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HERMENEUTICA DO PENTATEUCO E DOS PROFETAS

‫הרות ונבים‬
TORAH

DANIEL SOTELO

GOIANIA 2017

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INDICE

INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – PENTATEUCO
Introdução
1. Nomes, livros e limites dos livros do Pentateuco.
2. Conteúdo dos livros do Pentateuco
3. Autoria e literatura do Pentateuco
4. Os documentos do Pentateuco
CAPÍTULO II – GENESIS- BERESHIT
Introdução
1. Divisão do livro de Gênesis
2. Conteúdo do livro de Gênesis
3. Teologia do livro de Gênesis
4. Mapas do livro de Gênesis
CAPÍTULO III – EXODO - SHEMOT
Introdução
1. Divisão do livro de Êxodo
2. Conteúdo do livro de Êxodo
3. Teologia do livro de Êxodo
4. Mapas do livro de Êxodo
CAPÍTULO IV- LEVÍTICO – VAIQRA
Introdução
1. Divisão do livro de Levítico.
2. Conteúdo do livro de Levítico.
3. Teologia do livro de Levítico.
CAPÍTULO V – NÚMEROS – BAMIDBAR
Introdução
1. Divisão do livro de Números
2. Conteúdo do livro de Números

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3. Teologia do livro de Números
4. Mapas do livro de Números
CAPÍTULO VI – DEUTERONOMIO – DEBARIM
Introdução
1. Divisão do livro de Deuteronômio
2. Conteúdo do livro de Deuteronômio
3. Teologia do livro de Deuteronômio
4. Mapa do livro de Deuteronômio
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA

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CAPÍTULO I – PENTATEUCO – LIVRO DOS CINCO ROLOS

INTRODUÇÃO
O Pentateuco é uma denominação dada aos cinco primeiros livros da lei em
Grego: penta - cinco. Esta denominação veio da tradução da Torá ou Lei pelos
judeus. Este nome ocorre na tradução da palavra Torá para o Grego na LXX
(Septuaginta), o Antigo Testamento Grego usado pelos judeus de Alexandria no
Egito e retomado pelos Cristãos e a Patrística (Pais Apostólicos).

Na realidade tanto para os judeus como para cristãos, Torá ou Pentateuco é a


mesma coisa e é o centro e lugar mais importante da Bíblia para ambos. Toda a
vida de Israel e hoje dos cristãos está direcionada pela lei, no culto, na liturgia a
Torá tem um papel fundamental tanto para o Judaísmo, como para o cristianismo.
No Novo Testamento ela (lei) é muita citada. Jesus e Paulo fazem do Pentateuco
as suas teologias. Jesus não revoga nem substitui a lei, Ele cumpre a lei – a (Mt
5,17-20). Paulo em Gálatas diz que a lei é a que dá a liberdade, a justiça e não o
que os fariseus queriam, eles atam fardos pesados sobre os demais fieis.

Tanto judeus como cristãos sempre estudam mais as leis do que os demais livros
do Antigo Testamento. Nos descobrimentos do Mar Morto em 1947 foram
encontradas dezenas de copias dos textos do Antigo Testamento, mas os mais
lidos dos livros eram Dt, Is e Sal, por causa das similitudes entre os livros do Novo
Testamento. “O Novo Testamento está dentro do Antigo e o Antigo é interpretado
no Novo Testamento” (Santo Agostinho).

1. NOMES, LIVROS E LIMITES DOS LIVROS DO PENTATEUCO.

Os judeus chamam o Pentateuco de Torá. Estes são os primeiros cinco livros da


Bíblia. Gênesis é um termo grego para: começo; início; principio; e é a tradução

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do Hebraico é Bereshit que tem os mesmos significados. Êxodo é a saída em
grego e em hebraico é shemot: nomes. Levítico é o termo grego e em hebraico é
Vaiqra - chamar. No deserto, bamidbar é o livro de Números em Hebraico.
Deuteronômio é debarim em hebraico: palavras e em grego ficou a tradução de
segunda lei: Deutero – segundo; nomos: leis. Os judeus ainda o chamam de Torá
ou Torá de Moises.
Torá tem vários sentidos: lei, exortação, mandamentos, palavras. Para os Cristãos
ficou apenas Penta-teuco: cinco livros da lei. Ele não tem o sentido de constituição
nem códigos de leis, são apenas leis para a vida do povo, são normas sociais,
políticas, econômicas e religiosas. Estes textos de leis também falam da vida de
um povo, de sua religião, ritos, celebrações, festas, costumes. As leis eram
escritas em couros ou papiros que eram guardados em vasos ou jarros de
cerâmicas, caixa de madeiras ou de metais (Guenizah).
O Pentateuco era composto de cinco livros que eram guardados em cinco caixas e
depois foram juntados fazendo apenas num rolo só. Era um livro só, um livro
grande e enorme. Um rolo que para ser lido devia ser desenrolado. As divisões
foram feitas depois, a redação final do Pentateuco ocorreu na época de Esdras e
Neemias. A LXX, a tradução grega do texto Hebraico nos séculos II a I a. C.
Até hoje, os livros da tradução grega passaram a ser a Bíblia Cristã e com os
sentidos que encontramos na Igreja.
O livro de Gênesis é o começo: origem do mundo, do homem e de todas as
coisas que encontramos em nosso mundo e fora dele. É a explicação da origem
dos deuses, de Deus, do mal, do povo de Deus. História dos homens, dos anjos,
de Abraão, Isaque e Jacó.
O livro de Êxodo narra a vida de Moisés, do povo no Egito, a saída do Egito e a
caminhada e peregrinação no deserto.
O livro de Levítico discorre sobre as leis da pureza, da impureza; das festas e do
culto; dos rituais e sacrifícios; fala dos levitas e dos sacerdotes e as suas funções.
O livro de Números é quase uma historia da genealogia, do parentesco; é um
censo das tribos de Israel na terra prometida. É a contagem do povo.

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O livro de Deuteronômio mostra outros tipos de leis que já foram encontradas em
Ex 2-23; e Lev 16-27. Este livro é chamado de segunda lei.

2. CONTEUDO DOS LIVROS DO PENTATEUCO


A GENESIS: INÍCIO, COMEÇO - ‫ברשית‬
O livro de Gênesis narra a criação do mundo, de todas as coisas. É o livro dos
Patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó e José. Estes são os ancestrais do povo da
Bíblia. Fala do inicio do mundo e a peregrinação para o Egito. A fome levou muita
gente para a fartura do Egito. O livro de Gênesis pode ser lido e dividido em duas
partes ou mais. Por exemplo, grosso modo em duas partes:

Gen 1-11- A história dos inícios e

Gen 12-50- A história dos patriarcas.

------------- Gen 1- criação (P).

------------- Gen 2- criação (J).

------------- Gen 3- pecado (P).

------------- Gen 4- Caim e Abel (J,E,P).

------------- Gen 5- Patriarcas (E).

------------- Gen 6-9- Dilúvio (P).

------------- Gen 10- Recriação (J, E).

------------- Gen 11 - destruição (P).

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------------- Gen – 12-25- Abraão (P).

------------ Gen 26- Isaque (J, P).


-------------- Gen 27-36- Jacó (J, E, P).

------------- Gen 37-50 – José (J, E, P).

Podemos dividir ainda o Gênesis da seguinte maneira:

Gen 1-11.
1- Criação.
2- Criação do homem e dos animais.
3- Pecado.
4- Caim e Abel.
5- Patriarcas antes do dilúvio.
6- 9- Dilúvio e Noé.
10- Repovoamento da Terra.
11- Torre de Babel.
Gen 12-50.
12-25- Abraão
26- Isaque.
27-36- Jacó.
37-50- José.

B – ÊXODO – SAIDA – SHEMOT: ‫שמות‬

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O livro de Êxodo recomeça a vida no Egito e a dureza da escravidão, fala da
liberdade e saída do Egito, peregrinação no deserto, Sinai, aliança com Deus. O
livro busca fazer uma ligação entre o livro anterior e o posterior: Gen 37-50--------
Êxodo-------Nm 1-10.

Ex 1-11- atos que antecedem a saída.

1- Opressão dos judeus pelos egípcios.


2-6- Nascimento e chamado de Moisés.
7-11- As pragas.
Ex 12-18. A saída ou fuga do Egito.
12-13- A páscoa.
14-15- A passagem pelo mar.
16-18- Peregrinação pelo deserto e chegada do Sinai.
Ex 19-Nm 10- O povo no Sinai.
19-20- Teofania e o decálogo.
21-24- Código da Aliança.
25-31-Leis do templo e levitas.
32-34- O Bezerro de ouro e a aliança refeita.
Ex 1-18

----------Ex 1- Opressão.

---------- Ex 2-6 nascimento e vocação de Moisés.

-----------Ex 7-11- pragas

-------------Ex 12 pragas.

------------Ex 12-13 Páscoa.

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------------Ex 14-15 A passagem pelo mar.

------------Ex 18- peregrinação.

Ex 19-40.

-----------Ex 19-20- Teofania e Decálogo.

-----------Ex 21-24- Código da Aliança.

-----------Ex 25-31- Leis do templo e do sacerdote.

-----------Ex 32-34- Bezerro de ouro.

-------------Ex 35-40- Santuário e objetos sagrados.

C - LEVÍTICO

O livro abrange todas as leis do templo, culto, rito, festas, etc. O livro é
interessante, pois narra as leis que não são encontradas em Ex 20-23 e Dt 12-26.
Por isso é entendido que este livro é o ultimo a ser escrito no Pentateuco, e conta
com leis que os outros demais livros não bordaram.

Lev 1-7- sobre os sacrifícios.


Lev 8-10- sobre os sacerdotes.
Lev 11-15- leis sobre o puro e o impuro.
Lev 16-o dia da expiação.
Lev 17-26- Código da santidade.
Lev 27- leis sobre os votos.

---------Lev 1—7- sacrifícios.

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---------Lev 8-10 – sacerdotes.

---------Lev 11-15- puro e impuro.

---------Lev 16- expiação.

---------Lev 17-26- Código da Santidade.

---------Lev 27- votos e pagamentos dos votos.

D - NÚMEROS

O livro de números mostra as passagens pelo deserto por 40 anos, saída do Sinai
e a chegada ao Monte Nebo. Esta narrativa mostra o censo sobre o povo, talvez
seja a contagem do povo não para a distribuição da terra e sim para a
arrecadação de impostos.
Nm 1-4- censo de algumas tribos.
Nm 5-8- varias leis.
Nm 9-10- páscoa e saída do Sinai.
Nm 11-36- ao fim sobre a caminhada pelo deserto e a chagada a Moabe.

----------Nm 1-4- Censo.


----------Nm 5-8- Leis.
----------Nm 9-10- páscoa e saída do Sinai.

----------Nm 11-36- Caminhada e chegada a Moabe.

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E - DEUTERONÔMIO

O livro de Deuteronômio tem varias etapas de reconstrução: a despedida de


Moisés sobre a saída do Egito, o Código ou leis deuteronomicas, morte, fim de
Moisés.
Dt 1-11- primeira parte do livro de Deuteronômio.
Dt 1-4- primeiros discursos de Moises.
Dt 5-11- segundo discurso de Moises primeira parte.

Dt 12-26- segunda parte do livro de Deuteronômio.


Dt 12-26- Leis de Dt.

Dt 27-30- Terceira parte do livro de Deuteronômio.


Dt 27-28- segundo discurso de Moisés segunda parte.
Dt 29-30- terceiro discurso de Moisés.

Dt 31-34 – quarta parte do livro de Deuteronômio.


Dt 31-34- Fim de Moisés e a sua morte.
Dt 31- escolha de Josué.
Dt 32- cântico de Moisés.
Dt 33- benção as tribos.
Dt 34- morte de Moisés.

------------Dt 1-4 – primeiro discurso de Moisés.

--------------------Dt 5-11- segundo discurso de Moisés.

-----------------------------D12-26- Código Deuteronomico.

--------------------Dt 27-30 -------27-28- segundo discurso de Moises 2 a parte

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-------29-30- terceiro discurso de Moisés.

------------Dt 31-34-------31- escolha de Josué.


-------32- Cântico de Moisés.
-------33- benção.
-------34- Morte de Moisés.

2- AUTORIA, LITERATURA DOS LIVROS DO PENTATEUCO.

O Pentateuco começa com Gen 1 e vai a Dt 34. Alguns autores retiram o livro de
Dt e ficou somente Gen – Nm. Seria a origem e contagem do povo. Criação do
mundo à criação do povo de Israel. O Pentateuco então passa a ser chamado de
Tetrateuco: quatro livros. Outros autores incluem Josué e então passaria a ser
chamado de Hexateuco: seis livros. A resposta a esta questão é que Josué é o
complemento de Dt e de Moisés e as estórias estariam interligados.
Uma fala sobre a vida de um grande líder que tirou e trouxe o povo do Egito, o
outro começa a nova tarefa de assentamento do povo, divisão e distribuição da
terra e o inicio do governo na terra. Porem, o pano de fundo de todos os livros seja
Pentateuco ou Hexateuco ou Tetrateuco, é a promessa e o cumprimento de Deus
feito a Abraão. Josué conclui aquilo que começou em Gênesis.
No Tetrateuco exclui o livro de Dt que faz parte da Obra do deuteronomista: Dt, Js,
Jz, I e II Rs, I e II Sam. Seja Tetrateuco ou Pentateuco, estas obras narram a
historia da salvação de Deus ao povo escolhido. Criação e morte de Moisés, e a
nova criação, o povo na terra prometida. Poderíamos ler o Pentateuco da seguinte
maneira:
Esta é a forma de uma leitura através da sincronia; esta é a seqüência correta da
leitura do Pentateuco, a composição temática, não de contexto histórico. Esta
seria a forma com que foram costurados os textos do Pentateuco:

Gen 1-11- criação.

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12-25- Abraão.
26- Isaque.
27-36- Jacó.
37-50- José.

Ex 1-11- Saída do Egito.


12-18- Saída e chegada ao Sinai.

Ex 19- Nm 10- Monte Sinai.

Lev 1-7- sacrifícios.


8-16- Várias leis.
17-26- Código da Santidade.
27- Votos.

Nm 1-4- Censo.
5-8- Várias leis.
9-10- Páscoa.

Nm 10-Dt 30- Do Sinai a Moabe.

Dt 1-4- Moises.
5-11- Discurso.
12-26- Código Deuteronomista.
27-28- Discurso.
29-30- Discurso.
31-34- Moises e sua morte.
31- Josué.
32- Cântico de Moises.
33 - Benção das tribos.
34- Morte de Moises.

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Podemos notar que o redator final do Pentateuco costurou os textos uns aos
outros, mesmo sem levar em conta a historia ou qualquer forma de critérios. A
costura é mais temática do que redacional e teológica ao invés dos fatos
históricos. O Pentateuco teve como propósito abranger a historia da criação de
todas as coisas até a formação do povo de Israel na terra prometida e a eleição do
povo como povo de Deus.

As historias foram ligadas uma à outra como se houvesse uma concatenação de


idéias: criação de tudo-----as historias dos patriarcas---acrescenta-se às
estórias de Abraão, Isaque, Jacó e Jose-----a sua ida para o Egito para salvar o
povo-----saída do Egito-----caminhada pelo deserto-----chegada a
Moabe------ >morte de Moises--- benção e Maldição--- aliança ---visão da
terra.

O Pentateuco não diz que Moisés escreveu ou é o autor de seus escritos. Quem
disse isto foram os Padres da Igreja e que depois a idéia foi inserida no Novo
Testamento. Depois a tradição judaica reafirmou tal idéia. Moisés só aparece no
Êxodo e vai até o livro de Dt. Sempre as narrativas sobre Moisés estão na 3 a
pessoa do singular. Ele é o autor central, mas se fosse o escritor a narrativa não
estaria na 3a pessoa do singular. O livro de Dt fala mais sobre Moises, mas como
ele escreveria a sua morte e onde ele foi enterrado? Neste livro temos vários
discursos e cânticos de Moises. Como Moises escreveria isto durante a
caminhada pelo deserto?

Vejamos de onde a estória dos Israelitas vencendo os Amalecitas:

Ex 17,14- no monte Sinai.

Ex 24,4 – no Monte Sinai.

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Ex 34,27- Decálogo do Culto.

Nm 33,2- na caminhada pelo deserto.

Dt 31,9- Moises e os sacerdotes.

Dt 31,22- Cântico de Moises.

Dt 31,24- Cântico de Moises.

Todos estes textos parecem ser escritos em datas bem posteriores a Moises. Dão
uma idéia de que o escritor está orientado para fazer com que a idéia como se
fosse de autoria de Moises.

As evidencias contra a autoria de Moisés sobre o Pentateuco são muitas. Se os


profetas que viveram na monarquia não conheceram Moises e nem falam de
nome, o que aconteceu com Moisés? Amós, Oséias, Miquéias, Isaias e Jeremias
jamais citam Moisés. Sempre quando estes escritores falam da lei, falam da lei de
Deus e não da lei de Moises. Quando falam sobre os atos de Moisés, falam da
libertação da escravidão do Egito, mas nunca mencionam Moises como o escritor
do Pentateuco.

Muitos destes livros ou foram escritos ou reescritos após o exílio, como: Crônicas,
Esdras e Neemias. Eles falam de Moises e várias vezes da lei de Moises ou livro
de Moises. No Novo Testamento atribuem o Pentateuco a Moises, em Mt 19,7ss;
Mc 12,26; Jo 5,46s. No Judaísmo da época do Novo testamento e depois do Novo
Testamento e muitos escritos apócrifos é que darão a autoria de Moises ao
Pentateuco.

Filon de Alexandria em sua obra sobre: A Vida de Moises em 45 d. C. vai afirmar


isto. Flavio Josefo em Antiguidades Judaicas vai reafirmar isto. Muitos livros do

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Novo Testamento estavam sendo escrito nesta época de Filon de Alexandria e de
Flavio Josefo.

Quando lemos o Pentateuco veremos varias contradições e contra a autoria de


Moises; repetições de textos, contradições e diferenças de estilo, vocabulário,
gênero literários e assim por diante.

AS REPETIÇÕES

As repetições são varias, talvez centenas, são duplicatas e triplicatas; mas


falaremos apenas de algumas delas:
2 relatos da criação: Gen 1,1-2, 4a.
Gen 2,4b-25.
2 relatos de Sara: Gen 12,10-20;
Gen 20,1-18.

2 relatos de Agar escrava / mulher de Abraão: Gen 16,4-16;


Gen 21,9-21.

2 relatos das codornizes e do maná: Ex 16,2-36;


Nm 20,1-13.

2 relatos da água da rocha: Ex 17,1-7;


Nm 20,1-13.

AS CONTRADIÇÕES

As contradições são muitas, mas mencionamos apenas uma, da qual teremos


uma idéia. Gen 6,19, fala de um casal de ser vivo e em Gen 7,2, fala de sete
casais de animais puros e um casal de animal impuro.

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No estilo literário temos textos que falam de Elohim e YHWH ao mesmo tempo,
outros mesclam os nomes e outro as ainda contrapõem os nomes de um ou de
outro. Em Ex 19,11. 18 chama o monte de Sinai e em Ex 3,1; 17,6 chamam-no de
Horebe. Em 3,1; 4,18 o sogro de Moises chama-se Jetro e em Ex 2,18 e Nm 10,29
ele é chamado de Raguel. Em Dt fala que Moisés morreu e foi enterrado no Monte
de Moabe, como escreveu a sua morte e o local onde foi enterrado?

A HISTÓRIA DA PESQUISA DO PENTATEUCO

Existem hoje muito mais para achar que Moises não escreveu o Pentateuco, quem
o escreveu? Foi na época de Salomão que surgiu a escrita em Israel? O
Pentateuco é da época do século XII ou XI a. C. e se estendeu até o século III a.
C.
No século XVIII d. C. começa a grande critica literária do Pentateuco. H B Witter
foi o primeiro a desconfiar que do uso do nome de Deus em Gen 1 – Elohim e Gen
2 YHWH. Estas diferenças denotavam que os autores diferentes escreveram
nomes diferentes para o mesmo Deus. Isto ocorreu em 1711 e suas descobertas
para a época nada valeram, ficou no esquecimento por quarenta anos.
Muito tempo depois o francês, Jean Astruc em 1753, que era médico e grandes
estudiosos das Escrituras, amigo do rei Luiz XV fez as mesmas descobertas em
Gen 1 e 2. Foi o primeiro a dar o nome destas fontes literárias, como: Javista e
Elohista. Não só descobriu as diferenças entre os nomes Javé e Elohim, mas,
evidenciou que esta diferença não era só dos nomes, e sim também no livro de
gênesis. Ele chamou de Javista e de Elohista os documentos. Para Jean Astruc,
Moisés, juntou estes documentos e fez o livro de Gênesis.
No ano de 1870, exatamente um século e uma década depois de Jean Astruc, o
alemão, J G Eichhorn, toma as descobertas anteriores e busca mais subsídios
para criar a teoria documentaria e que Moises não juntou as duas
fontes/documentos de Jean Astruc, mas um autor anônimo/desconhecido fora o
redator destes documentos.

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Antes de terminar o século XVIII d.C. outro alemão K D Ilgen descobriu um novo
relato literário ou documento que alem de usar o J e o E, diferia e em muitos
destes anteriores, o qual foi dado o nome de P – sacerdotal (do alemão
Priesterschrift).

Inicio do século XX, Julius Wellhausen descobriu um outro documento que foi
denominado de D (Deuteronomista). Estas fontes foram juntadas aos três
documentos anteriores: J, E, D, P. Ele data estes documentos e tenta localiza-los
em sua origem: O J foi escrito entre os séculos X a. C e o IX a. C. no reino de
Judá; o E é do século VIII a. C. ao VII a. C. no reino do Norte em Israel; o
documento D começa a ser escrito no Norte no século VII a. C e o documento P
no exílio no século Vi ao V a. C. Todos estes documentos tinham autores
diferentes, de lugares diferentes, e que depois foram sendo juntados uma ao
outro, em três etapas de redações.
Primeiro juntou-se, J com o E em Judá, após a queda de Samaria, na derrota para
os Assírios em 722 a. C. O redator juntou bem os textos do J e do E com grande
maestria que se torna difícil em alguns trechos ver qual é J e qual é E. Os textos
têm primazia sobre o texto E, e outros lugares se fundem e confundem parecendo
um terceiro documento da fusão do J e E, parecendo-se com o JE (Jeovista). O
Jeovista é esta mistura do J com o E.
A segunda etapa de redação começou em 622 a. C na época da reforma do rei
Josias. Aos dois documentos anteriores juntou-se o D (deuteronomista). Este
Deuteronomista que depois foi dividido em dois Dtr e logo após em três
documentos: o Dtr 1 e o Dtr 2; ou as siglas Dtr G (Dt 12-26); o Dtr N (composição
de leis que não estão em 120-26) e Dtr P (traços proféticos e influencias proféticas
sobre o livro de Dt).
A terceira redação se dá durante o exílio, entre 586 a 539 a. C. ou ainda entre 539
quando foi escrito o documento P (Sacerdotal - Lev 17-26) denominado ainda de
documento ou código sacerdotal. Entendo que há ainda redações e acréscimos
posteriores ao exílio, de um Dtr pós-exílio e um Redator Final (R F) para o
fechamento do Pentateuco entre 330 a. C. e a canonização na época do concilio

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de Jamnia em 100 a. C. A estas fusões de documentos J, E, D, P, temos então a
teoria dos documentos ou das fontes. Então Moises não é o autor do Pentateuco,
mas aconteceu que varias escolas de escribas com características diferentes
escreveram a historia e as origens de Israel no Pentateuco.

Estes redatores escreveram historias e um outro grupo de escribas juntaram estes


documentos, fizeram acréscimos, mudanças, alterações, omissões, retiraram,
reagruparam blocos literários e formaram assim o Pentateuco. Como pode ser
visto o Pentateuco não é obra de um só escritor, mas duraram séculos, onde
textos foram reescritos formando duplicatas e triplicatas de estórias iguais com
perspectivas teológicas diferentes. Notamos isto nas repetições, contradições,
formas e estilos diferentes de um mesmo episódio. Sendo assim, o Pentateuco
não é obra de um autor, mas de vários autores, de vários séculos. E a redação
final que ocorreu entre os séculos V a. C. ao século III a. C.
Podemos notar ainda que estes documentos vieram pela tradição oral que foi
contada e recontada. Os escritos fazem parte da tradição oral que fazem parte das
famílias, tribos, templos, santuários. Os redatores das fontes J, E, D, P, coletaram
os seus materiais orais e outros escritos de suas tradições e das tradições de seus
povos e dos povos vizinhos.
As tradições das origens vêm dos Babilônios; sobre os patriarcas também; da
libertação da tradição Egípcia e Babilônica; a caminhada pelo deserto é a
caminhada das famílias até se fixarem num local: terra prometida/ Canaã; a
conquista da Terra é a luta pelo oásis e o local de pastoreio. Cada escritor vai
narrar de seu jeito as peripécias do povo escolhido que a transformam em historia
da salvação. Tudo foi contado oralmente e só depois de muito tempo quando
surgiu a escrita em Israel, as tradições foram escritas desta forma.

OS DOCUMENTOS

Os documentos J, E, D, P podem ser explicados através de um esboço de cada


um e o que eles representavam em suas composições e suas teologias. Na

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realidade hoje esta relação de narrativa com teologia e escrita de um só autor está
desmascarada. O estado de questão sobre o Pentateuco continua a ser muito
discutido e sem se chegar a um denominador comum. Tal situação está mudando,
mas, estamos agora apresentando as discussões até o presente momento não
levando em consideração as discussões recentíssimas sobre o documento D e P.
Sendo que, a maioria dos escritores acabou por ignorar os documentos J e E.

J - Conforme os autores, a narrativa deste escritor vai de Gen a Nm, começando


em Gen 2,4b a Nm 32. A forma fundamental deste escritor/redator é a utilização
do nome YHWH para denominar Deus, partindo da criação do mundo, do homem,
primeiro homem, patriarcas (a forma com que Deus se relaciona com o homem) -
a vocação de Abraão para ser o meio de salvação a todos os povos.
A história dos patriarcas é a ação de Deus que dirige e caminha com ele em
direção à terra prometida. Deus age para a salvação do povo que ele escolheu e
com o patriarca é o começo dessa ação de benção e de salvação, promessa.
E – Este documento começa em Gen passa por Êxodo e Números. Em Gen 15
narra a historia da promessa de Abraão de um filho na velhice e o E termina na
narrativa de Balaão em Nm 22. Neste documento E chama Deus de Elohim, Deus
não tem forma de homem; não há a idéia de antropomorfismo (forma de homem).
Nesta b narrativa Deus é e está distante, aparece em sonhos, visões e com anjos,
etc.
As tribos mais importantes para este escritor E são: Efraim e Manassés, filhos de
José. Ele escreve o decálogo de Ex 20,1-17 e o Código da Aliança em Ex 20,22-
23,33. A sua teologia é composta pela aliança de Deus com o povo, aliança de
Deus com Abraão (Gen 15) e com Moises no deserto (Ex 19-24). A aliança leva o
povo a ser posse de Deus e um povo santo. O grande pecado para este autor é a
idolatria, a adoração a outros deuses.

D - O Deuteronômio como vimos pode ser dividido pelos especialistas americanos


da escola de Harvard em: Dtr 1 e o Dtr 2. Um Dtr pré – exílico e o outro durante o

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exílio. A escala alemã denominou o Dtr em três etapas: Dtr N, Dtr G, e o Dtr P. O
Dtr G pré-exílico, outro ligado à lei e o outro influente pela profecia. Este
documento está no Pentateuco em DT, tem a sua divisão é da seguinte maneira:
Dt 1-4;
Dt 5-11;
Dt 12-26;
Dt 27-30;
Dt 31-34.
O texto fala da centralização do culto em Jerusalém, contra os santuários locais. O
tema central da teologia do Dtr: é a eleição, escolha divina. Javé escolhe seu
povo. A escolha divina em Dt é: Não fostes vós que escolhestes a mim, mas eu
vos escolhia vós. É o amor de Deus ao povo escolhido - Israel. Não que o povo
fosse merecedor; Israel não fez nada para que Deus o escolhesse. O amor de
Deus é sem condições; é a manifestação de sua graça, amor e poder.
P - Este documento inicia em Gen 1,1 e vai até Dt 34, este escrito encontra-se em
todos os livros do Pentateuco. A maior parte desta narrativa está no primeiro livro:
Gênesis. Ele aparece em Ex e Nm, um pouco so no Dt e em todo o livro de Lev.
Deus para este escritor é distante, não tem sentimento do homem. Deus só se
manifesta neste escrito através das teofanias, sacrifícios, rituais. Ele escreve
genealogias, datas e listas são algumas de suas características. O sábado e a
circuncisão são fundamentais; a páscoa e os sacrifícios, rituais sãos teologias
deste escritor.
O escritor faz sínteses em suas historias. O redator P, junta outros documentos e
faz os textos uma coisa só. A sua teologia parte da aliança do Sinai, leis de
purezas e impurezas; leis que tornam Israel um povo eleito e santo. A promessa
faz parte de sua teologia, a posse da terra. Ele é escrito durante e depois do exílio,
o povo não mais possui a terra prometida para Abraão, o patriarca. A sua teologia
é uma teologia da esperança aos exilados que retornaram. Eles devem possuir a
terra para sempre.

21
O Pentateuco deveria ser aberto pelo livro do Êxodo. O êxodo é a porta de
entrada do Pentateuco. Podemos acrescentar que são seis temas fundamentais
de todo o Pentateuco:
A – A criação e a historia do homem e do mundo - Gen 1-11- uma unidade literária
relativa.
B – Os patriarcas – Gen 12-50- este bloco temático-literário encerra o primeiro
livro do Pentateuco-Bereshit.

