Sei sulla pagina 1di 142

TECNOLOGIA DOS

MATERIAIS

SENAI-RJ • Mecânica
TECNOLOGIA DOS
MATERIAIS
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente

Diretoria-Geral do Sistema FIRJAN


Augusto Cesar Franco de Alencar
Diretor

Diretor Regional do SENAI-RJ


Roterdam Pinto Salomão
Diretor

Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
TECNOLOGIA DOS
MATERIAIS

SENAI-RJ
Rio de Janeiro
2007
Tecnologia dos Materiais

© 2007

SENAI- Rio de Janeiro

Diretoria de Educação

Gerência da Educação Profissional Regina Helena Malta do Nascimento

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação Angela Elizabeth Denecke

Vera Regina Costa Abreu

Seleção de Conteúdo Edson de Melo

Revisão pedagógica Alexandre Rodrigues Alves

Projeto gráfico Artae Design & Criação

Editoração Lienice Silva de Souza

Tratamento de imagens Alexandre Tavares Alves dos Santos (estagiário)

Colaboração Gisele Rodrigues Martins (estagiária)

Material para fins didáticos


Propriedade do SENAI-RJ.
Reprodução, total e parcial, sob expressa autorização.

Esta material foi construído mediante a compilação de diversas apostilas publicadas pela Instituição, sendo
elas: Materiais, Ensaios e Tratados Térmicos e Higiene Ocupacional do SENAI-RJ; Tecnologias e Ensaios dos
Materiais do SENAI-SP e Informações Técnicas Mecânica do SENAI-RG.

SENAI - Rio de Janeiro


GEP - Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 - Tijuca
20270-903 - Rio de Janeiro - RJ
Tel: (021) 2587-1323
Fax: (021) 2254-2884
GEP@rj.senai.br
Prezado aluno,

Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse
momento em diante, estaria fazendo parte do maior sistema de educação profissional do país: o SENAI.
Há mais de sessenta e cinco anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o
desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira e da formação profissional de jovens e adultos.

Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade,
capacidade de análise, solucionando problemas, avaliando resultados e propostas de mudanças no
processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes,
assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os
resultados.

Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias exigirá de você
a atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando a necessidade de uma
formação consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à auto-
aprendizagem.

Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI a criar uma estrutura
educacional, com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma
formação flexível e modularizada.

Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária ao seu
desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa
escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.

Mais do que formar um profissional, estamos buscando formar cidadãos.

Seja bem-vindo!

Andréa Marinho de Souza Franco

Diretora de Educação
Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................ 11

UMA PALAVRA INICIAL ............................................. 13

1 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
DOS MATERIAIS ....................................................... 17
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ......................................... 22
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ......................................... 24
TABELAS ................................................................. 40

2 FERRO E AÇO ............................................................ 45


PROCESSOS DE OBTENÇÃO ............................................... 47
CARACTERÍSTICAS DO FERRO GUSA, CINZA E BRANCO .................. 51
INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA ................................... 54
INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS NOS AÇO-LIGA ........................... 58
NORMALIZAÇÃO ........................................................... 62
TABELAS E EQUIVALÊNCIAS .............................................. 77

3 MATERIAIS NÃO-FERROSOS E SUAS LIGAS ................. 85


TIPOS E CLASSIFICAÇÃO ................................................. 87
CARACTERÍSTICAS E PROCESSOS DE OBTENÇÃO ......................... 88
NORMAS E TABELAS .................................................... 102
4 RELAÇÃO DOS MATERIAIS COM O MEIO AMBIENTE E A
SAÚDE ................................................................... 113
TOXICIDADE DE MATERIAIS ............................................ 115
PREVENÇÃO E PRESERVAÇÃO ........................................... 118
RECICLAGEM ............................................................ 120
CENÁRIOS E TENDÊNCIAS ............................................... 126
ARMAZENAMENTO ....................................................... 131

REFERÊNCIAS ......................................................... 139


Tecnologia dos Materiais – Apresentação

Apresentação
A dinâmica social dos tempos de globalização exige dos profissionais atualização constante.
Mesmo as áreas tecnológicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada vez mais curtos, trazendo
desafios renovados a cada dia e tendo como conseqüência para a educação a necessidade de encontrar
novas e rápidas respostas.

Nesse cenário, impõe-se a educação continuada, exigindo que os profissionais busquem atualização
constante durante toda a sua vida – e os docentes e alunos do SENAI-RJ incluem-se nessas novas
demandas sociais.

É preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educação profissional,
as condições que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e aprender, favorecendo
o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas
possibilidades de atuar com autonomia, de forma competente.

Neste caderno você vai encontrar conteúdos sobre as características e formas de obtenção de
materiais ferrosos e não-ferrosos, suas propriedades, classificações e principais ligas, assim como
uma análise da relação desses materiais com o meio ambiente e a saúde.

SENAI-RJ 11
Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial

Uma palavra inicial

Meio ambiente...

Saúde e segurança no trabalho...

O que é que nós temos a ver com isso?

Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação
entre o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho.

As indústrias e os negócios são a base da economia moderna. Produzem os bens e serviços


necessários e dão acesso a emprego e renda; mas, para atender a essas necessidades, precisam usar
recursos e matérias-primas. Os impactos no meio ambiente muito freqüentemente decorrem do tipo
de indústria existente no local, do que ela produz e, principalmente, de como produz.

É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre
retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que “sobra” de volta ao ambiente
natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio
dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis
ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo, para diminuir os
impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar
com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que
vive ao redor delas.

Com o crescimento da industrialização e a sua concentração em determinadas áreas, o problema


da poluição aumentou e se intensificou. A questão da poluição do ar e da água é bastante complexa,
pois as emissões poluentes se espalham de um ponto fixo para uma grande região, dependendo dos
ventos, do curso da água e das demais condições ambientais, tornando difícil localizar, com precisão,
a origem do problema. No entanto, é importante repetir que, quando as indústrias depositam no solo
os resíduos, quando lançam efluentes sem tratamento em rios, lagoas e demais corpos hídricos, causam
danos ao meio ambiente.

SENAI-RJ 13
Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial

O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha
básica de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de
processos de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos
de utilidade limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e
dispensar bens desta forma, obviamente, não é sustentável.

Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de “lixo”) são
absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem
aproveitamento para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio
ambiente pode absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra
possui uma capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos
também é restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.

Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que
considerem a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem
adotar práticas que incluam tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-
primas e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.

Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos
é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de
conserto e vida útil dos produtos.

As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição como também buscar novas formas
de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir a poluição, o lixo, o uso de matérias-primas.
Reciclar e conservar energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.

É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios
diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público,
as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar
com elas.

Infelizmente, tanto os indivíduos quanto as instituições só mudarão as suas práticas quando


acreditarem que seu novo comportamento lhes trará benefícios – sejam estes financeiros, para sua
reputação ou para sua segurança.

A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de
pessoas bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que
melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma
sustentável.

Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados
pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns
riscos à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho é uma questão que
preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.

14 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Uma palavra inicial

De um lado, é necessário que os trabalhadores adotem um comportamento seguro no trabalho,


usando os equipamentos de proteção individual e coletiva; de outro, cabe aos empregadores prover a
empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu uso, fiscalizar as condições da cadeia
produtiva e a adequação dos equipamentos de proteção.

A redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão
e governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança
de todos.

Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portanto,
é necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente,
sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas
que possam levar à melhoria de condições de vida para todos.

Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas
e indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente...
faz-se preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em
tal direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, saúde e
segurança no trabalho, lembrando que, no seu exercício profissional diário, você deve agir de forma
harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.

Tente responder à pergunta que inicia este texto: meio ambiente, a saúde e a segurança no
trabalho – o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é
responsável.

Vamos fazer a nossa parte?

SENAI-RJ 15
Classificação e
características
dos materiais
Nesta unidade ...

Classificação dos materiais

Propriedades dos materiais

Tabelas

1
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Classificação e características
dos materiais

Antes de iniciarmos o assunto, vamos entender melhor como empregamos materiais em nosso
dia-a-dia. Como exemplo, analisaremos um motor de automóveis. Você já pensou na quantidade de
materiais usados na construção
7
de um motor de automóvel? São
empregados muitos tipos de 6
materiais, tais como plásticos,
aço, ferro fundido, couro etc. O 5
projetista seleciona cada um
4
deles baseado na sua adaptação
aos processos de fabricação,
8
propriedades, comportamentos
3
em serviço, custo, disponi-
bilidade, limitação de peso,
impactos ambientais, entre
outros critérios. 2

Para início de conversa,


vamos destacar alguns dos 1
Onde:
1. Polia da árvore de
elementos, entre os mais manivelas
9 2. Árvore de manivelas
conhecidos, que compõem o 3. Bloco do motor
4. Biela
5. Pino do pistão
conjunto móvel de um motor. 6. Pistão
7. Anéis
8. Volante
Fig. 1 – Conjunto móvel 9. Cárter

SENAI-RJ 19
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Os elementos citados estão no estado de produto final, aplicado ao objetivo, mas o processo se
iniciou com escolha do material, frente às particularidade de cada elemento do conjunto.

Os materiais estão presentes em nosso cotidiano. Oriundos da natureza ou elaborados


artificialmente, podem ser considerados parte integrante de nossas vidas e fundamentais para a
humanidade. Os materiais são, sem sombra de dúvida, a substância de trabalho de nossa sociedade.

Mas o que são materiais? Como os entendemos, manipulamos e usamos? Materiais são uma
das partes da matéria do universo. De forma mais específica, são as substâncias cujas propriedades
as tornam utilizáveis na fabricação de estruturas, de máquinas, de dispositivos e de produtos consumíveis.
Nelas, podemos incluir os metais, os produtos cerâmicos, os semicondutores, os supercondutores, os
polímeros (plásticos), vidros, fibras, madeira, areia e vários outros conjugados. Sua produção e seu
processamento visando à obtenção de produtos acabados geram grande número de empregos e são
parte significativa do produto nacional bruto (PNB).

Para este trabalho, consideramos "material" as substâncias cujas


propriedades fazem com que elas sejam empregadas na produção de
estruturas, máquinas, dispositivos e produtos consumíveis.

Os materiais podem ser visualizados como que fluindo num vasto ciclo de oportunidades, num
sistema global de transformações regenerativas.

Transformação
metalúrgica e química

Matéria-prima Material de engenharia


(produto-base)

R
do e c i
m la
c ão o
at g e a ç ut
er m il z od
ia ti r
l U op
d

Transformação
metalúrgica e química

Fig. 2 – Ciclo do material

20 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Materiais no estado bruto são extraídos da terra por diversas formas para
servirem como matéria-prima para produtos de base, como lingotes
metálicos, pedra compactada, produtos petroquímicos, madeira serrada etc.
Como materiais brutos intermediários, eles podem ser transformados em
materiais de engenharia, como um fio condutor, um perfil estrutural de
aço, concreto, componentes plásticos, atingindo assim o produto final que
utilizamos.
Após seu desempenho a serviço do homem, os mesmos materiais, já em
forma de sucata, percorrem o caminho de volta, e se for econômica e
tecnicamente viável, são re-inseridos no ciclo de processamento para uso
posterior, como matéria-prima.

Um aspecto importante revelado pelo ciclo dos materiais é a forte interação destes com a
energia e o meio ambiente, mostrando que seus processos de produção devem ser considerados, sem
omissão, no planejamento nacional e no custo tecnológico. Tais considerações resultam quase sempre
em críticas ao fraco entrosamento entre as áreas de energia e a área de estudo dos materiais,
principalmente no que diz respeito aos novos conceitos de gestão de qualidade e consciência ambiental
adotados pelos países industrializados.

O alumínio primário pode ser produzido a partir de minério bruto ou através


de sucata reciclada. A opção por esta última possibilidade implica o gasto
de apenas 5% da energia exigida pela primeira, além de menor influência
sobre a Terra, visto que não serão gastos recursos com trabalhos de
exploração e prospecção.

O ciclo dos materiais é um sistema que entrelaça recursos naturais e necessidades particulares,
pois para fabricar produtos reciclados, como o exemplo do alumínio, é necessário aplicar um alto nível
de tecnologia e desenvolvimento, a fim de poder competir em custo e qualidade com os produtos
convencionais.

Existe, por certo, uma enorme quantidade de cientistas, engenheiros e técnicos especialistas em
materiais e trabalhando para que mais e melhores materiais estejam à disposição dos projetistas.

E você é parcela contribuinte deste processo. Como? Conhecedores das características físicas,
químicas e tecnológicas dos materiais utilizados no processo de produção, deve-se trabalhar com
máquinas operatrizes de forma customizada e consciência ambiental. Estes são os objetivos deste

SENAI-RJ 21
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

curso: proporcionar conhecimentos técnicos que sirvam de apoio à sua carreira profissional; e apresentar
as formas racionais de empregar tais materiais, numa constante renovação do conhecimento.

Os metais são os materiais mais utilizados na construção mecânica. Deles, o ferro é o mais
importante, e é razoável supor que essa posição permanecerá por um espaço de tempo praticamente
ilimitado, face a certas condições peculiares desse metal que o tornam insubstituível para a maioria
dos empregos na indústria mecânica: suas propriedades intrínsecas, sua relativa abundância na crosta
terrestre e seu baixo custo de extração e processamento, principalmente quando comparado ao de
outros metais importantes.

Entretanto, somente alguns poucos países tem o privilégio de possuir ferro com alto teor metálico.
Entre eles situa-se o Brasil, cuja potencialidade nesse metal é internacionalmente conhecida.

Entretanto, é importante levar em conta que o ferro puro não apresenta boas características
mecânicas, sendo necessário um processo de inclusão de pequenas porcentagens de carbono, visando
produzir aço e ferro fundido.

O próximo passo é de classificar tais materiais, facilitando o entendimento.

Classificação dos materiais


É essencial construir uma classificação dos materiais mais comumente utilizados; cada um tem
sua importância e emprego definidos em função de suas características e propriedades.

Materiais

Metálicos Não-metálicos

Ferrosos Não-ferrosos Artificiais Naturais


ou sintéticos

• Aço • Pesados • Plásticos • Madeira


• Ferro fundido – cobre • Resinóides • Couro
– estanho • Borracha
– chumbo • Fibras
• Leves
– alumínio
– magnésio

Quadro 1 – Classificação dos materiais

22 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Conhecidas as classes dos materiais, passemos agora a especificá-los por grupos e emprego a
que se destinam, pois todos os materiais possuem características próprias que devemos conhecer
para podermos empregá-los mais adequadamente.

Grupos dos materiais metálicos

Ao estudarmos a classe dos metálicos, podemos dividi-los em dois grupos distintos: os ferrosos
e os não-ferrosos.

Metais ferrosos

Desde sua descoberta, os metais ferrosos tornaram-se de grande importância na construção


mecânica. Os metais ferrosos mais importantes são:

a) O aço – liga de Ferro (Fe) e Carbono (C), com C < 2%; é um material tenaz, de excelentes
propriedades, de fácil trabalho, podendo também ser forjado.

b) O ferro fundido – liga de Fe e C com 2% < C < 5% amplamente empregado na construção


mecânica, e que, mesmo não possuindo a resistência do aço, pode substituí-lo em diversas
aplicações, muitas vezes com grande vantagem.

Como esses materiais são fáceis de serem trabalhados, com eles é construída a maior parte de
máquinas, ferramentas, estruturas, bem como instalações que necessitam materiais de grande
resistência.

Metais não-ferrosos

São todos os demais metais empregados na construção mecânica. Possuem empregos os mais
diversos, pois podem substituir os materiais ferrosos em várias aplicações, mas nem sempre podem
ser substituídos pelos ferrosos.

Esses metais são geralmente utilizados isolados ou em forma de ligas metálicas, algumas delas
amplamente utilizadas na construção de máquinas, instalações, automóveis etc.

Podemos dividir os não-ferrosos em dois tipos em função da densidade:

a) Metais pesados (P > 5kg/dm3) – cobre, estanho, zinco, chumbo, platina etc.

b) Metais leves (P < 5kg/dm3) – alumínio, magnésio, titânio etc.

Normalmente, os não-ferrosos são materiais caros e não devemos utilizá-los em componentes


que possam ser substituídos por materiais ferrosos, o que seria inviável economicamente. Esses
materiais são amplamente utilizados em peças sujeitas a oxidação, dada a sua resistência, sendo

SENAI-RJ 23
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

muito utilizados em tratamentos galvânicos superficiais de materiais. São também bastante utilizados
em componentes elétricos.

Nos últimos anos, a importância dos metais leves e suas ligas tem aumentado consideravelmente,
principalmente na construção de veículos, nas construções aeronáuticas e navais, bem como na
mecânica de precisão, pois têm-se conseguido ligas metálicas de alta resistência e de menor peso e,
com isto, se tende a trocar o aço e o ferro fundido por esses metais.

Grupo dos materiais não-metálicos

Existem numerosos materiais não-metálicos, que podem ser divididos em:

a) Naturais – madeira, couro, fibras etc.

b) Artificiais ou sintéticos – baquelite, celulóide, acrílico etc.

Os materiais sintéticos, produzidos quimicamente, vêm sendo empregados de forma crescente


na atualidade, reduzindo o campo de aplicação dos demais não-metálicos.

Os chamados materiais plásticos estão sendo aplicados de maneira excelente em um grande


número de usos, tornando-se substitutos de metais de forma mais eficiente e econômica.

Daí a necessidade de conhecermos um pouco mais esses materiais que vêm-se tornando uma
presença constante nos campos técnico, científico, doméstico etc.

Propriedades dos materiais


Você já reparou na variedade de materiais usados na indústria moderna? Pense um pouco: para
serem estéticos, baratos, práticos, leves, resistentes e duráveis, os produtos são feitos de substâncias
que conseguem atender não só às exigências do mercado mas também às especificações técnicas de
uso e dos processos de fabricação.

E quais materiais são encontrados na indústria? Depende do tipo de produto desejado e da


maneira como o material será empregado. Por exemplo, se você quiser fabricar tecidos, terá que
utilizar algodão, lã, seda ou fibras sintéticas. Na fabricação de móveis, você usará madeira, resinas
sintéticas, aço, plástico. Para calçados, você terá que usar couro, borracha ou náilon. Na indústria
mecânica de fabricação de peças e equipamentos, você poderá usar o ferro, o aço, o alumínio, o
cobre, o bronze, diversas ligas, entre outros.

Logo, saber das propriedades dos materiais é essencial para conhecer a sua aplicação.

24 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Como você já viu, esses materiais estão agrupados em dois blocos distintos:

• Materiais metálicos ferrosos e não-ferrosos.


• Materiais não-metálicos naturais e sintéticos (artificiais).

Essa divisão entre metálicos e não-metálicos está diretamente ligada à constituição desses
materiais. Os materiais metálicos apresentam plasticidade, isto é, podem ser deformados sem se
quebrarem e conduzem bem o calor e a eletricidade.

A condutibilidade, tanto térmica quanto elétrica, dos metais está estreitamente


relacionada à mobilidade de elétrons dos átomos de suas estruturas.

Como é obviamente impossível para o técnico ou engenheiro ter um conhecimento detalhado


dos milhares de materiais disponíveis, tanto quanto se manter completamente informado de novos
desenvolvimentos, ele deve pelo menos dispor de uma base firme sobre os princípios que regem as
propriedades de todos materiais.

O princípio de maior valor para os técnicos e engenheiros é que "as propriedades de um material
originam-se da sua estrutura interna". As estruturas internas dos materiais envolvem não apenas os
átomos, mas também o modo como estes se associam com seus vizinhos, em cristais, moléculas e
microestruturas. Observando estas estruturas e trabalhando continuamente com diversas opções de
materiais, conseguimos chegar a algumas propriedades específicas, diretamente relacionadas às
ligações químicas presentes.

Propriedades essenciais • dureza


dos materiais
• fragilidade

• resistência

• impermeabilidade

• condutibilidade

• flexibilidade

• elasticidade etc.

Quadro 2 – Propriedades essenciais dos materiais

Para facilitar seu entendimento, optamos por reunir em grupos de acordo com o efeito que elas
podem causar. Cada uma dessas propriedades deve ser cuidadosamente considerada na fabricação
de qualquer produto. Iremos estudá-las com o objetivo de ajudar você a compreender como os materiais
se comportam durante seus ciclos de aplicação.

SENAI-RJ 25
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Grupos de propriedades • físicas

• químicas

• mecânicas

• térmicas

Quadro 3 – Grupos de propriedades dos materiais

Propriedades físicas

Este grupo de propriedades determina o comportamento do material em todas as circunstâncias


do processo de fabricação e de utilização. As propriedades físicas aparecem quando o material está
sujeito a esforços de natureza mecânica. Isto quer dizer que estas propriedades determinam a maior
ou menor capacidade que o material tem para transmitir ou resistir a esforços aplicados. Tais aspectos
são necessários não só durante o processo de fabricação mas também durante a utilização dos
materiais. Do ponto de vista da indústria mecânica, tais propriedades são consideradas fundamentais
para a escolha de um material.

Resistência

Todo corpo tende a resistir aos esforços que lhe são aplicados. Dá-se o nome de resistência à
maior ou menor capacidade que o material tem de resistir a um determinado tipo de esforço, como
tração, compressão, flexão, cisalhamento, torção e flambagem, entre outros.

A resistência está ligada às forças


internas de atração existentes entre as
tração cisalhamento
moléculas que compõem o material. Cada
capacidade de resistência possui
importância em determinadas funções.
torção
Por exemplo, a resistência à tração é uma compressão

propriedade bastante desejável, por


exemplo, nos cabos de aço de um
guindaste. Veja alguns tipos de
solicitações:

flexão flambagem

Fig. 3 - Solicitações de resistência dos materiais

26 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Assim sendo, se tomarmos dois diferentes materiais e submetê-los ao mesmo tipo de esforço, o
que primeiro deformar-se permanentemente é o que menor resistência terá a esse tipo de esforço
(não é necessário que o material se rompa, basta que fique deformado).

Deformação

É a capacidade que o material deve ter de se deformar, quando submetido a um esforço, e de


voltar ou não à forma original quando o esforço terminar. A deformação pode ser classificada como
plástica ou elástica. Quando falamos em elasticidade, o primeiro material lembrado é a borracha,
embora alguns tipos de materiais plásticos também tenham esta propriedade. A elasticidade, por
exemplo, deve estar presente em materiais para a fabricação de molas de uso geral (aços-mola).

• Deformação plástica – um material pode ter plasticidade. Isto quer dizer que ao ser submetido
a um esforço, ele é capaz de se deformar e manter um determinado aspecto, e quando o
esforço desaparecer, ele deve permanecer deformado. Essa propriedade é importante para os
processos de fabricação que exigem conformação mecânica, como a prensagem para a fabri-
cação de partes da carroceria de um veículo. Ela também é encontrada quando laminamos um
material, quando fabricamos peças feitas de chapas dobradas de aço, ou quando fabricamos
tubos. O que pode variar é o grau de plasticidade de um material para outro, que pode ser
medido através de uma outra propriedade conhecida como ductilidade.

• Deformação elástica – nesse caso a deformação não é permanente, isto é, uma vez cessados
os esforços o material volta à sua forma original.

Uma mola deve ser elástica. Sob carga,


deve deformar-se e voltar à sua posição
quando cessada essa carga que atua sobre ela
(Figura 4).

Para comprovarmos a elasticidade do


aço para molas, prendemos a mola na morsa
por um lado e estiramos essa mola pelo outro
lado até que ela se estique. Quando soltamos,
se a mola volta à posição inicial, é porque o
aço é de boa elasticidade.

Fig. 4 – A elasticidade da mola

SENAI-RJ 27
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Fragilidade

Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto
materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim, os materiais que possuem baixa resistência
aos choques são chamados frágeis. Como exemplo de materiais frágeis podemos citar o vidro, ferro
fundido etc.

Você já observou que um copo de vidro, ao cair no chão, na maioria das vezes se quebra. Isso
porque esse material é frágil. O mesmo não aconteceria se o copo fosse de alumínio; nesse caso,
ocorreria uma deformação em alguma parte do copo, pois esse material é dúctil.

Ductilidade ou ductibilidade

É uma deformação de caráter plástico (deformação que não pode ser recuperada, ou seja, é
permanente), que ocorre até o ponto anterior àquele em que o material não suporta determinado
esforço e rompe-se. Quando laminados, estampados, forjados ou repuxados, os materiais também
apresentam uma propriedade conhecida como maleabilidade, que nada mais é do que a resistência
imposta por eles mesmos a esses processos.

Pode-se dizer que a ductilidade é o oposto da fragilidade. Assim, os materiais com alta resistência
aos choques (ou outros esforços que tenderiam a rompê-lo) são chamados dúcteis. O cobre (Cu) é
um bom exemplo:

Na Figura 5 temos um fio de cobre de 300 mm de comprimento. Se puxarmos esse fio, ele se
esticará até um comprimento de 400 a 450 mm sem romper-se, porque o cobre possui boas qualidades
de ductilidade.

Fig. 5 – A ductilidade do fio de cobre

28 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Tenacidade

Se um material é resistente e possui boas características de alongamento para suportar um


esforço considerável de torção, tração ou flexão sem romper-se, é chamado tenaz. A chave da Figura
6 tem de possuir tenacidade, pois pode ser tracionada e flexionada e não deve romper-se facilmente.

Fig. 6 – A tenacidade de chave

Dureza

É a resistência do material à penetração, à deformação plástica e ao desgaste. Em geral, os


materiais duros são também frágeis.

