Sei sulla pagina 1di 10

Minha, tua, nossa…

Perdida algures por entre a neblina distante, situava-se a casa que todos apelidam
de assombrada.
A casa era sombria, situava-se no cimo da colina mais distante, e encontrava-se
circundada por arvoredo cerrado. Nunca ninguém ousara lá entrar. Jamais alguém
sonhara aproximar-se.
Rezava a lenda que esta era habitada por seres míticos. Que em tempos, há
muito tempo atrás, fora comprada por um vampiro maléfico que se alimentara de
metade das populações das redondezas. Muitos diziam que estas terríveis histórias, não
passavam disso mesmo: histórias.
Mas, mesmo assim, preferem manter-se longe da casa a que chamam
assombrada.
Eu apenas lhe chamo de minha casa. Minha e de mais uns quantos que por cá
passam.
Continuo sem perceber porque ao logo dos séculos, a casa deixou de ser minha,
e passou a ser nossa. Minha e dos visitantes. Minha e dos outros que por cá ficam. Que
são bastantes. Não é fácil viver com pessoas acolhedoras…
Adquiri esta casa vitoriana há vários séculos, quando me cansei de viver por aí,
quando ao fim de um longo tempo a viajar pelo mundo, me senti farta.
Decidi fixar-me longe da civilização – tinha vivido tempo demais dentro dela,
mudei o meu regime alimentar e experimentei novas coisas. Sentia-me feliz na minha
solidão.
Mas, aos poucos foram chegando viajantes – seres míticos das mais variadas
espécies, que precisavam de passar um dia ou dois longe de tudo. Acedia a que
ficassem, afinal eu também já tinha sido uma aventureira.
Mas alguns acabaram por ficar…
E casa que iria ser o meu ninho de paz, acabou transformada naquilo a que os
humanos alegremente chamam de Hotel.
A primeira a fixar-se fora Lorena. A desmiolada-fastasma da minha melhor
amiga. A afinidade fora rápida e instantânea: tínhamos ambas a mesma idade (eu sofrera
a vampirização aos 19 e Lorena ficara presa à terra com os mesmos anos de vida), os
nossos gostos eram semelhantes (embora ela fosse muito mais cintilante e alegre que
eu), e vistas de longe, até que éramos parecidas (tirando o facto de ela ser
completamente translúcida e eu dura como pedra, e banca como cal, e de os seus
cabelos serem cor de fogo, e os meus se assemelharem a barbas de milho).
Depois chegaram Ham e Berith, um estranho casal, já que ela era uma fada e ele
um duende.
Ham era uma espécie de governanta, e Berith era o que se podia chamar de
mordomo (embora continuasse a vestir religiosamente o seu fato verde, em vez do
smoking).
Ambos eram noruegueses, e conheceram-se quando Ham fora destacada para
fada madrinha de Berith. Apaixonaram-se imediata e instantaneamente.
Poderia passar horas a descrever o que ambos haviam sentido…
- Até as minhas asas ficaram arrepiadas da primeira vez que o vi – repete vezes
sem conta Ham, com os olhos azuis celeste muito abertos, sempre que decide contar a
sua história de amor, ou seja, em média, duas a três vezes por semana.
Ham era magra e baixa, de uma beleza estonteante. A sua pele era brilhante,
assim como os seus longos e dourados cabelos. As asas eram das mais variadas cores. O
tipo de pessoa por quem nos apaixonamos á primeira vista. Era uma verdadeira fada.
Já Berith era muito baixo, e nada magro. Um verdadeiro duende dos contos
infantis. Sempre vestido de verde, com orelhas pontiagudas e olhos grandes.
Sim, este era um casal improvável e barulhento.
Mas, e como diz o velho e gasto ditado, primeiro estranha-se, depois entranha-
se. E a verdade é que já não saberia viver sem Lorena, Ham e Berith… os meus três
barulhentos, invasores e chatos - Lorena, Ham e Berith…
Mas naquela manhã, a casa estava calma. Reinava um silêncio sepulcral, como
deveria ser desde o início.
- Bem – disse Ham interrompendo o meu pensamento – Gostava de falar
contigo.
