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Autores
1
Bruno do Valle Pinheiro
2
Erich Vidal Carvalho
Publicação: Nov-2002
Revisão: Mai-2007
1
Médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora;
Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina.
2
Pneumologista do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário da UFJF;
Especialista em Pneumologia, titulado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
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4 - Qual a mortalidade da asma?
O número de óbitos anuais relacionados a asma foi estimado em cerca de 250.000. Da mesma
forma que ocorre com a prevalência, as taxas de mortalidade por asma variam entre as
diferentes regiões. De forma interessante, não há, necessariamente, uma correlação direta
entre as áreas de maior prevalência com as de maior mortalidade por asma.
Apesar de trazer grande impacto sobre a qualidade de vida das pessoas, a asma tem
letalidade relativamente baixa, conforme pode ser visto na tabela 2.
Da mesma forma que vem ocorrendo com a prevalência da asma, diversos estudos têm
demonstrado aumento da mortalidade em vários países nas últimas décadas. O estudo de
Chatkin avaliou a tendência dos coeficientes de mortalidade por asma no Rio Grande do Sul e
encontrou um progressivo crescimento anual da mortalidade no grupo de 5 a 19 anos, com
uma tendência inversa de mortes por todas as causas, no período de 1970 a 1992. O
acréscimo percentual médio anual foi de 8,4%.
»» Tabela 2
Tabela 2. Letalidade da asma em diferentes países
(Letalidade avaliada em indivíduos entre 5 e 34 anos, expressa em óbitos/100.000
asmáticos/ano)
China 37 Estados Unidos 5
Rússia 29 Alemanha 5
México 15 Espanha 5
Japão 9 Austrália 4
Portugal 7 Reino Unido 3
França 7 Canadá 2
Argentina 6 Brasil 2
»» Tabela 3
Tabela 3. Fatores relacionados à ocorrência e manifestação da asma
Fatores do hospedeiro Fatores ambientais
• Genéticos • Alérgenos
• Genes que predispõem a atopias • Domiciliares: ácaros, poeira, animais,
• Genes que predispõem a baratas, fungos, mofo
hiperreatividade das vias aéreas • Externos: pólen, fungos, poeira
• Obesidade • Infecções: em geral virais
• Sexo • Ocupacionais
• Infância: mais comum em homens • Fumaça do cigarro: tabagismo ativo e
• Idade adulta: mais comum em passivo
mulheres • Poluição
• Alimentos
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7 - Qual a fisiopatologia da asma?
A inflamação é o principal fator envolvido na asma. Ela está presente em toda via aérea,
incluindo, na maioria dos pacientes, o trato respiratório superior e a mucosa nasal, mas seus
efeitos são mais pronunciados nos brônquios de médio calibre. A inflamação está sempre
presente, mesmo nos casos clinicamente intermitentes.
A inflamação relaciona-se com alterações nas vias aéreas, as quais serão responsáveis pelas
manifestações clínicas:
• Redução do calibre das vias aéreas
• Hiperreatividade brônquica
• Alterações estruturais nas vias aéreas
Os são mastócitos ativados pela interação entre antígeno e IgE ou por estímulos osmóticos.
Eles liberam substâncias broncoconstritoras, como histamina, leucotrienos e prostaglandinas
D2. Os eosinófilos liberam proteínas básicas capazes de lesar o epitélio. Eles também estão
implicados na liberação de fatores de crescimento e no remodelamento brônquico. Os linfócitos
T liberam uma série de citocinas responsáveis pela manutenção da inflamação eosinofílica e
pela produção de IgE pelos linfócitos B.
Outras células que podem participar de alguma forma da inflamação são as células dendríticas,
os macrófagos e os neutrófilos.
A tabela 4 lista os principais mediadores inflamatórios envolvidos na asma, com suas origens e
efeitos mais importantes.
