – o alto mar e o espaço
extratrosférico..
• C) Organização do Poder Político
– É o substrato institucional: a organização do poder político.
– Neste ponto, é importante dizer que, ao contrário do que pode parecer à
primeira vista, as instituições de um Estado, pelo menos tradicionalmente, e sem
embargo de existirem alguns desenvolvimentos nesta matéria, tem como único
pressuposto o controlo efectivo sobre o território e a capacidade institucional
para manter a ordem e garantir determinados serviços básicos.
– O governo não necessita, para que um Estado exista, de ter legitimidade
democrática, muito embora, em determinadas situações mais recentes tenham
sido as próprias Nações Unidas, especialmente nas suas actividade de
peacebuilding, a promover a democratização de sociedades dilaceradas por
conflitos internos.
– OBS: Diga-se que mesmo na situação de perda do controlo efetivo de parte do
território em prol de um agrupamento beligerante, o Estado não deixa de existir.
A ficção é levada a extremos de manter o reconhecimento de um Estado em
situação de fracasso – o melhor exemplo é a Somália –, incapaz de manter a
ordem sequer em parte do território.
• Origem e fim do Estado:
– Surge (mas também sob uma certa perspectiva tem o seu fim) através de vários
meios. Os mais relevantes na actualidade são por via da:
• Cisão, quando o Estado surge a partir da separação de território de um
entidade estatal anterior maior – foram os casos resultantes da dissolução
da URSS ou da Antiga Jugoslávia;
• Libertação colonial, nas situações em que uma colónia consegue atingir a
independência (o nosso caso é suficientemente ilustrativo), e
• Fusão, quando duas entidades anteriormente separadas unem-se criando
uma nova entidade estatal (Iémem).
• Dissolução: No actual Direito Internacional, com a proibição da conquista e
da separação territorial por via da força, a forma mais comum de fim do
Estado é por via da sua dissolução – Foram os casos da URSS, da Antiga
Jugoslávia e Checoslováquia – ou da sua incorporação a outro Estado – a
República Democrática Alemã à República Federal da Alemanha.
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• Reconhecimento de Estado:
– Não sendo totalmente pacífico, o Estado é admitido à comunidade internacional
por via do reconhecimento, o acto de acordo com o qual se reconhece a sua
estadualidade – designadamente o cumprimento dos elementos constitutivos – e
sua paridade aos outros.
– Pode ser unilateral, quando é feito por um único Estado, ou multilateral, quando
o é por um conjunto de Estados em conjunto ou por uma organização
internacional. Deve-se atentar que o reconhecimento unilateral é perfeitamente
lícito no Direito Internacional, desde que não exista uma violação directa ou
indirecta de uma norma imperativa (ex: se o Estado a ser reconhecido fosse o
resultado de uma violação das regras proibitivas sobre uso da força, que
levaram à separação do território de um Estado soberano fora do quadro
permissível, a liberdade de reconhecimento deixa de existir; aliás, muito pelo
contrário, existe um dever jurídico de não-reconhecimento nesses casos.
– Pode ser explícito (pressupõe um acto unilateral do Estado, dando o
reconhecimento a outra entidade a qualidade de par) ou implícito (implica
conclusão de determinados actos típicos de um Estado com essa entidade ou
em relação a ela. Por exemplo, a celebração de um tratado ou a sua admissão a
uma organização de que faça parte).
– OBS: Reconhecimento do Estado é diferente de reconhecimento de governo,
que, obviamente, pressupõe a existência do Estado, e é o acto que outros
Estados reconhecem a legitimidade de um governo que assume o poder num
determinado Estado.
• Direitos e Deveres dos Estados:
– Direitos: O Estado goza de diversos direitos na esfera internacional, que, no entanto, podem
ser reduzidos a dois centrais, análogos aos direitos fundamentais dos indivíduos da
igualdade e à liberdade:
• 1.º) Igualdade jurídica: Apesar das diferenças de poder económico, político e militar, a
presunção de que os Estados devem ser tratados como iguais. Trata-se evidentemente
de uma mera igualdade jurídica e não tem, no actual Direito Internacional, qualquer
pretensão à igualdade material entre os Estados, sendo certo, ademais, que existem
determinadas excepções a essa igualdade formal, designadamente o poder de veto
dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
• 2.º) Direitos de liberdade: que lhe garantem uma esfera generosa de autonomia, e que
têm como corolários a garantia da sua independência política e integridade territorial,
bem como os direitos a isso associados de aplicar com exclusividade as leis e exercer
jurisdição sobre o seu próprio território, fixação de critérios para a atribuição da sua
nacionalidade e para a entrada, permanência e saída de estrangeiros; de escolher a
sua forma de organização política, económica e social; de exercer a protecção
diplomática sobre os seus cidadãos ou de lhe ter reconhecidas imunidades (que
cobrem tanto o Estado como os seus agentes consulares).
