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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA
ANO LECTIVO DE 2009/10

CIÊNCIAS SOCIAIS:
ECONOMIA

Autor:
Gonçalo Marques Pereira Soares Barbosa

Relatório temático realizado para a disciplina de


Epistemologia e Metodologia das Ciências Sociais
leccionada pela docente Natália Azevedo

Porto, 5 de Janeiro de 2010


Índice

Introdução ................................................................................................................................. 2
Definição de Economia............................................................................................................. 3
Nascimento e história da Economia: principais autores e escolas ....................................... 4
Objecto real e objecto teórico da Economia .......................................................................... 6
Processo de conhecimento na Economia: um processo de construção e abstracção .......... 8
Teoria económica...................................................................................................................... 8
Método científico ...................................................................................................................... 9
Técnicas ................................................................................................................................... 10
A necessidade da interdisciplinaridade na Economia ......................................................... 11
Papel da Economia na sociedade contemporânea ............................................................... 12
Considerações finais ............................................................................................................... 14
Referências bibliográficas...................................................................................................... 15

1
Introdução

Este relatório temático foi realizado no âmbito da cadeira de Epistemologia e


Metodologia das Ciências Sociais, cadeira do 1º ano da Licenciatura em Sociologia da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Neste relatório é-se proposta a análise a uma das diversas ciências sociais, tentando
analisar as suas teorias, métodos e técnicas, bem como o seu papel na sociedade
contemporânea. Como se pode definir a Economia? Qual a necessidade de existir esta ciência
social? Em que condições surgiu a Economia? Quem foram os seus principais autores? Em
que se diferencia das restantes ciências sociais? Haverá necessidade de interacção entre a
Economia e as restantes ciências sociais? São perguntas a que este relatório tentará responder.

2
Definição de Economia

Começar esta exposição com uma definição simples, directa e completa de Economia
seria, do ponto de vista pedagógico, o ideal. Contudo, e a exploração à temática assim o
evidenciou, tal se afigura impossível. Tal como veremos mais para a frente, a própria natureza
do seu objecto científico impede que haja uma única e estável definição. Dessa forma, vamos
percorrer duas das mais importantes definições de Economia que foram dadas ao longo da
história desta ciência social, e perceber que características realçam.
Alfred Marshall (1842-1924) apresentou a primeira definição de Economia:
«Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida» (Cit. por Neves, 1996,
p. 29). Apesar de simples, esta definição permitiu esclarecer um conjunto de aspectos. Em
primeiro lugar, o estudo da Economia incide sobre o comum da realidade, a vida corrente. Em
segundo lugar, por aquilo que a definição não diz, a Economia não estuda assuntos
económicos, porque não existem assuntos ou fenómenos exclusivamente económicos. A
realidade é única e com uma multiplicidade de aspectos particulares, «Cada ciência tem por
objecto toda a realidade, mas tenta captar essa realidade a partir de um prisma especial»
(Neves, 1996, p. 30). Em terceiro e último lugar, a Economia estudar todo e qualquer assunto
corrente da vida, dado que todos os fenómenos sociais são fenómenos sociais totais, ou seja,
são simultaneamente económicos, sociológicos ou políticos, envoltos numa totalidade, e
portanto do interesse de análise das várias ciências sociais (Almeida, 1994). Contudo, a sua
análise, no âmbito das ciências sociais, poderá não ser a mais relevante para o estudo de um
fenómeno. A Economia, tal como todas as outras ciências sociais, não é a mais indicada para
responder a certas questões, pois o seu foco de interesse provavelmente terá levado a que
essas questões não fossem exploradas.
Uma segunda definição, mais recente, é a proposta por Paul Samuelson (1915-2009):
«Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de recursos
escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los
para consumo, agora e no futuro, entre várias pessoas e grupos na sociedade» (Cit. por Neves,
1996, p. 31). Esta definição apresenta-se mais complexa e definida do que a apresentada por
Marshall, e abrange o conjunto dos aspectos essenciais sobre as quais a Economia se debruça:
o estudo dos comportamento dos agentes e das sociedades, não só de forma individual mas
também nas suas relações; bens para consumo produzidos com recursos; a questão da escolha,

