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23/10/2020
Número: 0706995-64.2020.8.07.0018
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara da Fazenda Pública e Saúde Pública do DF
Última distribuição : 23/10/2020
Valor da causa: R$ 500.000,00
Assuntos: Oncológico, Padronizado
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL (AUTOR)
INSTITUTO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE SAÚDE DO
DISTRITO FEDERAL - IGESDF (REU)
DISTRITO FEDERAL (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
75410231 23/10/2020 Peticao inicial ACP - Quimioterapia Docetaxel e Petição
15:54 Doxorrubicina
AO JUÍZO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
em desfavor do DISTRITO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, que deverá
ser intimado e citado na pessoa do Procurador-Geral do Distrito Federal, que pode ser
encontrado no SAM, Projeção I, Edifício Sede da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, CEP
70620-000, telefone 3325-3367; e do INSTITUTO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE
SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL – IGESDF, pessoa jurídica de direito privado, inscrito
no CNPJ sob o nº 28.481.233/0001-72, sediado no SHMS Área Especial, Quadra 101, Bloco
A, Brasília-DF, CEP: 70.335-900), pelas razões de fato e de direito a seguir elencadas.
A presente ação civil pública tem por objetivo garantir acesso aos serviços de saúde
pelo Sistema Único de Saúde do Distrito Federal, especificamente para aqueles pacientes com
câncer, com indicação de realização de tratamento quimioterápico com os medicamentos
doxorrubicina e/ou docetaxel1. De início vale registrar que no decorrer dessa peça, quando
nos referimos a Doxorrubicina, trata-se do Cloridrato de Doxorrubicina, contudo, utilizamos
apenas o termo Doxorrubicina pois assim ele é referido em praticamente todas prescrições
médicas e processos de aquisição.
Esse problema social foi detectado pelo Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do
Distrito Federal, que diariamente recebe mulheres que necessitam do referido tratamento.
Mister destacar que está sendo divulgada a campanha Outubro Rosa, destinada a
combater o câncer de mama. No Distrito Federal, esta é realizada pela Secretaria de Saúde em
parceria com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF). Nada
obstante, um dos principais tratamentos não está sendo fornecido.
1
O medicamento Docetaxel é utilizado em associação à Doxorrubicina, motivo pelo qual o tratamento
pode associar ambos os fármacos (conferir bula em anexo à inicial).
2
Em que pese a maior parte das pessoas que recebem esse tratamento sejam mulheres, também há
indicação para pacientes do gênero masculino.
NÚCLEO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA DA SAÚDE.
SETOR COMERCIAL NORTE, QUADRA 01, LOTE G, ED. ROSSI ESPLANADA BUSINESS, LOJA 01.
TELEFONES: 2196-4400 E 2196-4404 - FAX 3399-2162
DATA DO
PACIENTE PROCESSO SEI
ATENDIMENTO
A. V. G. 00401-00017297/2020-91 09/10/2020
A. F. I. 00401-00017372/2020-13 13/10/2020
J. N. P. 00401-00017083/2020-14 07/10/2020
00401-00017638/2020-28 16/10/2020
N. G. C.
S. L. C. S. 00401-00017269/2020-73 09/10/2020
À SULOG,
Com vistas à DLOG
Assunto: Empréstimo IGESDF
Trata-se do Despacho GESDF/UNAP/SUNAP/SILOG/GEIFO 48153099 referente
a solicitação de empréstimo para atender a demanda do Instituto de Gestão
Estratégica de Saúde do Distrito Federal - IGESDF, dos medicamentos:
• 90795 - DOXORRUBICINA (CLORIDRATO) SOLUÇAO INJETAVEL OU
PO LIOFILIZADO PARA SOLUÇAO INJETAVEL 50 MG FRASCO-AMPOLA
- Quantidade: 100
• 6009 - OXALIPLATINA INJETAVEL100 MG FRASCO-AMPOLA
- Quantidade: 100
• 90052 - MORFINA (SULFATO) COMPRIMIDO 10MG - Quantidade: 5.000
• 90258 - PIPERACILINA + TAZOBACTAN PO LIOFILIZADO PARA
SOLUCAO INJETAVEL 4,0 G + 500 MG FRASCO AMPOLA - Quantidade:
5.000
Considerando que o item 90795 - DOXORRUBICINA (CLORIDRATO)
SOLUÇAO INJETAVEL OU PO LIOFILIZADO PARA SOLUÇAO INJETAVEL
50 MG FRASCO-AMPOLA apresenta um consumo médio mensal de 87
unidades/mês e encontra-se com cobertura de estoque abaixo do ponto de
ressuprimento;
(...)