As ferramentas devem ser duras para que não se desgastem e possam penetrar em um material
menos duro. A dureza é, portanto, a resistência que um material opõe à penetração de outro corpo
(Figura 7)

Fig. 7 – Usinagem de materiais

Um bom exemplo é trabalhar com o material vidro. Você já deve ter visto o uso de ferramentas
à base de diamante sintético para efetuar corte de vidros.

SENAI-RJ 29
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

A dureza pode ser definida como a resistência ao entalhe (risco). A dureza indica o quanto a
superfície resiste a danos localizados causados por tensão ou impacto. Testes para determinar a
dureza normalmente envolvem a medida do diâmetro da depressão permanente causada pela penetração
de uma esfera dura na superfície do material com uma carga padrão, como a dureza Brinell, usada
em testes de metais (Figura 8). Nesse caso, o teste de dureza é usado porque ela está bem relacionada
à resistência dos metais.

carga

Fig. 8 – Depressão causada com esfera e carga padrão no teste de dureza

Fluência

É a deformação que vem com o tempo, resultado de aplicações prolongadas de tensão. É


considerada de produção muito lenta; ocorre principalmente em três tipos de material:

• Metais submetidos a tensão sob temperaturas próximas ao ponto de fusão. Quando metais são
submetidos a temperaturas bem abaixo do ponto de fusão, como o aço à temperatura ambiente,
a fluência não será problema.

• Materiais susceptíveis a umidade (que, por exemplo, expandem com a umidade) são passiveis
de exibir fluência relacionada ao escoamento da umidade no material. Muitas cerâmicas poro-
sas, como o concreto, estão sujeitos a fluência. Madeira é outro material que se enquadra nesta
categoria; flechas (barrigas) em vigas de madeira aumentam progressivamente com a idade.

• Materiais fibrosos. A fluência nesses materiais pode resultar do escorregamento da fibra na


matriz. A madeira pode se enquadrar nesta categoria.

Fadiga

Rupturas por fadiga resultam de aplicações repetidas de tensão. A ruptura em muitos materiais
ocorre com tensões bem abaixo da tensão de ruptura se o carregamento for aplicado repetidamente.
O número de ciclos até a ruptura depende da tensão aplicada (Figura 9). A tensão para romper um
determinado material pode ser menor que a metade da tensão de ruptura se for aplicado um grande
número de ciclos de carregamento.

30 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Você se recorda de já ter rompido um arame com a aplicação de uma forma


repetida de esforço? Na realidade, a ruptura foi provocada por fadiga; a
tensão aplicada foi menor que a tensão de ruptura, mas repetidamente.

Tensão

Aço

Alumínio

Nº de ciclos
até a ruptura

Fig. 9 – Curva relacionada à tensão aplicada no material com o número


de ciclos até a ruptura

A resistência à fadiga pode ser medida. Em materiais como madeira e concreto, os testes são
normalmente feitos com carregamento repetido em vigas. Rupturas por fadiga são raras em
construções, porém em alguns componentes esse tipo de ruptura é comum, como em componentes
metálicos, como dobradiças.

O desenvolvimento de estruturas sujeitas ao tráfego veicular, como estradas e pontes, deve


levar em conta o efeito da fadiga.

Logo, a aplicação repetida de carga pode levar principalmente o elemento metálico à ruptura,
em razão da propagação das falhas superficiais ou internas do material ou ainda pelas mudanças
bruscas de configuração geométrica.

Já imaginou um automóvel com um elemento mecânico sujeito a carga


cíclica, com falhas superficiais/internas do material ou configuração
geométrica desaconselhável? O efeito pode ser trágico; por isso a
importância do estudo da propriedade fadiga.

SENAI-RJ 31
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Propriedades químicas

As propriedades químicas são aquelas que se manifestam quando o material entra em contato
com outras substâncias ou com o ambiente (corrosão). São classificadas de acordo com a presença
ou ausência de resistência aos corrosivos, aos ácidos ou às soluções salinas. O alumínio, por exemplo,
é um material que, em contato com o ambiente, tem boa resistência à corrosão. O ferro é o outro
extremo da moeda. Quando em contato com o ar, ele oxida, enferruja (oxidação), não possuindo boa
resistência à corrosão.

As "resistências à corrosão" e "resistência à oxidação" são, portanto, características de grande


importância, em vista da influência que o meio circunvizinho (gasoso, liquido ou mesmo sólido) e que
a temperatura exercem sobre o metal, provocando diversos tipos de ataque corrosivo e oxidante,
muitos dos quais são de caráter irregular e de determinação relativamente difícil.

De fato, a reação dos meios corrosivos sobre os materiais pode ser afetada por muitas variáveis,
como a verdadeira natureza química e concentração do meio corrosivo, o grau de exposição (total ou
parcial e constante ou cíclico), tempo de exposição, temperatura etc.

Normalmente, a corrosão é medida em mm ou cm de superfície que se perde.


Pode-se medir igualmente em gramas de peso perdido anualmente.

O comportamento dos metais a elevadas temperaturas exige igualmente uma avaliação cuidadosa,
em face das condições extremamente criticas em relação à temperatura a que muitos metais estão
sujeitos, influindo na sua capacidade de resistir às cargas a que estão submetidos.

A necessidade de utilizar metais em condições de ambiente agressivo e em temperaturas acima


da ambiente levou ao desenvolvimento de ligas especiais, resistentes à corrosão e ao calor, além do
emprego de tratamentos superficiais que permitem aumentar sua resistência à corrosão e à oxidação.

No mundo da mecânica automobilística, o estudo das propriedades químicas vem assumindo


grande importância, principalmente frente aos diversos combustíveis empregados, bem como para
seu uso simultâneo.

Para o mecânico, as propriedades de maior interesse e aplicação são as propriedades mecânicas.


Por este motivo, veremos a seguir uma série de conceitos que serão muito discutidos durante todo o
curso e de maior aplicação no seu dia-a-dia.

32 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

É possível expressar matematicamente o comportamento dos materiais (para efeito quantitativo


e principalmente comparativo) e utilizar os dados obtidos na determinação ou escolha deles. Veja as
propriedades que podemos determinar.

Propriedades mecânicas

As propriedades de um material associadas com a capacidade que ele tem de resistir à força
mecânica são denominadas propriedades mecânicas. Como você já viu, a resistência, a deformação
elástica, a deformação plástica, a fragilidade, a ductilidade, a tenacidade, a dureza, a fluência e a
fadiga são exemplos de propriedades.

Para entender melhor essas propriedades, é necessário conhecer a definição de tensão (σ),
deformação (ε) e módulo de elasticidade (Ε).

σ)
Tensão (σ

É a quantidade de energia absorvida pelo material durante o processo de deformação.


Normalmente ocorre devido à ação de uma força que pode estar atuando ao longo de uma distância,
seja comprimindo ou tracionando o material. Sua unidade padrão é o Pascal (N/m²), calculada pela
seguinte fórmula:

σ = F / A, onde:
F
F = força (sua unidade é o Newton: N). σ = N/m2
A resistência

A = área (sua unidade é o m²).

A carga que determinada peça suporta depende do material de que é constituída, bem como da
área resistente. Na Figura 10, o componente a deve suportar uma carga maior que o componente b,
considerando que ambos são constituídos do mesmo material.

Apresentamos algumas correlações entre as unidades de tensão:

(MPa – megapascoal; GPA – gigapascoal)

Obs.: MPa = N/mm2

Kgf / cm2 = N/m2 = Pa

SENAI-RJ 33
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Fig. 10 – A tensão é calculada levando em consideração a área resistente.


Neste caso, o componente a tem maior tensão

Deformação relativa (εε)

É um valor que expressa a quantidade de deformação ocorrida num material devido à ação de
forças, dividido pelo comprimento do mesmo. Não possui uma unidade específica (é adimensional), e
pode ser reversível, desde que não ultrapasse o regime elástico do material.

ε = ( L) / L, onde:
Lf - Lo L
L = comprimento final - comprimento inicial.
ε= = (mm/mm)
Lo L
Lo = comprimento inicial.

Lf = comprimento final.

Ε)
Módulo de elasticidade (Ε

Refere-se ao comportamento elástico do material. A deformação relativa inicial é reversível (se


removermos a força aplicada a um material, ele comporta-se como uma mola, voltando ao seu tamanho
original). A este fenômeno linear chamamos de deformação elástica, ou módulo de Young. Sua unidade
padrão também é o Pascal (N/m²), e sua expressão matemática é:

Ε = σ / ε, onde: σ
Ε = = N/m2
σ = tensão. ε

ε = deformação relativa.

34 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Quando um material recebe tensão acima do que pode suportar, ocorre um deslocamento
irreversível na sua estrutura atômica. Segundo o módulo de Young, ele deveria voltar ao seu tamanho
original. Porém, em alguns casos não é desejável que o material retorne ao seu tamanho original.
Durante a laminação de uma chapa, por exemplo, é necessário que ocorra uma deformação permanente,
e que tal deformação seja a mesma em todas as chapas fabricadas. Já em produtos acabados, o
material tem que se manter dentro de certos limites elásticos, senão durante o primeiro esforço a que
estiver sujeito poderá vir a romper-se.

Limite de escoamento (LE)

É a quantidade de tensão necessária para fazer com que um material passe do regime elástico
para o regime plástico, ou seja, que perca o comportamento segundo o módulo de Young, e permaneça
deformado. Sua unidade padrão é o Pascal, e sua fórmula matemática é:

F ponto escoamento N/m2


LE = (carga que inicia a deformação plástica) / Ao, onde:
LE =
Ao
Ao = área inicial (sua unidade é o m²).

Limite de ruptura (LRU)

É a quantidade de tensão necessária para fazer com que um material se rompa. Também pode
ser definida como a capacidade que um material possui para suportar o aparecimento da deformação
plástica.

Limite de resistência (LRE)

É a tensão máxima admitida por um material devido a uma quantidade de ciclos e esforços que
ele sofreu. Sua unidade padrão é o Pascal. O limite de resistência pode ser expresso assim:

LRE = (força máxima suportada) / Ao, onde: F máximo


LRE = N/m2
Ao = área inicial (sua unidade é o m²). Ao

Redução de área ou estricção (R)

É um valor percentual que expressa a quantidade linear que foi subtraída do diâmetro ou seção
do material após o efeito de uma carga observada na seção fraturada ou de rompimento. Materiais
dúcteis apresentam alta estricção (alta redução de área). Materiais não dúcteis possuem estricção
próxima de zero. Sua fórmula é:

SENAI-RJ 35
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

R = (Ao - Af) / Ao, onde:


Ao - A
Ao = área inicial. R = %
Ao
Af = área final.

Tenacidade

É o valor da quantidade de energia absorvida pelo material (energias plásticas mais energias
elásticas) que foram somadas durante o tempo em que o material esteve tencionado ou tracionado.
Na indústria, o termo tenacidade também é comumente empregado como sendo a resistência de um
material ao choque ou ao impacto.

A tenacidade de um material reflete sua capacidade de absorver energia de impacto. Entende-


se como impacto um carregamento de curta duração (duração instantânea).

Uma boa indicação de performance no impacto pode ser obtido no gráfico tensão X deformação
do material. A área abaixo da curva tem unidade de tensão X deformação (que é o mesmo que a
energia por unidade de volume). Conseqüentemente, a área sob a curva está relacionada com a
energia absorvida até a ruptura. Materiais cerâmicos exibem curvas como a curva A (Figura 11) mas
são frágeis.

Metais e madeiras apresentam curva similar à curva B, tendo muito melhor resistência ao impacto;
eles são denominados dúcteis. Vale ressaltar que alta tenacidade não implica necessariamente alta
resistência.
Tensão

Deformação

Fig. 11 – Curvas tensão x deformação de um material frágil (A)


e de um material dúctil (B)

Resiliência

Esta propriedade é similar à tenacidade e está relacionada à absorção de energia. Entretanto,


neste caso, a energia deve ser absorvida elasticamente. Materiais resilientes podem ter um longo

36 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

trecho elástico - borracha é um bom exemplo. Aços resiliência

de alta resistência são resilientes, apesar de tenacidade

Tensão
poderem apresentar ruptura frágil se
supertensionados.

A Figura 12 faz representação esquemática


das propriedades de resiliência e tenacidade.

A figura indica, pelas áreas hachuradas


diferentemente, a quantidade de trabalho por
unidade de volume que pode ser realizada num Deformação

material sem causar deformação permanente


Fig. 12 – Representação esquemática das
(resiliência) ou sem causar a ruptura (tenacidade). propriedades de resiliência e tenacidade
pelo gráfico tensão x deformação

Na Figura 13, você realiza um comparativo


de tenacidade e resiliência de dois tipos de aço: baixo carbono (tipo estrutural) e de alto carbono
(molas, por exemplo).

aço de alto C
Tensão

aço de baixo C

Deformação

Fig. 13 – Representação esquemática de valores comparativos de resiliência e tenacidade


de dois tipos de aço.

O aço de alto carbono apresenta limites de escoamento e de resistência à tração mais elevados;
o de baixo carbono é mais dúctil. A área tensão X deformação é maior para este ultimo aço, de modo
que ele é mais tenaz.

De outro lado, o aço de alto carbono possui limite de escoamento mais elevado que o de baixo
carbono; assim, a área sob a curva tensão X deformação, na fase elástica, é maior; em conseqüência,
ele é mais resiliente que o aço de baixo carbono.

SENAI-RJ 37
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Propriedades térmicas

Para analisar com mais apuro as propriedades térmicas dos materiais, é preciso estabelecer a
diferença entre calor e temperatura.

Calor e temperatura

Temperatura é um nível de atividade térmica, enquanto calor é a energia térmica. Em engenharia,


são duas as escalas mais comumente utilizadas para medir a temperatura: escala Fahrenheit e a
Celsius (centígrada). Os cálculos são mais fáceis com a escala Celsius, e um número crescente de
processos industriais está passando a utilizá-la. Uma conversão direta de uma escala para outra pode
ser feita através das seguintes relações:

o
F = 1,8 (oC) + 32
5
o
C= [(oF) - 32]
9
Para qualquer componente químico de um material, o ponto de fusão e o ponto de ebulição são
temperaturas importantes, pois correspondem à transição entre diferentes arranjos estruturais dos
átomos no material.

Calor é expresso em Btu, na escala inglesa, e em calorias, no sistema métrico.


Um Btu é a energia necessária para aumentar em 1oF a temperatura de
uma libra de água na temperatura de maior densidade da água (39oF).
As unidades para capacidade térmica são Btu/lb.oF, no sistema inglês, e
cal/goC, no sistema métrico.
O calor especifico é definido como o quociente entre a capacidade térmica
do material e a da água.

Vários calores de transformação são importantes no estudo dos materiais. Os mais conhecidos
são o calor latente de fusão e o calor latente de vaporização, que são os calores requeridos,
respectivamente, para a fusão e vaporização. Cada um desses processos envolve uma mudança
interna no material, que passa de um arranjo atômico para outro. Há varias outras mudanças estruturais
possíveis para os sólidos; estas mudanças também requerem alteração no conteúdo do material.

Conheça algumas propriedades intrínsecas dos materiais, além das que já vimos até aqui.

38 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

• Coeficiente de dilatação linear – o coeficiente de dilatação linear de um sólido corresponde


à variação sofrida pela unidade de comprimento quando sua temperatura varia uma unidade.
São unidades de coeficiente de dilatação linear o oC-1 e K-1.

Kelvin é uma unidade de temperatura termodinâmica, assim como Celsius.


É a subdivisão da escala termodinâmica das temperaturas absolutas na
qual a temperatura do ponto tríplice da água tem o valor exato a 273,16ºK.
Símbolo: ºK ou ºabs.

• Coeficiente de dilatação cúbica – o coeficiente de dilatação cúbica (ou volumétrica) de um


material corresponde à variação sofrida pela unidade de volume quando sua temperatura varia
uma unidade. O coeficiente de dilatação cúbica de um material isotrópico é o triplo do seu
coeficiente de dilatação linear. oC-1 e K-1 são unidades deste coeficiente.

• Massa específica (densidade) – a densidade ou massa específica de um material corresponde


à massa desse material em cada unidade de volume. A unidade SI é o kg/m3. Outras unidades
muito usadas são g/cm3 e t/m3. Quando se diz que a densidade do alumínio é 2,7 g/cm3, se quer
dizer que em cada 1cm3 de alumínio há uma massa de 2,7 g.

• Calor específico (ou a capacidade térmica específica) – o calor específico de um material


corresponde à quantidade de calor que se deve fornecer (ou retirar) à (da) unidade de massa do
material para que sua temperatura aumente (ou diminua) em um Kelvin. A unidade SI é o kJ/kg.
Uma unidade de calor específico ainda muito usada é a cal/goC (caloria por grama, em graus
Celsius). Por exemplo, dizer que o calor específico da água é 1 cal/goC significa dizer que 1 g
de água sofrerá variação de temperatura de 1oC se lhe for fornecida (ou retirada) uma quanti-
dade de calor de 1 cal.
cal kJ
1 ____ = 4,19 ____
goC kg

• Condutividade térmica – corresponde à quantidade de calor que flui, por unidade de tempo,
desde uma superfície até outra a ela paralela e dela distante uma unidade de comprimento,
quando entre estas superfícies se estabelece uma diferença de temperatura de uma unidade. A
unidade SI é o W/mK. Outra unidade de medida da condutividade térmica é o cal/(s . cm . oC).
cal W
1 ________ = 4,19 ____
s . cm . oC m.K

SENAI-RJ 39
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

Substâncias de elevada condutividade térmica são excelentes condutores


de calor e também de eletricidade.

• Ponto de fusão – o ponto de fusão ou temperatura de fusão de um material corresponde à


temperatura em que este material derrete (funde) nas condições normais de pressão. Por exemplo,
a temperatura de fusão do chumbo é de 327oC.

• Ponto de ebulição – o ponto (normal) de ebulição ou temperatura (normal) de ebulição de um


líquido puro corresponde à temperatura em que o líquido passa a vapor com pressão de vapor
igual à pressão atmosférica normal (1 atm). O ponto de ebulição da água nas condições nor-
mais de pressão é de 100oC.

• Calor de fusão específico – o calor de fusão específico de um material sólido corresponde à


quantidade de calor que se deve fornecer à unidade de massa desse material para passá-la
integralmente ao estado líquido, na temperatura de fusão. A unidade SI é o J/kg. Usa-se ainda
cal/g. O calor de fusão especifico do gelo é de 334kJ/kg. Significa que a massa de 1 kg de gelo,
na temperatura normal de fusão (0oC), necessita receber 334 kJ de calor para transformar-se
em água à mesma temperatura.

• Calor de vaporização específico – o calor de vaporização específico de um material líquido


corresponde à quantidade de calor que se deve fornecer à unidade de massa desse material para
transformá-la em vapor, na temperatura de ebulição. A unidade SI é o J/kg. Usa-se ainda cal/g.

Tabelas
Em função da variedade de materiais e de suas propriedades, muitas vezes é necessária a
consulta a tabelas especificas. Para isso, seguem as mais usuais.

40 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

TABELA 1 - Propriedades físicas dos materiais puros

Material Símbolo Módulo de Capacidade Calor Condutiv. Resistividade Ponto


(elemento) elasticidade E térmica defusão térmica (resistência de ebulição
GPa espec. ou calor kJ/kg W/mk elétrica ºC
específico específica)
(20 a 100)ºC 10-6mÙ
kJ/kgK

Alumínio Al 72 0,896 397 231,0 0,027 ≈2 5 0 0

Antimônio Sb 80 0,210 165 231,0 0,386 1635

Chumbo Pb 20 0,128 24 35,3 0,210 1750

Cádmio Cd 51 0,233 57 96,2 0,072 767

Cálcio Ca 23 0,680 329 0,040 1492

Cromo Cr 0,440 294 0,150 ≈ 2500

Ferro Fe ≈ 210 0,470 269 72,3 0,100 3070

Ouro Au 79 0,130 67 310,0 0,021 2950

Irídio Ir 538 0,134 58,5 0,493 4527

Cobalto Co 215 0,427 273 68,6 0,056 3185

Cobre Cu 125 0,385 212 395,0 0,017 2595

Magnésio Mg 29 0,102 208 143,0 0,043 1105

Manganês Mn 0,486 271 50,0 0,390 2041

Molibdênio Mo 326 0,247 288 142,0 0,050 5550

Sódio Na 1,165 115 138,0 0,043 881

Níquel Ni 193 302 92,2 0,069 2730

Ósmio Os 570 0,131 147 4400

Platina Pt 0,135 101 71,2 0,095 ≈ 3800

Mercúrio Hg 0,139 12 8,1 0,098 357

Selênio Se 0,377 83 0,941 69

Prata Ag 82 0,234 106 410,0 0,015 2177

Silício Si 115 0,710 1665 1000,000 2600

Tântalo Ta 188 0,138 54,5 0,140 4100

Titânio Ti 0,616 0,420 3260

Urânio U 0,106 29,9 0,210 ≈ 3500

Vanádio V 0,487 3000

Bismuto Bi 33 0,125 53 8,3 1,110 1560

Tungstênio W 415 0,135 191 162,0 0,050 ≈ 6000

Zinco Zn 130 0,388 96 113,0 0,057 909

Estanho Sn 55 0,227 58 66,0 0,115 2507

SENAI-RJ 41
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

TABELA 2 - Propriedades físicas de materiais

Material Densidade Módulo Calor Coeficiente Condutiv. Resistividade


Pg/cm3 de específico dedilatação térmica (resistência
elasticidade (capacidade linear Ë elétrica
E GPa térmica (20 – 100ºC) (20ºC) específica)
específica) 10-6 K- W/mK 10-6 mÙ
(20ºC)
KJ/Kg . K

Aço (<0,3%C) 7,85 206 0,47 12,2 54 0,11

Aço (0,4 -0,7%C) 7,85 206 0,48 11,5 50 0,12

Aço (0,7-1,2%C) 7,84 206 0,49 11,0 46 0,12

X 40 Cr 13 7,70 220 0,46 10,5 30 0,55

X 12 Cr NiS 18 8 7,90 200 0,50 16,0 15 0,73

40 CrMn 5 4 7,85 206 0,46 11,3 38 0,15

100 Cr Si 12 8 7,70 206 0,50 12,5 19 0,65

X 100 Mn 14 7,95 206 14,0 13 0,83

X 100 Ni 36 8,13 148 0,50 1,5 13 0,75

(invar)

GG-15 7,20 118 0,34 11,0 58 0,80

GG-30 7,30 128 0,46 10,01 54 1,40

GGG-50 7,50 172 0,46 1,01 29 0,60

GTS-55 7,40 172 0,46 1,0 67 0,30

Latão (85% Cu) 8,73 122 0,39 17,7 155 0,05

Latão (60% Cu) 8,40 108 0,39 18,5 113 0,07

CuZn 40 Al 2 8,30 102 0,40 18,5 54 0,12

G-CuSn 10 8,80 113 17,0 71 0,11

Konstantan 8,90 165 13,5 23 0,49

(CuNi 44)

Monel 8,90 180 0,42 14,2 25 0,48

(67% Ni, 31% Cu)

AlCuMg 2 2,80 70 0,92 22,8 160 0,05

AlMgSi 1 2,70 70 0,92 23,1 175 0,04

AlMg 5 2,60 68 0,92 23,5 117 0,06

G-AlSi 12 2,65 75 0,88 20,5 160 0,05

MgMn 2 1,80 44 1,05 24,0 142 0,06

MgAl 8 Zn 1,80 43 1,05 24,0 75 0,14

G-MgAl 9 Zn 1 ho 1,80 43 1,05 24,5 71 0,15

42 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Classificação e características dos materiais

TABELA 3 - Densidade, coeficiente de dilatação térmica linear e ponto


de fusão de alguns elementos

Símbolo Elemento Densidade Coef.de dil. Ponto


básico 0g/m3 térmica defusão
linear ou
ponto
∝ 10-6m/m K de solidif.
o
C

Ag Prata 10,50 20 961


Al Alumínio 2,70 24 660
Au Ouro 19,30 14 1063
Ba Bário 3,60 19 726
Be Berílio 1,85 12 1283
Bi Bismuto 9,75 12 271
C Carbono
Grafita 2,25 8 3550
Diamante 3,52 1 3600
Ca Cálcio 1,55 22 850
Cd Cadmo 8,64 31 321
Ce Cério 6,80 804
Co Cobalto 8,90 14 1492
Cr Cromo 7,20 8,5 1900
Cu Cobre 8,90 17 1083
Fe Ferro 7,86 12 1535
Ir Irídio 22,6 6,6 2454
K Potássio 0,86 84 63
La Lantânio 6,18 826
Li Lítio 0,53 58 180
Mg Magnésio 1,74 26 650
Mn Manganês 7,50 23 1244
Mo Molibdênio 10,21 5 2610
Na Sódio 0,97 71 98
Nb Nióbio 8,40 7 2470
Ni Níquel 8,90 13 1453
P Fósforo 1,82 124 44
Pb Chumbo 11,35 29 327
Pt Platina 21,45 9 1769
Ra Rádio 6,00 700
S Enxofre 2,06 64 113
Sb Antimônio 6,69 11 630
Se Selênio 4,30 37 220
Si Silício 2,40 7 1420
Sn Estanho 7,30 23 232
Ta Tântalo 16,60 7 2990
Th Tório 11,70 11 1820
Ti Titânio 4,520 9 1668
U Urânio 18,70 1890
V Vanádio 5,96 1730
W Tungstênio 19,27 4 3380
Zn Zinco 7,13 30 420
Zr Zircônio 6,50 14 1852
Hg Mercúrio 13,50 181 -39
Cl 2 Cloro -101
H2 Hidrogênio -259
He Hélio -272
N2 Nitrogênio -210
Ne Neônio -249
O2 Oxigênio -219

SENAI-RJ 43
Ferro e Aço

Nesta unidade ...