Eu estava sentada no banco alto da cozinha há bastante tempo, e nem me
incomodara com o facto de Ham estar a esmagar minhocas dentro de um alguidar –
deveríamos ter residentes mesmo estranhos naquela semana. Que género de pessoa
come paté de minhoca?
Se ainda fosse sugar umas minhocas como apetitivo. Senti um desejo repentino, abanei
a cabeça e respirei fundo.
- Sim, diz, Ham!
- Bem, sabes – começou envergonhada – Eu estive a falar com o Berith, e nós
achamos que...
- A sério que decidiram ter um bebe?! – perguntei com uma careta.
- Não! Não é nada disso – respondeu com um gritinho, enquanto corava.
- Então é o quê?
- Nós queríamos festejar o Natal. – respondeu decidida, de uma assentada só.
Quase caí da cadeira. Festejar o quê? Natal?
Nunca, em tempo algum festejei o Natal. No meu tempo de humana a minha
família era demasiado pobre para essas coisas, e depois de me tornar vampira nunca me
dera a esse trabalho. Estava sozinha e possivelmente teria algo mais interessante para
fazer…
Por isso não era agora que estava interessada em contrariar a tendência. Não
íamos festejar o Natal. E ponto final.
- Não. – respondi friamente.
- Oh… mas porquê? – Ham estava visivelmente desiludida.
- Por favor! – exclamei. – Natal? Sinceramente?
- Sim! É tempo de união! Amizade! De amor! – esclareceu com ar sonhador – E
nós nunca festejamos o Natal cá!
- Nem vamos festejar. – rematei.
Ham olhou-me ameaçadoramente, abanado a asas coloridas. Não pude deixar de
reparar que mesmo com uma postura intimidadora, Ham era adorável. Uma fada!
Não ia pôr sequer este assunto em discussão. Natal em minha casa era
impensável.
Tentei imaginar o quadro. O que veio á minha mente foi uma cena degradante e
escura. Tentar imaginar luzes, pinheiros e decorações natalícias numa casa com
decoração gótica, vampiresca e fantasmagórica era demasiado sinistro.
- Liz… - pediu piscando os olhos de modo encantador.
- Não. Desculpa, mas não.
Vire-lhe as costas. Gostava demasiado de Ham para discutir com ela. Contudo
não iria abrir mão da minha decisão. Festejos de Natal, não!
Tinha de contar esta ideia estapafúrdia a Lorena. Decerto ela iria rir-se de quão
parva era.
Determinada e distraída não vi o rapaz que ia a descrer as escadas. Só dei pela
sua presença quando embati contra ele de forma violenta.
- Desculpa – apressei-me a pedir, fazendo pairar as minhas mãos sobre o seu
ombro.
- Não faz mal – respondeu-me uma voz melódica.
Olhei para cima – o rapaz era alto -, e deparei-me com um vampiro.
Há bastante tempo que não tínhamos a visita de vampiros, ou pelo menos, vampiros de
referência.
Este era lindo, alto e jovem.
- Alfie – disse estendendo-me a mão.
- Liz – disse retribuindo o gesto, encantada com a beleza e amabilidade do rapaz.
- Parecias atarefada – referiu – Uma festa de Natal para tanta gente não é nada
fácil.
Rugi e senti o meu estado de espírito alterar-se completamente.
- Ham! – sussurrei através de dentes serrados.
- Se precisarem de ajuda… – ofereceu.
- Não vamos precisar – respondi secamente – Não vai haver festa de Natal.
Deixei um Alfie com um ar estupefacto e subi as escadas. Decerto Lorena estaria
no andar de cima a atravessar paredes.
- Lorena? – chamei no corredor.
Nada.
- Lorena? - chamei avançado na divisão.
Silêncio.
- Aqui! – gritou uma voz abafada – Casa de banho.
Encaminhei-me para a casa de banho – a maior e mais luxuosa da casa.
Lorena fazia-se passear pela divisão. Flutuava e atravessava paredes, móveis e
todos os objectos que estivessem no seu caminho.
Sentei-me no chão. Se bem a conhecia, ela não rira interromper a sua diversão
para que tivéssemos uma conversa normal.
- Sabes o que é que a Ham anda tramar? – perguntei.
- Não – respondeu enquanto atravessava um dos armários.