C - A saída- Ex 1-11- mostra a vocação de Moises e a saída do Egito.


D - Deserto – peregrinação – Ex 12-18 e Nm 10 – Dt. Aqui há uma ruptura em Ex
2-23 quando menciona o Código, as leis da Aliança.
E – Sinai/Horebe- e as leis – Ex 19- Nm9.
F – Tomada da terra- Nm 13; 32 e Dt 1-4; 5-11; 27-30.

22
CAPÍTULO II – GENESIS – BERESHIT

Introdução

O livro de Gênesis pode ser dividido em duas partes temáticas: 1-11 as origens de
tudo; e 12-50 os patriarcas. Temos outros modos de ver estes livros. É o primeiro
livro da Bíblia Hebraica e da Bíblia Cristã.
Um conto dos rabinos diz que: Um rabino chega para ou mestre rabino e
pergunta: Mestre porque o primeiro livro da Bíblia começa com a segunda letra do
alfabeto hebraico, com a letra Beith e não com a primeira letra do alfabeto que é
Aleph? O mestre responde: porque o primeiro livro da Bíblia começa como próprio
Elohim - Deus, e este livro está sendo escrito eternamente, por isso o primeiro
livro da Bíblia começa com a segunda letra do Alfabeto Hebraico.
Este livro começa a narração da criação como os povos vizinhos fizeram. A
origem do mundo e do homem, a origem do pecado e da morte, a origem da vida,
dos povos e do povo de Deus: Israel. Neste livro temos três documentos
entrelaçados, costurados e redigidos de uma forma tal para dar a idéia de um só
escritor; mas, o que vemos são três camadas literárias e de redações: J, E, P.
Todas estas estórias foram primeiros transmitidos oralmente e depois redigidos,
coletados, reescritos e no final de séculos formaram o Livro da Gênese de todas
as coisas. Estes textos foram coletados desde o século X ao seculo9 IV. O livro só
estava completo no século IV a. C.

1. DIVISÃO DO LIVRO DE GÊNESIS

A - Primeira divisão de Gênesis.


1a parte - Gen 1-11- origem de todas as coisas:
1,1-2,4a - origem do mundo e do homem.
2,4b-3,24- origem do homem/mulher e pecado.
4,1-24- Caim e Abel/ e a morte.
4,25-5,32 – Sete e a descendência.

23
6,1-9,17 – Dilúvio.
9,18-10,32 – Recriação.
11,1-9 – Babel.
11,10-32 - de Sem a Abraão.
2a parte - Gen 12-50- Os patriarcas.
12,1-25,18 – Abraão e sua família.
25,19-37,1 – Isaque e Jacó.
37,2-50,26 – José e as tribos de Israel.
B - Segunda divisão de Gênesis.
Esquema: Vida/morte.
--------Gen 1-2- criação/vida.
--------Gen 3 – pecado/morte.
--------Gen 4 - Caim/Abel/Morte.
--------Gen 6 – Dilúvio/ Morte.
--------Gen 9-10- Recriação/Vida.
--------Gen 11- Babel/Morte.
--------Gen 12-50- Abraão e promessa de Vida.
--------Gen 25-37- Isaque/Jacó/Vida.
--------Gen 37-50- José/ morte para a vida.

C - Terceira divisão do livro de Gênesis.


Gen 2- criação de todas as coisas.
Gen 5- Adão e Noé- genealogias.
Gen 6-9 – Noé e dilúvio.
Gen 10- Noé e os filhos após o dilúvio.
Gen 11- Sem a Tare- genealogias dos patriarcas antes de Abraão.
Gen 25- Ismael e Isaque.
Gen 36- Esaú.
Gen 37- Jacó.
Gen 38-50- José e seus irmãos.

24
2 - CONTEÚDO DO LIVRO DE GENESIS

O livro de Gênesis é um mosaico de idéias. É uma mistura de camadas literárias,


são varias composições. Temos poesia, narrativa - prosa, novela, etiologia, mitos.
A obra começa com duas narrativas da criação de todas as coisas: mundo,
homem/seres vivos. Tudo isto acontece na metáfora dos seis dias e no dia sétimo
descansou de seu trabalho.
Todos os povos têm seus relatos da criação. Mas o relato da criação em Israel é
só de um Deus, enquanto os outros povos são vários deuses trabalhando para
criar todas as coisas. YHWH cria através do nada. Ele cria através da palavra
(dabar). Deus não usa a mágica, nem a varinha para fazer aparecer ou
desaparecer as coisas. Ele fala e as coisas acontecem e vem à existência. Não é
que Deus precisa descansar, o relato de seis dias e o sétimo dia é uma forma do
autor mostrar na antiguidade que o homem deve trabalhar e descansar. Deus faz
todas as coisas pelo seu amor, poder e misericórdia. Deus ama e cria.
Depois de Deus criar o mundo: a luz/trevas, estrelas, sol/lua, etc. Ele cria em sua
magnitude o homem/mulher; é o final da criação, no dia sexto; criados todos a sua
imagem e semelhança. Neste caso não é que Deus seja homem e o homem seja
Deus, como muitos pensam; mas que Deus lhes dá uma de suas porções; não se
parecem fisicamente. Imagem e semelhança (demut e tselem) são partes dos
atributos divinos que Deus confere ao homem. Deus dá a liberdade e a vontade de
ser e existir. O homem é colocado no Éden e vive em perfeita relação com o seu
criador. Criador e criatura vivem em harmonia. São livres para tudo e até para
escolher o pecado.
O pecado é querer ser igual a Deus. Ter a sua própria existência e ser também
criador das coisas. O homem é o transformador das coisas e Deus é o criador de
tudo. A expressão conhecer o bem e o mal significa que o homem não precisava
mais de Deus; ele estava sozinho. O homem sozinho não é nada. O homem não é
autônomo, mas precisa de Deus, de seu criador. O que é pecado? É o pecado a

25
quebra da harmonia do homem com Deus; quebrou-se a intimidade do homem
com Deus. A conseqüência do pecado foi o seu afastamento, a solidão.

O homem só, depois com a mulher se multiplica e enche a terra. Com o pecado,
surgem outros pecados. Vem a morte contraposta à vida. Um irmão mata outro
irmão seu. A família é rompida. A morte de Abel é a morte da terra. Antes tudo era
vida, não havia a morte. Agora a vida é superada pela morte. A morte é maior que
a vida. Onde há vida, existe a morte. O dilúvio é o contraposto da vida, o dilúvio é
a representação da morte, como é Caim e Abel. Noé é a vida de todo ser. Noé é o
novo Adão.
De Noé vem a nova humanidade. De Adão e Noé vem Abraão, a promessa, a
terra cheia e povoada. O pecado não acaba com o dilúvio; ele continua
progredindo. Com a história de Babel, de novo o homem quer usurpar o lugar de
Deus, de subir aos céus, os homens são espalhados e confundidos. Surge Abraão
o pastor e comerciante que é escolhido por Javé para ser o pai dos povos. Ele sai
de Ur dos Caldeus e se dirige à terra da promessa.
Na estória de Abraão recomeça toda historia de vida, de salvação, de promessa
de uma nova criação. Esta temática em Gênesis está presente em toda a Bíblia:
vida/morte/criação/recriação. Com Abraão começa a historia da eleição. Da
eleição de um homem vem a eleição do povo, Sair e chagar, peregrinar são temas
recorrentes ligados a este homem e a este povo. Aliança de que nada mais
aconteceria: Deus promete a um fiel que Ele será fiel a Abraão e sua
descendência. Canaã é o local escolhido para este povo viver. Caminham, andam
chegam, tomam, possuem a terra e estes são temas recorrentes no livro do
Gênesis de todas as coisas.
Deus promete a terra, depois promete um filho e depois promete uma
descendência inumerável. A mulher é estéril, o homem é velho, não há mais
esperança. Mas ocorre que o filho da velhice vem: Isaque/sorriso é o filho da
aliança, é o filho da benção, é o filho da promessa. De Isaque saem Esaú e Jacó.
Jacó é Israel, Israel será o povo de Deus. A multiplicação começou. De um

26
surgem dois e de dois surgem as tribos de Israel e das doze tribos surge o povo
de Deus.
No final José filho de Jacó é vendido pelos irmãos ao Egito e salva um povo da
fome e da miséria. No Egito torna-se primeiro ministro de Faraó. O povo desce ao
Egito com fome e lá está o irmão poderoso para ajuda-los. José pede que toda a
família vá para o Egito e aí começa a nova historia de Israel. Uma grande novela a
de José. Com vários capítulos até chegar a salvação da fome e a miséria. Assim
termina o livro de Gênesis, um homem para ajudar o povo. Tudo obra de Deus:
venda e a recompensado mal com o bem.

3- TEOLOGIA DO LIVRO DE GENESIS

4-6----------------------12-25-------------------------35-37.

1-3--------------7-11------------------------26-34------------------------38-50.

1-3- Criação e pecado.

4-6- Caim e dilúvio.

7-11- Dilúvio, recriação, Babel.

12-25- Abraão e sua família.

26-34- Isaque e Jacó.

35-37- Jacó e José.

38-50- José e o Egito.

27
Pelo esquema literário podemos pelo menos avançar um pouco na teologia do o
livro de Gênesis. Poderíamos escrever milhares de paginas acerca da teologia do
livro de Gênesis. Mas apenas esboçaremos alguns dados. A narrativa da criação
nada mais é que a tentativa da explicação da origem do mundo e de todas as
coisas (cosmogonia). A cosmogonia de Gênesis nada mais é do que a copia das
cosmogonias dos povos vizinhos. Cananeus, Egípcios, Babilônicos, Persas,
Gregos tinham suas cosmogonias.
Israel conhecendo todas estas estórias recria a sua dando um caráter diferente
dos demais povos. Gênesis tenta explicar estes fatos como fossem verdadeiros,
mas, o objetivo dos escritores do livro de Gênesis era não descrever os fatos, mas
mostrar como Deus estava presente nestes acontecimentos. A narrativa é um
esboço da historia da salvação. A narrativa mostra mais a presença de Deus e a
sua ação na historia dos homens. A história é mais teologia, ensino moral e a
misericórdia e amor de Deus para com os homens.
Apesar de o homem continuar negando Deus, Ele continua amando, salvando.
Esta é a base da narrativa de Gênesis, os fatos não são reais, mas ilustram a
vontade, ação e plano de Deus para com o homem. Gênesis 1-11 parece-se mais
com uma confissão de fé do povo de Deus. Parece com um credo primitivo de
Israel.
Gen 1-11 mostra a história primitiva: a criação do mundo, do homem, dos animais,
vegetais, astros, estrelas. Deus estava no começo de tudo. Ele intervem na
criação de tudo e no ápice da criação surge o homem à sua imagem e
semelhança. Sempre esta linguagem é teologia: criação-------pecado-----
salvação. Estes termos são ocorrentes em toda historia de Israel. É absorvida
no Novo Testamento e na Igreja. A narrativa de Gen mostra a ação de Deus na
vida do povoe do homem. Gen 1-11 é tudo isto: criação-----pecado-----
salvação. A intenção do escritor não é explicar cientificamente a criação, como
muitos querem. O autor pretende mostrar a ação de Deus, o sinal de Deus na
historia do homem:

28
3-----4----------------------7-----9.

1------2-------------------5------6---------------------10------11.

Na outra parte do livro de Gênesis 12-50, mostra a historia dos patriarcas.


Começa com a vocação de Abraão (12), sua caminhada, morte de seu pai Terá
em Aram, chegada a Canaã, ida ao Egito, retorno a Canaã, disputa da terra com
seu sobrinho Lo. A promessa de um filho, nascimento de Isaque e o sacrifício de
Isaque. Morte de Abraão. Começa a nova fase: as narrativas sobre Isaque.
Nascimento de Esaú e Jacó. Inicio da historia de Jacó.
Estas narrativas patriarcais mostram historias de camponeses, tribos,
comerciantes, pastores. Estes grupos eram formados de: clãs, tribos. Nestas
narrativas mostram: casamentos, nascimentos, mortes, genealogias. Estas
situações ainda mostram que os povos já tinham os seus comportamentos
regulados por: leis, condições geográficas e históricas, religiosas e políticas. Os
pastores eram seminomades que se deslocavam de um lugar para outro a procura
de pastagens. As narrativas mostram ainda: origens, histórias, gerações,
descendência, e histórias familiares. Podemos ver as narrativas e suas divisões
através de sessões genealógicas:

2,4a - criação do mundo e do homem.

5,1- Adão a Noé.

6 e 9- Noé no dilúvio.

10- Noé após o dilúvio.

29
11- Sem a Tara pai de Abraão.

12- Abraão.

25- Isaque e Ismael.

36- Esaú.

37- Jacó.

38-50- José.

“As origens” podem ser divididas em cinco partes:

Criação;

Adão;

Pecado;

Babel;

Dilúvio

Estas partes foram unidas à sessão dos patriarcas. Nas narrativas dos patriarcas
começa com a genealogia. O pai é mais importante: pai e filho, depois os
descendentes; a cronologia: quanto viveu e gerou; Adão, Sem; Noé; Abraão; e
Jacó. Adão tem três filhos: Abel que morreu; Caim que matou; e Sete que
permanece na estória subseqüente. De Sete vai a Noé que também tem três
filhos: Sem fica na estória; Cam e Jafé que desaparecem. De Sem surge Tara que

30
tem de ter filhos: Aram, Nacor e Abraão. Abraão que permanece na estória.
Abraão agora tem dois filhos: Ismael que some da estória e Isaque que
permanece na estória.
Isaque tem também dois filhos: os gêmeos Esaú e Jacó. Esaú some e permanece
Jacó. Jacó tem doze filhos, mas só José continua na estória de Gênesis. E Judá é
quem vai prevalecer e dar continuidade na historia de Israel quando José morre no
Egito. Tudo isto para mostrar que Deus está na historia do povo salvando-o,
criando e recriando. Agora a historia de cada individuo é a historia da ação através
de homens. Deus age e elege homens para que a sua ação seja somente entre o
povo escolhido. Destas coisas escritas poderemos tirar algumas lições:

- A criação de Deus é muito importante neste livro. Deus cria tudo por sua
palavra, esta palavra traz a existência todas às coisas.
- Deus não é criado, ele é. Eu sou o que sou.
- Deus cria tudo do nada pela palavra poderosa, por sua misericórdia e por
seu amor.
- O ser humano foi criado à sua imagem e semelhança.
- O mal é causado pelo próprio homem, por seu egoísmo e pretensão de ser
igual a Deus.
- Mesmo com a desobediência, Deus continua com seu amor pelos homens.
- Deus age na historia do homem.

4. MAPAS DE GENESIS

31
32
33
Outro Mapa de Gênesis

34
CAPÍTULO II - ÊXODO- SHEMOT

Introdução

Este livro foi escrito e costurado ao anterior: Gênesis. Mas este livro contém
também fragmentos e costuras. Pare dar a idéia de continuidade: a s origens---
os patriarcas-- José---- e a saída dos parentes de José do Egito. O livro de
Êxodo em Hebraico é: nomes e em grego é: saída, fuga. O inicio do livro mostra a
saída dos filhos de Jacó que foram para o Egito por causa de fome e da miséria
mostrada em Gen 15-50; a saída é a forma de mostrar que houve escravidão e
libertação do Egito.
Com o decorrer da narrativa fica bem claro e evidente que não é só saída, mas
caminhada, presença de Deus e a sua manifestação poderosa. A presença de
Deus e do povo no Sinai/Horebe, a elaboração da aliança. A libertação é narrada
em Ex 1-15 e os nomes dos filhos de Jacó em Ex 1,1-4. Estes dois textos estão
mostrando a temática do Êxodo.

1- DIVISÃO DO LIVRO DE EXODO.

O livro do Êxodo pode ser dividido de varias maneiras, mas essencialmente pode
se dividido em três camadas temáticas: a libertação, Ex 1-15; peregrinação, Ex
16-18; aliança no Sinai, Ex 19-40.
Muitos discutem acerca da historicidade dos fatos do Êxodo. Outros aceitam os
fatos como reais e históricos. A discussão sobre a historia real ou não continua.
Sabemos que se relaciona a uma narrativa religiosa, o povo reconta as suas
estórias que passaram pela tradição oral, foram aumentadas e reditas,
reconstruídas. As estórias passaram a historias, de contos populares foram
transformadas em atos salvíficos de Deus. De narrativas de fatos com grupos de
tribos passaram a ser a historia do povo de Deus, a criação e a eleição do povo de
Israel.

35
Todas as coisas naturais foram transformadas em atos sobrenaturais, as ações
milagrosas de deus nas pestes e nas pragas tomaram lugar das catástrofes
naturais. Ninguém nega a ação salvadora de Deus, da libertação da opressão
egípcia. Mas que tudo isto não é literalmente, que isto durou quarenta anos. As
datas históricas não coincidem com a historia mundial. O livro de Êxodo não
menciona quando ocorreu tudo isto. Não dá para datar nem para dizer quando
foram, nem quando eles saíram. Mas apenas aproximadamente pode ser
mencionado.

15,22-18,27

1,1-15,21----------------------------------------------------------------------------19-40.
A- Libertação dos Escravos do Egito.

Ex 1,1-15,21.

Ex 1,1-22 – Opressão no Egito.

Ex 2,1-6,30- nascimento de Moises- vocação de Moisés – preparação para a


libertação.

Ex 7,1-13,16 – As pragas.

Ex 13,17-15,21 – Fuga e a passagem pelo mar.

B - Peregrinação no Deserto

Ex 15,22-18,27.

Ex 15,22-26 – Passagem pelo mar, monte Sinai e as águas amargas.

36
Ex 15,27- Acampamento.

Ex 16,1-36- Maná e codornizes no deserto de Sin.

Ex 17,1-7 – água na rocha.

Ex 17,8-16 – Vitória sobre Amalek.

Ex 18,1-27 - visita a Jetro – sogro de Moises.

C - Aliança no Sinai

Ex 19-40.
Ex 19,1-24,18- A aliança.
Ex 25,1-31,18(P) – Ordenanças.
Ex 32,1-25 – O bezerro de ouro.
Ex 33,1-23 - Presença de Deus.
Ex 34,1-35 – Renovação da Aliança.
Ex 35,1-40,38 – Execução do culto (P)

2- CONTEÚDO DO LIVRO DE ÊXODO

O livro não faz nenhuma referencia a época dos acontecimentos. O autor do livro
está mais preocupado coma ação salvadora de YHWH do que os fatos em seu
redor. Nem o Egito em sua historia menciona qualquer povo que teve como
escravos em seus domínios. A discussão é se o povo desceu nos séculos XVI ou
XIV a. C. Estes fatos aconteceram nas grandes migrações noticiadas pelos
Mesopotâmicos? Abraão e Jacó são do mesmo grupo que saiu da Mesopotâmia e
foram parar no Egito?

37
No século XV a. C. os Egípcios expulsaram os invasores. Isto é noticiado nas
crônicas Egípcias. Será que os Hebreus estavam com estes povos expulsos? Se
foram expulsos os invasores, a historia da saída do Egito foi invertida. Os que
permaneceram no Egito e não quiseram sair foram obrigados a trabalhar numa
semiescravidão. Construíram as cidades de Pitom e de Ramsés. O Êxodo
menciona a expulsão. Mas alguns textos bem traduzidos dão a entender que
foram expulsos, perseguidos para não voltarem. Após esta expulsão e a outra
escravidão, então fugiram do Egito.
Considerando fatores internos e fatores bíblicos nós poderemos especular alguma
coisa sobre estes acontecimentos. Se Salomão construiu o templo de Jerusalém
em 960 a. C. (I Rs 6,1), e que este fato do livro de Reis e a construção do templo
por Salomão foi de 480 anos depois da saída do Egito, isto parece ser bem viável
que esta saída acontece realmente em 1440 a. C. (960 anos de Salomão e os 480
no deserto). Isto coincide exatamente com o governo de Amenofis II (1450- 1425
a. C.). O numero 480 é então simbólico, não é exatamente e matematicamente
falando, por que é a formação de uma geração, ou seja, 40 anos X 12 tribos de
Israel isto dá 480 anos.
Hoje na pesquisa moderna fica mais claro com as evidencias arqueológicas. E
muitos propõem a data provável da saída do Egito em 1250 a. C. Neste período
do século XII ao XII a. C. quem reinava no Egito era o Faraó Ramsés II (1290-
1232 a. C.). Este seria o faraó que oprimiu o povo de Israel. Foi ele quem os
obrigou a construir cidades como armazéns em Pitom, e Ramsés (Ex 1,11).
Menerptah foi o faraó do êxodo. Isto pode ser comprovado pelas descobertas
arqueológicas da Estela de Menerptah. Assim sendo, não foi um só êxodo e sim
dois êxodos. E o escritor bíblico ao narrar as estórias do Êxodo juntou as duas que
ficou conhecida somente como sendo uma estória.
A tradição oral conseguiu guardar as duas e deu prioridade não a expulsão e sim
a fuga. A fuga é narrada com detalhes até exagerados. Moises é o líder da
rebelião e da retirada do povo. O livro deixou estes relatos e hoje podemos ver
nas subcamadas das narrativas a expulsão e a fuga do povo de Israel do Egito.
Nem todos fugiram, mas foram expulsos do Egito: a casa de José – Manassés e

38
Efraim e Benjamim fugiram, os outros foram expulsos. Os milagres portentosos
que aconteceram no Egito naturalmente foram interpretados pelo povo de Israel
como castigo aos inimigos. Talvez podem ser analisadas a intensidade,
quantidade e freqüência que foram diferentes da naturalidade destes milagres.
Na tradição J o mar se abriu sozinho como recuo das águas por um vento forte
(Ex 14,21). Na outra tradição P, fala de muralhas feitas de águas, nos lado
esquerdo e direito, isto foi uma epopeia (Ex 14,16-17). O milagre aconteceu
quando o povo passou a seco e vindo os Egípcios as águas retornaram ao seu
curso normal e natural e todos morreram. Não se sabe onde os israelitas
passaram. Mas sabemos pela geografia antiga, antes da construção do golfo de
Suez, que havia lagoas e lugares secos. Ora, se havia lagos e lugares secos por
que passar pela lagoa? A questão permanece: se o povo tinha tanto espaço para
passara a seco, porque escolheram a lagoa para passar ou atravessar?

Embaixo podemos ver como era a geografia antiga. As rotas comerciais passavam
por estes locais: ............ e ---------- que poderiam passar ao lado dos lagos de
Junco e o Mar Vermelho sem precisarem passar pelos lagos e sim em terra firme.
É um exagero falar em mar. O único mar é o Mar Vermelho, o resto são lagoas e
eles não iriam se desviar de uma rota já conhecida para atravessarem o Mar
Vermelho.

MAPAS DAS ROTAS COMERCIAIS

39
Interessante notar é que a importância dada pelo escritor não é a veracidade dos
fatos ou os milagres, mas a forma como se dá a intervenção de Deus na vida do
povo escolhido. Este relato é mais uma confissão de fé do que uma história.
Nunca o povo iria fazer as rotas das caravanas comerciais onde existiam os
pedágios dos pagamentos dos tributos. Havia então guarnições do exercito
egípcio em todas as rotas comerciais, postos avançados e fortalezas construídas
para protegerem os locais de viagens e de comércio. Talvez isto explique o
complicado traçado do caminho feito pelo povo de Deus para chegar até Canaã.
Foram para o deserto, para o Sinai, e depois para o deserto de novo. Moises devia

40
conhecer bem este traçado das caravanas comerciais e usa a estratégia para fugir
do pagamento dos impostos e para fugir do exercito egípcio.

Assim ele leva o povo tranqüilamente da fuga. Moises viveu neste local com seu
sogro Jetro, os locais escolhidos que o êxodo narra e por onde o povo passou não
é conhecido pela geografia antiga. No deserto tem uma planta chamada Tamarix
manifera que produz uma goma de mascar. Maná em Hebraico significa uma
pergunta: o que é isso? Os árabes ainda chamam esta planta de manhuh. As
codornas são nativas deste local deserto por onde eles passaram. São aves que
migravam e estavam com os beduínos iam de um local para o outro. Eram aves
de arribação. O milagre está quando todos reclamam das panelas de carnes as
aves chegam no mesmo local de acampamento.

2. TEOLOGIA DO LIVRO DE ÊXODO

O livro de Gênesis narra a ida de Jacó para o Egito, e isto é acompanhado com a
narrativa da Morte de José no Egito. O êxodo parece dar a idéia de continuidade.
A idéia que temos ao passar quatro séculos que os parentes de Jacó e de José
cresceram e se multiplicaram e se tornaram umas multidões de pessoas. O livro
fala que isto os tornou poderosos e ameaçava o Egito em sua soberania nacional.
O povo cresceu e agora é uma ameaça, precisavam ser expulsos deste local.
O Egito mudou também a sua política, sua economia. O faraó que assume o novo
poder não conhece José e seus parentes. Estranho para quem foi primeiro
ministro do Egito (Ex 1,8). Assim, os egípcios começam a escravizar os israelitas
(Ex 1,11). Quanto mais eram oprimidos mais aumentavam e cresciam, se
multiplicavam (Ex 1,12). O rei do Egito resolve matar os primogênitos recém-
nascidos dos homens ( Ex 1,15ss).
O livro procura mostrar a situação deprimente da escravidão. Começa a historia
de Moises: nascimento, crescimentos e libertação. Era Moises da tribo de Levi, é
escondido e depois colocado numa cesta na época em que o faraó manda matar
os primogênitos. Coloca Moises numa cesta de juncos no rio Nilo, ele é

41
encontrado pela filha do Faraó, que o adota como filho. Mas foi amamentado pela
sua própria mãe (Ex 2,1-10). Moisés cresceu na corte, sabendo que era israelita,
ele mata um egípcio que oprimia um patrício seu, ele foge e no deserto conhece o
seu sogro Jetro e se casa com sua filha Zípora, teve um filho chamado Gerson.
Foi auxiliar de Jetro por um tempo (Raguel), pastoreou suas ovelhas, talvez
ajudou a Jetro que era sacerdote (Ex 2,11-22) e um dia no Monte Horebe Deus se
revela a Moises, dá o nome a si, uma vocação e um uma missão lhe é conferida:
tirar o povo do Egito, da opressão egípcia. Moisés será o libertador do povo de
Israel (Ex 3,1-22). Ele tem como ajudante o seu irmão, outro sacerdote Aarão. Vai
de volta para o Egito cumprir a sua missão: tirar o povo da escravidão. O Faraó
não deixa o povo sair, oprime cada vez mais os Israelitas. E o rei obcecado
dificulta mais e mais. Deus manda as pragas para castigar os opressores (7,1-
10,29).
A última praga é o castigo que faraó fez aos Israelitas, a morte de todos os
primogênitos egípcios. Todas estas coisas aconteceram exatamente no momento
da preparação e da comemoração da páscoa (Ex 12-13). Vendo todas as pragas e
as desgraças, Faraó cede e deixa o povo sair. Esta saída se transforma na
confissão de fé do povo de Israel. O Êxodo está marcado desde o livro de gênesis
ao Apocalipse. É o tema central da vida do povo de Israel. Deus liberta o povo da
escravidão. Deus está com o povo de Israel.
O povo caminha pelo deserto. Tem saudades do Egito, murmuram, blasfemam e
praticam a idolatria. Toma um caminho difícil e complicado. Não caminham pelas
rotas das caravanas comerciais, fogem do tributo e das guarnições, que são
postos egípcios avançados. Não caminham pelas estradas dos filisteus. Não
passam pelo Mar Vermelho, mas pela lagoa Amarga. Comemoram a páscoa e a
institui para sempre como marco de liberdade. Pesah passa a ser a fuga da
escravidão. Passam pelo Sinai.
Fome, sede, e o caminho difícil levam o povo murmurar contra Moisés e Deus.
Deus faz das águas amargas, doce, o maná passa a ser o alimento do povo e as
codornizes para esquecerem as panelas de carne abundantes que o povo
precisava (15,22-27; 16). Faz jorrar água no deserto (17,1-7); vence a batalha

42
contra os inimigos Amalecitas com a oração e o braço forte e estendido de Moises
(17,8-16). Noventa dias depois de fugir estão diante do Monte Sinai, monte de
Deus (Sinai-Sion).
A presença de Deus se faz mais forte e notável, a montanha estremece e sai fogo
e fumaça. Deus faz uma aliança com o povo, promete guiar e levar a salvo na
terra prometida, dá o decálogo (19-20), o código da Aliança (20,22-23,19), fala
sobre o culto e santuário (25-31 e 35-40). Moisés furioso quebra as leis (32,15-35)
e refaz a aliança de Deus com o povo (34). A vontade de Deus está no texto de Ex
35-40.
As narrativas do Êxodo mostram uma confissão de fé do povo. Esta confissão de
fé ou credo do povo serviu e serve de orientação para toda a vida. É a marca de fé
do povo. É o tema central da Bíblia: a libertação. É a mensagem da boa nova ao
povo escolhido. O povo experimenta a libertação e esta libertação passa a ser o
protótipo de fé e de toda forma de liberdade. Como o faraó representa todo tipo de
escravidão. O Êxodo representa toda a liberdade.
O Êxodo no Antigo Testamento é o evangelho dos judeus até hoje. O Novo
Testamento incorporou esta temática da libertação. Encontramos espalhados no
Novo Testamento o tema da liberdade, da graça de Deus para com o povo. A
teologia do êxodo está centralizada na libertação, na saída do Egito e na aliança
com Deus. Deus no Êxodo é aquele que anda e caminha com o povo em sua
peregrinação pelo deserto, junto com o povo de Israel está Javé.

43
MAPAS DO LIVRO DE EXODO

44
CAPÍTULO IV – LEVÍTICO – VAIQRÁ - E CHAMOU

INTRODUÇÃO

Ex-------------------------------------Nm.