Processos de obtenção

Características do ferro gusa, cinza e branco

Influência dos elementos de liga

Normalização

Tabelas e equivalências

2
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Processos de obtenção

Os materiais mais usados na indústria mecânica são o ferro fundido e o aço, devido à qualidade
das propriedades existentes neles. Para sua produção necessitamos do ferro gusa ou ferro fundido de
1ª fusão, que se constitui num material duro e frágil, não forjável e que não se pode soldar. É obtido
no alto-forno por meio de minério de ferro com adição de coque e calcário (Figura 1).

Fig. 1 – O ferro é essencial à indústria; o ferro fundido é obtido no alto-forno

Processo de obtenção: do alto-forno à peça


acabada
Alto-forno é um forno vertical destinado à redução (retirada de oxigênio) do minério de ferro e
sua transformação em gusa. O processo ocorre da seguinte maneira (Figura 2):

SENAI-RJ 47
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Etapa 1: o carregamento deposita na parte superior do forno uma carga constituída de minério
de ferro a reduzir, de coque ou de carvão vegetal (para fornecer calor e CO necessários à redução)
e de um fundente (calcário), para fluidificar as impurezas e formar uma escória mais facilmente
fusível. O carvão vegetal não possui enxofre, e é considerado combustível de alta qualidade, porém
seu uso acarreta grandes prejuízos ao meio ambiente. O carvão mineral (coque ou ulha), pode ser
extraído de jazidas e possui teor aproximado de 17% de enxofre. As matérias-primas sólidas são
trazidas à parte superior do alto-forno por meio de carrinhos de um elevador ou transportador de
correia. Na parte superior a carga é feita através de uma antecâmara, que reduz ao mínimo a perda
de gases durante a carga.

Etapa 2: esta carga fica disposta em camadas sucessivas, formando uma espécie de sanduíche.
Na parte inferior do forno, logo acima do cadinho, é injetado ar quente, por meio de ventaneiras, para
alimentar a combustão do carvão e melhorar o rendimento do forno. Nesta etapa, os óxidos de ferro
sofrem um processo conhecido como redução (perda de oxigênio) e carbonetação (incorporação de
carbono ao ferro líquido). Tais reações químicas ocorrem devido a um princípio conhecido como
contra-corrente. Enquanto o gás redutor resultante da combustão sobe, a carga líquida vai descendo,
formando zonas distintas dentro do forno. Na primeira zona ocorre o pré-aquecimento da carga, na
segunda ocorre a fusão dos materiais e na terceira ocorre a combustão que alimenta as duas primeiras.
A redução acontece à medida que o minério, o carvão e os fundentes descem na contra-corrente.
Dessas reações resultam os seguintes produtos: o gusa, que goteja dentro do cadinho, indo para o
fundo do forno, e a escória, que flutua sobre o gusa e os gases. Os dois primeiros são retirados por
meio de orifícios adequados; os gases, que são ricos em CO, saem pela parte superior e são recolhidos
para sua utilização como combustível.

Etapa 3: logo depois que saem do alto forno e antes de serem destinados a qualquer fim, os
gases passam por uma instalação purificadora que retira sua poeira. A enorme quantidade de ar a ser
aquecido e insuflado e o volume de gases combustíveis que saem do alto-forno precisam de grandes
instalações para seu processamento. O ar insuflado é aquecido em recuperadores cilíndricos verticais,
cujo interior é constituído por câmaras de combustão e por câmaras de recuperação, formadas por
empilhamento de tijolos refratários. Uma parte dos gases do alto-forno é queimada nestes
recuperadores, para aquecê-los. Quando um deles está quente, insufla-se em sentido contrário o ar
destinado às ventaneiras, aumentando a temperatura. Nesse ciclo, procede-se ao aquecimento de um
segundo recuperador, e assim alternadamente; ambos dão prosseguimento ao processo. Outra parte
dos gases do alto forno é utilizada para fornecer energia que pode acionar máquinas de sopro, fornos
de aço e outros equipamentos. O excedente, caso exista, pode ser recolhido em gasômetros.

48 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Etapa 4: consiste no transporte do gusa, que pode ser feito por meio de caminhões dotados de
caçambas especiais ou por meio de vagões tipo torpedo (homogeneizadores), destinados aos fornos
de refino. Existe também o misturador, que é uma estrutura intermediária cuja função é estocar e
carregar o gusa sem permitir que esfrie, mantendo-o em constante movimento.

Alto forno Gases


Minério
Coque + CO
Carga Calcário

Purificador

Ventaneiras
Compressor Recuperador A Alto-forno Recuperador B Chaminé

Gás de alto-orno

Escória Gusa sólido Gusa líquido

Fig. 2 - Etapas de 1 a 4 da transformação em ferro gusa

Etapa 5: uma vez dentro das aciarias, o metal necessita receber um processo de refinamento,
que irá transformá-lo de ferro em aço. O equipamento responsável por esse processo chama-se
conversor. Os tipos de conversor mais utilizados são:

• Thomas-Bessemer ou conversor básico


Aços comuns de qualidade inferior aplicados nas construções mecânicas, normalmente barras,
chapas e perfilados em geral com teor de carbono que varia de 0,05 a 0,5%.

• Conversor a Oxigênio puro (LD)


Nestes conversores são fabricados 50% da produção mundial de aço, sendo também ampla-
mente utilizado no Brasil.

Obtêm aços de melhor qualidade como também com viabilidade econômica; os lingotes são
transformados em produto semi-acabados por mesa de fresagem, forjamento e laminação:
aços para cementação e para confecção de ferramentas de baixa liga.

• Conversor Siemens-Martin
Possui vantagem de fundir a sucata, seus produtos são aços carbonos ligados, aços de baixa
liga, ferramentas que não exigem alta qualidade e aços para cementação.

SENAI-RJ 49
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

• Forno elétrico
Produz aço com alto grau de pureza, podendo-se dar qualidades especiais, por adição de cro-
mo, molibdênio, níquel, vanádio etc., conseguindo assim aços para ferramentas e aços especi-
ais (aços ligas).

Nesta etapa o ferro gusa líquido é misturado a ligas metálicas específicas, recebendo injeção de
oxigênio, que funciona como catalisador na elaboração do aço. Quando necessário, o aço passa por
uma etapa chamada refino secundário, normalmente realizada no forno panela, com o objetivo de
ajustar sua composição química e temperatura (é aqui que são adicionados os ferros-liga).

Etapa 6: o aço refinado é transportado ao lingotamento contínuo, onde é vazado em um distribuidor


que o leva a diversos canais (veios). Em cada veio, o aço líquido passa por moldes de resfriamento
para solidificar-se na forma de tarugos, que serão cortados em tamanhos convenientes para serem
laminados depois. Os tarugos ficam armazenados em pátios e recebem identificação segundo sua
procedência e composição química.

Etapa 7: consiste na preparação para laminação. Os tarugos serão aquecidos novamente, através
de um forno de reaquecimento, que eleva sua temperatura numa faixa entre 1.000 e 1.200º C. O
reaquecimento é necessário para permitir que o processo de laminação ocorra. Ao alcançarem a
temperatura desejada dentro do forno, os tarugos vão sendo expulsos, um a um, através de um
empurrador, e começam a percorrer um caminho composto pelas seguintes gaiolas (conjuntos de
cilindros deformadores):

a) Gaiola de desbaste: proporciona as primeiras deformações no tarugo, preparando-o para iniciar


os passos nos cilindros intermediários.

b) Gaiola intermediária: executa conformação a nível médio dos tarugos, preparando-os para a
etapa final do processo.

c) Gaiola do acabador: tem a função de atingir a forma final do produto e suas respectivas tolerân-
cias dimensionais.

Etapa 8: o produto final pode ser apresentado na forma de chapas, barras ou rolos de arame.
Quando na forma de barras, sai da gaiola do acabador e é conduzido diretamente para um leito de
resfriamento, para ser cortado em tamanho comercial e ser devidamente amarrado. Quando na forma
de rolos, o bloco recebe o tarugo laminado das gaiolas do intermediário, produzindo os conhecidos
fios-máquina (aços que se apresentam na forma de bobinas, que serão usados na fabricação de
arames). As bobinas de fio-máquina devem ser decapadas, isto é, sua camada superficial oxidada é
removida. Elas passam por um processo conhecido como trefilação, que consiste na transformação
mecânica feita a frio do material, reduzindo seu diâmetro conforme a especificação do cliente. Para

50 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

aumentar a ductilidade (deformidade) dos fios trefilados, é preciso aquecê-los novamente (este processo
recebe o nome de recozimento e é feito com controle de temperatura). Desta forma, as bobinas estão
prontas para servirem de matéria-prima à indústria.

Características do ferro gusa,


cinza e branco
O ferro gusa é uma liga ferro-carbono contendo 2,5 a 5% de carbono e as impurezas normais
enxofre (S), fósforo (P), manganês (Mn) e silício (Si) em pequenas porcentagens. Possui peso
específico de 7,0 a 7,5 kg/dm³ e ponto de fusão em 1.300ºC. A sua transformação em aço, que é uma
liga dos mais baixos teores de C, Si, Mn, P e S, corresponde a um processo de oxidação, por intermédio
do qual a porcentagem daqueles elementos é reduzida até os valores desejados.

Logo, o ferro gusa em seu estado líquido ou sólido é matéria-prima para a obtenção do ferro
fundido e do aço, pois, em função das suas propriedades, não é aplicado diretamente em estruturas
mecânicas.

Ferro fundido
O ferro fundido é um material metálico refinado em forno próprio, chamado Forno Cubilot.

Compõe-se, na sua maior parte, de ferro, pequena quantidade de carbono e de manganês, silício,
enxofre e fósforo.

Define-se o ferro fundido como sendo uma liga ferro-carbono que contém carbono em sua
estrutura de 2,5 a 5%.

O ferro fundido é obtido na fusão da gusa. É, portanto, um ferro de segunda fusão.

As impurezas do minério de ferro e do carvão deixam no ferro fundido pequenas porcentagens


de silício, manganês, enxofre e fósforo.

O silício favorece a formação de ferro fundido cinzento, e o manganês favorece a formação de


ferro fundido branco.

SENAI-RJ 51
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Tanto o silício como o manganês melhoram as qualidade do ferro fundido. O mesmo não acontece
com o enxofre e o fósforo, cujas porcentagens devem ser as menores possíveis para não prejudicar
sua qualidade.

Características do ferro fundido

Ferro fundido cinzento

• O carbono, neste tipo, apresenta-se quase todo em estado livre, sob a forma de palhetas pretas
e grafita.

• Quando quebrado, a parte fraturada é escura, devido à grafita.


• Apresenta elevadas porcentagens de carbono (3,5 a 5 %) e de silício (2,5 %).
• É muito resistente à compressão. Não resiste bem à tração.
• Fácil de ser trabalhado pelas ferramentas manuais e de ser usinado nas máquinas. Seu peso
específico é de 7,8 kg/dm3.

• Funde-se a 1.200ºC, apresentando-se muito líquido, que é a melhor condição para a boa moldagem
de peças.

Pelas suas características, o ferro fundido cinzento presta-se aos mais variados tipos de construção
de peças e de máquinas, sendo assim o mais importante do ponto de vista da fabricação mecânica.

Para melhorar a resistência à tração é necessário adicionar alguns elementos especiais, como
níquel, cromo, molibdênio, vanádio e titânio. Esses ferros fundidos especiais têm resistência à tração
superior a 50 kg/mm2 e são empregados para a fabricação de anéis elásticos, cilindros laminadores,
eixo de distribuidores. São resistentes à corrosão e às altas temperaturas.

Ferro fundido cinzento comum

Apresenta características variáveis em função da composição, sistema de fabricação e tratamentos


térmicos.

Estas características podem ser melhoradas mediante tratamentos térmicos. Uma das
características que servem para classificar o tipo de ferro fundido é a carga de ruptura, conforme a
tabela norte-americana ASTM-A 48, onde constam 7 tipos de ferro fundido que apresentam cargas
de rupturas variáveis entre 14 e 43 kg/mm2.

52 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Os ferros fundidos com baixa carga de ruptura são mais econômicos, enquanto aqueles de alta
carga de ruptura oferecem dificuldades de fundição nas pequenas espessuras.

Ferro fundido maleável

Geralmente o ferro fundido não é maleável, porém pode-se mudar as características com
tratamentos oportunos.

Na Europa se obtém um ferro fundido maleável de interior branco. O tratamento usado para
este tipo é a cementação oxidante.

O ferro fundido maleável branco é soldável e é empregado na fundição de peças de pequenas


espessuras.

Com o tratamento chamado de grafitização do carbono, obtém-se o ferro fundido maleável de


interior preto "americano".

Dado seu elevado nível de usinabilidade, é usado para a construção de armas, chaves para
fechaduras, porcas, peças de máquinas agrícolas e ferroviárias, dentre outras.

O ferro fundido maleável não é soldável.

Ferro fundido esferoidal

A presença da grafita, em forma de lâmina no ferro fundido comum, causa fragilidade e pouca
resistência mecânica. Com oportuno tratamento, a grafita toma forma esferoidal, apresentando menor
superfície em volume igual. O material torna-se mais resistente, dúctil e tenaz. A formação de esferas
de grafita é provocada pela introdução de ligas de magnésio. Os ferros fundidos esferoidais apresentam
ótimas características mecânicas e a carga de ruptura varia em torno de 60 a 70 kg/mm2.

Após o tratamento de recozimento, ficam semelhantes aos ferros fundidos maleáveis; são
temperáveis, soldáveis, tenazes e resistem às altas temperaturas. Estes ferros fundidos são empregados
para fundições complexas e substituem em muitos casos o ferro fundido maleável e o ferro fundido
cinzento.

SENAI-RJ 53
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Ferro fundido branco

O carbono, neste tipo, é inteiramente combinado com o ferro, constituindo um carboneto de


ferro (cementita).

Quando quebrado, a parte fraturada é brilhante e quase branca, tem baixo teor de carbono,
variando entre 2,5 a 3%, e de silício menor que 1%.

Muito duro, quebradiço e difícil de ser usinado. Seu peso específico é de 7,1 g/dm3.

Funde-se a 1.160ºC, mas é bom para a moldagem, porque permanece pouco tempo em estado
líquido.

A partir das características apresentadas, é possível tirar algumas


conclusões sobre o ferro fundido. O ferro fundido cinzento é menos duro e
menos frágil do que o branco e pode ser trabalhado com ferramentas comuns
de oficina, isto é, sofre acabamentos posteriores como aplainamento,
torneamento, perfuração, rosqueamento etc.
O ferro fundido branco somente pode ser trabalhado com ferramentas
especiais e, assim mesmo, com dificuldade, ou então com esmeril.
O ferro fundido cinzento apresenta, ainda, apreciável resistência à corrosão.
Possui também mais capacidade de amortecer vibrações do que o aço.
O emprego do ferro fundido branco se limita aos casos em que se busca
dureza e resistência ao desgaste muito alto, sem que a peça necessite ser ao
mesmo tempo dúctil.
Por isso, dos dois tipos de ferro fundido, o cinzento é o mais empregado.

Influência dos elementos de liga


O ferreiro exige materiais com excelente propriedades para forjar e soldar.

O mecânico necessita de um aço fácil de se usinar.

O ferramenteiro precisa de um aço que receba boa têmpera e que tenha grande resistência de
corte.

Para a construção de motores é preciso dispor de um aço que resista aos maiores esforços a
temperaturas elevadas e ao desgaste.

O fundidor exige um ferro fundido que se deixe moldar facilmente.

Todas essas propriedades podem ser conseguidas escolhendo devidamente os produtos que
entram na composição do material – como o carbono, o manganês, o silício, o enxofre, o fósforo – e
por meio de diversos processos de trabalhos a frio, a quente ou de tratamentos (têmpera).

54 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

O carbono é um elemento que exerce grande influência sobre as


propriedades do aço, do ferro fundido e de suas funções.
A facilidade de trabalho com esses materiais depende em grande parte do
carbono incorporado. O aço tem um teor de 0,05 a 2,06% de carbono, o
ferro fundido contém de 2,07 a 5% de carbono. O aço com teor de carbono
inferior a 0,35% não se presta para têmpera.
O teor mais elevado de carbono aumenta a resistência à tração e a dureza
do aço, porém, diminui a ductilidade.
O ferro fundido funde-se mais facilmente do que o aço, pois o ponto de
fusão abaixa conforme aumenta o teor de carbono.

Aços
Os aços podem ser divididos em duas grandes categorias, a saber:

• Aços ao carbono
• Aços especiais

Aço ao carbono

Os aços ao carbono são ligas Fe-C que têm como elementos fundamentais o ferro e o carbono,
apresentando pequenas porcentagens de outros elementos, como silício, manganês, fósforo, enxofre,
cobre etc.

Tais elementos não foram introduzidos na liga, mas se encontram nela como resíduos dos processos
de fabricação.

Os aços ao carbono podem ser classificados em razão da quantidade (teor) de carbono que
contêm:

Aços extradoces (< 0,15% C) (SAE ou ABNT 1010 e 1015)

Apresentam elevada resiliência, mas pouca dureza e resistência mecânica.

Contêm de 0,10 a 0,15% de carbono.

São empregados para a construção de pinos, tubos, rebites.

SENAI-RJ 55
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Aços doces (0,15 - 0,30% C) (SAE ou ABNT 1020)

Apresentam média resistência mecânica (de 40 a 55 kg/mm2) e resiliência suficiente. Contêm


de 0,15 a 0,20% de carbono.

São utilizados para a fabricação de engrenagens a serem cementadas e órgãos de máquinas


mediamente solicitados.

Aços meio-doces (0,30 - 0,40% C) (SAE ou ABNT 1030 a 1040)

Aços semiduros (0,40 - 0,60% C) (SAE ou ABNT 1040 a 1060)

A resistência à tração pode chegar a 80 kg/mm2 e a uma dureza Brinell de até 240 kg/mm2.

O teor de carbono vai de 0,40% a 0,60%, sendo usado para a fabricação de peças destinadas ao
tratamento de beneficiamento, tais como engrenagens, eixos e pinos.

Aços duros (0,60 - 0,70% C) (SAE ou ABNT 1060 a 1070)

Apresentam notável resistência mecânica à tração (90kg/mm2) e elevada dureza Brinell (270
kg/mm2), mas pouca resiliência e tenacidade. São empregados para a construção de órgãos de máquinas
destinadas ao beneficiamento, como molas e engrenagens.

Aços extraduros (0,70 - 1,20% C) (SAE ou ABNT 1070 a 1095)

Apresentam resistência mecânica que pode chegar 110 kg/mm2, porém são muito frágeis e
empregados para a construção de cilindros, estampas, matrizes, ferramentas, punções, molas etc.

Os aços com teores superiores a 0,95% de carbono são considerados aços


ao carbono especiais.
Para fins de aplicação industrial e de tratamentos térmicos, os aços ao
carbono, resumidamente, são conhecidos da seguinte forma:
- Aços de baixo teor de carbono.................................. 1010 a 1035
- Aços de médio teor de carbono................................. 1040 a 1065
- Aços de alto teor de carbono.................................... 1070 a 1095

56 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Uso geral de aço-carbono

σr Teor de C Tipo Tempera- Maleabi- Soldabi- Usos


srKg/mm² (%) bilidade lidade lidade

35 a 45 0,05 a 0,15 Extradoce Negativa Grande Fácil Chapas,


fios,
parafusos,
tubos
estirados,
produtos
de
caldeiraria

45 a 55 0,15 a 0,30 Doce Negativa Regular Regular Barras


laminadas
e perfiladas,
peças
comuns de
mecânica

55 a 65 0,30 a 0,40 Meio doce Má Difícil Difícil Peças


especiais de
máquinas
e motores,
ferramentas
para
agricultura

65 a 75 0,40 a 0,60 Meio duro Boa Má Dificílima Peças de


grande
dureza,
ferramentas
de corte,
molas,
trilhos

75 a 100 0,60 a 1,50 Duro a Fácil Péssima Negativa Peças de


extraduro grande
dureza e
resistência,
molas,
cabos,
cutelaria

Aços-liga ou aços especiais

São ligas de ferro mais carbono, além dos outros elementos presentes nos aços ao carbono
(silício, manganês, enxofre, fósforo) sobre as quais adicionamos propositadamente elementos como
níquel (Ni), cromo (Cr), tungstênio (W), Vanádio (V), cobalto (Co), molibdênio (Mo), com a finalidade
de melhorar as propriedades mecânicas e tecnológicas.

SENAI-RJ 57
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Estas propriedades são:

• Resistência mecânica
• Resistência ao calor
• Resistência ao desgaste
• Resistência de corte
• Resistência à corrosão
• Propriedades elétricas e magnéticas
• Resiliência
• Elasticidade
• Temperabilidade

Influência dos elementos nos aços-liga


Alumínio (Al): o alumínio tem efeito semelhante ao do silício. Devido à sua grande afinidade
pelo oxigênio, o alumínio é considerado um importante desoxidante na fabricação do aço.

O alumínio também apresenta grande afinidade pelo nitrogênio e, por esta razão, é um elemento
de liga muito importante para os aços que serão submetidos à nitretação, pois facilita a penetração do
nitrogênio.

Boro (B): quando adicionado aos aços, em quantidade variável de 0,001 a 0,003%, melhora a
temperabilidade, a penetração de têmpera, a endurecibilidade, a resistência à fadiga, as características
de laminação, o forjamento e a usinagem.

Chumbo (Pb): este metal não se liga ao ferro, mas, quando adicionado a ele, espalha-se
uniformemente na sua massa em partículas finíssimas.

Uma adição de 0,2 a 0,25 % melhora consideravelmente a usinabilidade dos aços sem prejudicar
qualquer uma de suas propriedades mecânicas.

Cobalto (Co): o cobalto sozinho não melhora os aços. É sempre utilizado em liga com outros
metais, como o cromo, molibdênio, vanádio e tungstênio.

O cobalto confere aos aços uma granulação finíssima, com grande capacidade de corte e
resistência ao calor, como nos aços rápidos. Influi nas propriedades magnéticas. Os aços com cobalto
são empregados em ferramentas com altas velocidades de corte.

58 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Cobre (Cu): o cobre aumenta o limite de escoamento e a resistência do aço, mas diminui o
alongamento. O principal efeito do cobre é o aumento da resistência à corrosão atmosférica. A
presença de 0,25% no aço é suficiente para dobrar esta resistência em relação aos aços carbono
comuns.

Cromo (Cr): o cromo aumenta a resistência ao desgaste, à dureza e moderadamente à


capacidade de corte. Aumenta ainda a penetração de têmpera. O teor deste elemento é geralmente
inferior a 1,5%.

Enxofre (S): o enxofre é prejudicial ao aço, pois torna-o frágil e quebradiço. Seu teor deve ser
mantido no nível mais baixo possível.

Para fabricação em série de peças pequenas usam-se aços ressulfurados. A adição de enxofre
proporciona aços de fácil usinagem, pois os cavacos se destacam em pequenos pedaços.

Fósforo (P): é uma impureza normal existente nos aços. É prejudicial. Sua única ação benéfica
é a de aumentar a usinabilidade dos aços de "corte fácil".

Manganês (Mn): depois do carbono, é talvez o elemento mais importante no aço. Baixa a
temperatura de têmpera e diminui as deformações produzidas por ela. O manganês dá bons aços de
têmpera em óleo, mas dificulta a usinagem por ferramentas cortantes. Os aços apresentam boa
soldabilidade e fácil forjamento. Os aços com teor de manganês entre 1,5 a 5% são frágeis, mas
duros.

Geralmente os aços-manganês contêm 0,8 a 1,5% de carbono e 11 a 14% de manganês. São


dúcteis, resistentes ao desgaste e aos choques. Os aços-manganês são empregados em ferramentas,
machos, cossinetes, pentes de rosca etc.

Molibdênio (Mo): os aços-molibdênio são apenas pouco tenazes. Por este motivo, o molibdênio
nunca é utilizado sozinho, mas com outros elementos de liga como cromo, tungstênio etc. Proporciona
aços com granulação fina. Junto com o cromo, dá aços cromo-molibdênio, de grande resistência,
principalmente aos esforços repetitivos.

Proporciona aços rápidos, empregados na construção de estampas, matrizes, lâminas de corte


submetidas a grandes cargas etc.

Níquel (Ni): é o mais importante dos elementos de liga, pois proporciona aumento da carga de
ruptura, da tenacidade e do limite de elasticidade dos aços. Oferece boa ductilidade e boa resistência
à corrosão. Teores elevados de níquel produzem aços inoxidáveis.

Cavacos são materiais removidos no processo de usinagem.

SENAI-RJ 59
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

O níquel permite grande penetração de têmpera. Os aços-níquel apresentam grande tenacidade


e alta resistência mecânica também a altas temperaturas. Aços com 1 a 3% de níquel são empregados
para a fabricação de ferramentas.

Silício (Si): é pouco usado sozinho. Torna os aços de forjamento difícil e praticamente não
soldáveis. É usado em geral em ligas com o manganês, molibdênio e o cromo.

O silício é o único metalóide que pode ser utilizado nos aços sem prejudicá-los. Ele aumenta a
temperatura e a penetração de têmpera, além da elasticidade e da resistência dos aços. Suprime o
magnetismo e acalma os aços, melhorando a resistência à corrosão atmosférica.