3
derivada da existência de diversas alternativas de consumo de bens, cuja escolha é efectuada
com base na racionalidade; a escassez, relacionada com a conhecida expressão da área, «não
há almoços grátis»; o tempo e a incerteza e por fim a interdependência.
Neste momento será interessante observar como um dicionário da Língua Portuguesa
define a Economia: «s.f. boa administração ou ordem; moderação nas despesas; conjunto das
leis que presidem à produção e distribuição da riqueza; poupança; aforro» (Porto Editora,
1997, p. 250). Com isto quer-se demonstrar a importância e necessidade de uma demarcação
da linguagem de senso comum, tal como José Madureira Pinto nos propõe. No caso específico
do conceito de Economia, deve-se recorrer a um procedimento que permita «reduzir a
ambiguidade através de um trabalho teórico-metodológico sistemático e controlado» (1984, p.
71), eliminando assim as dimensões do conceito originadas por uma epistemologia
espontânea, e permitindo deste modo destacar apenas a dimensão que nos interessa, a
Economia como ciência social, como corpo de conhecimentos, como criadora de um código
de leitura específico do real social.

Nascimento e história da Economia: principais autores e escolas

Para perceber melhor o que é a Economia, um outro passo a dar poderá ser analisar
como surgiu, decorrente de que necessidades da sociedade e com base em que contributos. Ou
seja, perceber quais foram as condições sociais e teóricas que propiciaram o surgimento desta
ciência social.
A Economia é mesmo a primeira a emergir como ciência, uma vez que foi a primeira
«a definir um objecto próprio […], a desenvolver modelos teóricos e complexas
formalizações lógico-matemáticas» (Silva e Pinto, 2007, p. 15).
Tendo por base a análise de João Neves, foi possível, em síntese, elencar os principais
autores, obras e escolas que construíram a história da Economia nos dois últimos séculos. A
Economia está ligada à grande maioria das coisas essenciais e quotidianas da vida de cada
um, desde alimentação a vestuário, passando pela informação. Foi esta a conclusão a que
Adam Smith (1723-1790) chegou, e que usou como mote inicial para a criação da teoria
económica. Escreve então a sua obra basilar, O Ensaio sobre a Natureza e as Causas da
Riqueza das Nações, na qual observa e exemplifica a espontaneidade das relações
económicas. Smith conclui que, apesar da realidade ser complexa e interligada, os resultados

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finais são eficientes e a sociedade funciona bem. Achava ainda mais fascinante esta harmonia,
porque resultava de um conjunto de múltiplas, voluntárias e independentes acções de seres
racionais. É neste contexto que surge o conceito de mão invisível1, central na sua obra. Foram
estas conclusões que passaram a servir de justificação para o início do estudo da ciência
económica. É com esta obra que nasce a Economia como ciência social, sendo Adam Smith
considerado o seu pai.
Sob a influência de Adam Smith, surge Thomas Malthus (1766-1834), com as suas
obras Princípios da Economia Política e Princípios da População, que contudo apresenta
uma visão pessimista sobre o desenvolvimento da ecónoma, ao contrário de Adam Smith, que
apresentava uma visão mais optimista. Mas é só com David Ricardo (1772-1823) que,
juntando as ideias de Adam Smith e Thomas Malthus, se cria a primeira grande escola
dominante. É com a sua obra Princípios da Economia Política e Tributação, centrada na ideia
da Lei dos Rendimentos Crescentes2 que nasce a Escola Clássica, que dominou a Economia
durante o século XIX.
Como um dos discípulos de David Ricardo, surge Karl Marx (1818-1883), que gera
conclusões mais extremadas na sua obra central O Capital e prevê o surgimento do
Comunismo e do Socialismo.
Contudo, na proposta de David Ricardo há uma variável que não foi tida em conta
vem alterar os efeitos dessa lei. A evolução tecnológica acaba por contribuir para uma
melhoria da qualidade de vida, indo contra as expectativas desta escola de uma pioria da
qualidade de vida. É nesse contexto que surge um discípulo de David Ricardo, John Stuart
Mill (1806-1873) e resolve o problema da previsão teórica da miséria, com a sua obra
Princípios de Economia Política, que passa a combinar as duas variáveis chave, na qual o
desenvolvimento é visto como uma corrida entre progresso tecnológico e rendimentos
decrescentes, e onde o desenvolvimento surge e subsiste quando o progresso tecnológico se
mantiver à frente nessa corrida.
Em 1870, surge uma nova ideia, que foi baseada pelos contributos de Stanley Jevons
(1835-1882) com A Teoria da Economia Política, Carl Menger (1840-1921) com Princípios
da Economia e Léon Walras (1834-1910) com Elementos de Economia Pura, e que consiste
na criação da ideia do marginalismo, na qual o valor é dado pela utilidade marginal e o custo é