Considerando que, apesar de tratar-se de empréstimo com a obrigatoriedade da
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“IGESDF/DP/HB/SUPHB,
Prezados Senhores,
3
https://globoplay.globo.com/v/8938811/.
4
https://globoplay.globo.com/v/8960651/programa/
5
https://www.metropoles.com/distrito-federal/no-outubro-rosa-hbdf-fica-sem-remedios-para-
quimioterapia-de-pacientes-com-cancer.
6
https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2020/10/4884112-hospital-de-base-retoma-
sessoes-de-quimioterapia-na-proxima-semana.html
7
https://www.metropoles.com/distrito-federal/hospital-de-base-faz-forca-tarefa-para-retomar-
quimioterapia-no-df
8
Processo SEI 00401-00017291/2020-13, documento 49452427.
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O tratamento contra a doença varia de acordo com a indicação médica podendo ser
prescrita a quimioterapia, a radioterapia ou a cirurgia, a terapêutica a ser adotada dependerá das
particularidades do caso de cada paciente.
9
Informações retiradas do site: https://www.inca.gov.br/o-que-e-cancer. Acesso em 21/10/2020.
10
Informações retiradas do site: https://www.inca.gov.br/tratamento/quimioterapia. Acesso em 21/10/2020.
11
Informações retiradas do site: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/consideracoes-basicas-sobre-a-
quimioterapia/3704/593/. Acesso em 21/10/2020.
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Pelas estatísticas elaboradas pelo INCA percebe-se que o câncer de mama tem um
alto percentual de letalidade e há a previsão de um aumento de casos no ano de 2020. Na
contramão do combate à referida doença, o Distrito Federal deu causa à interrupção do
tratamento quimioterápico de um número indeterminado de pacientes, por falta de diligência
na manutenção de medicamentos essenciais na cura da doença câncer.
3 - DO DIREITO
12
Dados retirados da página na internet do INCA: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-
mama/conceitomagnitude#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20de%20mama%20%C3%A9%20o%20mais%20inci
dente%20em%20mulheres,por%20c%C3%A2ncer%20em%20mulheres%201. Acesso em 19/10/2020.
13
Dados retirados da página na internet do INCA: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-
mama/conceitoemagnitude#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20de%20mama%20%C3%A9%20o%20mais%20inc
idente%20em%20mulheres,por%20c%C3%A2ncer%20em%20mulheres%201. Acesso em 19/10/2020.
Nesse sentido, a Defensoria exerce ao lado dos demais colegitimados, a defesa dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos que estejam direta ou indiretamente
relacionados às missões constitucionais a ela dirigidas, defesa dos hipossuficientes econômicos,
técnicos e organizacionais e a promoção dos direitos humanos.
A Lei da Ação Civil Pública, em seu art. 21, afirma: “aplicam-se à defesa dos
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título
III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor”.
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal n. 8.078/90), em seu
artigo 81, esclarece que a defesa coletiva pode ser exercida quando houver lesão a interesses
Os efeitos da coisa julgada nas ações coletivas são condizentes com o processo de
massa e propiciam o acesso coletivo à justiça. Nesse sentido, o art. 16 da Lei da Ação Civil
Pública estabelece que “a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.
Por outro lado, o artigo 103 do Código de Defesa do Consumidor prevê, de acordo
com o direito transindividual em questão, efeitos erga omnes ou ultra partes, conforme o
resultado do julgamento ou o resultado da prova, visando a beneficiar todas as pessoas
ameaçadas ou lesadas em seus direitos por determinado acontecimento.