Tungstênio (W): elemento importante na formação de aços rápidos. Dá aos aços maior
capacidade de corte e maior dureza.

Os aços rápidos com liga de tungstênio conservam o fio de corte mesmo quando, pelas condições
de trabalho, aquecem ao rubro (até chegar à cor rubra).

Os aços com 13 a 18% de tungstênio apresentam grande resistência, mesmo quando em elevadas
temperaturas. São empregados em ferramentas de corte de todas as espécies.

Vanádio (V): é um excelente desoxidante.

Os aços que contêm vanádio são isentos de bolhas de gás e, portanto, altamente homogêneos. O
vanádio dá aos aços maior capacidade de forja, estampagem e usinagem. Em virtude de sua alta
resistência, as ferramentas de aço-vanádio podem ter secções bastante reduzidas. O vanádio entra
em quase todas as ligas que compõem os aços rápidos.

Geralmente os aços-cromo-vanádio contêm entre 0,13 e 1,11% de carbono, 0,5 a 1,5% de cromo
e 0,15 a 0,3% de vanádio. São empregados na fabricação de talhadeiras para máquinas rebarbadoras
e ferramentas para grandes esforços, como chaves, alicates, alavancas etc.

Os aços especiais podem ser classificados em:

Aços para construção

• Aços típicos para cementação


• Aços típicos para beneficiamento
• Aços para nitretação
• Aços para molas
• Aços para indústria petrolífera

60 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

• Aços para rolamentos

Aços inoxidáveis

• Ferríticos
• Semiferríticos
• Austeníticos
• Martensíticos

Aços para ferramentas

• Rápidos

• Super-rápidos

• Para trabalho a quente

• Para trabalho a frio

Aços para aplicações especiais

• Aços resistentes ao calor

• Aços de altíssima resistência (aços maraging)

• Aços ao chumbo

Aplicações dos aços

A escolha conveniente do aço está intimamente ligada à função a que o elemento de máquina
estará submetido; deverá obedecer a critérios de ordem técnica e econômica.

As características físicas, como dureza, tenacidade, resistência mecânica, resiliência, ductilidade,


maleabilidade, resistência ao desgaste, resistência à corrosão, usinabilidade, comportamento durante
o seu processamento, custo etc. representam fatores que, em proporção maior ou menor, influem na
justa escolha do aço.

As propriedades mecânicas mais comumente utilizadas para a caracterização dos aços e para
dimensionamento estático das peças são:

• Limite de resistência
• Limite de escoamento

SENAI-RJ 61
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

• Alongamento
• Dureza

A vida de todo e qualquer elemento de máquina não deve ser nem superior nem inferior à
necessária.

A tecnologia moderna fornece uma vasta gama de aços, que podem ser classificados em:

• Aços para estruturas


• Aços para trilhos
• Aços para chapas e tubos
• Aços para arames e fios
• Aços para usinagem fácil
• Aços para fundição
• Aços para elementos de máquinas
• Aços para molas
• Aços para ferramentas e matrizes
• Aços resistentes à corrosão (inoxidáveis)
• Aços resistentes ao calor
• Aços para fins especiais

Normalização
Para garantir os padrões de uso e de qualidade dos materiais, fator essencial para a produção de
materiais de características superiores, tem sido reconhecida a importância de processos de
normalização.

Normalização do aço
Dada a grande variedade dos aços, tem-se procurado criar sistemas de classificação por meio
de letras e números.

62 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Entre as designações em vigor mais conhecidas e utilizadas temos a SAE (Society of Automotive
Engineers – Sociedade de Engenheiros de Automotores), a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) e a AISI (American Iron and Steel Institute – Instituto Americano de Ferro e Aço), que
estabeleceram normas que indicam a composição e classificação dos aços.

A norma brasileira básica de classificação dos aços é a NBR 6006, baseada no sistema SAE.

A denominação do aço é feita basicamente através de quatro ou cinco dígitos. Os dois primeiros
indicam a classe a que o aço pertence, e os demais indicam o teor médio aproximado de carbono.

Se o teor médio aproximado de carbono for inferior a 1,00%, o aço é identificado por quatro
dígitos; se o teor médio aproximado de carbono for igual ou superior a 1,00% o aço é identificado por
cinco dígitos.

Quando especificada a adição de boro ou de chumbo, acrescentam-se, após os dois primeiros


dígitos, as letras B e L, respectivamente.

Por exemplo:

• Aço ABNT 1045 – indica um aço ao carbono (classe 10xx), com 0,45% C médio.
• Aço ABNT 4340 – indica um aço níquel-cromo-molibdênio (classe 43xx), 0,30% C médio.
• Aço ABNT 50100 – indica um aço ao cromo (classe 50xx), com 1,00% C médio.
• Aço ABNT 86B45 – indica um aço níquel-cromo-molibdênio (classe 86xx), com adição de
boro e com 0,45% C médio.

As classes de aços ABNT são:

Aços-carbono

10xx – aços ao carbono com Mn 1,00% máx

11xx – aços ressulfurados

12xx – aços ressulfurados e refosforados

14xx – aços ao carbono com Mn de 1,00% e 1,65%

Aços-manganês

13xx – aços com Mn 1,75%

Aços-níquel

23xx – Ni 3,50%

25xx – Ni 5,00%

SENAI-RJ 63
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Aços-níquel-cromo

31xx – Ni 1,25 – Cr 0,65 e 0,80%

32xx – Ni 1,75 – Cr 1,07%

33xx – Ni 3,50 – Cr 1,50 a 1,57%

34xx – Ni 3,00 – Cr 0,77%

Aços-cromo-molibdênio

41xx – Cr 0,50, 0,80 e 0,95 – Mo 0,12, 0,25 e 0,30%

Aços-níquel-cromo-molibdênio

43xx – Ni 1,82 – Cr 0,50 e 0,80 – Mo 0,25%

47xx – Ni 1,05 – Cr 0,45 – Mo 0,20 e 0,35%

81xx – Ni 0,30 – Cr 0,40 – Mo 0,12%

86xx – Ni 0,55 – Cr 0,50 – Mo 0,20%

87xx – Ni 0,55 – Cr 0,50 – Mo 0,25%

88xx – Ni 0,55 – Cr 0,50 – Mo 0,35%

93xx – Ni 3,25 – Cr 1,20 – Mo 0,12%

94xx – Ni 0,45 – Cr 0,40 – Mo 0,12%

97xx – Ni 0,55 – Cr 0,20 – Mo 0,20%

98xx – Ni 1,00 – Cr 0,80 – Mo 0,25%

Aços-níquel-molibdênio

46xx – Ni 0,85 e 1,82 – Mo 0,20 e 0,25%

Aços-cromo

50xx – Cr 0,27, 0,40, 0,50 e 0,65%

51xx – Cr 0,80, 0,87, 0,92, 0,95, 1,00, 1,05, 1,15 e 1,25%

50xxx – Cr 0,50%

51xxx – Cr 1,02%

52xxx – Cr 1,45%

Aços-cromo-vanádio

61xx – Cr 0,60, 0,80, 0,95 e 1,05 – V 0,10 min. e 0,15 máx.

64 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Aços-silício-manganês

92xx – Si 1,40 e 2,00 – Mn 0,65, 0,82 e 0,85 – Cr 0 e 0,65%

Aços ao boro e ao chumbo

xxBxx B – indica ao boro

xxLxx L – indica ao chumbo

Normalização - Ferro fundido

As normas especificam os ferros fundidos com letras e números, em que cada um possui um
significado.

Nos exemplos a seguir temos especificações segundo a Norma DIN e ABNT.

DIN GG 40

Resistência à tração 400N/mm²

Ferro fundido lamelar

GGG 60

Resistência à tração 600N/mm²

Ferro fundido nodular

ABNT FC 40

Resistência à tração 400N/mm²

Ferro fundido cinzento

Características segundo DIN

Símbolo GG –

Densidade: 7,25 kg/dm³

Ponto de fusão: 1150 - 1250ºC

Temperatura de fundição: 1350ºC

Resistência à tração: 10 - 40 kp/mm²

Alongamento: insignificante

Contração: 1%

SENAI-RJ 65
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Composição: 2,6 – 3,6% C

1,8 – 2,5% Si

0,4 – 1,0% Mn

0,2 – 0,9% P

0,08 – 0,12% S

Ferro fundido cinzento

O ferro fundido é classificado por suas classes de qualidade. Essas classes são especificadas
por vários sistemas de normas, tais como DIN, ASNT etc. Por exemplo, a ABNT especifica as
classes da seguinte forma:

a) As classes FC10 e FC15 possuem excelentes fusibilidade e usinabilidade e são indicadas (prin-
cipalmente FC15) para bases de maquinas e carcaças metálicas.

b) As classes FC20 e FC25 aplicam-se em elementos estruturais de máquinas, barramentos,


cabeçotes, mesas etc.

c) As classes FC30 e FC35 possuem maior dureza e resistência mecânica e aplicam-se em engre-
nagens, buchas, blocos de motor etc.

d) A classe FC40, de maior resistência que as outras, possui elementos de liga, como cromo,
níquel e molibdênio, sendo empregada em peças de espessuras médias e grandes.

66 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 1 - Classes de ferros fundidos cinzentos, segundo a ABNT

Classe Limite de resistência Dureza Brinell Resistencia à flexão


à tração (min.) (valores máximos) estática (valores
(N/mm²x10) médios) (N/mm²x10)

FC10 10 201 -
FC15 23 241 34
18 223 32
15 212 30
11 201 27
FC20 28 255 41
23 235 39
20 223 36
16 217 33
FC25 33 269 -
28 248 46
25 241 42
21 229 39
FC30 33 269 -
30 262 48
26 248 45
FC35 38 - -
35 277 54
31 269 51
FC40 40 - 60
36 - 57

A ASTM agrupa os ferros fundidos cinzentos em sete classes. Os números das classes ASTM
representam valores de resistência à tração em lb/pol²; os valores métricos para o limite de resistência
à tração são aproximados.

TABELA 2 - Resistências dos ferros fundidos, por classes

Classes Resistência à tração (lb/pol2) Resistência à tração (N/mm2)

20 20000 lb/pol² 140 N/mm²


25 25000 lb/pol² 175 N/mm²
30 30000 lb/pol² 210 N/mm²
35 35000 lb/pol² 245 N/mm²
40 40000 lb/pol² 280 N/mm²
50 50000 lb/pol² 350 N/mm²
60 60000 lb/pol² 420 N/mm²

SENAI-RJ 67
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 3 - Aplicações dos ferros fundidos cinzentos, segundo as classes


ASTM

Classes Espessura das peças Aplicações

20 Fina: até 13mm Utensílios domésticos, anéis de pis-


Média: de 13 a 25mm tão, produtos sanitários etc. Bases
Grossa: acima de 25mm de máquinas; fundidos ornamentais;
carcaças metálicas, tampas de poços
de inspeção etc. Certos tipos de tu-
bos, conexões, bases de máquinas
pesadas etc.

25 Fina: até 13mm Aplicações idênticas às classe 20,


Média: de 13 a 25mm quando se necessita de maior
Grossa: acima de 25mm resistência mecânica.

30 Fina: até 13mm Elementos construtivos: pequenos


Média: de 13 a 25mm tambores de freio, placas de
Grossa: acima de 25mm embreagem, carters, blocos de
motor, cabeçotes, buchas, grades de
filtro, rotores, carcaças de compres-
sor, tubos, conexões, pistões hidráu-
licos, barramentos e componentes
diversos usados em conjuntos elétri-
cos, mecânicos e automotivos.

35 Fina: até 13mm Aplicações idênticas às da classe 30.


Média: de 13 a 25mm
Grossa: acima de 25mm

40 Fina: até 13mm Aplicações de maior responsabilida-


Média: de 13 a 25mm de, de maiores durezas e resistência
Grossa: acima de 25mm à tração, para o que se pode usar
inoculação ou elementos de liga em
baixos teores: engrenagens, eixo de
comando de válvulas, pequenos
virabrequins, grandes blocos de
motor, cabeçotes, buchas, bombas,
compressores, rotores, válvulas,
munhões, cilindros e anéis de loco-
motivas, bigornas, pistões hidráuli-
cos etc.

50 Fina: até 13mm Aplicações idênticas às da classe 40.


Média: de 13 a 25mm
Grossa: acima de 25mm

60 Fina: até 13mm É a classe de maior resistência


Média: de 13 a 25mm mecânica, usando normalmente
Grossa: acima de 25mm pequenos teores de Ni, Cr e Mo.
Tambores de freio especiais,
virabrequins, bielas, cabeçotes,
corpos de máquinas diesel, peças
de bombas de alta pressão, carcaças
de britadores, matrizes para forjar
a quente, cilindros hidráulicos etc.

68 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 4 - Propriedades mecânicas dos ferros fundidos cinzentos,


segundo as normas DIN 1691

GG-10 GG-15 GG-20 GG-25 GG-30 GG-35 GG-40

Limite de 100 150 200 250 300 350 400


resistência
à tração
(N/mm²)

Limite de 200/310 230/370 290/430 350/440 410/550 470/610 530/670


resistência
à flexão
(N/mm²)

Resistência à 500/600 570/700 600/830 700/1000 820/1200 950/1400 1100/1400


compressão
(N/mm²)

Dureza Brinell 1400/1900 1700/2100 1860/2400 2000/2600 2100/2800 2100/2810 2300/3000

Módulo de 75/100 80/105 90/115 105/120 110/140 125/145 125/155


elasticidade
(10³ N/mm²)

Limite de
fadiga 0,35 a 0,50 do limite de resistência à tração
(N/mm²)

Ferro fundido branco (duro)

As peças que devem ter grande resistência ao desgaste e superfície muito duras, como os
cilindros e as rodas motrizes, são fabricadas de ferro fundido duro. Trata-se de um ferro fundido
especialmente duro, com um teor determinado de silício e carbono, fundido em moldes.

O resfriamento brusco que sofrem as paredes externas da peça, quando entram em contato com
o molde, as endurece.

Trata-se de um tipo de fundição especial para peças que devem ser resistentes ao desgaste.

Ferro fundido duro, segundo as normas DIN 17006

Símbolo: GH

Exemplo:

GH - 25 profundidade da camada dura em mm.

Ferro fundido duro

SENAI-RJ 69
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

GH - 95 dureza Shore 95º

Ferro fundido duro

Numeração até 50 especifica a profundidade da camada dura em mm.


Numeração acima de 50 especifica a dureza.

Ferro fundido maleável

É utilizado para peças fundidas que


necessitam ter certa resistência a tração, flexão
etc. Por exemplo: uma alavanca (Figura 3) de
uma máquina agrícola, que está sempre
submetida a esforços bruscos, às vezes deve
suportar uma deformação sem que se quebre.
Portanto, todas as peças de ferro fundido que
devam suportar esses tipos de esforços são de Fig. 3 – Alavanca

ferro fundido maleável.

Características do ferro fundido maleável segundo DIN 1692

Símbolo: GTW-, GTS-

Densidade: 7,4 kg/dm³

Ponto de fusão: 1300ºC

Resistência à tração: GTW 350 - 650 N/mm²

GTS 300 - 700 N/mm²

Alongamento: GTW 1,5 - 2%

GTS 1,2 - 2%

Contração: GTW 1 - 2%

GTS 0 - 1,5%

70 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Sua superfície de ruptura é branca, sendo empregado em peças delgadas de parede inferior
a 12mm.

Em virtude de o ferro fundido maleável possuir pouco carbono em relação ao ferro fundido
comum, sua resistência à tração é boa (320 a 650 N/mm²)

O ferro fundido maleável branco pode ser soldado com solda dura.

Devido à sua pouca dureza, pode-se usiná-lo facilmente e, até certo ponto, é possível dobrá-lo e
forjá-lo.

Os quadros a seguir representam algumas especificações e empregos do ferro fundido maleável,


segundo diferentes normas.

TABELA 5 - Especificações e empregos do ferro fundido maleável segundo


a norma DIN 1692

Ferro fundido Densidade 7,3 kg/dm3 Divide-se em classes de


maleável Ponto de fusão 1200 a 1300ºC qualidade DIN 1692

Classe de qualidade Marca Resistência Emprego


ou tipo à tração

Fofo maleável branco GTW-35 350 N/mm2 Peças de ferro


Fofo maleável escuro fundido maleável

Fofo maleável branco GTW-40 400 Peças de ferro


Fofo maleável escuro GTS-38 380 fundido de qualidade
(de qualidade superior) superior

Fofo maleável branco GTW-65 650 Peças de alta


Fofo maleável escuro GTS-55 550 qualidade

SENAI-RJ 71
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 6 - Especificações e empregos do ferro fundido maleável segundo a norma


ABNT PEB - 128

Maleável de núcleo branco

Diam. Limite resist. Limite escoam. Along. em Dureza


Corpo à tração (0,2) min. 3d min. Brinell
Tipo ABNT de prova mínima (kg/mm2) (%) típica
(mm) (kg/mm2)

FMBF – 3204 15 35 - 3 220

FMBF – 3504 15 36 - 3 220

FMBF – 4006 15 42 23 4 220

FMBP – 4507 15 48 28 5 200

FMBP – 5505 15 57 37 4 240

FMBP – 6503 15 67 44 2 270

FMBS – 3812 15 40 21 8 200

Maleável de núcleo preto

Diam. Limite resist. Limite escoam. Along. em Dureza


Corpo à tração (0,2) min. 3d min. Brinell
Tipo ABNT de prova mínima (kg/mm2) (%) típica
(mm) (kg/mm2)

FMPF – 3006 15 30 - 6 -

FMPF – 3512 15 35 19 12 até 150

FMPP – 4507 15 45 26 7 150/200

FMPP – 5005 15 50 30 5 170/230

FMPP – 5504 15 55 33 4 190/240

FMPP – 6503 15 65 39 3 210/250

FMPP – 7002 15 70 50 2 240/285

A usinabilidade do ferro fundido maleável é considerada a melhor entre as ligas ferrosas de


idêntica resistência mecânica, o que se pode verificar pela tabela a seguir.

72 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 7 - Usinabilidade comparativa de diversas ligas ferrosas

Material Usinabilidade Dureza Brinell

Maleável comum 120 110 – 145

Maleável perlítico 95 183 – 207

Ferro fundido cinzento 80 160 – 193

Aço fundido 70 170 – 212

SAE 1022 70 159 – 192

SAE 1112 100 179 – 229

SAE 1035 65 174 – 217

SAE 1045 60 179 – 229

SAE 5040 65 179 - 229

Ferro fundido nodular

O ferro fundido nodular é caracterizado por uma microestrutura que apresenta grafite de forma
esferoidal e não em forma de lanelas; por esse motivo possui maior resistência à tração, à flexão e
também um maior alongamento, em comparação com outros ferros fundidos.

Ferro fundido nodular segundo DIN 1693

Símbolo: CGC

Densidade: 7,1 - 7,3 kg/dm³

Ponto de fusão: 1400ºC

Resistência à tração: 38-70 kg/mm²

Alongamento: 1,2 - 2%

Contração: (ferritico) 0%

(perlítico) 1%

SENAI-RJ 73
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 8 - Especificações ASTM de ferro fundido nodular

Limite Limite escoam. Limite escoam.


de resist. min. Alongamento
Classe à tração mínima min. em 2”% Condição Aplicações
min. (kg/mm2)
(kg/mm2)

ASTM – A 339 – 55
80-60-03 56 42 3 Fundido Uso geral
Geralmente
60-45-10 42 31,5 10 recozido Uso geral
ASTM – A 396 – 58
120-90-02 84 63 2 Tratado Para elevada
termicamente resistência
mecânica
100-70-03 70 49 3 Idem Idem
ASTM – A 395 – 56T
60-45-15 42 31,5 15 Recozido Equipamento
60-40-18 42 28 18 Recozido pressurizado a
temperaturas
elevadas

Esta tabela reproduz as propriedades segundo ASTM

Os números indicativos das classes referem-se respectivamente, aos valores


de limite de resistência à tração (em milhares de libras por polegada
quadrada), do limite de escoamento (em milhares de libras por polegada
quadrada e o alongamento, em polegadas (50,9mm).

TABELA 9 - Classificação de ferro fundido nodular segundo a ABNT especificação


P-EB-585

A título informativo
Limite
de resist. Limite escoam. Alongamento Faixa de Estruturas
Classe a tração (0,2)min. (5d) dureza predomi-
min. (kg/mm2) min (%) aproximada nantes
(kg/mm2) Brinell

FE 3817 38,0 24,0 17 140 – 180 Ferrítica

FE 4212 42,0 28,0 12 150 – 200 Ferrítica-perlítica

FE 5007 50,0 35,0 7 170 – 240 Perlítica-ferrítica

FE 6002 80,0 40,0 2 210 – 280 Perlítica

FE 7002 70,0 45,0 2 230 – 300 Perlítica

FE 3817 38,0 24,0 17 140 – 180 Ferrítica

Ri*
* Classe com requisito de resistência ao choque.

74 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 10 - Classificação segundo a norma DIN 1693

Classe Limite Limite Along. Dureza Módulo Resist. Resist.


resist. escoam. Brinell de elast. ao choque à flexão
à tração (N/mm2) (%) (N/mm2) (N/cm2) (N/mm2)

GGG-45 450 350 5 160/240 170.000 20 800/950

GGG-38 380 250 17 140/180 100 750/900



GGG-42 420 280 12 150/200 165.000 80 800/900

GGG-50 500 350 7 170/240 a 60 850/1000

GGG-60 600 420 2 210/300 185.000 40 900/1100

GGG-70 700 500 2 230/320 20 1000/1200

O ferro fundido nodular possui grande resiliência e excelente usinabilidade,


nas operações com ferramentas de metal duro pode-se utilizar velocidades
de corte de até 120m/min.
O ferro fundido nodular pode ser temperado superficialmente por chama
ou indução, desde que previamente normalizado.
Ele possui uma excelente resistência a ação de agentes químicos como também
ao calor.

Normalização – Aço fundido

As peças que são submetidas a esforços bruscos, como alavancas de freio de um caminhão
(Figura 4), quando acionadas em freadas bruscas, devem ser fabricadas com material resistente e
tenaz, para não se romperem. O aço fundido confere todas essas propriedades como também é de
fácil fabricação.

O aço fundido é um material tenaz e resistente. É obtido em fornos: Siemens-Martin, elétrico ou


de cadinho ou no conversor Bessemer.

É possível ser forjado e, graças à sua composição especial (estrutura), tem resistência muito
mais elevada do que a do ferro fundido maleável (de 380 a 700 N/mm2). Essa resistência pode ser
aumentada com adições de manganês, cromo, silício, níquel e tungstênio.

Obtém-se, desta maneira, o aço fundido ligado, que apresenta, entre outras propriedades especiais,
elevada resistência ao calor.

SENAI-RJ 75
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Características do aço fundido segundo as normas DIN 1681 e 17245

Símbolo: GS

Densidade: 7,85 kg/dm3

Ponto de fusão: 1.300 - 1.400ºC

Resistência à tração: 300 - 600 N/mm2

Alongamento: 2,5 a 8%

Contração: 2%

Fig. 4 – Peças de aço fundido resistem a manobras bruscas

Aço fundido resistente ao calor

É um aço soldado ligado com cromo, molibdênio; é normalizado pela norma DIN 17245. Utiliza-
se para peças submetidas a temperaturas entre 300 e 525ºC.

AÇO Massa específica 7,85kg/dm3 Classifica-se por qualidades


MOLDADO Ponto de fusão 1600ºC DIN 1681

Qualidades Marca Resist. à tração Emprego


(mínimos)

Classe GS – 38 380 N/mm2 Peças fundidas que devem ser


normal GS – 45 450 N/mm2 fortes e tenazes, como:
GS – 52 520 N/mm2 alavancas, rodas volantes etc.
GS – 60 600 N/mm2

Classe GS – 38S 380 N/mm2


especial GS – 45S 450 N/mm2 Peças fundidas submetidas a
GS – 52S 520 N/mm2 altos esforços para a construção
GS – 60S 600 N/mm2 de locomotivas e vagões.

76 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Tabelas e equivalências
TABELA 11 - Equivalência dos aços pelas designações ABNT, SAE/AISI e DIN

ABNT SAE/AISI DIN

1006 1006 -
1008 1008 -
1010 1010 C10
1012 1012 -
1013 1013 -
1015 1015 C15
1016 1016 -
1017 1017 -
1018 1018 -
1020 1020 C22
1021 1021 -
1025 1025 -
1030 1030 -
1034 1034 C35
1035 1035 -
1038 1038 -
1040 1040 -
1045 1045 C45
1050 1050 -
1055 1055 C55
1060 1060 C60
1065 1065 -
1070 1070 -
1075 1075 C75
1084 1084 -
1524 1524 -
1536 1536 -
1541 1541 -
1548 1548 -
1117 1117 -
1132 1132 -
1135 - 35S20
1137 1137 -
1140 1140 -
1141 1141 -
1146 1146 -
1209 - 10S20
1212 1212 9S20
1213 1213 9SMn28
(12L13) (12L13) 9SMnPb28

SENAI-RJ 77
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

A norma brasileira básica de classificação dos aços é a NBR 6006.