Gen---------------------------------------Lev.-------------------------------Dt.

Vaiqrá é o nome Hebraico de Levítico e em Português o livro recebeu o nome de


Levítico que vem da LXX e da Vulgata por identificar o livro com a tribo de Levi,
dos sacerdotes levitas. Foi escrito depois do exílio, bem perto da época de Esdras
e Neemias, o escritor chamou de P (sacerdotal em alemão - Priesterschrift). O
livro de Levítico é composto por várias partes importantes. O centro do livro (Lev
17-26) é denominado de Código Sacerdotal, mas é composto por vaias leis e de
rituais, de culto, de sacrificios, de impureza e pureza, do sábado. Este livro é o
centro do Pentateuco.

Nm

Gen. Lev. Ex.


Dt.

1- DIVISÃO DO LIVRO DE LEVÍTICO

O livro de Levítico pode ser dividido em duas partes:

45
1-16 -------------------------17-26.

Estas duas partes: 1-16 são as leis sobre o culto e 17-26 sobre ávida do povo
na terra prometida. Mas podemos subdividir as duas partes em quatro novas
divisões:

8-10--------------------------------------------17-26.

1-7--------------------------------------11-16.

2- CONTEÚDO DO LIVORO DE LEVÍTICO

Analisando as divisões propostas:

A- Lev 1-7- sobre os sacrificios:

Os sacrificios são variados no Antigo Israel. Mas estes sacrificios de levítico já


pressupõem o Segundo Templo de Esdras e Neemias ou da reforma destes que
retornaram da Babilônia. O sacrifício sempre fez parte da vida do povo, mesmo
sem templo, no deserto os nômades e seminomades sacrificavam aos seus
deuses. Esta é uma pratica comum. O texto mostra como deveriam ser feitos os
sacrificios.
Sacrifício de Holocausto: este sacrifício era queimado, feito com animais
totalmente queimado, podia ser feito por uma pessoa ou pelo povo todo (Lev 1 e
6). Era feito para Deus.
Sacrifício de Oferendas: de cereais, frutas, óleo, vinha (Lev 2).

46
Sacrifico de paz: ou de ações de graças, comunhão. Parte do sacrifício era
queimada e a outra parte era comida pelos sacerdotes e os que estavam
oferecendo sacrifício. Era um banquete santo. Deste sacrifício surgiu a ceia,
eucaristia (Lev 3).
Sacrifício de expiação: era o sacrifício para o perdão dos pecados cometidos (Lev
4; 5; 7).
Sacrifício de reparação: era o sacrifício seguido de indenização ou restituição por
algum dano cometido, é mais um ato moral e social, um ritual sagrado e diferente
da expiação.

B - Lev 8-10 - Sobre os sacerdotes.


O trecho mencionado em Lev 8-10 descreve o ritual de ordenação, função e como
deveria ser o sacerdote. Na ordenação (Lev 8). As funções dos sacerdotes (Lev 9)
e as leis sobre a vocação e ministério do sacerdote (Lev 10).
Na obra de Levítico diferente da Ob H Dtr, que diferencia o Levita do Kohen -
sacerdote. Aqui o Levita é sacerdote; todos são da tribo de Levi; são os que
abençoam, oferecem sacrificios, imposição de mãos; eles ainda são juizes e
médicos que não curam, mas procuram achar as doenças e suas causas; eles
declaram o que é puro e impuro. Elabora o culto, o ritual, o sacrifício; controlam o
funcionamento do templo; eram os cantores, porteiros e escribas.

C - Lev 11-16- O puro e o impuro


As purezas e impurezas são de vários tipos: a impureza que contamina, que não
permite a participação no culto, exclusão da comunidade; a pureza é a que
determina que o povo seja santo. Mostra qual são os animais puros e impuros, os
que são para o culto e que podem servir de comida (Lev 11); a pureza na mulher
após o parto (Lev 12); as doenças (Lev 13-14); o sexo puro, o sêmen e a
menstruação (Lev 15). A expiação, celebração penitencial (Lev 16).

47
D – Lev 17-26 - Leis sociais, políticas e econômicas

Este é o chamado Código da santidade ou Lei Sacerdotal. Mostra como Deus é


santo e como o povo deve ser santo: Sede santos como eu sou Santo. A
santidade é completa: a nível social (18-20); a nível cultual (21-22) e como
santificar os dias, o sábado (23-26); os votos e seus pagamentos (27).

3 - TEOLOGIA DO LIVRO DE LEVÍTICO


Esta nova divisão dá uma idéia da teologia sacerdotal. A teologia sacerdotal segue
o esquema da formação literária do livro , são temas que foram costurados os
blocos literários.

Lev 1,1-6,7 – manual do povo;

Lev 6,8-7,38 – manual dos sacerdotes;

Lev 8-10 – sacerdócio (tradição P);

Lev 11-16 – ritual do puro e do impuro;

Lev 17-26 – Código da Santidade ou Código sacerdotal;

Lev 27-34 – Votos e cumprimentos dos votos.

O livro de Levítico é difícil de ser entendido no século XX: os sacrificios, os rituais,


as funções sacerdotais, o culto e assim por diante. Para os israelitas desta época
o culto era fundamental na vida do povo escolhido. O culto, os sacrifícios eram
práticos comuns a muitos povos. O sacrifício é mostrado como peça fundamental
no culto antigo: Abel e Caim oferecem o Minhah – que era o sacrifício de cereais
e o olah - que era o sacrifício queimado de animal (Gen 4); Noé oferece o
sacrifício logo após o dilúvio (Gen 8,20).

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Este era um meio do homem buscar a Deus. A lei, o culto, os sacrificios eram para
preservar a comunhão com deus e que o povo continuasse sendo o povo de
Deus. Em Israel nem sempre foi o sacrifício o privilegio do sacerdote, mas do
povo. O povo era aquele que cultuava e ofertava o sacrifício.
A santidade é mostrada no livro como outro requerimento em Levítico. Junto com
o culto, a santidade era a forma com que o povo pudesse ver como eram
melhores o interior e o exterior das pessoas e das coisas; os contatos com coisas;
alimentos bons e os que não fazem mal; o comportamento e a vida social; o sexo
sadio. A santidade era um processo interior e exterior. Não é a religião que torna
santo, puro ou impuro; mas a vida em harmonia e amor. O texto de Levítico
sempre liga os deveres religiosos com a prática da justiça, do amor, da
misericórdia. Cuidar dos órfãos, viúvas, dos anciãos, velhos e idosos.
A teologia que fala muito da santidade. A oposição à santidade é o pecado, a
transgressão da lei, desobediência da lei é o afastar-se de Deus. O livro de
Levítico fala bastante sobre a expiação, pureza para se achegar a Deus e à
santidade. As leis de pureza levam a detectar as doenças, curar e não adoecer.

49
CAPÍTULO V – O LIVRO DE NÚMEROS – BAMIDBAR - NO DESERTO

Introdução

No deserto – Bamidbar é o nome em Hebraico. Este termo é a contagem dos


homens de Israel no deserto de Moabe. O livro narra mais do que a contagem, a
genealogia do povo, a travessia do deserto e as gerações que foram e saíram do
Egito. Na tradução da LXX e V recebeu o nome de Números que era a contagem
das pessoas das tribos que entrariam na terra prometida. Nm 1-4 e 26 narra esta
contagem.
O livro de Números é um livro preocupado com só a estatística, com o
recenseamento. Não é só o numero de pessoas, mas o numero das oferendas
que devem ser oferecidas pelos chefes tribais (Nm 7), as oferendas e libações
(Nm 15); quantos animais devem ser sacrificados nas festas (Nm 28-29), as
medidas dos terrenos que serão das tribos (Nm 28-28).
O livro de Números pode ser dividido em três partes: 1,1-10,10- o que aconteceu
no Sinai; 10,11-20,13 – o que aconteceu no deserto; e por fim, 20,14-36,13 – o
que aconteceu em Kadesh até a planície de Moabe.

1 – A DIVISÃO DO LIVRO DE NÚMEROS

As três partes do livro de números são partes temáticas. O livro narra a saída do
Sinai, local de acampamento quando saíram do Egito. Do Sinai foram para Cades
Barneia e se moveram para as planícies de Moabe, em frente ao rio Jordão para
se prepararem para a conquista.

10,11-21,1.

Cades Barneia.

50
1,1-10,10-----------------------------------------------------------------------------22-36.

Sinai. Moabe.

Nm 1-10,10 – Sinai.

1-4- Censo.
5-6 – Leis.
7-8 – Levitas.
9-10 –Páscoa e saída.

Nm 10,11-21,1- Cades Barneia.

11-12 – Cades Barneia.


13-14 – Canaã.
15-19- Leis do culto, e a revolta de Abiram, Datã e Core.
20-21 – Saída de Cades Barneia e chegada a Moabe.

Nm 22-36- Moabe.

22-25 – Balaão.
26-30- Novo censo e leis dos sacrifícios.
31 – Guerra com Midiã.
32-36 – Conquista da terra.

3- CONTEÚDO DE NÙMEROS

Este livro foi redigido como se fosse uma seqüência: continua o livro do Êxodo e
antecede o livro de Dt. O livro foi bem construído na situação geográfica. Isto dá
uma idéia de que foi construído e tem uma unidade literária interna: do Sinai foram

51
para Moabe. A idéia de genealogia e cronologia traz uma idéia de uma construção
de uma cronologia, de uma historia em sequência.
Esta cronologia foi usada para mostrar a realidade histórica: “no primeiro dia do
mês segundo do ano segundo após a saída do Egito” (Nm 1,1). Eles chegaram no
Sinai no terceiro mês após a saída do Egito (Ex 19,1) e saíram de novo (Nm
10,11). No livro de Dt 1,3 o líder e herói do povo, Moises, fala ao povo no primeiro
dia do décimo primeiro mês, do quadragésimo ano da saída do Egito. Tudo isto é
simbólico, os números são simbólicos.
Mas pensando de outra forma, eles ficaram no deserto conforme o livro de Nm
trinta e nove anos. Destes trinta e nove anos, 38 eles passaram em Cades
Barneia, no sul de Beerseba. A distancia é muito pequena para 38 anos; mas se
for assim, do Sinai a Cades Barneia demorou 11 dias (Dt 1,2). Poderia ser um
absurdo: Nm fala dos últimos 20 dias no Monte Sinai, 38 anos no deserto perto de
Beerseba e seis meses em Moabe.
No Sinai os fatos da ultima estadia: fazem o censo e saem do local; contam com
quem podem fazer a guerra; o que as tribos possuíam; e as leis e os levitas;
comemoram a páscoa (9,1-5); a nuvem aparece para guia-los, cobre o
Tabernáculo (9,15-23); começa a viajar pelo deserto, o sogro de Moises conhece
muito a região e inicia o comando da peregrinação (10,11ss).
O livro narra a situação do povo na caminhada: muitos reclamam da água amarga,
outros das panelas cheias de carne do Egito e agora a fome. Eles se cansaram de
comer o maná, querem carne de novo. Murmuram, lamentam e blasfemam. Deus
manda as codornas (11,31). Moises escolhe 70 anciãos para ajudar a governar o
povo no deserto. O seu irmão e sua irmã fazem uma rebelião (12). Ao chegar a
Moabe, em Param, perto da Terra Prometida, manda os espias investigar a terra a
ser conquistada. Os espias voltam e alertam o povo que são gigantes (13). O povo
se revolta contra Moisés e ele pede a Deus que não envie castigo nenhum ao
povo.
Muitos são afetados de morte, menor Josué e Calebe, uma parte do povo é
poupada, mas ainda não poderão entrar na terra prometida (14). Os Israelitas
atacam os Amalecitas e os Cananeus, são derrotados (14,39-45). O livro de

52
Números mostra algumas leis de sacrifício de alimentos, a quebra do descanso –
Shabat (15). O livro mostra ainda a revolta de Datam, Core e Abiram (16).
Esta revolta não é do povo é particular, de chefes tribais: Core é da tribo de Levi e
Datã e Abiram são da tribo de Rubem. Porque eles estão em revolta? Contestam
o poder e a autoridade de Moises, já velho e cansado, pensam que ele tem de ser
substituído por jovens. Moises como chefe do povo e Aarão como sumo
sacerdote, conforme os três, devem ser substituídos.
Saíram do Egito. O livro narrou do segundo ao quadragésimo ano desta fuga e
peregrinação. Chegam a Cades Barneia (13,26), caminham em direção a Moabe.
Enfrentam muitos perigos. A irmã de Moises, Miriam morre (20,1), o povo reclama
da falta de água, Moises irado fere a rocha (20,2-21); Aarão morre (20,22-29);
derrotam agora o rei dos cananeus, Arad em Hormá (21,1-3). Passam pela região
de Edom no sul; surge a polemica serpente de Bronze (21,4ss). A serpente era o
símbolo de uma deusa Egípcia ou Cananéia. Derrotam o rei Sion, rei dos
amorreus e Og rei de Basã (21,21).
Finalmente, chegam a Moabe e nas planícies (22). Começa a narrativa do
adivinho Balaão. Balac rei de Moabe manda buscar na Mesopotâmia, no rio
Eufrates um mágico. O papel de Balaão era amaldiçoar o povo que estava
chegando, os Israelitas. Há uma mudança. Balaão antes de amaldiçoar o povo
que estava chegando, abençoa o povo (24). Surge de novo a idolatria do povo
escolhido, os Israelitas. As mulheres de Moabe em contato com os homens de
Israel e as mulheres de Israel com os homens de Midiã. Provocam a idolatria.
Deus manda castigar o povo idolatra.
O neto de Aarão, o sumo sacerdote Fineias executa os idolatras (25). Começa um
novo censo do povo nas planícies de Moabe. Agora é para saber quantos são
para dividir a terra (26). Na contagem chegam ao numero astronômico de 601.730
pessoas. Começa a nova liderança sob o chefe Josué. Josué irá substituir o líder
Moises (27,12). Aparecem novas leis sobre as festas e os sacrifícios (28-29).
No final do livro narra a vitória dos Israelitas sobre os Midianitas (31) e começa
então, a divisão da terra na Transjordânia. Rubem, Gad e metade da tribo de
Manassés ficarão alem Jordão na Transjordânia (32). Há um retrospecto da vida e

53
da caminhada do povo, da saída até a chegada (33). Começa a divisão da terra
para as outras tribos. A divisão agora é na Cisjordânia, em Canaã propriamente
dita (33,50). Surgem as cidades refúgios para as pessoas que cometem
assassinato involuntário (35,9) e a herança para as mulheres casadas (36). Assim
termina o livro de Números.

3 – TEOLOGIA DO LIVRO DE NÚMEROS

Este livro tem como pano de fundo teológico a criação de uma nação. O povo saiu
do Egito desorganizado, agora é uma nação. Não é uma nação qualquer, mas é o
povo eleito, escolhido de Deus. O povo que caminha para a terra prometida a
Abraão e os outros Patriarcas, que agora está realizando a promessa feita por
Deus. O povo peregrino, que foi tirado da escravidão, foi libertado com milagres e
poderes de Deus; que fez a aliança do Sinai; é um povo santo; é guiado por dois
homens de Deus: Moisés e Josué.
O povo que tem o Tabernáculo, os sacerdotes levitas, homens separados para o
serviço de deus. Deus se mostra nas teofanias e nas epifanias: na sarça, nas
codornas, no maná, na água, na nuvem, na caminhada, no fogo, trovão e no
terremoto. A presença de Deus é sentida em todos os setores da vida: na lei, no
culto, no sacrifício, na pureza. Este é o povo de Deus que vai possuir a terra
Prometida aos antepassados. Apesar de tudo isto, o livro mostra que nem tudo é
bom e belo. Apesar de deus se mostrar e ajudar este povo, eles se: revolta,
murmuram e reclamam, pratica a idolatria, são infiéis e descrentes.
O tema do deserto se faz presente aqui também. O deserto é o lugar de pagar os
pecados cometidos, de ingratidão, revolta contra Deus. Mas é também o lugar de
purificação, de santidade, de organização do povo e de sacrifício, de culto ao
Deus único e verdadeiro. O Deus libertador de Israel da escravidão do Egito está
em Números.
O livro quer mostrar: Israel é um povo santo ou pecador? Por que caminhar tanto
tempo pelo deserto? O livro quer mostrar ainda as crises e conflitos. As difíceis

54
relações do povo com deus e a fidelidade de deus apesar de tudo o que
aconteceu com a ingratidão do povo. Este é um povo separado por Deus.

MAPA DE NÚMEROS

55
MAPA DE NÚMEROS

56
CAPÍTULO VI – O LIVRO DE DEUTERÔNOMIO – DEBARIM – AS PALAVRAS

Introdução

Alguns tiram este livro do Pentateuco como sendo diferente dos demais. Seria
então um Tetrateuco e não Pentateuco. O livro recebe este nome de deutero -
segundo em grego e nomos - lei. Este nome não é a tradução do Hebraico que é:
Debarim - palavras, mas o uso da LXX - Septuaginta de Dt 17,17 que mostra
como se deve fazer uma copia da lei. As leis aqui encontradas em Dt são
repetidas em Ex 20-23 e Lev 17-26. Palavras em Hebraico é para dar sentido às
palavras de Moisés.
O livro de Dt é o quinto e ultimo livro porque fala da morte de Moisés, das leis, da
geografia e cronologia após o livro de Números. O livro parte da narrativa da
situação do povo nas planícies de Moabe; fim da peregrinação. Eles estão diante
e vendo a terra prometida (Dt 1,1-3) e começam a se preparar para entrar na terra
da promessa a Abraão e possui-la.
O livro de Dt é escrito pela escola Dtr. Esta escola surge no pré – exílio e termina
no pós – exílio. Reescreve muitas outras obras, mas tem como base os livros
históricos. A obra Dtr é composta por: Dt, Js, Jz, I e II Re e I e II Sam. Tem o nome
de Ob H Dtr (obra historiográfica do deuteronomista). Reescreve ainda obras
proféticas como: Jer, Mq, Os, Am, Is, Zac e assim por diante.

1. DIVISÃO DO LIVRO DE Dt

O livro pode ser dividido de varias formas. A primeira delas pode ser com os três
discursos de Moisés em cima do monte na planície de Moabe. Depois Moisés
morre. O escritor queria fazer com que a narrativa fosse três sermões e que estes
sermões confirmassem a aliança feita por Deus a seu povo. Ocorre que temos
discursos com dois pronomes pessoais: tu e vós, e uma mistura de narrativa com
poesia e cânticos.
Primeiro sermão: Dt 1,1-4,40.

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Neste primeiro sermão, Moisés recapitula a saída do Egito até a chegada
visualizando a Terra Prometida. A caminhada pelo deserto até chegar a Região
das planícies de Moabe (1,6-3,29); ele exorta o povo a permanecer firme na lei,
obedecer a lei e guardar os mandamentos e não praticar a idolatria ( 4,1-40). Este
primeiro sermão tem duas subdivisões:

--------------------------------------------------------------------4,1-40.

-----------------------1,6-3,29--------------------

O Segundo Sermão em sua Primeira Parte. Dt 4,41-11.32.


Há uma introdução (4,41-49), o decálogo (5,1-31) e o guardar os mandamentos
(5,32-11,32).

-----------------------------------------5,1-31----------------------------------------

---------------------4,41-49-------------------------------------------------5,32-11,32.

Depois temos o Código Deuteronômico (12,1-26,15). As leis sobre o culto (12,1-


16,17), as leis civis (16,18-21,9), as leis sobre a família (21,10-23,1), as leis
sociais (23,2-25,16) e uma conclusão (25,17-26,15), sobre o guardar as leis.

O Segundo Sermão em sua Segunda Parte. Dt 26,16-28,29.


Neste sermão que é a continuação do anterior que foi interrompido pelas leis
deuteronômica, a aliança volta à tona, a renovação da aliança feita no s Montes
Ebal e Garizim (27) e as bênçãos e as maldições (28).

------------------------------------------------------------------------------28.

58
-------------------------------27----------------------

O Terceiro Sermão. Dt 29,1-30,20.

Este sermão é exortações de Moises ao povo, ele lembra de novo a aliança do


Sinai (29,1-16), o sermão que exige uma escolha: benção e vida longa na terra ou
morte e perdição (29,17-30,20).

--------------------------------------------------------------------29,17-30,20.

--------------------------29,1-16----------------------.

Sobram os textos poéticos de 3 1-34. Podemos dar o nome a estes textos isolados
que foram acrescentados como se fosse um tipo de acréscimo aos fatos
históricos. A escolha de Josué para substituir Moisés (31), o cântico de Moisés
(32), a benção de Moisés para todo o povo (33) e a morte de Moisés (34).

-------------------------------------------32----------------------------34------------------.

---------------------------31-----------------------------------33--------------------.

2 – CONTEÚDO DO LIVRO DE Dt

O conteúdo do livro de Dt pode ser esboçado da seguinte forma:

- Preceitos sobre a centralização do culto: Dt 12; 14,22-29; 15,19-23; 16,1-


17; 17,8-13; 26,1-15.
- As determinações sobre as leis casuísticas em Dt 21-25.

59
- Normas sobre a abominação para YHWH: 16,21-17,1; 18,9-14; 22,5; 23,19;
25,13-16.
- As leis humanitárias: 22,1-4; 23,16ss.20ss; 24,5-25,4.
- As leis da guerra: 20; 21,10-14; 23,10-15.
- O livro da lei: 15,1-11.12-18; 16,18-20; 19,1-13.16-21.
- A lei sobre o rei: 17,14-20.
- A lei sobre o sacerdote: 18,1-8.

Comparando Dt e Ex.

Dt 15,1-11--------------------------Ex 23,10ss.
Dt 15,12-18-------------------------Ex 21,2-11.
Dt 15,19-23-------------------------Ex 22,28ss.
Dt 16,1-17---------------------------Ex 23,14-17.
Dt 16,18-20-------------------------Ex 23,2ss.6-8.
Dt 19,1-13---------------------------Ex 21,12-14.
Dt 19,16-21--------------------------Ex 23,1.
Dt 22,28-29-------------------------Ex 22,15ss.
Dt 23,20-21-------------------------Ex 22,24.
Dt 24,7-------------------------------Ex 21,16.
Dt 24,10-13-------------------------Ex 22,25ss.
Dt24, 17ss----------------------------Ex 23,9.
Dt 24,17-22--------------------------Ex 22,20-23.
Dt 26,2-10---------------------------Ex 23,19ª.

O livro de Dt é bem complexo em sua estrutura e formação atual. Todos atribuíam


a autoria de Moisés ao livro de Dt. Os livros em sua maior parte foram redigidos
nos séculos VIII e VII ªC. Na época da reforma de Josias teve seu fundamento
principal. O livro dá a entender que realmente os ouvintes são do século XIII a.C.,
mas ele foi redigido entre 750 a 400 ªC.

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A parte central do livro (4,1-28; 5,1-9,10; 12,1-28,46; 30,11-20; 31,1-13) foram
escritos pelos mesmos grupos do reino do Norte antes ou durante a ocupação
pelos Assírios. Estes escritores são levitas – escribas e foram chamadas de
escola deuteronomista. Eles reuniram sermões dos levitas que andavam pelo
Norte – Efraim – Samaria, pregando, ensinando a lei e a aliança.
Na invasão Assíria e a destruição dos santuários do Norte em 722 ªC. o livro de Dt
em seu miolo estava pronto, a não ser certas inclusões posteriores ao exílio e no
pós –exílio. Ele estava junto e pronto com o estrato da composição nortista do E
(Elohista). Eles foram trazidos para o sul na fuga dos levitas. Eles fogem da
destruição de Samaria e chegam em Judá, capital do sul e no templo de
Jerusalém trazendo todo este material que tem a sua acolhida e é modificado
posteriormente pela tradição do Sul.
O rei Ezequias fez uma reforma antes do rei Josias. Ezequias (em 715 – 687 ªC.)
faz uma tímida reforma religiosa, nesta época acrescentaram algumas partes
iniciais e atualizaram algumas leis. Na reforma do rei Josias (640-609 a. C.) e na
reforma do Templo de Jerusalém (622 a. C.) “encontraram o rolo do livro da lei” (II
Rs 22,8). A maioria dos especialistas pensa neste miolo do livro que era a parte
central do livro de Dt. Naturalmente não foi o livro de Dt que provocou a reforma
do rei Josias, mas Josias aproveitou o enfraquecimento da Assíria e depois da
morte deste grande rei e ultima da Assíria, Assurbanipal em 626 a. C. se liberta
deste jugo e restabelece a independência política do reino de Judá. Estas medidas
tomadas mais a purificação do templo e do culto de Jerusalém têm como pano de
fundo o livro de Dt.

As medidas do rei Josias e as relações com as leis do livro de Dt são visíveis:

II Rs 23,8s.19------------Dt 12,13ss-------- centralização do culto.

II Rs 23,11ss-------------Dt 17,3-------------proibição do culto aos astros.

II Rs 23,7 -----------------Dt 23,18-----------afastamento do qadosh.

61
II Rs 23,24----------------Dt 18,11ss----------abolição das necromantes.

II Rs 23,10 ---------------Dt 18,10------------proibições dos sacrifícios de crianças.

II Rs 23,21ss------------- Dt 16,1ss-----------celebração da páscoa no templo.

A redescoberta do livro da lei dá inicio na reforma de Josias, que é uma reforma


religiosa e de latifundiários do que uma reforma dos pobres de Judá. A estas leis
acrescentaram algumas exortações. Esta reforma também foi mais ideológica do
que real. Na época do exílio teve uma nova redação e no pós - exílio uma redação
final e os acréscimos posteriores ao livro de Dt, onde se reescreveram muita coisa
e atualizaram algumas leis neste período.

3– TEOLOGIA DO LIVRO DE Dt

O miolo do Livro de Dt 12-26 influencia toda a teologia do Antigo testamento e do


Novo Testamento. Os profetas ao denunciarem os falsos reinos e as ideologias
estão fazendo sob a influência de Dt.
A compreensão de Deus que o Autor de Dt nos dá está inserida em Dt 6,4. Esta é
uma afirmação sobre a unicidade de Deus. Javé é um Deus singular e
incomparável. Ele seria o deus todo poderoso superior a todos os deuses da
antiguidade. O livro de Dt fala da idolatria e isto diferencia dos demais livros do
Antigo Testamento e do próprio Pentateuco.
Ele critica como se fosse um profeta às estatuas e a fabricação de imagens e
ídolos.
O livro de Dt faz uma grande distinção entre Israel e a nação, Israel é goym: povo
escolhido, nação e os outros povos são am (em hebraico): povo medíocre, Zé
povinho. Ele mostra que a presença de Deus se dá através da manifestação do
poder: fogo, vento, e não por imagens. O livro de Dt enfatiza as leis sobre a

62
democracia do poder (Dt 16,18-18,22). O poder, a liderança está nas mãos de
uma única pessoa ou de um grupo em Israel: Rei, sacerdote.
Como é que se deve escolher o rei, e como o rei deve governar o seu povo: Dt
17,14-20 fala de como isto deve acontecer. O rei deve governar o seu povo
através da lei de Deus. O povo deve lutar para que a distancia entre o rei e o
povo, que as diferenças sociais entre o próprio povo devem ser diminuídas. A
monarquia foi um desastre para o povo, o enriquecimento de uns poucos e a
maioria tornando-se pobres, miseráveis. A sociedade igualitária e solidária entre
as tribos acabou com a monarquia. O forasteiro, estrangeiro deveria ser bem
cuidado, pois o povo foi estrangeiro em terras estranhas e foi ajudado por Javé.
A boa hospitalidade, a não exploração nos negócios, a fé do povo devia ser
preservada. Quem levasse o povo a crendices, outras religiões e outros cultos,
desvirtuariam a comunidade e pagariam por isto, foi o que aconteceu com a
dinastia de Omri. O Dt reúne várias ênfases teológicas: a exclusividade e a
unicidade de deus, a integridade de Israel, a benção, o cuidado pelos fracos e
oprimidos, a centralização do culto, a pureza e as praticas rituais. O Dt é a porta
de entrada para a compreensão de Lucas no Novo Testamento, e da historia de
Israel no cativeiro Babilônico.
O conteúdo da lei deuteronômica dá o realce a três afirmações de Deus: Javé é o
único Deus; há um só lugar de culto a esse mesmo Deus; os pobres e fracos são
todos irmãos. Jerusalém é o local deste culto. O amor de Deus para com o seu
povo: este deve ser o amor do povo para com os pobres, oprimidos, as viúvas e
os órfãos. Exclusividade e unicidade de Deus são os eixos teológicos e os centros
do livro de Dt.
No livro de Dt deparamos com a teologia fundamental da terra. Deus e Israel são
os termos centrais do livro. Deus é o deus dos Patriarcas. O Deus que se revela
aos patriarcas e a Moises no deserto do Sinai. Deus escolhe para si um povo
entre todas as nações da terra. Israel torna-se o povo eleito. Foi Deus quem
escolheu Israel e não Israel quem escolheu Deus.

63
Deus elege com amor, não que o povo tivesse algum mérito. Deus ama e seu
amor é livre, é amoroso para com seu povo. Israel deve se santificar, eles
passaram a ser exclusividade de Deus. Deus liberta o povo da escravidão,
caminha com o povo pelo deserto, e ele faz uma aliança com seu povo. Deus lhes
dá uma terra, terra que mana leite e mel. A fidelidade a Deus é o mais importante.
O amor de deus exige o amor do povo. Como amar a deus? É amar e ser fiel às
suas leis, mandamentos e ordenanças. O contrario de tudo, a idolatria é a fonte do
mal, é a infidelidade a Deus. Se Deus ama o seu povo, Israel deve amar a todos.
Amar os povos, estrangeiros, órfãos e viúvas, pobres e necessitados. O amor a
Deus e a seu próximo faz parte de um só mandamento. As leis deuteronômica são
reunidas em uma só lei: a lei do amor.

