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SÍSMICA 2007 – 7º CONGRESSO DE SISMOLOGIA E ENGENHARIA SÍSMICA 1

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE E REFORÇO SÍSMICO DE UM EDIFÍCIO


REPRESENTATIVO DA ARQUITECTURA MODERNA EM PORTUGAL

H. RODRIGUES H. VARUM A. COSTA


Eng. Civil Prof. Auxiliar Prof. Catedrático
U. Aveiro U. Aveiro U. Aveiro
Aveiro, Portugal Aveiro, Portugal Aveiro, Portugal

SUMÁRIO

Em Portugal, no final da segunda Guerra mundial, uma nova geração de arquitectos emergiu influenciados pelo
movimento de Arquitectura Moderna, reflectindo os princípios da modernidade e inspirados em estilos
internacionais. Nos anos cinquenta foram projectados e construídos em Lisboa inúmeros edifícios baseados nos
princípios da Arquitectura Moderna, com características estruturais particulares que, em certas condições, podem
induzir um comportamento estrutural deficiente, particularmente para solicitações sísmicas. Por exemplo, os
edifícios apoiados em "pilotis", muito frequentes neste estilo arquitectónico, podem originar mecanismos de
comportamento tipo soft-storey, o que torna estas estruturas muito vulneráveis a acções sísmicas.

O recurso a modelos numéricos calibrados em conjugação com normas e recomendações internacionais para a
verificação da segurança sísmica tornam possível a avaliação da vulnerabilidade dos edifícios existentes e o
dimensionamento de soluções de reforço. Para avaliar a vulnerabilidade da tipologia estrutural tipicamente
associado a edifícios em estilo Arquitectura Moderna foi estudado um edifício representativo, localizado em
Lisboa. Na avaliação do edifício foram utilizados os elementos originais de projecto, complementados com
ensaios não destrutivos aos materiais e medição de frequências próprias da estrutura. O edifício foi analisado
com recurso a um programa de análise dinâmica não-linear, VisualANL. Foi avaliada a segurança sísmica do
edifício de acordo com o procedimento patente em recomendações internacionais e é ainda avaliada uma solução
de reforço estrutural, baseada num sistema de contraventamento com dissipadores de energia, tendo em vista a
melhoria do comportamento sísmico global.

1. INTRODUÇÃO

Na história de Portugal têm-se verificado a ocorrência de eventos sísmicos com danos significativos nas
construções. Existem registos históricos de sismos ocorridos em Portugal continental no último milénio nos anos
de 1009, 1356, 1531, 1755, 1856, 1969 [1]. Estes sismos estão, na sua maioria, associados à falha que se
desenvolve desde o arquipélago dos Açores até ao estreito de Gibraltar delineando a fronteira entre as placas
Euro-asiática e Africana. Outros têm origem em falhas localizadas no interior da placa Euro-asiática.

Por este facto, a zona sul do país tem uma maior perigosidade sísmica. Especialmente a região da costa algarvia
e a área metropolitana de Lisboa requerem maior atenção devido à elevada concentração populacional e
densidade de construção. É fundamental a realização de estudos para a avaliação da vulnerabilidade sísmica do
parque edificado, de forma a conhecer as condições de segurança face a eventuais abalos sísmicos e sustentar o
dimensionamento de soluções adequadas de reforço para evitar o colapso de edifícios existente mais vulneráveis.

Com recurso ao programa de análise não-linear de estruturas VisualANL, foi estudado o comportamento sísmico
de um edifício representativo da construção em Arquitectura Moderna, inserido num complexo de cinco
edifícios, localizados em Lisboa.

Para este estudo foram recolhidas as peças escritas e desenhadas dos projectos originais. Da análise destes
elementos concluiu-se que, do ponto de vista estrutural, quatro destes blocos têm um comportamento bastante
similar, estudando-se apenas um. O quinto bloco apresenta características estruturais distintas, nomeadamente a
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presença de elementos verticais mais resistentes demonstrando já algumas preocupações com a acção sísmica no
dimensionamento.

Neste artigo são apresentados os principais resultados das análises não-lineares dinâmicas realizadas sobre o
edifício em estudo, sendo no final tecidas algumas considerações sobre a sua vulnerabilidade sísmica e é ainda
proposta e analisada uma solução de reforço.