TABELA 12 - Sistema de classificação SAE e AISI dos aços

DESIGNAÇÃO TIPO DE AÇO

SAE AISI

10XX C 10XX Aços-carbonos comuns


11XX C 11XX Aços de usinagem (ou corte) fácil, com alto S
13XX 13XX Aços-manganês com 1,75% de Mn
23XX 23XX Aços-níquel com 3,5% de Ni
25XX 25XX Aços-níquel com 5,0% de Ni
31XX 31XX Aços-níquel cromo com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr
33XX E 33XX Aços-níquel-cromo com 3,50% de Ni e 1,57% de Cr
303XX Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Ni-Cr
40XX 40XX Aços-molibdênio com 0,25% de Mo
41XX 41XX Aços-cromo-molibdênio com 0,50% ou 0,95% de Cr e 0,12%,
0,20% ou 0,25% de Mo
43XX 43XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,82% de Ni e 0,50% ou 0,80%
de Cr e 0,25 de Mo
46XX 46XX Aços-níquel-molibdênio com 1,75% ou 1,82% de Ni e 0,20% ou
0,25% de Mo
47XX 47XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,05% de Ni, 0,45% de Cr e
0,20% de Mo
48XX 48XX Aços-níquel-molibdênio com 3,50% de Ni e 0,25 de Mo
50XX 50XX Aços-cromo com 0,27%, 0,40% ou 0,50% de Cr
51XX 51XX Aços-cromo com 0,80% a 1,05% de Cr
501XX - Aços de baixo cromo para rolamentos, com 0,50% de Cr
511XX E 511XX Aços de médio cromo para rolamentos, com 1,02% de Cr
521XX E 521XX Aços de alto cromo para rolamentos, com 1,45% de Cr
514XX Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr
515XX Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr
61XX 61XX Aços-cromo-vanádio com 0,80% ou 0,95% de Cr e 0,10% ou
0,15% de V (mín.)
86XX 86XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% ou 0,65%
de Cr e 0,20% de Mo
87XX 87XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e
0,35% de Mo
92XX 92XX Aços-silício-manganês, com 0,65%, 0,82%, 0,85% ou 0,87% de
Mn, 1,40% ou 2,00% de Si e 0%, 0,17%, 0,3% ou 0,65% de Cr
93XX 93XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 3,25% de Ni, 1,20% de Cr e
0,12% de Mo
98XX 98XX Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,00% de Ni, 0,805 de Cr e
0,25% de Mo
950 - Aços de baixo teor em liga e alta resistência
XXBXX XXBXX Aços-boro com 0,0005% de B mín.
XXLXX C XXLXX Aços-chumbo com 0,15 – 0,35% de Pb

78 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 13 - Composição quimica do aço-carbono, conforme ABNT

DESIGNAÇÃO COMPOSIÇÃO QUÍMICA - FAIXAS E LIMITES EM %

ABNT C Mn P máx. S máx.

1006 0,08 máx. 0,25 / 0,40 0,040 0,050


1008 0,10 máx. 0,30 / 0,50 0,040 0,050

1010 0,08 / 0,13 0,30 / 0,60 0,040 0,050


1013 0,11 / 0,16 0,50 / 0,80 0,040 0,050
1015 0,13 / 0,18 0,30 / 0,60 0,040 0,050
1016 0,13 / 1,18 0,60 / 0,90 0,040 0,050
1017 0,15 / 0,20 0,30 / 0,60 0,040 0,050
1018 0,15 / 0,20 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1020 0,18 / 0,23 0,30 / 0,60 0,040 0,050


1021 0,18 / 0,23 0,60 / 0,90 0,040 0,050
1025 0,22 / 0,28 0,30 / 0,60 0,040 0,050

1030 0,28 / 0,34 0,60 / 0,90 0,040 0,050


1034 0,32 / 0,38 0,50 / 0,80 0,040 0,050
1035 0,32 / 0,38 0,60 / 0,90 0,040 0,050
1038 0,35 / 0,42 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1040 0,37 / 0,44 0,60 / 0,90 0,040 0,050


1045 0,43 / 0,50 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1050 0,48 / 0,55 0,60 / 0,90 0,040 0,050


1055 0,50 / 0,60 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1060 0,55 / 0,65 0,60 / 0,90 0,040 0,050


1065 0,60 / 0,70 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1070 0,65 / 0,75 0,60 / 0,90 0,040 0,050


1075 0,70 / 0,80 0,40 / 0,70 0,040 0,050

1084 0,80 / 0,93 0,60 / 0,90 0,040 0,050

1450 0,45 / 0,52 0,70 / 1,00 0,040 0,040 / 0,070

1524 0,19 / 0,25 1,35 / 1,65 0,040 0,050

1536 0,30 / 0,37 1,20 / 1,50 0,040 0,050

1541 0,36 / 0,44 1,35 / 1,65 0,040 0,050


1548 0,44 / 0,52 1,10 / 1,40 0,040 0,050

SENAI-RJ 79
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 14 - Composição química do aço-liga, conforme ABNT

DESIGNAÇÃO COMPOSIÇÃO QUÍMICA - FAIXAS E LIMITES EM %

ABNT C Mn Ni Mo V

1330 0,28 / 0,33 1,60 / 1,90 - - -


1345 0,43 / 0,48 1,60 / 1,90 - - -

4130 0,28 / 0,33 0,40 / 0,60 - 0,15 / 0,25 -


4135 0,33 / 0,38 0,70 / 0,90 - 0,15 / 0,25 -
4140 0,38 / 0,43 0,75 / 1,00 - 0,15 / 0,25 -
4142 0,40 / 0,45 0,75 / 1,00 - 0,15 / 0,25 -

4320 0,17 / 0,22 0,45 / 0,65 1,65 / 2,00 0,20 / 0,30 -


4340 0,38 / 0,43 0,60 / 0,80 1,65 / 2,00 0,20 / 0,30 -

5016 0,13 / 0,18 0,40 / 0,60 - - -

5116 0,14 / 0,19 1,00 / 1,30 - - -


5119 0,17 / 0,22 1,10 / 1,40 - - -
5120 0,17 / 0,22 0,70 / 0,90 - - -
5123 0,20 / 0,25 0,60 / 0,80 - - -
5125 0,23 / 0,28 0,60 / 0,80 - - -
5130 0,28 / 0,33 0,70 / 0,90 - - -
5134 0,31 / 0,36 0,70 / 0,90 - - -
5135 0,33 / 0,38 0,60 / 0,80 - - -
5137 0,35 / 0,40 0,70 / 0,90 - - -
5140 0,38 / 0,43 0,70 / 0,90 - - -
5141 0,39 / 0,44 0,60 / 0,80 - - -
5150 0,48 / 0,53 0,70 / 0,90 - - -
5160 0,56 / 0,64 0,75 / 1,00 - - -

52100 0,98 / 1,10 0,25 / 0,45 - - -

6131 0,29 / 0,34 0,40 / 0,60 - - 0,07 / 0,12


6150 0,48 / 0,53 0,70 / 0,90 - - 0,15 Mín.
6158 0,55 / 0,62 0,80 / 1,10 - - 0,07 / 0,12

8615 0,13 / 0,18 0,70 / 0,90 0,40 / 0,70 0,15 / 0.25 -


8620 0,18 / 0,23 0,70 / 0,90 0,40 / 0,70 0,15 / 0.25 -
8622 0,20 / 0,25 0,70 / 0,90 0,40 / 0,70 0,15 / 0.25 -
8640 0,38 / 0,43 0,75 / 1,00 0,40 / 0,70 0,15 / 0.25 -
8660 0,56 / 0,64 0,75 / 1,00 0,40 / 0,70 0,15 / 0.25 -

80 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

TABELA 15 - Classes de aço para construção mecânica ABNT

CLASSE DESIGNAÇÃO TEOR APROXIMADO DOS ELEMENTOS


QUE IDENTIFICAM A CLASSE

Aços-carbono

10XX Carbono Mn máx. 1,00%


11XX Ressulfurado —
12XX Ressulfurado e refosforado —
14XX Aços com adição de nióbio Nb 0,10%
15XX carbono Mn de 1,00 a 1,65%

Aços-liga

13XX Manganês Mn 1,75%


41XX cromo-molibdênio Cr 0,50-0,80-0,95%
Mo 0,12-0,20-0,25-0,30%
43XX cromo-níquel-molibdênio Ni 1,82%
Cr 0,50-0,80%

50XX cromo Mo 0,25%


51XX cromo Cr 0,27-0,40-0,50-0,65%
52XX cromo Cr 0,80-0,87-0,92-1,00-1,05-1,15-1,25%
61XX cromo-vanádio Cr 1,45%
Cr 0,60-0,80-0,95-1,05%
V 0,10 mín-0,15 mín-0,10%

86XX cromo-níquel-molibdênio Ni 0,55%


Cr 0,50%
Mo 0,20%

Aços com adições especiais

XXBXX Aços com adição de boro

XXLXX Aços com adição de chumbo

Quando especificada a adição de boro ou de chumbo, acrescentam-se,


respectivamente, as letras B e L após os dois primeiros dígitos.

Designação

Os aços padronizados são designados pelo número da respectiva norma ABNT.

Por exemplo:

AÇO ABNT 1045

AÇO ABNT 52100

SENAI-RJ 81
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

A designação do aço deve ser indicada nos pedidos de compra, precedida da sigla ABNT e
seguida do número, desta forma:

AÇO ABNT 1045/NBR 6006

TABELA 16 - Aços-liga ABNT

TIPO DO PERCENTAGEM CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES


AÇO-LIGA DA ADIÇÃO DO AÇO
Aços-níquel 1 a 10% • Resistem bem à ruptura e • Peças de automóveis
de níquel ao choque quando tempe- • Peças de máquinas
(Ni) rados e revenidos • Ferramentas

• Blindagem de navios
10 a 20% • Resistem bem à tração • Eixos
de níquel • Muito duros • Hastes de freios
(Ni) • Temperáveis em jato de ar • Projetis

• Válvulas de motores
20 a 50% • Inoxidáveis térmicos
de níquel • Resistentes aos choques • Resistências elétricas
(Ni) • Resistentes elétricos • Cutelaria
• Instrumentos de medida

Aços-cromo Até 6% • Rolamentos


de cromo • Duros • Ferramentas
(Cr) • Resistem bem à ruptura • Projetis
• Não resistem aos choques • Blindagens

11 a 17% • Aparelhos e instrumentos


de cromo • Inoxidáveis de medida
(Cr) • Cutelaria

20 a 30% • Válvulas de motores à


de cromo • Resistem à oxidação explosão
(Cr) • Fieiras
• Matrizes

0,5 a 1,5% • Virabrequins


Aços-cromo- de cromo • Grande resistência • Engrenagens
níquel (Cr) • Grande dureza • Eixos
• Muita resistência aos cho- • Peças de motores de
1,5 a 5% ques, torção e flexão grande velocidade
de níquel • Bielas
(Ni)

8 a 25% • Inoxidáveis • Portas de fornos


de cromo • Resistentes à ação do calor • Retortas
(Cr) • Resistentes à corrosão de • Tubulações para água
18 a 25% elementos químicos salina e gás
de níquel • Eixos de bombas
(Ni) • Válvulas
• Turbinas

Aços- 7 a 20% • Extrema dureza • Mandíbulas de britadores


manganês de manganês • Grande resistência aos • Eixo de veículos em geral
(Mn) choques e ao desgaste • Agulas, cruzamentos,
curvas de trilhos e peças
de dragas

Continua ...

82 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Ferro e Aço

Continuação

Aços-silício 1 a 3% • Resistência à ruptura • Molas


de silício
(Si) • Elevado limite de elastici- • Chapas de induzidos de
dade máquinas elétricas
• Propriedade de anular o • Núcleos de bobinas elétri-
magnetismo cas

Aços-silício- 1% silício • Grande resistência • Molas diversas


manganês (Si) à ruptura • Molas de automóveis e de
1% manganês • Elevado limite de elastici- carros e vagões
(Mn)
dade

Aços-tungstênio 1 a 9% • Dureza • Ferramentas de corte para


de tungstênio • Resistência à ruptura altas velocidades
(W) • Matrizes
• Resistência ao calor da
abrasão • Fabricação de ímãs
• Propriedades magnéticas

Aços-molibdênio (Mo)* • Dureza • Não são comuns os aços-


e Aços-vanádio (V)* • Resistência à ruptura molibdênio e vanádio sim-
ples. Estes se associam a
• Resistência ao calor da outros elementos
abrasão

Aços-cobalto (Co)* • Propriedades magnéticas • Ímãs permanentes


• Dureza • Chapas de induzidos
• Resistência à ruptura • Não é usual o aço-cobalto
• Alta resistência à abrasão simples

Aços-rápidos 8 a 20% • Excepcional dureza


de tungstênio • Ferramentas de corte, de
(W) • Resistência ao corte, todos os tipos, para altas
mesmo com a ferramenta velocidades
1 a 5% aquecida pela alta • Cilindros de laminadores
de vanádio velocidade
(V) • A ferramenta de aço
• Matrizes
até 8% • Fieiras
rápido que contém cobalto
de molibdênio
consegue usinar até o • Punções
(Mo)
aço-manganês, de grande
3 a 4%
dureza
de cromo
(Cr)

Aços-cromo 0,85 a 1,20% • Possibilita grande dureza • Peças para motores a


de alumínio superficial por tratamento explosão e de combustão
(Al) de nitretação interna
(termoquímico) • Virabrequins
Aços- 0,9 a 1,80%
alumínio-cromo de cromo • Eixos
(Cr) • Calibres de medidas de
dimensões fixas

Por não serem usuais, não são indicados os percentuais de adição desses
materiais específicos.

SENAI-RJ 83
Materiais não-ferrosos
e suas ligas

Nesta unidade ...

Tipos e classificação

Características e processos de obtenção

Normas e tabelas

3
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Tipos e classificação

Metais não-ferrosos são todos os metais puros e ligados com exceção do ferro e suas ligas.

Os metais não-ferrosos podem ser classificados em função de densidade em: metais leves e
metais pesados.

A maioria dos metais puros são moles e têm baixa resistência à tração.

Quanto maior for a pureza, mais alto será o ponto de fusão, maior a condutibilidade elétrica e a
resistência à corrosão.

Na designação dos metais não-ferrosos puros, deve-se usar a designação química do elemento
mais o grau de pureza.

Metais não-ferrosos

Metais p ≥ 5kg Metais = p < 5kg

pesados dm3 leves dm3

Cobre Cu Manganês Mn
Chumbo Pb Vanádio V
Zinco Zn Cobalto Co
Níquel Ni Cádmio Cd
Estanho Sn Alumínio Al
Tungstênio W Magnésio Mg
Molibdênio Mo Titânio Ti
Cromo Cr

Quadro 1 – Classificação dos metais não-ferrosos

SENAI-RJ 87
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Designação dos metais puros

Ex.: Zn 99,99

Elemento químico Pureza = 99,99%

Características e processos de
obtenção
Processos de obtenção

Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também impurezas,
como: oxigênio, hidrogênio e enxofre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em função do tipo
de minério.

O Quadro 2 mostra esquematicamente o processo de obtenção da maioria dos metais.

Para se obter um metal quase totalmente puro (99,99%) usa-se normalmente outros processos
além do processo normal de alteração do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de metal.

OBTENÇÃO DOS METAIS

MINÉRIOS

CALCINAÇÃO

REDUÇÃO

METAL BRUTO

AFINAGEM
(eliminação das impurezas)

METAL SIDERÚRGICO

METAL PURO

Quadro 2 – Processo de obtenção do metal puro

88 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

As propriedades dos metais puros podem ser melhoradas através de elementos de liga.

Liga é um processo em que se "misturam" dois ou mais


elementos no estado líquido.

Nos metais ligados, geralmente a dureza e a resistência aumentam, enquanto a ductilidade e a


condutibilidade elétrica diminuem.

Designação das ligas não-ferrosas

É feita pela designação (símbolo químico) dos metais que nela estão contidos, seguidos pelo teor
(em porcentagem) de cada um dos metais.

Características dos metais não-ferrosos pesados

Cobre (Cu)

Propriedades: é um metal de cor avermelhada, bastante resistente à intempérie e à corrosão. Os


telhados de cobre, que se mantêm inalteráveis durante séculos, recobrem-se de uma camada de cor
verde claro. Esta camada recebe o nome de azinhavre, é formada por cobre + ácido carbônico.

É um excelente condutor elétrico e de calor (seis vezes mais que o ferro).

Exemplo de designação

Cu Zn 40 Pb 2

Chumbo 2%

Zinco 40%

Liga de cobre

Densidade 8,93 kg/dm3


Temperatura da liquefação 1.083ºC
Resistência à tração 200...360 N/mm2
Transformação fria até 600 N/mm2
Alongamento 50....35%
Transformação fria 2%

SENAI-RJ 89
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Normalização

Exemplo E - Cu 99,99

Cobre especialmente puro

Obtenção pela eletrólise (E)

É fácil para fundir, dobrar, forjar, repuxar, tanto a quente como a frio. A deformação a frio deixa
o cobre duro e difícil de dobrar. Com o cobre recozido a uma temperatura de aproximadamente 600ºC
e sem o resfriamento rápido, elimina-se a dureza proveniente da deformação a frio.

Nos processos de usinagem com cavacos, deve-se usar ferramentas com grande ângulo de
saída e, como lubrificante, o óleo solúvel.

Aplicação: é normalmente empregado para confecção de fios e cabos condutores elétricos,


sistemas de aquecimento e resfriamento, tubos, chapas, peças fundidas e peças de artesanato.

Chumbo (Pb)

É um metal com aspecto exterior característico, pois apresenta cor cinza azulada. Sua superfície
de ruptura (recente) é de cor branca prateada muito brilhante. É fácil conhecê-lo pelo peso: é um
material muito denso e macio.

O chumbo é muito dúctil, fácil de dobrar, laminar, martelar (a frio). Os tubos são curvados com
auxílio de uma mola (Figura 1), enchendo-os de areia fina e seca ou com ajuda de um aparelho de
curvar.

Densidade 11,3 kg/dm3


Ponto de fusão ºC 327ºC
N
Resistência à tração 15...20 ____
mm2
Alongamento 50...30%

Fig. 1 – Dobramento por intermédio de mola

90 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Liga-se com dificuldade a outros metais, exceto com o estanho, com o qual se produz a solda de
estanho. É bem resistente à corrosão, pois, quando exposto ao ar, recobre-se de uma camada protetora
de óxido.

Precaução: Partículas de chumbo que aderem às mãos podem penetrar no


organismo e provocar intoxicação; por isso é indispensável lavar bem as
mãos após o trabalho.

Aplicação:

É utilizado no revestimento de cabos elétricos subterrâneos, recipientes para ácidos usados na


indústria química.

O chumbo fino aplica-se em placas de acumuladores, cristais óticos e proteção contra raio-X.

Como liga chumbo-estanho, é utilizado na solda.

Designação do chumbo

Denominação Norma Impureza

Chumbo fino Pb 99,99 0,01%


Chumbo siderúrgico Pb 99,9 0,1%
Chumbo refundido Pb 98,5 1,5%

Zinco (Zn)

Densidade 7,1 kg/dm3


Ponto de fusão 419ºC
Resistência à tração 20...36 N/mm2
Alongamento 1%

É um metal branco azulado. Sua superfície de ruptura é formada de cristais que se distinguem
facilmente. Dentre os metais, é o que tem o maior coeficiente de dilatação térmica (0,000029/ºC.
Exposto à umidade do ar, combina-se com o bióxido de carbono (C02), formando uma capa cinzenta
de carbonato de zinco (Zn+C02) que protege o metal.

É muito sensível aos ácidos, que o atacam e destroem, sendo, portanto, impossível conservar
ácidos em recipientes de zinco.

SENAI-RJ 91
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

As propriedades do zinco podem ser sensivelmente melhoradas por adições de outros metais.

Com liga de alumínio, ele se torna mais resistente; com liga de cobre, mais duro. O magnésio
compensa as impurezas existentes e igualmente o torna mais duro. Também o bismuto, o chumbo e o
tálio melhoram consideravelmente as propriedades do zinco para sua usinagem.

Aplicação:

Peças de aço que estejam sujeitas à oxidação do tempo devem receber uma zincagem (banho
de zinco) para sua proteção.

O zinco é um material muito utilizado na fundição de peças.

Peças complicadas são obtidas através de fundição por injeção, a qual facilita a fabricação em
série e aumenta a precisão das peças.

Designação do Zinco

Denominação Norma Impureza

Zinco fino Pb 99,99Zn 99,95 0,05%


Zinco siderúrgico Zn 99,5 0,5%
Zinco fundido G -Zn.AlG.Cu 1%

Estanho (Sn)

Densidade 7,3 kg/dm3


Temp. de liquefação 232ºC
Resistência à tração 40...50 N/mm2
Ductilidade 40%

Densidade Norma

Estanho Sn 99,9
Liga fundida Cu Sn 6

É um metal branco azulado e macio que se funde facilmente e é resistente à corrosão. Dobrando-
se uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse ruído é produzido
em conseqüência do deslizamento dos cristais, atritando-se entre si.

92 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Você sabia que esse ruído do estanho ao trincar-se é chamado "grito do


estanho"?

Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries. Em
temperaturas inferiores a -15ºC, o estanho se decompõe, formando um pó de cor cinzenta.

Aplicação:

O estanho puro não é empregado em construções de peças devido à sua pequena resistência à
tração.

Graças à sua grande ductilidade podem-se laminar folhas muito delgadas, de até 0,008 mm de
espessura.

É muito utilizado no equipamento e maquinaria na indústria alimentícia, por não ser tóxico.

Liga-se perfeitamente com outros metais, tais como: cobre, chumbo e antimônio.

A solda de estanho é possível sobre latão, aço e aço fundido.

Ligas dos metais pesados

Ligas de cobre - Para aumentar as propriedades do metal de base cobre, são adicionadas ligas
de outros metais, como o zinco e o estanho. As ligas de cobre possuem cores diferentes, conforme o
metal que entra na liga e a proporção em que é adicionado. As ligas de cobre mais importantes são:
latão, bronze e latão roxo.

Latão

É uma liga de cobre e de zinco com um teor mínimo de 50% de cobre.

Cobre Zn

Latão:
tomback, latão especial

Fundição Laminados
Fundição em areia Chapas
Fundição em coquilha Tiras
Barras maciças
Tubos
Arames
Peças de pressão
Barras perfiladas

Quadro 3 – Produção do latão

SENAI-RJ 93
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Massa específica:
LATÃO 8,5kg/dm3 Classifica-se segundo
Ponto de fusão: 980ºC DIN 1709, 17660, 17661

1. Ligas de fundição (latão fundido) DIN 170

Denominação Abreviatura Composição em % Propriedades Emprego

Cu Adições Zn Especiais

Latão fundido G – CuZn 36 64 Até 3 Pb Boa


condutibilidade

Restante
Latão de fundição G – CuZn 38 62 Até 3 Pb Superfície Instalações
em coquilha brilhante para gás,
água e para
Latão fundido G – CuZn 40 60 Até 2 Pb Superfície indústria
sob pressão brilhante elétrica

A abreviatura: CuZn = Latão


teor de zinco em % = 36
teor de cobre em % = 64

Quadro 4 – Propriedades do latão

O latão é um metal de cor amarela clara ou amarela ouro. As classes do latão são reconhecidas
pela superfície de ruptura ou em sua superfície polida.

É fácil de dobrar e repuxar. Tem resistência maior do que a do cobre (200 - 800 N/mm2).

Aplicação:

Devido à sua boa resistência à corrosão, causada pelo ar e fluidos, o emprego do latão fundido
é muito grande na fabricação de válvulas, torneiras e registros.

Laminado, é empregado na confecção de chapas, perfis de qualquer forma ( , , ) e tubos de


radiadores.

Bronze

Os bronzes são ligas com conteúdo de 60% de cobre e de um ou vários elementos de liga. O
Quadro 5 mostra os diversos tipos de bronze. Os bronze podem ser classificados em ligas fundidas e
ligas laminadas.

Propriedades e aplicações

As ligas variam entre macias e duras. Resistem muito bem à corrosão. Devido à sua fácil fusão,
são empregadas na fabricação de sinos, buchas e peças hidráulicas. Laminado, é empregado na
fabricação de molas, partindo de tiras e de arames estirados a frio.

94 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Bronze ao estanho: 4 a 20% de estanho.

É dúctil e elástico, duro e resistente à corrosão.

Bronze ao chumbo: Até 25% de chumbo.

Boa característica de deslizamento, autolubrificante.

Para a construção de buchas.

Bronze ao alumínio: 4 a 9% de alumínio.

Resistente à corrosão e ao desgaste. Para buchas, parafusos sem-fim e rodas-dentadas.

Bronze
ao estanho
fósforo
ao alumínio
ao chumbo
ao silício
ao manganês
ao berílio

Ligas de laminação Ligas de fundição

Quadro 5 – Ligas de bronze

Densidade 7,6 - 8,8kg/dm3


Ponto de fusão 900 - 1000ºC
Resistência à tração 350 - 770N/mm2

Exemplos da normalização DIN

Cu Sn 6

6% de estanho

94% de cobre

Lg - Pb Sn 9 Cd

Para buchas:

9% de estanho

SENAI-RJ 95
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

= 0,5% de cádmio

= 14% de antimônio (Sb)

= 76,5% de chumbo

Cu Al 8 Fe F45

89% de cobre

8% de alumínio

≅ 1% de ferro

F45 - Resistência à tração = 450 N/mm2

Latão vermelho (Bronze ao zinco)

O latão roxo é uma liga de cobre, estanho e zinco onde o componente predominante é o cobre.

É resistente à corrosão e ao desgaste. Além disso, resiste bem à pressão.

É empregado na fundição de buchas e na fabricação de peças hidráulicas, tubos e engrenagens


helicoidais.

Normalização

G - Cu Sn 10 Zn

G = Fundido

10% de estanho

≅ 3% de zinco

87% de cobre

Metais leves

Alumínio puro

A Figura 2 mostra o processo de obtenção do alumínio puro por meio da energia elétrica. A
matéria-prima é o minério bauxita, que é submetido a diversos processos para secagem, separação
das impurezas e transformação em óxido de alumínio puro.

