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Bom dia BAAII.

Ivan A. Pinheiro, MM1

Ontem, após as preliminares em que debatemos a questão levantada pelo BAI


Saran acerca da origem e propriedade da expressão “BAI”, nos dedicamos ao estudo da
“Regra para Uso nas Lojas Retificadas”, na versão da Sociedade das Ciências Antigas
(https://sca.org.br/uploads/news/id103/RegraRER.pdf) e que em parte difere da que consta nos
nossos rituais para, finalmente concluir com a apresentação do trabalho do BAI Marcelo.
A partir dos debates havidos durante todo o encontro, me ocorreu que talvez pudesse
trazer alguma contribuição ao grupo, mediante provocações intelectuais, razão pela qual
elaborei o texto que segue abaixo. A boa técnica recomenda que logo de início seja
explicitada a motivação, bem como qual ou quais os objetivos do trabalho, mas desta
vez eu preferi inverter; assim, alguns, durante mesmo a leitura já terão percebido as
minhas intenções, para os demais eu as tenho explicitado ao final.
Todos conhecem as três vertentes do RER: o Escocismo; os Elus Cohen; e, a
Estrita Observância Templária. Ficando à margem dos questionamentos, que existem,
diz-se que do Escocismo e da EOT, o RER carrega a herança da Ordem dos Pobres
Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (doravante Templários). A questão que se
coloca é: qual herança? Como se sabe, trata-se de questão antiga e resolvida nos
colóquios dos próprios Conventos que originaram o RER, o das Gálias (1778) e o de
Wilhelmsbad (1782), preliminarmente já depurada nas “Lições de Lyon” (1774-76). Não
foram questões de somenos importância, foram mesmo problemáticas e controversas;
assim: ao invés da herança lato sensu, o que implicaria em enormes (e insustentáveis)
discussões políticas e jurídicas, sobretudo no que tange às questões patrimoniais, optou-
se por reconhecer e assumir uma herança stricto sensu - o legado moral, dos valores
Templários.
Resolvida a questão? Penso que não! Afinal, quais valores Templários? Quem irá
questionar se forem apontados a fé, a caridade, a temperança, o senso de justiça, entre
outros ... todos positivos? Ocorre, e não custa lembrar, que a Ordem Templária foi uma
inovação em si mesma, pois até então não havia algo semelhante aos “monges
guerreiros”, que convenhamos é um contrassenso pois, afinal, “monge” sugere reclusão,
paz, conciliação, perdão, etc., enquanto que “guerreiro” remete exatamente ao oposto: à
luta, à imposição de pena, ao castigo, ao comportamento deliberadamente ardiloso, etc.
O problema foi levado, por Hugues de Payns (criador da Ordem), à São Bernardo de
Claraval (abade da Ordem de Cister que, por sua vez, era um desdobramento da Ordem
de São Bento), uma das mentes mais brilhantes do seu tempo, pois era preciso dar
consistência lógica e legitimar o paradoxo, tanto internamente quanto para o público
externo.

1
Mestre Maçom dos Quadros da ARLS Mário Juarez de Oliveira, 4.547, GOB-RS; e, da LEP Universum 147, GLMERS.
O autor agradece a leitura crítica e as sugestões dos irmãos do grupo independente (não vinculado às Potências)
dedicado ao estudo e à pesquisa preferencialmente, mas não com exclusividade, dos temas relacionados ao Rito
Escocês Retificado.

1
(os detalhes desta História poderão ser vistos em Demurger (2010), mas também em
Frale (2014) e muitos outros)
Nasce um regramento já comentado em outra oportunidade: a Regra Monástica.
Segue-se, então, que o abade tentou explicar o que seria essa cavalaria religiosa, ou
essa congregação religiosa e militar, proferindo a que se tornou uma das mais belas
peças de oratória da humanidade, que é conhecida pelo nome de "Elogio da Nova
Milícia", cujos trechos, extraídos de
(https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado/post/bernardo-de-claraval-templ%C3%A1rios-
sangue-e-f%C3%A9) transcrevo a seguir, não sem recomendar a todos a leitura completa
pois, só assim, poderão formar juízo próprio e embasado:
[...] Voa por todo o mundo a fama do novo gênero de milícia que se estabeleceu no país em
que o Filho de Deus encarnou-se e expulsou pela força de seu braço os ministros da
infidelidade [...] Este é um gênero de milícia não conhecido nos séculos passados, no qual se
dão ao mesmo tempo dois combates com um valor invencível: contra a carne e o sangue e
contra os espíritos de malícia espalhados pelos ares [...] Certamente esse soldado é intrépido
e está garantido por todos os lados. Seu espírito se acha armado do elmo da fé [...] Se a
causa daquele que peleja é justa, seu êxito não pode ser mau, assim como o fim não pode
ser bom se é defeituoso o motivo e torta sua intenção [...] Os soldados de Cristo poderão,
com absoluta segurança de consciência, pelejar as batalhas do Senhor, sem receio de
cometer pecado com a morte do inimigo, nem desconfiança de sua salvação se sucumbirem
[...] Quando tira a vida a um malfeitor, não deve ser chamado homicida, porem "malicida", se
é que assim me posso expressar; pois ele executa literalmente as vinganças de Cristo contra
os que praticam a iniquidade, e adquire com razão o título de defensor dos cristãos [...]