1
João Luís César Neves, Introdução à Economia, 1997, p. 62.
2
João Luís César Neves, Introdução à Economia, 1997, p. 54-55.

5
dado pelo custo marginal. A estes contributos juntou-se Alfred Marshall (1842-1924) com
Princípios da Economia, e assim se começava a estabelecer uma nova escola, a Escola
Neoclássica.
Contudo, John Keynes (1883-1946) entra em cena com Teoria Geral do Emprego,
Juro e Moeda, com a discussão de um modelo de desequilíbrio para uma economia que já se
encontrava em depressão.
E chega-se, por último, à Corrente Económica Moderna, constituída pela Síntese
Neoclássica, e que teve na sua origem alguns autores que tentaram juntar os contributos da
Escola Neoclássica com os de Keynes. O autor mais relevante foi Paul Samuelson com
Fundamentos da Análise Económica e principalmente com Economia que tem sido o manual
base dos últimos 50 anos para a Economia.
Exploradas as condições teóricas para o surgimento da Economia, residem ainda
outras duas ordens de condições, igualmente importantes. Por um lado, as condições sociais,
ou seja, «análise dos variados modos como as estruturas, as práticas e os projectos
característicos das diversas sociedades em que a ciência se foi consolidando influenciaram
aqueles princípios, meios e resultados» (Silva e Pinto, 2007, p. 11) e ainda as condições
institucionais, referente aos «factores relativos à organização do campo científico» (Silva e
Pinto, 2007, p. 11). Sem a verificação destas duas condições, certamente a Economia não teria
alcançado o grau de desenvolvimento que conseguiu.

Objecto real e objecto teórico da Economia

Tal como Sedas Nunes refere, as teorias e os métodos usados por uma ciência social
constroem objectos. Aliás, é componente obrigatória para uma ciência, de que já tenha
construído o seu próprio objecto teórico ou científico, «cada disciplina só acede ao estatuto de
ciência quando constrói o seu objecto próprio» (Silva e Pinto, 2007, p. 11). Cada objecto que
uma ciência social produz, representa nada mais do que um código de leitura do real, que
permite «atribuir a cada um dos objectos reais que nele apercebemos um certo significado»
(Nunes, 2005, p. 34). Ou seja, temos que para um objecto real obtém-se uma pluralidade de
objectos teóricos. Não só porque as várias ciências sociais vão produzir o seu próprio objecto,
mas porque também outras formas de conhecimento, como o senso comum, produzem de
igual forma os seus objectos teóricos, ou seja, cada um apresenta um código de leitura do real