Esse produto é transformado em alumínio puro por eletrólise (decomposição por corrente elétrica
em alumínio e oxigênio).

96 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Pode ser transformado em produtos fundidos ou laminados.

Propriedades: é um metal muito macio e muito dúctil. Pode ser identificado pela sua cor branca
prateada. É bom condutor de calor e de corrente elétrica. Tem grande resistência à corrosão e liga-
se muito bem a outros metais.

Densidade 8,6kg/dm3
Ponto de fusão 900 - 1000ºC
Resistência à tração 240 - 650N/mm2

Transformador
Usina

Retificador

4 ... 5 Volts

Gerador

4 toneladas de bauxita

2 toneladas de óxido de alumínio Al2O3

1 tonelada de alumínio

Corrente 50000A e 150000A


Enegia necessária 15000kWh a 16000kWh

Redução do Al2O3 para Al

Células da eletrólise

Fig. 2 – Obtenção de alumínio

Densidade 2,7kg/dm3
Ponto de fusão 658ºC
Resistência à tração 90 - 230N/mm2
Ductilidade 20% ... 35%

Em contato com o ar, o alumínio se recobre de uma camada muito delgada (Al + O) que protege
o metal.

Por causa da sua capacidade de alongamento, é fácil de dobrar, trefilar e repuxar. Pode ser
usinado com grandes velocidades de corte e grandes ângulos de saídas na ferramenta.

SENAI-RJ 97
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Ângulos de saída na ferramenta

Aço rápido γ = 35º ... 40º

Metal duro γ = 30º ... 35º

Velocidade de corte em função do processo em m/min

Tornear Aço rápido 120 - 180m/min


Metal duro 250 - 700
Furar Aço rápido 50 - 200
Metal duro 90 - 300
Fresar Aço rápido 200 - 380
Metal duro Até 1.200

Aplicações: Em função da pureza

Denominações Designação Impurezas Formas Emprego


(em %)

Alumínio puro 99,8 Al 99,8 0,2 Produtos químicos


para altas
exigências

Produtos
Alumínio puro 99,5 Al 99,5 0,5 químicos,
eletrotécnica,
Em construções
semiprodutos, navais
como: chapas,
tiras, tubos, Usos gerais,
perfis, peças exceto peças
Alumínio puro 99 Al 99 1 prensadas, sujeitas à ação
arames de agentes
e barras químicos, por
exemplo: baterias
de cozinha

Alumínio extrapuro Al 99,99 0,01 Usos químicos,


99,99 joalheria

Ligas de alumínio

Quando o alumínio é ligado a outros metais, obtêm-se ligas de alta resistência e dureza, enquanto
suas maleabilidade e condutividade elétrica diminuem.

98 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

As ligas de alumínio com cobre, zinco, magnésio e silício podem ser submetidas a um tratamento
especial de têmpera. Esse processo aumenta a dureza e mais ainda a resistência à tração (duas
vezes).

As ligas podem ser classificadas em: ligas de laminação e de fundição.

Ligas de alumínio de laminação

Por laminação, trefilação e trabalho com prensa, essas ligas são transformadas em chapas, tiras,
barras e tubos.

Ligas de alumínio fundido

São transformadas em peças fundidas em areia, coquilha e sob pressão. As peças moldadas sob
pressão são obtidas injetando-se o metal liquido a alta pressão em moldes de aço. Este processo é
aplicado para peças de alta precisão e boa resistência à tração.

Mg Cu Alumínio Si Mn Zn

LIGAS DE ALUMÍNIO

Ligas de laminação Ligas de fundição

Chapas, tiras, barras Fundição em areia,


maciças, tubos, arames, Fundição em coquilha
barras, perfilados, Fundição sobre pressão
peças prensadas,
peças forjadas

Quadro 6 – Ligas de alumínio

Normalização de ligas laminadas (DIN 1725)

Al Cu Mg ± 4% Cu Peças leves para


0,2 – 1,8% Mg alto esforço mecânico
Restante Al

Al Mg Si 0,6 – 1,6% Mg Alta resistência


0,6 – 1,6% Si à corrosão para
Restante Al soldar e polir

SENAI-RJ 99
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Normalização de ligas fundidas (DIN 1725)

G - Al Si 10 Mg 9 - 11% Si
0,2 - 0,4% Mg

Alta resistência (220N/mm²) para soldar carcaças de motores e engrenagens

G - Al Mg 10 9 - 11% Mg

Para peças da indústria química e aeronáutica

Oxidação anódica

Permite melhorar a resistência à corrosão de certas ligas de alumínio. Na oxidação anódica, as


peças de metais leves recebem, depois de sua elaboração, uma camada protetora de óxido reforçado
por oxidação elétrica. Esta camada é muito dura e resiste muito bem a intempéries. As chapas das
ligas Al Cu Mg são recobertas com uma fina camada de alumínio puro ou de uma liga isenta de cobre,
por laminação a quente, para que não escureça.

Magnésio

Quem não já ouviu falar em roda de magnésio para veículos? O magnésio ficou muito famoso
com isso. Na realidade os projetistas buscam sempre melhorar estéticas e eficiência do veículo;
assim surgiram as rodas de liga leve, que em sua maioria utilizam uma liga composta por alumínio
(para menor peso), silício e ferro (para ganhar resistência), entre outros metais, inclusive o magnésio,
em razão da sua baixa densidade (30% menos pesado que o alumínio), além de ser bastante resistente.

O magnésio puro não pode ser empregado como material para construção, somente suas ligas
encontram aplicações industriais.

Ligas de magnésio

δ = 1,74 kg/dm³). O magnésio puro não pode ser empregado como


O magnésio é um metal leve (δ
material para construção, somente suas ligas encontram aplicações industriais.

As ligas são obtidas com resistência satisfatória com adições de alumínio, de zinco e de silício.
Podem ser soldadas e se fundem facilmente. Têm muitas aplicações na industria sob a denominação
de elétron.

Para melhorar a resistência à corrosão, as peças de ligas recebem um tratamento depois de


usinadas num banho de ácido nítrico e dicromato de álcalis, que forma em sua superfície uma capa
amarelada.

100 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Os cavacos finos que são produzidos durante a usinagem, acumulando-se


em grande quantidade, podem inflamar-se e provocar incêndio. Para esfriar
os cavacos de magnésio usa-se areia, cavacos de ferro fundido; jamais
água.

Normalização de ligas de magnésio (DIN 1729)

Mg Al 6Zn 5,5 - 7% Al
Liga laminada 0,5 - 1,5% Zn
Restante Mg
G - Mg Al 16 5,5 - 6,5% Al
Liga fundida 0,15 - 0,3% Mn
Restante Mg

Os cavacos finos que são produzidos durante a usinagem, acumulando-se


em grande quantidade, podem inflamar-se e provocar incêndio. Para esfriar
os cavacos de magnésio usa-se areia, cavacos de ferro fundido; jamais
água.

Al Zn Magnésio Mn Si

Ligas de magnésio

LIGAS DE LAMINAÇÃO LIGAS DE


FUNDIÇÃO
Chapas, tubos, barras e
perfis maciços, arames, Fundição em areia,
peças prensadas, peças Fundição em coquilha
forjadas Fundição sobre pressão

Quadro 7 – Ligas de magnésio

SENAI-RJ 101
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Normas e Tabelas

TABELA 1 - Metais não-ferrosos


METAL CARACTERÍSTICAS EMPREGOS MINÉRIO

É de cor vermelha, funde-se É usado em condutores e

Calcopirita
a 1082ºC e tem densidade de equipamentos elétricos,

Calcosina
8,94; macio, dúctil e serpentinas para refrigeração e
Cobre
(Cu)

maleável.Trabalhando a frio, aquecimento, ligas de bronze e


torna-se duro (encruado), latão. Contra-indicado para
é bom condutor do calor e da utensílios domésticos, por ser
eletricidade. venenoso.

É de cor branca, funde-se Usado em chapas para


a 658ºC e tem densidade de coberturas, utensílios
Alumínio

Bauxita
2,65. Leve, macio, dúctil e domésticos, construções
(Al)

maleável, bom condutor do aeronáuticas e ligas com


calor, da eletricidade e cobre, aço e outros metais.
inalterável ao ar, hidrogênio e
enxofre.
Antimônio

Estibinita
É de cor branca azulada; Tem grande aplicação no
(Sb)

funde-se a 630ºC e tem endurecimento de ligas de


densidade de 6,62. É frágil, estanho e chumbo para ligas
mau condutor do calor. de imprensa e metal antifricção.

É de cor cinza brilhante; Utilizado em acumuladores


funde-se a 327ºC e tem elétricos, projetis de caça, para
densidade de 11,34. Oxida-se obtenção do zarcão, resistências
Chumbo

Galena
facilmente em contato com o ar; elétricas e proteção na
(Pb)

macio, flexível, maleável, pouco irradiação da energia atômica


tenaz e pouco dúctil, mau e raios-X. É usado na liga de
condutor do calor e eletricidade. estanho (solda fraca). Não
Resiste à corosão da água, deve ser utilizado em utensílios
ácidos sulfúricos e clorídricos. domésticos, por ser venenoso.

É de cor branca; funde-se Como revestimento, é usado


Cassitrita
Estanho

a 232ºC e tem densidade de nos fios de cobre e na folha-de-


(Sn)

7,3. É macio, pouco dúctil flandres. Embalagens de


e pouco tenaz, maleável produtos alimentícios, ligas de
e resiste à corosão. bronze, solda fraca e metal
antifricção.

É de cor branca azulada É usado na galvanização de


funde-se a 419ºC e tem arames, chapas de aço macio,
Calamina

densidade de 7,12. É frágil, ligas de latão, peças fundidas


Blenda
Zinco
(Zn)

bom condutor de calor e sob pressão, pilhas, clichês etc.


eletricidade, oxida-se
lentamente em contato com o ar
úmido.
É dúctil e maleável, quando
aquecido de 100 a 150ºC.
alotrópica

É de cor preta metálica luzidia, É usado em tijolos refratários,


carbono
Forma
Grafita

apresenta-se em lençóis lápis-bastões e escovas para


do

argilosos. É muito mole, dínamos e motores. Misturado


infusível e insolúvel em todos com graxa, é um bom
os dissolventes. lubrificante.

102 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 2 - Ligas de metais não-ferrosos

LIGA COMPOSIÇÃO CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

Bronze comum 88,0% cobre É de cor avermelhada; densidade


12,0% estanho de 8,6, funde entre 900°C a 1000°C;
usado em casquilhos para mancais
de baixa rotação.

Bronze para máquinas 84,0%cobre Usado para casquilhos em geral,


13,0%estanho nos mancais de velocidade média
0,5% chumbo e para peças fundidas.
2,0% zinco

Alumínio fundido 87,0% alumínio Resistente a corrosão, de fácil fundição,


13,0% silício usado em estruturas complexas
e de grandes dimensões.

Alumínio para pistões 92,0% alumínio Usado para pistões e cilindros


4,0% cobre que trabalham a quente.
2,0% níquel
1,5% manganês

Alumínio para perfilado 94,5% alumínio Usado para forjar, laminar e repuxar
5,0% manganês utensílios domésticos e ornamentais.
0,5% magnésio É fornecido em chapas e perfis diversos.

Bronze fosforoso 89,7% cobre Resistente ao desgaste; usando para


10,0% estanho casquilhos de responsabilidade e peças
0,3% fósforo fundidas de pouca espessura.

Chumbo para imprensa 88,0% chumbo


10,0% antimônio Tipos de imprensa em geral.
2,0% estanho

Chumbo para linotipos 79,0%chumbo


16,0% antimônio Usado em linotipo.
5,0% estanho

Chumbo para caças 99,0% chumbo Em formato esférico para caça.


1,0% arsênico

Duro alumínio 92,8% alumínio Usado em construções aeronáuticas,


4,5% cobre automobilísticas e ferroviárias; sua
1,5% magnésio resistência é aproximada ao aço 0,3%C.
0,6% manganês
0,6% silício

Latão comum 72,0% cobre Amarelo dourado com densidade de 8,6,


28,0% zinco funde-se entre 850 a 950°C; usado em
trabalhos de estamparia e repuxo.

Latão para arame 55,0% cobre Fios de uso em geral, telas, peneiras,
45,0% zinco peças de pequeno tamanho
para eletricidade.

Latão perfilado 68,0% cobre É fornecido em barras e chapas


30,0% zinco para usinagem de peças como:
2,0% chumbo pinos, arruelas etc.

Latão ao níquel 55% cobre É facilmente usinável, fornecido em barras


43% zinco e chapas, resistente à corrosão,
2% níquel empregado em maquinas operatrizes.

SENAI-RJ 103
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 3 - Principais características e aplicações típicas das ligas de


alumínio

ESPECIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES TÍPICAS

1050 Alta resistência à corrosão, Indústrias químicas,


excelente conformabilidade, farmacêuticas e alimentícias,
1100 fácil soldagem, boa resposta utensílios domésticos,
à anodização decorativa. refrigeração (trocadores
de calor em geral).

1200 Alumínio comercialmente puro. Indústrias químicas,


Muito dúctil em condições de farmacêuticas e alimentícias,
extrusão. Excelente utensílios domésticos,
resistência à corrosão. refrigeração (trocadores
de calor em geral).

1350 Alta condutibilidade elétrica, Barramentos elétricos.


excelente conformabilidade,
fácil soldagem, excelente
resistência à corrosão.

2011 Excelente usinabilidade, boa Peças usinadas em torno


resistência mecânica, média automático.
resistência à corrosão. Não é
indicado para anodização.

2014 Elevada resistência mecânica Indústria aeronáutica,


e alta ductilidade, média transporte, máquinas e
resistência à corrosão. Boa equipamentos.
usinabilidade.

2017 Boa usinabilidade, alta Peças usinadas, indústria


resistência mecânica e aeronáutica, transporte,
elevada ductilidade. Média máquinas e equipamentos.
resistência à corrosão, boa
conformabilidade.

2024 Muito boa resistência Peças usinadas e forjadas,


mecânica, média resistência indústria aeronáutica,
à corrosão, boa usinabilidade. transporte, máquinas
e equipamentos.

3003 Média resistência mecânica, Tubos para trocadores de calor


alta resistência à corrosão, (radiadores automotivos).
boa conformabilidade, boa Antenas.
soldabilidade.

4043 Ligas de silício utilizadas em Soldagem dos grupos de liga


4047 varetas de solda. 1000, 3000 e 6000.

5052 Boa resistência mecânica, Estruturas, rebites, carrocerias,


muito boa resistência à equipamentos industriais.
corrosão, boa
conformabilidade.

5336 Resistência mecânica superior Rebites, solda, especialmente


à 5052, alta resistência à 5052 entre si e com ligas dos
corrosão, boa grupos 1000, 3000 e 6000.
conformabilidade.

Continua...

104 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Continuação

6060 Média resistência mecânica, Janelas, portas, aros para


muito boa resistência à bicicletas, móveis, divisórias,
corrosão, boa tubos para irrigação.
conformabilidade, excelente
resposta à anodização fosca,
natural e colorida.

6061 Boa resistência mecânica, boa Estruturas, construção naval,


resistência à corrosão, boa veículos e rebites. Indústria
conformabilidade. Média moveleira.
usinabilidade.

6063 Média resistência mecânica, Janelas, portas, fachadas


muito boa resistência à e outros materiais para
corrosão, boa construção civil, aros para
conformabilidade, excelente bicicletas, móveis, divisórias,
resposta à anodização tubos para irrigação.
brilhante.

6082 Alta resistência mecânica, boa Estruturas, carrocerias,


resistência à corrosão, boa embarcações.
conformabilidade.

6101 Boa condutibilidade elétrica, Liga especial para fins elétricos


boa resistência mecânica, boa e barramentos.
resistência à corrosão, boa
conformabilidade.

6261 Alta resistência mecânica, boa Estruturas, carrocerias,


resistência à corrosão, boa embarcações.
conformabilidade.

6262 Alta resistência mecânica, boa Peças usinadas em tornos


resistência à corrosão, boa automáticos, êmbolos para
conformabilidade, ótima freios automotivos.
usinabilidade, apropriada para
anodização decorativa.

6351 Boa resistência mecânica, alta Engenharia estrutural,


resistência à corrosão, boa construção de navios, veículos
conformabilidade, média e equipamentos. Peças usinadas
usinabilidade. em tornos não automáticos.
Forjamento a frio.

6463 Média resistência mecânica, Painéis e frisos para


muito boa resistência à eletrodomésticos e automóveis.
corrosão, boa
conformabilidade, excelente
resposta à anodização
brilhante.

7004 Alta resistência mecânica, boa Estruturas soldadas.


conformabilidade, fácil
soldagem.

7075 Muito alta resistência mecânica, Peças submetidas a altos


média resistência à corrosão, esforços, indústria aeronáutica,
boa forjabilidade, excelente moldes para injeção de plásticos
usinabilidade. e borrachas, componentes de
máquinas.

7104 Alta resistência mecânica, boa Estruturas soldadas.


resistência à corrosão, boa
conformabilidade, apropriada
para anodização decorativa.

SENAI-RJ 105
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 4 - Principais tipos de cobre

DESIGNAÇÃO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES

Cobre eletrolítico Fundido a partir de cobre Aplicações em que se exigem


tenaz (Cu ETP) eletrolítico, contendo no mínimo alta condutibilidade elétrica e
99,90% de cobre boa resistência à corrosão,
(e prata até 0,1%) tais como: na indústria
elétrica, na forma de cabos
Cobre refinado Contendo um mínimo de 99,90% condutores aéreos, linhas
a fogo de alta de cobre (incluída a prata) telefônicas, motores
condutibilidade geradores, transformadores,
(Cu FRHC) fios esmaltados, barras
coletoras, contatos, fiação pra
instalações domésticas e
industriais, interruptores,
terminais, em aparelhos de
rádio e em televisores etc.;
na indústria mecânica, na
forma de peças para
trocadores de calor,
radiadores de automóveis,
arruelas, rebites e outros
componentes na forma de
tiras e fios; na indústria de
equipamento químico,
caldeiras, destiladores,
alambiques, tanques e
recipientes diversos, em
equipamento para
processamentos de
alimentos; na construção civil
e arquitetura, em telhados e
fachadas, calhas e condutores
de água pluviais, cumeeiras,
pára-raios, revestimentos
artísticos etc.

Cobre refinado Fundido a partir do tipo anterior, Embora contendo maior teor
a fogo tenaz contendo de 99,80% a 99,85% no de impurezas, as aplicações
(Cu FRTP) mínimo de cobre (incluída a prata) são mais ou menos
semelhantes às anteriores no
campo mecânico, químico e
construção civil; na indústria
elétrica, esse tipo de cobre
pode ser aplicado somente
quando a condutibilidade
elétrica exigida não for muito
elevada.

Cobre desoxidado Obtido por vazamento em molde, É utilizado principalmente na


com fósforo, de baixo isento de óxido cuproso por forma de tubos e chapas, em
teor de fósforo desoxidação com fósforo, com um equipamentos que conduzem
(Cu DLP) teor mínimo de 99,90% de cobre (e fluidos, como evaporadores e
prata) e teores residuais de fósforo trocadores de calor,
(entre 0,004 e 0,012%) tubulações de vapor, ar, água
fria ou quente e óleo; em
tanques e radiadores de
automóveis; em destiladores,
caldeiras, autoclaves, onde se
requer soldagem, em
aparelhos de ar-condicionado.

Continua...

106 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Continuação

Cobre desoxidado Obtido como o anterior, Aplicações praticamente


com fósforo, de alto com teor mínimo de cobre semelhantes às do tipo
teor de fósforo (e prata) de 99,80% ou 99,90% e anterior.
(Cu DHP) teores residuais de fósforo (entre
0,015 e 0,040%).

Cobre isento de Do tipo eletrolítico de 99,95% a Devido à sua maior


oxigênio (Cu OF) 99,99% de cobre (e prata); conformabilidade, é
processado de modo a não conter particularmente indicado para
nem óxido cuproso nem resíduos operações de extrusão por
desoxidantes. impacto; aplicações
importantes têm-se em
equipamento eletrônico, em
peças para radar, ânodos e fios
de tubos a vácuo, vedações
vidro-metal, válvulas de
controle termostático, rotores e
condutores para geradores e
motores de grande porte,
antenas e cabos flexíveis e em
peças para serviços a altas
temperaturas, na presença de
atmosferas redutoras.

SENAI-RJ 107
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 5 - Ligas de cobre de baixo teor em liga

DESIGNAÇÃO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES

Cobre-arsênio O arsênio é introduzido em teores Na construção mecânica, essa


desoxidado com entre 0,013 e 0,050% com o liga é empregada em
fósforo objetivo de melhorar as trocadores de calor, incluídos
propriedades mecânicas e tubos de condensadores,
temperaturas acima da ambiente e tubulações para instalações de
aumentar a resistência à corrosão distribuição de vapor, em
em determinados meios. sistemas de lubrificação, em
caldeiras, autoclaves e em
caldeiraria de cobre em geral,
onde se requer soldagem mole
ou brasagem. Sua
condutibilidade elétrica é baixa.

Cobre–prata tenaz Contendo 0,02 a 0,12% de prata, Como a prata não reduz sua
que confere maior resistência condutibilidade elétrica, esse
mecânica e maior resistência à tipo de material tem importante
fluência. aplicação na indústria elétrica,
onde se exija alta resistência ao
amolecimento pelo calor, como
em bobinas, lâminas de
coletores, contatos e
interruptores, bobinas de
indução etc. Na indústria
mecânica, devido à sua alta
condutibilidade térmica e maior
resistência ao amolecimento
pelo calor, é empregada na
fabricação de aletas de
radiadores, de outros tipos de
tracadores de calor etc.

Cobre-cádmio Em que o teor de cádmio varia de Empregada principalmente na


(CuCd) 0,6 a 1,0%; apresenta maior indústria elétrica, em cabos
resistência à fadiga e ao desgaste e condutores aéreos de linhas de
elevada resistência ao trólebus, molas e contato,
amortecimento pelo calor. linhas de transmissão de alta
resistência mecânica etc.

Cobre-cromo Com cerca de 0,8% de cromo. Presta-se a tratamento de


(CuCr) endurecimento por precipitação
(aquecimento a cerca de
1.000ºC durante 15 minutos,
resfriado em água e
reaquecimento entre 400ºC e
500ºC, durante tempos mais ou
menos longos), o qual provoca
elevada resistência mecânica.

Cobre-zircônio Contendo 0,10 a 0,25% de zircônio. Também endurecivel por


(CuZr) precipitação. Utilizada
sobretudo na indústria elétrica.

Continua...

108 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

Continuação

Cobre-telúrio Contendo 0,30 a 0,80% de telúrio, o Essa liga alia alta


(CuTe) qual é adicionado ao cobre tenaz ou condutibilidade elétrica a boa
desoxidado com fósforo. usinabilidade; na construção
elétrica é empregada em
terminais de transformadores e
interruptores, contatos,
conexões e outros componentes
de circuitos que exigem aquelas
duas características; na
indústria mecânica, sua
utilização é feita na confecção
de parafusos, porcas, pinos e
peças similares a serem
produzidos em máquinas
automáticas.

Cobre-enxofre Com 0,20 a 0,50% de enxofre. Propriedade e aplicações


(CuS) análogas às do cobre-telúrio.

Cobre-chumbo Com 0,8 a 1,2% de chumbo, Empregada em componentes


(CuPb) adicionado com o objetivo de elétricos que, além de alta
melhorar a usinabilidade do cobre. condutibilidade elétrica, exigem
elevada usinabilidade:
conectores, componentes de
chaves e motores, parafusos
etc.

Cobre-cádmio- Os elementos cádmio e estanho são Empregada em molas e


estanho (CuCdSn) introduzidos em teores de contatos elétricos; cabos
aproximadamente 0,8% para o condutores de ônibus elétricos,
primeiro e 0,6% para o segundo. eletrodos para solda elétrica
etc.

SENAI-RJ 109
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 6 - Principais aplicações dos latões

Cobre-zinco 95-5 Devido à sua elevada conformabilidade a frio, é utilizado


para pequenos cartuchos de armas; devido a sua cor
dourada atraente, emprega-se na confecção de medalhas e
outros objetos decorativos cunhados, tais como emblemas,
placas etc.

Cobre-zinco 90-10 Também chamado bronze comercial; de características


semelhantes ao tipo anterior, suas principais aplicações
estão na confecção de ferragens, condutos, peças e objetos
ornamentais e decorativos tais como emblemas, estojos,
medalhas etc.

Cobre-zinco 85-15 Também chamado latão vermelho; características e


aplicações semelhantes à liga anterior.

Cobre-zinco 80-20 Ou latão comum, com aplicações semelhantes à liga anterior.

Cobre-zinco 70-30 Também chamado latão para cartuchos – combina boa


resistência mecânica e excelente ductilidade, de modo que é
uma liga adequada para processos de estampagem; na
construção mecânica, as aplicações típicas são cartuchos
para armas, tubos e suportes de tubo de radiadores de
automóveis, carcaças de extintores de incêndio e outros
produtos estampados, além de pinos, parafusos e rebites.
Outras aplicações incluem tubos para permutadores de calor,
evaporadores, aquecedores e cápsulas e roscas para
lâmpadas.

Cobre-zinco 67-33 Embora apresente propriedades de ductilidade ligeiramente


inferiores ao tipo 70-30, as aplicações são idênticas.