- Ela quer fazer uma festa de Natal! – gozei – Não é ridículo?
- Não… - disse encolhendo os ombros, e flutuando até à parede mais próxima.
-Podes parar de atravessar as paredes e ouvir-me? – pedi exasperada.
Aquela postura despreocupada de Lorena começava a irritar-me. Será que ela
não estava a perceber o que eu estava a dizer?
- Estou a ouvir-te – retorquiu enquanto atravessava mais uma parede.
- Eu disse: Fes-ta-de-Na-tal! – repeti de forma estupidamente lenta.
-Eee?
- Eee? Tens a certeza que me estás a ouvir bem?
- Tenho… parece-me uma boa ideia…
- Estas a gozar, certo?
- Não – ripostou abando a cabeça de modo estranho e descoordenado.
- Lorena, há quanto tempo te viste livre destas tretas humanas? – perguntei
arreliada.
- Há tempo suficiente para querer voltar a vivê-las.
- Desisto – proferi levantando-me do chão abruptamente (esta era uma vantagens
de se ser vampiro – a rapidez).
- Espera! Não fiques amuada – disse-me uma cabeça saída da parede.
Rugi-lhe e encaminhei-me para a porta. Se Lorena achava tudo aquilo boa ideia,
não ia perder o meu tempo a discutir com ela!
Aliás não ida discutir aquele assunto com mais ninguém
- Hei! – chamou novamente e pude senti-la atrás de mim. – Não te vás embora
assim.
E voltou a acontecer. Pela milionésima vez, Lorena tentou atravessar-me para
me travar, e pela correspondente vez, foi projectada pelo ar.
Suspirei. Quando seria ela capaz de perceber que não me conseguia atravessar?
Voltei-me lentamente e deparei-me com uma Lorena caída no chão.
- Au – queixava-se enquanto massajava a cabeça, desgrenhando o cabelo.
Senti uma imensa vontade de me rir da sua figura, mas contive-me. Afinal, tinha
de manter a pose de vampira maléfica e chateada com a fantasma brincalhona.
- Liz, o Natal é bom! – disse com uma voz acriançada e sonhadora, voltando a
levitar – Mesmo Bom! Lembra-te de quando eras pequena e acreditavas no Pai Natal …
- Lorena, quando eu era pequena não tínhamos dinheiro para festejar o Natal, por
isso nem sequer sabia o que era o Pai Natal – referi revirando os olhos – Além do mais,
já passei essa fase.
- Oh… - lamentou.
- Nem todos podemos ser filhos de aristocratas – gozei.
O pai de Lorena era uma das pessoas mais influentes do seu tempo, podendo
proporcionar à filha uma vida de princesa… já o meu pai…
- Deixa lá de ser desmancha-prazeres e aprende a divertir-te!
- Não quero. – disse com voz firme e abandonei da casa de banho, deixando
Lorena com uma expressão atónica e descrente.
Saí rapidamente de casa, e corri em direcção à floresta que a circundava. Sabia
que era uma atitude infantil da minha parte, estar a virar as costas a toda a gente e a
fugir, mas sinceramente já não aguentava aquela conversa sobre o Natal e sobre festas!
Eu não era uma pessoa sociável e dada a confusões ou festas. Era vampira, e
tinha direito à minha privacidade e paz, raios.
Além do mais a casa-hotel era minha, o que fazia, consequentemente, que a decisão
fosse minha também!
Parei quando tive a certeza que nenhuns olhos indiscretos me podiam observar.
Procurei uma árvore bem alta – precisava de pensar, ou por outro lado de não pensar.
Acima de tudo precisava de silêncio para ouvir os meus próprios pensamentos.
Impulsionei-me para cima. Em menos de um segundo já estava a mais de seis
metros de altura, sentada num ramo robusto e resistente, sentindo o vento gélido de
Dezembro na minha face de mármore.
- Finalmente em paz – murmurei, balançando os pés.
Mal estas palavras saíram da minha boca senti um movimento atrás de mim.
Será que Lorena me havia seguido? Ou alguém me andava a perseguir?
Empoleirei-me no galho e agachei-me numa posição de ataque.