MAPA DO LIVRO DE DEUTERONOMIO

64
CONCLUSÃO

OS TEMAS DA LEI, ALIANÇA E DEUS COMO CENTRO DO PENTATEUCO.

Deus escolhe o seu povo. Não é o povo que escolhe Deus. Deus faz uma aliança
com o povo. Através da aliança existem as regras, as leis, os mandamentos que
são de ambas as partes. Deus jamais rompe o seu pacto. O povo quebra as
alianças com outros povos e com os deuses. Israel rompeu as alianças, mas Deus
permaneceu fiel a seu propósito. A aliança é fundamental, é importante. Deus ama
seu povo e nunca falha em cumprir, corrigir, mantem-se fiel com seu povo.
Deus promete. Deus dá não por que o homem merece ou exige. A única coisa que
vemos em tudo é a fidelidade de Deus. O povo torna-se infiel e peca, o castigo
não vem de Deus, mas da própria infidelidade do povo. Notamos então que lei,
aliança, escolha são as mesmas coisas em Dt. Deus é fiel.
Houve varias alianças no Antigo Testamento. Mas é a mesma aliança de sempre.
Deus permanece fiel e oferece nova chance ao homem que sempre rompe e
quebra esta aliança. Deus sempre ama o seu povo. Deus faz uma aliança: da
criação a Noé; depois de Noé a Abraão; de Abraão a Moisés; e de Moises a
Josué. As outras alianças estão fora do Pentateuco: Davi e Salomão. Na primeira
aliança após o dilúvio, o arco-íris no céu é o sinal (Gen 9,1-17).
Na aliança com o patriarca Abraão (Gen 15; 17) e depois foi refeita com Isaque e
Jacó (Gen 26. 28; 35). Deus deu a Abraão e a sua descendência que seria
numerosa e que possuiria a terra prometida. No Sinai a aliança é com Moisés.
Começa a origem do povo, da nação de Israel (Ex 19-24). Aqui está a declaração:
serei o seu deus e vós sereis o meu povo. Nas alianças anteriores a promessa da
graça, aqui agora a promessa encontra-se uma exigência: leis divinas, o decálogo,
o amor aos outros. Os dez mandamentos são leis que devem ser cumpridas pelo
povo na aliança.
Os dez mandamentos (Ex 20,2-17 e Dt 5,6-21) mostram as leis do que não se
pode fazer, praticar. Os dez mandamentos são um resumo de Ex 20-23; Dt 12-26

65
e Ex 17-26. Ele traça a idéia da dimensão: em primeiro lugar vem Deus; depois
vem o homem, o pai; depois vem o próximo e por fim, vem os bens materiais.
A última aliança de Moises a Josué está demarcada em Js 24, a aliança de
Siquem. Josué fala para o povo escolher entre Deus e os deuses. Ele escolheria
YHWH e o povo resolve segui-lo. Veremos em outros livros, principalmente que
estas alianças falharam e foram criticados os povos pelos profetas. A idolatria e a
injustiça social foram praticadas com intensidade. O profeta Jeremias propõe uma
nova aliança, não de pedra, mas de carne no coração do homem (Jer 31,33).
Deus iria dar um novo coração, uma nova aliança e esta seriam eternas, para
sempre.
Deus no Pentateuco é concebido ora distante ora muito perto de cada homem.
Deus todo poderoso e que se revela e é libertador. Deus não tem nome: ele é (Ex
2,14). É Deus quem se revela que se dá quem escolhe e elege. Aquele que é, que
age, está presente na vida do povo e de cada um de nós.

BIBLIOGRAFIA

BRIEND, Jacques. Uma leitura do Pentateuco. São Paulo, Paulinas, 1980.

BUIS, Pierre. O livro de Números. São Paulo, Paulinas, 1994.

LOPEZ, F. G. Pentateuco. São Paulo, Paulinas, 1998.

LOPEZ, F. G. Decálogo. São Paulo, Paulinas, 1995.

LOPEZ, F.G. Deuteronômio, São Paulo, Paulinas, 1992.

PIXLEY, Jorge. Êxodo, São Paulo, Paulinas, 1987.

66
OS LIVROS DOS PROFETAS
(NEBIIM). ‫נבים‬

INTRODUÇÃO.

I - HISTORIA E LIVROS PROFÉTICOS.

II - OS PROFETAS NOS SÉCULOS VIII E VII a.C.

1. Israel neste período.


2. Judá nesta época.
3. Os Profetas.
3.1.Amós e a justiça social.
3.1.1. Divisão do livro de Amós.
3.1.2. Comentários a Amós.
3.1.3. Teologia de Amós.
3.2.Oséias e o amor a Deus.
3.2.1. Divisão do livro de Os.
3.2.2. Comentário a Oséias.
3.2.3. Teologia de Os.
3.3.O livro do profeta I Is – 1-39.
3.3.1. Divisão do livro do I Is.
3.3.2. Comentários a I Is.

67
3.3.3. Teologia do I Is.
3.4.Profeta Miqueias
3.4.1. Divisão do livro de Miqueias
3.4.2. Comentários a Miqueias
3.4.3. Teologia de Miqueias

III – OS PROFETAS DA ÉPOCA DO PRÉ – EXÍLIO NOS SÉCULOS VII E VI a.C.


1. Naum.
1.1.Divisão do livro de Naum
1.2.Comentários a Naum
1.3.Teologia de Naum
2. Sofonias.
2.1.Divisão do livro de Sofonias
2.2.Comentários a Sofonias
2.3.Teologia de Sofonias
3. O livro de Habacuque.
3.1.Divisão do livro de Hab.
3.2.Comentários a Hab.
3.3.Teologia de Hab.
4. O livro de Jeremias.
4.1.Divisão do livro de Jer.
4.2.Comentários a Jer.
4.3.Teologia de Jer.
5. O livro de Baruque.
5.1.Divisão do livro de Baruque.
5.2.Comentários a Baruque.
5.3.Teologia de Baruque.
IV – OS PROFETAS DO PERÍODO DO EXÍLIO (586-538 a. C.).
l. O Livro do profeta Ezequiel.
1.1.Divisão do livro de Ez.

68
1.2.Comentários a Ez.
1.3.Teologia de Ez.
2. O livro do II Is (Is 40-55).
2.1.Divisão do livro de II Is.
2.2.Comentários ao II Is.
2.3.Teologia do II Is.
V – PROFETAS DO PÓS – EXÍLIO (538 a 165 a.C.).
1. O Livro de Obadias (Abdias).
1.1.Divisão do livro de Ob.
1.2.Comentários a Ob.
1.3.Teologia de Ob.
2. O livro de Ageu.
2.1.Divisão de Ag.
2.2. Comentários a Ag.
2.3.Teologia de Ag.
3. Os livros de Zacarias.
3.1.Divisões dos livros de Zac.
3.2.Comentários a Zac.
3.3.Teologias de Zac.
4. O livro do Trito Isaias.
4.1.Divisão do Livro do III Is.
4.2.Comentários ao III Is.
4.3.Teologia do III Is.
5. O livro de Joel.
5.1.Divisão do livro de Jl.
5.2.Comentários a Jl.
5.3.Teologia de Jl.
6. O livro de Malaquias.
6.1.Divisão do livro de Mal.
6.2.Comentários a Mal.
6.3.Teologia de Mal.

69
7. O livro de Jonas.
7.1.Divisão do livro de Jonas.
7.2.Comentários a Jonas.
7.3.Teologia de Jonas.
8. O livro de Daniel.
8.1.Divisão do livro de Dan
8.2.Comentários a Dan.
8.3.Teologia de Dan.

INTRODUÇÃO.
A profecia no Antigo Israel tem relações com a profecia em seu entorno social e
cultural tanto na Palestina como no Crescente fértil. Esta profecia de Israel pode
ser dividida em profecia: clássica ou pré-exílica, exílica e pós-exílica. Podemos
anda dividi-la em: profecia, escatologia e apocalíptica. Esta profecia tem várias
funções dentro da literatura: anúncio, denúncia, visão, etc.

A profecia clássica teve como fundamento: o êxtase e os acontecimentos


fenomênicos para fazerem seus anúncios e denúncias, casos específicos de:
Elias, Eliseu, Miquéias bem Imla, Natã, etc. Estes profetas primitivos pregaram
contra a corrupção, o roubo, as injustiças sociais, o próprio rei e do povo. Os
profetas eram os recipientes da revelação divina.

70
A palavra de Deus era o seu fundamento para todo tipo de denúncia e de anúncio
de salvação. Estes profetas usavam a audição, sonhos, visões e transe para
anunciarem suas mensagens. Outros tinham como forma de anúncio às ações
simbólicas as parábolas, as visões onde viam coisas estranhas à nossa realidade,
esta forma era para mostrar a capacidade de criação do profeta e do modo que
Deus se manifestava.

Deus chamava seu profeta através de uma convocação, os profetas tinham uma
percepção simbólica deste chamado. Eles se autodesignaram mensageiros e
profetas de YHWH. Eles transmitiam seus oráculos e seus sermões ao povo, ao
rei e ao sacerdote e falsos profetas ou simplesmente a quem se dirigiam, a quem
era anunciada a sua palavra.

As ações simbólicas são interessantes: um profeta é boiadeiro do Sul e prega sua


mensagem no Norte. Outro profeta anda nu para anunciar a sua mensagem. Um
outro ainda compra um terreno para fazer dele o seu túmulo. Outra fala da medida
do templo que será construído. Outra fala da parábola do fazendeiro rico e com
muito gado e de um pobre sitiante que possui apenas uma ovelha, o primeiro dá
uma festa e antes de tomar de seu rebanho que era grande e toma a ovelha do
pequeno proprietário que tem ovelhas para a sua festa. Assim por diante, temos
muitas ações simbólicas anunciadas profeticamente.

Muitas destas profecias são denúncias e outras ou todas são anúncios de


condenação: se houver arrependimento, haverá salvação e se não houver
arrependimento haverá destruição e condenação.
Dentro desta profecia e do anúncio profético há uma relação importante para a
pregação: o circulo profético. Os profetas mantiveram seus discípulos, pessoas
cercadas de privilégios e estudos e prontos para assumirem as suas tarefas para
que os falsos profetas, profetas profissionais ou falsos profetas que recebiam
pagamentos para anunciarem a mensagem favorável ao rei ou ao sacerdote e
enganavam o povo.
Os profetas tinham em mente a palavra de Deus e a sua revelação, e nada mais.
Não ensinavam filosofias, nem pensavam como deviam conhecer a Deus. Mas

71
estavam prontos para anunciarem que Deus exige a misericórdia e a justiça.
Anunciavam sim que Deus é o único deus de Israel e que exige de seu povo a
fidelidade. Os profetas não pregavam a moral e sim a ética dos patriarcas: Oséias,
Amós, Miquéias, etc. Palavra de YHWH, e assim diz o senhor, são as expressões
ou termos no original para a palavra profética destes porta-vozes da palavra –
anúncio de Deus.
O Novo Testamento continuou este anúncio e denúncia adquiridos do Antigo
Testamento. Apenas a Igreja nos dias atuais não segue mais o anúncio –
denúncia destes profetas. Jesus é o sumo profeta, é o profeta dos profetas.

I - A HISTÓRIA E OS LIVROS PROFÉTICOS

Na Bíblia Hebraica a divisão dos livros proféticos é diferente da Bíblia cristã,


não é igual por que há diferenças enormes entre as duas. Existem algumas
diferenças que devem ser ressaltadas, como:

Primeiro, a Bíblia Hebraica divide os profetas em: profetas anteriores e


profetas posteriores. Nos profetas anteriores encontramos nossos livros históricos:
Js, Jz, I e II Sam, I e II Rs. Nos profetas posteriores a divisão segue da seguinte
maneira: Is, Jer, Ez e os doze profetas menores nosso torna-se apenas um livro. E
o nosso livro de Daniel que é considerado profetas, para os judeus ele é apenas
histórico.
A grande questão que permanece é: se devermos seguir ou não a linha da
profecia da Bíblia Hebraica ou seguir a hermenêutica Cristã dos profetas do Antigo
Testamento. Se fizermos a segunda opção perderemos mais da metade de sua
significação e ficaremos somente com a sua interpretação. Porém, se tomarmos a
primeira alternativa poderemos explorar o conteúdo completo da Bíblia Hebraica e
a sua divisão como sempre ela foi.
O profetismo em Israel é uma copia da profecia que ocorreu na Palestina:
cópia dos Cananeus, Hititas, Fenícios, Babilônicos, Acádicos, etc. Temos os
achados arqueológicos que comprovam a existência destas profecias,
principalmente os escritos de Ugarit.

72
Na Bíblia Hebraica o profeta é chamado de Nabi que vem do Acádico Nabu:
proclamar, gritar, mensageiro (por analogia). Todas estas traduções estão no
sentido ativo, mas no passivo pode ter o sentido de chamado de Deus. No grego a
palavra correlata foi profetes que significa mensageiro dos deuses, aquele que
prediz, que anuncia antes de acontecer.
Na Bíblia Grega, LXX, os profetas foram denominados de: maiores e
menores. Os profetas maiores: Is, Jer, (com Lam e Baruc), Ez, e Dan. Os profetas
menores: Os, Jl, Am, Ab (Ob), Jn, Mq, Na, Hab, Sof, Ag, Zac e Mal.

O profetismo na Bíblia Hebraica tem várias características essenciais: a


vocação, a revelação, comunicação. Na vocação mostra realmente que o profeta é
vocacionado, ninguém nasce profeta; alguns se transformaram em profetas sendo
antes sacerdotes, boiadeiro, do povo, etc. No Antigo Testamento temos mulheres,
o caso de Hulda, uma profetiza. Os profetas são vocacionados, tem uma missão,
foram seduzidos por YHWH. Receberam uma revelação: Assim diz o senhor, Diz o
Senhor, Esta é a palavra do Senhor. Recebe um sonho ou uma visão, parábola,
uma mensagem a ser transmitida. Esta é a comunicação a ser feita: recebe a
palavra que deve ser anunciada.

O profeta é aquele que vê, anuncia e denuncia. Assim está relacionada à


vocação. Com a missão, comunicação e a revelação dada ao profeta. Os
profetas podem ser divididos em: radares, aqueles que somente falavam, não
escreveram nada, sabemos apenas noticias a seu respeito. Estes profetas
anunciadores calavam-se rapidamente e pouco se sabe de suas atividades.
Alguns escritores bíblicos colocavam em suas mensagens por que estes talvez
nem foram profetas, mas receberam o nome de profetas: Miriam, Moisés,
Samuel, Saul. Temos os profetas que falaram: Gad, Natã, Elias, Eliseu. Outros
totalmente desconhecidos como: Aías de Silo (1 Rs 11.29-30); Semaías (1 Rs
12.21-24); Hanani (2 Cr 16.1-10); Jeú (2 Cr 19.1-3); Miquéias ben Imla (1 Rs
22) e por fim, Jaraziel (2 Cr 20.1-19).

73
Existem ainda os profetas anônimos. Eles foram chamados de filhos dos
profetas. Estes não são os filhos próprios, mas os discípulos dos profetas, os
seguidores ou grupos de pessoas que seguiam os profetas.
Os profetas escritores começam a escrever suas visões, parábolas,
denúncias no século VIII a.C. Eles pregaram por escrito. Os profetas anteriores
não deixaram nada por escrito. Por que começaram a escrever e não somente
falar. Os profetas eram reformadores sociais. Denunciaram a corrupção, o abuso
das forças dos reis, falaram do roubo e dos juízes subornados, denunciaram as
injustiças sociais e econômicas, por isso não falaram, mas escreveram por medo
de serem mortos, presos. As acusações dos profetas não foram apenas para os
reis, sacerdotes, juízes e oficiais do templo. A denúncia é contra o povo
principalmente. O povo é idolatra, adora outros deuses, vai atrás de deuses dos
povos vizinhos e provocam o zelo, ciúme de YHWH.

II – OS PROFETAS DOS SÉCULOS VIII AO IV a. C

Os profetas deste período tiveram uma atuação preponderante. Podemos


chamá-los de reformadores sociais, críticos da sociedade, revolucionários. Neste
período grandes impérios formaram e queriam dominar a região da Palestina.
Quem tinha a posse deste local tinha a economia mundial da época. Este era o
local das encruzilhadas das rotas comerciais. Caravanas comerciais passavam
por este lugar, controlaria a economia mundial, cobraria os pedágios e a cobrança

74
de tributos. Era um local muito visado pelas grandes potencias. Os impérios
lutavam entre si para controlar este lugar que era o jardim do Éden da economia,
da política. Sendo assim o local foi um lugar de mistura religiosa dos poderes
constituídos.

Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia eram os controladores deste local, neste


período. Os reinos deste local: Judá, Israel, Síria, Moabe, Edom e Amon eram os
que faziam parte deste lugar cobiçado por todos.

Os profetas criticarão estes reinos por tirarem proveito de Israel e Judá e


vice-versa. Egito e Assíria enfrentavam lutas internas, os Babilônicos lutavam pelo
mesmo trono. Assim Israel e Judá estavam livres do confronto, pelo menos por
enquanto, estes países resolviam seus problemas internos.

1 - ISRAEL NESTE PERÍODO

O reino de Israel começa com a divisão do reino na sucessão ao trono de


Salomão com Roboão e Jeroboão I e Jeroboão II (783 – 743) foi o grande rei que
ampliou seus limites. Ele foi maior na dinastia de Jeú. O Norte teve prosperidade
comparada com Davi e Salomão. Com a grande riqueza concentrada nas mãos de
poucos, os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Os camponeses
endividados, empregados e escravos, hipotecas e Dívidas, latifundiários, taxas e
impostos.
Na Assíria o reino tem como chefe, Tiglate Falasar III (754-727 a.C.). Ele é
um ditador militar e cria um império e começa a dominar tudo no Antigo Oriente.
Podemos ver tudo isto em II Rs 15.8-16, o filho de Jeroboão II. Zacarias foi morto
por Salum, que também foi morto por Manaem. O rei Assírio entre 743-738 invadiu
Israel e obrigou a pagar tributos pesados (II Rs 15.19-20). Com a morte de
Manaem, o seu filho Faceias sobe o trono (738-737), dois anos de reinado ele é
assassinado pelo filho de Romelias (737-732 em II Rs 15.25).

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Facéias de Israel e o rei de Damasco, Rasin, se juntam e provocam o Egito, fazem
um acordo para sair do poder dos Assírios, invadem Judá que era aliado dos
Assírios. Acaz rei de Judá, pediu auxílio ao rei Assírio. Este vem e destrói Rasin e
invade Israel. Após as derrotas de Damasco e Israel, Faceias se rebela e é morto
por Oséias, filho de Ela (II Rs 15.30). Oséias, que não é o profeta, é o último rei de
Israel entre 732-723, reinando apenas 9 anos e pagador de tributos à Assíria e
Salmanazar V (727-722), sucessor de Tiglate Paleser, que invade Israel, sitia a
cidade de Samaria, e seu filho Sargão II (722-705) destrói e acaba com o reino do
Norte - Israel, leva os exilados para a Assíria e assim acaba com o reino de
Efraim.

2 - JUDÁ NESTA ÉPOCA.

No século VIII também Judá prosperou e Azarias ou Ozias (781-740) reinou


tranqüilo. Ele domina seus vizinhos Filisteus a Amonitas, constrói fortalezas em
Jerusalém, reforma o exercito, a agricultura (II Cr 26). Teve a doença da lepra e é
ajudado por Jotão. Quando terminava seu governo houve a invasão da Assíria no
Norte. Azarias morre e assume no seu lugar Jotão (740-736) e depois Acaz aos 20
anos assume o trono (736-727), neste período começa a guerra Siro-Efraim
registrada pelo profeta Isaias (Is 1-39).

Facéias, Damasco, Gaza, Tiro e Sidon se alia contra os Assírios e Judá entra em
acordo. Acaz porem pede ajuda aos Assírios que derrota Damasco, invade Israel
e salva Jerusalém e Judá se torna vassalo dos Assírios, perde um pedaço do
território para Edom, paga tributo. Morre Acaz no ano que morreu Tiglate Paleser.
Assume o trono em seu lugar Ezequias (716-697), era garoto quando isto
acontece, um grupo governa em seu lugar e depois ele assume o trono, faz a
reforma social e religiosa, acaba com o paganismo em Judá, reinicia o culto,
restabelece os levitas (II Rs 18.4 e II Cr 29-31).

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Em 705, após a morte de Sargão e das reformas políticas, Ezequias se revolta
contra a Assíria com o apoio do Egito. Senaqueribe que sucede Sargão II invade
Judá e conquista muitas cidades de Judá. O rei Assírio volta para sufocar as
revoltas em seu país. Em II Rs 19.35, fala do poder divino para libertar Judá dos
Assírios, porem Ezequias paga tributos a Assíria. Isto podemos ler em II Rs 18.14.
Os profetas nesta época que atuaram com suas críticas pesadas a Judá: Isaias e
Miquéias.

Com a morte de Ezequias, Manassés seu filho sobe ao trono com 12 anos
(697-642), acaba com a reforma religiosa, abole tudo e edifica templos e altares a
ídolos. Em II Rs 21, fala desta idolatria. Amon filho de Manasses o sucede (642-
640), os seus ministros o matam. Isto vemos em II Rs 21.19-26. O povo da terra,
chefes de latifúndios, coloca Josias, filho de Amon no trono e estes mesmos
governam (640-609). Com 18 anos Josias começa a reinar. II Rs 22.1-3 fala
destes fatos. Quando Josias reinava, morre Assurbanipal, a Assíria decai e surge
uma nova ameaça no horizonte político. A Babilônia se organiza. Judá começa a
reforma religiosa e Josias em 622 proclama esta reforma.

Acaba, Josias com templos e altares de ídolos, restaura as leis religiosas.


Enfatiza a Páscoa, reforma o templo de Jerusalém, acha o livro da lei, parte do
livro de Dt (II Rs 23.4-24 e II Cr 34-35). O rei Josias é ajudado na reforma pela
profetiza que conhecemos no A.T. com o nome de Hulda (II Rs 22.14-20) e por
Sofonias.

Em 614, a Babilônia derrota a Assíria e é a nova dona de todo império do


Oriente. Josias é derrotado na famosa batalha com os Egípcios em Megido em
609 (II Rs 23.29ss). O filho de Josias que assume o trono é Joacaz que perde o
trono com Neco II (II Rs 23.31-33) que coloca o seu irmão Eliaquim em seu lugar e
muda seu nome para Joaquim (609-598 em II Rs 23.34) e este se torna escravo
do Egito. Este rei foi muito mau, sem crença e déspota.

77
Em 605, Nabucodonosor ameaça e derrota o Egito. Em 603 o rei judaita
Joaquim paga tributos à Babilônia. Em 598 a Babilônia vai para a Palestina e o rei
Nabucodonosor está perto de Judá. Joaquim morre e Jeconias (Joiaquim) sobe ao
trono em 598. o rei Babilônico cerca e abre brechas em Jerusalém, Jeconias reina
3 meses, é preso e levado para o exílio (II Rs 24.10ss).

No lugar de Joiaquim, Nabucodonosor colocou o filho de Josias, Matanias e


dá o nome Zedequias (598-587 em II Rs 24.17). Este rei está sob controle da
Babilônia (Ez 17.13-21). O rei é mal visto pela população. Em 588 recusa pagar os
impostos devido à Babilônia. O rei Babilônico ameaça e em janeiro de 587 cerca
Jerusalém e em 19 de julho, Jerusalém é tomada, o rei judaita tenta fugir e é
preso. Nabucodonosor mata todos os seus descendentes, fura os olhos do rei e o
manda para o exílio (II Rs 25.7). As muralhas de Jerusalém e o templo são
destruídos, as casas incendiadas, roubados os tesouros do templo (II Rs 25.9-10).
O profeta Jeremias é o anunciador desta época difícil de Jerusalém.

3 - OS PROFETAS.

3.1 - AMÓS E A JUSTIÇA SOCIAL.

Este profeta é um enigma, não é profeta, vidente nem filho de deles. Diz
que era de Técoa perto de Belém, era judaita que prega sua mensagem no reino
do Norte na época do rei Jeroboão II, durante o ano 750 a.C. ele se autodenomina
de pastor (Am 1.1), é um boiadeiro e catador de frutos sicômoros (Am 7.14), não
se sabe se era o dono ou empregado do dono do rebanho. Ele é um camponês,
mas conhece profundamente os problemas sociais, políticos e econômicos contra
Jeroboão II. Ele deve ter pregado poucos meses, como aparece, ele desaparece,
sendo expulso de Betel pelo sacerdote Amazias (Am 7.10-13), não sabemos que
fim ele teve. Os rabinos contam uma lenda que ele foi morto pelo filho do
sacerdote Amazias. Outra estória, diz que ele voltou para os campos de Técoa.

78
O profeta prega contra as injustiças sociais. A prosperidade do reino do
Norte trouxe também miséria, pobreza, roubo, suborno, juizes corruptos. A sua
pregação é contra este. Israel é corrupto (7.7-9), é um cesto de figos estragados
(8.1-2), a exploração do pobre e o latifundiário estão em contraste.

Os corruptos são alvos da mensagem do profeta (2.6-7), os comerciantes ladrões


(8.4-8), os palácios estão cheios de roubos e violência (3.9), extorsão (2.8; 5.11), o
luxo (2.15; 6.4-6). Os poderosos oprimem os fracos (8.4-6), torcem o direito dos
pobres (5.7; 6.17). As festas e celebrações enojam YHWH, mas ele quer justiça e
misericórdia (5.21-24); o país está em ruína (9.1ss). Tudo isto está sob a ameaça
de Sargão II da Assíria. O Profeta não prega a condenação, mas a salvação (5.4),
Deus não deve ser buscado e sim praticado a justiça (5.14-15).

3.1.1 Divisão do livro de Amós.

Am 1.1 – Visão

Am 9.15 – Restauração de Israel

Am 1.1-2.5 – Denuncias contra os povos vizinhos de Israel

Am 2.6-16 – Denuncia contra Israel

Am 3.1-6.14 – Denuncias e ameaças

79
Am 7.1-9.10 – Visões

Am 9.11-15 – Salvação futura de Israel

Am 1.1-2.3 – Denuncia contra as nações

Am 2.4-5 – Denuncia contra Judá


Am 2.6-16 – Denuncia contra Israel
Am 3.1-15 – Castigo contra Israel
Am 4.1-3 – Castigo às mulheres de Israel
Am 4.4-13 – Israel está cego espiritualmente

Am 5.1-20 – Buscai a Deus e vivei

Am 5.21-27 – Praticai ai justiça e não sacrifícios


Am 6.1-14 – Corrupção e destruição de Israel
Am 7.1-9 – Visões: gafanhotos, fogo e prumo
Am 7.10-17 – Acusação ao profeta de conspirar
Am 8.1-3 – Visão do cesto de fruta
Am 8.4-14 – Israel será destruído

Am 9.11-15 – Restauração de Israel

3.1.2 Comentários a Amós.

O livro do profeta Amós é diferente em vários sentidos. Ele é composto


literalmente com parábolas, relatos narrativos, poemas. É uma coletânea de vários
autores, teve uma revisão e correção literária dos escritos Dtr onde as profecias
têm os relatos de seus cumprimentos. As revisões são intencionais. A perspectiva
de dissensão sobre se ele é profeta – nabi e vidente – roeh, ou anunciador –
hazah. Algumas vezes fica evidente que ele não é nada disto, mas um pastor e

80
coletor de frutas do sicomoro. O que fica claro sobre o profeta Amós é que ele
denuncia a corrupção, o roubo do rei, das elites, das mulheres ricas de Samaria.
Ele denuncia os juizes corruptos que distorce o direito em favor de quem pague
mais. Ele denuncia o sacerdote por idolatria e o profeta por anunciar coisas boas e
que acontecerá a desgraçar a todos.

3.1.3 Teologia de Amós.

Ele é enviado de Javé, mensageiro ou arauto de Deus. Amós não usa o auto
morfismo, acusa polemicamente o paganismo do estado e o sincretismo do
templo. Juntamente e contemporâneo de Oséias, denuncia as nações vizinhas
de roubo e corrupção. Condena o reino do Norte, prega contra Jeroboão I, e o
templo de Gilgal. Anuncia o juízo de Israel e seu povo por causa das injustiças
cometidas em todos os níveis: social, econômico, político e religioso.

Amós usa muito as expressões: justiça – mishpat e misericórdia –


tsedeqah. A corrupção da justiça é o tema central de Amós. A ética é a da
corrupção que o profeta condena. O profeta critica a classe dirigente do povo do
Norte: rei, sacerdote, juizes e elite. Mas fala do pobre, do órfão e da viúva, os
oprimidos, humildes.

O profeta critica culto oficial e a teologia do rei e sacerdote. Os fieis não


buscam mais a Deus. O povo é culpado pois ajuda a legitimar a ordem
estabelecida pela classe alta. Mas virá o juízo, a tribulação, derrota e a catástrofe
final. Assim mesmo (na correção Dtr) a salvação virá.

3.2 - OSÉIAS E O AMOR DE DEUS.

Os três primeiros capítulos do livro do profeta Oséias falam do amor


incondicional. Amar uma prostituta como Deus ama Israel. Este profeta é bem
desconhecido, pouco se sabe sobre ele. Filho de Beeri e esposo de Gomer e pai

81
de filhos com nomes estranhos. Não se sabe se era do Norte ou do Sul, mas que
atua no Norte. É posterior a Amós. Estes dois profetas atuam pregando no Norte e
somente no Norte.