2. CASO DE ESTUDO

2.1. Introdução

O edifício estudados encontra-se inserido num complexo de 5 edifícios, localizado na Avenida Infante Santo,
freguesia da Lapa, em Lisboa, foram construídos no início da década de 50 (ver Figura 1).

Figura 1: Vista aérea dos edifícios

A estrutura dos cinco edifícios tem, de uma forma geral, a mesma geometria e materiais. Nos blocos 1 a 4 existe
um corpo anexo de dois pisos, perpendicular ao edifício destinado a estabelecimentos comerciais (ver Figura 2).

a) b) c)
Figura 2: Fotos do edifício em estudo: a) construção; b) fachada; c) perspectiva

Os edifícios desenvolvem-se na direcção noroeste-sudoeste, perpendicularmente à avenida e os corpos onde se


situam os estabelecimentos encontram-se alinhados com a avenida. Os espaços comerciais surgiram, de acordo
com as peças escritas, “para fazer face à necessidade de criar muros de suporte de contenção de terras”.

Todos os edifícios são constituídos por oito pisos destinados à habitação. Não existe andar térreo, estando os
edifícios “suspensos” nos pilares. A tipologia é a mesma em todos os blocos, sendo constituídos por 24 fogos do
tipo duplex. Para acesso vertical, em cada bloco existem três ascensores, um monta-cargas, e uma escada central
de acesso a todo o edifício. O terraço é acessível, no qual existe uma zona coberta de estendais, uma pequena
habitação destinada ao porteiro. Os estabelecimentos comerciais são compostos por um piso de lojas e um piso
de sobrelojas para armazenamento [2].
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Da análise das peças desenhadas e escritas do projecto de estabilidade [3] foram retirados dados importantes a ter
em conta para a correcta compreensão e interpretação do funcionamento estrutural do edifício em estudo.

2.2. Descrição estrutural

A estrutura do edifico em estudo é composta por doze pórticos planos de betão armado, transversais, sendo cada
um constituído por dois pilares e três vigas por piso, duas delas em consola. O dimensionamento estrutural
apenas considerou cargas verticais, desprezando os efeitos dos momentos na base dos pilares. Tendo sido
posteriormente revisto e considerando de uma forma simplificada o efeito das acções horizontais,
correspondendo à acção horizontal imposta pela acção do vento. É referido na memória descritiva do projecto
original que “esta tipologia de edifício está em condições de segurança muito superiores à maioria dos edifícios
de Lisboa”.

Mais tarde foi reconhecido pela equipe projectista a importância das acções horizontais como a acção do sismo,
no dimensionamento da estrutura, tendo sido refeito o projecto original de estabilidade considerando de uma
forma simplificada a acção sísmica, de acordo com um artigo publicado naquela época na revista “Técnica” da
autoria de Maria Amélia Chaves e Bragão Farinha. Assim, foram impostas acções horizontais ao nível dos pisos
proporcionais à massa de cada piso impostas apenas para a direcção transversal. No entanto, as conclusões dos
cálculos levaram a resultados de momentos na base superiores para a acção do vento, quando comparados com a
acção sísmica. Foi ainda considerado no dimensionamento duas juntas de dilatação, no entanto as mesmas não
foram detectadas nas visitas técnicas ao edifício [4].

2.3. Modelos numéricos utilizados

A análise de estruturas sujeitas a acções horizontais, como a acção sísmica, com recurso a ferramentas de análise
não-lineare com consideração do comportamento histérico dos elementos permite a representação mais rigorosa
da resposta sísmica das estruturas.

Para simular o comportamento estrutural do edifício em estudo, foi utilizado o programa de cálculo VisualANL
[5,6], que contempla a não-linearidade em flexão dos elementos de betão armado (pilares e vigas) e a influência
dos painéis de alvenaria.

Cada elemento de betão armado é modelado por um macro-modelo definido pela associação em série de três
elementos finitos, dois com comportamento não linear nas extremidades (rótulas plásticas) e um elemento central
com comportamento linear, como se representa na Figura 3. A curva de comportamento monotónica de cada
secção de betão armado caracterizada através de uma relação tri-linear de momento-curvatura, a que corresponde
a rigidez inicial não fendilhada, a fendilhação do betão e cedência da armadura [5]. As curvas de comportamento
monotónicas foram obtidas com recurso a um modelo de fibras (ver Figura 4), a partir das características
geométricas da secção, quantidade e posição das armaduras e propriedades dos materiais.
Δ5 Δ4
steel element 1
x' concrete el. 1
εcr
y' Δ6 d' ds1
dci
x
M εci
hi
dir
Δ2 l p N h d dsn concrete
element i 1/r