14
COELHO, I. M.. Intepretação Constitucional. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1997, pp.
97-98.
15
DUTRA, Roberto; CAMPOS, Mauro Macedo. Por uma sociologia sistêmica da gestão de políticas
públicas. Conexão Política, Teresina, v. 2, n. 2, pp. 11-47, ago. dez., 2013, p. 34.
16
VIANNA, Luiz Werneck; BURGOS, Marcelo Baumann; SALLES, Paula Martins. Dezessete anos de
judicialização da política. Tempo Social, São Paulo, v. 19, n. 2, pp. 39-85, nov. 2007, p. 43.
17
Ibidem, p. 44.
No campo das políticas sociais, como a política de saúde, abre-se também um novo
campo de atuação do Sistema de Justiça, movimento comumente denominado de
“judicialização das políticas públicas”19, que se torna viável a partir da construção, na
jurisprudência e na doutrina constitucional, do entendimento de que as prestações relativas a
direitos sociais são direitos exigíveis na condição de direitos subjetivos20. Tal construção
jurídica veio ao encontro dos anseios de dar efetividade aos direitos sociais conquistados na
nova ordem constitucional de 1988. A necessidade de atuação estatal mais ostensiva na seara
social, de fato, se fazia presente, especialmente quando observada a forma mais rápida como os
direitos sociais foram positivados no Brasil, vis-à-vis o processo desenvolvido no ocidente
europeu.21
18
VIANNA, L. W. et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro:
Revan, 2a ed., 2014, p. 43.
19
MENICUCCI, T.; MACHADO, J. Judicialization of health policy in the definition of acess to public
goods: Individual Rights versus Collective Rights. Revista Brasileira de Ciência Política, v. 4, n. 1,
pp. 33-68, 2010, p. 33.
20
SARLET, Ingo W.. Direitos Fundamentais a Prestações Sociais e Crise: Algumas Aproximações.
Espaço Jurídico Journal of Law, Editora UNOESC, Joaçaba, v. 16, n.2, pp. 459-488, jul. dez. 2015,
p. 461-462.
21
SANTOS, Boaventura de S.. Para uma Revolução Democrática da Justiça. São Paulo: Cortez,
2007, p. 20.
22
DUTRA, R.; CAMPOS, M. M.. Por uma sociologia sistêmica da gestão de políticas públicas. Conexão
Política, Teresina, v. 2, n. 2, pp. 11-47, ago./dez., 2013, p. 34.
23
SARLET, Ingo. W., op. cit., p. 483.
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O acesso à justiça para a proteção da saúde tem sido percebido como um exercício
democrático e legítimo dos direitos sociais de titularidade dos cidadãos28. Isso porque o acesso
às instâncias judiciais passou a ser compreendido como uma forma de garantia dos direitos à
saúde29. João Biehl ainda acrescenta, a partir de pesquisa empírica realizada no estado do Rio
Grande do Sul, que a judicialização no âmbito da saúde é, sobretudo, um movimento pelo qual
pessoas de baixa renda e pessoas idosas se fazem ouvidas pelo ato de “entrar na justiça” 30.
Pela judicialização, tais indivíduos agem como sujeitos políticos em face do Estado, de forma
a responsabilizá-lo e a expor as consequências da “Realpolitik” praticada pelo Executivo e
24
Ibidem, p. 483.
25
UNGER, R. M. The Left Alternative. Nova Iorque: Verso, 2009, p. 65.
26
Para estudo sobre a judicialização das políticas públicas educacionais, conferir: MIGUEL FERREIRA,
L. A.; JAMIL CURY, C. R.. A judicialização da educação. Revista CEJ, v. 13, n. 45, p. 32-45, 2009.
27
Para um amplo estudo da judicialização no âmbito da assistência social, conferir: MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA. As relações entre o Sistema Único de Assistência Social - SUAS e o Sistema de
Justiça. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL): IPEA, 2015.