Os capítulos 1-3 falam de Gomer a prostituta, de três filhos (2 meninos e 1


menina): Jesreel (Deus planta), Lo Ruamah (não amado), e Lo Ami (não povo). A
prostituta não tem marido, mas vários, porem o profeta à ama intensamente.
Podemos imaginar o simbolismo e a ficção literária, ou a verdade absoluta,
depende da experiência matrimonial do profeta para mostrar as relações de
YHWH e seu povo, Deus fiel e povo infiel.

Este profeta agiu entre a pregação de amor e o fim do Reino do Norte


(entre 740 e 722 a.C.). Oséias atua no crepúsculo de Jeroboão II e Amós em sua
prosperidade.

Os últimos discursos de Oséias são do ano de 725 antes da queda de


Samaria. A mensagem de Oséias é contra as injustiças sociais, políticas,
econômicas e religiosas. O profeta prega contra a corrupção, o culto formal e a
idolatria. Isto pode ser visto em Os 5.6; 6.6; 8.1-13. O profeta prega contra o que
se praticava em Israel e no culto no templo em Betel. Oséias fala da salvação, do
amor de YHWH a seu povo. O seu casamento é para mostrar que o amor de Deus
é maior que amor do homem.

O povo não corresponde este amor de Deus e procura outros deuses e se


prostitui com outros cultos. O profeta quer mostrar que este culto a outros deuses,
esta idolatria, é prostituição e adultério. O povo infiel será abandonado, se procura
Baal que é deus da prostituição e da fertilidade dos Cananeus, este mesmo Baal
não é capaz de salvar seu povo. Somente YHWH poderá salvar a Israel. Para o
profeta a história de Israel não é de salvação, mas de destruição, de adultério e
rebeldia.

82
Se Israel foi retirado do Egito, salvos por YHWH, peregrinaram pelo
deserto, ao possuir a terra viveram em comum com os Cananeus. Os Israelitas
eram pastores e os Cananeus eram agricultores. Israel deixa o pastoreio aos
povos e se tornam agricultores.

Para o profeta o culto a Baal é uma prostituição, pois YHWH é o único e


verdadeiro Deus. O castigo de Deus virá, como fora peregrinos no deserto, irão de
novo para o deserto. Israel é as uvas verdes e azedas do deserto. O zelo, ciúme e
cólera de YHWH virão. Apesar da idolatria, injustiça, prostituição e pecado, Deus
continua amando seu povo. Deus é um pai que ama e pune seu filho por seu erro
cometido.

3.2.1 Divisão do livro de Oséias.

Os 1.1-2.1 – Matrimonio de Oséias


Os 2.2-2.3 – Povo infiel e Deus fiel

Os 3.1-5 – Bondade de Deus

Os 4.1-19 – Corrupção de Israel


Os 5.1-14 – Repressão contra o sacerdote e principais
Os 5.15-6.11 – Conversão
Os 7.1-16 – Impiedade dos reis e dos príncipes
Os 8.1-44 – O castigo virá
Os 9.1-17 – Israel será castigado
Os 10.1-15 – Israel será destruído

Os 11.1-12 – Amor de Deus e povo ingrato

Os 12.1-14 – Jacó e o povo de Israel


Os 13.1-16 – Castigo
Os 14.1-8 – Promessa de perdão
Os 14.9 – Convite final

83
3.2.2 Comentário a Oséias.

O livro de Oséias tem duas introduções e parece que houve dois casamentos
com a mesma ou duas mulheres. Os relatos sobre os matrimônios estão em Os
1.1 a 2.1 e o ato simbólico em Os 2.2-2.3. O livro pode ser dividido em duas
partes essenciais: a primeira narrativa matrimonial como a infidelidade a Deus e
depois a bondade de Deus 3.1-5; o amor de Deus e o povo ingrato 11.1-11 e a
última tentativa de Deus para salvar o seu povo 14.1-8 com a promessa de
perdão e o chamado final 14.9. Nomeio destas narrativas temos a corrupção
4.1-19; a impiedade dos reis 7.1-16, o castigo a Israel 8.1-14, a conversão 5.15-
6.11 e o castigo final 13.1-16.

Podemos notar que houve uma remodelação na composição do livro de


Oséias que era um livro de condenação de Israel para a salvação de Israel.

3.2.3 Teologia de Oséias.

Em ambas narrativas o escrito do livro de Oséias e o relato final conservaram a


idéia de uma profecia de salvação de conversão e do amor de deus para com
seu povo. O amor de deus é incondicional, mas o seu zelo ou ciúme é total.
Oséias mostra o amor de Deus, a sua bondade, misericórdia, mas o povo
continua infiel, ingrato e pecador. A promessa de Deus a Jacó não faz parte do
passado, mas está presente nesta situação real de perigo e desastre do povo.

O povo continua a pecar, é como uma prostituta à procura de homens, Israel


está à procura de deuses. O anuncio do profeta é para a conversão, ainda há
tempo, mas Israel será castigado, punido e destruído. O erro está na elite,
sacerdote, reis e príncipes são os maiores pecadores, os religiosos são

84
culpados e levam o povo à cegueira e à destruição. Há a promessa de perdão e
um convite final de arrependimento é feito, mas o povo não quer ouvir, um resto
se salvará apenas.

3.3 - O LIVRO DO PROFETA ISAIAS I (1-39).

Isaias de que estamos falando é de Isaias histórico que vive no sul, atua no
sul, mas acompanha o final do Reino do Norte. Vive entre 740 a 701 a.C. O livro
de Isaias é o maior da Bíblia, tem 66 capítulos. Este livro tem três profetas: 1-39
o profeta Isaias, 40-55 um discípulo seu e 56-66 um discípulo do discípulo. Este
Is 1-39 viveu no século VIII a.C. O outro vive na Babilônia e por fim o último
viveu n período pós-exílico. Chamaremos de Is I, Deutero ou Segundo Is, e o
Trit. ou Terceiro Is.

Isaias nasceu em Jerusalém cerca de 760, durante o governo de Ozias


(Azarias) entre 781-740, era filho de Amós, não o profeta do mesmo período.
Talvez o profeta Isaias era descendente do rei Amazias (II Rs 14.1-20) e é
vocacionado no ano 740 e com 20 anos de idade (Is 7) e casado talvez sua
mulher foi uma profetiza, os seus filhos “um resto volverá” (Sear-Jasub) e
“pronto já que é o rápido despojo” (lemaher shalal hash baz). Estes nomes são
símbolos e pode referir à queda de Israel (Is 8.1e3). O profeta tinha uma
personalidade nele marcante (descrição, energia e firmeza).

Nenhuma dificuldade o assolava, a sua ação era contra o rei e os


sacerdotes, falou contra a classe alta, atacou com os professores e dominantes:
reis, juízes, sacerdotes, fazendeiros, latifundiários. A sua mensagem zombava
mulheres altivas. A sua morte deve ter ocorrido em 701 a.C., sendo talvez
martirizado pelo rei Manasses, que mandou que o cortasse pelo meio com uma
serra.

85
A sua mensagem é como a sua vocação: a grande experiência com Deus,
santidade de Deus, Deus de Israel, Todo Poderoso e Ele está bem perto do
povo. Ele prega contra as injustiças sociais, a oposição dos fazendeiros contra
os agricultores e pastores. Fala do culto idolatra e sem vida (Is 1.16-17; 3.16-
24; 5.1-24; 10.1-14). Fala de Sião, a cidade santa, do povo eleito, Davi é o rei
eterno. Fala da fé e da santidade. Ele critica ao rei Acaz que se apóia no rei
Assírio e não em YHWH, fala de Ezequias que se alia ao Egito e não a Deus,
crer é mais importante que construir menos em Jerusalém (7.3-4), Is 19-31 são
criticas as alianças de Judá, aliança significa idolatria, fé em Deus não é no rei
e as alianças.

Os reis não ouviram nem a Deus nem ao profeta. Em 701 Jerusalém foi
salva pelo milagre (Is 36-37). Mas estes não dão ouvido ao que vai ocorrer, o
desastre nacional que o profeta não chegou a ver, nem Acaz e Ezequias. O
profeta prega que um resto de povo eleito se salvaria, pro que se manteria fiel e
seriam tragos do exílio para continuar na cidade santa, na cidade de Davi.

3.3.1 Divisão do livro do profeta Is I.

Is 1 – Vocação

Is 6 – Vocação

Is 7 – Renovo
Is 7-9 - Renovo

Is 24-27 – Apocalipse

Is 38-39 – Cântico e embaixada.

86
O livro do profeta Isaias pode ser dividido em três partes: a parte narrativa em Is
1-39; a parte poética em Is 40-55; e a parte escatológica 56-66. Esta primeira
parte de Is 1-39 reflete a guerra do Norte – Israel contra os Assírios; a segunda
parte reflete a guerra contra Nabucodonosor; e a terceira parte a reconstrução
do templo, da cidade de Jerusalém. Podemos dividir o livro primeiro em sua
formação.

1a divisão:

Is 1.1: Visão de Isaias, filho de Amós, o vidente sobre Judá e Jerusalém.


Is 2.12: A palavra de Isaias.
Is 13-23: A resposta.
Is 24-27: O apocalipse de Isaias.
Is 28-35: A reclamação do profeta e o seu chamado.
Is 36-39: A oração do profeta em Is 38.9-20 em relação com II Rs
18.13,17,20.

2a divisão:

Is 1.2-20,29-31 – Pecado e catástrofe.


Is 1.21-26 a 2.1-5 – Reconstrução.

Is 2.6-4.1 – Pecado e catástrofe da nação.


Is 4.2-6 – Reconstrução.

Is 5.1-8.23a – Pecado e catástrofe.


Is 8.23b- 9.6 – Reconstrução.

Is 9.7-10.19, 28-34 – Pecado.


Is 10.20-27 a 11.1-16 – Reconstrução.

87
3a divisão:

Is 1.2-5.7
1.
Is 1.2-31 – Filhos – Israel – Direito e Justiça, 2.1-5 – Jerusalém e Sião.
Is 2.6-22 – Rompido o orgulho dos homens.
Is 3.1-15 – A justiça de Deus.
Is 3.16-4.1 – Julgamento das filhas de Sião.
Is 4.2-5 – Jerusalém e Sião.
Is 5.1-7 – A infidelidade – Israel – e o direito à justiça.
Is 5.8-10.19
2.
Is 5.8-24 – Tristeza e chamado.
Is 5.25 – A ira do Senhor.
Is 6 – Visão do profeta.
Is 7 – Anúncio contra Israel e a Síria.
Is 8 – Invasão Assíria.
Is 9.7-20 – A ira do Senhor.
Is 10.1-3 (4) e 10.5-19 – Tristeza e chamado.
3.
Is 10.20-11.26
Is 10.20-27 – O resto de Israel.
Is 10.28-34 – A vinda do Senhor.
Is 11.1-16 – O resto do povo de Israel fiel.
4.
Is 12.1-6 - Agradecimento com cântico de louvor.

Is 13.1-23.18
5. - Resposta:
Is 13.1-22 – Babel.
Is 14.4-23 – O rei de babel.
Is 14.24-27 – Assíria.
Is 14.28-32 – Filistia, a datação 14.28.
Is 15.1-16.4 – Moabe.
Is 17.1-11 – Israel.
Is 17.12-14 – Assíria.
Is 18.1-7 – Cush - Etiópia.

88
Is 19 – Fuga para o Egito.
Is 20.1-6 – Egito e Etiópia.
Is 21.1-10 – Babel.
Is 21.11-12 – Edom.
Is 21.13-17 – Arábia.
Is 22.1-4, 15-19, 20-25 – Jerusalém.
Is 23.1-18 – Tiro e Sidon.
6.
Is 24.27 - Apocalipse de Isaias.

Is 28-35
7.
Is 28.1-29 – Tristeza sobre Efraim.
Is 29.1-14 – Tristeza sobre Ariel.
Is 29.15-24 – Tristeza sobre o povo.
Is 30.1-33 – Tristeza sobre os filhos.
Is 31.1-32.20 – Tristeza sobre Jerusalém.
Is 33.1-35.1 – Tristeza sobre a cidade devastada.
8.
Is 36.11-39.8
Is 36.1-3 – Senaqueribe invade Judá.
Is 36.4-22 – Afronta ao Senhor a Ezequias.
Is 37.1-7 – Ezequias procura o profeta.
Is 37.8-13 – Carta do rei da Assíria.
Is 37.14-20 – A oração de Ezequias.
Is 37.21-35 – O profeta condena o rei.
Is 27.36-38 – A destruição aos Assírios.
Is 38.1-8 – A doença do rei e o milagre.
Is 38.9-22 – Cântico do rei Ezequias.
Is 39.1-8 – A embaixada de Judá na Babilônia.

Is 1.39 (J. Blekinsopp)

Is 1.1 – Título.
Is 1.2-3.1 – O grande Arranjamento.
Is 2.1 – Título.

89
Is 2.2-5 – A peregrinação das nações a Sião.
Is 2.6-22 – O juízo final.
Is 3.1-15 – Caos social e moral.
Is 3.16-4.1 – O destino dos senhores da corte.
Is 4.2-6 – Após o juízo, paz e segurança.
Is 5.1-4 – O cântico da vinha.
Is 10.1-4 e 5.8-24 – A série dos oráculos.
Is 9.7-20 e 9.8-21 e 5.25 – O poema da angústia de Deus.
Is 5.26-30 – Assíria está pronta para o ataque.
Is 6.1-13 – O trono da sala da visão.
Is 7.1-17 – A primeira intervenção de Isaias na política judaica (734 a.C.).
Is 7.18-25 – Desastre de guerra.
Is 8.1-4 – O filho com o nome despojo.
Is 8.5-10 – Judá será submetida.
Is 8.11-15 – Isaias e os seus co-conspirados.
Is 8.16-22 – A reflexão.
Is 8.23-9.6 (9.1-7) – Novo governador, nova era.
Is 10.5-14 – Assíria, a minha angústia.
Is 10.15-19 – Resposta profética a mistura Assíria.
Is 10.20-27a – Três comentários editoriais.
Is 10.27b-34 – Os inimigos.
Is 11.1-9 – O reino pacifico.
Is 11.10-16 – O povo remido.
Is 12.1-6 – Hino de agradecimento.
Is 13.1-22 – A queda da Babilônia – presságio do juízo universal (II Is)
Is 12.1-2 – Comentário Editorial.
Is 14.3-23 – O rei da Babilônia no submundo (II Is)

Is 14.24-27 – O fim do império Assírio.


Is 14.28-32 – Oráculo pronunciado sobre os Filisteus.
Is 15.1-16.14 – Oráculos contra Moabe.
Is 17.1-11 – O destino da Síria e Israel.
Is 17.12-14 – O fim político da opressão.

90
Is 18.1-7 – Contra a aliança contra o Egito.
Is 19.1-15 – O destino do Egito.
Is 19.16-25 – Seja abençoado meu povo no Egito.
Is 20.1-6 – O ato final.

Is 21.1-10 – Caiu, caiu, a Babilônia (II Is).

Is 21-11-17 – Oráculos contra os povos Árabes.


Is 22.1-14 – O vale da visão.
Is 22.15-25 – Palácios oficiais condenados.
Is 23.1-18 – Contra a Fenícia.
Is 24.1.13 – A ira de Deus.
Is 25.6-8 – O banquete escatológico (II Is).

Is 25.1-5;
Apocalipse Is 9-12; Três Salmos de agradecimento (II Is).
de Isaias Is 26.1-6.

Is 26.7-27.1 – Um Salmo escatológico (II Is).

Is 27.2-6 – A vinha requintada (II Is).

Is 27.7-13 – O destino da cidade e do povo de Deus.


Is 28.1-13 – A queda de samaria e seus lideres.
Is 28.14-22 – A morte.
Is 28.23-29 – A parábola do bom fazendeiro.
Is 29.1-8 – Ariel o reverso da fortuna.
Is 29.9-14 – Tristeza do povo.
Is 29.15-24 – As limitações da política.
Is 30.1-5 – A destruição da aliança com o Egito.
Is 30.6-7 – Animais do Negev.
Is 30.8-14 – Escreva para a posteridade.
Is 30.15-17 – A morte desastrosa.
Is 30.18-26 – Misericórdia.
Is 30.27-33 – Fim da Assíria.
Is 31.1-10 – Aliança com o Egito é um desastre.
Is 32.1-8 – O reino justo.

91
Is 32.9-20 – Choro, mas não para sempre.
Is 33.1 – O tirano condenado.
Is 33.2-6 – Salmo de petição e oração.
Is 33.7-13 – Cena social e desastre físico.
Is 33.14-16 – O catecismo.
Is 33.17-24 – Futuro sem medo.
Is 34.1-17 – espada sobre Edom.
Is 35.1-10 – Restauração final sobre Judá (II Is).
Is 36.1-37.38 – Jerusalém ameaçada e resgatada.
Is 38.1-22 – Doença de Ezequias.
Is 39.1-8 – Delegação da Babilônia visita Ezequias (II Is).

Is 1-39.

Is 1.1 – Visão de Isaias.

1a divisão.

Is 36-39 – Oração do profeta (ver II Rs 18.13; 17-20).

Is 1.2-20 – Pecado e catástrofe.

92
2a divisão. Is 24-27 – Apocalipse de Isaias.

Is 39.1-8 – A embaixada de Judá na Babilônia.

3.3.2 Comentários a Is 1-39.

Is 1.

Is 1.1 – o termo que ocorre neste verso para visão é diferente do verbo ver:
hazah de roeh. Há um enquadramento da história em que foi dito esta palavra
do profeta. Menciona os reis do norte e do Sul, o profeta e seu pai.

Is 1.2 – está em conexão com o anterior – ouvir em relação ao ver.

Is 1.3 – mostra que o povo de Israel não conhece o seu Deus, mas o boi
conhece o seu dono.

Is 1.4 – pecado e corrupção, blasfêmia e abandono ao Senhor de Israel. Há o


pedido de conversão.

Is 1.5-7 – mostra situação deplorável do povo, doença, feridas, destruição aos


pecadores.

Is 1.8 – a cidade será sitiada.

Is 1.9 – Sodoma e Gomorra aparece aqui para ilustrar o resto de Israel, os que
permanecem fiéis.

Is 1.10 – está ligado ao verso 9.

93
Is 1.11 – muito sacrifícios nada adiantará, Deus se encheu das festas e luas
novas.

Is 1.12-17 – continua o anterior. O que importa é fazer o bem, praticar a justiça,


ajudar os pobres e necessitados.

Is 1.18-20 – fala do pecado e do perdão, da pureza e da purificação, vermelho-


sangue se torna o branco-limpo; quem estiver assim viverá muito na terra, mas
quem se recusar, morrerá.

Is 1.21-31 – há uma critica velada às injustiças praticadas dentro das portas de


Jerusalém. Portanto, de mudança de conversão, da pratica da misericórdia e da
justiça na cidade. Deus não deixara que as injustiças proliferassem, mas atuará
mão firme e poderosa. O verso 27 mostra isso. A justiça de Deus é mais forte
que a injustiça humana, o forte será enfraquecido e os injustiçados serão
justificados.

Is 2.

Is 2.1 – este verso repete o verso de 1.1 – visão e a palavra que vem ao profeta
contra Judá e Jerusalém.

Is 2.2 – mostra que todos os povos afluirão à Casa do Senhor, no Monte Santo
de Sião, e continua no verso 3 onde encontramos neste livro profético a citação
de um Patriarca-Jacó.

Is 2.3 – isto demonstra a questão da justiça de Deus.

Is 2.4 – fala da justiça e da paz, da não guerra.

Is 2.5 – aqui está uma convocação à casa de Jacó e a luz do Senhor.

Is 2.6 – fala das nações e da prática da adivinhação, da corrupção e da


associação dos filhos de Israel com estranhos.

Is 2.7-8 – neste trecho encontra-se a condenação da idolatria.

94
Is 2.9-11 – Deus em sua glória e majestade acabará com todas as pretensões
humanas.

Is 2.12-18 – mostra que o Dia do Senhor será terrível contra os homens


soberbos, os ídolos serão destruídos, a arrogância será abatida.

Is 2.19.22 – este trecho continua dando ênfase para a glória de Deus e a


soberba do homem sendo rompida por Deus, isto se parece com o Salmo 8.

Is 3 – 5.

II Is 3.1-4.1 – mostra que Judá e Jerusalém serão julgadas, que as filhas altivas
de Sião serão destruídas, que não haverá opressores, haverá sim, uma luta de
gerações – crianças contra velhos, o mal sobressaindo. Tudo isto acontecerá
para seja evidenciada a glória e o poder de Deus.

II Is 4.2-6 – a expressão que encontramos aqui é muito importante: o renovo,


talvez seja uma menção daquele que salvará Israel, a nova criação de Deus no
verso 5, será a salvação que virá em tempos vindouros e se cumprirá no Novo
Testamento.

II Is 5.1-7 – esta parábola também é denominada de cântico da vinha, mas esta


vinha não serve para nada. Este texto refere-se a Israel e Judá ainda no
deserto, podemos ver isto em Oséias, a vinha deveria dar bons frutos, mas
produziu uvas azedas.

II Is 5.8-30 – a preocupação com as fortunas e o despojamento destes que se


enriqueceram não se sabe como. Os versos 8, 11, 18, 20, 21, 22 contêm vários
aís do profeta contra os maus, injustos, perversos: a destruição será iminente
de todos.

Is 6.

Is 6.1 – contem o chamado e vocação do profeta como em 1.1 e 2.1.

95
Is 6.2 – aqui ocorre uma narrativa sobre o aparecimento de Serafins na vocação
de Isaias.

Is 6.3-5 – a aclamação tríplice de santo: a palavra Qadosh, que também


significa puro, limpo, somente aquele que é Santo pode entrar no Templo, para
estar na presença do Senhor, a terra está cheia de sua glória. Isto vai ser
mostrado nos versos seguintes 4 e 5.

Is 6.6-8 – aparece de novo os Serafins e a purificação dos pecados, o perdão e


o chamado do profeta. Eis-me aqui, envia-me a mim.

Is 6.9-13 – há uma ordem explicita: vai e diz. A expressão dura de que o povo
tem ouvido e não ouve e olhos e não enxergam, e mais dura é a palavra de
Deus: vai e torna este coração deste povo insensível, fechar os olhos e
endurecer os ouvidos, para que todos fossem destruídos, mas que um resto
deveria ser salvo se permanecesse fiel, mesmo que fosse o toco e a semente
para dar brotos.

Is 7.

Is 7.1-9 – a guerra entre o Sul e Norte e a Síria contra Jerusalém, a


preocupação de Acaz por esta atitude do Norte. Um - resto - voltará será
convocado para ficar arrasados e não existiriam mais.

Is 7.10-16 – o pedido, o não pedido e a promessa do Emanuel, aqui


encontramos uma das maiores discussões acerca do termo Almah: virgem ou
moça, diferente de betulah: eis a questão. Seguindo o Salmo 46.1 e I Cr 15.20 a
maioria dos tradutores opta por jovem, mulher jovem.

Is 7.17-25 – o v. 17 mostra o pecado da separação de Efraim, o Reino do Norte


e Judá. Os instrumentos da ira de Deus serão as moscas (Egito) e as abelhas
(Assíria), estes invadirão e destruirão Efraim (v.18); fala da invasão Assíria que
acontece a poucos anos depois em 722 a.C. (v19-22); a invasão será
desastrosa; os campos serão destruídos, os animais mortos, o campo produzirá
espinhos somente.

96
Is 8.

Is 8.1-3 – mostra a invasão por parte da Assíria as testemunhas deste


acontecimento – rápido-despojo-presa-segura.

Is 8.4-7 – mostra que as riquezas serão despojos do rei da Assíria e a


destruição virá do Eufrates.

Is 8.8-10 – aqui ocorre o nome Emanuel: há duas versões para este nome.
Pode-se traduzir por Deus conosco: Emanu-el ou Deus está conosco: Ema-nu-
el como ocorre no v. 10.

Is 8.11-13 – o termo Senhor dos Exércitos: YHWH Tsebaoth é muito importante,


santidade outro termo que já ocorreu na vocação do profeta.

Is 8.14-15, Deus é o santuário, pedra de tropeço para Israel e Jerusalém.

Is 8.16-18, estes versos são composto como hinos-testemunhos e lei-esperar e


aguardar sinais maravilhas a Israel e a Sião.

Is 8.19-22 – mesmo que se consulte aos adivinhos e necromantes, a situação


do povo não será mudada. A fome e a miséria virão aos pecadores – trevas,
escuridão, sombras, ansiedade, opressão, tomara conta do povo, a não ser que
a lei seja colocada no coração, senão verá o amanhecer.

Is 9.

Is 9.1-2 – a geografia deste verso é interessante – terra de Zebulom e terra de


Naftalí, aflição e escuridão serão transformadas em glória de Deus. O povo que
andava em trevas verá uma grande luz (Jô 1.17-18), ele não era a luz, mas
para que testemunhasse a luz.

Is 9.3-5 – o texto mostra a alegria, a colheita grande, e os despojos, a libertação


do julgo, da opressão dos midianitas, será acabada a guerra.

97
Is 9.6-7 – Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz será as atribuições do menino que nascerá, que governará, a paz da
descendência do trono de Davi, juízo e justiça e a qinah – em hebraico pode ter
o sentido de ciúme, zelo do Senhor.

Is 9.8-10 – palavra contra Jacó (Reino do Norte, Efraim, v.9); sua soberba e
grandeza são os pecados de Efraim.

Is 9.10-11 – a destruição de Samaria através da ação de Rezim.

Is 9.12-16 – os Sírios e filisteus destruirão Israel, porque continuaram em


pecado e não buscaram o Senhor, porque os guias dos povos são
enganadores.

Is 9.17-21 – a maldade do povo e a ira do Senhor, luta de irmão contra irmão


são os acontecimentos descritos neste trecho.

Is 10.

Is 10.1-4 – mostra as injustiças, opressão, o direito-torcido, todos serão


levados ao cativeiro.

Is 10.5-9 – o anuncio do profeta sobre a destruição dos opressores: a Assíria.

Is 10.10-12 – o poder de Deus atingirá todas as nações e ate mesmo samaria e


Jerusalém, todos serão castigados como a Assíria.

Is 10.13-16 – a arrogância e o poder da nação serão reduzidos a nada.

Is 10.17-19 – tudo será feito por Deus para que Israel seja manifestado em sua
glória.

Is 10.20.22 – a idéia de resto acontece aqui de novo – o remanescente, aquele


que permanece fiel.

Is 10.23-26 – o Senhor dos Exércitos destruirá os inimigos de Israel: Israel não


temer, esta é a ordem de Deus.

Is 10.27-32 – aqui ocorre uma relação de nações que serão reduzidas a nada.

98
Is 10.33-34 – fala da destruição que o Senhor fará contra as nações
mencionadas, inclusive o Líbano.

Is 11.

Is 11.1-5 – há uma menção do rebento, do renovo, do Espírito, mas


encontramos também referências à justiça, os pobres, igualdade, os mansos da
terra e ao que pratica a injustiça será eliminado da face da terra.

Is 11.6-10 – mostra neste trecho - a paz, a ecologia, a reversão dos valores, os


animais ferozes habitarão juntos - a menção ao rebento de Jessé.

Is 11.11-16 – a idéia de resto retorna novamente a dominar o texto isaiano; do


Oriente e do Ocidente, todas as nações virão ver e contemplar a glória de Israel
e do rebento de Jessé.

Is 12.

Este trecho é um cântico de louvor, de agradecimento porque Deus retirou


a sua ira, que Ele é salvação – portanto deve-se invocar o seu nome, sua obra
é grandiosa, o santo está em nosso meio.

Is 13.

Is 13.1-5 – mostra o chamado do profeta para anunciar a destruição da


Babilônia.

Is 13.6 – fala do Dia do Senhor. Esta expressão é de juízo e julgamento de


Deus contra os povos escolhidos.

Is 13.7-8 – como será feita a destruição pelo Senhor.

Is 13.9-22 – de novo encontramos a expressão Dia do Senhor e o seu juízo,


seu castigo, a destruição, a transformação das nações em deserto - no verso 9
ocorre à menção de Sodoma e Gorroma.

99
Is 14.

Is 14.1-23 – o assunto em pauta é a Babilônia, um hino triunfal sobre a derrota


que Deus imporá a esta nação, fala do cativeiro e da misericórdia a Israel, a
escravidão cessará e os opressores perecerão. Aparece o termo “altíssimo” no
v. 14. Todo este texto faz referencias à destruição da Babilônia através dos
Persas e isto ocorreu somente em 539 a.C.

Is 14.24-27 – refere-se à destruição da Assíria, isto vai ocorrer somente em 722


a.C.

Is 14.38-32 – o texto mostra o ano da morte do rei de Acaz quem oprimia a


Filistia e que ela não devia se regozijar porque também seria destruída.

Is 15 e 16.

Is 15.1-16.4 – aqui o anuncio de destruição é para Moabe, seus templos e


deuses, fala da opressão e do pagamento de tributos, fala do tabernáculo de
Davi. Em 16.13 ocorre a expressão “palavra do Senhor” que é a denuncia
profética característica do anúncio de destruição através deste profeta.

Is 17.

Is 17.1 – ocorre à denúncia profética contra Damasco e Efraim e as suas


respectivas destruições.

Is 17.3-4 – a glória de Jacó e a dos filhos de Israel.

Is 17.7-8 – olhará o homem para seu Criador, para os altares e todos notarão a
diferença existente de um criador para o outro.

Is 17.9-10 – anuncia a destruição porque esqueceram de Deus.

Is 17.12-14 – ocorre um “ai!” que é o prenuncio da destruição dos que roubam e


saqueiam os escolhidos.

100
Is 18.

Is 18.1 – um outro “ai!”, esta profecia refere-se à Etiópia - v.7 noticia que o
Senhor receberá presentes de homens altos e negros, eles virão ao lugar do
senhor, esta expressão é para o Templo da glória.

Is 19.

