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MATERIAIS
SENAI-RJ • Mecânica
TECNOLOGIA DOS
MATERIAIS
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente
Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
TECNOLOGIA DOS
MATERIAIS
SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2007
Tecnologia dos Materiais
© 2007
Diretoria de Educação
EQUIPE TÉCNICA
Esta material foi construído mediante a compilação de diversas apostilas publicadas pela Instituição, sendo
elas: Materiais, Ensaios e Tratados Térmicos e Higiene Ocupacional do SENAI-RJ; Tecnologias e Ensaios dos
Materiais do SENAI-SP e Informações Técnicas Mecânica do SENAI-RG.
Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse
momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação profissional do país: o SENAI.
Há mais de sessenta e cinco anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o
desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade,
capacidade de análise, solucionando problemas, avaliando resultados e propostas de mudanças no
processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes,
assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os
resultados.
Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias exigirá de você
a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando a necessidade de uma
formação consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à auto-
aprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI a criar uma estrutura
educacional, com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma
formação flexível e modularizada.
Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária ao seu
desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa
escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Seja bem-vindo!
Diretora de Educação
Sumário
APRESENTAÇÃO ........................................................ 11
1 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
DOS MATERIAIS ....................................................... 17
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ......................................... 22
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ......................................... 24
TABELAS ................................................................. 40
Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante.
Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada vez mais curtos, trazendo
desafios renovados a cada dia e tendo como conseqüência para a educação a necessidade de encontrar
novas e rápidas respostas.
Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais busquem atualização
constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do SENAI-RJ incluem-se nessas novas
demandas sociais.
É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educação profissional,
as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender, favorecendo
o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas
possibilidades de atuar com autonomia, de forma competente.
Neste caderno você vai encontrar conteúdos sobre as características e formas de obtenção de
materiais ferrosos e não-ferrosos, suas propriedades, classificações e principais ligas, assim como
uma análise da relação desses materiais com o meio ambiente e a saúde.
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Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial
Meio ambiente...
Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação
entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho.
É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre
retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra” de volta ao ambiente
natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio
dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis
ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para diminuir os
impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar
com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que
vive ao redor delas.
SENAI-RJ 13
Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial
O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha
básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de
processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos
de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e
dispensar bens desta forma, obviamente, não é sustentável.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”) são
absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem
aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio
ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra
possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos
também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.
Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que
considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem
adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-
primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos
é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de
conserto e vida útil dos produtos.
As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição como também buscar novas formas
de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir a poluição, o lixo, o uso de matérias-primas.
Reciclar e conservar energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.
É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios
diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público,
as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar
com elas.
A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de
pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que
melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma
sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados
pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns
riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho é uma questão que
preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.
14 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial
A redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão
e governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança
de todos.
Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portanto,
é necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente,
sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas
que possam levar à melhoria de condições de vida para todos.
Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas
e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente...
faz-se preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em
tal direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, saúde e
segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profissional diário, você deve agir de forma
harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.
Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, a saúde e a segurança no
trabalho – o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é
responsável.
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Classificação e
características
dos materiais
Nesta unidade ...
Tabelas
1
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Classificação e características
dos materiais
Antes de iniciarmos o assunto, vamos entender melhor como empregamos materiais em nosso
dia-a-dia. Como exemplo, analisaremos um motor de automóveis. Você já pensou na quantidade de
materiais usados na construção
7
de um motor de automóvel? São
empregados muitos tipos de 6
materiais, tais como plásticos,
aço, ferro fundido, couro etc. O 5
projetista seleciona cada um
4
deles baseado na sua adaptação
aos processos de fabricação,
8
propriedades, comportamentos
3
em serviço, custo, disponi-
bilidade, limitação de peso,
impactos ambientais, entre
outros critérios. 2
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Os elementos citados estão no estado de produto final, aplicado ao objetivo, mas o processo se
iniciou com escolha do material, frente às particularidade de cada elemento do conjunto.
Mas o que são materiais? Como os entendemos, manipulamos e usamos? Materiais são uma
das partes da matéria do universo. De forma mais específica, são as substâncias cujas propriedades
as tornam utilizáveis na fabricação de estruturas, de máquinas, de dispositivos e de produtos consumíveis.
Nelas, podemos incluir os metais, os produtos cerâmicos, os semicondutores, os supercondutores, os
polímeros (plásticos), vidros, fibras, madeira, areia e vários outros conjugados. Sua produção e seu
processamento visando à obtenção de produtos acabados geram grande número de empregos e são
parte significativa do produto nacional bruto (PNB).
Os materiais podem ser visualizados como que fluindo num vasto ciclo de oportunidades, num
sistema global de transformações regenerativas.
Transformação
metalúrgica e química
R
do e c i
m la
c ão o
at g e a ç ut
er m il z od
ia ti r
l U op
d
Transformação
metalúrgica e química
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Materiais no estado bruto são extraídos da terra por diversas formas para
servirem como matéria-prima para produtos de base, como lingotes
metálicos, pedra compactada, produtos petroquímicos, madeira serrada etc.
Como materiais brutos intermediários, eles podem ser transformados em
materiais de engenharia, como um fio condutor, um perfil estrutural de
aço, concreto, componentes plásticos, atingindo assim o produto final que
utilizamos.
Após seu desempenho a serviço do homem, os mesmos materiais, já em
forma de sucata, percorrem o caminho de volta, e se for econômica e
tecnicamente viável, são re-inseridos no ciclo de processamento para uso
posterior, como matéria-prima.
Um aspecto importante revelado pelo ciclo dos materiais é a forte interação destes com a
energia e o meio ambiente, mostrando que seus processos de produção devem ser considerados, sem
omissão, no planejamento nacional e no custo tecnológico. Tais considerações resultam quase sempre
em críticas ao fraco entrosamento entre as áreas de energia e a área de estudo dos materiais,
principalmente no que diz respeito aos novos conceitos de gestão de qualidade e consciência ambiental
adotados pelos países industrializados.
O ciclo dos materiais é um sistema que entrelaça recursos naturais e necessidades particulares,
pois para fabricar produtos reciclados, como o exemplo do alumínio, é necessário aplicar um alto nível
de tecnologia e desenvolvimento, a fim de poder competir em custo e qualidade com os produtos
convencionais.
Existe, por certo, uma enorme quantidade de cientistas, engenheiros e técnicos especialistas em
materiais e trabalhando para que mais e melhores materiais estejam à disposição dos projetistas.
E você é parcela contribuinte deste processo. Como? Conhecedores das características físicas,
químicas e tecnológicas dos materiais utilizados no processo de produção, deve-se trabalhar com
máquinas operatrizes de forma customizada e consciência ambiental. Estes são os objetivos deste
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
curso: proporcionar conhecimentos técnicos que sirvam de apoio à sua carreira profissional; e apresentar
as formas racionais de empregar tais materiais, numa constante renovação do conhecimento.
Os metais são os materiais mais utilizados na construção mecânica. Deles, o ferro é o mais
importante, e é razoável supor que essa posição permanecerá por um espaço de tempo praticamente
ilimitado, face a certas condições peculiares desse metal que o tornam insubstituível para a maioria
dos empregos na indústria mecânica: suas propriedades intrínsecas, sua relativa abundância na crosta
terrestre e seu baixo custo de extração e processamento, principalmente quando comparado ao de
outros metais importantes.
Entretanto, somente alguns poucos países tem o privilégio de possuir ferro com alto teor metálico.
Entre eles situa-se o Brasil, cuja potencialidade nesse metal é internacionalmente conhecida.
Entretanto, é importante levar em conta que o ferro puro não apresenta boas características
mecânicas, sendo necessário um processo de inclusão de pequenas porcentagens de carbono, visando
produzir aço e ferro fundido.
Materiais
Metálicos Não-metálicos
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Conhecidas as classes dos materiais, passemos agora a especificá-los por grupos e emprego a
que se destinam, pois todos os materiais possuem características próprias que devemos conhecer
para podermos empregá-los mais adequadamente.
Ao estudarmos a classe dos metálicos, podemos dividi-los em dois grupos distintos: os ferrosos
e os não-ferrosos.
Metais ferrosos
a) O aço – liga de Ferro (Fe) e Carbono (C), com C < 2%; é um material tenaz, de excelentes
propriedades, de fácil trabalho, podendo também ser forjado.
Como esses materiais são fáceis de serem trabalhados, com eles é construída a maior parte de
máquinas, ferramentas, estruturas, bem como instalações que necessitam materiais de grande
resistência.
Metais não-ferrosos
São todos os demais metais empregados na construção mecânica. Possuem empregos os mais
diversos, pois podem substituir os materiais ferrosos em várias aplicações, mas nem sempre podem
ser substituídos pelos ferrosos.
Esses metais são geralmente utilizados isolados ou em forma de ligas metálicas, algumas delas
amplamente utilizadas na construção de máquinas, instalações, automóveis etc.
a) Metais pesados (P > 5kg/dm3) – cobre, estanho, zinco, chumbo, platina etc.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
muito utilizados em tratamentos galvânicos superficiais de materiais. São também bastante utilizados
em componentes elétricos.
Nos últimos anos, a importância dos metais leves e suas ligas tem aumentado consideravelmente,
principalmente na construção de veículos, nas construções aeronáuticas e navais, bem como na
mecânica de precisão, pois têm-se conseguido ligas metálicas de alta resistência e de menor peso e,
com isto, se tende a trocar o aço e o ferro fundido por esses metais.
Daí a necessidade de conhecermos um pouco mais esses materiais que vêm-se tornando uma
presença constante nos campos técnico, científico, doméstico etc.
Logo, saber das propriedades dos materiais é essencial para conhecer a sua aplicação.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Como você já viu, esses materiais estão agrupados em dois blocos distintos:
Essa divisão entre metálicos e não-metálicos está diretamente ligada à constituição desses
materiais. Os materiais metálicos apresentam plasticidade, isto é, podem ser deformados sem se
quebrarem e conduzem bem o calor e a eletricidade.
O princípio de maior valor para os técnicos e engenheiros é que "as propriedades de um material
originam-se da sua estrutura interna". As estruturas internas dos materiais envolvem não apenas os
átomos, mas também o modo como estes se associam com seus vizinhos, em cristais, moléculas e
microestruturas. Observando estas estruturas e trabalhando continuamente com diversas opções de
materiais, conseguimos chegar a algumas propriedades específicas, diretamente relacionadas às
ligações químicas presentes.
• resistência
• impermeabilidade
• condutibilidade
• flexibilidade
• elasticidade etc.
Para facilitar seu entendimento, optamos por reunir em grupos de acordo com o efeito que elas
podem causar. Cada uma dessas propriedades deve ser cuidadosamente considerada na fabricação
de qualquer produto. Iremos estudá-las com o objetivo de ajudar você a compreender como os materiais
se comportam durante seus ciclos de aplicação.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
• químicas
• mecânicas
• térmicas
Propriedades físicas
Resistência
Todo corpo tende a resistir aos esforços que lhe são aplicados. Dá-se o nome de resistência à
maior ou menor capacidade que o material tem de resistir a um determinado tipo de esforço, como
tração, compressão, flexão, cisalhamento, torção e flambagem, entre outros.
flexão flambagem
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Assim sendo, se tomarmos dois diferentes materiais e submetê-los ao mesmo tipo de esforço, o
que primeiro deformar-se permanentemente é o que menor resistência terá a esse tipo de esforço
(não é necessário que o material se rompa, basta que fique deformado).