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»» Tabela 4
Tabela 4. Mediadores inflamatórios envolvidos na asma
Mediadores Origem Efeitos
Quimiocinas Células Recrutamento de células inflamatórias
epiteliais
Leucotrienos Mastócitos Broncoconstrição
Eosinófilos Estimula liberação de outros mediadores
Citocinas (IL-1β, TNF-α, IL- LTh2 Amplifica inflamação: ativação de
4, IL-5, IL-13) eosinófilos, ativação de LTh2
Estímulo para secreção de IgE
Histamina Mastócitos Broncoespasmo
Inflamação das vias aéreas
Óxido nítrico Células Inflamação das vias aéreas
epiteliais
Prostaglandina Mastócitos Recrutamento de LTh2
O tabagismo passivo também pode ser considerado como fator agravante da doença, além de
haver estudos apontando para uma possível associação com o desenvolvimento da asma.
Estudos de meta-análise demonstraram que lactentes expostos passivamente à fumaça de
tabaco apresentaram sintomas respiratórios com maior freqüência, sobretudo se a mãe era
tabagista. Os que avaliaram a relação entre tabagismo passivo e asma indicaram a existência
de associação entre fumo materno e aumento na incidência de sibilância, principalmente até os
seis anos de idade.
Estudos epidemiológicos sugerem que exposição a infecções em fases precoces da vida leva
ao desenvolvimento de um padrão imunológico menos suscetível a alergias, reduzindo a
ocorrência de asma e outras atopias.
A atividade física é um dos fatores mais comuns que podem desencadear o surgimento de
sintomas no indivíduo asmático, sendo que, para alguns, principalmente crianças, é o único
fator. Habitualmente, o broncoespasmo induzido pelo exercício ocorre cinco a dez minutos
após a cessação da atividade física, sendo raro o surgimento dos sintomas durante a mesma.
Os pacientes apresentam os sintomas típicos de asma ou, às vezes, apenas tosse irritante.
Tais sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após cerca de 45 minutos. Atividade
física que envolve corrida, realização da atividade em condições de clima seco ou frio são
situações que aumentam as chances de broncoespasmo.
O diagnóstico de asma desencadeada por exercícios é sugerido quando há alívio dos sintomas
com o uso do beta-2 agonista de curta duração ou quando os mesmos são prevenidos pelo uso
prévio de broncodilatadores.
O principal achado de exame físico na obstrução ao fluxo aéreo são os sibilos. Conforme a
gravidade da obstrução eles podem ser audíveis somente à expiração forçada, ou apenas na
expiração, ou na inspiração e na expiração (níveis crescentes de gravidade). Em obstruções
extremas, os sibilos podem desaparecer, em conjunto com a redução do som vesicular
(constituindo o “silêncio respiratório”) e com outros sinais de gravidade. Outros achados
observados na ocorrência de obstrução ao fluxo aéreo são taquipnéia, prolongamento do
tempo expiratório e tiragens, estas presentes em formas mais graves e em pacientes com
parede torácica mais complacente (ex. crianças).
Pacientes com asma grave ou durante crises graves podem apresentar hiperinsuflação
pulmonar, cujo exame físico pode evidenciar: redução da altura laríngea (distância entre a
proeminência larínga e a fúrcula esternal), redução da expansibilidade, hipersonoridade à
percussão e redução do murmúrio vesicular. Por fim, em razão da associação freqüente com
as doenças atópicas, pode-se encontrar estigmas dessas patologias: rinorréia, polipose nasal,
eczema flexural, entre outros.
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O principal diagnóstico diferencial da asma em adultos é a DPOC, sendo, às vezes, impossível
a separação entre as duas.
Por serem duas doenças que se caracterizam por obstrução ao fluxo aéreo, asma e DPOC têm
várias características clínicas e funcionais em comum, fazendo com que nem sempre seja fácil,
ou mesmo possível, a distinção entre as duas. A tabela 5 lista características que auxiliam
nesta diferenciação.