- Hei! Liz, não me ataques – a voz melódica e inconfundível de Alfie chegou até
mim.
Pelo que queria parecer não era só eu que achava que as árvores altas eram um
bom esconderijo!
Votei-me, ainda agachada, e senti um frio da barriga. Como é que lhe
chamavam? Borboletas no estômago… sim podia sentir as suas asas de cetim nas
minhas entranhas...
Abanei violentamente a cabeça. O que estava eu a dizer? Alfie era um
desconhecido. Um vampiro, que tanto quando eu sabia (ou seja muito próximo de nada)
poderia ser um assassino em serie (o que era possível, afinal nem todos os vampiros
gostam de minhocas como eu).
- Ups! – disse quando ele chegou mais perto de mim, abrindo um sorriso.
Ambos empoleirados no mesmo ramo sorriamos estupidamente um para o outro.
Liz o que é que estás a fazer? Perguntei de mim para mim.
Alfie olhava-me nos olhos. Parecia querer hipnotizar-me, inebriar-me.
Os seus olhos escuros penetravam os meus procurando algo.
Eu começava a sentir-me zonza. Supostamente a seis metros de altura eu estaria
em sossego.
Alfie aproximou-se mais, e…
E sem que nada o pudesse impedir, nem mesmo a gravidade, estávamos em
queda livre. Provavelmente o nosso peso fora demasiado para o frágil ramo da árvore.
Mas, em vez de cairmos, fizemos uma aterragem perfeita e sincronizada.
- Desculpa! Não era minha intenção fazer-nos cair – disse-me Alfie encurtando o
espaço entre nós novamente.
- Não faz mal – disse.
Alfie estava demasiado próximo. Demasiado…
- O que é que pensas que estás a fazer? – questionei dando um passo para trás.
- Oh! Desculpa! Não queria parecer indelicado! Mas fascinas-me, só isso…
- Fascino-te? – perguntei descrente - Como assim?
- Nunca conheci uma vampira como tu. Independente, com casa, família… hotel
Sorri-lhe.
- Em teoria a ideia não era essa… mas eles foram aparecendo, e ficando…
Ficamos a falar durante horas, sentados no chão da floresta. Contei-lhe a minha história,
ele contou-se a sua. Falei-lhe da chegada de Lorena, de Ham e de Berith.
- Posso fazer-te uma pergunta? – interrogou numa das minhas pausas.
- Podes… - respondi não muito convencida.
- Porque não gostas do Natal?
- Eu não disse que não gostava… - defendi-me.
- A Ham disse-me. – retorquiu com um sorriso torto.
- A Ham fala de mais…
Ficamos ambos em silêncio. Eu a contemplar o vazio á minha frente, e Alfie ainda a
olhar-me.
Passei as mãos pelos cabelos. O que estava Alfie à espera que eu dissesse?
- Pronto. Não gosto do Natal. Não vejo a utilidade da coisa. – disse de rajada e
de forma quase involuntária.
- Liz, não é suposto a coisa ter utilidade…
Suspirei longamente. Talvez usar Natal, coisa e utilidade na mesma frase não fosse boa
ideia…
- Olha, eu não estou habituada a estas coisas. Na verdade nem sequer sei como
lidar com elas… - admiti – E não sei se quero apreender a lidar.
- Pensei que eras destemida! – acusou semicerrado os olhos.
- E sou! Mas já tenho idade para ter juízo… - terminei.
- Liz… permite-te… - disse acabando totalmente com o espaço que no separava.
E permiti-me. Não só permiti que Alfie me beijasse, mas também permiti,
naquele momento, que a festa acontecesse.
Afinal, que mais tinha eu a perder? Era só mais um acontecimento na minha
eternidade… só mais um…
E Alfie estaria comigo. Tinha a certeza. Há quanto tempo o conhecia? Um dia?
Para um vampiro, o tempo não era de facto um factor determinante ou valorizado.
Passado um longo momento, Alfie e eu afastamo-nos e seguimos caminho para
casa.
A minha decisão estava tomada, e tinha de a comunicar a Ham.
Ainda mal tinha posto o pé dentro de casa e já podia avistar uma convenção de
seres míticos no hall. Na frente de batalha estava Ham ladeada por Berith e Lorena.
