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Desenvolvimento Humano
A pessoa madura, é um dos produtos mais notáveis que qualquer sociedade pode produzir. É uma catedral viva, a. obra de
muitos indivíduos durante muitos anos.
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O estudo do desenvolvimento da criança é o estudo das mudanças físicas, cognitivas e
psicossociais que as crianças sofrem a partir do momento da concepção. Cada um de nós
inicia a vida como uma única célula, não maior que a cabeça de um alfinete. Quando
nascemos, nove meses depois, somos organismos inacreditavelmente complexos,
compostos de bilhões de células de muitos tipos diferentes. Respiramos por nós mesmos,
exploramos o mundo com nossos sentidos, comemos, e começamos a assumir o nosso
lugar na família e na comunidade que nos criou. Mas somos totalmente indefesos. Não
conseguimos nos virar na cama, nos alimentar, nos manter limpos e aquecidos, ou nos
comunicar, exceto para demonstrar nosso incômodo através do choro e da inquietação.
Dois anos depois, conseguimos andar, falar, alimentar-nos (com ajuda, certamente) e
brincar de faz-de-conta. Quando atingimos os sete, oito anos de idade, conseguimos
transmitir recados, participar de jogos organizados sem a supervisão de adultos, e
começar a aprender as habilidades especializadas que precisaremos como adultos.
Alguns anos mais tarde, conseguimos raciocinar hipoteticamente, assumir a responsa-
bilidade por nós mesmos e pelos outros, e até gerar nossos próprios filhos.
A tarefa científica básica da psicologia do desenvolvimento é entender como esse
processo notável acontece.
PRIMEIRAS INVESTIGAÇÕES
Embora muitos eventos pudessem ser identificados como o ponto de partida do estudo do
desenvolvimento da criança, nossa história começa certa manhã, na França, no inverno
de 1800, quando um menino nu e sujo entrou em uma aldeia na província de Aveyron,
procurando por comida. Há alguns meses, algumas pessoas do local já haviam percebido
o menino enquanto ele escavava procurando raízes, subia em árvores e corria sobre os
quatro membros. Diziam que ele era um animal selvagem. A notícia espalhou-se
o Menino Selvagem de
rapidamente quando o menino apareceu na aldeia e todos foram vê-lo.
Entre os curiosos estava um funcionário do governo, que levou o menino para casa e
o alimentou. A criança, que parecia ter cerca de 12 anos de idade, parecia ignorar os
costumes e os confortos da civilização. Quando lhe puseram roupas, ele as rasgou.
Recusava-se a comer qualquer coisa que não fossem batatas cruas, raízes e nozes.
Urinava e defecava quando e onde surgisse a necessidade. Os únicos sons que produzia
eram gritos sem significado, e ele parecia indiferente às vozes humanas. Em seu
relatório, o oficial responsável por ele concluiu que o menino havia vivido sozinho desde
o início da sua infância: “um estranho às necessidades e práticas sociais ... Há ... algo
extraordinário em seu comportamento, que o faz parecer próximo à condição dos animais
selvagens” (citado em Lane, 1976, p. 8-9).
Quando o relatório do funcionário chegou a Paris causou sensação. As pessoas
ficaram fascinadas pela história bizarra da criança que os jornais aclamavam como o
“Menino Selvagem de Aveyron". Os estudiosos esperavam que, estudando a maneira
como essa criatura não-civilizada mudou quando passou a participar da sociedade,
pudessem resolver questões há muito tempo em busca de respostas sobre a natureza e o
desenvolvimento dos seres humanos - perguntas como, por exemplo: Como nos
diferimos dos outros animais? O que aconteceria se crescéssemos totalmente isolados da Jean-Marc Itard, que tentou transformar o
sociedade humana? Até que ponto somos produtos da nossa criação e experiência, e até Menino Selvagem em um francês
civilizado.
que ponto nosso caráter é uma expressão de traços inatos?
No entanto, os planos para estudar o Menino Selvagem quase malograram. Os
primeiros médicos a examiná-lo diagnosticaram-no como mentalmente deficiente e
especularam que, por isso, seus pais o haviam abandonado para morrer. Recomendaram
que ele fosse colocado num hospício. E, inicialmente, foi lá colocado, até que Jean-Marc
Itard (1744-1838), um jovem médico, discutiu o diagnóstico de retardo. Itard
argumentava que o menino só parecia ser deficiente porque havia sido isolado da
sociedade e, por isso, impedido de se desenvolver normalmente. Na França do final do
século XVIII, pelo menos uma em cada três crianças normais era abandonada por seus
pais, em geral porque a família era pobre demais para sustentar mais uma criança
(Kessen, 1965). Itard acreditava que o menino fosse uma dessas crianças. O fato de ele
ter sido capaz de sobreviver sozinho nas florestas de Aveyron argumentava contra a
suposição de ele ser mentalmente deficiente.