A despeito disso, calcula-se que aproximadamente 20% dos pacientes com DPOC apresentem
características asmáticas. Nessa situação o tratamento da DPOC será praticamente igual ao
tratamento da asma. Por outro lado, algumas formas de asma comportam-se como DPOC, ou
seja, mantêm quadro obstrutivo persistente a despeito do tratamento adequado. Tais quadros,
principalmente quando se desenvolvem em indivíduos fumantes, não têm como ser
diferenciados da DPOC. Esta é a uma situação em que a asma pode ser considerada como
DPOC. O dado aqui indicativo de asma, na maioria das vezes, é a história de asma na infância.
»» Tabela 5
Tabela 5. Características que auxiliam na diferenciação entre asma e DPOC
Asma DPOC
• Início na infância, mas pode haver um grande • Início após os 40 anos de idade
período assintomático com reinício dos
sintomas após os 40 anos
• Antecedentes de atopias: presentes com • Antecedentes de atopias:
freqüência ausentes ou presentes
• História familiar de asma ou outras atopias: • História familiar de asma ou
presente com freqüência outras atopias: ausente ou
presente
• História de tabagismo ou exposição • História de tabagismo ou
prolongada a partículas inaladas – presente exposição prolongada a
ou ausente partículas inaladas: presente
• Desaparecimento dos sintomas com o • Diminuição variável dos
tratamento adequado sintomas com o tratamento
• Espirometria normal nas intercrises ou com • Espirometria com distúrbio
distúrbio obstrutivo com acentuada obstrutivo com pouca ou
reversibilidade nenhuma reversibilidade
A obstrução ao fluxo aéreo é caracterizada, na espirometria, pela relação VEF1/CVF menor que
70%, ou, sendo mais rigoroso, abaixo do limite inferior particular (calculado por equações
baseadas em sexo, idade e altura). A reversibilidade ao broncodilatador é definida pelo
aumento do VEF1 maior ou igual a 12% (ou maior ou igual a 200 ml).
Vale a pena lembrar que a espirometria pode ser normal em períodos de estabilidade da
doença, com ou sem medicação, a mesmo tempo que a resposta ao broncodilatador pode ser
negativa em pacientes já em uso desta classe de medicamento.
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Na crise de asma, quando disponível, a espirometria traz dados objetivos sobre a gravidade,
podendo auxiliar em algumas tomadas de decisão, como, por exemplo, internar ou não o
paciente.
O pico de fluxo expiratório (PFE) é o fluxo máximo de ar obtido durante uma manobra de
expiração forçada. Pode ser medido durante a espirometria ou por meio de pequenos
aparelhos portáteis elaborados especificamente para isso, os chamados "mini peak-flow
meter".
A medida do PFE pode ser útil no diagnóstico da doença, pois asmáticos apresentam uma
variação diurna exagerada do PFE. Assim, a monitoração do PFE no período de 2 a 3 semanas
pode identificar uma diferença percentual média entre o PFE matinal e o noturno superior a
20%, fato bastante sugestivo de asma. Outro dado extraído da medida do PFE que é indicativo
de asma é o aumento do PFE 15 minutos após o uso do beta-2 agonista de curta duração (>
20% nos adultos e > 30% nas crianças). No entanto, convém salientar que a medida do VEF1,
obtida na espirometria, e sua resposta ao broncodilatador é um parâmetro diagnóstico de
melhor acurácia do que o PFE.
Nas crises de asma, o PFE também pode trazer dados objetivos sobre a gravidade, podendo
auxiliar em algumas tomadas de decisão, como, por exemplo, internar ou não o paciente. Ele é
mais amplamente disponível e fácil de ser obtido do que o VEF1; por isso, mesmo que com
menor acurácia, tem substituído este parâmetro espirométrico na avaliação da crise de asma.
Com exceção dos quadros mais graves, a asma por si só não provoca alterações radiográficas.