28
Boaventura de Souza Santos, ao se deparar com a judicialização, assevera que “as pessoas, que
têm consciência dos seus direitos, ao verem colocadas em causa as políticas sociais ou de
desenvolvimento do Estado, recorrem aos tribunais para as protegerem ou exigirem a sua efectiva
execução” (SANTOS, B. S.. Para uma Revolução Democrática da Justiça. São Paulo: Cortez, 2007,
p. 29).
29
DUTRA, R.; CAMPOS, M. M., op. cit., loc. cit..
30
BIEHL, J.. Patient-Citizen-Consumers: Judicialization of Health and Metamorphosis of
Biopolitics. Lua Nova, n. 98, pp.77-105, 2016, p. 94.
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31
Ibidem, p. 94.
32
SARLET, I. W.; FIGUEIREDO, M. F.. Algunas consideraciones sobre el derecho fundamental a la
protección y promoción de la salud a los 20 años de la Constitución Federal de Brasil de 1988. In:
COURTIS, C.; SANTAMARÍA, R. (Orgs.). La Protección judicial de los derechos sociales. Quito:
Ministério de Justicia y Derechos Humanos, 2009, p. 256.
33
Nesse sentido: MENICUCCI, T. M. G.. Público e privado na política de assistência à saúde no
Brasil: atores, processos e trajetória. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007, p. 292.
34
BRITNELL, M. In Search of the Perfect Health System. Londres/Nova Iorque: Macmillan
Education/Palgrave, 2015, p. 157.
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35
UNGER, R. M.. Democracia realizada: a alternativa progressista. São Paulo: Boitempo, 1999, pp.
17-18.
36
TUOHY, C. et al. How Does Private Finance Affect Public Health Care Systems? Marshaling the
Evidence from OECD Nations. Journal of Health Politics, Policy and Law, Duke University Press, v.
29, n. 3, pp.359-396, 2004, p. 388.
37
BAHIA, Ligia et al. Private health plans with limited coverage: the updated privatizing agenda in the
context of Brazil's political and economic crisis. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 32, n. 12, 2016,
p. 3.
38
Para um exemplo, conferir: DALLARI, S. G. NUNES JÚNIOR, V. S. Direito Sanitário. São Paulo:
Verbatim, 2010, p. 93.
39
SARLET, I. W.. Direitos Fundamentais a Prestações Sociais e Crise: Algumas Aproximações. In
Espaço Jurídico Journal of Law, Editora UNOESC, Joaçaba, v. 16, n.2, p. 459-488, jul. dez. 2015, p.
471.
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Dada à sua essencialidade para uma existência digna, o direito fundamental à saúde
impõe a todos, e, em especial ao poder público, o dever de jurídico de viabilização e efetivação
do acesso à saúde.
40
SARLET, I. W.; FIGUEIREDO, M. F.. Algunas consideraciones sobre el derecho fundamental a la
protección y promoción de la salud a los 20 años de la Constitución Federal de Brasil de 1988. In:
COURTIS, C.; SANTAMARÍA, R. (Orgs.). La Protección judicial de los derechos sociales. Quito:
Ministério de Justicia y Derechos Humanos, 2009, p. 252.
41
CIARLINI, A. L. de A. S.. Direito à Saúde: paradigmas procedimentais e substanciais da
Constituição. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 22-23.
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao
alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e
tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice
ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes
da sua vontade.
O direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental,
por meio da criação de condições que assegurem a todos assistência médica e serviços médicos
em caso de enfermidade, também está consignado no art. 12 do Pacto Internacional de Proteção
dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais.
Bem por isso, de acordo com a jurisprudência dessa Corte de Justiça “cabe ao
Distrito Federal, por meio da rede pública de saúde, auxiliar todos aqueles que necessitam de
tratamento, disponibilizando profissionais, equipamentos, hospitais, materiais, acesso a exames
indicados e remédios prescritos, já que os cidadãos pagam impostos para também garantir a
saúde aos mais carentes de recursos, sendo dever do Estado colocar à disposição os meios
necessários, mormente se para prolongar e qualificar a vida e a saúde do paciente diante dos
pareceres dos médicos especialistas” (TJDFT, Acórdão n.1026103, 20140111760427RMO,
Relator: ANGELO PASSARELI 5ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 21/06/2017,
Publicado no DJE: 05/07/2017. Pág.: 315/317).