Este trecho fala da denuncia profética contra o Egito, seus ídolos, a sua
completa destruição e haverá completa destruição do rio Nilo. v. 11-13 mostra
que a sabedoria dos egípcios será aniquilada, fala do altar de Israel dentro do
Egito (v. 19). v. 20-22 mostra que os opressores serão destruídos e todos
conheceram o Deus de Israel.

Is 20.

Is 20.1-4 – narra a questão histórica, Sargão rei da Assíria invadira e tomará


Asdode, os egípcios e etíopes serão destruídos.

Is 20.5-6 – mostra como Israel tremerá com seta destruição, e como ficará
assombrado com o poder dos Assírios.

Is 21.

Is 21.1-10 – nova profecia contra a Babilônia, refere-se à ameaça que vem da


Média – o atalaia anuncia: caiu, caiu a Babilônia e todas as imagens de
escultura de seus deuses - o Deus de Israel anuncia a queda.

Is 21.11-12 – profecia contra Dumá.

Is 21.13-17 – contra a poderosa Arábia, toda a glória e poder de Quedar


desaparecerá é o anuncio do Deus de Israel.

Is 22.

101
Is 22.1-14 – profecia é contra Jerusalém, fala dos príncipes, de se barulho, da
alegria e de seus mortos - porém tudo isto findará com a destruição desta
maravilhosa cidade - as festas será transformada em pranto.

Is 22.15-19 – fala do administrador Sebna, o mordomo, este será retirado deste


posto importante.

Is 22.20-25 – a exaltação de Eliaquim - aparece o termo cingir no original é


colocar no trono, neste caso no trono de Davi, mas causa acontecimentos as
firmas estacas seriam retiradas e cairiam.

Is 23 e 24.

Is 23.1-24.13 – as profecias contra Tiro, Sidom, Tarsis e o trecho faz


comparações contra estes países com o Egito e Assíria.

Is 24.1 – mostra a devastação que o Senhor fará a todos eles.

Is 24.14 –16 – a glória será vista desde o Oriente, todos cantarão a glória do
Justo.

Is 24.17-23 – mostra que os pecadores serão arruinados para que a glória do


Senhor resplandeça.

Is 25.

Este trecho é um cântico que enaltece a bondade e misericórdia do Senhor.

Is 26.

Cântico do Senhor e sua salvação, este é um cântico de confiança pela


salvação de Deus que virá.

Is 27.

102
O texto menciona a salvação de Deus ao seu povo e o seu amor ao
mesmo; aqui temos um cântico chamado cântico da vinha (v.2); Jaca e Israel
lançarão raízes; deus reunirá seu povo que estava disperso na Assíria e no
Egito (v.6).

Is 28.

Is 28.1-6 – o castigo de Efraim por sua desobediência.

Is 28.7-22 – menciona também a desobediência de Jerusalém a justiça e juízo


ocorre mais uma vez (v.7).

Is 28.23-29 – este trecho menciona um Salmo de sabedoria, seu conselho


maravilhoso e sabedoria em abundancia.

Is 29.

Is 29.1-8 – menciona os inimigos de Jerusalém.

Is 29.9-16 – a situação do povo é como hipocrisia e cegueira completas. O


verbo que ocorre várias vezes para conhecer Deus é: yada não é o
conhecimento racional, mas total de Deus.

Is 29.17-24 – a salvação de Israel é possível, mesmo que ele não queira, Deus
vem a ele e o salva. O v. 19 encontra-se no Sermão da Montanha, nas bem-
aventuranças.

Is 30.

Is 30.1-17 – mostra o texto que a aliança feita com o Egito não durará muito e
que esta aliança será para a perdição do povo: esta aliança será a destruição
de Israel. O v. 8 diz: “vai escreve numa tabuinha, escreve-os num livro os dias
vindouros” - esta expressão é semelhante à expressão dia do Senhor, juízo do
Senhor.

103
Is 30.18-26 – a promessa de salvação é conferida por Deus, por sua
misericórdia.

Is 30.27-33 – a Assíria será julgada por seus feitos e exterminada.

Is 31.

O juízo será para o Egito, não adianta buscar neste país o refugio, pois
serão apagados ambos.

Is 31.4 – ocorrem verbos importantes: proteger, salvar, poupar, libertar.

Is 31.8 – fala da destruição da Assíria.

Is 32.

Is 32.1-8 – mostra a vinda de um reinado de justiça e de retidão.

Is 32.9-20 – mostra as mulheres e suas atitudes. O v. 15 fala do derramamento


do Espírito.

Is 33.

No v. 1 inicia com um lamento, Jerusalém está aflita, pede socorro ao


Senhor e pede misericórdia. No v. 5 em diante ocorre um cântico de libertação.

Is 34.

Este texto mostra o livramento do Senhor e sua indignação contra os povos


opressores de Israel. Também tem um cântico de escárnio contra os inimigos
do povo eleito. No cap. 4, fala do renovo e de ecologia, neste capítulo fala da
destruição da natureza, v. 9-41.

Is 35.

104
Volta o tema de ecologia: este é um cântico de alegria, de felicidade de
Sião, a nova Jerusalém.

Is 36.

Is 36.1-3 – mostra a invasão de Senaqueribe em Judá no reinado de Ezequias,


este tem como comparsa Rabsaqué de Laquis. No v. 3 mostra três
personagens históricos importantes: Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo,
Sebna, o escrivão, Joá filho de Asafe, o cronista.

Is 36.4-22 – o rei Ezequias recebe a afronta de Rabsaqué, que fala ao rei para
não confiar no Egito, esta era a mesma mensagem do profeta Isaias ao rei, mas
o rei não dá ouvidos aos recados. O porta-voz do rei da Assíria afronta o Deus
de Israel, e isto não ficará sem o seu pago, YHWH destruirá os Assírios.

Is 37.

Is 37.1-7 – o rei procura o profeta e se arrepende, mas por pouco tempo. O v. 6


fala da blasfêmia dos Assírios contra o Senhor de Israel.

Is 37.8-13 – o rei da Assíria comunica em carta dizendo que não é para


enganar-se e não confiar em Deus, pois a sua intenção é conquistar Jerusalém,
mas Deus por intermédio do profeta mostra que haverá livramento nem que for
por pouco tempo.

Is 37.14-20 – encontramos neste trecho a oração de ezequias, esta oração é


um pedido de libertação.

Is 37.21-35 – Isaias conforta o rei e este será em breve socorrido, mas depois
os Assírios serão esmagados.

Is 37.36-38 – aqui temos um cântico de vitória, o exercito da Assíria foi


destruído.

105
Is 38.

Is 38.1-8 – narra a doença do rei e a sua cura. O v. 8 narra aquele espetáculo


do retroceder o tempo.

Is 38.9-22 – é o cântico do rei pelo restabelecimento da doença, a sua cura da


úlcera com a pasta de figos.

Is 39.

Começa a entrar em cena neste momento o rei da Babilônia, este que


destruirá os Assírios e livrará Jerusalém, este será o dominador de Judá
futuramente (Is 46-47).

3.3.3 Teologia do I Is.

Isaias vive numa época de convulso social. São vários impérios querendo o
domínio de Canaã: Egito e Assíria lutam pela hegemonia deste local. Isaias
prega a conversão do povo de Israel, a salvação de Deus aos escolhidos.
Mostra ainda a sua mensagem, a infidelidade e corrupção do povo, da elite
governadora de Judá e Israel. A Assíria derrota o Egito, Judá faz aliança com a
Assíria, Israel se junta com o Egito. Egito é destruído por Senaqueribe e
Samaria vai junto com o Egito.

Isaias mostra tudo isto em seus oráculos. Para o profeta Deus é santo, é rei
e é poderoso. O homem por outro lado, é pecador e impuro. A situação é tão
crítica que o profeta não acredita em salvação, a única salvação está na vinda
do Messias, o renovo, o descendente de Davi. Para o profeta a fé e a justiça
são mais importantes que festas e sacrifícios. Deus é a única possibilidade de

106
salvação, como isso é impossível só resta o futuro e a salvação messiânica, o
descendente de Davi.

3.4 - O PROFETA MQUÉIAS.

Miquéias vive no mesmo período de Isaias, nasceu a 33 Km de Jerusalém


em Moreshet-Gate, não é o mesmo que Miquéias ben Imla, no período de
Acabe (século IX, I Cr 22, II Cr 18). Este é o século VIII (Mq 1.1). Ele era um
camponês, foi explorado, perdeu suas terras. A sua pregação é contra os
latifundiários que tomava as terras dos pequenos agrários, fala da injustiça
social, contra os fazendeiros, juízes e sacerdotes.

Prega sobre o fim dos reinos do Norte e Sul. No reino do Norte o fim será
por camada idolatria, no Sul é o problema social. Fala contra os reinos de Judá,
contra os sedentos de riqueza (3.2-4); cobiçam as terras e as arrancam das
mãos dos pobres (2.2), roubam as casas e deixam-nos sem teto. Denuncia a
existência dos falsos profetas. Os falsos profetas pregam o bem estar e não
denunciam a opressão (3.5-7). Mas diz que os que se converterem terão um
final feliz (4 e 5). O Senhor reinará com seu povo e este reino será de paz.

3.4.1 Divisão do Livro de Mq.

Mq 1.1-16 – denuncia contra Judá e Israel.

Mq 2.1-5 – opressores gananciosos.

Mq 2.6-11 – falsos profetas.


Mq 2.12-13 – o resto de Israel.

107
Mq 3.1-12 – contra os chefes, sacerdotes e falsos profetas.
Mq 4.1-5.1 – vocação dos gentios.

Mq 5.2-15 – m Messias e seu reino.

Mq 6.1-8 – Deus e seu povo.

Mq 6.9-16 – injustiças.

Mq 7.1-7 – corrupção de Israel.


Mq 7.8-20 – misericórdia de Deus com Israel.

3.4.2 Comentários a Mq.

O livro de Mq tem um quadro que abre com as denuncias contra Judá e


Israel e termina o livro com a misericórdia de Deus. Há uma grande
condenação em Mq contra os falsos profetas, mas há a esperança de um
remanescente que permanece fiel à vinda do Messias. No centro do livro há
uma narrativa mostrando que o povo escolhido não aceitará o convite de
conversão e que Javé poderá chamar, vocacionar os gentios: os gentios serão
salvos no lugar de Israel.

O profeta prega contra os governantes chefes do povo, contra os


sacerdotes e os falsos profetas. Ele prega contra as injustiças e a corrupção de
Israel. Mq condena os opressores gananciosos: roubo de casas e campos,
suborno aos chefes de Israel. Apesar de todas estas condenações o resto de
Israel, aqueles que permanecem fieis a Javé e Deus a seu povo.

3.4.3 Teologia de Mq.


O profeta mescla a denuncia, a vocação dos gentios e a misericórdia de
Deus. Ele denuncia a corrupção tanto de Israel como de Judá, denuncia os
corruptos, ladrões. Fala contra os falsos profetas que anunciam a vitória dos
reis e se não houver conversão à derrota é mais provável. Os falsos profetas
anunciam que nada acontecerá, mas a derrota, a catástrofe virá quando menos

108
pensam. Ele denuncia as injustiças contra os pobres e necessitados. Denuncia
os governantes, os profetas e sacerdotes. Mas anuncia que Deus ainda salvará
o seu povo. Se o povo não se converter, ele vocacionará os gentios e fará deles
seus filhos. O profeta mostra o Messias e o seu reino. Ele fala de um resto fiel.

III – OS PROFETAS DA ÉPOCA DO PRÉ-EXÍLIO (SÉCULOS VII E VI)

1 – NAUM

109
Um profeta desconhecido, nome pouco usado na Bíblia, cidade onde ele
nasceu é desconhecida (1.1). A sua atuação é no período do fim do império
Assírio, da queda de sua capital Nínive em 612 a.C.

Este profeta fala do nacionalismo e tem o pensamento positivo, prega a


salvação de Judá e o fim dos Assírios. Os inimigos dos Judaítas serão
derrotados. O fim do império ocorre pela mão de YHWH. Deus é o Senhor da
História. YHWH levantará um povo que destruirá os inimigos do povo de Deus.

1.1 - DIVISAO DO LIVRO DE NAUM

Na 1.1-15 – ira e bondade de Deus.

Na 2.1-13 – cerco e tomada de Nínive.

Na 3.1-19 – destruição de Nínive.

1.2 - COMENTÁRIOS A NAUM.

O livro do profeta Naum pode ser dividido em três partes: a ira e a bondade
de Deus; cerco à tomada de Nínive e a destruição de Nínive. Este livro é o
oposto do livro de Jonas que fala que Nínive se converteu e todos foram salvos,
aqui em Naum Nínive foi cercada, tomada e destruída pelos Babilônicos. Estes
dois livros foram escritos em épocas diferentes. Mas retratam duas realidades
opostas, uma salvação e outra condenação. O autor desta obra mistura poesia
com profecia. Javé está irado com os maus e sentenças proféticas. Denuncia a
Assíria e o seu castigo e a salvação de Judá.

110
1.3 - Teologia de Naum.

A teologia principal de Naum é a salvação de Judá e a ruína, destruição da


Assíria. Este é um profeta cultual e o salmo foi utilizado no templo como liturgia
(1.2-2.3) e é uma poesia e o profeta se torna um dosa grandes poetas de Israel
(2.4-3-19). Nínive foi conquistado por Nabucodonosor em 612 a.C. Israel canta
a derrota do inimigo. Mas Israel canta mais a liberdade e a esperança. A
teologia de Naum é uma teologia que fala sobre a justiça e a fé: a ruína da
Assíria é o juízo de Deus. Javé está castigando Nínive (1.1; 2.1) pelas
opressões contra Israel (1.12-13) e todos povos (3.1-7).

O profeta prega a esperança de Israel, a alegria que pouco foi duradoura e


Jerusalém que foi destruída logo depois da destruição de Nínive. O profeta
Isaias (II Is 52.7) cita Na 2.1 sobre a salvação de Israel. A teologia mistura
versos da ira de Deus contra os inimigos de Israel, a salvação do povo, mas a
história mostrou outra realidade: o exílio e a deportação do povo para a
Babilônia, de 612 a 598 e 586 foram poucos anos de alegria e esperança.

2 - SOFONIAS.

É um profeta diferente dos outros, começa com uma genealogia, onde


procura mostrar que o próprio profeta vem de uma família de reis (1.1). Isto
pode ter sido pode ter sido acréscimo do redator final. A atuação do profeta é
na época do rei Josias (640-609 a.C.). O rei Josias não aparece como pano de
fundo; nem como rei, nem a sua reforma, talvez ele atuou quando Josias tinha

111
menos de 8 anos de idade e os latifundiários comandavam o poder no lugar do
rei.

O profeta prega contra a idolatria deste período. Denuncia os pecados da


sociedade: a injustiça social e o culto a outros deuses. O governo de Judá
busca ídolos nos países vizinhos e assim o profeta denuncia o rei e seus
súditos por uma idolatria e a vida imoral. Prega contra o roubo e corrupção na
administração do rei, justiça violência, dominação da classe dirigente oprimindo
os pobres. Tudo isto provocou a ira de YHWH, e assim traz o castigo divino.
YHWH atuará na vida do povo para trazer a justiça e os culpados serão
punidos, o profeta anuncia um resto, um grupo fiel, a semente do renovo.

2.1 - DIVISAO DO LIVRO DE SOFONIAS.

Sof 1.1-6 – ameaças contra Judá e Jerusalém


Sof 1.7-18 – o dia da ira de Javé.

Sof 2.1-7 – ameaças contra os filisteus.

Sof 2.8-11 – ameaças contra Moabe e Amon.

Sof 2.12-15 – ameaças contra Etiópia e a Assíria.

Sof 3.1-7 – ameaças contra Jerusalém.


Sof 3.8-20 – salvação de Israel.

2.1 - COMENTÁRIOS A SOFONIAS.

O livro começa com denuncias e ameaças contra Judá e Jerusalém. Mostra


que haverá o dia da ira de Javé. Três ameaças se seguem na obra: Filisteus,

112
Moabe e Amon, Etiópia e Assíria. Depois vem de novo a ameaça contra
Jerusalém. O livro termina com a descrição da salvação de Jerusalém. O livro
começa com as ameaças e termina com a promessa de salvação.

Sof 1.7-19 ficou conhecido na literatura profética como o “dia de Javé”. Esta
expressão vai ser usada abundantemente no A.T. e nos evangelhos.

2.2 - TEOLOGIA DE SOFONIAS.

Este profeta é da época da reforma de Josias. Ele ataca os cultos


estrangeiros praticados em Jerusalém, os falsos deuses e falsos sacerdotes.
Ele não menciona nem o rei Josias, nem a sua reforma religiosa. Talvez o seu
anuncio seja da época em que Josias tinha 8 anos de idade e quem governava
eram os chefes de Judá. Ele antecipa a Jeremias e vê a ameaça dos Assírios
com Senaqueribe. O dia de Javé (1.2-2.3), as nações (2.4-15), Jerusalém (3.1-
8) e as promessas de salvação (3.9-20) fazem parte do colorido quadro
profético de Sofonias. A conversão dos pagãos (2.11 e 3.9-10) é anunciada.
Existem salmos e cânticos. O profeta talvez foi inspirado no II Is, muitos destes
textos nem são pré ou exílicos, mas de uma inserção e redação posterior ao
exílio. O dia de Javé é semelhante a Amós que é Dtr, inspira Joel a Mateus.
Fala de um resto fiel que será salvo.

3 - HABACUQUE.

Profeta estranho, nada se sabe de sua origem, nascimento, cidade,


significado do nome. No livro de Dn 14.33-39 fala que o profeta Hab foi levado
por um anjo para a Babilônia levando alimento a Daniel. A estória passa quando

113
Daniel estava nas covas dos leões. O texto de Daniel é uma lenda. Talvez
Habacuque seja do período de 587 a.C. e pregou nesta época. A mensagem
deste livro é sobre o fim do infiel e o justo viverá pela fé. Quem é o infiel
ninguém sabe, talvez os estrangeiros que atacavam Judá ou os judeus que
oprimiam os seus irmãos. Os justos são aqueles que são fieis a Deus. Este é o
povo de Deus.

3.1 - DIVISÃO DO LIVRO DE HABACUQUE.

Hab 1.1-4 – pecador de Judá.

Hab 1.5-11 – Judá será julgado pelos Caldeus.


Hab 1.12-17 – intercessão pelo profeta.

Hab 2.1-5 – a resposta do Senhor.

Hab 2.6-20 – cuidados com os Caldeus.


Hab 3.1-19 – oração do profeta.

3.2 - COMENTÁRIO A HABACUQUE.

O livro abre com a narrativa dos pecados de Judá e fecha o quadro com
uma oração do profeta. No quadro do meio o profeta fala sobre o juízo de Deus
através dos Caldeus e fecha com o juízo sobre os Caldeus. No centro do livro
temos o pedido do profeta para que salve o povo, é uma intercessão do profeta
e a resposta de Javé ao pedido do Habacuque. O livro foi bem compilado,
parece com um dialogo de Deus com profeta. Composto sobre dois oráculos, a
oração do profeta é mais um cântico do que outra coisa.

114
3.3 - TEOLOGIA DE HABACUQUE.

Quem é o opressor: Assírios, Caldeus, ou Judá? Os Assírios, Deus convoca


os Caldeus para castigá-los. Como castigadores eles serão castigados na
profecia do autor. Qual é o motivo? A violência e a opressão, Javé assim salva
seu povo. O profeta pede que Javé faça uma intercessão. Para o profeta toda a
tristeza e angustia será transformada em alegria.

Habacuque é pretensioso, pede a Javé que sua atuação na história seja mais
evidente. Se Judá está em pecado, Javé é santo. Ele por ser santo não vê o
mal, escolhe os pagãos para fazer a sua justiça. A justiça será feita, o justo
viverá pela fé e verdade. O mal é uma pratica das nações e que influenciou
Judá, mas Deus é todo poderoso e onipotente que prepara a vitória pela
misericórdia e o juízo. Direito é mais importante que tudo, a justiça e a fé. Isto
vai ser aplicado por Paulo: o justo viverá pela fé, em Gal 3.11; Rom 1.17.

4 - JEREMIAS.

Deste profeta sabemos tudo sobre ele. Filho do Sacerdote Hilquias, talvez
também sacerdote, sobre seu ministério. O profeta era da cidade conhecida
como Anatote, distante de Jerusalém apenas 7 km.

O rei Salomão encontrou o Sumo sacerdote Abiatan que apoiou seu irmão
Adonias para ser rei. Talvez o profeta sacerdote Jeremias descendia desta
linhagem e tinha grande acesso ao templo e conhecia seus arredores. Ele
nasceu em 650 a.C. e sua convocação começa em 627 a.C. certamente no ano
13° do reinado de Josias (Jr 1.2). O sacerdote profeta tinha de 23 a 24 anos

115
quando começou a profetizar. Atuou no reinado de Josias (640-609), de
Joaquim (609-598) e de Zedequias (598-587) o pior período de Judá. Ele
presencia a destruição de Jerusalém e do exílio do povo.

O profeta é mais religioso do que político, mas que entende a política e mas
características. Ele denuncia no reinado de Josias, talvez participou ou não na
reforma religiosa do rei, talvez se opõe a ela ou fica observando-o de longe. A
profetiza Hilda é quem faz parte da reforma de Josias e o achado do livro da lei
(II Rs 22.13ss). Jeremias acusa os problemas morais e sociais desta época,
prega o juízo de Deus. Isto lhe traz muitos adversários.

O profeta Jr critica o governo de Joaquim, prega contra o templo (7), foi


ameaçado de vida e salvo por Salau. O rei Joaquim foi injusto, sem a pratica da
justiça, faz o trabalho forçado, não paga o salário, não vê a injustiça, e seu
coração, busca somente o lucro, verte o sangue do pobre, comete opressão e
violência (Jr 22.13-19). Isto provoca a ira do rei (26), é preso, surrado, não pode
entrar no templo (19). Para os dominadores o profeta é um derrotado e para o
povo ele só blasfema; os amigos o abandona e fica desesperado (15.10ss;
18.19ss; 20.7ss). Fala que o rei da Babilônia será o ministrante de Deus contra
Judá e seu povo. Opor-se ao rei da Babilônia era negar a Deus. Somente a ira
de Deus pode levar o povo a conversão.

Em 598 a.C. começa a ser cumprida as suas profecias. Nabucodonosor


chaga em Jerusalém, cerca e toma a cidade, leva o rei para o exílio, Joaquim e
a população (II Rs 24.14-15). Isto leva muitos crerem em Jeremias. Zedequias é
colocado no trono pelos Babilônicos. Este rei era sem caráter, sem decisão e
fraco. O rei assume e ouve o profeta Jeremias, mas não coloca em pratica o
que diz o profeta.

116
O profeta diz que a melhor coisa seria a submissão à Babilônia, ele prefere
ouvir os amigos e se revolta contra os invasores, não paga o tributo devido,
ouve os falsos profetas. Jeremias enfrenta os falsos profetas, Ananias é o
menor adversário de Jeremias (22-28). Ananias prega a seqüência da religião e
fala para o rei se revoltar contra Nabucodonosor. Este rei age depressa em 586
tomando por completo Jerusalém e o leva para o exílio, a cidade foi destruída, o
templo saqueado e queimado, acabando assim o reino de Judá.

O profeta prega a fé, a crença no Deus verdadeiro (17.7). Deus é o único e


o verdadeiro, os reis acreditavam mais nas alianças e acordos políticos do que
em Deus. Critica a injustiça, condena a monarquia, os reis feriram as ovelhas
(23.1-2), Deus sare o pastor do seu povo (23.3-4).

4.1 - DIVISÃO DO LIVRO DO PROFETA JEREMIAS.

O livro do profeta jeremias tem muita diferença entre o texto Hebraico, o


grego e português, tudo em relação com a divisão dos capítulos e versículos.
Podemos dividir o texto de Jeremias em:

Jr 1-25 – discurso e fala contra Israel e Judá.

Jr 26-45 – relato da palavra de conforto a Baruque.

Jr 46-51 – discurso contra os povos - oráculos de condenação aos povos.

Jr 52 – discursos encontrados em 24.18-25.30.

Podemos simplificar os relatos de Jeremias que são da época do exílio


babilônico, um pouco antes da queda de 627 a 585 a.C. e que ele atuou na

117
época anterior à tomada de Jerusalém por Nabucodonosor, e que sua atuação
era em favor de uma entrega para a sobrevivência, aquele que se entregasse
viveria e o que lutasse morreria ou seria entregue ao cativeiro, para este
acontecimento o profeta compra um terreno onde ele voltaria e constituiria sua
vida após a luta.

O povo por outro lado, pede auxilio ao Egito, ele condena esta atitude e
pede que não se faça isto, o rei desobedece, coloca-o na prisão e todos são
entregues na mão dos Babilônios (os Babilônios derrotaram os Egípcios e
conquistaram Jerusalém após vários anos de cerco, começando em 597 e 586
a.C.).

Jr 1.1-10 – vocação de Jeremias.

Jr 1.11-12 – visão da amendoeira.

Jr 1.13-19 – visão da panela.

Jr 2.1-8 – Deus ama apesar do povo ser rebelde.

Jr 2.9-19 – a luta de Deus contra o povo.

Jr 2.20-37 – a idolatria de Israel a Baal.

Jr 3.1-13 – a misericórdia de Deus e o povo.

Jr 3.14-4.1 – a exortação ao arrependimento.

Jr 4.5-31 – o mal vem do Norte.

Jr 5.1-31 – os pecados de Judá e Jerusalém.

118
Jr 6.1-8 – Jerusalém será cercada.

Jr 6.9-21 – os pecados dentro das portas de Jerusalém são causa de sua


destruição.

Jr 7.1-15 – o templo não salvará da destruição.

Jr 7.16-20 – o profeta pede a salvação do povo rebelde e não é atendido.

Jr 7.21-28 – mesmo com muitos sacrifícios o povo não será salvo.

Jr 7.29-8.1 – o povo é rejeitado por Deus.

Jr 8.4-17 – o castigo virá.

Jr 8.18-9.6 – o profeta entristece-se com a destruição de seu povo.

Jr 9.7 22 – novas ameaças de destruição e de exílio.


Jr 9.23-26 – conhecer Deus é o mais importante que sacrifícios.

Jr 10.1-16 – o Senhor é mais importante que todos os ídolos reunidos.

Jr 10.17-25 – clamor sobre a destruição de Judá.

Jr11.1-17 – a aliança é quebrada.

Jr 11.18-23 – o profeta é enganado.

Jr 12.1-4 – o profeta se queixa.

Jr 12.5-6 – a resposta de Deus.

Jr 12.7-13 – o castigo de Deus contra os inimigos do país.

Jr 12.14-17 – o castigo de Deus tem um objetivo.

Jr 13.1-11 – a parábola do cinto de linho.

119
Jr 13.12-14 – a visão do pote quebrado.

Jr 13.15-27 – o pedido de atenção e as ameaças concretas.

Jr 14.1-6 – a seca na cidade e campo de Judá.


Jr 14.7-12 – o profeta intercede e Deus não ouve.
Jr 14.13-18 – nova intercessão e nova rejeição.

Jr 15.1-9 – a última intercessão e rejeição completa.


Jr 15.10-21 – o conforto de Deus para o profeta.

Jr 16.1-21 – o profeta vive sozinho para prefigurar o povo.

Jr 17.1-11 – o povo pecador enganoso e destruidor.


Jr 17.12-18 – o profeta pede a Deus para que venha contra seus inimigos.
Jr 17.19-27 – a santificação do descanso.

Jr 18.1-17 – a parábola do vaso de oleiro.


Jr 18.18-23 – a oração do profeta contra seus inimigos.

Jr 19.1-15 – a parábola da botija despedaçada.

Jr 20.1-6 – o sacerdote que colocou o profeta na prisão é amaldiçoado.


Jr 20.7-13 - a lamentação do profeta.
Jr 20.14-18 – o profeta amaldiçoa o dia em que nasceu.

Jr 21.1-14 – a predição da destruição da cidade de Jerusalém por


Nabucodonosor.

Jr 22.1-9 – profecia contra o rei de Judá e sua casa.


Jr 22.10-12 – profecia contra Salum.
Jr 22.13-23 – profecia contra Joaquim.

120
Jr 22.24-30 – profecia contra Jeconias.

Jr 23.1-4 – a profecia contra os maus pastores.

Jr 23.5-8 – a descendência de Davi semelhante a Jeremias (33.14-16).


Jr 23.9-40 – os falsos profetas.

Jr 24.1-10 – visão com dois cestos de figo.

Jr 25.1-14 – p período de setenta anos de cativeiro.


Jr 25.15-38 – o cálice da ira de Deus contra os povos inimigos.

Jr 26.1-19 – o profeta recebe ameaça de morte.


Jr 26.20-24 – Urias, o profeta morto.

Jr 27.1-22 – a canga como símbolos de escravidão.

Jr 28.1-17 – Jeremias luta contra o falso profeta Ananias.

Jr 29.1-32 – a carta do profeta aos exilados.

Jr 30.1-24 – promessa de livramento do cativeiro.

Jr 31.1-30 – lamentação se torna alegria.


Jr 31.31-40 – nova aliança do povo com Deus.

Jr 32.1-15 – compra do terreno em Anatote.


Jr 32.16-25 – o profeta pede a Deus esclarecimento.
Jr 32.26-44 – deus responde ao profeta.

Jr 33.1-13 – paz e benção são prometidas.


Jr 33.14-26 – o renovo do rei Davi.

121
Jr 34.1-7 – a sorte do rei está selada.
Jr 34.8-22 – ameaça aos povos pela escravidão feita ao povo escolhido.

Jr 35.1-19 – os recabitas permanecem fieis.

Jr 36.1-10 – o rolo do livro do profeta é lido no templo.


