Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB Impresso por: Veriano Guarim Junior
Curso: Política Contemporânea - Turma 2 Data: terça, 20 out 2020, 14:29
Livro: Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 1/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Descrição
abc
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 2/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Sumário
Introdução
Pág. 2
Pág. 3
Pág. 4
Conclusão
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 3/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 4/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Introdução
Neste Módulo, vamos abordar a evolução histórica dos partidos políticos no Brasil, sua dependência quanto às estruturas estatais e as formas que
tomaram desde o século XIX até os dias de hoje.
Contemplaremos também as correntes que diagnosticam a estabilidade e o grau de institucionalização do atual sistema representativo implementado
com a Constituição de 1988.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 5/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Partidos atuam em duas arenas: eleitoral e decisória. Na eleitoral, são responsáveis por agregar interesses, congregar candidatos, torná-los conhecidos
dos cidadãos, desenvolver plataformas que serão avaliadas pelos eleitores durante períodos eleitorais e buscar votos. Na arena decisória, são
responsáveis por decisões de políticas públicas - sua formulação, planejamento, implementação e avaliação.
Na América Latina, o Estado teve um papel mais importante do que na Europa na intermediação política, e isso marca a evolução dos partidos políticos,
que, no Brasil, têm sido sempre mais fracos do que o Estado. Até a Democracia de 1946, os estudos centram-se mais nos partidos tomados
individualmente, mais do que no sistema partidário como um todo ou na sua relação com outros atores. Tais estudos são bastante normativos (mais
preocupados com o “dever ser” do que com o “ser”). Na maior parte, eles consideram os partidos como entes isolados, com origem na sociedade,
embora, mais tarde, tenha prevalecido a tese da centralidade do Estado no surgimento e evolução das organizações partidárias.
Embora existam desde a primeira metade do século XIX, as agremiações partidárias não se diferenciavam muito. Não havia, de fato, no Brasil, uma
democracia de massas – o voto era bastante restrito e as eleições eram fraudadas com muita frequência. No Império, tivemos os Conservadores
(proprietários de terra) e Liberais (profissões liberais e urbanas), ambos escravagistas, e a principal divisão era sobre o poder e presença da Igreja.
Na República Velha, houve uma regionalização dos partidos – sendo o Partido Regional Paulista e o Partido Regional Mineiro os mais conhecidos – e
permanecia a política do “voto de cabresto”, amparado num poder de Estado exercido pelos coronéis, uma vez que o Estado se fazia ausente. Chama-
se "voto de cabresto" ao tradicional sistema brasileiro de controle de poder político através do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da
máquina pública.
Importante nesse período foi a fundação do Partido Comunista Brasileiro (1922), e, dez anos depois, da Ação Integralista Brasileira (ABI), baseada no
fascismo italiano e falanges espanholas. Ambos tinham conteúdo ideológico e eram mais nacionalizados.
Segundo a literatura, pelo menos desde 1930, os políticos tentaram construir candidaturas que, embora dependessem dos partidos, eram ao mesmo
tempo bastante independentes deles. Na verdade, os partidos viabilizavam a participação em eleições, mas não tinham poderes disciplinatórios sobre
seus membros. Eram bastante “soltos”, o que dava aos políticos muita autonomia. De outro lado, reforçando o impulso individualista dos políticos, no
período 1930-1945, antes da democratização, o Estado tinha uma visão antipartidária, dado o instinto personalista e clientelístico das elites políticas
brasileiras. Segundo a interpretação de Amaury Souza, os partidos eram vistos como elementos de desagregação social e como aceleradores da
luta de classes.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 6/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Pág. 2
A partir de 1946, novos partidos surgem induzidos pelo Estado, o que lhes confere um caráter "gelatinoso", no sentido dado pelo cientista Scott
Mainwaring. O partido se acopla a estruturas anteriores de sindicatos, interventorias, uma burocracia empoderada, sem falar da ideologia autoritária
que antecede o período. Na nova democracia, é criado, a partir do braço estatal, o Partido Social Democrático (PSD), com bases municipais e com
quadros do alto escalão da burocracia; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com raízes sindicais e urbanas, ambos getulistas; e a União Democrática
Nacional (UDN), anti-getulista. Com a industrialização/ urbanização e consequentes mudanças na estrutura social, os partidos conservadores perdem
espaço, e os demais tornam-se mais progressistas.
