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AÇÕES CONSTITUCIONAIS

I – HABEAS CORPUS

O habeas corpus é uma garantia individual que abrange o direito de ir e vir que,
quando concedida pelo Poder Judiciário, cessa a ameaça ou a efetiva privação à liberdade de
locomoção.

Em sua origem, o habeas corpus não era limitado apenas ao direito de ir e vir, mas
aplicado em geral sobre questões que envolviam o devido processo legal, inclusive em matéria
civil. Tinha-se a chamada “DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS CORPUS”, que alargava as
possibilidades de utilização do instrumento.

Entretanto, a Constituição de 1988, seguindo a limitação da EC de 1926, prevê sua


aplicação apenas quando se tratar de violação à liberdade de locomoção.

Diz o art. 5º, LXVIII da Constituição Federal:

“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar


ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

IMPORTANTE:
 A palavra alguém no dispositivo acima quer dizer qualquer pessoa física,
nacional ou estrangeira (Ver STF, HC 92.921/BA).

 O art. 5º, LXVIII, CF/88 é norma de eficácia contida, ou seja, é possível que lei
ordinária delimite sua amplitude.

 Em razão de se tratar de cláusula pétrea, conforme dispõe o art. 60, §4º, IV,
CF/88, o habeas corpus não pode ser suprimido do ordenamento jurídico
pátrio. No entanto, tendo em vista a previsão do Estado de Defesa (art. 136,
CF/88) e do Estado de Sítio (art. 139, CF/88), é possível a diminuição do
âmbito de atuação do remédio constitucional em razão de tais medidas
permitirem uma maior restrição legal à liberdade de locomoção.

NATUREZA JURÍDICA

Ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas que


tem por objeto evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”.1

A liberdade de locomoção deve ser interpretada de forma ampla, para impedir


qualquer medida que possa constranger a liberdade de ir e vir, sendo possível, dessa maneira,

1
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª edição, p. 134. Editora Atlas.
a impetração de HC contra instauração de inquérito policial para tomada de depoimentos,
contra o recebimento de denúncia, contra sentença condenatória, etc.

REGRAS GERAIS

O autor da ação é chamado de impetrante e o indivíduo em favor do qual é impetrado


o HC se chama paciente (podendo ser a mesma pessoa); a autoridade que pratica a ilegalidade
ou abuso de poder é chamada autoridade coatora ou impetrado. O habeas corpus é gratuito
e, portanto, isento de custas e pode ser impetrado sem advogado, não sendo necessária a
observância de nenhuma formalidade processual. Pode ser impetrado, além de seus motivos
ordinários (sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção) “para trancar ação penal ou inquérito policial, bem como em face de particular,
como no clássico exemplo de hospital psiquiátrico que priva o paciente de sua liberdade de ir e
vir, ilegalmente, atendendo a pedidos desumanos de filhos ingratos que abandonam seus
pais”2.

Trata-se de ação sumaríssima e, por isso, exige prova pré-constituída, não sendo
possível a dilação probatória.

O juiz ou Tribunal, no momento de apreciação do habeas corpus, também chamado de


writ, não se encontra vinculado à causa de pedir ou pedido. É possível o afastamento de
qualquer ato ilegal relacionado à causa daquele determinado impetrante ou paciente,
conforme se depreende do art. 654, §2º, CPP.

Nesse sentido é a jurisprudência da Corte Suprema que admite, ainda, a concessão de


habeas corpus de ofício:

SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – HABEAS CORPUS – ORDEM DE OFÍCIO –


POSSIBILIDADE. A observância do instituto da supressão de instância
visa beneficiar e não prejudicar a parte. Em se tratando de
ilegalidade a alcançar o direito de ir e vir, possível é o implemento
da ordem de ofício. (STF, 1ª Turma, HC 114.464/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, DJe 30.10.2013) (Grifos nossos)

É possível a concessão de medida liminar, permitindo ao paciente a expedição do


salvo-conduto ou da ordem liberatória em caso de urgência antes mesmo do processamento
do habeas corpus, havendo periculum in mora e fumus boni iuris.

IMPORTANTE:
 O impetrante ou paciente pode desistir da ação de habeas corpus.

 Não é possível a intervenção do assistente da acusação no processo de habeas


corpus.

ESPÉCIES

O habeas corpus pode ser:

2
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª edição, p. 1.145. Editora Saraiva.
 Preventivo (salvo-conduto): quando a pessoa se encontra ameaçada de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso
de poder. Dessa forma, o habeas corpus tem por finalidade impedir a prisão ou
detenção desta pessoa. (Ver STj, AgRg no HC 179.378/MG);

 Liberatório ou repressivo: quando a pessoa já estiver sofrendo violência ou


coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder e
tem por finalidade fazer cessar o ato;

LEGITIMIDADE ATIVA

Qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, independentemente de capacidade civil ou


política, pode fazer uso do habeas corpus em beneficio próprio ou alheio.