Assim, a importância da radiografia na avaliação do asmático é principalmente excluir outras
patologias associadas. De maneira geral, recomenda-se realizar a radiografia de tórax no início
do acompanhamento do paciente asmático e nas crises mais graves da doença.
»» Figuras 1 e 2
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Figura 2. Pneumotórax ocupando todo o terço superior do campo pleuropulmonar a esquerda
(A). O detalhe da radiografia mostra o limite entre o pulmão colapsado e o espaço pleural
ocupado pelo pneumotórax (B).
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praticamente excluído. Por outro lado, a identificação de hiperresponsividade não permite
afirmar com toda certeza que o paciente tem asma.
Testes cutâneos para pesquisa da sensibilização aos alérgenos e pesquisas da IgE alérgeno-
específica também podem ser realizados na avaliação do asmático. O objetivo seria identificar
os alérgenos de risco para a ocorrência de sintomas de asma. No entanto, tal pratica não tem
subsídio científico para que seja adotada como medida de rotina na avaliação do asmático.
O GINA (Global Initiative for Asthma) classifica a asma, conforme a gravidade, em quatro
níveis: intermitente, persistente leve, persistente moderada e persistente grave. Esta
classificação tem seu maior valor na avaliação inicial do paciente, pois ela não leva em conta a
possível resposta ao tratamento, que, sendo boa, pode levar ao paciente para um nível menor
de gravidade. A tabela 6 mostra esta classificação.
»» Tabela 6
Tabela 6. Classificação de gravidade da asma – GINA 2006
Intermitente
• Sintomas: menos do que 1 vez na semana
• Exacerbações leves
• Sintomas noturnos: até 2 vezes no mês
• VEF1 ou PFE: >80% do previsto
• Variabilidade do PFE ou VEF1: <20%
Persistente leve
• Sintomas: mais do que 1 vez na semana, porém menos do que 1 vez ao dia
• Exacerbações podem afetar as atividades do cotidiano e o sono
• Sintomas noturnos: mais do que 2 vezes no mês
• VEF1 ou PFE: >80% do previsto
• Variabilidade do PFE ou VEF1: <20-30%
Persistente moderada
Sintomas: diários
Exacerbações podem afetar as atividades do cotidiano ou o sono
Sintomas noturnos: mais de 1 vez na semana
Uso diário de beta-2 agonista inalatório de curta duração
VEF1 ou PFE: 60-80% do previsto
Variabilidade do PFE ou VEF1: >30%
Persistente grave
Sintomas: diários
Exacerbações freqüentes
Sintomas noturnos: freqüentes
Limitação à realização de atividades físicas
VEF1 ou PFE: <60% do previsto.
Variabilidade do PEF ou VEF1: >30%
Obs: classificar o paciente sempre pela manifestação de maior gravidade.
Adaptado do GINA, 2006.
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29 - Como classificar a asma em relação ao seu controle?
Como a classificação da gravidade da asma não contempla sua evolução com o tratamento, o
próprio GINA optou por estratificar a doença em três níveis de controle: controlada,
parcialmente controlada e descontrolada. Esses níveis determinarão a necessidade de
aumento da medicação ou a possibilidade de sua redução. Eles estão descritos na tabela 7.
»» Tabela 7
Tabela 7. Níveis de controle da asma segundo o GINA - 2006
Características Controlada* Parcialmente Descontrolada
controlada**
Sintomas diurnos Até 2 Mais de 2
vezes/semana vezes/semana
Limitação de Ausente Qualquer
Três ou mais
atividades
características da
Sintomas noturnos Ausente Qualquer
asma parcialmente
ou despertares
controlada presente
Medicação de Até 2 Mais de 2 em qualquer
resgate vezes/semana vezes/semana semana
Função pulmonar Normal <80% do previsto ou
(VEF1 ou PFE) do melhor valor
pessoal
Exacerbações Ausentes 1 ou mais por ano 1 na semana (mostra
descontrole na
semana)
Os programas de educação em asma devem ser adaptados para as realidades locais, segundo
as disponibilidades profissionais e físicas da instituição, levando em conta também as
características da população atendida. A seguir, listamos alguns pontos recomendados pela
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e pelo GINA para um programa de educação
em asma:
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1. Informar sobre a doença: conceitos básicos sobre a fisiopatologia e a clínica.