Deformação
• Deformação plástica – um material pode ter plasticidade. Isto quer dizer que ao ser submetido
a um esforço, ele é capaz de se deformar e manter um determinado aspecto, e quando o
esforço desaparecer, ele deve permanecer deformado. Essa propriedade é importante para os
processos de fabricação que exigem conformação mecânica, como a prensagem para a fabri-
cação de partes da carroceria de um veículo. Ela também é encontrada quando laminamos um
material, quando fabricamos peças feitas de chapas dobradas de aço, ou quando fabricamos
tubos. O que pode variar é o grau de plasticidade de um material para outro, que pode ser
medido através de uma outra propriedade conhecida como ductilidade.
• Deformação elástica – nesse caso a deformação não é permanente, isto é, uma vez cessados
os esforços o material volta à sua forma original.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Fragilidade
Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto
materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim, os materiais que possuem baixa resistência
aos choques são chamados frágeis. Como exemplo de materiais frágeis podemos citar o vidro, ferro
fundido etc.
Você já observou que um copo de vidro, ao cair no chão, na maioria das vezes se quebra. Isso
porque esse material é frágil. O mesmo não aconteceria se o copo fosse de alumínio; nesse caso,
ocorreria uma deformação em alguma parte do copo, pois esse material é dúctil.
Ductilidade ou ductibilidade
É uma deformação de caráter plástico (deformação que não pode ser recuperada, ou seja, é
permanente), que ocorre até o ponto anterior àquele em que o material não suporta determinado
esforço e rompe-se. Quando laminados, estampados, forjados ou repuxados, os materiais também
apresentam uma propriedade conhecida como maleabilidade, que nada mais é do que a resistência
imposta por eles mesmos a esses processos.
Pode-se dizer que a ductilidade é o oposto da fragilidade. Assim, os materiais com alta resistência
aos choques (ou outros esforços que tenderiam a rompê-lo) são chamados dúcteis. O cobre (Cu) é
um bom exemplo:
Na Figura 5 temos um fio de cobre de 300 mm de comprimento. Se puxarmos esse fio, ele se
esticará até um comprimento de 400 a 450 mm sem romper-se, porque o cobre possui boas qualidades
de ductilidade.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Tenacidade
Dureza
As ferramentas devem ser duras para que não se desgastem e possam penetrar em um material
menos duro. A dureza é, portanto, a resistência que um material opõe à penetração de outro corpo
(Figura 7)
Um bom exemplo é trabalhar com o material vidro. Você já deve ter visto o uso de ferramentas
à base de diamante sintético para efetuar corte de vidros.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
A dureza pode ser definida como a resistência ao entalhe (risco). A dureza indica o quanto a
superfície resiste a danos localizados causados por tensão ou impacto. Testes para determinar a
dureza normalmente envolvem a medida do diâmetro da depressão permanente causada pela penetração
de uma esfera dura na superfície do material com uma carga padrão, como a dureza Brinell, usada
em testes de metais (Figura 8). Nesse caso, o teste de dureza é usado porque ela está bem relacionada
à resistência dos metais.
carga
Fluência
• Metais submetidos a tensão sob temperaturas próximas ao ponto de fusão. Quando metais são
submetidos a temperaturas bem abaixo do ponto de fusão, como o aço à temperatura ambiente,
a fluência não será problema.
• Materiais susceptíveis a umidade (que, por exemplo, expandem com a umidade) são passiveis
de exibir fluência relacionada ao escoamento da umidade no material. Muitas cerâmicas poro-
sas, como o concreto, estão sujeitos a fluência. Madeira é outro material que se enquadra nesta
categoria; flechas (barrigas) em vigas de madeira aumentam progressivamente com a idade.
Fadiga
Rupturas por fadiga resultam de aplicações repetidas de tensão. A ruptura em muitos materiais
ocorre com tensões bem abaixo da tensão de ruptura se o carregamento for aplicado repetidamente.
O número de ciclos até a ruptura depende da tensão aplicada (Figura 9). A tensão para romper um
determinado material pode ser menor que a metade da tensão de ruptura se for aplicado um grande
número de ciclos de carregamento.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Tensão
Aço
Alumínio
Nº de ciclos
até a ruptura
A resistência à fadiga pode ser medida. Em materiais como madeira e concreto, os testes são
normalmente feitos com carregamento repetido em vigas. Rupturas por fadiga são raras em
construções, porém em alguns componentes esse tipo de ruptura é comum, como em componentes
metálicos, como dobradiças.
Logo, a aplicação repetida de carga pode levar principalmente o elemento metálico à ruptura,
em razão da propagação das falhas superficiais ou internas do material ou ainda pelas mudanças
bruscas de configuração geométrica.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Propriedades químicas
As propriedades químicas são aquelas que se manifestam quando o material entra em contato
com outras substâncias ou com o ambiente (corrosão). São classificadas de acordo com a presença
ou ausência de resistência aos corrosivos, aos ácidos ou às soluções salinas. O alumínio, por exemplo,
é um material que, em contato com o ambiente, tem boa resistência à corrosão. O ferro é o outro
extremo da moeda. Quando em contato com o ar, ele oxida, enferruja (oxidação), não possuindo boa
resistência à corrosão.
De fato, a reação dos meios corrosivos sobre os materiais pode ser afetada por muitas variáveis,
como a verdadeira natureza química e concentração do meio corrosivo, o grau de exposição (total ou
parcial e constante ou cíclico), tempo de exposição, temperatura etc.
O comportamento dos metais a elevadas temperaturas exige igualmente uma avaliação cuidadosa,
em face das condições extremamente criticas em relação à temperatura a que muitos metais estão
sujeitos, influindo na sua capacidade de resistir às cargas a que estão submetidos.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Propriedades mecânicas
As propriedades de um material associadas com a capacidade que ele tem de resistir à força
mecânica são denominadas propriedades mecânicas. Como você já viu, a resistência, a deformação
elástica, a deformação plástica, a fragilidade, a ductilidade, a tenacidade, a dureza, a fluência e a
fadiga são exemplos de propriedades.
Para entender melhor essas propriedades, é necessário conhecer a definição de tensão (σ),
deformação (ε) e módulo de elasticidade (Ε).
σ)
Tensão (σ
σ = F / A, onde:
F
F = força (sua unidade é o Newton: N). σ = N/m2
A resistência
A carga que determinada peça suporta depende do material de que é constituída, bem como da
área resistente. Na Figura 10, o componente a deve suportar uma carga maior que o componente b,
considerando que ambos são constituídos do mesmo material.
SENAI-RJ 33
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
É um valor que expressa a quantidade de deformação ocorrida num material devido à ação de
forças, dividido pelo comprimento do mesmo. Não possui uma unidade específica (é adimensional), e
pode ser reversível, desde que não ultrapasse o regime elástico do material.
ε = ( L) / L, onde:
Lf - Lo L
L = comprimento final - comprimento inicial.
ε= = (mm/mm)
Lo L
Lo = comprimento inicial.
Lf = comprimento final.
Ε)
Módulo de elasticidade (Ε
Ε = σ / ε, onde: σ
Ε = = N/m2
σ = tensão. ε
ε = deformação relativa.
34 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Quando um material recebe tensão acima do que pode suportar, ocorre um deslocamento
irreversível na sua estrutura atômica. Segundo o módulo de Young, ele deveria voltar ao seu tamanho
original. Porém, em alguns casos não é desejável que o material retorne ao seu tamanho original.
Durante a laminação de uma chapa, por exemplo, é necessário que ocorra uma deformação permanente,
e que tal deformação seja a mesma em todas as chapas fabricadas. Já em produtos acabados, o
material tem que se manter dentro de certos limites elásticos, senão durante o primeiro esforço a que
estiver sujeito poderá vir a romper-se.
É a quantidade de tensão necessária para fazer com que um material passe do regime elástico
para o regime plástico, ou seja, que perca o comportamento segundo o módulo de Young, e permaneça
deformado. Sua unidade padrão é o Pascal, e sua fórmula matemática é:
É a quantidade de tensão necessária para fazer com que um material se rompa. Também pode
ser definida como a capacidade que um material possui para suportar o aparecimento da deformação
plástica.
É a tensão máxima admitida por um material devido a uma quantidade de ciclos e esforços que
ele sofreu. Sua unidade padrão é o Pascal. O limite de resistência pode ser expresso assim:
É um valor percentual que expressa a quantidade linear que foi subtraída do diâmetro ou seção
do material após o efeito de uma carga observada na seção fraturada ou de rompimento. Materiais
dúcteis apresentam alta estricção (alta redução de área). Materiais não dúcteis possuem estricção
próxima de zero. Sua fórmula é:
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Tenacidade
É o valor da quantidade de energia absorvida pelo material (energias plásticas mais energias
elásticas) que foram somadas durante o tempo em que o material esteve tencionado ou tracionado.
Na indústria, o termo tenacidade também é comumente empregado como sendo a resistência de um
material ao choque ou ao impacto.
Uma boa indicação de performance no impacto pode ser obtido no gráfico tensão X deformação
do material. A área abaixo da curva tem unidade de tensão X deformação (que é o mesmo que a
energia por unidade de volume). Conseqüentemente, a área sob a curva está relacionada com a
energia absorvida até a ruptura. Materiais cerâmicos exibem curvas como a curva A (Figura 11) mas
são frágeis.
Metais e madeiras apresentam curva similar à curva B, tendo muito melhor resistência ao impacto;
eles são denominados dúcteis. Vale ressaltar que alta tenacidade não implica necessariamente alta
resistência.
Tensão
Deformação
Resiliência
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Tensão
poderem apresentar ruptura frágil se
supertensionados.
aço de alto C
Tensão
aço de baixo C
Deformação
O aço de alto carbono apresenta limites de escoamento e de resistência à tração mais elevados;
o de baixo carbono é mais dúctil. A área tensão X deformação é maior para este ultimo aço, de modo
que ele é mais tenaz.
De outro lado, o aço de alto carbono possui limite de escoamento mais elevado que o de baixo
carbono; assim, a área sob a curva tensão X deformação, na fase elástica, é maior; em conseqüência,
ele é mais resiliente que o aço de baixo carbono.
SENAI-RJ 37
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Propriedades térmicas
Para analisar com mais apuro as propriedades térmicas dos materiais, é preciso estabelecer a
diferença entre calor e temperatura.
Calor e temperatura
o
F = 1,8 (oC) + 32
5
o
C= [(oF) - 32]
9
Para qualquer componente químico de um material, o ponto de fusão e o ponto de ebulição são
temperaturas importantes, pois correspondem à transição entre diferentes arranjos estruturais dos
átomos no material.
Vários calores de transformação são importantes no estudo dos materiais. Os mais conhecidos
são o calor latente de fusão e o calor latente de vaporização, que são os calores requeridos,
respectivamente, para a fusão e vaporização. Cada um desses processos envolve uma mudança
interna no material, que passa de um arranjo atômico para outro. Há varias outras mudanças estruturais
possíveis para os sólidos; estas mudanças também requerem alteração no conteúdo do material.
Conheça algumas propriedades intrínsecas dos materiais, além das que já vimos até aqui.
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
• Condutividade térmica – corresponde à quantidade de calor que flui, por unidade de tempo,
desde uma superfície até outra a ela paralela e dela distante uma unidade de comprimento,
quando entre estas superfícies se estabelece uma diferença de temperatura de uma unidade. A
unidade SI é o W/mK. Outra unidade de medida da condutividade térmica é o cal/(s . cm . oC).
cal W
1 ________ = 4,19 ____
s . cm . oC m.K
SENAI-RJ 39
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
Tabelas
Em função da variedade de materiais e de suas propriedades, muitas vezes é necessária a
consulta a tabelas especificas. Para isso, seguem as mais usuais.