Os trechos destacados já são suficientes para revelar as minhas intenções, aonde


eu quero chegar. Tivesse dito eu que os maçons retificados defendem que “os fins
justificam os meios”, portanto recorrendo à mais conhecida expressão do maquiavelismo
(MAQUIAVEL, 2004), certamente teria sido alvo dos mais impiedosos ataques por
aqueles que se sentiriam mesmo ofendidos. Mas se digo que os maçons carregam o
legado dos Templários ... aí a recepção é outra, arrisco a dizer elogiosa e até calorosa,
todos com sentimentos de conforto e elevação. Todavia, eu pergunto: há alguma
diferença substantiva entre a expressão que identifica o florentino e as razões do abade
para justificar as realizações dos monges guerreiros? É razoável supor que Maquiavel
teria lido e buscado as suas justificativas em São Bernardo? Por que, então, criticar um
e elogiar o outro? O tempo que separa São Bento, São Bernardo (os Templários),
Maquiavel e os dias de hoje, permitiria contextualizar e relativizar determinadas
colocações? Passado um milênio desde a criação da Ordem Templária, s.m.j., o caso (o
texto) nos coloca frente a dilemas morais ainda muito presentes em diversas situações
do dia a dia, o que nos convida à reflexão sob as mais diversas perspectivas.
Por certo que eu não trago respostas ao caso acima, pois ele é, como antecipei
na introdução, tão somente um instrumento para outros intentos, quais sejam:
1. chamar a atenção para o fato de que o RER (história, doutrina, ritualística, axiologia,
práxis, etc.) possui muito a ser explorado e debatido em sua própria essência e
literatura própria sem que seja necessário importar elementos estranhos e de outros
ritos;
2. a prática em Loja, presencial ou não, mais do que favorecer o conhecimento do rito
propriamente dito, deve antes ser vista como uma oportunidade para a reflexão, o

2
amadurecimento e o estabelecimento de conceitos e quiçá valores que, por sua vez,
serão as balizas orientadoras no cotidiano de cada um. Neste sentido a maçonaria
guarda alguma semelhança com a filosofia, pois filosofar não é o mesmo que
conhecer as Escolas de Pensamento e os seus principais autores, mas antes pensar
e refletir como estes chegaram às suas conclusões (conceitos, definições, teses,
tratados), como encaminharam a solução a partir das suas dúvidas, eliminaram
hipóteses, etc., enfim, refinaram as concepções preliminares tendo chegado às
balizas que hoje referenciam as nossas atitudes e comportamentos - ao fim e ao
cabo, filosofar é aprender refletindo a partir do caso concreto, é viver o processo que
leva ao conhecimento. E não é justamente para este empreendimento que a
maçonaria nos convida, propõe e orienta os livres-pensadores? Que através da
dúvida, do pensamento crítico, da dialética, da razão indutiva, dedutiva, da lógica, do
silogismo, enfim, que mediante um ou mais métodos e técnicas, se não chegarem,
que se aproximem da verdade. O trecho selecionado (do Elogio da Nova Milícia)
revela que mesmo o RER tendo por fundamento o cristianismo teísta, sendo portanto
dogmático, não é livre de questionamentos, os quais (o RER) deve enfrentar uma vez
que a verdade deve ser única, produto da fé e da razão, como ensinado por Tomás
de Aquino e outros;
3. o texto acima, a citação e as considerações que se seguem, encobre ainda uma
mensagem subliminar: é preciso ter foco, só assim será possível explorar em maior
profundidade o tema escolhido, devendo-se evitar as elaborações tipo tutti-frutti que,
em geral, tendem a reproduzir mais do mesmo. A aprendizagem é processo que
demanda tempo, mas o conhecimento e a expertise só serão alcançados se houver,
pelo menos, a determinação de dar início ao processo. Mas o qual o peso de tudo
isto para quem se propôs a ser buscador, perseverante e sofredor? Por oportuno,
esclareço: o trecho do "Elogio da Nova Milícia2" não foi sequer explorado, mas tão
somente introduzido o tema para o debate que hipoteticamente poderia ocorrer em
Loja; finamente,
4. quem assegura, além da confiança depositada, que os trechos acima não foram
selecionados para induzir o entendimento pretendido pelo autor? Para esclarecer em
definitivo, e também para não reproduzir o que não cabe, os que nos antecederam já
deixaram a lição: é preciso consultar as fontes primárias, originais, e não quem
comenta sobre a opinião de quem, muitas vezes, sequer leu na íntegra o texto do
opinado, mas tão somente uma resenha da autoria de uma quarta pessoa. É evidente
que a informação e a mensagem só podem restar comprometidas (lamentavelmente
isso é hábito corriqueiro - é para ser pleonástico mesmo - na maçonaria); quando
descontextualizadas podem fugir ao propósito original, mesmo o invertendo, e fazer
assim, do seu propagador, um efetivo “inocente útil” - e isto, é claro, não se restringe
à maçonaria. E também nesse aspecto, para o pesquisador dedicado, o RER é
singular: 1) as fontes modernas estão publicamente disponíveis, e se os originais
estão em francês, hoje já se encontram muitos títulos em espanhol com a tradução
dos manuscritos originais à espera dos estudiosos; 2) já as fontes antigas, os textos