6
diferente. Para Sedas Nunes, esse objecto teórico é composto por um sistema de conceitos e
de relações de conceitos e exemplifica, no caso da Economia: o seu objecto sobre o qual se
debruça a Teoria Económica não é o real concreto, mas um conjunto de conceitos e de
relações de conceitos, que vão desde circuito económico e produto, a investimento e capital.
A Economia, assim, tem um código de leitura do real específico, e que é feito a partir dos
conceitos que criou.
O objecto científico é, de acordo com Sedas Nunes, um dos aspectos principais de
distinção das várias ciências sociais, e daí a importância da sua compreensão. Por outro lado,
convém compreender que um objecto científico é «sucessivamente alterado e re-construído»
(Nunes, 2005, p. 38), uma vez que, e dada a complexidade da sociedade, ou seja, do próprio
objecto real que se encontra em constante mudança, o conhecimento sobre esse objecto vá
gradualmente aperfeiçoando-se, alargando-se e aprofundando-se.
No caso da ciência económica, o objecto científico sofreu, ao longo da história desta
ciência social, diversas alterações e reconstruções, até porque os próprios paradigmas e as
próprias escolas foram-se sucedendo uns aos outros. É possível verificar esse aspecto na
definição de Economia, que nunca foi a mesma, porque o seu próprio objecto científico foi-se
alterando.
Poder-se-á dizer, genericamente para qualquer ciência social, que o seu objecto é o
próprio ser humano. Como consequências, gera-se uma maior complexidade e
imprevisibilidade na análise desse objecto, e o facto do analista e o objecto de análise terem a
mesma natureza (Neves, 1996).

7
Processo de conhecimento na Economia: um processo de construção e abstracção

Tal como todas as outras ciências, tal como as ciências naturais, tal como a ideologia,
tal como o senso comum, ou simplesmente, tal como todas as formas de conhecimento,
também a Economia exerce um processo de construção e abstracção para a produção de
conhecimento. A especificidade deste processo surge logo no momento da abstracção. Sendo
a abstracção um processo que elabora esquemas e mapas de esquemas compostos por
conceitos, relações de conceitos, hipóteses, leis e teorias (Nunes, 1981), cada ciência social irá
fazê-lo de forma diferente, conforme o ponto de vista que assumir, conforme o objecto
científico que definir. Ou seja, a forma como a Economia efectua a abstracção é diferente da
forma como a Sociologia ou a Geografia o fazem, tem por base os seus próprios conceitos, o
seu próprio objecto científico. Por outro lado, há um processo de construção, de construções
conceptuais de estruturas e processos objectivos do real (Nunes, 1981) e que uma vez mais é
específico nesta ciência social.

Teoria económica

A teoria económica possibilita um conhecimento rigoroso e sistemático da realidade e


corresponde a um conjunto de regras para a forma como a Economia olha para os factos
sociais e que têm como objectivo «garantir que, nessa análise, não somos enganados por
aparências, confusões, ideias feitas» (Neves, 1996, p. 16), ou seja, por outras formas de
conhecimento, como o senso comum. Teoria «consiste numa invenção abstracta do analista, o
seu entendimento profundo do fenómeno» (Neves, 1996, p. 36), é uma construção abstracta e
metodológica que «pretende construir um modelo que imite a realidade» (Neves, 1996, p. 36),
e que terá uma posterior fase de validação.
Esta teoria, na sua base, é constituída por um reduzido número de simples princípios e
de aplicação geral. Nas palavras de João César Neves, as boas teorias são aquelas que
«baseiam-se em poucos princípios, muito simples e de aplicação geral» (1996, p. 17) mas
sendo adaptados a cada particularidade de casos específicos e «Em contrapartida, as más
teorias baseiam-se em princípios complexos, vastos, complicados e confusos, mas de onde os
seus proponentes tiram receitas simples, supostamente globais, que se aplicam, de forma cega,
a qualquer caso» (1996, p. 17). Popper provavelmente não concordaria com essa perspectiva,