Quanto à possibilidade de impetração de HC por pessoa jurídica em favor de pessoa


física, há divergência doutrinária e jurisprudencial. No RHC 3.716-41/PR, por exemplo, o STJ
entendeu pela legitimidade da pessoa jurídica.

O Ministério Público pode impetrar HC em favor de terceiro. Ao contrário, não pode o


magistrado assim proceder, sendo possível, entretanto, a concessão de HC de ofício.

LEGITIMIDADE PASSIVA

É da chamada “autoridade coatora”. Aquele que deve figurar no polo passivo da ação
de habeas corpus pode ser autoridade (nas hipóteses de ilegalidade ou abuso de poder) ou
particular (apenas em caso de ilegalidade).

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO

 Supremo Tribunal Federal: originariamente, quando o paciente for o


Presidente ou Vice-Presidente da República, membros do Congresso Nacional,
Ministros do STF, Procurador da República, Ministros de Estado, Comandantes
do Exército, Aeronáutica e Marinha, membros dos Tribunais Superiores, do
Tribunal de Contas da União e chefes de missão diplomática de caráter
permanente (art. 102, I, d, CF/88); originariamente, quando a autoridade
coatora for Tribunal Superior “ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição
do STF, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância
(STF)” (art. 102, I, i, CF/88);

 Superior Tribunal de Justiça: originariamente, quando a autoridade coatora


for Governadores dos Estados e do Distrito Federal, desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais (art. 105, I, c,
CF/88), Ver STF, HC 78.418/RJ e HC 787.566/SP; em recurso ordinário, quando
o HC for decidido em única ou última instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, em
que a decisão for denegatória (art. 105, II, a, CF/88);

 Tribunal Regional Federal: originariamente, quando a autoridade coatora for


juiz federal (art. 108, I, d, CF/88) ou Procurador da República; em grau de
recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
exercício da competência federal da área de sua jurisdição (art. 108, II, CF/88);

 Tribunal de Justiça: ato ilegal imputado a promotor de justiça (MP), conforme


se depreende dos arts. 96, III e 125, §1º, CF/88 e ato da Turma Recursal dos
Juizados Especiais Criminais, conforme decidido no HC 86.834/SP, STF;

 Juízes Federais: em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição (art. 109, VII, CF/88);

 Justiça Eleitoral: quando o ato impugnado tiver sido denegado pelo TRE ou
TSE (art. 121, §§3º e 4º, V c/c art. 105, I, c, CF/88).

OBSERVAÇÕES

1. Quando o habeas corpus é concedido com base em motivos exclusivamente


não pessoais, pode ser estendido aos corréus, conforme disciplina o art. 580,
CPP (Nesse sentido, STJ, HC 147.903/BA e HC 1.005/RJ).

2. O habeas corpus pode ser admitido mediante fax, entretanto, seu


conhecimento depende da ratificação pelo impetrante no prazo estabelecido
para apresentação do documento original (Ver STF, HC 74.221/AL e STJ, HC
1.172-0/SC).

3. Não é possível impetração de habeas corpus contra decisão do Supremo


Tribunal Federal (Ver STF, 74.507-5).

4. Havendo empate no julgamento do habeas corpus, será aplicada a decisão


mais benéfica ao paciente (Ver STF, HC 113.518/GO).

5. Muito embora não seja permitida a impetração de habeas corpus para análise
de mérito das punições disciplinares militares, é possível o exame pelo Poder
Judiciário dos pressupostos de legalidade (Ver STF, HC 70.648).

ATENÇÃO: o habeas corpus não pode ser utilizado para:

i. Correção de inidoneidade que não resulta na ameaça ou coação do direito de


locomoção – p. ex: questionar pena pecuniária (Súmula 693, STF3); quando extinta a

3
“Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.”
pena privativa de liberdade (Súmula 695, STF4). Ver STF, HC 119.060/RS; HC
110.946/RS; e RHC 107.855 AgR/DF;
ii. Trancamento de processo administrativo (Ver STF, HC 100.664/DF);
iii. Sustar decisão judicial que determina afastamento liminar de cargo público (Ver STF,
HC 110.537 AgR/DF);
iv. Reexame da análise probatória (Ver STF, HC 118.381/SP) ou de dilação probatória para
reparar erro judiciário (Ver STF, HC 68.397-5/DF e STJ, HC 153.670/MG). Sendo assim,
não pode ser empregado para anular sentença com trânsito em julgado por
contrariedade às provas dos autos, devendo ser usado para isso a revisão criminal (Ver
STJ, HC 122.094/SP). Admite-se, excepcionalmente, o writ para corrigir erro manifesto
da sentença quanto à fixação da pena (Ver STJ, HC 138.190/SP).