40 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
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Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
(invar)
(CuNi 44)
42 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais
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Ferro e Aço
Processos de obtenção
Normalização
Tabelas e equivalências
2
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
Processos de obtenção
Os materiais mais usados na indústria mecânica são o ferro fundido e o aço, devido à qualidade
das propriedades existentes neles. Para sua produção necessitamos do ferro gusa ou ferro fundido de
1ª fusão, que se constitui num material duro e frágil, não forjável e que não se pode soldar. É obtido
no alto-forno por meio de minério de ferro com adição de coque e calcário (Figura 1).
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Etapa 1: o carregamento deposita na parte superior do forno uma carga constituída de minério
de ferro a reduzir, de coque ou de carvão vegetal (para fornecer calor e CO necessários à redução)
e de um fundente (calcário), para fluidificar as impurezas e formar uma escória mais facilmente
fusível. O carvão vegetal não possui enxofre, e é considerado combustível de alta qualidade, porém
seu uso acarreta grandes prejuízos ao meio ambiente. O carvão mineral (coque ou ulha), pode ser
extraído de jazidas e possui teor aproximado de 17% de enxofre. As matérias-primas sólidas são
trazidas à parte superior do alto-forno por meio de carrinhos de um elevador ou transportador de
correia. Na parte superior a carga é feita através de uma antecâmara, que reduz ao mínimo a perda
de gases durante a carga.
Etapa 2: esta carga fica disposta em camadas sucessivas, formando uma espécie de sanduíche.
Na parte inferior do forno, logo acima do cadinho, é injetado ar quente, por meio de ventaneiras, para
alimentar a combustão do carvão e melhorar o rendimento do forno. Nesta etapa, os óxidos de ferro
sofrem um processo conhecido como redução (perda de oxigênio) e carbonetação (incorporação de
carbono ao ferro líquido). Tais reações químicas ocorrem devido a um princípio conhecido como
contra-corrente. Enquanto o gás redutor resultante da combustão sobe, a carga líquida vai descendo,
formando zonas distintas dentro do forno. Na primeira zona ocorre o pré-aquecimento da carga, na
segunda ocorre a fusão dos materiais e na terceira ocorre a combustão que alimenta as duas primeiras.
A redução acontece à medida que o minério, o carvão e os fundentes descem na contra-corrente.
Dessas reações resultam os seguintes produtos: o gusa, que goteja dentro do cadinho, indo para o
fundo do forno, e a escória, que flutua sobre o gusa e os gases. Os dois primeiros são retirados por
meio de orifícios adequados; os gases, que são ricos em CO, saem pela parte superior e são recolhidos
para sua utilização como combustível.
Etapa 3: logo depois que saem do alto forno e antes de serem destinados a qualquer fim, os
gases passam por uma instalação purificadora que retira sua poeira. A enorme quantidade de ar a ser
aquecido e insuflado e o volume de gases combustíveis que saem do alto-forno precisam de grandes
instalações para seu processamento. O ar insuflado é aquecido em recuperadores cilíndricos verticais,
cujo interior é constituído por câmaras de combustão e por câmaras de recuperação, formadas por
empilhamento de tijolos refratários. Uma parte dos gases do alto-forno é queimada nestes
recuperadores, para aquecê-los. Quando um deles está quente, insufla-se em sentido contrário o ar
destinado às ventaneiras, aumentando a temperatura. Nesse ciclo, procede-se ao aquecimento de um
segundo recuperador, e assim alternadamente; ambos dão prosseguimento ao processo. Outra parte
dos gases do alto forno é utilizada para fornecer energia que pode acionar máquinas de sopro, fornos
de aço e outros equipamentos. O excedente, caso exista, pode ser recolhido em gasômetros.
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Etapa 4: consiste no transporte do gusa, que pode ser feito por meio de caminhões dotados de
caçambas especiais ou por meio de vagões tipo torpedo (homogeneizadores), destinados aos fornos
de refino. Existe também o misturador, que é uma estrutura intermediária cuja função é estocar e
carregar o gusa sem permitir que esfrie, mantendo-o em constante movimento.
Purificador
Ventaneiras
Compressor Recuperador A Alto-forno Recuperador B Chaminé
Gás de alto-orno
Etapa 5: uma vez dentro das aciarias, o metal necessita receber um processo de refinamento,
que irá transformá-lo de ferro em aço. O equipamento responsável por esse processo chama-se
conversor. Os tipos de conversor mais utilizados são:
Obtêm aços de melhor qualidade como também com viabilidade econômica; os lingotes são
transformados em produto semi-acabados por mesa de fresagem, forjamento e laminação:
aços para cementação e para confecção de ferramentas de baixa liga.
• Conversor Siemens-Martin
Possui vantagem de fundir a sucata, seus produtos são aços carbonos ligados, aços de baixa
liga, ferramentas que não exigem alta qualidade e aços para cementação.
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• Forno elétrico
Produz aço com alto grau de pureza, podendo-se dar qualidades especiais, por adição de cro-
mo, molibdênio, níquel, vanádio etc., conseguindo assim aços para ferramentas e aços especi-
ais (aços ligas).
Nesta etapa o ferro gusa líquido é misturado a ligas metálicas específicas, recebendo injeção de
oxigênio, que funciona como catalisador na elaboração do aço. Quando necessário, o aço passa por
uma etapa chamada refino secundário, normalmente realizada no forno panela, com o objetivo de
ajustar sua composição química e temperatura (é aqui que são adicionados os ferros-liga).
Etapa 7: consiste na preparação para laminação. Os tarugos serão aquecidos novamente, através
de um forno de reaquecimento, que eleva sua temperatura numa faixa entre 1.000 e 1.200º C. O
reaquecimento é necessário para permitir que o processo de laminação ocorra. Ao alcançarem a
temperatura desejada dentro do forno, os tarugos vão sendo expulsos, um a um, através de um
empurrador, e começam a percorrer um caminho composto pelas seguintes gaiolas (conjuntos de
cilindros deformadores):
b) Gaiola intermediária: executa conformação a nível médio dos tarugos, preparando-os para a
etapa final do processo.
c) Gaiola do acabador: tem a função de atingir a forma final do produto e suas respectivas tolerân-
cias dimensionais.
Etapa 8: o produto final pode ser apresentado na forma de chapas, barras ou rolos de arame.
Quando na forma de barras, sai da gaiola do acabador e é conduzido diretamente para um leito de
resfriamento, para ser cortado em tamanho comercial e ser devidamente amarrado. Quando na forma
de rolos, o bloco recebe o tarugo laminado das gaiolas do intermediário, produzindo os conhecidos
fios-máquina (aços que se apresentam na forma de bobinas, que serão usados na fabricação de
arames). As bobinas de fio-máquina devem ser decapadas, isto é, sua camada superficial oxidada é
removida. Elas passam por um processo conhecido como trefilação, que consiste na transformação
mecânica feita a frio do material, reduzindo seu diâmetro conforme a especificação do cliente. Para
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aumentar a ductilidade (deformidade) dos fios trefilados, é preciso aquecê-los novamente (este processo
recebe o nome de recozimento e é feito com controle de temperatura). Desta forma, as bobinas estão
prontas para servirem de matéria-prima à indústria.
Logo, o ferro gusa em seu estado líquido ou sólido é matéria-prima para a obtenção do ferro
fundido e do aço, pois, em função das suas propriedades, não é aplicado diretamente em estruturas
mecânicas.
Ferro fundido
O ferro fundido é um material metálico refinado em forno próprio, chamado Forno Cubilot.
Compõe-se, na sua maior parte, de ferro, pequena quantidade de carbono e de manganês, silício,
enxofre e fósforo.
Define-se o ferro fundido como sendo uma liga ferro-carbono que contém carbono em sua
estrutura de 2,5 a 5%.
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Tanto o silício como o manganês melhoram as qualidade do ferro fundido. O mesmo não acontece
com o enxofre e o fósforo, cujas porcentagens devem ser as menores possíveis para não prejudicar
sua qualidade.
• O carbono, neste tipo, apresenta-se quase todo em estado livre, sob a forma de palhetas pretas
e grafita.
• Funde-se a 1.200ºC, apresentando-se muito líquido, que é a melhor condição para a boa moldagem
de peças.
Pelas suas características, o ferro fundido cinzento presta-se aos mais variados tipos de construção
de peças e de máquinas, sendo assim o mais importante do ponto de vista da fabricação mecânica.
Para melhorar a resistência à tração é necessário adicionar alguns elementos especiais, como
níquel, cromo, molibdênio, vanádio e titânio. Esses ferros fundidos especiais têm resistência à tração
superior a 50 kg/mm2 e são empregados para a fabricação de anéis elásticos, cilindros laminadores,
eixo de distribuidores. São resistentes à corrosão e às altas temperaturas.
Estas características podem ser melhoradas mediante tratamentos térmicos. Uma das
características que servem para classificar o tipo de ferro fundido é a carga de ruptura, conforme a
tabela norte-americana ASTM-A 48, onde constam 7 tipos de ferro fundido que apresentam cargas
de rupturas variáveis entre 14 e 43 kg/mm2.
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Os ferros fundidos com baixa carga de ruptura são mais econômicos, enquanto aqueles de alta
carga de ruptura oferecem dificuldades de fundição nas pequenas espessuras.
Geralmente o ferro fundido não é maleável, porém pode-se mudar as características com
tratamentos oportunos.
Na Europa se obtém um ferro fundido maleável de interior branco. O tratamento usado para
este tipo é a cementação oxidante.
Dado seu elevado nível de usinabilidade, é usado para a construção de armas, chaves para
fechaduras, porcas, peças de máquinas agrícolas e ferroviárias, dentre outras.
A presença da grafita, em forma de lâmina no ferro fundido comum, causa fragilidade e pouca
resistência mecânica. Com oportuno tratamento, a grafita toma forma esferoidal, apresentando menor
superfície em volume igual. O material torna-se mais resistente, dúctil e tenaz. A formação de esferas
de grafita é provocada pela introdução de ligas de magnésio. Os ferros fundidos esferoidais apresentam
ótimas características mecânicas e a carga de ruptura varia em torno de 60 a 70 kg/mm2.
Após o tratamento de recozimento, ficam semelhantes aos ferros fundidos maleáveis; são
temperáveis, soldáveis, tenazes e resistem às altas temperaturas. Estes ferros fundidos são empregados
para fundições complexas e substituem em muitos casos o ferro fundido maleável e o ferro fundido
cinzento.
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Quando quebrado, a parte fraturada é brilhante e quase branca, tem baixo teor de carbono,
variando entre 2,5 a 3%, e de silício menor que 1%.
Muito duro, quebradiço e difícil de ser usinado. Seu peso específico é de 7,1 g/dm3.
Funde-se a 1.160ºC, mas é bom para a moldagem, porque permanece pouco tempo em estado
líquido.
O ferramenteiro precisa de um aço que receba boa têmpera e que tenha grande resistência de
corte.
Para a construção de motores é preciso dispor de um aço que resista aos maiores esforços a
temperaturas elevadas e ao desgaste.
Todas essas propriedades podem ser conseguidas escolhendo devidamente os produtos que
entram na composição do material – como o carbono, o manganês, o silício, o enxofre, o fósforo – e
por meio de diversos processos de trabalhos a frio, a quente ou de tratamentos (têmpera).