2. Informar sobre fatores desencadeantes de asma, ensinando como evitá-los.
3. Abordar medos, crenças e outros sentimentos acerca da asma.
4. Ensinar sobre os medicamentos:
a. Reconhecer medicações de controle e de alívio de sintomas
b. Uso dos dispositivos inalatórios
c. Conhecer efeitos colaterais
d. Desfazer crenças infundadas
5. Ensinar a reconhecer precocemente os sintomas da asma e iniciar o plano de ação
proposto para os períodos de exacerbação.
6. Ensinar reconhecer a necessidade de ir a um serviço de emergência.
7. Ensinar como monitorar a estabilidade da asma.
8. Incentivar o restabelecimento das atividades físicas e sociais, minimizar a perda de
dias de escola ou de trabalho.
9. Criar um canal de comunicação efetiva entre o médico, outros participantes da equipe
de saúde, o paciente e seus familiares.
Para maiores detalhes sobre educação em asma, sugerimos a aula da Profa. Ana Luisa Godoy
Fernandes, no Simpósio PneumoAtual sobre Asma (2004), a qual se acompanha de um texto
em pdf.
A asma nitidamente piora com a exposição a uma série de fatores denominados gatilhos, que
incluem alérgenos, irritantes, infecção viral, ar frio e medicamentos. A redução da exposição a
esses fatores facilita o controle da doença. Recomenda-se atenção a:
• tabagismo ativo ou passivo: deve ser evitado;
• poeira doméstica: apesar da importância desses gatilhos, diferentes medidas
empregadas para reduzir a exposição, mesmo quando são eficazes em diminuir a
população de ácaros, não trazem resultados clínicos relevantes;
• animais no domicílio: também não se demonstrou, ainda, benefícios clínicos com a
redução dessa exposição;
• fungos: evitar desenvolvimento de fungos nas paredes, fato comum em áreas de maior
umidade;
• baratas: evitar a presença do inseto no domicílio;
• agentes ocupacionais: após sensibilização, a remoção do ambiente é importante para o
controle da asma;
• poluição ambiental: pacientes com a doença não controlada devem evitar ambientes
com altos índices de poluição;
• medicamentos: aspirina, antiinflamatórios não-hormonais, betabloqueadores (incluindo
colírios),
• influenza: deve-se vacinar anualmente.
A alergia alimentar não é um fator considerado importante na asma.
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»» Tabela 8
Tabela 8. Medicamentos usados no tratamento da asma
Controladores da doença Aliviadores de sintomas ou crises
• Corticóides inalados • Beta-2 agonistas com rápido início de
• Antileucotrienos ação
• Beta-2 agonistas de ação • Ação curta: salbutamol, fenoterol,
prolongada terbutalina
• Xantinas • Ação prolongada: formoterol
• Cromonas • Anticolinérgicos
• Corticóides sistêmicos • Xantinas
• Anti-IgE • Corticóides sistêmicos
• Outras opções: • Outras opções menos estabelecidas
• Metotrexato • Sulfato de magnésio
• Ciclosporina • Corticóides inalados
• Sais de ouro
• Macrolídeos
• Imunoterapia
Sempre que possível, deve-se usar apenas um tipo de dispositivo para facilitar o aprendizado
da técnica e melhorar a adesão ao tratamento. Maiores detalhes sobre o assunto estão
disponíveis no tema “Como administrar drogas pela via inalatória”.