IMPORTANTE: Em se tratando de paciente preso, o habeas corpus é medida adequada


quando a liberdade de locomoção do preso for tolhida por abusivo excesso de prazo para o
encerramento da instrução processual penal (Ver STJ, 3.833/PE). Dessa forma, não é
considerado constrangimento ilegal, sanável por meio de habeas corpus, os seguintes casos:

i. Excesso de prazo em decorrência da complexidade e gravidade da instrução


processual penal (Ver STJ, RHC 42.307/MG), por exigência da defesa no arrolamento
de testemunhas que residem em comarcas distintas (Ver STJ, RHC 2.434-7/PB), ou
devido ao grande número de réus (Ver STJ, RHC 1.818/PA), acasos justificáveis, ou
ainda mais quando a instrução teve andamento regular (Ver STJ, HC 264.693/PA e STF,
HC 71.371-8/PE);
ii. A dúvida sobre a competência para o processo e julgamento já tiver sido resolvida (Ver
STJ, RHC 2.424-4/RJ);
iii. Greve de serventuários da justiça (Ver STJ, HC 736/RJ).

II – HABEAS DATA

O habeas data é o remédio constitucional que assiste às pessoas que solicitarem


judicialmente o acesso aos registros públicos e privados nos quais contenham seus dados
pessoais para seu conhecimento e, sendo necessária, a retificação dos dados equivocados.

Tem por finalidade, conforme disciplina José Afonso da Silva:

“(...) proteger a esfera íntima dos indivíduos contra: (a) usos abusivos
de registros de dados pessoas coletados por meios fraudulentos,
desleais ou ilícitos; (b) introdução nesses registros de dados sensíveis
(assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou
religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual etc.); (c)
conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em
lei.”5

Diz o art. 5º, LXXII da Constituição Federal:

4
“Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.”
5
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª edição, p. 456. Editora
Malheiros.
“Conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo.”

NATUREZA JURÍDICA

“Ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a
proteção do direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e
registros relativos a sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis
ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais”6, seja atualizando, corrigindo ou
suprimindo-os quando incorretos.

REGRAS GERAIS

É regulamentado pela Lei 9.507/97 e permite o acesso e retificação apenas dos dados
pessoais do impetrante (não pode ser utilizado para o conhecimento de atos de terceiros,
como regra)7.

Para que seja cabível o habeas data, é necessária a negativa da via administrativa à
solicitação de acesso às informações, sob pena de inexistir interesse de agir se não
movimentada anteriormente (Ver STF, HD 22/DF; HD 75-9/DF e Súmula 2, STJ8). Nesse
sentindo consta a previsão do art. 8º da Lei 9.507/97:

“A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a


285 do Código de Processo Civil será apresentada em duas vias, e os
documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia
na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez
dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de
quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4°
ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.”

Não se confunde com o direito de obter certidões ou informações de interesse


particular ou geral, tendo em vista que no caso de negativa do citado direito será cabível a
impetração de mandado de segurança; o habeas data é utilizado apenas quando se tratar de
informação pessoal do impetrante.

6
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª edição, p. 149. Editora Atlas.
7 Exceção: há precedentes do STF admitindo a impetração de habeas data por parentes de
pessoa falecida, para o conhecimento de informações a ele relativas (vide RE 589.257).
8
Não cabe o habeas data (CF, art. 5, LXXII, letra "a") se não houve recusa de informações por
parte da autoridade administrativa.
A ação é gratuita, assim como o procedimento administrativo para o mesmo fim.

LEGITIMIDADE ATIVA

Pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira para
pleitear informações relativas ao próprio impetrante, e não de terceiros.

LEGITIMIDADE PASSIVA

O polo passivo será ocupado conforme a natureza jurídica do banco de dados,


podendo figurar as entidades governamentais, da administração pública direta e indireta, as
instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem serviços públicos, dentre
outras.

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO

 Supremo Tribunal Federal: habeas data contra atos do Presidente da República, das
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da
União, do Procurador-Geral da República e do próprio Tribunal (art. 102, I, d, CF/88); e
recurso ordinário contra decisão denegatória de habeas data decidido em única
instância pelos Tribunais Superiores (art. 102, II, a, CF/88); e habeas data ajuizado em
face dos Conselhos Nacionais da Justiça e do Ministério Público (art. 102, I, r, CF/88);

 Superior Tribunal de Justiça: habeas data contra atos de Ministros de Estado, dos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio Tribunal (art.
105, I, b, CF/88);

 Tribunal Superior Eleitoral: recurso ordinário contra decisão denegatória de habeas


data dos Tribunais Regionais Eleitorais (art. 121, §4º, V, CF/88);

 Tribunais Regionais Federais: habeas data contra atos do próprio Tribunal ou de juiz
federal (art. 108, I, c, CF/88);

 Juízes federais: habeas data contra ato das demais autoridades federais (art. 109, VIII,
CF/88);

 Justiça do trabalho: habeas data de ato que envolva matéria sujeita a sua jurisdição
(art. 114, IV, CF/88);

 Justiça estadual: todos os demais casos.