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Aços
Os aços podem ser divididos em duas grandes categorias, a saber:
• Aços ao carbono
• Aços especiais
Aço ao carbono
Os aços ao carbono são ligas Fe-C que têm como elementos fundamentais o ferro e o carbono,
apresentando pequenas porcentagens de outros elementos, como silício, manganês, fósforo, enxofre,
cobre etc.
Tais elementos não foram introduzidos na liga, mas se encontram nela como resíduos dos processos
de fabricação.
Os aços ao carbono podem ser classificados em razão da quantidade (teor) de carbono que
contêm:
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A resistência à tração pode chegar a 80 kg/mm2 e a uma dureza Brinell de até 240 kg/mm2.
O teor de carbono vai de 0,40% a 0,60%, sendo usado para a fabricação de peças destinadas ao
tratamento de beneficiamento, tais como engrenagens, eixos e pinos.
Apresentam notável resistência mecânica à tração (90kg/mm2) e elevada dureza Brinell (270
kg/mm2), mas pouca resiliência e tenacidade. São empregados para a construção de órgãos de máquinas
destinadas ao beneficiamento, como molas e engrenagens.
Apresentam resistência mecânica que pode chegar 110 kg/mm2, porém são muito frágeis e
empregados para a construção de cilindros, estampas, matrizes, ferramentas, punções, molas etc.
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São ligas de ferro mais carbono, além dos outros elementos presentes nos aços ao carbono
(silício, manganês, enxofre, fósforo) sobre as quais adicionamos propositadamente elementos como
níquel (Ni), cromo (Cr), tungstênio (W), Vanádio (V), cobalto (Co), molibdênio (Mo), com a finalidade
de melhorar as propriedades mecânicas e tecnológicas.
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• Resistência mecânica
• Resistência ao calor
• Resistência ao desgaste
• Resistência de corte
• Resistência à corrosão
• Propriedades elétricas e magnéticas
• Resiliência
• Elasticidade
• Temperabilidade
O alumínio também apresenta grande afinidade pelo nitrogênio e, por esta razão, é um elemento
de liga muito importante para os aços que serão submetidos à nitretação, pois facilita a penetração do
nitrogênio.
Boro (B): quando adicionado aos aços, em quantidade variável de 0,001 a 0,003%, melhora a
temperabilidade, a penetração de têmpera, a endurecibilidade, a resistência à fadiga, as características
de laminação, o forjamento e a usinagem.
Chumbo (Pb): este metal não se liga ao ferro, mas, quando adicionado a ele, espalha-se
uniformemente na sua massa em partículas finíssimas.
Uma adição de 0,2 a 0,25 % melhora consideravelmente a usinabilidade dos aços sem prejudicar
qualquer uma de suas propriedades mecânicas.
Cobalto (Co): o cobalto sozinho não melhora os aços. É sempre utilizado em liga com outros
metais, como o cromo, molibdênio, vanádio e tungstênio.
O cobalto confere aos aços uma granulação finíssima, com grande capacidade de corte e
resistência ao calor, como nos aços rápidos. Influi nas propriedades magnéticas. Os aços com cobalto
são empregados em ferramentas com altas velocidades de corte.
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Cobre (Cu): o cobre aumenta o limite de escoamento e a resistência do aço, mas diminui o
alongamento. O principal efeito do cobre é o aumento da resistência à corrosão atmosférica. A
presença de 0,25% no aço é suficiente para dobrar esta resistência em relação aos aços carbono
comuns.
Enxofre (S): o enxofre é prejudicial ao aço, pois torna-o frágil e quebradiço. Seu teor deve ser
mantido no nível mais baixo possível.
Para fabricação em série de peças pequenas usam-se aços ressulfurados. A adição de enxofre
proporciona aços de fácil usinagem, pois os cavacos se destacam em pequenos pedaços.
Fósforo (P): é uma impureza normal existente nos aços. É prejudicial. Sua única ação benéfica
é a de aumentar a usinabilidade dos aços de "corte fácil".
Manganês (Mn): depois do carbono, é talvez o elemento mais importante no aço. Baixa a
temperatura de têmpera e diminui as deformações produzidas por ela. O manganês dá bons aços de
têmpera em óleo, mas dificulta a usinagem por ferramentas cortantes. Os aços apresentam boa
soldabilidade e fácil forjamento. Os aços com teor de manganês entre 1,5 a 5% são frágeis, mas
duros.
Molibdênio (Mo): os aços-molibdênio são apenas pouco tenazes. Por este motivo, o molibdênio
nunca é utilizado sozinho, mas com outros elementos de liga como cromo, tungstênio etc. Proporciona
aços com granulação fina. Junto com o cromo, dá aços cromo-molibdênio, de grande resistência,
principalmente aos esforços repetitivos.
Níquel (Ni): é o mais importante dos elementos de liga, pois proporciona aumento da carga de
ruptura, da tenacidade e do limite de elasticidade dos aços. Oferece boa ductilidade e boa resistência
à corrosão. Teores elevados de níquel produzem aços inoxidáveis.
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Silício (Si): é pouco usado sozinho. Torna os aços de forjamento difícil e praticamente não
soldáveis. É usado em geral em ligas com o manganês, molibdênio e o cromo.
O silício é o único metalóide que pode ser utilizado nos aços sem prejudicá-los. Ele aumenta a
temperatura e a penetração de têmpera, além da elasticidade e da resistência dos aços. Suprime o
magnetismo e acalma os aços, melhorando a resistência à corrosão atmosférica.
Tungstênio (W): elemento importante na formação de aços rápidos. Dá aos aços maior
capacidade de corte e maior dureza.
Os aços rápidos com liga de tungstênio conservam o fio de corte mesmo quando, pelas condições
de trabalho, aquecem ao rubro (até chegar à cor rubra).
Os aços com 13 a 18% de tungstênio apresentam grande resistência, mesmo quando em elevadas
temperaturas. São empregados em ferramentas de corte de todas as espécies.
Os aços que contêm vanádio são isentos de bolhas de gás e, portanto, altamente homogêneos. O
vanádio dá aos aços maior capacidade de forja, estampagem e usinagem. Em virtude de sua alta
resistência, as ferramentas de aço-vanádio podem ter secções bastante reduzidas. O vanádio entra
em quase todas as ligas que compõem os aços rápidos.
Geralmente os aços-cromo-vanádio contêm entre 0,13 e 1,11% de carbono, 0,5 a 1,5% de cromo
e 0,15 a 0,3% de vanádio. São empregados na fabricação de talhadeiras para máquinas rebarbadoras
e ferramentas para grandes esforços, como chaves, alicates, alavancas etc.
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Aços inoxidáveis
• Ferríticos
• Semiferríticos
• Austeníticos
• Martensíticos
• Rápidos
• Super-rápidos
• Aços ao chumbo
A escolha conveniente do aço está intimamente ligada à função a que o elemento de máquina
estará submetido; deverá obedecer a critérios de ordem técnica e econômica.
As propriedades mecânicas mais comumente utilizadas para a caracterização dos aços e para
dimensionamento estático das peças são:
• Limite de resistência
• Limite de escoamento
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• Alongamento
• Dureza
A vida de todo e qualquer elemento de máquina não deve ser nem superior nem inferior à
necessária.
A tecnologia moderna fornece uma vasta gama de aços, que podem ser classificados em:
Normalização
Para garantir os padrões de uso e de qualidade dos materiais, fator essencial para a produção de
materiais de características superiores, tem sido reconhecida a importância de processos de
normalização.
Normalização do aço
Dada a grande variedade dos aços, tem-se procurado criar sistemas de classificação por meio
de letras e números.
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Entre as designações em vigor mais conhecidas e utilizadas temos a SAE (Society of Automotive
Engineers – Sociedade de Engenheiros de Automotores), a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) e a AISI (American Iron and Steel Institute – Instituto Americano de Ferro e Aço), que
estabeleceram normas que indicam a composição e classificação dos aços.
A norma brasileira básica de classificação dos aços é a NBR 6006, baseada no sistema SAE.
A denominação do aço é feita basicamente através de quatro ou cinco dígitos. Os dois primeiros
indicam a classe a que o aço pertence, e os demais indicam o teor médio aproximado de carbono.
Se o teor médio aproximado de carbono for inferior a 1,00%, o aço é identificado por quatro
dígitos; se o teor médio aproximado de carbono for igual ou superior a 1,00% o aço é identificado por
cinco dígitos.
Por exemplo:
• Aço ABNT 1045 – indica um aço ao carbono (classe 10xx), com 0,45% C médio.
• Aço ABNT 4340 – indica um aço níquel-cromo-molibdênio (classe 43xx), 0,30% C médio.
• Aço ABNT 50100 – indica um aço ao cromo (classe 50xx), com 1,00% C médio.
• Aço ABNT 86B45 – indica um aço níquel-cromo-molibdênio (classe 86xx), com adição de
boro e com 0,45% C médio.
Aços-carbono
Aços-manganês
Aços-níquel
23xx – Ni 3,50%
25xx – Ni 5,00%
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Aços-níquel-cromo
Aços-cromo-molibdênio
Aços-níquel-cromo-molibdênio
Aços-níquel-molibdênio
Aços-cromo
50xxx – Cr 0,50%
51xxx – Cr 1,02%
52xxx – Cr 1,45%
Aços-cromo-vanádio
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Aços-silício-manganês
As normas especificam os ferros fundidos com letras e números, em que cada um possui um
significado.
DIN GG 40
GGG 60
ABNT FC 40
Símbolo GG –
Alongamento: insignificante
Contração: 1%
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1,8 – 2,5% Si
0,4 – 1,0% Mn
0,2 – 0,9% P
0,08 – 0,12% S
O ferro fundido é classificado por suas classes de qualidade. Essas classes são especificadas
por vários sistemas de normas, tais como DIN, ASNT etc. Por exemplo, a ABNT especifica as
classes da seguinte forma:
a) As classes FC10 e FC15 possuem excelentes fusibilidade e usinabilidade e são indicadas (prin-
cipalmente FC15) para bases de maquinas e carcaças metálicas.
c) As classes FC30 e FC35 possuem maior dureza e resistência mecânica e aplicam-se em engre-
nagens, buchas, blocos de motor etc.
d) A classe FC40, de maior resistência que as outras, possui elementos de liga, como cromo,
níquel e molibdênio, sendo empregada em peças de espessuras médias e grandes.
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FC10 10 201 -
FC15 23 241 34
18 223 32
15 212 30
11 201 27
FC20 28 255 41
23 235 39
20 223 36
16 217 33
FC25 33 269 -
28 248 46
25 241 42
21 229 39
FC30 33 269 -
30 262 48
26 248 45
FC35 38 - -
35 277 54
31 269 51
FC40 40 - 60
36 - 57
A ASTM agrupa os ferros fundidos cinzentos em sete classes. Os números das classes ASTM
representam valores de resistência à tração em lb/pol²; os valores métricos para o limite de resistência
à tração são aproximados.
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68 SENAI-RJ
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Limite de
fadiga 0,35 a 0,50 do limite de resistência à tração
(N/mm²)
As peças que devem ter grande resistência ao desgaste e superfície muito duras, como os
cilindros e as rodas motrizes, são fabricadas de ferro fundido duro. Trata-se de um ferro fundido
especialmente duro, com um teor determinado de silício e carbono, fundido em moldes.
O resfriamento brusco que sofrem as paredes externas da peça, quando entram em contato com
o molde, as endurece.
Trata-se de um tipo de fundição especial para peças que devem ser resistentes ao desgaste.
Símbolo: GH
Exemplo:
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GTS 1,2 - 2%
Contração: GTW 1 - 2%
GTS 0 - 1,5%
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Sua superfície de ruptura é branca, sendo empregado em peças delgadas de parede inferior
a 12mm.