Jr 36.11-19 – o rolo lido para os príncipes.
Jr 36.20-26 – o rei queima o livro.
Jr 36.27-32 – Baruque reescreve o livro.

Jr 37.1-21 – o profeta Jeremias é preso.

Jr 38.1-13 – um Etíope salva o profeta da prisão.


Jr 38.14-28 – o rei procura e consulta o profeta.

Jr 39.1-18 – a queda de Jerusalém e sua tomada por Nabucodonosor.

Jr 40.1-12 – o profeta e o povo permanecem com o sucessor do rei:


Gedalias.
Jr 40.13-41.10 – Ismael conspira contra o rei.
Jr 41.11-18 – Joana liberta os presos.

Jr 42.1-22 – o profeta exorta ao povo para não irem ao Egito.

Jr 43.1-7 – o profeta é levado para o Egito.


Jr 43.8-13 – o profeta fala que o rei da Babilônia conquistaria o Egito.

Jr 44.1-14 – os exilados são repreendidos no Egito.


Jr 44.15-19 – tentam contradizer o profeta.
Jr 44.20-30 – o profeta mostra o castigo que virá.

Jr 45.1-5 – o profeta transmite a mensagem a Baruque.

122
Jr 46.1-28 – profecia contra o Egito.

Jr 47.1-7 – profecia contra os Filisteus.

Jr 48.1-47 – profecia contra Moabe.

Jr 49.1-6 – profecia contra Amon.


Jr 49.7-13 – profecia contra Edom.
Jr 49.14-22 – pecados e castigos a Edom.
Jr 49.23-27 – profecia contra Damasco.
Jr 49.28-33 – profecia contra Elam.

Jr 50.1-46 – profecia contra a Babilônia.

Jr 51.1-64 – Babilônia cairá e perderá todo o poder.

Jr 52.1-30 – queda de Jerusalém e a escravidão de Judá.


Jr 52.31-34 – o rei Joaquim é libertado.

4.2 - COMENTÁRIO A JEREMIAS.

O livro do profeta Jeremias mostra que este era um grande homem, mas
um solitário, sozinho. Um profeta que não foi entendido, perseguido, preso,
proibido de falar. O rei furioso manda para a prisão solitária, nem sua família o
ajudou. Nem foram ao seu casamento, não foi consolado na tristeza, perde a
esposa, não conseguiu ser pai. Foi torturado, nem teve descendência. Parece
que estamos contando uma história de líder político na América Latina.

Judá torturava, perseguia, invadia, confiscava os bens. Ele é chamado a


falar nesta situação vivencial. A situação é de desastre, ele prega para que o rei

123
e o povo não reajam à invasão Babilônica. Mas o rei faz aliança com o Egito, o
que provoca a ira do rei Nabucodonosor. O rei Babilônico derrota o Egito e
assim fica fácil conquistar Jerusalém.

O profeta anuncia a palavra de Deus. Esta palavra tem uma força e um


poder incrível. Ele é o profeta que fala com coragem e o Senhor coloca as
palavras em sua boca. A palavra é o centro de sua vida e da sua mensagem.

4.3 - TEOLOGIA DE JEREMIAS.

A teologia de Jeremias é a teologia da palavra. Ele chega a conversar e


discutir com Deus sobre a existência, vocação e pregação. Jeremias confessa a
Deus a situação da vida (11.18-23; 12.1-6; 15.10, 15, 20; 17.14-18; 18.18-23;
20.7-13, 14-18). As cenas das visões e da vocação mostram que a palavra de
Deus é mais dura para o profeta do que para o povo. A palavra do homem
confronta a palavra de Javé, e a de Deus sempre melhor vence.

A teologia de Jeremias é a teologia da solidão. Todos abandoaram, pensa


que Deus o abandona? Não. Jeremias parece-se com Jô em dimensões
diferentes. A solidão é política, não é misturada como muitos pensam, à
vontade de Deus parece traição, mas é o melhor para o rei e seu povo. Ele
mostra que não é à vontade do rei que deixará Jerusalém livre, mas à vontade
de Javé. A condenação de Judá pode ser evitada, mas o rei não quer, a
salvação é possível. As atitudes do povo e do rei não evita a queda de
Jerusalém.

124
O livro do profeta foi reescrito pela redação e teologia do Dtr que converte
certos oráculos e visões do profeta como fez em Amós. Isto dá um caráter
interessante em sua teologia. A resposta de Deus e a sua salvação foram
passageiras. As desgraças não foram evitadas, mas prorrogadas.

5 - BARUQUE.

Este livro é considerado pelos Protestantes da Reforma como apócrifo. A


LXX o coloca depois de Jeremias e Lamentações. As duas obras: Lamentações
e Baruque estão associados com profeta Jeremias. A Patrística com São
Jerônimo que atribui a estas duas obras à anterior do profeta Jeremias. Hoje
especialistas acham que as duas obras são de autores anônimos. O livro de
Baruque são poemas de tristeza e dor, que mostram a destruição de Jerusalém
ou para chorar a morte do rei Josias.

Baruque é amanuense de Jeremias (1.1). Em Jeremias 36; 43 e 46 falam


deste personagem e conforme o profeta 43.5-7, eles foram levados para o Egito
por judeus raivosos que fogem de Jerusalém destruída. Mas o autor diz que ele
foi com o rei da Babilônia. Provavelmente este livro é do período grego-romano
ou da época dos Macabeus mais precisamente.

5.1 – DIVISAO DO LIVRO DE BARUQUE.

Bar 1.1-13 – introdução.

Bar 1.14-2.10 – confissão.

125
Bar 2.11-3.8 – suplica.

Bar 3.9-14 – exortação.

Bar 3.15-31 – sabedoria inacessível.

Bar 3.32-4.1 – só Deus sabe.

Bar 4.2-4 – exortação.

Bar 4.5-9 – exortação aos exilados.

Bar 4.10-29 – Jerusalém exorta e conforta seus filhos.

Bar 4.30-59 – consolação de Jerusalém.

5.2 - COMENTÁRIOS A BARUQUE.

Este livro como podemos ver tem uma estrutura bem feita, é construído e
elaborado. Todo mundo dizia ser ele o secretário do profeta Jeremias. Ele
nunca foi citado pelos judeus, nem tinha o privilegio de ter sido incluído com o
livro de lamentações, a Carta de Jeremias. A história começa quando a LXX
coloca-o entre Jeremias e Lamentações. Na Patrística, São Jerônimo nem o
traduziu para o Latim. Na Vulgata posterior este livro foi colocado entre
Lamentações e Ezequiel, ao lado da Carta de Jeremias.

A grande pergunta é: quem é Baruque? A palavra em Hebraico é: feliz, bem


aventurado. Ele era o secretário de Jeremias, no período do exílio, mas as
informações são poucas. O livro é de um pseudônimo. A História, a oração,
meditação e a exortação são os temas literários e teológicos, doutrinas. A
introdução já é uma composição posterior, é uma oração de penitencia. Esta
oração de penitencia é composta de duas partes: uma confissão e uma suplica.
Tudo isto é uma mistura (mosaico) de citações bíblicas. Baruque cita Daniel,

126
por isso deve ter sido escrito no período grego. O livro é composto de uma
liturgia, e de doutrina: jejum, lamentações e sacrifícios.

5.3 - TEOLOGIA DE BARUQUE.

A teologia de Baruque é uma liturgia penitencial convidando os habitantes


de Jerusalém a confessar, exortar e pedir perdão pela destruição de Jerusalém.
Mas a destruição aqui de Jerusalém não é a de 587 a.C., mas a de 164 quando
lutavam os rangidos de Menelam e os Macabeus e a invasão dos Romanos.

A teologia mostra que houve uma quebra entre as relações de Deus com os
homens e convoca para uma reconciliação. A reflexão para o pecado, a
sabedoria e a lei. A liturgia da penitencia prevê: um grande jejum e um grande
sacrifício para que os pecados sejam perdoados. A partir desta obra a teologia
do jejum é assunto importante na vida do povo. No quinto mês a partir de 587
a.C. a 70d.C. era praticado o jejum coletivo. No aniversario da destruição de
Jerusalém: o jejum, e o sacrifício e a lamentação sobre a destruição do templo
foi sempre praticado.

A história, a penitencia, a sabedoria, a exortação e consolação de


Jerusalém são o centro da Teologia de Baruque.

IV – OS PROFETAS DO EXÍLIO (586 – 538 a.C.)

A história deste período mostra que Nabucodonosor levou os cativos para a


Babilônia, sendo grande parte da população de Judá: na validade a discussão

127
moderna descobriu que houve muita fantasia nesta leva de exilados. Poucos
foram levados, somente uma elite e trabalhadores especializados foram para a
Babilônia. Foram construtores, engenheiros para as construções e as irrigações
na agricultura, edifícios, templos, cidades, casas.

Os exilados com o passar do tempo se fixaram na Babilônia compraram


casas e se casaram. Quando Ciro domina a Pérsia e Babilônia, judeus não
voltaram para reconstruir Jerusalém. O povo vai acompanhado de dois profetas
para a Babilônia: o II Is e Ez. Em Jerusalém ficaram apenas os pobres,
camponeses, velhos, órfãos e viúvas que ainda tiveram que trabalhar para
pagar tributos à Babilônia. Judá está deserta.

1 - EZEQUIEL

Nome forte “Deus é forte”, pouco conhecido era filho do sacerdote Buzi
(1.3), casado e seus filhos (24.16), foi para o exílio na 1° deportação em 598
a.C., vive as margens do rio na Babilônia. O rio é Kebar (3.15), tinha algumas
posses, tinha casa onde se reunia com os anciãos (e.23), foi vocacionado no
ano 593 com 30 anos, ele era um visionário e extático, ele é um espiritualista.
Alguns autores o acharam doente e psicótico.

Ele sendo um sacerdote prega a santidade de Deus e do povo. Denuncia a


idolatria, a prostituição, à revolta do povo, e a infidelidade a Deus. Os pecados
e a culpa do povo é grande (22.7-12), a queda de Jerusalém é explicada pelo
pecado do povo e Deus abandonaria a todos e deixa o templo (10-11). Ele
prega o retorno e a salvação, Deus arrancará a impureza do coração do povo

128
(36), dará um coração novo e espírito novo, o povo voltará à terra prometida e
reconstruirá sua vida, Deus é pastor que guiará o povo de volta. O profeta cria a
teologia da culpa e da retribuição (18).

1.1 - DIVISAO DO LIVRO DE EZEQUIEL.

Ez 1.1-14 – visão dos querubins.

Ez 1.15-25 – visão das rodas.

Ez 1.26-28 – visão de Deus.


Ez 2.1-7 – vocação de Ezequiel.

Ez 2.8-3.3 – visão do rolo do livro.


Ez 3.4-15 – vocação do profeta.

Ez 3.16-27 – 4.1-5.4 – cerco simbólico de Jerusalém.

Ez 5.5-17 – causas do cerco.

Ez 6.1-14 – profecia contra a idolatria de Israel.

Ez 7.1-27 – o fim virá.

Ez 8.1-18 – visões sobre abominações em Jerusalém.

Ez 9.1-11 – castigos a Jerusalém.

Ez 10.1-8 – visão das brasas de fogo.

Ez 10.9-17 – Deus sai do templo.

Ez 11.1-13 – juízo de Deus contra os poderosos.


Ez 11.14-25 – restauração de Israel.

Ez 12.1-28 – visão do exílio.

Ez 13.1-16 – profecia contra os falsos profetas.

Ez 13.17-23 – contra os falsos profetas.

129
Ez 14.1-11 – castigo para os idolatras. –

Ez 14,12-23 Justiça de Deus

Ez 15.1-8 – Jerusalém videira sem frutos.

Ez 16.1-63 – Jerusalém infiel.

Ez 17.1-24 – parábola da águia e videira.

Ez 18.1-32 – responsabilidade do povo.

Ez 19.1-9 – parábola do leão enjaulado.

Ez 19.10-14 – parábola da videira.

Ez 20.1-44 – pecado de Israel.

Ez 20.45-49 – profecias contra o Sul.

Ez 21.1-32 – espada de Javé.

Ez 22.1-31 –pecados de Jerusalém.

Ez 23.1-49 – Oolá e Oolibá, as prostitutas.

Ez 24.1-14 – parábola da panela.

Ez 24.15-27 – o profeta fica viúvo.

Ez 25.1-7 – profecia contra Amon.

Ez 25.8-11 – profecia contra Moabe.

Ez 25.12-14 – profecia contra Edom.

Ez 25.15-17 – profecia contra Filistia.

Ez 26.1-21 – profecia contra Tiro.

Ez 27.1-36 – lamento sobre Tiro.

Ez 28.1-19 – profecia contra Tiro.

Ez 29.1-21 – profecia contra Egito.

130
Ez 30.1-26 – Egito é conquistado pela Babilônia.

Ez 31.1-18 – destino do Egito.

Ez 32.1-16 – contra Faraó.

Ez 32.17-32 – os Egípcios com as nações.

Ez 33.1-20 – o atalaia.

Ez 33.21-33 – castigo de Israel.

Ez 34.1-10 – profecia contra os pastores.

Ez 34.11-31 – o rebanho cuidado por Javé.

Ez 35.1-15 – profecia contra Israel.

Ez 36.16-38 – restauração de Israel.

Ez 37.1-14 – visão do vale dos ossos secos.

Ez 37.15-28 – reunião de Judá e Israel.

Ez 38.1-13 – profecia contra Gog.

Ez 38.14-23 – Gog será destruída.

Ez 39.1-10 – a queda de Gog.

Ez 39.11-16 – morte de Gog.

Ez 39.17-29 – sacrifício.

Ez 40.1-42.20 – visão do templo.

Ez 43.1-9 – glória do Senhor.


Ez 43.10-27 – altar.

Ez 44.1-14 – reforma dos santuários.

Ez 44.15-27 – deveres do sacerdote.

Ez 44.28-45.8 – divisão da terra.

131
Ez 45.9-17 – deveres dos juizes.

Ez 45.18-20 – Ano Novo.

Ez 45.21-25 – Páscoa.

Ez 46.1-8 – Sábados, festas, Luas Novas.

Ez 46.9-24 – leis das ofertas.

Ez 47.1-12 – águas puras.

Ez 47.13-23 – limites da terra de Israel.

Ez 48.1-12 – limites das tribos.

Ez 48.13-14 – limites dos sacerdotes e levitas.

Ez 48.15-20 – limites das cidades.

Ez 48.21-22 – limites dos príncipes.

Ez 48.23-29 – listas das tribos.

Ez 48.30-35 – as portas das cidades.

1.2 - COMENTÁRIOS A EZEQUIEL.

Ezequiel é um gênio. Difícil, problemático, complexo e psicologicamente


analisável. Vive o desastre, os dias mais difíceis de Jerusalém, e o exílio na
Babilônia. Ele vive no desterro. É um personagem diferente dos outros profetas.
Enigmático, parece estar em Jerusalém e na Babilônia ao mesmo tempo. Prega
contra a idolatria. Ele esta em Tel Abib ou rio Kebar? Prega contra Joaquim em
Jerusalém ou Nabucodonosor na Babilônia. Os oráculos podem ser datados e
outros são pura fantasia de algum outro redator.

O livro pode ser analisado assim: 1.1-3.21, relato da vocação de um outro


escritor que não é Ezequiel; 3.22-24.27 juízo contra Jerusalém; 25-32 castigo

132
contra as nações; 33-37 – restauração do povo exilado. Redações posteriores:
38-39 Deus derrota os inimigos; 40-48 o futuro, o templo, a visão do escritor P
(sacerdotal). Os discípulos de Ezequiel são ativos nestas redações posteriores,
e estão na base de todo o livro de Ezequiel. Com estas redações que ocorrem
em todo o livro parece descaracterizar a obra toda de Ezequiel, que não é mais
dele, mas de redatores. A teologia de Ezequiel é da teologia da História.

1.3 - TEOLOGIA DE EZEQUIEL.

A história é o centro de sua teologia. O sacerdote fala da atuação do conhecer


Deus nesta história. O livro narra como deve ser o culto, a liturgia, o sacrifício,
os rituais de pureza. Tudo isto é para mostrar a glória de Deus. O pregador fala
da condenação que se transformará em salvação. A glória de Javé sobreviverá,
o exílio, o desterro e retornará a Jerusalém. O profeta é minúsculo perante a
glória de Javé. A glória sai de Jerusalém, mas retorna; o pecado afasta e o
perdão e salvação fazem com que ela retorne.

A proclamação da palavra de Deus para o profeta é o meio para se


restaurar a glória, e que ela retorne a Jerusalém. Ezequiel 18.4-20 resume o
pensamento, a mensagem e a pregação de Ezequiel: “quem pecar, esse
morrerá; o filho não herdará a maldade do pai, nem o pai do filho”. Ele tem que
pregar contra a maldade do povo, combater os falsos profetas. Haverá um resto
que será salvo e resgatado do exílio. Javé transformará o coração de pedra do
povo em coração de carne. Profeta do sonho e da utopia. Jerusalém é a terra
que o Senhor deu aos patriarcas.

2 - O DEUTERO-ISAIAS (Is 40-55).

133
O que difere o II Is do I Is é a narrativa que no II Is é poesia, as questões
literárias e teológicas. O II Is fala do exílio e do retorno, o Is fala dos Assírios, O
II Is da Babilônia. Os contextos históricos são diferentes, o I Is do século VIII ao
VII e o II Is do século VI ao V. a teologia central é a construção de uma estrada
pelo deserto para o povo retornar da Babilônia para Jerusalém. Babilônia é um
campo de trabalhos forçados (42), Deus derrotará os inimigos Babilônicos pelo
rei da Pérsia, Ciro. Haverá uma grande peregrinação pelo deserto para
Jerusalém, um novo êxodo, maior e mais fantástico que a saída do Egito (41;
42; 48).

A teologia do retorno é intercalada pelos Cânticos do Servo Sofredor (42;


49; 50; 52.13-53.12). Os cânticos mostram a vocação, a obra e a missão do
Servo de YHWH. No N. T. foi interpretado como Cristo.

2.1 - DIVISÃO DO LIVRO DO II Is.

II Is 40-55:

Este Isaias anuncia o Novo Êxodo, e como foi dito é composto em poesia:

1° divisão:

II Is 40.1-11 – hino da vinda do Senhor.

II Is 40.12-31 – hino da majestade do senhor.

II Is 41.1-20 – a redenção do Senhor.

II Is 41.21-29 – a grandeza do Senhor

134
II Is 42.1-9 – o servo do Senhor.

II Is 42.10-17 – hino de louvor à salvação do Senhor.

II Is 42.18-25 – a visão e a audição do povo não é boa.

II Is 43.1-132 – o resgate de Deus.

II Is 43.14-21 – libertação da escravidão de Babel.

II Is 43.22-28 – a justiça do Senhor.

II Is 44.1-8 – Deus único.

II Is 44.9-20 – o pecado da idolatria.

II Is 44.21-28 – a salvação.

II Is 45.1-7 – Ciro, o Persa.

II Is 45.8-18 – Deus é criador de todas as coisas.

II Is 45.19-25 – a idolatria desagrada a Deus.

II Is 46.1-13 – os ídolos da Babilônia caem.

II Is 47.1-15 – a destruição da Babilônia.

II Is 48.1-22 – combatida a idolatria de Israel.

II Is 49.1-7 – o servo do Senhor e os gentios.

II Is 49.8-26 – promessa de restauração a Israel.

II Is 50.1-11 – o servo do Senhor.

II Is 51.1-52.12 – assim voltarão os resgatados do Senhor.

II Is 52.13-53.12 – o sofrimento do servo do Senhor.

II Is 54.1-17 – a glória de Sião.

135
II Is 55.1-13 – a graça é para todos.

2° divisão:

II Is 40.1-11 – hino da vinda do Senhor.

II Is 45 – Ciro, o Persa.

II Is 55.1-13 – a graça é para todos.

Divisão do livro.

Is 1-39.

Is 40-55 – consolação de Israel.

Is 56-66.

2.2 - COMENTÁRIOS A Is 40-55.

Is 40.1-11 – este trecho é denominado de livro da consolação de Israel: o


anúncio do futuro, da mudança do deserto em terra fértil: voz do que clama
aparece duas vezes, no v. 3 e no v. 6. O Senhor com seu poder virá para
transformar todas as coisas.

136
Is 40.12-31 – mostra a majestade e o poder de Deus; o v. 13 fala do conselho e
do Espírito do Senhor; no v. 28 fala de Deus o Criador; nos vv. 29-31, os que
esperam no Senhor renovarão as suas forças. 41.1-20, a doutrina da redenção
é forte nos: nos vv. 3-4 o princípio e o último; no v. 6 a fortaleza do Senhor; v. 7
o construtor; v. 8 Israel, Jacó e Abraão; v. 9 o chamado; v. 10 não temer ou
assombrar; v. 13 ajuda de Deus; os v. 14 diminutivos; ; v. 17 os aflitos e
necessitados; v. 18-20 a transformação do deserto seco em úmido.

Is 40.21-29 – aqui está a grandiosidade do Deus de Israel e o chamado para


contemplar a sua glória. No original glória tem um sentido também político e
pode ser entendido como poder.

Is 42.1-9 – pela primeira vez ocorre o termo Ebed - servo do Senhor, aquele
que padece calado, não reclama de nada - este servo do Criador será chamado
para abrir os olhos dos cegos, libertar da escravidão, este será a glória do
Senhor Deus.

Is 42.1-17 – é um cântico de louvor pela salvação dos escolhidos.

Is 42.18-25 – é um clamor e lamento contra a cegueira e a perda de audição do


povo.

Is 43.1-13 – eu te remi, esta é a expressão da redenção de Israel, chamei pelo


nome (nos capítulos anteriores o profeta anuncia a destruição dos povos), em
outros denuncia Israel e Judá e se não se arrependerem terão a mesma sorte
que os povos vizinhos; aqui acontece que somente Israel será salvo. V. 14-21 –
mostra que todos serão salvos do cativeiro Babilônico. No v. 20 fala que até os
animais do campo baterão palmas por esta salvação; no v. 19 mostra a nova

137
criação; no v. 18 que devem esquecer as coisas passadas; os versos de
apocalipse e de Paulo conhecem bem estas passagens.

Is 42.22-28 – este texto mostra a grandiosa misericórdia de Deus para com seu
povo.

Is 44.1-8 – no v. 6 mostra a unicidade, o primeiro e único Deus de Israel - o


Senhor é o único Deus de Israel.

Is 44.9-20 – aqui a uma referência a idolatria e quem a pratica comete loucura.

Is 44.21-28 – sempre há lembranças às tradições históricas de Israel - Jacó,


Abraão, Isaque, etc. Em Is 44 está repleto destas lembranças - neste trecho há
menção à libertação do povo do cativeiro.

Is 45.1-7 – a lembrança de libertação começa a ser cumprida no chamado de


Ciro, o Persa, que será o libertador de Israel do cativeiro Babilônico.

Is 45.8-18 – mostra neste relato que o Senhor é criador e recriador de todas as


coisas.

Is 45.19-25 – existe uma comparação entre Deus e os ídolos dos povos e de


Israel e que o Deus único do cap 44 mostrando que este Deus de Israel é
superior a todos os ídolos juntos.

138
Is 46.1-13 – a menção sobre a queda dos ídolos da Babilônia é mera referencia
aos poderes políticos daquele país; o v. 1 menciona que animais são
idolatrados - a prática da justiça e salvação serão imperativos de Sião.

Is 47.1-15 – a demonstração histórica de como a Babilônia teria a sua queda.

Is 48.1-22 – Deus ano suporta mais a infidelidade de Israel para com Ele - o
nome de Jacó aparece várias vezes neste texto - a infidelidade é - não ouvir,
prestar a atenção, conhecer (daat) o Senhor.

Is 49.1-7 – ocorre de novo à presença do tema do servo do Senhor, este servo


será a luz e o caminho para a salvação dos gentios - tu és o meu servo - Israel,
serei glorificado por ti.

Is 49.8-26 – o v. 8 é um hino lindo- no tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri


com a salvação - te guardarei... para restaurares a terra. Aqui temos a idéia de
posse e retomada da terra prometida, é a restauração de Israel como povo -
ocorre uma transformação do deserto- virão do Norte e do Ocidente, de Sinim;
o v. 13 é um cântico - tudo isto será feito pelo Salvador, Redentor e poderoso
de Jacó.

Is 50 – mostra que o servo do Senhor será maltratado, mas permanecerá em


infidelidade para com Deus. Este texto lembra um pouco o livro de Oséias e seu
casamento e divórcio.

Is 51.1-52.12 – neste trecho ocorre uma manifestação de consolo para Sião côo
ocorreu no capítulo 40. No v. 16 - tu és meu povo. N v. 17 o duplo despertarem
e em 52.1 o novo duplo despertar.

139
2.3 - TEOLOGIA DO II Is.

A teologia do Deutero Isaias é à volta do exílio e a consolação de Israel. O


deserto será transformado para que o povo regresse a Jerusalém. Os rios
correram pelo deserto, este deserto florescerá, terá arvores e animais. Os vales
serão aterrados, as montanhas serão rebaixadas: tudo para que o povo retorne
a Sião. Poucos retornarão para reconstruir Jerusalém, o templo e os muros.
Parece a mensagem do Deutero-Isaias uma utopia, ou um cântico de
consolação. Este profeta é otimista ao extremo, pensa na salvação e na
promessa de retorno. O novo êxodo será mais fantástico, maravilhoso,
fenomenal do que o primeiro. O primeiro foi difícil o retorno pelo deserto, no
segundo êxodo a transformação da natureza será possível para o retorno do
povo. O povo é convocado a retornar. Somente o resto ouve este anuncio de
consolação.

V – PROFETAS DO PÓS-EXÍLIO (538-165)

140
No ano 539/8 o rei da Pérsia, Ciro, massacra o reino Babilônico governado
pelo último rei Nabonides. Ciro despacha de volta todos os povos exilados na
Babilônia, em 538 escrevendo o decreto libertando todos os judeus e que
permitia o seu retorno para a reconstrução de Jerusalém (Esd 6.3-5). Os judeus
ricos ficaram na Babilônia e preferiram não retornar ao caos, mas um pequeno
grupo liderado por Esdras retorna e sacrifica no templo (Esd 1.8). Os que
retornaram enfrentaram as dificuldades da reconstrução.

No reinado de Cambises (529-522 a.C.) o rei sucessor de Ciro, começa o


retorno, com Dario I (522-485) Zorobabel é o escolhido para ser o
administrador. Ele é descendente de Davi. Josué é escolhido sacerdote, o
templo foi reconstruído e reconsagrado em 515 a.C. Houve muita briga entre ao
que retornaram e os que ficaram em Jerusalém. Neemias e Esdras reconstroem
Jerusalém e reedita a lei de Moisés. Os profetas deste período são: Ageu,
Obadias, Zacarias, Joel e Malaquias.

1 - OBADIAS

Um livro profético muito pequeno, tem 23 versículos, o profeta Obadias (ou


Abdias) não é conhecido e seu escrito é difícil de ser datado, uns o colocam
antes e outros o colocam depois do exílio. Talvez seja melhor coloca-lo no
período do exílio. A sua mensagem é de conforto, exortação. A sua luta é
contra Edom que se aproveita da fraqueza de Judá. Os edomitas após a queda
de Jerusalém 586 a.C. começam a se vingar dos judeus e retornam as suas
terras perdidas.

141
1.1 - DIVISAO DO LIVRO

v. 1-14 – pecado e castigo de Edom (ver Jer 49.14-16).

v. 15-21 – restauração e felicidade de Israel.

1.2 - COMENTÁRIO A OBADIAS

Um pequeno livro, autor desconhecido, para datar a obra de composição é


o maior problema: antes ou depois do exílio? Durante o exílio, a mensagem é
de consolação, exortação e conforto ao povo desolado com a destruição de
Jerusalém.

O profeta denuncia os vizinhos de Israel e Judá, que se utilizaram suas


fraquezas para tomar os territórios. O livro imita a II Is e Jer 49.14-16 para falar
do pecado de Edom e como ele seria castigado.

A grande mensagem da Obadias é a de restauração do povo, da cidade, do


templo e dos muros de Jerusalém. O autor desta pequena obra anuncia a
felicidade de Sião. Israel viverá feliz e sem problema, e vingará seus inimigos.
Edom será castigado e Israel viverá em paz.

1.3 - TEOLOGIA DE OBADIAS

O profeta envia a mensagem de Deus através de oráculos contra as nações


e de modo geral anuncia a vinda de Javé. Na introdução ele fala de uma visão,
redação da conclusão e deste inicio deve ter sido feito por outro redator. Todo o

142
texto foi reelaborado, posteriormente. A sua visão e anuncio é contra Edom,
descendente de Esaú e perante do povo de Israel. Este povo se vinga, na época
do rei Davi, Salomão que tomaram parte de seu território, agora ele está tomando
de volta as terras perdidas na época em que Jerusalém caiu nas mãos dos
Babilônicos. Então os oráculos e seus escritos são posteriores a 587 a.C. Não
sabemos nada sobre o seu nome e pessoa.

Para Obadias tudo está perdido, o templo destruído, o povo foi para o
cativeiro; mas em sua visão Deus lhe dá animo e a seu povo, o dia de Javé
chegou, Ele atuará na história do mundo e intervirá e reinará. Quando ele vê a
esperança, a luz natural, começa a pregar a desgraça de Edom que é maior do
que a de Jerusalém. Ele quer mostrar aos desalentados que há ainda salvação. O
conforto de Obadias é a de Jeremias, há muitas semelhanças entre os dois
profetas.

2 - AGEU

Só podemos conhecer Ageu em Esdras 5.1 e 6.14 e nada mais sobre este
profeta. Ele atua no ano 521 em Jerusalém. A mensagem de Ageu é a reparação
e inauguração do templo, o templo deve ser reconstruído antes das casas, do país
e de Jerusalém para celebrar o culto e sacrifícios. Ninguém quer saber do templo,
este deve ser o lugar de Deus e Deus aparecerá a todas as nações.