Δ1

Δ3 esq l
lp steel element ns
b concrete el. nc

Figura 4: Modelo de Fibras para elementos de betão


Figura 3: Macro-elemento de barra [5]
armado

O comportamento não linear das rótulas plásticas é controlado através de um modelo histerético, baseado no
modelo de Takeda, desenvolvido por Costa e Costa [7,8], como se ilustra na Figura 5. Este modelo tem a
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capacidade de representar a evolução da resposta de uma secção de betão armado sujeita a acções cíclicas, e
contempla fenómenos como a degradação de rigidez e resistência, efeito de pinching e slipping.
F

7 13

12 13A
2
12A
8 14
23 6 3
− 1 +
18 19 Dy− Dc Dy
22 +
Dc D
21 20 5

17 11
15 4 9

10
16

Figura 5: Regras de histerese para os elementos de betão armado [6]

Para representar os painéis de alvenaria, foi desenvolvido um macro-modelo inspirado no modelo da dupla biela
equivalente (ver Figura 6). O macro-modelo utilizado foi implementado no programa VisualANL [6]. O macro-
modelo representa o comportamento não linear de um painel de alvenaria de enchimento e a sua influência na
resposta global de um edifício de betão armado sujeito a cargas estáticas e/ou dinâmicas.

O comportamento monotónico de cada painel depende das suas dimensões, dimensão e posição de possíveis
aberturas, propriedades dos materiais (tijolo, juntas), qualidade de mão-de-obra, condições de interface entre o
painel e os elementos de betão armado envolventes, e podem ser obtidos por expressões empíricas [9].

O comportamento não-linear de um painel de alvenaria sujeito a cargas cíclicas é controlado através de regras
histéricas, ilustradas na Figura 7, e representa os efeitos mecânicos como a degradação de rigidez e resistência,
efeito de pinching e ciclos internos.

Bielas H
M
G
N

C T
U
Z

Y O D I P
S L F V

Elemento com
comportamento
W E
não-linear X

R
J
K
Q

Figura 6: Macro-modelos para os painéis de alvenaria Figura 7: Regras de histerese para os painéis de
alvenaria [6]

3. MODELAÇÃO ESTRUTURAL

Com este trabalho pretendeu-se investigar o comportamento de um edifício representativo da Arquitectura


Moderna, estudar a sua vulnerabilidade face a acções sísmicas e investigar a eficiência de uma solução de
reforço de forma a melhorar o comportamento face a acções horizontais.

A geometria, dimensões e características dos elementos de betão armado e paredes de alvenaria foram obtidos a
partir do projecto original [3] e verificadas com visitas técnicas ao local [4]. O edifício em estudo tem nove pisos
e a estrutura é composta por doze pórticos planos orientados na direcção transversal (direcção Y, como
representado na Figura 8). O edifício foi analisado com modelos planos simplificados para cada direcção (X –
direcção longitudinal, Y – direcção transversal). Os três pórticos planos tipo tem as mesmas características
geométricas em todos os elementos estruturais (pilares e vigas) sendo apenas diferenciados pelas diferentes
quantidade e configuração da armadura, definindo-se assim três pórticos tipo (A, B e C). Uma característica
particular deste tipo de edifícios é a forte dependência da resposta global devido à ausência de painéis de
alvenaria de enchimento ao nível do rés-do-chão. Além do mais, neste edifício em estudo o rés-do-chão tem uma
altura de 5.5m enquanto todos os restantes pisos tem uma altura média de 3.0m.
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47,40
2,50 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60
0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

0,15
1,00 1,00

3,70
0,30 0,30
1,15

2,55
1,15 3,50 3,50

0,10
1,80
9,55

1,00

1,00
1,70
0,90 1,80 1,80 0,90 0,90 1,80

0,90
11,10
0,30 0,30
2,25 0,80 0,80 2,25

0,40
2,50

0,15
Y

3,55

3,55
0,20 2,45 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50
0,30 0,30 0,30 0,30

4,90
1,35
0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

0,20
2,70 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60

X Figura 8: Planta estrutural tipo

Nos dois modelos planos analisados foi considerado a participação das lajes com uma largura de 1.25m e uma
espessura de 0.2m. Foi considerada a localização detalhada do painéis de alvenaria dos edifícios em ambos os
modelos estruturais. Para a análise do edifício na direcção transversal (Y), foi considerado um modelo
equivalente definido através da associação em “comboio” dos três pórticos tipo, interligados através de bielas
rígidas ao nível dos pisos, como exemplificado nas Figuras 9 e 10. Neste modelo global, as características
geométricas e mecânicas de cada pórtico tipo foram multiplicadas pelo número de ocorrência de cada um dos
pórticos tipo.