Em virtude de o ferro fundido maleável possuir pouco carbono em relação ao ferro fundido
comum, sua resistência à tração é boa (320 a 650 N/mm²)
O ferro fundido maleável branco pode ser soldado com solda dura.
Devido à sua pouca dureza, pode-se usiná-lo facilmente e, até certo ponto, é possível dobrá-lo e
forjá-lo.
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FMPF – 3006 15 30 - 6 -
72 SENAI-RJ
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O ferro fundido nodular é caracterizado por uma microestrutura que apresenta grafite de forma
esferoidal e não em forma de lanelas; por esse motivo possui maior resistência à tração, à flexão e
também um maior alongamento, em comparação com outros ferros fundidos.
Símbolo: CGC
Alongamento: 1,2 - 2%
Contração: (ferritico) 0%
(perlítico) 1%
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ASTM – A 339 – 55
80-60-03 56 42 3 Fundido Uso geral
Geralmente
60-45-10 42 31,5 10 recozido Uso geral
ASTM – A 396 – 58
120-90-02 84 63 2 Tratado Para elevada
termicamente resistência
mecânica
100-70-03 70 49 3 Idem Idem
ASTM – A 395 – 56T
60-45-15 42 31,5 15 Recozido Equipamento
60-40-18 42 28 18 Recozido pressurizado a
temperaturas
elevadas
A título informativo
Limite
de resist. Limite escoam. Alongamento Faixa de Estruturas
Classe a tração (0,2)min. (5d) dureza predomi-
min. (kg/mm2) min (%) aproximada nantes
(kg/mm2) Brinell
Ri*
* Classe com requisito de resistência ao choque.
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As peças que são submetidas a esforços bruscos, como alavancas de freio de um caminhão
(Figura 4), quando acionadas em freadas bruscas, devem ser fabricadas com material resistente e
tenaz, para não se romperem. O aço fundido confere todas essas propriedades como também é de
fácil fabricação.
É possível ser forjado e, graças à sua composição especial (estrutura), tem resistência muito
mais elevada do que a do ferro fundido maleável (de 380 a 700 N/mm2). Essa resistência pode ser
aumentada com adições de manganês, cromo, silício, níquel e tungstênio.
Obtém-se, desta maneira, o aço fundido ligado, que apresenta, entre outras propriedades especiais,
elevada resistência ao calor.
SENAI-RJ 75
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Símbolo: GS
Alongamento: 2,5 a 8%
Contração: 2%
É um aço soldado ligado com cromo, molibdênio; é normalizado pela norma DIN 17245. Utiliza-
se para peças submetidas a temperaturas entre 300 e 525ºC.
76 SENAI-RJ
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Tabelas e equivalências
TABELA 11 - Equivalência dos aços pelas designações ABNT, SAE/AISI e DIN
1006 1006 -
1008 1008 -
1010 1010 C10
1012 1012 -
1013 1013 -
1015 1015 C15
1016 1016 -
1017 1017 -
1018 1018 -
1020 1020 C22
1021 1021 -
1025 1025 -
1030 1030 -
1034 1034 C35
1035 1035 -
1038 1038 -
1040 1040 -
1045 1045 C45
1050 1050 -
1055 1055 C55
1060 1060 C60
1065 1065 -
1070 1070 -
1075 1075 C75
1084 1084 -
1524 1524 -
1536 1536 -
1541 1541 -
1548 1548 -
1117 1117 -
1132 1132 -
1135 - 35S20
1137 1137 -
1140 1140 -
1141 1141 -
1146 1146 -
1209 - 10S20
1212 1212 9S20
1213 1213 9SMn28
(12L13) (12L13) 9SMnPb28
SENAI-RJ 77
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
SAE AISI
78 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
SENAI-RJ 79
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
ABNT C Mn Ni Mo V
80 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
Aços-carbono
Aços-liga
Designação
Por exemplo:
SENAI-RJ 81
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
A designação do aço deve ser indicada nos pedidos de compra, precedida da sigla ABNT e
seguida do número, desta forma:
• Blindagem de navios
10 a 20% • Resistem bem à tração • Eixos
de níquel • Muito duros • Hastes de freios
(Ni) • Temperáveis em jato de ar • Projetis
• Válvulas de motores
20 a 50% • Inoxidáveis térmicos
de níquel • Resistentes aos choques • Resistências elétricas
(Ni) • Resistentes elétricos • Cutelaria
• Instrumentos de medida
Continua ...
82 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço
Continuação
Por não serem usuais, não são indicados os percentuais de adição desses
materiais específicos.
SENAI-RJ 83
Materiais não-ferrosos
e suas ligas
Tipos e classificação
Normas e tabelas
3
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Tipos e classificação
Metais não-ferrosos são todos os metais puros e ligados com exceção do ferro e suas ligas.
Os metais não-ferrosos podem ser classificados em função de densidade em: metais leves e
metais pesados.
A maioria dos metais puros são moles e têm baixa resistência à tração.
Quanto maior for a pureza, mais alto será o ponto de fusão, maior a condutibilidade elétrica e a
resistência à corrosão.
Na designação dos metais não-ferrosos puros, deve-se usar a designação química do elemento
mais o grau de pureza.
Metais não-ferrosos
Cobre Cu Manganês Mn
Chumbo Pb Vanádio V
Zinco Zn Cobalto Co
Níquel Ni Cádmio Cd
Estanho Sn Alumínio Al
Tungstênio W Magnésio Mg
Molibdênio Mo Titânio Ti
Cromo Cr
SENAI-RJ 87
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Ex.: Zn 99,99
Características e processos de
obtenção
Processos de obtenção
Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também impurezas,
como: oxigênio, hidrogênio e enxofre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em função do tipo
de minério.
Para se obter um metal quase totalmente puro (99,99%) usa-se normalmente outros processos
além do processo normal de alteração do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de metal.
MINÉRIOS
CALCINAÇÃO
REDUÇÃO
METAL BRUTO
AFINAGEM
(eliminação das impurezas)
METAL SIDERÚRGICO
METAL PURO
88 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
As propriedades dos metais puros podem ser melhoradas através de elementos de liga.
É feita pela designação (símbolo químico) dos metais que nela estão contidos, seguidos pelo teor
(em porcentagem) de cada um dos metais.
Cobre (Cu)
Exemplo de designação
Cu Zn 40 Pb 2
Chumbo 2%
Zinco 40%
Liga de cobre
SENAI-RJ 89
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Normalização
Exemplo E - Cu 99,99
É fácil para fundir, dobrar, forjar, repuxar, tanto a quente como a frio. A deformação a frio deixa
o cobre duro e difícil de dobrar. Com o cobre recozido a uma temperatura de aproximadamente 600ºC
e sem o resfriamento rápido, elimina-se a dureza proveniente da deformação a frio.
Nos processos de usinagem com cavacos, deve-se usar ferramentas com grande ângulo de
saída e, como lubrificante, o óleo solúvel.
Chumbo (Pb)
É um metal com aspecto exterior característico, pois apresenta cor cinza azulada. Sua superfície
de ruptura (recente) é de cor branca prateada muito brilhante. É fácil conhecê-lo pelo peso: é um
material muito denso e macio.
O chumbo é muito dúctil, fácil de dobrar, laminar, martelar (a frio). Os tubos são curvados com
auxílio de uma mola (Figura 1), enchendo-os de areia fina e seca ou com ajuda de um aparelho de
curvar.
90 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Liga-se com dificuldade a outros metais, exceto com o estanho, com o qual se produz a solda de
estanho. É bem resistente à corrosão, pois, quando exposto ao ar, recobre-se de uma camada protetora
de óxido.
Aplicação:
O chumbo fino aplica-se em placas de acumuladores, cristais óticos e proteção contra raio-X.
Designação do chumbo
Zinco (Zn)
É um metal branco azulado. Sua superfície de ruptura é formada de cristais que se distinguem
facilmente. Dentre os metais, é o que tem o maior coeficiente de dilatação térmica (0,000029/ºC.
Exposto à umidade do ar, combina-se com o bióxido de carbono (C02), formando uma capa cinzenta
de carbonato de zinco (Zn+C02) que protege o metal.
É muito sensível aos ácidos, que o atacam e destroem, sendo, portanto, impossível conservar
ácidos em recipientes de zinco.
SENAI-RJ 91
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
As propriedades do zinco podem ser sensivelmente melhoradas por adições de outros metais.
Com liga de alumínio, ele se torna mais resistente; com liga de cobre, mais duro. O magnésio
compensa as impurezas existentes e igualmente o torna mais duro. Também o bismuto, o chumbo e o
tálio melhoram consideravelmente as propriedades do zinco para sua usinagem.
Aplicação:
Peças de aço que estejam sujeitas à oxidação do tempo devem receber uma zincagem (banho
de zinco) para sua proteção.
Peças complicadas são obtidas através de fundição por injeção, a qual facilita a fabricação em
série e aumenta a precisão das peças.
Designação do Zinco
Estanho (Sn)
Densidade Norma
Estanho Sn 99,9
Liga fundida Cu Sn 6
É um metal branco azulado e macio que se funde facilmente e é resistente à corrosão. Dobrando-
se uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse ruído é produzido
em conseqüência do deslizamento dos cristais, atritando-se entre si.
92 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries. Em
temperaturas inferiores a -15ºC, o estanho se decompõe, formando um pó de cor cinzenta.
Aplicação:
O estanho puro não é empregado em construções de peças devido à sua pequena resistência à
tração.
Graças à sua grande ductilidade podem-se laminar folhas muito delgadas, de até 0,008 mm de
espessura.
É muito utilizado no equipamento e maquinaria na indústria alimentícia, por não ser tóxico.
Liga-se perfeitamente com outros metais, tais como: cobre, chumbo e antimônio.
Ligas de cobre - Para aumentar as propriedades do metal de base cobre, são adicionadas ligas
de outros metais, como o zinco e o estanho. As ligas de cobre possuem cores diferentes, conforme o
metal que entra na liga e a proporção em que é adicionado. As ligas de cobre mais importantes são:
latão, bronze e latão roxo.
Latão
Cobre Zn
Latão:
tomback, latão especial
Fundição Laminados
Fundição em areia Chapas
Fundição em coquilha Tiras
Barras maciças
Tubos
Arames
Peças de pressão
Barras perfiladas
SENAI-RJ 93
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Massa específica:
LATÃO 8,5kg/dm3 Classifica-se segundo
Ponto de fusão: 980ºC DIN 1709, 17660, 17661
Cu Adições Zn Especiais
Restante
Latão de fundição G – CuZn 38 62 Até 3 Pb Superfície Instalações
em coquilha brilhante para gás,
água e para
Latão fundido G – CuZn 40 60 Até 2 Pb Superfície indústria
sob pressão brilhante elétrica
O latão é um metal de cor amarela clara ou amarela ouro. As classes do latão são reconhecidas
pela superfície de ruptura ou em sua superfície polida.
É fácil de dobrar e repuxar. Tem resistência maior do que a do cobre (200 - 800 N/mm2).
Aplicação:
Devido à sua boa resistência à corrosão, causada pelo ar e fluidos, o emprego do latão fundido
é muito grande na fabricação de válvulas, torneiras e registros.
Bronze
Os bronzes são ligas com conteúdo de 60% de cobre e de um ou vários elementos de liga. O
Quadro 5 mostra os diversos tipos de bronze. Os bronze podem ser classificados em ligas fundidas e
ligas laminadas.