III – MANDADO DE SEGURANÇA

O mandado de segurança é uma criação nacional e foi introduzido no nosso


ordenamento restringindo o alcance do habeas corpus, com a Emenda Constitucional de 1926.
Veja-se o art. 5º, LXIX da Constituição Federal:

“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.”

ATENÇÃO: por direito líquido e certo se entende àquele capaz de ser comprovado
inicialmente por documentação precisa, não sendo possível a dilação probatória. Destaque-se
que o simples fato de haver controvérsia jurídica sobre o direito não impede que ele seja
líquido e certo; o importante, para tal fim, é a sua possibilidade de comprovação de plano, sem
a necessidade de dilação probatória.

Súmula n.º 625/STF – “Controvérsia sobre matéria de direito não


impede concessão de mandado de segurança.”

Veja-se, ainda, o art. 1º da Lei 12.016/09, lei que disciplina o mandado de segurança,
que complementa o disposto acima:

“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre
que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte
de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.”

Dessa forma, fica claro o conceito de mandado de segurança como um remédio


constitucional residual, à disposição de pessoas físicas ou jurídicas para proteção de direito
individual ou coletivo, líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão por ato vinculado ou
discricionário de autoridade.

NATUREZA JURÍDICA

Uma ação constitucional, de natureza civil, “cujo objeto é a proteção de direito líquido
e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”9. Muito embora se trate de uma
ação de natureza civil, é possível a impetração de mandado de segurança em matéria criminal,
inclusive contra ato de juiz criminal.

REGRAS GERAIS

O mandado de segurança terá cabimento quando preenchidos quatro requisitos:

1. Ato comissivo ou omissivo de autoridade praticado pelo Poder Público ou por


particular decorrente de delegação do Poder Público;
2. Ilegalidade ou abuso de poder;

9
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª edição, p. 160. Editora Atlas.
3. Lesão ou ameaça de lesão;
4. Proteção a direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data,
tendo em vista seu caráter subsidiário.

A impetração do MS deve ocorrer no prazo de 120 dias a partir do momento em que o


interessado tiver conhecimento do ato que quer impugnar (art. 23 da Lei 12.016/09). Esse
prazo é decadencial e, portanto, não se suspende nem se interrompe. Em se tratando de MS
preventivo não há que se falar do prazo decadencial.

É possível a concessão de medida liminar em MS sempre que preenchidos os requisitos


necessários (Ver STF, Adin 975-3 e STJ, REsp 52.881/RJ), com exceção do disposto no §2º do
art. 7º da Lei 12.016/09 (compensação de créditos tributários, entrega de bens e mercadorias
provenientes do exterior, etc.)

A Lei 12.016/09 prevê em seu art. 5º algumas hipóteses de não cabimento do


mandado de segurança. Veja-se:

“Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado10.”

Essa norma deve ser interpretada “como regra relativa possível de afastamento
sempre que as previsões legais não forem suficientes para a proteção do direito líquido e certo
do impetrante, garantidos constitucionalmente”11.

Não é cabível, também, o remédio constitucional contra lei ou ato normativo em tese
(Súmula 266, STF), exceto se conduzirem verdadeiros atos administrativos, produzindo efeitos
concretos individualizados (Ver STJ, 17.295-0/CE).

Por fim, prevê a Lei 12.016/09 no §2º do art. 1º:

“Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial


praticados pelos administradores de empresas públicas, de
sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço
público.”

ESPÉCIES

O mandado de segurança pode ser repressivo, contra uma ilegalidade já cometida ou


preventivo, quando houver uma ameaça de violação de direito de líquido e certo. Em ambos
os casos será necessária a apresentação prévia documental do direito, conforme determina o
art. 6º da Lei 12.016/09:

10
Súmula 268, STF: não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.
11
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª edição, p. 162. Editora Atlas.
“Art. 6º. A petição inicial, que deverá preencher os requisitos
estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias
com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica
que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce
atribuições.”