Figura 9: Modelo para a análise na direcção Figura 10: Modelo para a análise na direcção
transversal (Y) longitudinal (X)

Para a análise na direcção longitudinal (X), e devido à dupla simetria em planta, foi apenas estudado um quarto
do edifício. Para o modelo global foram utilizados seis pilares ligados em cada piso por elementos que
representam a laje. Não existem painéis de alvenaria no interior dos pórticos na direcção longitudinal, existindo
no entanto painéis exteriores aos pórticos, tendo sido considerado um pórtico externo adicional ligado à estrutura
de betão armado, para simular os painéis de alvenaria existentes nessa direcção (ver Figura 10)

4. CARGAS ESTÁTICAS, MASSA E AMORTECIMENTO

Para a realização das análises numéricas foi considerada uma carga vertical distribuída nas vigas de forma a
simular as cargas permanentes considerando o peso próprio dos elementos de betão armado, painéis de alvenaria
de enchimento, acabamentos e o valor quase-permanente da sobrecarga, tendo um valor médio de 8.0kN/m2.

A massa da estrutura foi considera concentrada ao nível dos pisos. Em cada piso foi considerada a massa dos
elementos de betão armado, painéis de alvenaria de enchimento, acabamentos e o valor quase-permanente da
sobrecarga, tendo um valor médio de 4tons/piso. Foi considerado nas análises numéricas um amortecimento
viscoso de 1% para cada modo de vibração.

5. FREQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO

A primeira validação dos modelos numéricos foi realizada pela comparação das frequências medidas in situ e
das frequências estimadas com os modelos numéricos. Na tabela 1 são apresentadas as primeiras quatro
frequências estimadas numericamente em cada direcção e é indicada entre parênteses a primeira frequência
avaliada experimentalmente em cada direcção medidas experimentalmente com um sismógrafo.
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Foi encontrada uma correlação adequada entre as frequências determinadas experimentalmente (1.17Hz para a
direcção longitudinal e 1.56Hz para a direcção transversal) e as frequências estimadas com os modelos
numéricos (1.08Hz para a direcção longitudinal e 1.75Hz para a direcção transversal), constituindo assim uma
primeira validação do modelo numérico. Na Figura 11 é representado o primeiro modo em cada direcção.

Da análise da forma do primeiro modo em cada direcção, é evidente que a resposta estrutural do edifício às
acções horizontais será dominada por um mecanismo tipo soft-storey. Esta conclusão preliminar será confirmada
com os resultados das análises não-lineares dinâmicas apresentados na secção seguinte.

Tabela 1 - Frequências naturais


Direcção
Frequências Longitudinal Transversal
X (Hz) Y (Hz)
1 1.08 (1.17) 1.75 (1.56)
2 5.67 6.41
3 6.32 8.14
4 8.10 8.80

Figura 11: Modo de Vibração longitudinal e


transversal (f1,X = 1.08Hz e f1,Y = 1.75Hz)

6. ACÇÃO SÍSMICA

Foram adoptadas três séries de sismos para o estudo de vulnerabilidade do edifício em estudo (ver Figuras 12, 13
e 14). A primeira série de sismos (A) utilizados foi gerada automaticamente para representar um cenário de risco
sísmico médio/alto [10], para vários períodos de retorno (Tabela 2). A segunda e terceira séries de sismos (B e C,
respectivamente) foram geradas através de um método de falha finita para simular um provável sismo em Lisboa
[11], calibrado com sismos reais ocorridos em Lisboa. Na tabela 2 são apresentadas as acelerações de pico
correspondentes a cada período de retorno para o sismo A.