– Deveres: a maioria dos quais são correlactos a direitos determinados, que se podem ver
numa perspectiva simétrica aos direitos supra-enunciados e que se consubstanciam, entre
outros, no:
• Dever de não intervir nos assuntos pertencentes ao domínio reservado dos Estados,
• De se abster de usar a força contra a sua integridade territorial e independência
política,
• De reconhecer a imunidade de jurisdição aos seus congéneres e seus agentes
diplomáticos, etc.
Síntese: capacidades do Estado
• a) tem capacidade para participar do processo
normativo internacional;
• b) tem capacidade para participar do processo
de governação das relações internacionais;
• c) tem capacidade de reclamação internacional;
• d) tem capacidade de execução internacional e,
• e) é susceptível de ser demandado
internacional.
» Entidades Para-Estaduais, Estados
Fracassados; Territórios sob Administração
Internacional e outras figuras afins
• São figuras mais ou menos decorrentes
do Estado, podendo ser entidades pré-
estatais, para-estatais; proto-estatais, pós-
estatais, etc. Neste sentido, podem
manifestar, de forma diminuída, algumas
das capacidades do Estado e de ter
alguns dos seus deveres na esfera
internacional.
» Organizações Internacionais:
• Características:
– Trata-se de entidade abstrata com base
puramente institucional;
– É criado por no mínimo dois Estados,
portanto, sua constituição é dependente da
vontade dos Estados;
– A extensão de seus poderes e capacidades
estão descritos no seu ato de criação, i.e., no
seu tratado constitutivo;
Capacidades das OIs:
• A) Quanto a capacidade para participar do processo normativo
internacional em geral:
– Processo convencional: É pacífico que se lhe reconhece um treaty making
power. Como visto não só porque existe uma convenção específica que foi
criada para regular os tratados de que ela faça parte (CVDTEOI), mas também
porque tal regra pode ser derivada do Direito Internacional Costumeiro.
– Processo de aprovação dos Atos Normativos: É certo, ademais, que, pelo
menos algumas delas, como visto, poderão aprovar actos normativos
vinculativos em relação aos seus membros.
– Processo costumeiro: contudo, não é tão líquido que possam participar no
processo costumeiro internacional. Dúvidas têm sido colocadas a este respeito,
particularmente em razão da possibilidade de se dissociar a organização dos
seus membros (em geral Estados), de tal sorte que se possa considerar que ela
expressa uma vontade autónoma, sem a qual não se poderia avaliar qualquer
elemento subjetivo no costume. Na nossa opinião, essa dificuldade é
inquestionável. Porém, não deixa de ser verdade que nas situações em que seja
possível isolar e identificar uma posição da organização e não do Estado, é
possível a algumas organizações internacionais participar também no processo
costumeiro internacional;
– Atos Unilaterais: quando possível.
• B) Capacidade de participar do processo de
governação global:
– As OIs, naturalmente, participam da governação das
relações internacionais porque grande parte delas foi
criada para esse efeito.
– Além do mais, podem participar dela por via dos seus
representantes em Estados (p.ex., representação das
NU em CV, da UE em CV)
– E, finalmente, em razão de poderem, em alguns
casos, ser membros de outras organizações
internacionais que fazem governação global (é o
caso da União Europeia que é membro da
Organização Mundial do Comércio).
• C) Capacidade de impetrar demandas internacionais em caso de
ato ilícito de outro sujeito de DI que lhe tenha causado prejuízo:
– Possui esta capacidade. Embora tenha sido contestada, desde
1949, no caso do assassinato do enviado especial Conde
Bernardotte a Israel, está pacificado que as organizações
internacionais podem fazer reclamações de acordo com o
Direito Internacional Geral.