Propriedades e aplicações
As ligas variam entre macias e duras. Resistem muito bem à corrosão. Devido à sua fácil fusão,
são empregadas na fabricação de sinos, buchas e peças hidráulicas. Laminado, é empregado na
fabricação de molas, partindo de tiras e de arames estirados a frio.
94 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Bronze
ao estanho
fósforo
ao alumínio
ao chumbo
ao silício
ao manganês
ao berílio
Cu Sn 6
6% de estanho
94% de cobre
Lg - Pb Sn 9 Cd
Para buchas:
9% de estanho
SENAI-RJ 95
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
= 0,5% de cádmio
= 76,5% de chumbo
Cu Al 8 Fe F45
89% de cobre
8% de alumínio
≅ 1% de ferro
O latão roxo é uma liga de cobre, estanho e zinco onde o componente predominante é o cobre.
Normalização
G - Cu Sn 10 Zn
G = Fundido
10% de estanho
≅ 3% de zinco
87% de cobre
Metais leves
Alumínio puro
A Figura 2 mostra o processo de obtenção do alumínio puro por meio da energia elétrica. A
matéria-prima é o minério bauxita, que é submetido a diversos processos para secagem, separação
das impurezas e transformação em óxido de alumínio puro.
Esse produto é transformado em alumínio puro por eletrólise (decomposição por corrente elétrica
em alumínio e oxigênio).
96 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Propriedades: é um metal muito macio e muito dúctil. Pode ser identificado pela sua cor branca
prateada. É bom condutor de calor e de corrente elétrica. Tem grande resistência à corrosão e liga-
se muito bem a outros metais.
Densidade 8,6kg/dm3
Ponto de fusão 900 - 1000ºC
Resistência à tração 240 - 650N/mm2
Transformador
Usina
Retificador
4 ... 5 Volts
Gerador
4 toneladas de bauxita
1 tonelada de alumínio
Células da eletrólise
Densidade 2,7kg/dm3
Ponto de fusão 658ºC
Resistência à tração 90 - 230N/mm2
Ductilidade 20% ... 35%
Em contato com o ar, o alumínio se recobre de uma camada muito delgada (Al + O) que protege
o metal.
Por causa da sua capacidade de alongamento, é fácil de dobrar, trefilar e repuxar. Pode ser
usinado com grandes velocidades de corte e grandes ângulos de saídas na ferramenta.
SENAI-RJ 97
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Produtos
Alumínio puro 99,5 Al 99,5 0,5 químicos,
eletrotécnica,
Em construções
semiprodutos, navais
como: chapas,
tiras, tubos, Usos gerais,
perfis, peças exceto peças
Alumínio puro 99 Al 99 1 prensadas, sujeitas à ação
arames de agentes
e barras químicos, por
exemplo: baterias
de cozinha
Ligas de alumínio
Quando o alumínio é ligado a outros metais, obtêm-se ligas de alta resistência e dureza, enquanto
suas maleabilidade e condutividade elétrica diminuem.
98 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
As ligas de alumínio com cobre, zinco, magnésio e silício podem ser submetidas a um tratamento
especial de têmpera. Esse processo aumenta a dureza e mais ainda a resistência à tração (duas
vezes).
Por laminação, trefilação e trabalho com prensa, essas ligas são transformadas em chapas, tiras,
barras e tubos.
São transformadas em peças fundidas em areia, coquilha e sob pressão. As peças moldadas sob
pressão são obtidas injetando-se o metal liquido a alta pressão em moldes de aço. Este processo é
aplicado para peças de alta precisão e boa resistência à tração.
Mg Cu Alumínio Si Mn Zn
LIGAS DE ALUMÍNIO
SENAI-RJ 99
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
G - Al Si 10 Mg 9 - 11% Si
0,2 - 0,4% Mg
G - Al Mg 10 9 - 11% Mg
Oxidação anódica
Magnésio
Quem não já ouviu falar em roda de magnésio para veículos? O magnésio ficou muito famoso
com isso. Na realidade os projetistas buscam sempre melhorar estéticas e eficiência do veículo;
assim surgiram as rodas de liga leve, que em sua maioria utilizam uma liga composta por alumínio
(para menor peso), silício e ferro (para ganhar resistência), entre outros metais, inclusive o magnésio,
em razão da sua baixa densidade (30% menos pesado que o alumínio), além de ser bastante resistente.
O magnésio puro não pode ser empregado como material para construção, somente suas ligas
encontram aplicações industriais.
Ligas de magnésio
As ligas são obtidas com resistência satisfatória com adições de alumínio, de zinco e de silício.
Podem ser soldadas e se fundem facilmente. Têm muitas aplicações na industria sob a denominação
de elétron.
100 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Mg Al 6Zn 5,5 - 7% Al
Liga laminada 0,5 - 1,5% Zn
Restante Mg
G - Mg Al 16 5,5 - 6,5% Al
Liga fundida 0,15 - 0,3% Mn
Restante Mg
Al Zn Magnésio Mn Si
Ligas de magnésio
SENAI-RJ 101
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Normas e Tabelas
Calcopirita
a 1082ºC e tem densidade de equipamentos elétricos,
Calcosina
8,94; macio, dúctil e serpentinas para refrigeração e
Cobre
(Cu)
Bauxita
2,65. Leve, macio, dúctil e domésticos, construções
(Al)
Estibinita
É de cor branca azulada; Tem grande aplicação no
(Sb)
Galena
facilmente em contato com o ar; elétricas e proteção na
(Pb)
102 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Alumínio para perfilado 94,5% alumínio Usado para forjar, laminar e repuxar
5,0% manganês utensílios domésticos e ornamentais.
0,5% magnésio É fornecido em chapas e perfis diversos.
Latão para arame 55,0% cobre Fios de uso em geral, telas, peneiras,
45,0% zinco peças de pequeno tamanho
para eletricidade.
SENAI-RJ 103
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Continua...
104 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Continuação
SENAI-RJ 105
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Cobre refinado Fundido a partir do tipo anterior, Embora contendo maior teor
a fogo tenaz contendo de 99,80% a 99,85% no de impurezas, as aplicações
(Cu FRTP) mínimo de cobre (incluída a prata) são mais ou menos
semelhantes às anteriores no
campo mecânico, químico e
construção civil; na indústria
elétrica, esse tipo de cobre
pode ser aplicado somente
quando a condutibilidade
elétrica exigida não for muito
elevada.
Continua...
106 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Continuação
SENAI-RJ 107
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Cobre–prata tenaz Contendo 0,02 a 0,12% de prata, Como a prata não reduz sua
que confere maior resistência condutibilidade elétrica, esse
mecânica e maior resistência à tipo de material tem importante
fluência. aplicação na indústria elétrica,
onde se exija alta resistência ao
amolecimento pelo calor, como
em bobinas, lâminas de
coletores, contatos e
interruptores, bobinas de
indução etc. Na indústria
mecânica, devido à sua alta
condutibilidade térmica e maior
resistência ao amolecimento
pelo calor, é empregada na
fabricação de aletas de
radiadores, de outros tipos de
tracadores de calor etc.
Continua...
108 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Continuação
SENAI-RJ 109
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
Cobre-zinco 60-40 Também chamado de metal Muntz – esta liga de duas fases
presta-se muito bem a deformações mecânicas a quente. É
geralmente utilizada na forma de placas, barras e perfis
diversos ou componentes forjados para a indústria
mecânica; na indústria química e naval, emprega-se na
fabricação de tubos de condensadores e trocadores de calor.
110 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
CuSn 87-11 chumbo Contendo 1,0 a 1,5% de chumbo e 0,5 a 1,5% de níquel –
1 níquel 1 buchas e engrenagens para diversos fins.
SENAI-RJ 111
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas
112 SENAI-RJ
Relação dos materiais
com o meio ambiente
e a saúde
Nesta unidade ...
Toxicidade de materiais
Prevenção e preservação
Reciclagem
Armazenamento
4
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Toxicidade de materiais
Será que existe relação entre os materiais e seus resíduos e o meio ambiente e a saúde? Sem
dúvida que sim! Saber a dimensão dos riscos e seus impactos depende de um maior conhecimento
sobre os resíduos, sobre seus componentes, as estimativas de produção, a sua trajetória da geração
até o destino final e as formas de manuseio e tratamento ao longo da trajetória. Depende, também, de
conhecer o processo de trabalho ao qual estão submetidos os trabalhadores envolvidos de alguma
forma com estes resíduos e o destino final dado a eles.
Resíduos industriais
Resultantes dos processos de produção industrial; podem ser apresentados nas formas de cinzas,
lodos, óleos, metais, vidros, plásticos, orgânicos etc. e podem ou não apresentar periculosidade,
SENAI-RJ 115
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Os resíduos perigosos são os que apresentam risco à saúde pública, provocando mortalidade,
incidência de doenças ou acentuando seus índices ou ainda apresentam riscos ao meio ambiente,
quando forem gerenciados de forma inadequada. Exemplo: lodo dos sistemas de tratamento de águas
residuárias de diversos tipos de indústrias, resíduos de limpeza com solvente, pós e fibras de amiantos,
óleo de corte usado etc. Logo, também os inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e os patogênicos.
A preocupação com os resíduos industriais e com os riscos potenciais de sua disposição inadequada
no ambiente é recente e resultou dos enormes problemas decorrentes desta prática. Nos países
desenvolvidos, os programas de identificação e recuperação de áreas degradadas por resíduos
industriais têm orçamentos gigantescos, da ordem de bilhões de dólares. Apesar disso, a contaminação
química, causadora de graves danos à saúde humana, às estruturas genéticas e de reprodução e ao
ambiente, ainda ocorre atualmente em algumas das mais importantes áreas industriais do mundo.
116 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Segundo a norma brasileira ABNT NBR 10004:2004, toxicidade é a propriedade potencial que o
agente tóxico possui de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em conseqüência de
sua interação com o organismo.
Todo material possui substância tóxica. Não existem substâncias químicas sem toxicidade. Não
existem substâncias químicas seguras, que não tenham efeitos lesivos ao organismo; porém, se forem
tomadas algumas medidas de segurança, como associação da utilização de EPC (Equipamentos de
Proteção Coletiva), de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), de procedimentos operacionais
seguros, além da limitação da dose e da exposição, é possível manipulá-las com segurança.
Em um sentido geral, pode-se dizer que a toxicidade de uma substância é sua capacidade para
causar lesão em um organismo vivo. Uma substância muito tóxica causará danos a um organismo,
mesmo administrada em quantidades muito pequenas; uma substância de baixa toxicidade só produzirá
efeito quando a quantidade for muito grande.
O desenvolvimento industrial pôs o homem em contato com uma infinidade de novas substâncias,
o que, não em poucos casos, trouxe resultados nocivos a seus organismos.
Vias de entrada
O homem, frente a um meio natural, está protegido eficazmente por meio da pele que o cobre
totalmente. A pele é considerada um verdadeiro órgão, e, como tal, tem funções específicas; uma
delas é produzir compostos que anulam a ação de agressivos químicos e microbianos. Nas aberturas
naturais do corpo, a pele troca de aspecto e recebe o nome de mucosa. A propriedade da pele nas
mencionadas aberturas é evitar a entrada de agressivos.
Assim, pois, os produtos tóxicos industriais têm quatro vias fundamentais de entrada:
• pele
• nariz - sistema respiratório
• boca - sistema digestivo
• parenteral - lesão de pele
A pele perde sua continuidade nos olhos, que também se pode considerar uma via de penetração
dos tóxicos.