Tabela 2 - Período de retorno e correspondente


400 aceleração de pico para a série temporal A
300
Período de retorno Aceleração de pico
Acceleration (cm/s2)

200
100 (anos) (×g)
0
-100 0 2 4 6 8 10 12 14 73 0.091
-200 475 0.222
-300
Time (s) 975 0.294
Figura 12: Acelerograma A 2000 0.380
3000 0.435
5000 0.514
400
500
Acceleration (cm/s2)
Acceleration (cm/s2)

300 200
100
0
-100 0 20 40 60 80 100
0 5 10 15 20 25
-300 -200
-500
-400
Time (s)
Time (s)

Figura 13: Acelerograma B Figura 14: Acelerograma C


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7. RESULTADOS DAS ANÁLISES

Como anteriormente observado na análise e interpretação dos modos de vibração, a resposta da estrutura em
ambas as direcções, revela um comportamento controlado por um mecanismo tipo soft-storey (ao nível do rés-
do-chão). Este comportamento estrutural leva a uma concentração das exigências de deformação ao nível do rés-
do-chão, enquanto que os pisos são sujeitos a exigências de deformação muito inferior. Nas Figuras 15 e 16
apresentam-se os resultados das análises numéricas para a direcção longitudinal e transversal, em termos de
envolvente máxima da deformada lateral da estrutura, máximo deslocamento relativo entre pisos (drift) e esforço
de corte máximo do piso, para cada nível de acção sísmica para o acelerograma A (equivalente ao períodos de
retorno de 73, 475, 975, 2000, 3000 e 5000 anos).
9
9 9
0 1 0

8 "73-yrp"
8 8
"475-yrp"
7
7 7 "975-yrp"
"2000-yrp"
6 6
6
"3000-yrp"

5 5 "5000-yrp"

Storey
5
Storey

Storey

4 4
4

3 3
3

2 2
2

1 1
1

0 0
0
0 100 200 300 0 1500 3000 4500
0 1 2 3 4 5
Displacement (mm) Maximum inter-storey drift(%) Maximum storey shear (kN)

a) b) c)
Figura 15: Resultados para a direcção longitudinal (direcção X) e para o acelerograma A: a) Envolvente da
deformada; b) máximo deslocamento entre pisos (drift); c) perfil de esforço de corte máximo ao nível do piso

9 010 "73-yrp"
9 9
"475-yrp"
8 8
8 "975-yrp"
"2000-yrp"
7 7
7
"3000-yrp"

6 6 "5000-yrp"
6

5 5 5
Storey

Storey
Storey

4 4 4

3 3 3

2 2 2

1 1 1

0
0 0
0 100 200 300 0 1 2 3 4 5 0 2500 5000 7500 10000
Displacement (mm) Maximum inter-storey drift(%) Maximum storey shear (kN)

a) b) c)
Figura 16: Resultados para a direcção transversal (direcção Y) e para o acelerograma A: a) Envolvente da
deformada; b) máximo deslocamento entre pisos (drift); c) perfil de esforço de corte máximo ao nível do piso

Da análise dos resultados obtidos para ambas as direcções, pode concluir-se que as exigências de deformação se
concentram ao nível do rés-do-chão. De facto, a ausência das alvenarias de enchimento ao nível do rés-do-chão e
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a maior altura deste piso (5.5m para o rés-do-chão e aproximadamente 3m para o andares superiores), induz uma
pronunciada irregularidade estrutural em altura, em termos de rigidez e resistência.

Para todos os elementos estruturais (pilares e vigas), e para todas as acções sísmicas consideradas, o esforço de
corte assume valores inferiores à capacidade de corte correspondente, o que assegura a segurança dos elementos
face a estes esforços.

7.1. Curvas de Vulnerabilidade

Nesta secção são comparadas, para as três séries de acelerogramas considerados, as curvas de vulnerabilidade em
termos de deslocamento máximo relativo entre pisos, deslocamento de topo máximo, e esforço de corte máximo
ao nível do rés-do-chão, para a direcção longitudinal e transversal. Nas Figuras 17 e 18 são apresentadas as
curvas de vulnerabilidade para a direcção longitudinal e transversal em termos de deslocamento relativo máximo
entre pisos, obtidos com as análises numéricas. Os resultados demonstram que, para o rés-do-chão, as exigências
de deslocamento relativo máximo são maiores para a direcção transversal, sendo esta mais vulnerável que a
direcção longitudinal. Nas Figuras 19 e 20 são apresentadas as curvas de vulnerabilidade em termos de esforço
de corte máximo no rés-do-chão e nas Figuras 21 e 22 são apresentadas as curvas de vulnerabilidade em termos
de deslocamento máximo do topo dos edifícios.