LEGITIMIDADE ATIVA

É do titular do direito líquido e certo, podendo ser pessoa física ou jurídica, nacional ou
estrangeira, além das universalidades reconhecidas por lei (como o espólio e a massa falida) e
dos órgãos públicos despersonalizados (chefia do Poder Executivo, Mesas do Congresso,
Senado, Câmara, Ministério Público, por exemplo). Determina, ainda, o art. 3º da Lei
12.016/09:

“O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em


condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de
segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no
prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.”

LEGITIMIDADE PASSIVA

É a autoridade coatora que pratica ou ordena a execução ou inexecução do ato; é


aquele que detém a competência para corrigir a ilegalidade. A jurisprudência está pacificada
no sentido de a indicação equivocada da autoridade coatora resultar na extinção do processo
sem julgamento de mérito por falta de uma das condições da ação, exceto quando a
autoridade pertencer a mesma pessoa jurídica de direito público (Ver, STJ AgRg no REsp
1.400.114/PB e AgRg no RMS 39.688/PB). Dessa forma, a pessoa jurídica de direito público
sempre será parte legítima para ingressar na lide a qualquer momento, em razão de suportar o
ônus da decisão (Ver STJ, REsp 135.988/CE). Em razão da sua importância, veja-se o §1º do art.
1º da Lei 12.016/09:

“Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os


representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas
jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas atribuições.”

IMPORTANTE:
 Quando se tratar de MS impetrado contra ato de Promotor de Justiça, será
competente para processamento e julgamento o juízo monocrático, diferente
do que ocorre no habeas corpus (Ver STJ, CC 14.396-0/DF).

 No MS impetrado pelo Ministério Público contra decisão judicial favorável ao


réu, este deve ser chamado a intervir no processo como litisconsorte passivo
necessário (Ver STF, HC 75.853/SP).
 TEORIA DA ENCAMPAÇÃO: Pode ser aplicada quando, apesar de
erroneamente indicada a autoridade coatora, há a defesa do ato impugnado
(Exemplo: a parte indica como autoridade coatora o Prefeito, quando na
verdade o responsável pelo ato é o Secretário de Saúde, mas o prefeito vai lá e
defende o ato do secretário). De acordo com o STJ (Informativo 397), para se
aplicar a teoria de encampação em mandado de segurança, é necessário que
sejam preenchidos os seguintes requisitos:
1-manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas.
2-existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado;
3-ausência de modificação de competência para o julgamento do MS.

COMPETÊNCIA

A competência é definida conforme a hierarquia da autoridade coatora. Ainda, quanto


ao ente federativo, determina o art. 2º da Lei 12.016/09: “Considerar-se-á federal a autoridade
coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado
houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada”. Os tribunais têm
competência para processar e julgar os mandados de segurança impetrados contra seus atos e
omissões (Ver STF 22.485-1/RS); esse é o entendimento jurisprudencial do STF e do STJ12. Em
relação aos Juizados Especiais, a Turma Recursal tem competência para o julgamento de MS
impetrado contra seus atos ou contra decisão de juiz do Juizado Especial.

OBSERVAÇÕES

1. O Pleno do STF já entendeu que o impetrante pode desistir do mandado de


segurança a qualquer tempo, sem anuência da parte contrária, mesmo após
decisão de mérito favorável sem trânsito em julgado (Ver STF, RE 669.367). No
entanto, caso tenha sido reconhecida repercussão geral sobre a questão
jurídica discutida no processo, o mesmo tribunal entende que não é possível
a desistência, pois haveria um interesse público em seu julgamento (STF, RE
693456).

“O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem no sentido de não


admitir a desistência do mandado de segurança, e afirmou a
impossibilidade de desistência de qualquer recurso após o reconhecimento
de repercussão geral da questão constitucional, vencido o Ministro Marco
Aurélio, que admitia a possibilidade de desistência.” (RExt: 693.456)

2. O direito de se obter certidões não se confunde com o direito de obter


informações. Dessa forma, havendo negativa ao fornecimento de informações
englobadas pelo direito de certidão haverá lesão a um direito líquido e certo,
sendo cabível mandado de segurança (Ver STJ, RMS 5.1951/SP e RMS
3.7355/MG).

3. De acordo com a Súmula 271 do STF, o mandado de segurança não produz


efeitos pecuniários em relação a valores PRETÉRITOS, os quais deverão ser
buscados administrativamente ou através de uma ação judicial própria.

12
Súmula 41, STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar,
originariamente, mandado de segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos.
STF, Súmula 271: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais
em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.