8
pois defende que as melhores teorias são as que mais afirmam, pois têm maior conteúdo
empírico e potencial explicativo. Apesar da maior propensão ao falibilismo, há um maior
interesse teórico porque pode ser mais rigorosamente testada e levar a uma maior
aproximação da realidade. Não caberá aqui discutir qual é a visão correcta, mas pareceu
pertinente expor uma visão contrária, para relativizar a ideia inicialmente exposta.
A teoria económica é assim baseada em dois postulados base, simples e gerais: o
postulado da racionalidade3 ou da maximização do bem-estar e o postulado do equilíbrio4.
Estes postulados permitem a criação de teorias explicativas dos comportamentos individuais.
De igual relevo para a análise da teoria económica é a descrição das condições teóricas
realizada anteriormente, aquando da análise do surgimento e história da Economia.

Método científico

Por método pode-se entender a «estratégia integrada de pesquisa que “organiza


criticamente as práticas de investigação”» (Costa, 2007, p. 129).
O método científico é normalmente dividido em três partes: experimentação,
observação e análise (Neves, 1996). Sendo a experimentação pouco comum na Economia, e
tradicionalmente das ciências naturais e a observação directa como forma de recolher
informações para a disciplina, é na análise científica que a teoria económica se encontra, e
onde pode formular e testar teorias.
Os métodos mais importantes usados na Economia para a análise científica são a
hipótese ceteris paribus e o estatuto estatístico das leis económicas. Caso mal usados, poderão
originar graves erros.
À letra, a expressão ceteris paribus significa «o resto fica igual» e resulta da
complexidade da realidade, que impede um estudo exaustivo e ao mais pequeno problema
económico, pois isso exigiria a análise de um imenso número de relações, implicações e casos
especiais que impediriam qualquer grande análise. O economista vê-se então obrigado a isolar
uma parte do problema, deixando de lado o resto dos elementos considerados relevantes, e
tem-nos como inalteráveis ou constantes, sendo logo nesse momento escolhida qual a variável
em destaque, que é a que sofre variações. Por exemplo, quando se afirma, na lei da procura,

3
João Luís César Neves, Introdução à Economia, 1997, p. 20.
4
João Luís César Neves, Introdução à Economia, 1997, p. 21.

9
que «se o preço de um bem sobe, ceteris paribus, a quantidade procurada desce, e vice-
versa», está-se a dar a entender que, para essa lei ser verdade, o único elemento variável é o
preço, sendo que outros factores como o rendimento ou o gosto dos consumidores são tidos
como constantes. Contudo, a má aplicação desta hipótese pode gerar erros, sendo o mais
frequente a aplicação de teoremas ou conclusões a outras situações que não as explicitamente
indicadas na teoria. Tendo em vista o exemplo da lei da procura, este erro sucederia se
tentássemos aplicar a lei numa situação em que houve variação negativa do preço, mas em
que também houve um aumento do rendimento dos consumidores.
Outras fontes de erro são: o grau de subjectividade dos julgamentos nas ciências
humanas é maior; a falácia da composição5; e a falácia do post hoc6.

Técnicas

Do ponto de vista das ciências sociais, poderemos usar a proposta de João Ferreira de
Almeida (1995) para listar e classificar as técnicas de pesquisa.

Tabela 1
Classificação das técnicas de pesquisa em Ciências Sociais
1.2.1 Semântica
1.1 Clássicas
1. Documentais quantitativa
1.2 Modernas
1.2.2 Análise de conteúdo
2.1 Observação participante 2.3.1 Entrevistas 2.3.3.1 Clínica
2. Não 2.2 Experimentação 2.3.2 Testes 2.3.3.2 Em
documentais 2.3 Observação não 2.3.3 Inquérito por profundidade
participante questionário 2.3.3.3 Centrada

Retirado de João Ferreira de Almeida, Introdução à Sociologia, 1994, p. 211

Sendo a estatística e a matemática importantes instrumentos para a construção de


conhecimento científico (Neves, 1996), realça-se desde logo o inquérito por questionário
como uma das principais técnicas usadas pela Economia.

5
Atribuição de nexo de causalidade a dois factos contemporâneos.
6
Afirmar-se que o que se passa na parte é válido para o todo.