O esforço de corte ao nível do primeiro piso não aumenta com o aumento da intensidade da acção sísmica a
partir da acção correspondente ao período de retorno de 475 anos, induzindo apenas o aumento da exigência de
deformações, como pode ser observado nos resultados em termos de deslocamento relativo entre pisos e
deslocamento de topo.

Serie A Serie A
6
4.5
4 Serie B 5 Serie B
1st storey maximum Drift(%)
1st storey maximum Drift(%)

3.5
Serie C 4 Serie C
3
2.5
3
2
1.5 2
1
1
0.5
0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

Seismic peak acceleration (xg) Seismic peak acceleration (xg)

Figura 17: Drift máximo ao nível do primeiro piso vs Figura 18: Drift máximo ao nível do primeiro piso vs
aceleração de pico (direcção transversal - Y) aceleração de pico (direcção longitudinal - X)

4000
Serie A
9000 3500
1st storey maximum Shear (kN)

Serie B
8000
3000
1st storey maximum Shear (kN)

7000 Serie C

6000 2500
5000 Serie A
2000
4000 Serie B
1500
3000
Serie C
2000 1000
1000 500
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

Seismic peak acceleration (xg) Seismic peak acceleration (xg)

Figura 19: Esforço de corte máximo no primeiro piso Figura 20: Esforço de corte máximo no primeiro piso
vs aceleração de pico (direcção transversal – Y) vs aceleração de pico (direcção longitudinal – X)
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250 350
Serie A Serie A

Maximum Top Displacement (mm)


300
Serie B Serie B
Maximum Top Displacement (mm)

200
250
Serie C Serie C
150 200

150
100
100

50 50

0
0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Seismic peak acceleration (xg) Seismic peak acceleration (xg)

Figura 21: Deslocamento de topo máximo vs Figura 22: Deslocamento de topo máximo vs
aceleração de pico (direcção transversal – Y) aceleração de pico (direcção longitudinal – X)

7.2. Verificação da segurança

De acordo com as curvas de vulnerabilidade apresentadas para cada uma das séries de acelerogramas, pretendeu-
se verificar a segurança do edifício em estudo. Para isso recorreu-se a algumas recomendações internacionais
como por exemplo o Vision-2000 [12] e o ATC-40 [13].
Na tabela 3 e 4 são apresentados os nível de deformação entre pisos admissíveis, para cada objectivo de
desempenho estrutural, de acordo com as recomendações internacionais ATC-40 e Vision-2000.

Tabela 3 - Limites de deformação entre pisos de acordo com o ATC-40


Estado Limite
Ocupação Controlo de Perda de
Colapso
imediata danos vidas
Vi
Drift Limite 1% 1-2% 2% 0.33 ≈ 7%
Pi

Tabela 4 - Limites de deformação entre pisos de acordo com o Vision 2000


Estado Limite
Completamente Risco de perda
Operacional Colapso
operacional de vidas

Drift Limite 0.2% 0.5% 1.5% 2.5%

Nas Figuras 23 e 24 são apresentadas as curvas de vulnerabilidade em termos de drift máximo ao nível do rés-
do-chão, já apresentadas, mas com a indicação dos níveis de segurança propostos pelo ATC-40 e pelo
Vision2000 (apresentados de forma sumária nas tabelas 3 e 4). Comparando os níveis máximos de drift ao nível
do rés-do-chão com os limites de segurança impostos pelo ATC-40 e pelo Vision-2000, pode concluir-se que
aparentemente se verifica a segurança do edifício na direcção transversal (Y), para as três séries de
acelerogramas consideradas. Para a direcção longitudinal (X), a segurança não é garantida para a série do
acelerograma C.

4.5 Sárie A 6
Série A
4 Série B
1st storey maximum Drift(%)

5 Série B
1st storey maximum Drift(%)

3.5 Série C
Série C
3 AT C-40 4
2.5 VISION-2000 AT C-40
3
2 VISION-2000
1.5 2
1
1
0.5
0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Seismic peak acceleration (xg)
Seismic peak acceleration (xg)

Figura 23: Drift máximo ao nível do rés-do-chão vs Figura 24: Drift máximo ao nível do rés-do-chão vs
aceleração de pico e limites de segurança (direcção aceleração de pico e limites de segurança (direcção
transversal – Y) longitudinal – X)
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8. AVALIAÇÃO DE SOLUÇÃO DE REFORÇO

Para permitir um melhor comportamento sísmico do edifício em estudo é avaliada uma proposta de solução de
reforço que pretende evitar o mecanismo tipo soft-storey. Esta solução tem como objectivo reduzir o nível de
deformações do primeiro piso, através de uma solução baseada num contraventamento metálico em X com um
sistema de dissipação de energia associado (ver Figuras 25, 26 e 27).