Na mesma linha, há o entendimento de que o MS não pode ser utilizado como


substitutivo da ação de cobrança:

STF, Súmula 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

No entanto, é possível sim que haja a condenação ao pagamento de valores


em MS, desde que se refiram a parcelas vencidas APÓS o ajuizamento da ação.
Veja como o tema foi cobrado na recente prova da PFN 2015:

(ESAF – PGFN – 2015) Consoante o enunciado 269 da súmula da jurisprudência do STF, “o mandado de
segurança não é substitutivo de ação de cobrança”. Em razão deste entendimento, pode-se afirmar que:
a) não se admite a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor (RPV) em mandado de
segurança, devendo o impetrante buscar as vias ordinárias para obter os efeitos patrimoniais do seu direito.
b) nos mandados de segurança impetrados perante o juizado especial federal, admite-se a execução de
parcelas pretéritas à impetração.
c) a execução contra a Fazenda Pública dos honorários de sucumbência constitue exceção ao enunciado
269 do STF, havendo expressa previsão de seu cabimento no mandado de segurança.
d) apesar do entendimento plasmado no enunciado 269, admite-se a execução contra a Fazenda Pública de
valores devidos entre a impetração e o trânsito em julgado, seguindo-se a sistemática do precatório ou da
requisição de pequeno valor (RPV).
e) como o mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança, a sua impetração não interfere
na prescrição de eventuais pretensões patrimoniais decorrentes da concessão da segurança.
Gabarito: D

3.1 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Diz o art. 5º, LXX da Constituição Federal:

“O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a)


partido político com representação no Congresso Nacional; b)
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou associados.”

Dessa forma, nota-se a intenção de aumentar a abrangência do âmbito de proteção


aos direitos e garantias individuais, facilitando o acesso a juízo ao permitir que “pessoas
jurídicas defendam o interesse de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade como
um todo, no caso dos partidos políticos, sem necessidade de um mandato especial”13.

Além daquilo que é objeto do mandado de segurança individual, é possível no


mandado de segurança coletivo a proteção de direitos coletivos em sentido estrito e interesses
individuais homogêneos, desde que líquidos e certos da totalidade.

Direitos coletivos em sentido estrito  conforme descrito no art. 51, parágrafo


único, inciso I da Lei 12.016/09: “coletivos, assim entendidos, para efeito desta
Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou

13
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª edição, p. 171. Editora Atlas.
categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação
jurídica básica”.
Interesses individuais homogêneos  conforme descrito no art. 51, parágrafo
único, inciso II da Lei 12.016/09: “individuais homogêneos, assim entendidos, para
efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante”.

Veja-se, ainda, o art. 21 da Lei 12.016/09, que complementa o disposto acima:

“O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido


político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus
interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma
dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.”

LEGITIMIDADE ATIVA

Conforme já destacado, cabe aos (i) partidos políticos com representação no


Congresso Nacional (existência de pelo menos 1 parlamentar em qualquer das Casas
Legislativas) para defender seus filiados em questões políticas, conforme estabelece o art. 21
da Lei 12.016/09; (ii) e organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituídas para pleiteio da defesa dos interesses dos seus membros ou associados, devendo
haver pertinência temática entre o objeto da ação e os objetivos institucionais14 e independe
da autorização dos associados (Súmula 629, STF). No caso das associações, é necessário que
comprovem funcionamento há pelo menos 1 ano (Ver STF, RE 198.919/DF).

ATENÇÃO: é possível, ainda, a impetração de mandado de segurança por parlamentar


contra tramitação de projeto de lei ou proposta de emenda constitucional que não se
compatibilizam com o processo legislativo regular (Ver STF, MS 24.642).

BENEFICIÁRIOS

Não é necessário constar na petição inicial os nomes de todos os impetrantes, sendo


analisada a situação de cada um no momento da execução da sentença. Dessa forma, serão
beneficiários todos os associados que estiverem na situação descrita na inicial,
independentemente de terem ingressado antes ou depois da impetração do MS.

L12016, Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa


julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo
impetrante.

14
O STF, no entanto, já decidiu pela ampla legitimidade, ou seja, não precisa haver pertinência
temática no RE 181.438-1/SP.
ATENÇÃO: a impetração do mandado de segurança coletivo não impede a utilização
do MS individual ou vice-versa. No entanto, para ser beneficiado pelo MS coletivo, o
impetrante individual deverá requerer a desistência do seu mandado de segurança no prazo
de 30 dias, contados de sua ciência da impetração coletiva (L12016, Art. 22, §1º).

L12016, Art. 22, § 1o O mandado de segurança coletivo não induz


litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não
beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de
seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração da segurança coletiva.

§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida


após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público,
que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

IV – MANDADO DE INJUNÇÃO

A Constituição de 1988, junto com o mandado de segurança coletivo e o habeas data,


introduziu no ordenamento pátrio a figura do mandado de injunção, com a finalidade de
impedir que a falta de norma regulamentadora inviabilize o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas essenciais à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Diz o art. 5º, LXXI da Constituição Federal:

“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.”