De fato, houve um declínio da votação da direita e do centro e o crescimento da esquerda, gerando conflitos entre um Congresso mais conservador e
um Executivo reformista. Os partidos se dispersaram e se diluíram internamente, houve aumento de votos brancos e nulos, aumentou a adesão
clientelística aos partidos nas regiões menos desenvolvidas, ao mesmo tempo em que, nas regiões mais desenvolvidas, ganhou corpo a política
personalista. Entre 1946-1964 há um esforço dos partidos de se organizarem nacionalmente (embora haja divergências na literatura sobre o tema),
mas criou-se uma tensão no sistema político que contribuiu para a configuração do golpe de 1964, que durou até 1985.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 7/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Pág. 3
Durante o regime militar, os partidos não foram abolidos, e nem as eleições, mas houve fortes restrições à participação política. A existência apenas de
partidos e eleições não garantem uma democracia (ver a unidade sobre Democracia e Autoritarismo, especialmente o conceito de Poliarquia).
O Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, manteve a Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) que extinguiu
o pluripartidarismo no Brasil, e o Ato Institucional nº 4, de 20 de novembro de 1965 criou, na prática, o bipartidarismo: Aliança Renovadora Nacional
(ARENA), partido alinhado com o governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), como oposição consentida, mas que abrigava setores que
permaneciam na clandestinidade (como o PCB). A seguir, apresentamos o link que remete à Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965.
Entre 1964-1985, o mandatário que trocasse de partido perdia seu mandato, medida revogada com a Emenda Constitucional nº 25, de 1985, ano em
que também voltou à legalidade o PCB (clandestino desde 1947). Entre 1945 e 1979, foram registrados no TSE 27 partidos políticos. O regime militar
cassou mandatos, em todos os níveis, e cerceou direitos de participação e organização. Depois das eleições de 1974 e 1978, com a perda flagrante de
espaço político para o MDB, os militares resolveram promover o multipartidarismo, a partir de 1980, como forma de diluir o poder crescente da
oposição, bem como uma abertura “lenta, gradual e segura”. Abaixo, apresentamos o link que remete às informações sobre a representação político-
partidária no Brasil entre 1945 e 1979.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 8/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Pág. 4
Hoje, existem mais de trinta partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Abaixo, apresentamos o link que remete ao site do TSE, onde
estão disponíveis os dados dos diretórios nacionais das agremiações, bem como os estatutos dos partidos políticos.
No novo período democrático, há duas correntes que debatem o papel e a qualidade dos partidos políticos no Brasil.
Corrente pessimista
A primeira corrente, que chamaremos pessimista, afirma ser o sistema ingovernável e passível de rupturas. Ingovernável pelo excesso de partidos,
pela excessiva fragmentação partidária, o que leva a governos minoritários (nenhum governo desde 1988 teve mais do que 20% das cadeiras no
Congresso); governos minoritários levam à necessidade de um governo de coalizão; governos de coalizão são heterogêneos e enfrentam muitas
disputas internas. A existência de conflitos iminentes exige uma enorme capacidade de coordenação, que nem sempre está presente nos governos. Daí
ser um cenário perfeito para crises constantes.
Além disso, o excessivo número de partidos levaria uma certa "confusão" aos eleitores – afinal, o que significaria cada legenda? Como se diferenciam?
No nosso contexto, é ainda pior, por causa das coligações que se constroem, obscuras para os eleitores. É difícil para o eleitor distinguir quem está na
disputa, o que leva ao problema da volatilidade eleitoral (eleitores mudam seu voto de um partido para outro, em eleições subsequentes, na média de
40%).
Mas não somente o número de partidos é um problema, segundo essa visão. Talvez mais importante ainda seja a falta de consistência programática
dos partidos, ou uma linha mestra que guie o comportamento de seus membros. Os críticos apontam para a fraqueza dos partidos: na verdade, o que
vale nas eleições é o indivíduo, não a organização partidária. Os candidatos – e mandatários – não seguem diretrizes partidárias, e nem mesmo há
divisão de partidos segundo uma ideologia identificável. São partidos catch-all – expressão inglesa que significa partidos sem identidade, que
“carregam tudo”. Esse problema tem várias consequências:
a) falta de disciplina partidária, uma vez que o partido não consegue impor aos seus membros decisões do grupo, reforçando o problema da falta de
identidade (o indivíduo se sobrepõe ao coletivo). Além disso, há enormes incentivos para a competição intrapartidária – os candidatos, por causa das
regras eleitorais, acabam competindo também entre si -, o que favorece campanhas caras e corrupção eleitoral;
b) a “dança das cadeiras”, ou troca constante de partidos, já que não existe uma identidade entre o membro e a organização, não havendo grandes
penalidades para o indivíduo que o faça;
c) a falta de controle do eleitor sobre os eleitos, uma vez que alguém eleito pelo partido x pode sair dele e ingressar no y, o que seria uma “traição” do
eleitor, caso ele votasse no partido x por preferência programática (existe hoje a possibilidade do político perder o mandato, mas não é automático - o
partido tem de ingressar com uma ação para reavê-lo). Como isso também é incerto – como vota o eleitor, se no partido ou no indivíduo, porque há
reforço para que ele prefira a última opção à primeira – o resultado é bastante esperado: políticos que não respondem ao partido e, muitas vezes, nem
mesmo ao eleitor.