De fato, “seria uma distorção pensar que o princípio da separação dos poderes,
originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser
utilizado justamente como óbice à realização dos direitos sociais, igualmente fundamentais.
Com efeito, a correta interpretação do referido princípio, em matéria de políticas públicas, deve
ser a de utilizá-lo apenas para limitar a atuação do judiciário quando a administração pública
atua dentro dos limites concedidos pela lei. Em casos excepcionais, quando a administração
extrapola os limites da competência que lhe fora atribuída e age sem razão, ou fugindo da
finalidade a qual estava vinculada, autorizado se encontra o Poder Judiciário a corrigir tal
distorção restaurando a ordem jurídica violada” (STJ, REsp 1041197/MS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 16/09/2009).
I – A questão discutida no presente feito é diversa daquela que será apreciada no caso
submetido à sistemática da repercussão geral no RE 566.471-RG/RN, Rel. Min.
Marco Aurélio. II - No presente caso, o Estado do Rio de Janeiro, recorrente, não se
opõe a fornecer o medicamento de alto custo a portadores da doença de Gaucher,
buscando apenas eximir-se da obrigação, imposta por força de decisão judicial, de
manter o remédio em estoque pelo prazo de dois meses. III – A jurisprudência e a
doutrina são pacíficas em afirmar que não é necessário, para o prequestionamento,
que o acórdão recorrido mencione expressamente a norma violada. Basta, para tanto,
que o tema constitucional tenha sido objeto de debate na decisão recorrida. IV – O
exame pelo Poder Judiciário de ato administrativo tido por ilegal ou abusivo não viola
o princípio da separação dos poderes. Precedentes. V – O Poder Público não pode se
mostrar indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que
por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. Precedentes. VI
– Recurso extraordinário a que se nega provimento.(RE 429903, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 25/06/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 13-08-2014 PUBLIC 14-08-2014).
No que se refere aos direitos que compõe o mínimo existencial, como os direitos à
saúde, à vida, à educação, à alimentação e à moradia, dentre outros, não se deve justificar a não
efetivação desses direitos, com base em alegações de insuficiência dos recursos públicos,
fundamentada na teoria da reserva do possível.
Cabe ao Poder Público, por meio da rede pública de saúde, auxiliar todos aqueles
que necessitam de tratamento, disponibilizando profissionais, equipamentos, hospitais,
materiais, acesso a exames indicados e remédios prescritos, já que os cidadãos pagam impostos
para também garantir a saúde aos mais carentes de recursos, sendo dever do Estado colocar à
disposição os meios necessários, mormente se para prolongar e qualificar a vida e a saúde do
paciente em conformidade com os pareceres dos médicos especialistas.
4 - DA TUTELA DE URGÊNCIA
O primeiro deve permitir, por meio de cognição sumária, um juízo provisório sobre
a veracidade e relevância das alegações, ainda que à mercê de prova inequívoca.
O segundo requisito, por sua vez, vincula a existência de uma situação de risco ao
direito protegido, fundamentando, a necessidade pronta intervenção judicial sob pena de
ineficácia do provimento final.
Esse requisito também está presente nestes autos, pois, em razão da temática
envolvida, direito à saúde, o qual está vinculado ao direito de vida, e, devido ao alto teor de
letalidade da doença câncer, cujo tratamento está interrompido por falta de medicamentos
padronizados, faz-se necessário a concessão de liminar antes do provimento final, sob pena de
ineficácia da tutela jurisdicional.
2.2) os Réus Distrito Federal e IGESDF, por esforço conjunto e solidário, sejam
obrigados a:
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V- VALOR DA CAUSA
CELESTINO CHUPEL