Itard assumiu pessoalmente o encargo de cuidar do menino. Achou que podia
ensiná-lo a se tornar um francês totalmente competente, com o domínio da língua
francesa e o melhor do conhecimento civilizado. A França havia recentemente derrubado
a monarquia e abraçado as idéias políticas de liberdade, igualdade e fraternidade. Itard e
outros defensores da república queriam demonstrar que era possível melhorar o
desenvolvimento dos filhos dos camponeses, educando-os. Para testar sua teoria de que o
ambiente social é o responsável pelo desenvolvimento das crianças, Itard criou um
conjunto elaborado de procedimentos experimentais de treinamento para ensinar o
Menino Selvagem a categorizar objetos, raciocinar e se comunicar (Itard, 1801/1982).
No início, Victor, como Itard chamou o Menino Selvagem, fez um progresso rápido.
Ele aprendeu a comunicar necessidades simples, assim como a reconhecer e a escrever
algumas palavras. Aprendeu a usar um urinol. Também desenvolveu afeição pelas
pessoas que cuidavam dele. Mas Victor jamais aprendeu a falar e a interagir
normalmente com as outras pessoas.
Após cinco anos de trabalho intenso, Itard abandonou sua experiência. Victor não
havia feito progresso suficiente para satisfazer os superiores de Itard, e o próprio Itard
estava em dúvida se o menino poderia fazer mais progressos. Victor foi mantido sob os
cuidados de uma mulher que era paga para cuidar dele. Morreu em 1828, ainda chamado
de o Menino Selvagem de Aveyron. Suas experiências inco- muns na vida deixaram sem
resposta importantes questões sobre a natureza humana, sobre a influência da sociedade
civilizada e sobre o grau em que os indivíduos são moldados por uma ou outra dessas
forças que os estudiosos esperavam que fossem respondidas pela sua descoberta.
A maior parte dos médicos e estudiosos da época finalmente concluíram que Victor,
realmente, havia nascido com uma deficiência mental. Mas até hoje ainda há dúvidas
quanto a isso. Alguns estudiosos modernos acham que Itard podia estar certo em sua
pressuposição de que Victor era normal quando nasceu, mas que foi retardado em seu
desenvolvimento como resultado do seu isolamento social (Lane, 1976). Quando foi
encontrado, Victor já havia passado muitos de seus anos de formação sozinho. Ele já
ultrapassara a idade que atualmente se considera ser o limite máximo para a aquisição
normal da linguagem. Outros acreditam que Victor sofria de autismo, uma condição
mental patológica cujos sintomas incluem um déficit de linguagem e uma incapacidade
para interagir normalmente com as outras pessoas (Frith, 1989). Também é possível que
os métodos de ensino de Itard tenham falhado e que abordagens diferentes pudessem ter
tido sucesso. Não podemos ter certeza.
As tentativas de Itard para educar Victor marcam o ponto de partida da ciência da
psicologia do desenvolvimento porque Itard estava entre os primeiros estudiosos a ir
além da especulação e a conduzir experiências para testar suas idéias.
Embora na época de Itard ainda não houvesse uma especialidade científica chamada
psicologia do desenvolvimento, o interesse nas crianças e no seu desenvolvimento estava
começando a aumentar entre os reformadores sociais e também entre os cientistas
(Cairns, 1998). Durante o século XIX, a industrialização da Europa e da América do
Norte transformou a organização social das pessoas. A industrialização também
transformou o papel das crianças na sociedade e os ambientes em que elas se
desenvolviam. Em vez de crescer em fazendas, onde contribuíam com sua mão- de-obra
e eram cuidadas por suas mães e pais até atingirem a idade adulta, muitas crianças foram
empregadas em fábricas nas cidades industriais que se expandiam, juntamente - e às
vezes no lugar - de seus pais (Clement, 1997).
Foi nessa época que o ensino foi disseminado. As crianças urbanas que não trabalhavam eram, em geral, encaradas como
uma responsabilidade da comunidade, que as encaravam como desordeiras. As escolas públicas foram criadas tanto para
aumentar o controle social sobre as crianças quanto por qualquer razão acadêmica. Elas consistiam em locais para supervisionar
o desenvolvimento das crianças, quando nem os pais nem os empregadores as estavam supervisionando.