SENAI-RJ 117
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Prevenção e preservação
Muito se fala em prevenção e preservação. Inicialmente vem a prevenção; medidas preventivas
são adotadas antecipadamente, visando evitar o dano, tais como:
• educação ambiental
• programa de gerenciamento de resíduos
• redução, reutilização e reciclagem
Do outro lado, o termo preservação, que significa estratégia de proteção dos recursos naturais,
prega a manutenção das condições de um determinado ecossistema, espécies ou área, sem qualquer
ação ou interferência que altere o status quo. Prevê que os recursos sejam mantidos intocados, não
permitindo ações de manejo. Por outro lado, conservação é um conceito desenvolvido e disseminado
nas últimas décadas do século XIX como um relacionamento ético entre pessoas, terras e recursos
naturais, ou seja, uma utilização coerente desses recursos de modo a não destruir sua capacidade de
servir às gerações seguintes, garantindo sua renovação. A conservação prevê a exploração racional
e o manejo contínuo de recursos naturais, com base em sua sustentabilidade.
Em outras palavras, preservar significa manter intactos os recursos naturais; conservar significa
explorar de forma sustentável.
Hoje, diferente de ontem, a consciência de prevenção e preservação está cada vez mais forte,
não só porque vivemos em um planeta onde as fontes são esgotáveis, nem todos os resíduos são
reciclados e principalmente o aumento da demanda vem acarretando o despertar para o problema.
Assim, é preciso reciclar! Mas você sabe o que é reciclar? É muito simples! É pensar antes de
comprar, pois 40% do que nós compramos é lixo. São embalagens que, quase sempre, não nos servem
para nada, que vão direto para o lixo, aumentando nossos restos mortais no planeta.
Poderia ser diferente? Tudo sempre pode ser melhor. Pense no resíduo da sua compra antes de
comprar. Às vezes um produto um pouco mais caro tem embalagem aproveitável para outros fins.
118 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
• Reduzir o desperdício.
• Reutilizar sempre o que for possível antes de jogar fora.
• Reciclar, ou melhor: separar para a reciclagem, pois, na verdade, o individuo não recicla. Os
artesãos, por exemplo, reutilizam o material quando fazem bolsas de PET, cestaria de papel
jornal etc.
O termo reciclagem, tecnicamente falando, não corresponde ao uso que fazemos dessa palavra,
pois reciclar é transformar algo usado em algo igual, só que novo. Por exemplo, uma lata de alumínio,
após o consumo do conteúdo, é transformada, através de processo industrial, em uma lata nova.
Quando transformamos uma coisa em outra, isso é reutilização. O que nós, como indivíduos, podemos
fazer, é praticar os dois primeiros Rs: reduzir e reutilizar.
Quanto à reciclagem, o que nós devemos fazer é separar o lixo que produzimos e pesquisar as
alternativas de destinação ecologicamente corretas, que estejam mais próximas. Pode ser uma
cooperativa de catadores ou até uma instituição filantrópica que receba material reciclável para
acumular e comercializar.
SENAI-RJ 119
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Continuação
Reciclagem
O movimento de tomada de consciência ambiental, surgido no final do século XX, cunhou um
novo paradigma de produção e consumo sustentável de materiais que deve se tornar um imperativo
para o século XXI. Nesse novo paradigma, a reciclagem se apresenta como uma solução importante
para prolongar a vida dos recursos não renováveis. Critérios de reciclabilidade passam, assim, a fazer
parte da escolha de materiais para produtos e processos no desenvolvimento de novos projetos
industriais.
120 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Na esteira da gestão da qualidade, a gestão ambiental passa a ser normatizada e se torna fator
de competitividade; a reciclagem passa a fazer parte da gestão ambiental da produção, como destino
final mais correto a ser dado aos resíduos industriais, assim como aos componentes e produtos em fim
de vida.
A associação desses dois termos pressupõe mudanças radicais que vão constituir os alicerces
da construção de um novo paradigma sócio-técnico e econômico em que um mercado de produtos
duráveis e recicláveis ocupará o lugar do atual mercado de consumo em massa de produtos
descartáveis.
É certo que não existe solução única para todos os problemas ambientais,
mas a reciclagem, mesmo sem operar milagres, é a alternativa mais viável a
curto e médio prazos. A taxa de reciclabilidade já vem sendo amplamente
utilizada na seleção de materiais em novos projetos de produtos na Europa,
por força da sua legislação ambiental sobre ecoconcepção e reciclagem
de embalagens, veículos e equipamentos elétricos e eletrônicos.
Hoje todos querem saber do que é feito o produto que estão consumindo, pelo menos para se
assegurarem de que ele não faz mal à sua saúde. Nesse contexto, os produtos "verdes", feitos de
materiais "verdes" e/ou através de processos "verdes", já criaram seu mercado, dito ecológico ou
biológico. Esse mercado, que surgiu nos anos 1970 como alternativo e de produção em pequena
escala, se expande e assume dimensões globais. Alimentos biológicos, carros elétricos, a álcool ou a
biodiesel, embalagens recicláveis são exemplos de uma longa lista que cresce a cada dia.
Essa tomada de consciência fez também evoluir a regulamentação ambiental, que vem forçando
as empresas a considerar as questões ambientais nas suas atividades em nome da responsabilidade
SENAI-RJ 121
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
social. Assim, a produção industrial começa a ser administrada não só em termos técnicos e econômicos
mas também ambientais.
Inaugura-se a era da "produção limpa", na qual a gestão ambiental está ligada à gestão da
qualidade, na medida em que todo desperdício (resíduo) é visto como custo da não-qualidade. Mas a
maior vantagem da reciclagem é permitir fechar o ciclo de vida dos materiais fazendo-os retornar a
novos produtos, como matéria-prima secundária, com grande economia de energia e de recursos
naturais primários.
O desafio maior é acompanhar a evolução dos materiais para melhor gerenciar seus ciclos de
vida. Por outro lado, é necessário haver desenvolvimento articulado das técnicas e processos de
tratamento de resíduos, separação e reciclagem de produtos em fim de vida. A gestão sustentável dos
materiais envolve, assim, a intervenção no ciclo de vida dos materiais, tal como ele se apresenta hoje,
para buscar em cada etapa eliminar perdas, rejeitos, emissões etc. no sentido de uma produção sem
retornos ao meio ambiente. O ideal seria produzir em um sistema fechado com reciclagem ao longo
de todo o ciclo. O fluxo fechado de materiais funcionaria como na Figura 1; nele, a extração de
matérias- primas primárias só ocorreria em função de um aumento do nível geral de produção, pelo
crescimento do mercado mundial.
Reciclagem
de resíduos Tratamento
e efleuntes Transformação de efluentes
metalúrgica
e química
Indústria Materiais
extrativa mineral de engenharia
Tratamento
de efluentes
Materiais reciclados
Peças
e componentes
122 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde
Repensar o ciclo de vida dos materiais e reconcebê-lo em bases mais sustentáveis não é, contudo,
tarefa simples nem evidente. Requer conhecimentos e informações múltiplos nem sempre disponíveis
e que devem ser buscados caso a caso para cada projeto ou reprojeto de produto no qual se deseja
intervir. Isto significa que a gestão sustentável da produção de materiais requer um amplo sistema de
informações em todos os níveis de produção e consumo, a saber: das técnicas de extração e
beneficiamento de minérios, dos processos de transformação metalúrgica e química para produção
de materiais, da produção de peças e componentes, da montagem de produtos, reciclagem ou descarte
final, incluindo, em todas as fases, o consumo de energia e de materiais, os custos de transporte e
armazenamento (Medina, 2005).
A partir dos anos 1990, programas de gestão ambiental mais amplos vêm sendo estabelecidos
pelas grandes empresas nos moldes dos programas de gestão da qualidade dos anos 1980, incorporando
desde a adoção de tecnologias limpas até políticas de reciclagem. Assim, normas e padrões para
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certificação ambiental (ISO 14000) vieram se somar aos de certificação de qualidade (ISO 9000)
como parte de um processo de normalização e regulamentação ambiental, tornando indústrias, produtos
e processos cada vez mais controlados em termos de exigências técnicas e em termos de mercado.
A reciclagem energética tem estreita relação com a incineração de resíduos. Ela é feita a partir
de uma instalação de combustão de resíduos, mas difere da usina de incineração porque gera um
produto, a energia (eletricidade e calefação), que pode ser vendido ou reutilizado para abastecer
processos.
Esse tipo de reciclagem pode ser bastante vantajoso para a indústria, por prover um certo grau
de auto-suficiência energética, mas tem como grande desvantagem a emissão de poluentes na
atmosfera, que pode ser minimizada através de uma preocupação prévia com o tratamento desse
resíduo. Um exemplo desse processo é a reciclagem de pneus, que será mostrada mais adiante.
A reciclagem química visa recuperar compostos químicos que deram origem aos materiais plásticos
ou seus compósitos. Isso é possível com a quebra parcial ou total das moléculas de resíduos plásticos,
selecionados e limpos, através de reações químicas. Os materiais obtidos exigem tratamento dispendioso
na purificação final.
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De maneira geral, os metais podem ser reciclados quase indefinidamente sem perda significativa
de suas propriedades. Mas, de fato, a qualidade final do material recuperado depende diretamente da
separação dos componentes das ligas e dos elementos contaminantes destas utilizados em tratamentos
de superfície exigidos pelo uso ao qual se destina o material. Essa degradação pode chegar a fazer
com que esses metais, uma vez reciclados, tenham o mesmo destino dos plásticos, ou seja, percam
seu valor inicial e só encontrem empregos cada vez menos nobres na cadeia produtiva.
O Brasil é o líder mundial de reciclagem de latas de alumínio, com uma taxa de 90%, em 2003,
superior à do Japão e dos Estados Unidos; entretanto, o alumínio reciclado de automóveis, aqui como
no resto do mundo, vai para construção civil e para embalagens; em casos extremos, pode até ser
fundido junto com metais ferrosos de menor valor, como o aço.
Enfim, toda matéria reciclada sofre alguma desvalorização, por perda de suas propriedades
químicas iniciais. Além disso, no caso de produtos ou componentes em fim de vida, há incompatibilidades
entre seus materiais constituintes, mesmo entre os metais, mesmo que sejam bem menores que entre
os plásticos.
Mesmo no caso do aço, que é o material mais facilmente reciclado, há perda de propriedade, por
excesso de elementos residuais presentes na sucata dos automóveis, que não são eliminados pelos
processos de reciclagem atualmente em uso. Isto impede que a maior parte desse material reciclado
retorne ao automóvel.
A produção de plásticos virgens e reciclados foi a que mais se desenvolveu, do ponto de vista
tecnológico e industrial, nos últimos 10 anos. Junto com o alumínio, foi o material que teve aumento
mais significativo na composição dos veículos nesse período. Sua reciclabilidade e efetiva reciclagem
são crescentes no mundo e no Brasil.
Aqui, é o setor de plásticos que mais fatura com a reciclagem, depois do alumínio, envolvendo
cerca de 500 empresas e mais de R$ 1 bilhão, segundo dados da Plastivida (www.plastivida.org.br).
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Em 2004, o setor reciclou mais de 700 mil toneladas de todos os tipos de plástico, empregando dezenas
de milhares de pessoas.
Os plásticos apresentam-se hoje como solução de engenharia para inúmeras aplicações sem as
restrições ambientais que tinham há cerca de 10 anos. Eles são recicláveis e também encontram
aplicações entre os biomateriais. Do ponto de vista dos materiais, pode-se dizer que foram os plásticos
que mais se desenvolveram nesse sentido, reduzindo sua toxicidade e aumentando sua reciclabilidade
e valorização energética em produtos em fim de vida. Ou seja, muitos plásticos fazem parte dos
chamados ecomateriais (materiais concebidos sem substâncias tóxicas, biodegradáveis ou recicláveis).