Cobre-zinco 63-37 Na fabricação de peças por estampagem leve, como


componentes de lâmpadas e chaves elétricas, recipientes
diversos para instrumentos, rebites, pinos, parafusos,
componentes de radiadores etc.

Cobre-zinco 60-40 Também chamado de metal Muntz – esta liga de duas fases
presta-se muito bem a deformações mecânicas a quente. É
geralmente utilizada na forma de placas, barras e perfis
diversos ou componentes forjados para a indústria
mecânica; na indústria química e naval, emprega-se na
fabricação de tubos de condensadores e trocadores de calor.

110 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 7 - Principais aplicações do bronze

CuSn 98-2 Devido à sua boa condutibilidade elétrica e melhor


resistência mecânica que o cobre, é empregado em contatos,
componentes de aparelhos de telecomunicação, molas
condutoras etc.; em construção mecânica, como parafusos
com cabeça recalcada a frio, tubos flexíveis, rebites, varetas
de soldagem etc.

CuSn 96-4 Utilizado em arquitetura; em construção elétrica, como molas


e componentes de interruptores, chaves, contatos e
tomadas; na construção mecânica, como molas, diafragmas,
parafusos com cabeça recalcada a frio, rebites, porcas etc.

CuSn 95-5 Em tubos para águas ácidas de mineração, componentes


para as indústrias têxteis, químicas e de papel; molas,
diafragmas, parafusos, porcas, rebites, varetas e eletrodos
de soldagem etc.

CuSn 94-6 Mesmas aplicações anteriores em condições mais críticas,


devido à sua maior resistência à fadiga e ao desgaste.

CuSn 92-8 Melhor resistência à fadiga e ao desgaste. Além das


aplicações da liga anterior, emprega-se em discos antifricção,
devido a suas características.

CuSn 90-10 É a liga, entre os bronzes, que apresenta as melhores


propriedades mecânicas, sendo por isso a mais empregada.
Entre algumas aplicações típicas incluem-se molas para
serviços pesados.

TABELA 8 - Principais ligas de bronze para fundição

CuSn 89-11 Contendo 0,10 a 0,30% de fósforo; entre as aplicações,


fósforo pode-se citar engrenagens para diversos fins.

CuSn 88-10 Contendo 1,0 a 3,0% de zinco e 1,0% máx. de chumbo –


zinco 2 utilizada em conexões de grandes tubos, engrenagens,
parafusos, válvulas e flanges.

CuSn 86-6 Contendo 3,0 a 5,0% de zinco e 1,0 a 2,0% de chumbo –


zinco 4,5 chumbo válvulas para temperaturas até 290°C, bombas de óleo e
1,5 engrenagens.

CuSn 87-11 chumbo Contendo 1,0 a 1,5% de chumbo e 0,5 a 1,5% de níquel –
1 níquel 1 buchas e engrenagens para diversos fins.

SENAI-RJ 111
Tecnologia dos Materiais – Materiais não-ferrosos e suas ligas

TABELA 9 – Principais ligas de bronze para mancais

CuSn 85-5 Contendo 83,0 a 86,0% de cobre, 4,0 a 6,0% de estanho,


chumbo 9 zinco 1 2,0% máx. de zinco e 8,0 a 10,0% de chumbo – empregada
em pequenas buchas e mancais.

CuSn 80-10 Contendo 78,0 a 82,0% de cobre, 9,0 a 11,0% de estanho,


Chumbo 10 1,0% de zinco máx. e 8,0 a 11,0% de chumbo – empregada
em mancais para altas velocidades e grandes pressões e em
mancais para laminadores.

CuSn 78-7 Contendo 75,0 a 80,0% de cobre, 2,0 a 8,0% de estanho,


Chumbo 15 1,0% máx. de zinco e 13,0 a 16,0% de chumbo – empregada
para pressões médias, em mancais para automóveis.

CuSn 70-5 Contendo 68,0 a 73,0% de cobre, 4,0 a 6,0% de estanho,


Chumbo 25 1,0 máx. de zinco e 22,0 a 25,0% de chumbo, empregada em
mancais para altas velocidades e baixas pressões.

TABELA 10 – Principais aplicações das ligas cupro-níquel

% de níquel Aplicações típicas

5% Construção naval, em tubos condutores de água do mar, circuitos


de refrigeração a água e serviços sanitários de navios.

10% Tubos e placas de condensadores, aquecedores e evaporadores.


Na indústria naval tem as mesmas aplicações da liga anterior; em
construção mecânica, uma aplicação típica é para cabos e tubos
usados em linhas hidráulicas e pneumáticas.

20% Construção elétrica (resistores, recipientes para transistores, guias


de ondas de radar etc.) e na construção mecânica em recipientes
conformados por estampagem profunda ou repuxamento resistentes
à corrosão, aquecedores de água domésticas; na confecção de
moedas e medalhas cunhadas.

30% Construção naval e indústria química, em placas e tubos para


condensadores em serviços pesados, aquecedores e evaporadores
de água etc.

45% Conhecida com o nome de constantan, aplica-se em elementos de


aquecimento, na indústria elétrica, devido a sua alta resistividade
e independência dessa característica da temperatura.

112 SENAI-RJ
Relação dos materiais
com o meio ambiente
e a saúde
Nesta unidade ...

Toxicidade de materiais

Prevenção e preservação

Reciclagem

Armazenamento

4
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Toxicidade de materiais
Será que existe relação entre os materiais e seus resíduos e o meio ambiente e a saúde? Sem
dúvida que sim! Saber a dimensão dos riscos e seus impactos depende de um maior conhecimento
sobre os resíduos, sobre seus componentes, as estimativas de produção, a sua trajetória da geração
até o destino final e as formas de manuseio e tratamento ao longo da trajetória. Depende, também, de
conhecer o processo de trabalho ao qual estão submetidos os trabalhadores envolvidos de alguma
forma com estes resíduos e o destino final dado a eles.

A norma brasileira ABNT NBR 10004:2004 define resíduos sólidos como:


Resíduos nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos
ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Na mesma norma, a periculosidade de um resíduo é definida como
característica apresentada por um resíduo que, na função de suas
propriedades físicas, químicas ou impacto-contagiosas, pode apresentrar:
a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças
ou acentuando seus índices;
b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma
inadequada.

Resíduos industriais
Resultantes dos processos de produção industrial; podem ser apresentados nas formas de cinzas,
lodos, óleos, metais, vidros, plásticos, orgânicos etc. e podem ou não apresentar periculosidade,

SENAI-RJ 115
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

dependendo das suas características.

Em função de composição, os resíduos industriais podem ser considerados, segundo a norma


ABNT NBR 10004:2004, como:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos classe II - Não perigosos:

• resíduos classe II A - Não inertes.


• resíduos classe II B - Inertes.

Os resíduos perigosos são os que apresentam risco à saúde pública, provocando mortalidade,
incidência de doenças ou acentuando seus índices ou ainda apresentam riscos ao meio ambiente,
quando forem gerenciados de forma inadequada. Exemplo: lodo dos sistemas de tratamento de águas
residuárias de diversos tipos de indústrias, resíduos de limpeza com solvente, pós e fibras de amiantos,
óleo de corte usado etc. Logo, também os inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos e os patogênicos.

A preocupação com os resíduos industriais e com os riscos potenciais de sua disposição inadequada
no ambiente é recente e resultou dos enormes problemas decorrentes desta prática. Nos países
desenvolvidos, os programas de identificação e recuperação de áreas degradadas por resíduos
industriais têm orçamentos gigantescos, da ordem de bilhões de dólares. Apesar disso, a contaminação
química, causadora de graves danos à saúde humana, às estruturas genéticas e de reprodução e ao
ambiente, ainda ocorre atualmente em algumas das mais importantes áreas industriais do mundo.

Os programas considerados importantes para o equacionamento da poluição por resíduos


perigosos se caracterizam por:

• promover a minimização da geração de resíduos perigosos;


• promover e fortalecer a capacitação institucional para o gerenciamento de resíduos perigosos;
• promover e fortalecer a cooperação internacional para o gerenciamento da movimentação de
resíduos perigosos entre fronteiras;

• impedir o tráfico internacional ilegal de resíduos perigosos.

Nos países desenvolvidos, além da implementação de sistemas de tratamento mais eficientes,


existem ações para o estabelecimento de melhores padrões gerenciais para os resíduos industriais.

116 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Segundo a norma brasileira ABNT NBR 10004:2004, toxicidade é a propriedade potencial que o
agente tóxico possui de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em conseqüência de
sua interação com o organismo.

Todo material possui substância tóxica. Não existem substâncias químicas sem toxicidade. Não
existem substâncias químicas seguras, que não tenham efeitos lesivos ao organismo; porém, se forem
tomadas algumas medidas de segurança, como associação da utilização de EPC (Equipamentos de
Proteção Coletiva), de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), de procedimentos operacionais
seguros, além da limitação da dose e da exposição, é possível manipulá-las com segurança.

Em um sentido geral, pode-se dizer que a toxicidade de uma substância é sua capacidade para
causar lesão em um organismo vivo. Uma substância muito tóxica causará danos a um organismo,
mesmo administrada em quantidades muito pequenas; uma substância de baixa toxicidade só produzirá
efeito quando a quantidade for muito grande.

O desenvolvimento industrial pôs o homem em contato com uma infinidade de novas substâncias,
o que, não em poucos casos, trouxe resultados nocivos a seus organismos.

Vias de entrada
O homem, frente a um meio natural, está protegido eficazmente por meio da pele que o cobre
totalmente. A pele é considerada um verdadeiro órgão, e, como tal, tem funções específicas; uma
delas é produzir compostos que anulam a ação de agressivos químicos e microbianos. Nas aberturas
naturais do corpo, a pele troca de aspecto e recebe o nome de mucosa. A propriedade da pele nas
mencionadas aberturas é evitar a entrada de agressivos.

Assim, pois, os produtos tóxicos industriais têm quatro vias fundamentais de entrada:

• pele
• nariz - sistema respiratório
• boca - sistema digestivo
• parenteral - lesão de pele

A pele perde sua continuidade nos olhos, que também se pode considerar uma via de penetração
dos tóxicos.

SENAI-RJ 117
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Prevenção e preservação
Muito se fala em prevenção e preservação. Inicialmente vem a prevenção; medidas preventivas
são adotadas antecipadamente, visando evitar o dano, tais como:

• educação ambiental
• programa de gerenciamento de resíduos
• redução, reutilização e reciclagem

A prevenção é um ideal a ser alcançado a partir de processos ecologicamente corretos, que,


dentro do possível, auxiliem diretamente no combate aos danos ao meio ambiente, para que este
possa ser preservado de danos e da poluição, cujos resultados são bons para todos.

Do outro lado, o termo preservação, que significa estratégia de proteção dos recursos naturais,
prega a manutenção das condições de um determinado ecossistema, espécies ou área, sem qualquer
ação ou interferência que altere o status quo. Prevê que os recursos sejam mantidos intocados, não
permitindo ações de manejo. Por outro lado, conservação é um conceito desenvolvido e disseminado
nas últimas décadas do século XIX como um relacionamento ético entre pessoas, terras e recursos
naturais, ou seja, uma utilização coerente desses recursos de modo a não destruir sua capacidade de
servir às gerações seguintes, garantindo sua renovação. A conservação prevê a exploração racional
e o manejo contínuo de recursos naturais, com base em sua sustentabilidade.

Em outras palavras, preservar significa manter intactos os recursos naturais; conservar significa
explorar de forma sustentável.

Hoje, diferente de ontem, a consciência de prevenção e preservação está cada vez mais forte,
não só porque vivemos em um planeta onde as fontes são esgotáveis, nem todos os resíduos são
reciclados e principalmente o aumento da demanda vem acarretando o despertar para o problema.

Assim, é preciso reciclar! Mas você sabe o que é reciclar? É muito simples! É pensar antes de
comprar, pois 40% do que nós compramos é lixo. São embalagens que, quase sempre, não nos servem
para nada, que vão direto para o lixo, aumentando nossos restos mortais no planeta.

Poderia ser diferente? Tudo sempre pode ser melhor. Pense no resíduo da sua compra antes de
comprar. Às vezes um produto um pouco mais caro tem embalagem aproveitável para outros fins.

118 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Estes são os 3 Rs:


• Reduzir.
• Reutilizar.
• Reciclar.

Os três Rs podem ser praticados assim:

• Reduzir o desperdício.
• Reutilizar sempre o que for possível antes de jogar fora.
• Reciclar, ou melhor: separar para a reciclagem, pois, na verdade, o individuo não recicla. Os
artesãos, por exemplo, reutilizam o material quando fazem bolsas de PET, cestaria de papel
jornal etc.

O termo reciclagem, tecnicamente falando, não corresponde ao uso que fazemos dessa palavra,
pois reciclar é transformar algo usado em algo igual, só que novo. Por exemplo, uma lata de alumínio,
após o consumo do conteúdo, é transformada, através de processo industrial, em uma lata nova.
Quando transformamos uma coisa em outra, isso é reutilização. O que nós, como indivíduos, podemos
fazer, é praticar os dois primeiros Rs: reduzir e reutilizar.

Quanto à reciclagem, o que nós devemos fazer é separar o lixo que produzimos e pesquisar as
alternativas de destinação ecologicamente corretas, que estejam mais próximas. Pode ser uma
cooperativa de catadores ou até uma instituição filantrópica que receba material reciclável para
acumular e comercializar.

O importante é pensar sobre os 3 Rs procurando: evitar o desperdício, reutilizar sempre que


possível e, sobretudo, preciclar! Pensar antes de comprar. Pensar no resíduo que será gerado. Pensar
que a historia das coisas não acaba quando as jogamos no lixo, tampouco acaba aí a nossa
responsabilidade!

Doze coisas que qualquer um pode fazer


1. Precicle - pense, antes de comprar, no poder que temos de defi-
nir o mercado.
2. Precicle - pense, antes de comprar, se a embalagem pode ser
reutilizada.
3. Precicle - prestigie, escolha, antes de comprar, o fabricante que
demonstra maior responsabilidade social e ambiental.
Continua ...

SENAI-RJ 119
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Continuação

4. Informe-se sobre o trabalho dos catadores de sua cidade e sobre


as ações sociais.
5. Separe o lixo reciclável em um saco separado do lixo comum. Na
dúvida se é reciclável ou não, separe. Se não for, a cooperativa
deverá dar destino adequado ao material.
6. Separe, mesmo se não houver coleta diferenciada e o que você
separou for no mesmo caminhão com os outros materiais. Em algum
ponto do trajeto, até o lixão, ou mesmo lá, infelizmente, é possível
que esse material separado seja resgatado por algum catador de-
sorganizado.
7. Enxágüe - Antes de colocar no saco, dê uma enxaguada na em-
balagem para não atrair animais e insetos na sua casa.
8. Transporte - Se houver uma cooperativa próxima a você, trans-
porte os resíduos recicláveis para lá, mesmo se eles interessarem
por todos os materiais.
9. Sugira no seu condomínio ou entre os seus vizinhos que adotem
o mesmo comportamento.
10. Leve a sua própria sacola de compras, caso não tenha uso
para os milhares de saquinhos plásticos em que transportamos as
compras.
11. Utilize os dois lados do papel.
12. Não jogue pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, restos de
solventes, tintas e outros resíduos tóxicos no lixo domiciliar nem no
ralo da pia. Informe-se com a companhia de limpeza publica de sua
cidade sobre a destinação correta para estes produtos.

Reciclagem
O movimento de tomada de consciência ambiental, surgido no final do século XX, cunhou um
novo paradigma de produção e consumo sustentável de materiais que deve se tornar um imperativo
para o século XXI. Nesse novo paradigma, a reciclagem se apresenta como uma solução importante
para prolongar a vida dos recursos não renováveis. Critérios de reciclabilidade passam, assim, a fazer
parte da escolha de materiais para produtos e processos no desenvolvimento de novos projetos
industriais.

120 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Na esteira da gestão da qualidade, a gestão ambiental passa a ser normatizada e se torna fator
de competitividade; a reciclagem passa a fazer parte da gestão ambiental da produção, como destino
final mais correto a ser dado aos resíduos industriais, assim como aos componentes e produtos em fim
de vida.

A reciclagem de produtos em fim de vida, pós-consumo, é, contudo, uma atividade complexa em


termos técnicos, econômicos e sociais, além de nem sempre ser uma solução sem riscos ambientais,
apesar de ser altamente difundida dentre as propostas de desenvolvimento sustentável. A reciclagem
e o desenvolvimento sustentável têm em comum o fato de ambos exigirem não apenas mudanças
tecnológicas, mas, sobretudo, mudanças de atitudes, tanto políticas como culturais.

A associação desses dois termos pressupõe mudanças radicais que vão constituir os alicerces
da construção de um novo paradigma sócio-técnico e econômico em que um mercado de produtos
duráveis e recicláveis ocupará o lugar do atual mercado de consumo em massa de produtos
descartáveis.

É certo que não existe solução única para todos os problemas ambientais,
mas a reciclagem, mesmo sem operar milagres, é a alternativa mais viável a
curto e médio prazos. A taxa de reciclabilidade já vem sendo amplamente
utilizada na seleção de materiais em novos projetos de produtos na Europa,
por força da sua legislação ambiental sobre ecoconcepção e reciclagem
de embalagens, veículos e equipamentos elétricos e eletrônicos.

A pesquisa de soluções de engenharia de menor impacto ambiental tornou-se um elemento


importante na competitividade de setores tão diversos como embalagens, eletroeletrônicos e automóveis.
Pode-se dizer ainda que a tomada de consciência ambiental em nível mundial tornou os materiais mais
visíveis para os consumidores.

Hoje todos querem saber do que é feito o produto que estão consumindo, pelo menos para se
assegurarem de que ele não faz mal à sua saúde. Nesse contexto, os produtos "verdes", feitos de
materiais "verdes" e/ou através de processos "verdes", já criaram seu mercado, dito ecológico ou
biológico. Esse mercado, que surgiu nos anos 1970 como alternativo e de produção em pequena
escala, se expande e assume dimensões globais. Alimentos biológicos, carros elétricos, a álcool ou a
biodiesel, embalagens recicláveis são exemplos de uma longa lista que cresce a cada dia.

Essa tomada de consciência fez também evoluir a regulamentação ambiental, que vem forçando
as empresas a considerar as questões ambientais nas suas atividades em nome da responsabilidade

SENAI-RJ 121
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

social. Assim, a produção industrial começa a ser administrada não só em termos técnicos e econômicos
mas também ambientais.

Inaugura-se a era da "produção limpa", na qual a gestão ambiental está ligada à gestão da
qualidade, na medida em que todo desperdício (resíduo) é visto como custo da não-qualidade. Mas a
maior vantagem da reciclagem é permitir fechar o ciclo de vida dos materiais fazendo-os retornar a
novos produtos, como matéria-prima secundária, com grande economia de energia e de recursos
naturais primários.

O desafio maior é acompanhar a evolução dos materiais para melhor gerenciar seus ciclos de
vida. Por outro lado, é necessário haver desenvolvimento articulado das técnicas e processos de
tratamento de resíduos, separação e reciclagem de produtos em fim de vida. A gestão sustentável dos
materiais envolve, assim, a intervenção no ciclo de vida dos materiais, tal como ele se apresenta hoje,
para buscar em cada etapa eliminar perdas, rejeitos, emissões etc. no sentido de uma produção sem
retornos ao meio ambiente. O ideal seria produzir em um sistema fechado com reciclagem ao longo
de todo o ciclo. O fluxo fechado de materiais funcionaria como na Figura 1; nele, a extração de
matérias- primas primárias só ocorreria em função de um aumento do nível geral de produção, pelo
crescimento do mercado mundial.

Reciclagem
de resíduos Tratamento
e efleuntes Transformação de efluentes
metalúrgica
e química

Indústria Materiais
extrativa mineral de engenharia

Tratamento
de efluentes

Materiais reciclados

Peças
e componentes

Reciclagem de sucata Reciclagem


(peças e produtos) de resíduos
Produtos
manufaturados

Fig. 1 – Fechando o ciclo dos materiais pela reciclagem

122 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Repensar o ciclo de vida dos materiais e reconcebê-lo em bases mais sustentáveis não é, contudo,
tarefa simples nem evidente. Requer conhecimentos e informações múltiplos nem sempre disponíveis
e que devem ser buscados caso a caso para cada projeto ou reprojeto de produto no qual se deseja
intervir. Isto significa que a gestão sustentável da produção de materiais requer um amplo sistema de
informações em todos os níveis de produção e consumo, a saber: das técnicas de extração e
beneficiamento de minérios, dos processos de transformação metalúrgica e química para produção
de materiais, da produção de peças e componentes, da montagem de produtos, reciclagem ou descarte
final, incluindo, em todas as fases, o consumo de energia e de materiais, os custos de transporte e
armazenamento (Medina, 2005).

O cenário atual da reciclagem


De uma maneira geral pode-se dizer que a reciclagem é uma atividade tão antiga quanto a
própria metalurgia. Na Idade Média, por exemplo, as armaduras e armas dos vencidos eram recicladas
pelos vencedores por razões econômicas. Mas a noção de economizar os recursos naturais do planeta
só surgiu no último quartel do século XX. E, em menos de 20 anos, passou a ser uma atividade
industrial com vantagens econômicas, ambientais e sociais.

Atualmente a reciclagem é importante para economizar o planeta, gerar empregos e renda e


melhorar a qualidade dos processos industriais. Ela é uma atividade moderna em franca expansão em
todo o mundo e, como tal, vem sendo bastante supervisionada, em termos técnicos, e regulamentada,
em termos ambientais, até mais do que as empresas de ramos tradicionais da produção de matérias-
primas, como a siderurgia, a metalurgia e a petroquímica.

O mercado de reciclados, ou matérias-primas secundárias, sofre a pressão


da concorrência dos preços das matérias-primas primárias. Esse mercado
precisa então se organizar para garantir um material competitivo em
qualidade e preço.

Regulamentação ambiental e reciclagem

A partir dos anos 1990, programas de gestão ambiental mais amplos vêm sendo estabelecidos
pelas grandes empresas nos moldes dos programas de gestão da qualidade dos anos 1980, incorporando
desde a adoção de tecnologias limpas até políticas de reciclagem. Assim, normas e padrões para

SENAI-RJ 123
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

certificação ambiental (ISO 14000) vieram se somar aos de certificação de qualidade (ISO 9000)
como parte de um processo de normalização e regulamentação ambiental, tornando indústrias, produtos
e processos cada vez mais controlados em termos de exigências técnicas e em termos de mercado.

Aspectos técnicos, econômicos e ambientais


da reciclagem
Existem diversas formas de reciclar produtos e materiais. Diferentes tipos de reciclagem são
utilizados de acordo com o material ou o produto e com as condições técnica e de mercado.

A reciclagem hoje é vista como uma atividade economicamente organizada


e tecnicamente capaz de minorar os impactos ambientais causados pelo
descarte de produtos em fim de vida.

As formas de reciclagem mais utilizadas são a reciclagem energética, química e mecânica.

A reciclagem energética tem estreita relação com a incineração de resíduos. Ela é feita a partir
de uma instalação de combustão de resíduos, mas difere da usina de incineração porque gera um
produto, a energia (eletricidade e calefação), que pode ser vendido ou reutilizado para abastecer
processos.

Esse tipo de reciclagem pode ser bastante vantajoso para a indústria, por prover um certo grau
de auto-suficiência energética, mas tem como grande desvantagem a emissão de poluentes na
atmosfera, que pode ser minimizada através de uma preocupação prévia com o tratamento desse
resíduo. Um exemplo desse processo é a reciclagem de pneus, que será mostrada mais adiante.

A reciclagem química visa recuperar compostos químicos que deram origem aos materiais plásticos
ou seus compósitos. Isso é possível com a quebra parcial ou total das moléculas de resíduos plásticos,
selecionados e limpos, através de reações químicas. Os materiais obtidos exigem tratamento dispendioso
na purificação final.

No Brasil, a reciclagem química é feita para o poli (metacrilato de metila), PET, PP em


párachoques de automóveis (PPE, PA, PC e ABS) em freios e em tanques de combustível (PE). O
objetivo dessa recuperação dos compostos e substâncias químicas é reutilizá-los como matéria-prima
secundária de novos plásticos.

124 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

A reciclagem mecânica consiste na redução de tamanho e reprocessamento dos materiais,


transformando-os em matéria-prima secundária. Esse tipo de reciclagem fecha o ciclo de reciclagem
de um produto, em que ele pode voltar a ser utilizado como matéria-prima para gerar o mesmo
produto que fora ou um novo produto, continuando a contribuir com a indústria.

Limites e tendências da reciclagem de metais

De maneira geral, os metais podem ser reciclados quase indefinidamente sem perda significativa
de suas propriedades. Mas, de fato, a qualidade final do material recuperado depende diretamente da
separação dos componentes das ligas e dos elementos contaminantes destas utilizados em tratamentos
de superfície exigidos pelo uso ao qual se destina o material. Essa degradação pode chegar a fazer
com que esses metais, uma vez reciclados, tenham o mesmo destino dos plásticos, ou seja, percam
seu valor inicial e só encontrem empregos cada vez menos nobres na cadeia produtiva.

O Brasil é o líder mundial de reciclagem de latas de alumínio, com uma taxa de 90%, em 2003,
superior à do Japão e dos Estados Unidos; entretanto, o alumínio reciclado de automóveis, aqui como
no resto do mundo, vai para construção civil e para embalagens; em casos extremos, pode até ser
fundido junto com metais ferrosos de menor valor, como o aço.