Manter esse sistema tem um custo alto: segundo esses estudiosos, é difícil para os governos eleitos formar maioria no Congresso e governar com
partidos pouco coesos e sem densidade programática. A solução para o problema seria uma reforma política que contemplasse:
c) a manutenção do sistema proporcional, mas com lista fechada (quem ordena a lista é o partido, não o eleitor), o que daria mais força aos partidos;
Corrente otimista
A segunda corrente, que chamaremos otimista, acha desnecessária a reforma política nesses termos – para reduzir o número de partidos e dar mais
poderes à direção partidária -, porque o sistema atual não gera ingovernabilidade ou imprevisibilidade. Segundo essa vertente, os partidos políticos, no
pós-1988, não constituem elemento de instabilidade do regime democrático. O que os estudos empíricos do grupo informam é que, de fato, os partidos
organizam a vida dentro do parlamento e existe disciplina partidária no voto. Ou seja, quando o líder de um determinado partido orienta sua bancada
em uma votação, ele é, em geral, seguido. Alguns partidos chegam a ter 100% de fidelidade partidária no Congresso, e o partido cujos membros são
menos fiéis têm uma média de adesão de 85%.
Além disso, o princípio da proporcionalidade partidária reina na distribuição de cargos – portanto, de poder – dentro do parlamento. Em outras
palavras, os partidos contam: tanto para dar um rumo às votações (que nada mais são do que o espelho de preferências políticas) quanto para
organizar a estrutura interna do Legislativo. Mesmo havendo um grande número de partidos, eles estão organizados em blocos, e cerca de 5
ou 6 detêm maioria. Portanto, excesso de partidos, para esses estudiosos, não é exatamente o problema. Ao contrário, a diversidade é importante do
ponto de vista da legitimidade do Congresso: a representação é plural e reflete a diversidade cultural e social do país, dando especial voz às minorias.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 9/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Outro argumento é que, embora a mudança constante de legendas dentro do Congresso seja uma realidade, as trocas partidárias se dão dentro de
um espectro ideológico (centro-esquerda, centro-direita), e raramente se observam mudanças de um político que vá da direita para a esquerda ou
vice-versa. A dança das cadeiras, nesse sentido, não trai o eleitor, porque as mudanças não são radicais. Por último, alguns autores assinalam que,
como o sistema é centrado no Presidente da República, a clivagem mais importante não é entre partidos, ou entre executivo e legislativo, mas entre
base de governo versus oposição. Essa clivagem é a que define o comportamento parlamentar.
Em suma, o custo de se manter o sistema é o mesmo de um sistema parlamentarista multipartidário (governos minoritários têm de negociar posições
e dividir poder, o que não é algo exclusivo do sistema brasileiro). Reformas que deem poder demasiado às direções partidárias, ao contrário do efeito
pretendido, concentrariam o poder nas mãos de poucos e levariam à burocratização da vida político-partidária, prejudicando ainda mais os eleitores.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 10/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Conclusão
Os partidos políticos se diferenciavam pouco no século XIX e mesmo no início do século XX. Na década de 30, havia uma concentração em Minas
Gerais e São Paulo; mas, de fato, estiveram organizados nacionalmente somente no pós-46;
no período democrático de 1946-64, os partidos continuaram a existir a partir da ação do Estado - ou seja, não se organizaram autonomamente a
partir da sociedade civil. Isso deu a eles contornos pouco definidos; entretanto, à medida que foram se diferenciando e polarizando, criou-se uma
situação propícia ao golpe militar de 64;
durante o regime militar, o sistema partidário foi reduzido - do multipartidarismo para o bipartidarismo (ARENA e MDB). As eleições e a participação
política não foram eliminadas totalmente, mas houve forte cerceamento das atividades político-partidárias, com cassações e limitações à liberdade
de associação e de expressão;
na nova ordem pós-1988, o país retorna ao sistema multipartidário. São hoje mais de 30 partidos políticos registrados, diversos com assentos no
Congresso Nacional. A fragmentação excessiva, segundo alguns estudiosos, é um impedimento à governabilidade (dificulta a ação do poder
executivo); entretanto, os defensores do sistema acreditam que a diversidade partidária garante maior participação da minoria, sem impedir que
decisões de governo sejam tomadas.
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 11/12
20/10/2020 Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado
não influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo.
Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!
https://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=46868 12/12