– Limitado é, no entanto, o seu direito de acção judiciário (locus
standi in judicium). Efectivamente são raras as instituições
judiciárias internacionais que reconhecem-no às organizações
internacionais. Basicamente só aquelas que admitem-nas como
membros é que lhe dão acesso aos respectivos meios
judiciários de solução de controvérsias. Mais uma vez, o
exemplo da União Europeia na OMC é ilustrativo.
• D) Capacidade de execução de decisões internacionais:
– Algumas OIs possuem, designadamente, de
execução de decisões internacionais judiciárias e
devem funcionar como algo próximo a órgãos
internacionais de polícia.
– É o caso, por exemplo, da função que a Organização
das Nações Unidas, por meio do seu Conselho de
Segurança, deve exercer na comunidade
internacional, e de organizações como a União
Africana, Organização dos Estados Americanos e
CEDEAO no âmbito regional e sub-regional.
• E) Susceptibilidade de ser colocada no pólo passivo de um litígio
internacional:
– Não existem dúvidas que isso é possível no plano geral. Isto é,
as organizações internacionais poderão ser internacionalmente
responsabilizadas pelos seus actos ilícitos e têm um dever de
reparar danos causados a outros sujeitos de Direito
Internacional.
– Não é sem sentido, como veremos, que, na actualidade, está
em curso a tentativa de codificação e desenvolvimento
progressivo de regras nesse domínio. No entanto, naturalmente
se se ativer ao terceiro critério, são raras as instituições
judiciárias internacionais que permitem demandas contra OIs.
As excepções são, mais uma vez, marginais: na OMC, por
exemplo, por circunstâncias já avançadas, é possível demandar
os seus membros que são organizações internacionais (UE).
• Em suma:
– A capacidade das organizações
internacionais é extensa;
– Cumpre, com maior ou menor intensidade, a
maior parte dos critérios enunciados como
requisitos de determinação dos sujeitos de
Direito Internacional;
– Embora não seja na dimensão possuída pelo
Estado.
» Indivíduo
• Determinadas posições mais progressistas tem atribuído
personalidade jurídica internacional (directa ou indirecta).
• Contudo, seguramente isso não decorrerá pelo fato de lhe
serem garantidos um conjunto de direitos humanos
fundamentais em tratados de Direitos Humanos. Isso, no
máximo, transforma-o num objecto de protecção do Direito
Internacional.
• Contudo, como visto, a personalidade jurídica internacional
são só implica a existência de direitos, mas no acesso a
meios de tutela – jurisdicionais e outros – para os efectivar.
Neste sentido, o mais importante será verificar se o indivíduo
os possui ou não.
• Objectivamente falando, o Indivíduo:
– A) Não tem nem capacidade de participar do
processo normativo internacional;
– B) Não tem, embora discutivelmente,
capacidade genérica para participar dos
órgão de governação global; e
– C) Não tem capacidade de execução de
decisões internacionais.
• D) Capacidade de interpor reclamações por atos ilicítos
cometidos:
– O actual Direito Internacional reconhece ao indivíduo
locus standi in judicium em alguns órgãos judiciários
internacionais, fundamentalmente de protecção regional
aos Direitos Humanos (Sistema Europeu e Inter-
Americano de Protecção dos Direitos Humanos).
– É bem verdade que fora desse âmbito, isso não se
verifica. Por exemplo, indivíduos não possuem locus
standi in judicium nos principais tribunais internacionais
(TIJ, sistema de solução de controvérsias da OMC, no
Tribunal Internacional do Direitos do Mar, etc.). Portanto,
trata-se de capacidade limitada.
• E) Capacidade de ser demandado em instâncias
judiciárias internacionais:
– O indivíduo é, contemporaneamente um sujeito
passivo de Direito Internacional na esfera penal. Com
efeito, está sujeito a responsabilidade internacional
criminal pela violação de determinadas obrigações de
Direito Internacional, tanto em tribunais internacionais
(Tribunal Penal Internacional; Tribunal Internacional
Penal para a Antiga Jugoslávia, Tribunal Penal
Internacional para o Ruanda) e tribunais
internacionalizados (Tribunal Especial para a Serra
Leoa, etc.).
• Em suma:
– Pode-se considerar que o indivíduo é sujeito
de Direito Internacional, no entanto possui
uma capacidade jurídica diminuída nessa
esfera, incomparável à do Estado e das
próprias organizações internacionais.