Enfim, toda matéria reciclada sofre alguma desvalorização, por perda de suas propriedades
químicas iniciais. Além disso, no caso de produtos ou componentes em fim de vida, há incompatibilidades
entre seus materiais constituintes, mesmo entre os metais, mesmo que sejam bem menores que entre
os plásticos.

Mesmo no caso do aço, que é o material mais facilmente reciclado, há perda de propriedade, por
excesso de elementos residuais presentes na sucata dos automóveis, que não são eliminados pelos
processos de reciclagem atualmente em uso. Isto impede que a maior parte desse material reciclado
retorne ao automóvel.

A evolução da reciclabilidade dos plásticos

A produção de plásticos virgens e reciclados foi a que mais se desenvolveu, do ponto de vista
tecnológico e industrial, nos últimos 10 anos. Junto com o alumínio, foi o material que teve aumento
mais significativo na composição dos veículos nesse período. Sua reciclabilidade e efetiva reciclagem
são crescentes no mundo e no Brasil.

Aqui, é o setor de plásticos que mais fatura com a reciclagem, depois do alumínio, envolvendo
cerca de 500 empresas e mais de R$ 1 bilhão, segundo dados da Plastivida (www.plastivida.org.br).

SENAI-RJ 125
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Em 2004, o setor reciclou mais de 700 mil toneladas de todos os tipos de plástico, empregando dezenas
de milhares de pessoas.

Os plásticos apresentam-se hoje como solução de engenharia para inúmeras aplicações sem as
restrições ambientais que tinham há cerca de 10 anos. Eles são recicláveis e também encontram
aplicações entre os biomateriais. Do ponto de vista dos materiais, pode-se dizer que foram os plásticos
que mais se desenvolveram nesse sentido, reduzindo sua toxicidade e aumentando sua reciclabilidade
e valorização energética em produtos em fim de vida. Ou seja, muitos plásticos fazem parte dos
chamados ecomateriais (materiais concebidos sem substâncias tóxicas, biodegradáveis ou recicláveis).

Os plásticos podem ser submetidos a três formas de reciclagem: mecânica, química e energética.
Na reciclagem mecânica, a mais utilizada, o material é submetido a processos mecânicos (exemplos:
lavagem, moagem e extrusão), e normalmente, ocorre uma perda de propriedade por quebra de sua
cadeia molecular.

Cenários e tendências
Duas fortes tendências vão tornar os cenários nacional e mundial convergentes, ao longo deste
século.

A primeira é a própria evolução tecnológica dos materiais, que vem acontecendo com maior
intensidade, velocidade e abrangência que no século passado. E a segunda é que essa evolução vem
acontecendo no sentido de incorporar novas funções, melhorar ou integrar funções já existentes nos
produtos, o que leva a um cenário de hiperescolha de materiais, como foi previsto por especialistas na
década de 1980. Tem-se hoje, assim, forte tendência a novos desenvolvimentos dos chamados materiais
funcionais. Os produtos ditos bens de consumo duráveis que chegarão ao fim de suas vidas daqui a 5,
15 ou 20 anos terão em sua composição: metais, plásticos e várias possíveis conjugações destes,
como compósitos de matriz polimérica com carga mineral ou com reforço de fibras vegetais ou de
ligas metálicas, além dos materiais nanoestruturados, que devem ser introduzidos em breve.

Em consonância com os avanços dos materiais, a segunda tendência forte é a da evolução dos
processos industriais, no sentido de uma produção "limpa", verticalmente integrada, ou seja, produtos
"verdes", feitos com materiais "verdes" em fábricas "verdes".

126 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

A certificação ambiental tem efeito à jusante e à montante da produção industrial de bens de


consumo finais.

Assim, a busca da sustentabilidade ambiental impulsionada por legislações ambientais e normas


técnicas relacionadas à reciclagem de produtos em fim de vida tornou-se um imperativo em nível
mundial.

Alguns números da reciclagem


• Para reciclar o alumínio, usa-se apenas 5% da energia utilizada
para produzi-lo a partir da bauxita, matéria-prima original.
• Quando o aço é produzido inteiramente a partir da sucata, a
economia de energia chega a 70% do que se gasta com a produção
a partir do minério de origem. Além disso, há redução da poluição
do ar (menos 85%) e do consumo de água (menos 76%), e elimina-
se todo o resíduo decorrente da atividade de mineração.
• O papel do jornal produzido com o papel reciclado requer 25%
a 60% (dependendo do tipo de papel que vai ser feito) menos ener-
gia do que a necessária para obter papel de polpa da madeira. O
papel feito com material reciclado reduz em 74% os poluentes libe-
rados no ar e em 35% os que são despejados na água, além de
reduzir a necessidade de derrubar árvores.
• Na reciclagem do vidro, é possível economizar aproximadamen-
te 70% da energia incorporada ao produto original.
• Com a reciclagem de plásticos, tem-se economizado 86% de ener-
gia em comparação com a produção a partir do petróleo e preser-
va-se essa fonte esgotável de matéria-prima.
• A coleta de latas de alumínio movimenta no Brasil R$ 850 mi-
lhões por ano e envolve - da coleta à transformação - cerca de
2.000 empresas. A ABAL - Associação Brasileira de Alumínio - esti-
ma que cerca de 150 mil pessoas vivam exclusivamente da coleta de
latas de alumínio, em mais de 6.000 pontos de compra de sucata em
todo o país. Em 2002, a reciclagem de latas de alumínio gerou uma
economia de energia de cerca de 1.700 GWh, o que corresponde a
0,5% de toda a energia gerada no país. Esse total atenderia às
necessidades de uma cidade de um milhão de habitantes, como Cam-
pinas (SP).

continua ...

SENAI-RJ 127
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

continuação

• O Brasil reciclou, em 2002, 87% de todas as latas de alumínio


consumidas. Ou seja, foram reaproveitadas cerca de 9 bilhões de
unidades, o que corresponde a 121,1 mil toneladas de latas. Esse
volume representa um crescimento de 2,6% em relação ao desempe-
nho de 2001, quando o Brasil superou o Japão. Desde 1998, quan-
do ultrapassou pela primeira vez o índice dos Estados Unidos (63%
contra 55%), o índice brasileiro vem apresentando crescimento
médio de 10%.

Tempo (aproximado) de decomposição de materiais

A tabela de tempo de decomposição de materiais é um instrumento de sensibilização que,


invariavelmente, faz as pessoas pensarem na sua responsabilidade individual em relação ao lixo. O
tempo de decomposição varia de acordo com as condições do solo ou ambiente em que os materiais
foram descartados. Abaixo relaciono varias tabelas de tempo de decomposição.

TABELA 1 – Tempo de decomposição de materiais

Fonte: Fonte: Fonte: Fonte: Fonte:


Material campanha Comlurb SMA-São DMLU - POA UNICEF
Ziraldo website Sebastião website

Casca de 2 anos 2 a 12 meses


banana
ou laranja
Papel 3 a 6 meses de 3 a vários 2 a 4 semanas 3 meses
anos
Papel
plastificado 1 a 5 anos
Pano 6 meses a 1 ano
Ponta de 5 anos de 3 meses a 1 a 2 anos
cigarro 10 a 20 anos vários anos
Meias de lã 10 a 20 anos
Chiclete 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos
Madeira 13 anos 14 anos
pintada
Fralda mais de 3 anos 600 anos
descartável
Naylon 30 anos
Sacos 30 a 40 anos
plásticos

continua ...

128 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

continuação

Plástico mais de 100 mais de 100 450 anos 450 anos


anos anos
Metal mais de 100 até 50 anos 10 anos 100 anos
anos
Couro até 50 anos
Borracha tempo
indeterminado
Alumínio 80 a 100 anos mais de 1000 200 a 500 anos 200 a 500 anos
anos
Vidro 1 milhão de indefinido mais de 10 mil indeterminado 4 mil anos
anos anos
Garrafas indefinido
plásticas
Longa vida 100 anos
Palito de
fósforo 6 meses

Exemplos de materiais recicláveis no segmento automobilístico

O ferro e o aço, na forma de sucata de automóveis, são utilizados pelas siderúrgicas na


transformação de novas chapas de aço. A grande vantagem desse processo é que a sucata demora
somente um dia para ser processada e transformada novamente em lâminas de aço usadas por
diversos setores industriais – das montadoras de automóveis às fábricas de latas – e há possibilidade
de o material ser reciclado infinitas vezes, sem causar grandes perdas ou prejudicar a qualidade.

No Brasil a reciclagem do ferro e do aço é bem difundida. A Gerdau, por


exemplo, utiliza a sucata como principal insumo em suas atividades no nível
de 75%. A CSN também se utiliza da sucata de automóveis na sua linha de
produção, porque um automóvel contém aproximadamente 450 kg de chapas
de aço. A Belgo Mineira consome, hoje, cerca de 120 mil toneladas de
sucata por mês, metade proveniente de geladeiras e eletrodomésticos e a
outra proveniente da indústria automobilística, mecânica e naval.

Na indústria automobilística, a crescente utilização de plásticos tem como objetivo a redução de


peso e conseqüente aumento da eficiência dos veículos. O principal método de reprocessamento
passa pela desmontagem e recondicionamento de peças, pela trituração e reciclagem de materiais.
No caso dos plásticos, existe uma marcação específica a ser feita em função da grande diversidade
de tipos.

SENAI-RJ 129
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

O principal mercado consumidor de plástico reciclado na forma de grânulos são as indústrias de


artefatos plásticos, que utilizam o material na produção de baldes, cabides, garrafas de água sanitária,
conduítes e também acessórios para automóveis. Os fabricantes de automóveis vêm trabalhando em
conjunto com seus fornecedores, produtores de materiais dos setores químico e siderúrgico, com as
indústrias de reciclagem em novos projetos de automóveis mais recicláveis e para tornar o processo
de reciclagem economicamente mais competitivo.

A reciclagem de pneus era, até alguns anos atrás, reduzida à incineração dos mesmos, com uma
geração de poluentes no meio ambiente; com o avanço tecnológico, surgiram novas aplicações, como
a mistura com asfalto, em concentração de 15% a 25%, apontada hoje nos EUA como uma das
melhores soluções para o fim dos cemitérios de pneus, o processo SIX de transformação em energia,
com a mistura com o xisto, da Petrobras, e outros.

Outras formas de se reciclar os pneus estão sendo desenvolvidas, como a desvulcanização


biológica, em que bactérias que se alimentam de enxofre realizam a desvulcanização, gerando uma
borracha quase virgem, que pode ser adicionada à borracha inicial, na razão de 15%, para a fabricação
de novos pneus, sem perdas.

Outras formas de reciclagem de pneus são apresentadas na tabela a seguir.

TABELA 2 – Formas de reciclagem simplificada

Pneus inteiros Pneus picados

Uso na agricultura Engenharia civil


Barragem para água Combustíveis
Proteção para acidentes Aterros sanitários
Combustível Pirólise
Conter erosão do solo Composto para escória
Reúso ou recapeamento Borracha cortada

As baterias são a maior fonte para a indústria de chumbo secundário. A grade da bateria contém
mais de 90% de chumbo metálico e pode ser imediatamente fundida. Mais de 70% da produção
mundial de chumbo é consumida na manufatura de baterias de chumbo (a maior parte para o setor de
transportes).

130 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

solução eletrolítica

pólo negativo

monobloco de
polipropileno pólo positivo

placa negativa
envelopada

envelope separador
sistema de fixação
placa positiva

Fig. 2 – Esquema de bateria automotiva

O processo atual de reciclagem de chumbo de bateria automotiva utiliza, na sua grande maioria,
a rota pirometalúrgica. Esta, além de exigir um considerável investimento de capital, é potencialmente
poluidora, em razão de emitir gases SOX (SO2, SO4 e outros) para a atmosfera, que é um fator
importante em termos de proteção ao meio ambiente.

Armazenamento
O armazenamento da resíduos é o grande desafio da atualidade, pois nossa sociedade tende a
lidar com o problema da destinação de resíduos "varrendo o lixo para debaixo do tapete". "Longe dos
olhos, longe do coração". "Em qualquer lugar desde que bem longe do meu quintal".

Existem diversos sistemas de gerenciamento de resíduos; sua principal característica deve ser
sua adequação à realidade local, procurando, dentro de critérios técnicos, potencializar a capacidade
dos recursos disponíveis. Isto vale tanto em escala macro – por exemplo, para uma cidade – como
para uma escala mais reduzida, em instituições e empresas.

O primeiro item no estabelecimento de um sistema de gestão de resíduos é a correta identificação


dos resíduos gerados e seus efeitos potenciais no ambiente. De modo geral, um sistema de
gerenciamento de resíduos deve se estruturar da seguinte forma:

1. identificação dos resíduos produzidos e seus efeitos na saúde e no ambiente;

2. conhecimento do sistema de disposição final para resíduos sólidos e líquidos;

SENAI-RJ 131
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

3. estabelecimento de uma classificação dos resíduos segundo uma tipologia clara, compreendida
e aceita por todos;

4. estabelecimento de normas e responsabilidades na gestão e eliminação dos resíduos;

5. previsão de formas de redução dos resíduos produzidos;

6. utilização efetiva dos meios de tratamento disponíveis.

Etapas do sistema de gerenciamento de


resíduos
1. Redução dos resíduos produzidos; deve-se prever todas as formas possíveis de redução na
geração de resíduos. Algumas destas formas são: áreas urbanas – implantação de separação de
resíduos na fonte (coleta seletiva); em instituições e empresas – aquisição correta de qualidades
de produtos, reciclagem de produtos e materiais, redução do uso de material descartável etc.

2. Acondicionamento: deve ser adequado ao manuseio e tratamento a que será submetido o resí-
duo.

3. Acumulação interna: os resíduos devem ser acumulados em recipientes e/ou locais estanques.

4. Transporte interno: o transporte deve ser feito de forma a evitar a ruptura do acondicionamen-
to e disseminação do resíduo.

5. Transporte externo: o transporte de resíduos deve ser feito por veículos que evitem espalhamento
e vazamento dos mesmos.

6. Disposição final dos resíduos: os resíduos devem ser dispostos de forma segura, sem gerar
riscos para a saúde e impactos ambientais. As três formas técnicas de tratamento e destino
final de resíduos utilizadas em todo o mundo são: o aterro sanitário, a compostagem e reciclagem
(usinas de lixo domiciliar) e a incineração.

Aterro sanitário
Segundo Bidone (1999), "o aterro sanitário é uma forma de disposição final dos resíduos sólidos
urbanos no solo, dentro de critérios de engenharias e normas operacionais especificas, proporcionando
confinamento seguro dos resíduos (normalmente, recobrindo com argila selecionada e compactada
em níveis satisfatórios), evitando danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais".
Ele continua:

132 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

"Estes critérios de engenharia mencionados materializaram-se no projeto de sistemas de:

• drenagem periférica e superficial para afastamento de águas de chuva,


• drenagem de fundo para coleta do lixiviado,
• tratamento para o lixiviado drenado,
• drenagem e queima dos gases gerados durante o processo de bioestabilização da matéria
orgânica".

Donde se conclui que um aterro sanitário deve ser construído antes do inicio das operações, para
a implantação da impermeabilização do fundo, coleta e drenagem que impeçam o lixiviado de atingir
o lençol freático. Um lixão remediado poderá se tornar um aterro controlado.

A operação é outro ponto delicado dos aterros sanitários, pois em caso de operação inadequada
o aterro sanitário pode deixar de ser sanitário e até virar um lixão onde não há cobertura e compactação
por falta de equipamento ou mão-de-obra especializada.

Tudo isso é para dizer que o aterro sanitário é imprescindível a curto e a longo prazo. Sabe por
quê? Sinceramente, não acredito em reciclabilidade total. Sempre haverá resíduos sólidos urbanos
que não encontram alternativas de destinação. Ter aterro sanitário é fundamental e imprescindível
para descartarmos adequadamente os resíduos classe 2 e classe 3 que não encontram destino na
cadeia produtiva da reciclagem. Mesmo havendo um bom sistema de coleta seletiva, precisaremos de
aterros sanitários. Não creio que esta tecnologia venha a ser superada. É a tecnologia do "em último
caso". Caso o residuo não possa voltar para a cadeia produtiva de reciclagem por qualquer motivo,
não sendo material perigoso, estamos protegidos pelo sistema de aterro sanitário bem implantado e
bem operado. O aterro só dá pena quando enterra toneladas de materiais que poderiam ter sido
desviados desse destino pelo programa de separação na fonte.

Compostagem
Outro destino interessante é a compostagem. Afinal, a fração orgânica dos resíduos sólidos
urbanos também é reciclável. A compostagem é um método antigo de tratamento de resíduos orgânicos
que imita o processo da natureza, transformando-os em um tipo de adubo (Eigenheer, 1996). Esse
sistema também é complementar ao sistema de separação na fonte.

SENAI-RJ 133
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Outros sistemas
Outros sistemas de tratamento de lixo, como mineralização, incineração, inertização por calor,
usinas e qualquer um que não funcione a partir da separação na fonte, serão sempre paliativos e,
principalmente, problemáticos, pois não contemplam o aprimoramento do principal equipamento do
sistema de gerenciamento de resíduos: o homem, o individuo gerador do resíduo. Mantêm o individuo
pensando que, afinal, "para que separar se temos um sistema milagroso, mágico" (que na verdade é
movido por tecnologias obsoletas e inadequadas importadas por motivação de interesses comissionados
em cifras altíssimas)? "Pra que separar? O mundo é tão grande e os recursos naturais praticamente
inesgotáveis". "Pra que separar? Vou acabar tirando o emprego do triador do lixo (trabalho praticamente
escravo e absolutamente inumano) que nós, no conforto do nosso lar, não tivemos a decência de
separar.

Não, não se trata de um problema cultural, como sempre escuto, mas de um erro de proposição,
de falta de políticas públicas, de ousadia propositiva, enfim, de diretrizes que mantenham firme o
objetivo da sustentabilidade para o planeta em nossas ações, sem desvios de rota na direção do mais
fácil. Não é fácil. E é um trabalho de todos, não apenas da administração pública ou das empresas e
produtores de embalagens, ou do consumidor, ou das escolas, ou dos excluídos. É um trabalho para
ser abordado de forma complexa, um trabalho em conjunto, sem soluções milagrosas. A não ser, é
claro, o milagre da transformação, pois, afinal de contas, nada se perde, tudo se transforma!

E, ao que tudo indica, nós estamos aqui para nos transformar e transformar o mundo!

Código de cores - características dos contêineres apropriados


para a coleta seletiva de lixo

A reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país; o CONAMA


(Conselho Nacional do Meio Ambiente) publicou a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, em que
foi estabelecido o padrão de cores a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem
como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

Padrão de cores

Azul – papel/papelão

Vermelho – plástico

Verde – vidro

Amarelo – metal

134 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Preto – madeira

Laranja – resíduos perigosos

Branco – resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

Roxo – resíduos radioativos

Marron – resíduos orgânicos

Cinza – resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de reciclar.

Na Figura 3 estão apresentadas todas as cores mencionadas na resolução.

Fig. 3 – Padrão de cores de coletores de resíduos

A rotulagem ambiental
A comunicação é a chave para a mudança de comportamento na sociedade moderna em direção
ao desenvolvimento sustentável; o setor produtivo tem dado importantes contribuições através de
mecanismos os mais variados. Um exemplo é a rotulagem ambiental de produtos, que se consolidou

SENAI-RJ 135
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

em diversos paises através das autodeclarações, muitas já ajustadas aos padrões internacionais da
ISO. Atenta à necessidade de normatizar a relação entre produtos e consumidores ou relações B2B
(business to business), a ISO criou a serie de normas 14020. No escopo da ISO, os tipos de rotulagem
ambiental são três, a saber:

• Rotulagem tipo I – programa de Selo Verde


• Rotulagem tipo II – autodeclarações ambientais
• Rotulagem tipo III – inclui avaliações de ciclo de vida

Rotulagem tipo I - NBR ISO 14024

Esta norma "estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de


rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos produtos
e suas características funcionais, e para avaliar e demonstrar sua conformidade. Esta norma também
estabelece os procedimentos de certificação para a concessão do rótulo".

Rotulagem tipo II - NBR ISO 14021


Esta norma "especifica os requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos
e gráficos no que se refere aos produtos. Ela descreve, ainda, termos selecionados usados comumente
em declarações ambientais e fornece qualificações para seu uso. Esta norma também descreve uma
metodologia de avaliação e verificação geral para autodeclarações ambientais e métodos específicos
de avaliação e verificação para as declarações selecionadas nesta norma".

Fig. 4 – Símbolos para identificação de produtos "recicláveis"

Fig. 5 – Símbolos para identificação de produtos "reciclados"


- o valor % indica o conteúdo reciclado

136 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

Rotulagem tipo III - ISO 14025

Esta norma ainda está sendo elaborada no âmbito da ISO. Ela tem alto grau de complexidade,
devido à inclusão da ferramenta avaliação do ciclo de vida. A percepção é de que ainda há um longo
caminho a ser percorrido para que esse tipo de rotulagem ganhe o mercado, visto que a ferramenta de
ACV ainda não está definitivamente consolidada do ponto de vista técnico.

A experiência brasileira com autodeclarações

As autodeclarações têm ganho destaque no cenário brasileiro para embalagens em geral,


consolidando-se como a melhor interface com o consumidor. Os símbolos mais comuns são:

Alumínio reciclável Aço reciclável Vidro reciclável

Longa vida reciclável Lixo comum (anti-littering)

Fig. 6 – Símbolos empregados em autodeclarações

Para plásticos, a simbologia mais utilizada segue a Norma NBR 13230 da ABNT. A maior parte
das empresas está utilizando essa simbologia. Ela é muito importante para orientar os programas de
coleta seletiva, especialmente os catadores e sucateiros.

SENAI-RJ 137
Tecnologia dos Materiais – Relação dos materiais com o meio ambiente e a saúde

1 = Poli (tereftalato de etileno)


2 = Polietileno de alta densidade
3 = Poli (cloreto de vinila)
4 = Polietileno de baixa densidade
5 = Polipropileno
6 = Poliestireno
7 = outros

Fig. 7 – Símbolos utilizados para identificação de plásticos

Para papel e papelão, os símbolos da NBR ISO 14021 (tipo II) têm sido seguidos pela maioria
das empresas. É importante ressaltar que o setor de papel influenciou diretamente essas normas
durante sua elaboração. Os símbolos tipo II da ISO foram inspirados na simbologia utilizada pelo
setor, especialmente nos Estados Unidos. Como no Brasil o aspecto social relacionado à coleta seletiva,
através da inserção dos catadores de materiais recicláveis no processo, é fator determinante, estes
símbolos tornaram-se ferramentas indispensáveis no auxilio a atividades desses verdadeiros "agentes
ambientais". Os símbolos são muito importantes nas etapas de coleta seletiva e triagem.

138 SENAI-RJ
Tecnologia dos Materiais – Referências

Referências

CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. 2a. edição, Volume I, II e III. São Paulo : Editora
McGraw-Hill, 1986.

GONÇALVES, Pólita. A reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e


Econômicos. Rio de Janeiro : DP&A: Fase, 2003

SENAI-MG.. Centro Nacional de Tecnologia em Alimentos do SENAI-MG - CETAL/FAM. Materiais


para Construção Mecânica. Uberlândia, 1999.

SENAI-MG. Centro de Formação Profissional Anielo Greco. Materiais para Construção Mecânica.
Divinópolis, 2004.

SENAI-SP. Departamento Regional de São Paulo. Tecnologia e Ensaios dos Materiais. Acordo
de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, 1984.

SENAI-RJ. Materiais, ensaios e tratamentos térmicos. Rio de Janeiro, 2003.

SENAI-RJ. Centro de Referência em Saúde e Segurança. Equipe de Avaliação Ambiental. Higiene


Ocupacional. Agosto de 2004.

SENAI-RJ. Centro de Referência em Saúde e Segurança. Equipe de Avaliação Ambiental. Higiene


Ocupacional. Agosto de 2004.

SENAI-RS. Informações Técnicas Mecânica. 10ª Edição revisada e ampliada. Porto Alegre, CFP
SENAI Artes Gráficas “Henrique d`Ávila Bertuso”, 1996. 260 páginas.

SISINNO, Cristina Lúcia Silveira e OLIVEIRA, Rosália Maria. Resíduos Sólidos, ambientes e
sapude: Uma Visão Multidisciplinar. Rio de Janeiro : Editora Fiocruz, 2000.

VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais. Tradução
Edson Monteiro. Rio de Janeiro : Editora Campus, 1984.

SENAI-RJ 139
Tecnologia dos Materiais – Referências

Sites

www.pcc2339.pcc.usp.br

Comportamento e Propriedades dos Materiais, por Cléber Marcos R. Dias e Vanderley M.


John. Universidade de São Paulo Escola Politécnica.

www.cetem.gov.br

Estudo sobre a reciclagem na indústria automotiva e sua inserção em um ambiente virtual de


ensino.

Dennys Enry Barreto Gomes, UFRJ

www.cempre.org.br

A Rotulagem Ambiental e o Consumidor no Mercado Brasileiro de Embalagens.

www.cempre.org.br

Reciclagem de materiais: tendências tecnológicas de um novo setor.

Heloísa V. de Medina

140 SENAI-RJ
FIRJAN SENAI Rua Maris e Barros, 678 - Tijuca
Federação Serviço Nacional CEP 20.270-903 - Rio de Janeiro - RJ
das Indústrias de Aprendizagem Telefone: (21) 2587-1323
de Estado Industrial do Fax: (21) 2254-2884
do Rio de Janeiro Rio de Janeiro E-mail: GEP@rj.senai.br

Potrebbero piacerti anche