Para aquelas crianças que faziam parte da força de trabalho, o trabalho fre- qüentemente envolvia longas horas em fábricas
ou minas, sob condições perigosas e insalubres. Quando essas condições se tornaram uma preocupação social, provocaram
maior atenção social e aumentaram a atividade científica. O Comitê de Investigação das Fábricas na Inglaterra, por exemplo,
realizou um estudo em 1833 para descobrir se as crianças conseguiam trabalhar 12 horas por dia sem sofrer danos. A maioria
dos membros do comitê decidiu que 12 horas era um período de trabalho aceitável para as crianças. Outros, que achavam que
seria preferível um período de trabalho de 10 horas, estavam menos preocupados com o bem-estar intelectual ou emocional das
crianças pequenas do que com a sua conduta moral. Eles recomendavam que as duas horas remanescentes fossem dedicadas à
educação religiosa e moral das crianças (Lomax et al., 1978).
Essa pesquisa inicial envolveu mais que uma resposta prática às preocupações sociais. Os primeiros psicólogos do
desenvolvimento e os médicos usaram os dados coletados para esclarecer questões básicas sobre o desenvolvimento humano e
sobre como estudá-lo. Os primeiros estudos sobre o crescimento e a capacidade de trabalho
das crianças, por exemplo, chegaram à importante conclusão teórica de que o efeito do
ambiente sobre o desenvolvimento pode ser mensurado. Os pesquisadores descobriram
que devido às suas longas horas de trabalho, e ao repouso e à nutrição inadequados, as
crianças que trabalhavam em moinhos têxteis tinham menor estatura e menos peso do
que as crianças locais da mesma idade, que não eram submetidas a essas condições de
vida. As avaliações de desenvolvimento intelectual mostraram grandes variações nas
aquisições das crianças, que pareciam depender da origem familiar e da experiência
individual. Tais achados estimularam a continuação de um debate científico e social
sobre os fatores primariamente responsáveis pelo desenvolvimento.
Um acontecimento crucial que estimulou um maior interesse no estudo científico
das crianças foi a publicação, em 1859, de A origem das espécies, de Charles Darwin. A
tese de Darwin, de que os seres humanos evoluíram a partir de espécies anteriores
mudou fundamentalmente a maneira de pensar das pessoas a respeito das crianças. Em
vez de adultos imperfeitos - para serem vistos, mas não ouvidos -, as crianças passaram a
ser encaradas como cientificamente interessantes porque seu comportamento
proporcionava indícios sobre as maneiras como os seres humanos estão relacionados a
outras espécies. Tornou-se moda, por exemplo, comparar o comportamento das crianças
com o comportamento de primatas mais evoluídos para ver se as crianças passavam por
um “estágio de chimpanzé” similar àquele através do qual imaginava-se que a espécie
humana havia evoluído (ver Figura 1.1). Embora esses paralelos entre as espécies
tenham se comprovado supersimplificados, a idéia de que o desenvolvimento humano
deve ser estudado como uma parte da evolução humana tem conquistado aceitação geral.
Mais para o final do século XIX, a psicologia do desenvolvimento tornou-se uma
forma legítima de pesquisa e prática. Institutos e departamentos especiais dedicados ao
estudo do desenvolvimento começaram a surgir nas principais universidades norte-
americanas e tanto agências governamentais quanto fundações filan
trópicas começaram a subvencionar
esforços de pesquisa em desenvolvimento
infantil, assim como a apoiar revistas
especializadas no cuidado infantil e no
papel dos pais. Atualmente, há uma
ampla aceitação popular da idéia de que a
condução de pesquisas científicas sobre
crianças seja uma boa maneira de “tornar
este mundo um mundo melhor através do
desenvolvimento de pessoas melhores”
(Young, 1990, p. 17).
desenvolvimento da criança
Além de buscar as respostas para essas questões, os psicólogos do desenvolvimento A seqüência de mudanças físicas,
são ativos na promoção do desenvolvimento saudável das crianças. Eles trabalham em cognitivas, psicológicas e sociais que as
crianças experimentam à medida em que
hospitais, em centros de atenção à criança, em escolas, em locais de recreação e em vão crescendo.
clínicas. Avaliam a situação do desenvolvimento infantil e prescrevem medidas para ajudar as crianças que estão
experimentando dificuldades. Eles auxiliam na criação de ambientes e objetos especiais, como berços que permitem que bebês
prematuros se desenvolvam normalmente fora do útero materno, por exemplo. Criam terapias para crianças que têm dificuldade
para controlar seu temperamento e desenvolvem técnicas mais eficientes para ensinar as crianças a ler.
Os conhecimentos detalhados que os psicólogos do desenvolvimento têm acu-
mulado no decorrer da sua pesquisa através de seus métodos e achados são importantes.
É essencial ter em mente que o objetivo mais geral da investigação do desenvolvimento
é: agregar os fatos acumulados a padrões maiores, chamados teorias ou estruturas, para
aumentar o entendimento da natureza humana e o seu desenvolvimento como um todo.