10
A necessidade da interdisciplinaridade na Economia

Para perceber qual a necessidade da interacção disciplinar na Economia, algo que aliás
ocorre com qualquer ciência social, vamos partir da análise a um exemplo concreto,
nomeadamente à forma como esta ciência social constrói a teoria do consumidor. O conceito
de utilidade apresenta-se como o centro da teoria do consumidor, e corresponde à satisfação
que cada ser humano tira do uso de um bem, sendo esse o elemento que dá valor às coisas
(Neves, 1996, p. 100). Apesar de revolucionária na altura, esta ideia é agora bastante
elementar. A utilidade é então gerada por factores como o gosto subjectivo, pessoal, que é
individual e devidamente contextualizado. A Economia dá um grande destaque ao
racionalismo do consumidor, que é assim um indivíduo maximizador (Bianchi e Marchi,
1997), ou seja, que tentará procurar a máxima utilidade.
Contudo, esta teoria do consumidor não permite perceber como são efectivamente
formadas as preferências do consumidor, ou seja, porque é que um bem tem mais utilidade do
que outro. A Economia apresenta uma visão reducionista do consumidor, pois considera como
únicas variáveis de influência nas escolhas o preço e o rendimento, havendo consenso quanto
à forma como os gostos são construídos, e variáveis como a arte ou a moda são assuntos com
os quais a Economia se vê incapaz de lidar (Bianchi e Marchi, 1997).
É neste contexto que surge a necessidade de interacção com outras ciências sociais,
que possibilitem uma mais correcta e completa análise ao comportamento do consumidor,
tendo em conta um maior número de variáveis. Um exemplo concreto é os relógios italianos
Swatch. Porque é que se tornaram um objecto de desejo entre os italianos? A conclusão a que
se chega é que não é apenas pelo seu preço competitivo que os consumidores escolhem essa
marca, mas também porque a Swatch não oferece simplesmente um bem de estilo, oferece um
bem com um factor emocional e cultural, na medida em que os relógios dessa marca têm
várias alusões a elementos da história cultural e local. Por outro lado, são relógios que não
têm a possibilidade de ser reparados, o que leva a que um consumidor compre relógios em
grande escala: preço barato e impossibilidade de substituição. Por fim, com diversos designers
em constante produção criativa, lançam colecções limitadas, edições de coleccionador,
designs que apelem à identidade cultural e que, na sua diversidade, criem um divertimento ao
consumidor, de combinar roupas e relógios. Todas estas variáveis expostas são fundamentais
para se explicar a grande afluência dos consumidores à marca, e cuja teoria do consumidor,

11
por si, não consegue explicar, tendo de contar com o contributo de outras áreas do
conhecimento, como a psicologia, a antropologia ou o marketing.
(Augusto Santos Silva, José Madureira Pinto – 2007, p. 17)
Mas de onde advém esta necessidade de interacção disciplinar? Esta situação advém
do conceito de fenómeno social total. A verdade é que as ciências sociais não estudam
dimensões diferentes, separadas ou compartimentadas da realidade. Todo o fenómeno social,
e tendo por base a conceptualização de Marcel Mauss, está inserido numa totalidade, e
independentemente da sociedade onde esteja inserido, revela-se complexo e pluridimensional,
sendo que pode ser perspectivado de várias formas. O que cada ciência social faz é dar conta
de uma dessas dimensões. Sozinha, não consegue dar conta de todas as dimensões e é aí que
entra a importância das várias modalidades de interacção disciplinar, que permitem que haja
uma maior quantidade de dimensões e perspectivas em conta, resultado num maior rigor das
conclusões.