» Empresas Transnacionais:
• As empresas transnacionais são entes que se dedicam a
actividades produtivas ou comerciais que se estendem por
mais de um Estado – podendo ser actores importantes do
sistema internacional, algumas delas muito mais poderosas
do que grande parte dos Estados que compõem a
comunidade internacional.
• Não têm reconhecida uma personalidade jurídica compatível
com esse estatuto de facto que possuem. Mais uma vez, por
mais estranho que tal possa parecer, decorre naturalmente
do pressuposto de que existe uma distinção clara entre os
conceitos de actor internacional e sujeito de Direito
Internacional, de tal sorte que nem sempre o actor
internacional importante é um sujeito de Direito Internacional
ou se é tem capacidades extensas nesse domínio.
• A) Capacidade para participar do processo normativo
internacional: Não possuem;
• B) Capacidade para participar do processo de
governação global: Não possuem, pelo menos, não
formalmente, pois é certo que, de facto, têm capacidade
de influência sobre aqueles que juridicamente têm tais
poderes. Mas isto é outra coisa;
• C) Capacidade directa para executar decisões
internacionais: Não possuem, embora, mais uma vez,
podem exercer influência política para que isso ocorra.
• D) Capacidade de reclamação internacional:
– é o único sector da capacidade internacional que é
permeável à empresa transnacional.
– Não do ponto de vista do Direito Internacional Geral ou do
Direito da Responsabilidade Internacional, onde
permanecem largamente dependentes, mas, sobretudo,
no que toca à existência de um locus standi in judicium em
algumas instituições judiciárias internacionais, geralmente
ligadas a tratados de livre-comércio ou de regulação de
investimentos. São os casos, por exemplo, do ICSID
ligado ao Banco Mundial, e dos tratados de livre-comércio
Estados Unidos-Canadá ou o NAFTA (Tratado de Livre-
Comércio da América do Norte).
• E) Capacidade de ser demandada na
esfera internacional:
– Curiosamente, apesar de poderem manifestar
a capacidade de reclamação internacional, de
outra parte, as empresas transnacionais não
podem ser responsabilizadas directamente
com base no Direito Internacional, portanto,
até esta data, são insusceptíveis de ser
demandadas internacionalmente por acto
ilícito.
• Em suma:
– Mesmo sendo possível considerar a empresa
transnacional como um sujeito de Direito
Internacional, a verdade é que a sua
capacidade é extremamente diminuída nesse
foro.
» Organizações Não-
Governamentais
• A organização não-governamental é mais um
importante actor do actual sistema internacional.
Particularmente em sectores humanitários e
ambientalistas, têm tido destaque e um
protagonismo incontornável.
• Porém, como já se disse, não se pode derivar
imediatamente desse facto a existência de
personalidade jurídica. E no caso das
Organizações Não-Governamentais é muito
discutível.
• A) Capacidade para participar do processo normativo
internacional:
– Apesar de existirem exemplos de participação de ONGs
no processo convencional, uma vez que tratados
importantes foram feitos com o seu auxílio, quando não
foram, de facto, preparados por eles, como é o caso das
Convenções de Genebra de 1949 ou os seus Protocolos
Adicionais de 1977, do Tratado para o Banimento de
Minas Terrestres (Tratado de Otava) ou o Estatuto de
Roma que criou o Tribunal Penal Internacional,
– não obstante, em qualquer desses casos, as participações
foram de cariz essencialmente técnico, sem poderes de
aprovação ou de vinculação independentes de outras
entidades, designadamente do Estado.
• B) Capacidade para participar do processo de
governação global:
– A participação das ONGs na governança global é
também caracterizado pela informalidade, não
decorrendo de qualquer capacidade jurídica.
– Com efeito, têm estatuto de observadores em
diversas organizações internacionais de
governação global, mas não como sujeitos de
direito ou com direito de pertença no sentido
estrito.
• C) Capacidade de reclamação
internacional directa: Não possuem;
• D) Capacidade de executar decisões
internacionais: Não possuem;
• E) Susceptibilidade de demandar
internacionalmente por acto ilícito: Não
possuem.
• Em suma:
– Para todos os efeitos, as ONGs não são,
neste momento, sujeitos de Direito
Internacional, muito embora, em se tratando
de um área em permanente evolução, não se
pode descartar que comece a manifestar
determinadas facetas dessa personalidade a
qualquer momento.

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