Os plásticos podem ser submetidos a três formas de reciclagem: mecânica, química e energética.
Na reciclagem mecânica, a mais utilizada, o material é submetido a processos mecânicos (exemplos:
lavagem, moagem e extrusão), e normalmente, ocorre uma perda de propriedade por quebra de sua
cadeia molecular.
Cenários e tendências
Duas fortes tendências vão tornar os cenários nacional e mundial convergentes, ao longo deste
século.
A primeira é a própria evolução tecnológica dos materiais, que vem acontecendo com maior
intensidade, velocidade e abrangência que no século passado. E a segunda é que essa evolução vem
acontecendo no sentido de incorporar novas funções, melhorar ou integrar funções já existentes nos
produtos, o que leva a um cenário de hiperescolha de materiais, como foi previsto por especialistas na
década de 1980. Tem-se hoje, assim, forte tendência a novos desenvolvimentos dos chamados materiais
funcionais. Os produtos ditos bens de consumo duráveis que chegarão ao fim de suas vidas daqui a 5,
15 ou 20 anos terão em sua composição: metais, plásticos e várias possíveis conjugações destes,
como compósitos de matriz polimérica com carga mineral ou com reforço de fibras vegetais ou de
ligas metálicas, além dos materiais nanoestruturados, que devem ser introduzidos em breve.
Em consonância com os avanços dos materiais, a segunda tendência forte é a da evolução dos
processos industriais, no sentido de uma produção "limpa", verticalmente integrada, ou seja, produtos
"verdes", feitos com materiais "verdes" em fábricas "verdes".
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A reciclagem de pneus era, até alguns anos atrás, reduzida à incineração dos mesmos, com uma
geração de poluentes no meio ambiente; com o avanço tecnológico, surgiram novas aplicações, como
a mistura com asfalto, em concentração de 15% a 25%, apontada hoje nos EUA como uma das
melhores soluções para o fim dos cemitérios de pneus, o processo SIX de transformação em energia,
com a mistura com o xisto, da Petrobras, e outros.
As baterias são a maior fonte para a indústria de chumbo secundário. A grade da bateria contém
mais de 90% de chumbo metálico e pode ser imediatamente fundida. Mais de 70% da produção
mundial de chumbo é consumida na manufatura de baterias de chumbo (a maior parte para o setor de
transportes).
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solução eletrolítica
pólo negativo
monobloco de
polipropileno pólo positivo
placa negativa
envelopada
envelope separador
sistema de fixação
placa positiva
O processo atual de reciclagem de chumbo de bateria automotiva utiliza, na sua grande maioria,
a rota pirometalúrgica. Esta, além de exigir um considerável investimento de capital, é potencialmente
poluidora, em razão de emitir gases SOX (SO2, SO4 e outros) para a atmosfera, que é um fator
importante em termos de proteção ao meio ambiente.
Armazenamento
O armazenamento da resíduos é o grande desafio da atualidade, pois nossa sociedade tende a
lidar com o problema da destinação de resíduos "varrendo o lixo para debaixo do tapete". "Longe dos
olhos, longe do coração". "Em qualquer lugar desde que bem longe do meu quintal".
Existem diversos sistemas de gerenciamento de resíduos; sua principal característica deve ser
sua adequação à realidade local, procurando, dentro de critérios técnicos, potencializar a capacidade
dos recursos disponíveis. Isto vale tanto em escala macro – por exemplo, para uma cidade – como
para uma escala mais reduzida, em instituições e empresas.
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3. estabelecimento de uma classificação dos resíduos segundo uma tipologia clara, compreendida
e aceita por todos;
2. Acondicionamento: deve ser adequado ao manuseio e tratamento a que será submetido o resí-
duo.
3. Acumulação interna: os resíduos devem ser acumulados em recipientes e/ou locais estanques.
4. Transporte interno: o transporte deve ser feito de forma a evitar a ruptura do acondicionamen-
to e disseminação do resíduo.
5. Transporte externo: o transporte de resíduos deve ser feito por veículos que evitem espalhamento
e vazamento dos mesmos.
6. Disposição final dos resíduos: os resíduos devem ser dispostos de forma segura, sem gerar
riscos para a saúde e impactos ambientais. As três formas técnicas de tratamento e destino
final de resíduos utilizadas em todo o mundo são: o aterro sanitário, a compostagem e reciclagem
(usinas de lixo domiciliar) e a incineração.
Aterro sanitário
Segundo Bidone (1999), "o aterro sanitário é uma forma de disposição final dos resíduos sólidos
urbanos no solo, dentro de critérios de engenharias e normas operacionais especificas, proporcionando
confinamento seguro dos resíduos (normalmente, recobrindo com argila selecionada e compactada
em níveis satisfatórios), evitando danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais".
Ele continua:
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Donde se conclui que um aterro sanitário deve ser construído antes do inicio das operações, para
a implantação da impermeabilização do fundo, coleta e drenagem que impeçam o lixiviado de atingir
o lençol freático. Um lixão remediado poderá se tornar um aterro controlado.
A operação é outro ponto delicado dos aterros sanitários, pois em caso de operação inadequada
o aterro sanitário pode deixar de ser sanitário e até virar um lixão onde não há cobertura e compactação
por falta de equipamento ou mão-de-obra especializada.
Tudo isso é para dizer que o aterro sanitário é imprescindível a curto e a longo prazo. Sabe por
quê? Sinceramente, não acredito em reciclabilidade total. Sempre haverá resíduos sólidos urbanos
que não encontram alternativas de destinação. Ter aterro sanitário é fundamental e imprescindível
para descartarmos adequadamente os resíduos classe 2 e classe 3 que não encontram destino na
cadeia produtiva da reciclagem. Mesmo havendo um bom sistema de coleta seletiva, precisaremos de
aterros sanitários. Não creio que esta tecnologia venha a ser superada. É a tecnologia do "em último
caso". Caso o residuo não possa voltar para a cadeia produtiva de reciclagem por qualquer motivo,
não sendo material perigoso, estamos protegidos pelo sistema de aterro sanitário bem implantado e
bem operado. O aterro só dá pena quando enterra toneladas de materiais que poderiam ter sido
desviados desse destino pelo programa de separação na fonte.
Compostagem
Outro destino interessante é a compostagem. Afinal, a fração orgânica dos resíduos sólidos
urbanos também é reciclável. A compostagem é um método antigo de tratamento de resíduos orgânicos
que imita o processo da natureza, transformando-os em um tipo de adubo (Eigenheer, 1996). Esse
sistema também é complementar ao sistema de separação na fonte.
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Outros sistemas
Outros sistemas de tratamento de lixo, como mineralização, incineração, inertização por calor,
usinas e qualquer um que não funcione a partir da separação na fonte, serão sempre paliativos e,
principalmente, problemáticos, pois não contemplam o aprimoramento do principal equipamento do
sistema de gerenciamento de resíduos: o homem, o individuo gerador do resíduo. Mantêm o individuo
pensando que, afinal, "para que separar se temos um sistema milagroso, mágico" (que na verdade é
movido por tecnologias obsoletas e inadequadas importadas por motivação de interesses comissionados
em cifras altíssimas)? "Pra que separar? O mundo é tão grande e os recursos naturais praticamente
inesgotáveis". "Pra que separar? Vou acabar tirando o emprego do triador do lixo (trabalho praticamente
escravo e absolutamente inumano) que nós, no conforto do nosso lar, não tivemos a decência de
separar.
Não, não se trata de um problema cultural, como sempre escuto, mas de um erro de proposição,
de falta de políticas públicas, de ousadia propositiva, enfim, de diretrizes que mantenham firme o
objetivo da sustentabilidade para o planeta em nossas ações, sem desvios de rota na direção do mais
fácil. Não é fácil. E é um trabalho de todos, não apenas da administração pública ou das empresas e
produtores de embalagens, ou do consumidor, ou das escolas, ou dos excluídos. É um trabalho para
ser abordado de forma complexa, um trabalho em conjunto, sem soluções milagrosas. A não ser, é
claro, o milagre da transformação, pois, afinal de contas, nada se perde, tudo se transforma!
E, ao que tudo indica, nós estamos aqui para nos transformar e transformar o mundo!
Padrão de cores
Azul – papel/papelão
Vermelho – plástico
Verde – vidro
Amarelo – metal
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Preto – madeira
Cinza – resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de reciclar.
A rotulagem ambiental
A comunicação é a chave para a mudança de comportamento na sociedade moderna em direção
ao desenvolvimento sustentável; o setor produtivo tem dado importantes contribuições através de
mecanismos os mais variados. Um exemplo é a rotulagem ambiental de produtos, que se consolidou
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em diversos paises através das autodeclarações, muitas já ajustadas aos padrões internacionais da
ISO. Atenta à necessidade de normatizar a relação entre produtos e consumidores ou relações B2B
(business to business), a ISO criou a serie de normas 14020. No escopo da ISO, os tipos de rotulagem
ambiental são três, a saber:
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Esta norma ainda está sendo elaborada no âmbito da ISO. Ela tem alto grau de complexidade,
devido à inclusão da ferramenta avaliação do ciclo de vida. A percepção é de que ainda há um longo
caminho a ser percorrido para que esse tipo de rotulagem ganhe o mercado, visto que a ferramenta de
ACV ainda não está definitivamente consolidada do ponto de vista técnico.
Para plásticos, a simbologia mais utilizada segue a Norma NBR 13230 da ABNT. A maior parte
das empresas está utilizando essa simbologia. Ela é muito importante para orientar os programas de
coleta seletiva, especialmente os catadores e sucateiros.
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Para papel e papelão, os símbolos da NBR ISO 14021 (tipo II) têm sido seguidos pela maioria
das empresas. É importante ressaltar que o setor de papel influenciou diretamente essas normas
durante sua elaboração. Os símbolos tipo II da ISO foram inspirados na simbologia utilizada pelo
setor, especialmente nos Estados Unidos. Como no Brasil o aspecto social relacionado à coleta seletiva,
através da inserção dos catadores de materiais recicláveis no processo, é fator determinante, estes
símbolos tornaram-se ferramentas indispensáveis no auxilio a atividades desses verdadeiros "agentes
ambientais". Os símbolos são muito importantes nas etapas de coleta seletiva e triagem.
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Tecnologia dos Materiais – Referências
Referências
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McGraw-Hill, 1986.
SENAI-MG. Centro de Formação Profissional Anielo Greco. Materiais para Construção Mecânica.
Divinópolis, 2004.
SENAI-SP. Departamento Regional de São Paulo. Tecnologia e Ensaios dos Materiais. Acordo
de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, 1984.
SENAI-RS. Informações Técnicas Mecânica. 10ª Edição revisada e ampliada. Porto Alegre, CFP
SENAI Artes Gráficas “Henrique d`Ávila Bertuso”, 1996. 260 páginas.
SISINNO, Cristina Lúcia Silveira e OLIVEIRA, Rosália Maria. Resíduos Sólidos, ambientes e
sapude: Uma Visão Multidisciplinar. Rio de Janeiro : Editora Fiocruz, 2000.
VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais. Tradução
Edson Monteiro. Rio de Janeiro : Editora Campus, 1984.
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Tecnologia dos Materiais – Referências
Sites
www.pcc2339.pcc.usp.br
www.cetem.gov.br
www.cempre.org.br
www.cempre.org.br
Heloísa V. de Medina
140 SENAI-RJ
FIRJAN SENAI Rua Maris e Barros, 678 - Tijuca
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