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Diante desta realidade, no final dos anos de 1980, começou-se a falar do perigo
comunista na Igreja e muitos setores da sociedade ficaram alarmados. Até o
Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) pronunciou-se,
contundentemente, através de dois documentos chamados “Santa Fé”: "a
Teologia da Libertação e suas células (as CEBs) representam uma doutrina
política disfarçada de crença religiosa, com um significado anti-papal e anti-
livre empresa, destinadas a debilitar a independência da sociedade frente ao
controle estatal" (Santa Fé II).
As articulações sociais das CEBs que levaram a muitos dos seus membros a
participarem da reconstrução dos movimentos associativo e sindical brasileiros,
da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos
Trabalhadores (PT), foram deixadas de lado pela empreitada da “santificação
de vidas” para o serviço missionário leigo da Igreja. Nesse sentido, o que resta
das CEBs ainda atuante, não chega à sombra do que foi na segunda metade da
década de 1970 e de toda a década de 1980, e se restringe às questões étnicas.
De acordo com o Pe. Fernando Altemeyer Jr.: “Negros e indígenas são de casa
nas CEBs. É aqui que os grupos fazem descobertas das próprias raízes e
levantam a cabeça. O momento é muito mais sapiencial que profético. Trata-se
de um dinamismo subterrâneo em que a seiva continua correndo e produzindo
vida, a qual, porém, não é visível se não na vida da planta que cresce vigorosa.
Isto acontece mesmo que os novos padres não apóiem e atuem mais como
funcionários da instituição” (“Comunidades Eclesiais de Base, novos desafios”,
Revista Mundo e Missão, págs. 19-33, 1999).
O encontro com sagrado através da RCC se sobrepôs de muitas maneiras à
essência marxista da “luta de classes”. A análise social retomou a ótica
paternalista do “amor de Cristo” e da “misericórdia de Deus”... Ao menos por
enquanto. Todavia, a empreitada das CEBs não se encerra na condução atual, já
que o modelo de mundo neoliberal desabou a partir da crise econômica mundial
de 2008/09. Mais do que nunca as CEBs são de fundamental importância para
a garantia de um mundo melhor e certamente mais cristão. No Brasil e na
América Latina, todos os projetos de esquerda hoje no poder, têm raízes na
Teologia da Libertação e nas CEBs. Não é à toa que a RCC conte com um canal
de televisão por assinatura e outro de com sinal aberto (UHF) para todo o
território brasileiro, enquanto que as CEBs resistentes sequer recebem
incentivos eclesiais para publicarem um jornal de âmbito nacional.