NATUREZA JURÍDICA

Ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que tem por objeto
suprir uma omissão do Poder Público, com a finalidade de viabilizar o exercício de um direito,
uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal.

REGRAS GERAIS

Muito embora não exista lei que discipline o mandado de injunção, o STF já decidiu
pela autoaplicabilidade do mandamento acima em razão das normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais terem aplicação imediata (Ver STF, MI 107).

Por inexistir lei reguladora, deverão ser observadas as normas do mandado de


segurança no que couber (Lei 12.016/09). Quanto à concessão de medida liminar, o STF possui
entendimento pacificado pela sua impossibilidade (Ver STF MI 536-2/MG). No Regimento
Interno do STJ, o MI tem prioridade sobre os demais processos, exceto sobre habeas corpus,
habeas data e mandado de segurança.
Os requisitos para a impetração do MI são: ausência de norma reguladora de uma
previsão constitucional (omissão total ou parcial) e, consequentemente, a inviabilização do
exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas essenciais à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Nesse sentido, não cabe Mandado de Injunção para (i) alteração de lei ou ato
normativo já existente supostamente incompatível com a Constituição (STF, MI 79-4/DF); (ii)
pleitear uma determinada interpretação à aplicação de legislação infraconstitucional (STJ, MI
003/RJ).

LEGITIMIDADE ATIVA

Qualquer pessoa, física ou jurídica (inclusive de direito público – Ver STF, MI 725) cujo
exercício de um direito, liberdade ou prerrogativa essencial à nacionalidade, à soberania e à
cidadania esteja sendo inviabilizado em razão da omissão legislativa, sendo possível ainda a
impetração de mandado de injunção coletivo (Ver STF, MI 20/DF).

LEGITIMIDADE PASSIVA

Será sempre o Poder Público, eis que possuem unicamente a competência para
emanar provimentos normativos. Se a omissão for legislativo federal, o polo passivo deve ser o
Congresso Nacional, exceto em caso de iniciativa do Presidente da República, contra quem
será impetrado o MI.

COMPETÊNCIA

Conforme determina a Constituição Federal, cabe ao

(i) Supremo Tribunal Federal: originariamente, quando a norma for de atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, da Mesa de uma das Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da
União, de um dos Tribunais Superiores do próprio Supremo Tribunal Federal (art.
102, I, q, CF/88); em recurso ordinário, o MI decidido em única instância pelos
Tribunais Superior quando denegatória a decisão (art. 102, II, a, CF/88);

(ii) Superior Tribunal de Justiça: quando a norma for de atribuição de órgão, entidade
ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do STF, dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça
do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I, h, CF/88);

(iii) Tribunal Superior Eleitoral: em grau de recurso quando o MI for denegado pelo
TRE (art. 121, §4º, V, CF).

DECISÃO E EFEITOS DO MANDADO DE INJUNÇÃO: cabe visualizar o quadro abaixo:


GERAL
CONCRETISTA  DIRETA
INDIVIDUAL 
POSIÇÕES
INTERMEDIÁRIA

NÃO CONCRETISTA

Pela posição CONCRETISTA, o Tribunal profere uma decisão constitutiva, declarando a


omissão e implementando o exercício do direito, da liberdade ou prerrogativa constitucional
até que sobrevenha a devida regulamentação. Nesse sentido, a posição CONCRETISTA GERAL,
defende que essa decisão terá efeitos erga omnes, ou seja, produção de efeitos para todos,
inclusive aqueles que não estão envolvidos diretamente no MI. Pela posição CONCRETISTA
INDIVIDUAL, a decisão só terá efeitos para o impetrante do MI, subdividindo-se, ainda, em: (i)
CONCRETISTA INDIVIDUAL DIRETA, a eficácia da normal constitucional é implementada
imediatamente ao julgamento procedente do MI; (ii) CONCRETISTA INDIVIDUAL
INTERMEDIÁRIA, o Tribunal implementa um prazo para o Congresso Nacional produzir a
norma e, ao término desse prazo, não havendo a devida elaboração, o Tribunal fixa as
condições necessárias para o exercício do direito pelo impetrante.

Pela posição NÃO CONCRETISTA, apenas se reconhece formalmente a inércia do Poder


Público, não viabilizando o exercício do direito, da liberdade ou prerrogativa constitucional
prevista, dando-se, apenas, ciência ao poder competente para edição da norma.

O Supremo Tribunal Federal historicamente sempre seguiu a posição não concretista.


No entanto, a partir de 2007, modificou seu entendimento e, atualmente, oscila entre a
posição concretista geral (Ver STF, MI 708/DF) e a posição concretista individual (Ver STF, MI
1967/DF).