A escolha deste sistema de reforço baseia-se na sua eficiência já comprovada na redução do nível de deformação
de edifícios, e por outro lado por ser uma solução que não provoca alterações significativas na arquitectura do
edifício, e por ser ao nível dos rés-do-chão, não tem qualquer implicação na utilização do edifício. Podem ser
propostas diversas alternativas para a localização dos reforços, nomeadamente os vãos exteriores e o vão central
(ver Figura 26 e 27). Foi desenvolvido e implementado um modelo numérico, no programa de cálculo utilizado
(VisualANL) para simular o comportamento não-linear do sistema de dissipação de energia. Após a sua
implementação, o macro-modelo foi calibrado com resultados experimentais de um sistema de dissipação de
energia semelhante que foi testado num ensaio experimental cíclico no reforço de um edifico à escala real [14].
O comportamento e as regras de histerese e os resultados da calibração do novo modelo numérico é apresentado
nas Figuras 28 e 29.

shear-link

brace

Figura 25: Shear-link Figura 27: Disposição do


Figura 26: Possível localização do reforço na
(dispositivo dissipador de reforço na direcção
direcção longitudinal
energia) transversal

200
F
Experiment al
150
Numerical

100

50

Disp. (mm)
0
d -0.03 -0.02 -0.01 0.00 0.01 0.02 0.03
-50

-100

-150

-200

Figura 28: Regras de histerese do dissipador de


Figura 29: Calibração do modelo numérico do
energia do dissipador de energia implementado
dissipador de energia
no VisualANL

Foram estudadas duas soluções de reforço na direcção longitudinal (direcção mais vulnerável, de acordo com a
análise apresentada). Em ambas as soluções foram considerados 12 contraventamentos com sistemas de
dissipação de energia, de acordo com a Figura 26, um primeiro considerando perfis HEB140 e outra solução
considerando perfis HEB120 (ambos com L=60cm). Foram realizadas análises para a estrutura reforçada apenas
para a série de sismos A. A comparação dos resultados em termos de deslocamento relativo máximo entre pisos
SÍSMICA 2007 – 7º CONGRESSO DE SISMOLOGIA E ENGENHARIA SÍSMICA 11

ao nível do rés-do-chão, esforço de corte máximo no rés-do-chão e deslocamento de topo, para a estrutura
original e para as duas soluções de reforço, é apresentada nas Figuras 30, 31 e 32.
6 5000 350
Maximum inter-storey drift at 1st Storey (%)

Original Structure 4500


300

Maximum shear force at 1st Storey (kN)


Strengthened - HEB120
5 4000
Strengthened - HEB140

Maximum top displacement (mm


3500 250
4
3000
200
2500
3
2000 150

2 1500
100
1000

1 50
500

0
0
0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Seismic peak acceleration (g) Seismic peak acceleration (g) Seismic peak acceleration (g)

Figura 30: Drift máximo ao nível Figura 31: Esforço de corte


Figura 32: Deslocamento de topo
do primeiro piso vs aceleração de máximo do primeiro piso vs
máximo vs aceleração de pico
pico aceleração de pico

Como pode ser comprovado pelas curvas de vulnerabilidade apresentadas, as soluções de reforço estudadas têm
uma redução muito significativa das exigências de deformação ao nível do rés-do-chão, cumprindo assim a
função a que se destinava, eliminando a irregularidade que a estrutura original do edifício apresenta, mesmo para
acções sísmicas com intensidade significativa (0.5g). No entanto, a solução de reforço proposta pode ser
optimizada no que respeita ao número, rigidez e resistência dos dispositivos utilizados.

9. CONCLUSÕES

Neste trabalho foi investigada a segurança estrutural de um edifício existente, representativo da arquitectura
moderna. Apesar dos resultados preliminares obtidos indicarem que o edifício garante a segurança, para os
sismos estudados e para os objectivos básicos de acordo com as recomendações internacionais (ATC-40 e
Vision-2000), devem ser realizadas análises adicionais para validar esta conclusão.