Essas características parecem estar intimamente relacionadas a dois fenômenos gerais que há muito têm sido associados ao
caráter distinto dos humanos.
Em primeiro lugar, o Homo sapiens desenvolve-se em um ambiente singular que foi moldado por inúmeras gerações
anteriores de pessoas em sua luta pela sobrevivência (Bruner, 1996; Cole, 1996). Esse ambiente especial consiste de artefatos
(como instrumentos, roupas, palavras), conhecimento sobre como construir e usar esses artefatos, crenças sobre o mundo e
valores (idéias sobre o que vale a pena), e tudo o que guia as interações dos adultos com o mundo físico, um com o outro e com
seus filhos. Os antropólogos chamam esse acúmulo de artefatos, conhecimento, crenças e valores, de cultura. Cultura é a parte
do ambiente “feita pelo homem” que nos saúda no nascimento (Herskovitz, 1948) e o “padrão de vida” que adquirimos da
nossa comunidade (Kluckhohn e Kelly, 1945).
ontogenia O desenvolvimento de um Em segundo lugar, o Homo sapiens molda e transmite a sua cultura para as gerações
organismo durante seu tempo de vida. que se seguem principalmente através da linguagem. Não surpreende, portanto, que,
estágio de desenvolvimento Um padrão desde a Antigüidade, a linguagem tenha sido proposta como uma característica definidora
de comportamento qualitativamente da nossa espécie. No século XVII, o filósofo René Descartes expressou eloqüentemente a
distinto e coerente em si mesmo que
emerge no decorrer do desenvolvimento. perspectiva tradicional:
A linguagem é, na verdade, o único sinal seguro do pensamento latente no corpo; todos os
homens a usam, mesmo aqueles que são obtusos ou perturbados, que não têm língua ou carecem dos órgãos da voz, mas nenhum
animal consegue usá-la, e, por isso, é permis- sível considerar a linguagem a verdadeira diferença entre o homem e a besta (Citado em
Lane, 1976, p. 23).
Larva
(a) Idade Idade
FIGURA 1.2
(a) Os cursos contrastantes do desenvolvimento da estrela-do-mar e dos insetos proporcionam exemplos
idealizados de desenvolvimento contínuo e descontínuo. Na perspectiva da continuidade, o
desenvolvimento é um processo de crescimento gradual (estrela-do-mar pequena, estrela-do-mar média,
estrela-do-mar grande). Na perspectiva da descontinuidade, o desenvolvimento é uma série de
transformações que se processam por meio de estágios (larva, pupa, adulto).
(b) O desenvolvimento humano inclui elementos de continuidade e de descontinuidade.
(b)
0 1 23456789 10 11 12
Idade (anos)
O
s proponentes do conceito de estágio declaram que uma perspectiva de estágio é
fundamental para se entender o desenvolvimento, pois, na medida em que o desen-
volvimento é caracterizado por mudanças qualitativas descontínuas, a maneira como a
criança experimenta o mundo e a maneira como o mundo influencia a criança vai diferir
de um estágio para o seguinte. Por exemplo, os bebês são especialmente sensíveis a
diferenças nos sons da linguagem (Aslin, Jusczyk e Pisoni, 1998), mas não entendem o
que está sendo dito. Quando começam a entender e a produzir linguagem própria, a
maneira como percebem o mundo parece mudar fundamentalmente e assim também a
natureza da sua interação com os outros. A descontinuidade representada pela
emergência da participação ativa da criança na conversa é tão notável que determina o
final da etapa de bebê no desenvolvimento em um grande número de sociedades.
Alguns psicólogos negam que o conceito de estágio seja crucial para entender o
desenvolvimento. Albert Bandura (1986), por exemplo, declara que a mudança de-
senvolvimental é basicamente contínua, porque os processos pelos quais as pessoas
aprendem novos comportamentos permanecem os mesmos em todas as idades. Na sua
opinião, as descontinuidades no desenvolvimento são ocorrências relativamente raras
produzidas por mudanças abruptas no ambiente (por exemplo, as mudanças que ocorrem
quando as crianças começam a freqüentar a escola) ou na composição biológica das
crianças (por exemplo, as mudanças associadas com a maturação sexual). Robert Siegler,
psicólogo especializado no estudo do desenvolvimento do pensamento das crianças, faz
uma declaração similar: “O pensamento das crianças”, escreve ele, “está continuamente
mudando, e a maior parte das mudanças parece ser mais gradual do que repentina”
(1991, p. 8).
Durante a maior parte do século XX, as teorias dos estágios do desenvolvimento
foram mais numerosas e mais influentes que as teorias da continuidade, mas as