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1. Asma intermitente
o Educação e controle ambiental
o Beta-2 agonista de curta duração conforme a necessidade
2. Asma persistente leve
o Educação e controle ambiental
o Corticóide inalado em baixa dose (1ª opção) ou antileucotrieno
o Beta-2 agonista de curta duração conforme a necessidade
3. Asma persistente moderada
o Educação e controle ambiental
o Corticóide inalado em baixa dose + beta-2 agonista de ação prolongada (1ª
opção) ou corticóide inalado em dose alta. Outras opções: corticóide inalado
em baixa dose + antileucotrieno ou corticóide inalado em baixa dose + teofilina
o Beta-2 agonista de curta duração conforme a necessidade
4. Asma persistente grave
o Educação e controle ambiental
o Corticóide inalado em dose moderada/alta + beta-2 agonista de ação
prolongada (1ª opção). Outras opções: corticóide inalado em dose
baixa/moderada/alta + beta-2 agonista de ação prolongada + antileucotrieno;
corticóide inalado em dose baixa/moderada/alta + beta-2 agonista de ação
prolongada + teofilina.
o Beta-2 agonista de curta duração conforme a necessidade
Nas formas persistentes, quando o paciente utiliza budesonida e formoterol para controle da
asma, esta combinação pode ser empregada também para alívio de sintomas. Esta estratégia
que torna mais prático o tratamento, tem-se mostrado eficaz no controle da doença e não
aumenta, desnecessariamente, o uso de corticóide inalado.
Mais importante do que este início de tratamento, é a avaliação da resposta do paciente a ele,
ajustando-se as medicações para a mais ou para menos, como veremos a seguir.
O paciente asmático, independentemente do tratamento que vem recebendo, deve ser avaliado
em relação ao nível de controle da doença (controlada, parcialmente controlada ou
descontrolada), conforme já discutido anteriormente.
Se a doença está sob controle, o tratamento deve ser mantido, até que, após 3 meses assim,
ele deve ser reduzido para um nível abaixo. Por outro lado, se a asma está descontrolada,
eleva-se o nível de tratamento, progressivamente, até se obter o controle. Em pacientes
apenas parcialmente controlados, também se deve cogitar aumentar o tratamento.
A figura 3 ilustra os diferentes níveis de tratamento. Para todos os níveis estão indicados
educação, controle ambiental e beta-2 agonista de curta ação de resgate. Em relação a esta
medicação, ela pode ser substituída pela associação budesonida+formoterol em pacientes que
já estão recebendo-a regularmente como tratamento de controle.
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»» Figura 3
Quando o paciente encontra-se uso da associação de corticóide inalado com beta-2 agonista
de ação prolongada (CI+BAAP), prefere-se reduzir progressivamente a dose de CI, até seus
níveis baixos, para só aí retirar o BAAP. A outra opção consiste em retirar o BAAP e depois
reduzir progressivamente a dose do CI. Essas duas opções também são válidas quando se
está usando a associação de CI com outro medicamento, como os antileucotrienos.
40 - Como devem ser feitos os ajustes para níveis mais altos de tratamento?
Uma estratégia que tem ganho força no tratamento da asma consiste em se usar a associação
budesonida e formoterol como medicação de controle e de alívio de sintomas. Assim, a partir
de uma dose basal desta associação, o paciente pode usar doses extras, conforme a
necessidade. Acredita-se que, assim, tão rápido o paciente perceba piora do controle da asma,
ele aumenta a dose de corticóide, impedindo que uma exacerbação mais intensa se instale.
Quando o paciente entra em crise, opta-se pelo uso de corticóide oral (entre 40 e 60 mg/dia de
prednisona ou prednisolona), por um período de 7 a 14 dias. Alguns estudos sugerem que
quadruplicar a dose do corticóide inalado pode trazer os mesmos resultados. Se a exacerbação
se deu de forma aguda, pode-se, ao final dela, retornar para o mesmo nível de tratamento de
manutenção. Mas, por outro lado, se ela ocorreu num contexto já de piora do controle da asma,
deve-se elevar o nível de tratamento de manutenção.