2.1 - DIVISAO DO LIVRO DE AGEU.

Ag 1.1-11 – exortação para se reedificar o templo.


Ag 1.12-15 – o povo atende.

Ag 2.1-9 – glória do 2° templo.


Ag 2.10-19 – infidelidade do povo.
Ag 2.20-23 – promessa de Javé a Zorobabel.

143
2.2 - COMENTÁRIOS A AGEU.

O livro de Ageu começa com a exortação para a reconstrução do templo


(1.1-11) e termina fazendo um fechamento com a promessa de Javé a Zorobabel
(2.20-23). É um livro pequeno e elaborado deste quadro literário que é: o povo
atende, 1.12-15 como inicio e o fim com o não atendimento, mas infidelidade do
povo 2.10-19. No centro do livro, o resplendor e a glória do 2° templo.

Podemos notar a estrutura do livro bem-disposta. Começa a sua narrativa


no ano 537 a.C. e tem conexão com Esd 3.7-12; a dificuldade das reconstruções.
A queda de Cambises em 522 a.C. e a subida ao trono de Dario I traz a tensão
para a reconstrução que estava abalada pelas tensões internas entre os
moradores e os repatriados. A única salvação está no Messias.

2.3 - TEOLOGIA DE AGEU.

A teologia de Ageu está fundada no despertamento, na consolação do povo


e na reconstrução e inauguração do templo. Havia uma luta interna entre os
moradores de Jerusalém e os que retornaram do exílio. Aqui vemos as
preocupações com as lutas internas e as externas: Cambises e Dario I. Mas a
preocupação central está na fé abalada do povo. O povo não acredita em mais
nada. Os que retornaram viram que se reconstruir era mais difícil do que eles
esperavam.

O zelo da fé é menos que o trabalho que tem para reconstruir o templo. A casa do
Senhor, dizia ele, está cada vez mais difícil de ser reerguida. Mas a mensagem
do profeta é as bênçãos que serão multiplicadas e a salvação que virá. As
disputas externas mostram que o dia de Javé chegou. Zorobabel da linhagem de
Davi é portador da messianidade. O 2° templo é mais glorioso que o primeiro, o
Messias-Rei assumirá o trono em Israel.

144
3- ZACARIAS

Conforme o livro de Esd 5.2; 6.14; e Nee 12.16 este profeta era filho de Ido,
sacerdote com Josué e Zorobabel que retornara da Babilônia. Ele é outro
sacerdote que se torna profeta, foi do mesmo período de Ageu e sua mensagem é
de 520 a 518 a.C. Existem dois livros do profeta Zacarias: o I Zac 1-8 e o II Zac 9-
14. o primeiro é do período de Dario II e o II Zac pode ser uma compilação da
época dos gregos e de Alexandre Magno nos séculos IV ou III a.C. Quase cem
anos depois do I Zac que é do século V.

O primeiro prega aos que retornara do exílio para reconstruir o templo e a


vida em Jerusalém e retornarem a ser o povo de Deus. A segunda fala da ameaça
grega, da vinda do Messias e assim podemos ver as diferenças gritantes entre os
dois.

3.1 - DIVISÃO DO I ZACARIAS 1-8.

Zac 1.1-6 – arrepender.


Zac 1.7-17 – 1° visão: os cavalos.
Zac 1.18-21 – 2° visão: chifres e o ferreiro.
Zac 2.1-5 – 3° visão: a medição de Jerusalém.
Zac 2.6-13 – exortação para que Israel volte a Sião.
Zac 3.1-10 – 4 ° visão: sumo sacerdote Josué.
Zac 4.1-14 – 5 ° visão: candelabro entre as oliveiras.
Zac 5.1-4 – 6° visão: o rolo voador.
Zac 5.5-11 – 7° visão: a mulher e a efa.
Zac 6.1-8 – 8° visão: os carros.
Zac 6.9-15 – reino de Josué. O renovo.
Zac 7.1-7 – jejum que não agrada.

145
Zac 7.8-14 – desobediência leva ao exílio.
Zac 8.1-23 – Sião restaurada.

3.1.1- Comentário a Zacarias 1-8.

O livro de Zacarias poderia ser dividido até em mais do que dois Zac. Este
escrito é o do 2° Zac, que foi atribuído ao profeta Zacarias contemporâneo de
Ageu. Começa a pregar no ano 520 a.C. um mês antes de Ageu. Ele prega ate
518 a.C. três anos antes do templo ser reinaugurado. Ageu antecede a reforma
religiosa e Zacarias evidencia o movimento de renovação religiosa. Os que
retornaram da Babilônia são convocados à esperança, as dificuldades são
grandes, muitos dificultam a reconstrução de Jerusalém. Assim a reforma demora
mais a ser feita: a decepção e a frustração começam a ser grande.

Zacarias é da família sacerdotal, tem um papel importante no templo, os


jejuns são proclamados, a preocupação com a pureza e santidade. O sacerdote
também é profeta, que apela para a convensão do povo. É um profeta de visões,
oráculos são fases preparatórias para o anuncio do Messias; as visões sobre
Josué e os ungidos mostram o governo sobre o povo, as visões do livro, mulher os
cavaleiros e a restauração final.

3.1.2 - Teologia de Zacarias 1-8.

Podemos falar de uma dupla teologia nos capítulos 1 a 8. O profeta prega e


anuncia a intervenção de Deus em Jerusalém. Deus fala ao profeta por visões,
comunica diretamente ao povo. O Deus de Zac é santo, transcendente, leva o
povo com sua mão. Deus está um pouco distante dos acontecimentos. Um anjo
comunica e explica as visões. Deus usa anjos, cavaleiros para anunciar seus
intentos. Deus não está ausente ou distante; esta distancia é mais do povo do que
de Javé.

146
A fé do povo que é vazia. Esta linguagem de Zac 1-8 é apocalíptica. Deus está
escondido pelos simbolismos no escrito do profeta. Este simbolismo representa a
ligação entre Deus e o homem. A esperança é a teologia anunciada, as
frustrações, as dificuldades levam a uma nova esperança. A renovação do culto, a
inauguração do templo leva a uma nova salvação. Isto leva a uma era messiânica,
as nações serão também salvas. O governo é duplo: sacerdote e príncipe. Mas o
governo verdadeiro é o que virá. O Messias será o rei e sacerdote.

3.2 - DIVISAO DO II ZACARIAS 9-14.

Zac 9.1-8 – castigos dos povos.


Zac 9.9-17 – o rei vem de Sião.
Zac 10.1-11.3 – benção a Judá e Israel.
Zac 11.4-14 – a parábola do bom pastor.
Zac 11.15-17 – a parábola do pastor insensato.
Zac 12.1-9 – salvação de Jerusalém.
Zac 12.10-14 – habitantes de Jerusalém se arrependem.
Zac 13.1-6 – destruir os ídolos e os falsos profetas.
Zac 13.7-9 – ferido o pastor.
Zac 14.1-15 – juízo sobre Jerusalém e seus opressores.

Zac 14.16-21 – glória de Sião.


3.2.1 - Comentário a Zacarias 9-14.

Os problemas sociais, a restauração acabou, a cidade foi separada, o


templo foi inaugurado. A esperança messiânica que se identificava no I Zac com
Zorobabel e o Templo, no II Zac é o rei Messias pobre, o pastor não aceito e
misterioso. As visões, os oráculos messiânicos identificando Zorobabel e Josué
passando a ter um conceito novo, o profeta e o anjo mensageiro em cena no II
Zac.

147
A composição literária de Zac 9-14 tem uma moldura que parece ser uma
composição complicada de redação.

9.1-8 14.1-15 castigo e juízo.


9.9-17 14.16-21 o rei e a glória de Sião.
10.1-11.3 12.10-14 benção aos habitantes de Judá e Israel.
11.4-14 13.7-9 parábola do pastor e o pastor ferido.
11.15-17 13.1-6 pastor insensato, destruiu ídolos e falsos
profetas.

12.1-9 – salvação em Jerusalém.

Esta é a estrutura do II Zac. Sempre vai dar pelo redator final: a salvação de
Jerusalém. Este livro leva a ter seus fundamentos no período grego e não persa
os seus oráculos e visões.

3.2.2 - Teologia de Zacarias II.

A teologia do II Zac é a teologia do advento messiânico. Teologia do


Messias ideal. Esta teologia do II Zac parece-se com o apocalipse de Is 24-27. A
salvação de Israel/Judá será feita pelo próprio Javé. Ele destruirá os inimigos de
seu povo e reunirá os escolhidos em Jerusalém. Os pagãos comerão desta
migalha da salvação e serão integrados na comunidade dos salvos de Judá. Os
povos serão reunidos com os clãs de Judá. Israel se submeterá as exigências da
lei e guardará os rituais de pureza, e do culto. A visão é que os estrangeiros se
juntarão e se afiliarão a Judá.

O Messias que virá terá uma imagem tríplice: o rei messias, protótipo de
Davi e Salomão; o profeta: pobre e justo. O Messias é o ideal dos pobres do
Senhor. Por fim, a terceira imagem do Messias é o Bom Pastor que o Evangelho

148
de João seguirá esta visão do Messias. O Pastor em II Zac é o próprio Javé. Aqui
em II Zac parece-se com Is 53, o Servo Sofredor, o seu sacrifício é fonte de
transformação dos corações, pureza, a linhagem de Davi. O Messias virá com
toda a sua glória para salvar Judá.

4 - TRITO OU TERCEIRO ISAIAS 56-66

Mais um profeta anônimo, discípulo do discípulo de I Is ou do Is histórico.


Vive a realidade da Jerusalém celestial, pós-exílico. Jerusalém está de novo em
ruínas com os gregos (62), o templo está destruído de novo (66), é do período de
520-300 a.C. Ele prega o guardar a lei, denuncia as praticas religiosas e os cultos
sincréticos, a salvação universal que não acontece por culpa do próprio.

4.1 - DIVISAO DO LIVRO.

III Is 56.1-8 – chamada dos gentios.

III Is 60.1-22 – o esplendor de Jerusalém.

III Is 66.10-24 – fidelidade de Deus é eterna.

1° divisão:

III Is 56-66 – a nova Jerusalém.

III Is 56.1-8 – a chamada dos gentios.

III Is 56.9-12 – coitados dos guias cegos de Israel.

149
III Is 57.1-13 – a idolatria de Israel está condenada.
III Is 57.14-21 – anúncio de paz aos que se arrependerem.

III Is 58.1-14 – a pregação do jejum.


III Is 59.1-21 – confissão coletiva de Israel.

III Is 60.1-22 – o esplendor da Nova Jerusalém.


III Is 61.1-11 – o anúncio da salvação.

III Is 62.1-12 – Jerusalém a noiva.

III Is 63.1-6 – a vingança de Deus.


III Is 63.7-64.12 – últimas palavras do profeta.
III Is 65.1-7 – Deus nega os idolatras.
III Is 65.8-16 – Ele salve somente o resto fiel.
III Is 65.17-25 – os céus novos e as terras novas.
III Is 66.1-9 – os que praticam a maldade estarão fora do novo céu e da
nova terra.
III Is 66.10-24 – a fidelidade de Deus é eterna.

4.2 - COMENTÁRIOS A ISAIAS 56-66

Is 56.1-8 – começa aqui a demonstração da vocação dos gentios, fazei juízo e


praticai a justiças são as exigências de Deus para que sua justiça e bondade
sejam manifesta. O v. 2 mostra uma bem-aventurança, os eunucos entrarão no
reino de Deus, este verso é citado por Jesus. O v. 7, fala da casa de Oração para
os povos, outro texto que tem repercussão no Novo Testamento, os disperses
serão reunidos em Israel.
Is 56.9-12 – este trecho mostra que muitos são guias cegos, estes estultos serão
confundidos e se esquecem das coisas que estão por acontecer.

Is 57.1-13 – a idolatria, transgressão, sacrifícios são condenados por Deus.

150
Is 57.14-21 – há ainda uma esperança e esta é a paz para todos, mas para os
perversos não há paz.

Is 58 – Deus exige a justiça e o direito mais que o jejum muitas vezes necessário -
o jejum contra a impiedade, a escravidão, o serviço, os bens materiais para os
outros. O v. 8 mostra que quem pratica a justiça e o direito será a luz da alva -
será prontamente atendido - luz nas trevas - o descanso é dia de honra a Deus.

Is 59 – as iniquidades do povo causam separação entre eles e Deus, para que


haja mudança nesta realidade deve-se fazer uma confissão coletiva, do povo todo
e o perdão de Deus será para a nação e que todos pratiquem a justiça e a
misericórdia, o temor a Deus será reconhecido entre as nações. O v. 20 mostra
que virá o redentor e salvará os que se converterem- o v. 21, fala da promessa do
Espírito do Senhor a toda descendência dos convertidos.

Is 60 – este trecho é fantástico: as boas notícias de salvação são anunciadas aqui:


o v. 1 começa com o revestimento do Espírito do Senhor e a pregação das novas,
este texto é uma extensão feita ao N.T. e usada por Jesus em sua mensagem do
reino e a sua missão. O v. 2 é o ano do jubileu: perdão e salvação para todos,
consolo, alegria e a participação da glória do Senhor. Este texto mostra ainda que
o Senhor ama a justiça e odeia a injustiça. Mas aqueles que fazem o bem, todas
as suas posteridades serão reconhecidas por todos os povos, a idéia de renovo
aparece duas vezes neste texto, renovo é o remanescente ou aquele que
permanece fiel.

Is 62 – a nova Jerusalém começa a ser demonstrada; aqui aparece como a noiva


do Senhor. Jerusalém em sua etimologia é: cidade da paz, é isto que diz o v. 1-2,
Jerusalém não será mais zombada e ninguém a chamará de desolada e
desamparada; ela será a noiva que chamada de Sião, a procurada, cidade-não-
deserta, e seus moradores serão denominados de Povo Santo, redimidos do
Senhor.

151
Is 63.1-6 – Deus vingará o seu povo contra Edom e Bozra - o ano do jubileu é
chegado, v. 4.
Is 63.7-64.12 – este longo trecho fala da oração do profeta, é um cântico sobre
Sião - a salvação, fala Moisés, Abraão, da redenção, da criação de Deus em todas
as coisas, Deus é Pai de seu povo.

Is 65 – aqui está à resposta de Deus a este cântico do profeta. A promessa de


salvação e de rejeição dos perversos (vv. 1-7). Mostra a salvação daqueles que
permanecem fieis, do resto de Israel (vv. 8-16). Mostra a nova criação: um novo
céu e uma nova terra, uma nova Jerusalém, a terra de paz, a ecologia volta a ser
tema deste texto (vv. 17-25).

Is 66.1-9 – este é o final do hino; ficarão de fora desta Jerusalém terrestre e


celestial os que praticam a religião dos pagãos, os infiéis, os que praticam
sacrifícios a outros deuses.
Is 66.10-24 – o restante do Cântico a Sião mostra a felicidade dos que irão habitar
a Sião eterna.

4.3 - TEOLOGIA DO III ISAIAS

O III Is prega a renuncia de várias coisas. O povo retorna a Jerusalém e


enfrenta problemas na reconstrução e acomodação povo aos redores e na cidade.
Os capítulos 58, 59 e 65, são do II Is, o 66 é do redator final. Este profeta anônimo
enfrenta a briga interna e externa, os trabalhadores de reparação da Jerusalém.
Muitos do que retornaram pobres ficaram mais pobres ainda. Os que ficaram e
não foram para o exílio empobreceram. Há um ciúme generalizado. Os
estrangeiros na cidade de Jerusalém estão bem estabelecidos. Há um grande
desânimo no povo e ainda surge uma ameaça externa poderosa: os gregos. Este
profeta é da época de Zacarias e Ageu. O declínio Persa é evidente.

152
O profeta anuncia nas entrelinhas:
- A crise de esperança, o povo vendo toda esta situação a beira do caos
depois da reconstrução; surge a desconfiança e a frustração;
- O culto se degenera de novo, a depravação social e o caos econômico
se instalam;

- O ódio racial retorna: Judaítas e Samaritanos rompem para sempre.

Resta apenas uma coisa: a Nova Jerusalém, o novo céu e a nova terra em meio
da desilusão completa do povo.

5 - JOEL

As profecias deste livro são complicadas para data-las, talvez seja melhor
coloca-las entre o inicio ou o fim do ano 400 a.C. Joel era filho de Fatuel, viveu e
pregou na cidade de Jerusalém. Profeta do templo, do culto, tem em sua
preocupação central o templo. A sua mensagem é o dia de Javé, fala da invasão
de gafanhotos, terremotos, prega a conversão pelo jejum, e que o dia de Javé seja
a salvação e não de condenação ao povo de Jerusalém.

5.1- A DIVISAO DO LIVRO

Jl 1.1-2.11 – fome, gafanhoto e seca.

Jl 2.12-27 – bondade de Deus.


Jl 2.28-32 – promessa do Espírito.
Jl 3.1-17 – juízo de Deus sobre os povos inimigos.
Jl 3.18-21 – restauração de Israel.

2.12-27 3.1-17
- 1.1-2.11 2.28-32 3.18-21

153
- 1.1-2.11 - 3.1-17 – fome, juízo, seca, gafanhoto.
- 2.12-27 - 3.18-21 – Deus bondoso, restauração de Israel.
- 2.28-32 - promessa do Espírito.

5.2- COMENTÁRIOS A JOEL

Este livro tem problemas de composição literária. Em sua estrutura


observamos a preocupação do redator final em coordenar as idéias para tornar os
quatro capítulos coerentes. Parece uma liturgia ou cantata com quatro divisões:
parte do flagelo, destruição para chegar à humilhação e perdão e finalmente
alcança a misericórdia de Deus. Os oráculos de Joel são pequenos apocalipses: a
destruição, o jejum apareceu duas vezes em lugares distantes.

Não existe lógica literária neste livro: vai da desgraça à salvação; destruição dos
povos à salvação do povo de Deus. O povo escolhido foi centralizado na literária
para mostrar que apesar das pragas o povo humilhado e jejuando seria salvo.
Parece que o profeta copia a teologia da saída do Egito: o Êxodo. Tudo isto é para
mostrar o Dia do Senhor que virá. Este profeta está ligado ao culto.

5.3- TEOLOGIA DE JOEL

A mensagem deste profeta (teologia) tem dois esquemas principais: uma é


a mensagem de salvação e o dia do Senhor que virá. O dia do Senhor aparece
nos 4 capítulos. O dia está relacionado com o juízo de Javé, o monstro ou
monstros estão relacionados com as potencias que estão sendo abatidos.tudo isto
é para mostrar que Javé é Senhor do universo. Quando o Senhor chegar tudo
será subjugado aos seus pés.

154
A mensagem de salvação ligada ao derramamento do Espírito mostra que
todas as dificuldades acabaram. Os desastres: fogo, seca, invasão dos
gafanhotos, o caos e agora Javé é o Senhor de tudo e de todos. Todos invocarão
Javé, e agradecerão a salvação que veio para o povo. O texto central de Joel é
interpretado em Atos dos Apóstolos como o derramamento do Espírito Santo.

6 - MALAQUIAS

O significado deste nome é mensageiro de Deus, anuncia seus oráculos em


515 a.C. O templo tinha sido reinaugurado e oferecido o sacrifício de dedicação ao
templo (1.10; 3.1-10). O profeta prega o casamento e permite em certos casos o
divorcio (2.16).

6.1 - DIVISAO DO LIVRO

Mal 1.1-5 – amor de Deus por Jacó.

Mal 1.6-14 – condenação dos sacerdotes.


Mal 2.1-9 – castigos dos sacerdotes.
Mal 2.10-16 – a infidelidade conjugal.

Mal 2.17-3.5 – vinda de Javé e o anjo.


Mal 3.6-12 – roubo dos dízimos e ofertas.
Mal 3.13-18 – o justo e o mal.
Mal 4.1-6 – o sol da justiça.

1.1-5 - 4.1-6 – amor de Javé e o sol da justiça.


1.6-14 - 2.1-9 – condenação e castigo dos sacerdotes.
2.17 - 3.5 – vinda de Javé.

155
6.2- COMENTÁRIOS A MALAQUIAS

Como podemos ver a estrutura de Malaquias é complicada. Há uma


moldura entre o inicio e o fim sobre o amor de Deus e o sol da justiça. No meio
deste quadro encontra-se a vinda de Javé. Há outra base de estrutura com a
condenação dos sacerdotes e o castigo dos mesmos fazendo moldura com os
roubos dos dízimos e das ofertas. Sobra uma estrutura da infidelidade conjugal
com o justo e o mau. O livro menciona como o significado de seu próprio nome: o
mensageiro - malaki. A mensagem trata do anuncio do Messias.

Este profeta anuncia a sua mensagem quando o povo está voltando do


cativeiro Babilônico. O templo está sendo reconstruído, os cultos começam a ser
efetivados. Mas o grande problema que surge são os casamentos mistos
condenados por Esdras. O profeta enfrenta a grande desconfiança do povo, o
desanimo é grande e a fé é muito fraca do povo. O profeta tenta reanimar o povo
em 440 a.C.

6.3- TEOLOGIA DE MALAQUIAS

A teologia do profeta refere-se as negligencias do culto, a corrupção e


roubo dos sacerdotes. O profeta anuncia o castigo aos chefes religiosos de
Jerusalém. O serviço do culto é desvirtuado, as infidelidades (não conjugais) estão
relacionadas ao culto, ao sacrifício, à lei. A grande questão do profeta relaciona-se
com a vida cultual e moral do povo; o profeta fala da negligencia das pessoas em
observar o culto e prega a unidade da comunidade reunida em torno do templo
reconstruído.

O profeta prega o sol da justiça que foi interpretado no N. T. como o Messias. O


tema central do livro é a vinda, o Dia de Javé. O anjo do Senhor anuncia a todas
estas coisas. Está aí o caráter apocalíptico do livro, o dia grande e terrível de Javé
será para a comunidade que são infiéis.

156
7 - JONAS

Os especialistas identificavam este Jonas como o filho de Anitai da época


de Jeroboão no ano 840 a.C. (II Rs 14.25). Nada a ver, como seria um filho com
mais de 400 anos? Este livro é de Jonas (que significa pomba; pássaro é o
símbolo de mensageiro). Este livro pode ser datado entre 400 a 200 a.C. O livro
quer mostrar que Deus pode salvar quem ele quer, inclusive Nínive, capital da
Assíria. Aqui tudo é simbólico, desde profeta, peixe a Nínive. Esta cidade é o
símbolo de paganismo, todos os pagãos são opressores do povo de Israel e assim
são inimigos de Deus. A condição de Deus é o arrependimento, a teologia do livro
é a conversão. O livro é composto de narrativa misturada com poesia e não
profecia, é uma novela para afirmar o compromisso moral da conversão.

7.1 - DIVISAO DO LIVRO

Jn 1.1-17 – vocação, fuga e castigo.


Jn 2.1-10 – oração de Jonas.
Jn 3.1-4 – Jonas prega em Nínive.
Jn 3.5-10 – arrependimento de Nínive.
J 4.1-5 – frustração de Jonas.
Jn
Jn 4.6-11 – lição de vida.

7.2 - COMENTÁRIO A JONAS

Este livro é profético. É uma mistura de narrativa com poesia. É uma novela
em três atos, o profeta não é o ator principal. Palavra de Deus, o homem Jonas
solitário diante de Deus. Esta terceira cena é a parte principal da obra. A oração
do profeta e a revelação de Deus e o ministério de Jonas.

157
Jonas mostra o universalismo de Javé, a experiência interior do profeta,
fuga, retorno e a vontade de Deus para salvar o povo. O isolamento do homem, a
denuncia do mal e a presença de javé. Aqui temos as cenas dos marinheiros, mar,
vento, peixe, o povo ninivita, os animais e as plantas. Animais e natureza, e a
presença de Deus é marcante na vida do profeta.

7.3 - TEOLOGIA DE JONAS

O conteúdo da teologia de Jonas é a palavra de Deus. Esta palavra de deus


tem que ser pregada aos destinatários. Deus se revela a Israel, deus é bondoso e
misericordioso não só a Israel, mas a todas as nações. A salvação virá a todos,
Jonas é universalista: a salvação é universal. Os estrangeiros serão salvos. Os
numerosos dias e cento e vinte mil ninivitas são números universais e indicam a
dimensão universal. Parece que o personagem é uma figura histórica (II Rs
14.25), mas Jonas significa pomba em hebraico e pode ser a figura de
mensageiro.

A mensagem é mais educacional, pedagógica do que profética. A historia é


fabulosa, imagens e símbolos abundantes tudo para mostrar que Deus salva
quem quer, Ele salva quem se arrepende, aí está a mensagem pedagógica do
livro. O humor de Jonas é azedo, mostra a realidade do pós-exílio em que os
puros e santos que chegam ao templo de Jerusalém não estão vendo que Deus
pode salvar quem ele quer.

8 - DANIEL

Daniel é Daniel da Babilônia? Este livro é um livro corretado de uma história


de um sábado Babilônico. Daniel é um sábio judeu. Será que viveu no século VI
a.C.? A sua história só terminou de ser escrita no século II a.C., em 165 a.C.

158
Daniel e seus companheiros viveram na Babilônia, eram sábios, fieis e
tementes a Deus, interpretes e visionários. Torna-se interprete dos sonhos dos
babilônicos. O livro foi escrito no período dos Macabeus (ler Daniel com I Mac –
175-165 a.C.). Este livro é profético, mas apocalíptico. A história mostra a luta e
resistência contra a invasão greco-romanas. A denuncia é contra Antíoco Epifanes
IV rei da Síria.

8.1 – DIVISAO DO LIVRO DE DANIEL

Hebraico Dan 1.1-21 – Daniel e seus companheiros.


Dan 2.1-4a – Daniel e os sonhos de Nabucodonosor.

Dan 2.4b-49 – sonho da estátua.


Dan 3.1-30 – livres da fornalha de fogo.
Aramaico Dan 4.1-37 – loucura de Nabucodonosor.
Dan 5.1-31 – escrita na parede.
Dan 6.1-28 – Daniel nas covas dos leões.
Dan 7.1-28 – sonho sobre os animais.

Dan 8.1-27 – visão do carneiro e do bode.


Dan 9.1-19 – oração de Daniel pelo povo.
Dan 9.20-27 – profecia das 70 semanas.
Hebraico Dan 10.1-9 – visão de Daniel e do rio Tigre.
Dan 10.10-21 – Daniel é consolado.
Dan 11.1-45 – os reis do Norte e do Sul.
Dan 12.1-13 – o tempo do fim.

159
I Daniel:
1.1-2.4a – Hebraico - Daniel, seus companheiros e o sonho.

II Daniel:
2.4b-7.1-28 – Aramaico - sonhos: estátuas / animais.

III Daniel:
8.1-12.1-13 – Hebraico - visão e o tempo do fim.

8.2 - COMENTÁRIO A DANIEL.

Podemos dividir o livro em três partes: o I Dan 1.21 a 2.1-4a escrita em


hebraico; o II Dan 2.4b a 7.1-28 escrito em Aramaico; o II Dan 8.1- 12.13 escrito
em Hebraico. Houve um editor final que reorganizou todo este material em duas
divisões: 1-6 os relatos e o herói é Daniel; 7-12 as visões de Daniel. Estas seções
estão organizadas em ordem cronológica. Existe um relato importante na
Babilônia chamado de Daniel, talvez por isso este relato que é do período
Babilônico o seu conhecimento, mas este livro terminou de ser escrito em 165 a.C.

O redator acrescenta em grego no capítulo 3 e a estória de Bel e Dragon, Suzana


após o capítulo 12. Os cap 4-6 são diferentes em grego do que o Hebraico. O
texto só foi reconhecido pelos judeus após o ano 90 d.C. O cap 13 é sobre Suzana
e o 14 sobre Bel e Dragon. As histórias se passam no período de Antíoco Epifanes
entre 175-164 a.C. Estes textos são apocalípticos.

8.3 - TEOLOGIA DE DANIEL

160
A teologia da coletânea de Daniel é uma teologia da história, fala da fé e
vida religiosa. As nações são pagãs, milhares de deuses, culto a estatuas, animais
são cultuados, o rei é divino. Este livro é apocalíptico e apologético: combate o
paganismo e a resistência contra o culto ao rei, ao homem. A fé pode levar a
morte carnal, mas leva à vida. O livro fala do martírio do povo judeu que não se
prostrou a ídolos nenhum. O Deus de Israel é o único e verdadeiro.

Ele é o único que tem poder sobre as nações e à história. Ele transmite a fé, esta
fé mesmo que tenha formas de símbolos, mostra que o Deus de Israel é quem
governa o mundo. Ele esconde e se revela ao mesmo tempo, esconde mas é
reconhecido no meio de tantas maravilhas. O livro além de ser uma teologia da
história, mas também é uma mensagem de esperança. É uma apocalíptica e uma
escatologia; é a resistência presente para continuar no futuro, na presença de
Deus.

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BIBLIOGRAFIA:

Lacy, J. M. Abrego. Los libros profeticos, El Verbo Divino, Navarra. 1993.

Neher, A. La essencia del profetismo, Ed Sigueme, salamanca, 1975.

Rad, Gerhardvon. Profetas verdadeiros y profetas falsos, Ed Sigueme,


Salamanca, 1982.

Schokel, L. Profetas, Paulus, São Paulo, 1996. 2 Vols.

Sicre. J .L. O profetismo, Edit Vozes, Petrópolis, 1998.

VVAA. Profetismo, Editora Sinodal, São Leopoldo, 1994.

Zimmerli, Walter. La ley y los profetas, Ed Sigueme, Salamanca, 1980.

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