Papel da Economia na sociedade contemporânea

Uma das principais áreas em que a Economia se debruça actualmente é na criação de


políticas de combate à pobreza e às desigualdades sociais, não só dentro de cada país, como a
nível global, tentando reduzir as diferenças dos vários grupos de países7. Há de igual modo
uma preocupação na criação de políticas que visem o desenvolvimento das economias,
nomeadamente que favoreçam o crescimento do PIB per capita, da esperança média de vida,
da taxa de urbanização ou do consumo (Neves, 1996). Um bom exemplo, é a criação do
microcrédito8, que surge como um mecanismo de resposta às necessidades de uma boa parte
da população mundial, que se encontra em estado de carência.
Outra área de análise é a questão do mercado financeiro, cada vez mais globalizado e
interdependente entre as várias economias nacionais, caracterizado por uma cada vez maior e
mais intensa circulação de capital à escala global (Neves, 1996).

7
O mundo económico actual é dividido em quatro grupos: economias abastadas, economias desenvolvidas,
economias de nível intermédio e economias muito pobres (Neves, 1996).
8
Concessão de crédito, material ou financeiro, a pessoas que, na sequência de circunstâncias diversas, se
encontram em situação de dificuldade.

12
A Economia está relacionada ainda com outras aplicações, nomeadamente à área da
consultadoria, tenta ajudar e facilitar as decisões dos indivíduos ou grupos sociais; gestão dos
recursos humanos, ou seja, definição de políticas salariais e avaliação de investimentos na
formação técnica e profissional dos trabalhadores (Cidade das Profissões).
Uma importante dimensão do papel da Economia prende-se com a sua reflexividade,
isto é, com a sua capacidade de informar o senso comum, de o tornar mais instruído e mais
consciente da dimensão económica dos fenómenos sociais, com uma «apropriação social das
teorias, conceitos ou noções» (Almeida, 1994, p. 229) que foram desenvolvidas pela mesma.
Outro aspecto, inerente à própria condição de ciência social, a Economia tenta prever
os vários fenómenos sociais, como é possível de identificar pelos vários órgãos políticos e
institucionais, que realizam previsões à evolução de valores como o crescimento económico
ou da taxa de desemprego.

13
Considerações finais

Apesar de este relatório não ter dado conta da totalidade de aspectos susceptíveis de
serem abordados na análise à Economia, foi possível contudo construir uma noção do que é a
Economia como ciência social, porque é que é uma ciência social e como é que se distingue
das restantes. Por outro lado, foi possível perceber qual a necessidade da Economia interagir
com as outras ciências sociais e perceber como se processou a história da Economia, quais
foram os seus principais autores e escolas de pensamento. Foi também abordada a tríade
teorias, métodos e técnicas, sendo possível perceber a especificidade dos mesmos, que em
parte resulta da existência de um objecto científico próprio. Por último, foi igualmente
possível identificar em que consiste o papel da Economia na sociedade contemporânea.

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Referências bibliográficas

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1994. ISBN 972-674-137-8.

BIANCHI, Marina; MARCHI, Neil De (1997) – The taste-less theory of consumer choice
meets novelty. In SALANTI, Andrea, coord.; SCREPANTI, Ernesto, coord. (1997) –
Pluralism in economics: new perspectives in history and methology. Brookfield: Edward
Elgar. p. 177-189. ISBN 1-85898-140-9.

CIDADE DAS PROFISSÕES – Profissões: Economista [Em linha]. [Consult. 3 Jan. 2010].
Disponível em: http://cdp.portodigital.pt/Members/admin/profissoes_futuro_pdfs/economico-
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NEVES, João Luís César de (1996) – Introdução à Economia. 3ª ed. Editorial Verbo. Dep.
Legal: 96 534/96.

NUNES, Adérito Sedas (2005) – Questões preliminares sobre as ciências sociais. 13ª ed.
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NUNES, Adérito Sedas (1981) – Sobre o problema do conhecimento nas ciências sociais:
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Universidade de Lisboa.

SILVA, Augusto Santos; PINTO, José Madureira, orgs. (2007) – Metodologia das ciências
sociais. 14ª ed. Porto: Edições Afrontamento. ISBN 978-972-36-0503-7.

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