2
Com toda a reserva que os contextos históricos diferenciados e os problemas da tradução implicam, a expressão
“milícia”, per se, trazida aos tempos de hoje, é sugestiva do que à época deve ter se passado nos corações e mentes.
E se os Cruzados e os Templários libertaram e mantiveram por algum tempo a Cidade Santa, também perpetraram
inúmeras atrocidades.

3
da cristandade, estão disponíveis para free download. Recorrer a (1) ou a (2), ou a
ambos, para melhor compreender e apreender o conteúdo dos rituais (a dramatização
das recepções, as máximas, as regras, os catecismos, etc.) é o trabalho que cabe a
todo maçom retificado.
Por fim, não pode ser perdido de vista que o RER surgiu não só para retificar lato
sensu tudo o que os seus criadores julgavam estar errado na maçonaria de então, como
também em declarada oposição ideológica e axiológica à moderna maçonaria
especulativa (notadamente pós-1717); e se não é o único rito com estas características
(difícil afirmar, pois são tantos), foi o que levou mais longe estas considerações. É um
rito de resistência, de retorno às tradições. Neste contexto, é absolutamente destituído
de sentido, hoje, trazer para o seu seio significados (práticas, valores, etc.) contra os
quais os seus criadores se levantaram - não há outra denominação para isto que não a
heresia hermenêutica e epistemológica. Enquanto os demais ritos são abertos, admitem
senão todas, quase todas as modalidades interpretativas (literal, alegórica, tropológica e
anagógica), o RER é fechado em sua narrativa, e se as chaves interpretativas são bem
e mais delimitadas, não deixam de ser amplas: os textos da cristandade católica; neste
sentido, contrário ao senso, ele chega mesmo a ser não especulativo, pelo menos não
com a elasticidade admitida em outros ritos. Para concluir e para que não restem dúvidas
sobre o que ora afirmo, e que tampouco são meras opiniões pessoais, eu transcrevo, a
seguir, alguns trechos de Callaey e Blanco (2016, p. 26-7):
La masonería especulativa está enferma de su próprio nombre [...] Para la Orden Rectificada
tal cual practicada por el Gran Priorato de Hispania, toda la simbologia masónica, útiles y
herramientas son estudiados e interpretados a la luz del Evangelio. El símbolo tiene como
finalidade el velarnos una verdade de índole superior, que nuestra mente e intelecto tienen
que trabajar reflexionando sobre el mismo para llegar a transcender dicho símbolo y
desentrañar la Verdad que oculta. Pero este trabajo tiene que estar iluminado por uma Luz
de índole superior, porque de lo contrario haremos que el símbolo se convierta en un fin por
sí mismo, y giraremos alocadamente en torno a su vértice sin control ni mesura. Si hacemos
eso, entonces la masonería especulativa queda reducida a eso: un conjunto de meras
especulaciones [...] Como decía Var [Jean-François Var] en su trabajo delaño 1998, los
masones estamos consagrados «irrevocablemente» a Dios como Masones, por los trabajos
que vamos a operar en tanto tales. No hay aqui nada de especulativo. Hemos de estar en
guardia contra lo que se há convertido en un verdadeiro «tic» del linguaje masónico. Los
masones hablan mucho sin reflexionar [...] He ahí un estado de espíritu extremadamente
pernicioso, por no decir sacrílego, y las expresiones que lo traducen son pues a proscribir
vigorosa y definitivamente. Estas expresiones son a proscribir en tanto que ellas están en
completa ruptura com la tradición masónica, tradición a la cual el Rito Escocés Rectificado
ha permanecido fiel, mientras que otros, poco o mucho se han desviado.

BIBLIOGRAFIA CITADA
CALLAEY, Eduardo R.; BLANCO, Ramón M. Conversaciones en el claustro - sobre el
Régimen Escocés Rectificado y la masonería cristiana. Espanha, Astúrias: Editorial
Masonica, 2016.
DEMURGER, Alain. Os Templários - uma cavalaria cristã na Idade Média. Rio de
Janeiro: DIFEL, 2010.
FRALE, Barbara. Os Templários e o Sudário de Cristo. São Paulo: Madras, 2014.

4
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2004. Texto integral
comentado por Napoleão Bonaparte.

SOBRE O TEMPLARISMO & RER - leituras complementares

1) https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado/post/ata-de-ren%C3%BAncia-a-
restaura%C3%A7%C3%A3o-da-ordem-do-templo-convento-de-wilhemsbad-1782

2) https://maconariacrista.wixsite.com/ritoretificado/post/a-ma%C3%A7onaria-e-os-
templ%C3%A1rios-por-joseph-de-maistre

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