As três séries de acelerogramas utilizadas nesta análise poderão não ser totalmente representativas da
perigosidade sísmica de Lisboa. Por outro lado, o nível de dano estrutural não depende exclusivamente da
aceleração de pico máxima, sendo assim preferível utilizar um maior número de registos sísmicos possíveis de
forma a obter a resposta para um maior número de casos.

A avaliação da segurança ao corte foi verificada para todas secções e para todos os sismos. O modelo adoptado
nestas análises não considera a não-linearidade geométrica, que poderá aumentar de forma significativa os
momentos nos pilares e as exigências deformação horizontal. Assim, na avaliação da segurança estrutural face a
acções sísmicas, será importante ter em conta a não-linearidade geometria.

Finalmente, foi proposta uma solução de reforço simples e económica que, como se demonstrou, pode de uma
forma eficaz reduzir significativamente a vulnerabilidade sísmica deste tipo de edifícios, muito vulgares na
cidade de Lisboa. Contudo, um maior número de análises quer de verificação de segurança quer de validação da
solução de reforço deve ser realizada.

10. AGRADECIMENTOS

Este artigo refere investigação realizada com o apoio financeiro da "FCT - Fundação para a Ciência e
Tecnologia", Portugal
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11. REFERÊNCIAS

[1] Carvalho, E. C. (2001) - “Mitigação dos risco sísmico em Portugal. O papel do LNEC” - “Redução da
Vulnerabilidade Sísmica do Edificado”, GECORPA e SPES, pp.57-66.
[2] Rodrigues, H.; Fonseca, J.; Costa, A; Varum, H.; Tostões, A. (2005) – “Seismic vulnerability of modern
architecture building’s – Le Corbusier style: A case study” - Actas do Congresso Internacional: 250th
Anniversary of the 1755 Lisbon Earthquake, Lisboa.
[3] Cruz, M. R. (1954) - “Edifício 3 – Complexo Infante Santo – Memória descritiva e justificativa e desenhos
de projecto”, Arquivo Histórico de Lisboa.
[4] Miranda, L.; Rodrigues, H.; Fonseca, J.; Costa, A. G. (2005) - “Relatório de inspecção ao Bloco 3 do
complexo do Infante Santo”, FEUP.
[5] Varum, H. (1996) - “Modelo numérico para a análise de pórticos planos de betão armado”, Dissertação de
Mestrado, FEUP.
[6] Rodrigues, H. (2005) - “Desenvolvimento e calibração de modelos numéricos para a análise sísmica de
edifícios”, Dissertação de Mestrado, FEUP.
[7] Costa, A. G.; Campos Costa, A. (1987) - “Modelo histerético das relações forças-deslocamentos adequado
à análise sísmica de estruturas” - Departamento de Estruturas; Núcleo de Dinâmica Aplicada - Relatório
integrado nos estudos do domínio do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da
Administração Central (PIDDAC), Lisboa.
[8] CEB 220 (1996) - “RC frames under earthquake loading – State-of-the-art report”.
[9] Zarnic, R.; Gostic, S. (1998) - “Non-linear modelling of masonry infilled frames”. Proceedings 11th
European Conference on Earthquake Engineering.
[10] Carvalho, E.C.; Coelho, E.; Campos-Costa, A., Preparation of the full-scale tests on reinforced concrete
frames - Characteristics of the test specimens, materials and testing conditions. ICONS report, Innovative
Seismic Design Concepts for New and Existing Structures, European TMR Network - LNEC, Lisbon, 1999
[11] Carvalho, A.; Campos Costa, A.; Oliveira, C. S. (2004) – “A stochastic finite–fault modelling for the 1755
Lisbon earthquake”, 13th World Conference on Earthquake Engineering, Vancouver, B.C., Canada.
[12] SEAOC (2005) – “Performance based seismic engineering of buildings, Part 2: Conceptual framework” -
Vision 2000 Committee, Structural Engineers Association of California, Sacramento, California, U.S.A.
[13] ATC-40 (1996) – “Seismic evaluation and retrofit of concrete buildings - Applied Technical Council”,
California Seismic Safety Commission, Report No. SSC 96-01 (two volumes), Redwood City, California,
U.S.A.
[14] Varum, H. (2003) - “Seismic assessment, strengthening and repair of existing buildings”, PhD Thesis,
Dept. Civil Engineering, University of Aveiro.

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