- Precisamos de falar contigo - disse Ham – Sobre a festa.
Fez uma pausa.
Não disse nada. No meu íntimo eu já tinha concordado com a festa. Mas gostava
de me fazer difícil...
- Não – respondi.
- Sim – insistiram os três da linha da frente em uníssono.
Soltei o ar dos meus pulmões petrificados ruidosamente. Senti Alfie agitar-se
atrás de mim. Decerto não estava a perceber o que eu estava a fazer.
- Os outros votaram… - respondeu Lorena apontando para a multidão que nos
ladeava.
- Liz! Por favor! – pedinchou Berith.
Podia sentir os olhos de Alfie a fuzilarem-me as costas. Ele esperava que eu
dissesse o Sim.
- Ok! Pode ser… - a sala irrompeu em aplausos, e Ham bateu fortemente as suas
asas.
- Mas… - os ânimos acalmaram-se – Eu supervisiono tudo!
Lorena fez-me uma careta. E Ham olhou-me de esguelha. Parecia que não
ficaram satisfeitas com a minha última afirmação.
Mas Berith sorria alegremente, e todos os restantes seres míticos pareciam
felizes.
*

Os dias que antecederam ao Natal foram um stress, e por mais de muitas vezes
desejei nunca ter alinhado na ideia da festa.
Primeiro as decorações.
Era prever que deixar Ham, Berith e Lorena tratar desta parte, era uma das
piores ideias que eu poderia ter.
- Vá lá Liz… - dizia-me Alfie de dois em dois minutos. – Deixa-os exagerar só
desta vez…
E eu acedia. Se Alfie me dissesse para autorizar que eles transformassem a casa
num parque de diversões eu provavelmente deixaria…
De onde saíra Alfie, mesmo?
Depois havia o problema do jantar natalício. Ham andava numa roda vida a
preparar uma ementa elaboradíssima – que para dizer a verdade, metade dos convidados
não comeria.
Sentia-me feliz como há muito não sentia, aliás como nunca me havia sentido.
Afinal, parecia que eu gostava do Natal, das decorações foleiras, brilhantes e cheias de
purpurinas…
Até dera por mim preocupada com os presentes que iria oferecer, melhor saíra
de casa à procura do presente ideal para Lorena, Ham, Berith e Alfie.
Depois disto, eu ia tornar-me um coração mole…
Havia uma atmosfera diferente e mágica. Algo novo e fascinante…
Lorena pairava pela casa enquanto assobiava e trauteava músicas de Natal.
Já Berith parecia um gnomo do Pai Natal, sempre carregando presentes para
depositar debaixo da árvore de dois metros que tínhamos na sala de estar.
E até os hóspedes estavam empolgados. Alguns iam mesmo prolongar a sua
estadia. Outros estavam a preparar uma troca de presente.
A noite de Natal estava ser verdadeiramente mágica.
Todos reunidos à mesa, a festejar, a comer (ou a fingir que o fazíamos). E todos
com a sua roupa mais cara e vistosa.
Esta era uma visão que a minha mente jamais poderia produzir. Nunca imaginei
ser possível festejar o natal nesta casa, com estas pessoas.
- MEIA-NOITE! – exclamou excitada Lorena!
- Presentes! – gritaram os restantes.
Todos correram para a árvore de Natal gigante – estavam tão excitados como
uma criança de três anos.
Apenas eu e Alfie ficamos no mesmo lugar, à mesa.
Eu sorria estupidamente para a porta.
- Ainda estás arrependida por decidires dar a festa? – questionou.
Fiz-lhe uma careta.
- Não nem por isso… mas, não digas nada à Ham! – pedi.
Alfie sorri-me, levantou-se, e como cavalheiro que era estendeu-me a sua mão
gélida, ajudando a levantar-me.
Segurou a minha mão na sua, e caminhamos juntos para a árvore de Natal, onde
todos já desembrulhavam as suas prendas.
- Feliz Natal – gritou Lorena, empurrando uma enorme caixa na minha direcção.
Sim. Estava comprovado, eu, a vampira Liz, proprietária da casa assombrada
que em tempos fora minha, e agora era nossa, gostava muito do Natal.

Fim

Potrebbero piacerti anche