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41 - Quais são doses de corticóides inalados consideradas baixas, médias e altas?
»» Tabela 9
Tabela 9. Equivalência estimada das doses de corticóides inalados utilizados no
Brasil
Corticóide Dose baixa Dose média Dose alta
inalado (mcg/dia) (mcg/dia) (mcg/dia)
Beclometasona 200 a 500 500 a 1.000 > 1.000
Budesonida* 200 a 400 400 a 800 > 800
Ciclesonida* 80 a 160 160 a 320 > 320
Fluticasona 100 a 250 250 a 500 > 500
* Aprovados para uso uma vez ao dia em pacientes com doença leve.
42 - Quais são os efeitos colaterais dos corticóides inalados (CI) em adultos?
Os CI podem determinar efeitos colaterais locais, como candidíase oral, rouquidão e,
eventualmente, tosse por irritação das vias aéreas superiores. A ocorrência desses efeitos
parece diminuir com o hábito de lavar a boca após a aplicação, com o uso de espaçadores (no
caso dos aerossóis dosimetrados) e com o uso de pró-drogas (ex. ciclesonida).
Uma fração do CI inalado é absorvida e, assim, pode determinar efeitos adversos sistêmicos,
os quais, entretanto, não são tão freqüentes ou intensos, determinando uma relação risco-
benefício amplamente favorável para o tratamento. Os possíveis efeitos colaterais em adultos,
para os quais deve-se estar atento são:
• Adelgaçamento da pele, favorecendo escoriações.
• Fragilidade de vasos cutâneos, levando à ocorrência de equimoses.
• Redução da densidade mineral óssea.
• Catarata e glaucoma.
• Supressão da função adrenal.
43 - Quais são os efeitos colaterais dos beta-2 agonistas de ação prolongada (BAAP)?
Os BAAP, sobretudo quando usados por via inalada, são muito bem tolerados. Os principais
efeitos colaterais descritos com esta classe de medicação são: taquicardia, tremor e
hipopotassemia.
Especula-se que o uso repetido do BAAP pode levar à refratariedade dos receptores. Alguns
estudos associaram o uso isolado de BAAP, sem corticóide inalado (especificamente o
salmeterol), a maior risco de óbito. Assim, não se pode usar o BAAP como tratamento isolado
de controle da asma.
44 - Quais são os efeitos colaterais dos antileucotrienos?
Os antileucotrienos são muito bem tolerados. Toxicidade hepática foi descrita com o zileuton,
justificando a monitoração das enzimas no caso de uso prolongado deste medicamento.
Existem descrições de associação entre uso de antileucotrieno e surgimento de Churg-Strauss.
Trata-se de um evento raro e, por muitos, atribuídos à redução ou suspensão do corticóide
após a introdução do antileucotrieno, o que levaria à manifestação da doença previamente
existente. Entretanto, não se pode afastar uma possível relação de causa-efeito entre a
medicação e a doença.
45 - Quais são os efeitos colaterais das xantinas?
As xantinas associam-se a um grande número de efeitos colaterais, tais como: náuseas,
vômitos, diarréia, tremor, cefaléia, irritabilidade, insônia, convulsões, encefalopatia tóxica,
arritmias cardíacas.
Em relação à asma, revisão recente da literatura realizada pelo grupo Cochrane demonstrou
algum benefício da imunoterapia, precisando, para isso, estabelecer um único alérgeno
clinicamente relevante a ser dessensibilizado.
The International Study of Asthma and Allergy in Childhood (ISSAC) Steering Committee.
Worldwide variation in prevalence of asthma symtoms: The International Study of Asthma and
Allergy in Childhood (ISSAC). Eur Respir J 1998;12:315-35.
Holgate ST. Asthma: a dynamic disease of inflammation and repair In: The rising trends in
asthma. 1997; 206. p.5
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