V – AÇÃO POPULAR

Diz o art. 5º, LXXIII da Constituição Federal:

“Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que


vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.”

NATUREZA JURÍDICA

Nas palavras de José Afonso da Silva, é um

“instituto processual civil, outorgado a qualquer cidadão como


garantia político-constitucional (ou remédio constitucional), para a
defesa do interesse da coletividade, mediante a provocação do
controle jurisdicional corretivo de atos lesivos do patrimônio público,
da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio
histórico e cultural”.

REGRAS GERAIS

A ação popular é disciplinada pela Lei 4.717/65, e é uma forma de exercício da


soberania popular, permitindo diretamente ao povo cumprir a função de fiscalização sobre o
Poder Público. Ela pode ser usada de forma preventiva, quando ainda não ocorreu o ato
lesivo, ou repressiva, com a finalidade de buscar o ressarcimento do dano causado. Sendo
assim, a finalidade de ação popular é a defesa de interesses difusos por parte dos cidadãos.

Possui o requisito (i) subjetivo, apenas o cidadão tem legitimidade para propositura;
(ii) objetivo, o ato impugnado deve ser lesivo ao patrimônio público, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural por ilegalidade ou imoralidade ou que contenham vício de
forma, desvio de finalidade ou tenha sido praticado por autoridade incompetente.

É necessário o patrocínio de advogado na propositura da ação popular (Ver STF, AO


1531/RS). Mas o autor é isento de custas e do ônus da sucumbência, exceto se comprovada a
má fé.

Há a possibilidade de concessão de liminar se presentes os requisitos necessários


(periculum in mora e fumus boni iuris).

A decisão tem efeito desconstitutivo-condenatório, em que ao mesmo tempo anula o


ato impugnado e condena os responsáveis e beneficiários em perdas e danos.

Se julgada procedente, a decisão tem os seguintes efeitos: (i) invalidade do ato; (ii)
condenação dos responsáveis e beneficiários em perdas e danos; (iii) condenação dos réus às
custas e despesas com a ação e em honorários advocatícios; (iv) produção de efeitos erga
omnes.
Se julgada improcedente por ser infundada, os efeitos da coisa julgada serão erga
omnes, permanecendo válido o ato; se julgada improcedente em razão de deficiência
probatória, os efeitos não serão erga omnes e, mesmo mantendo a validade do ato, poderá ser
ajuizada nova ação popular (trata-se da chamada “COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM
PROBATIONIS”).

LEGITIMIDADE ATIVA

Todo cidadão brasileiro nato ou naturalizado no gozo de seus direitos políticos. Se


estes forem declarados perdidos ou suspensos após o ajuizamento da ação popular, não será
obstáculo para seu prosseguimento. O cidadão, autor da ação popular, é substituto processual,
pois defende em juízo, em seu próprio nome, um interesse difuso, pertencente à coletividade.
Não está disponível às pessoas jurídicas15, e nem pode ser ajuizada pelo Ministério Público.
Este último, no entanto, atuará obrigatoriamente como “custos legis” e poderá dar
seguimento à ação em caso de desistência do autor. Caso também haja inércia em relação à
execução da sentença, poderá o MP promovê-la.

15
Súmula 365, STF: “pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”.
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados
editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer
cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias
da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda
instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. o representante do
Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.

LEGITIMIDADE PASSIVA

Os sujeitos passivos serão o agente que praticou o ato, os beneficiários e a entidade


lesada, ou seja, é necessária a citação da pessoa jurídica em nome da qual foi praticado o ato a
ser anulado, conforme determinação do art. 6º, §2º da Lei 4.717/65. A pessoa jurídica de
direito público pode se abster de contestar a ação e atuar ao lado do autor, se útil ao interesse
público (art. 6º, §3º da Lei 4.717/65 -> é o que alguns autores chamam de “legitimação
bifronte” da pessoa jurídica de direito público).

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde
que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou
dirigente.

COMPETÊNCIA

Será determinada pela origem do ato a ser anulado, aplicando-se as regras gerais de
competência. “Cabe alerta que ‘a competência para julgar ação popular contra ato de
qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, em regra, do juízo
competente de primeiro grau”16.

Cabe, entretanto, ao STF o julgamento da ação quando: (i) as causas e os conflitos


entre a União e os Estados, a União e do Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta; (ii) todos os membros da magistratura sejam
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem esteja impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados.

IMPORTANTE:
 Compete à Justiça Comum o julgamento das ações que envolvam o SEBRAE e não à
Justiça Federal, por não se tratar de uma autarquia (STF, RE 414.375/SC);
 O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) não é parte legítima para figurar no
polo passivo da ação popular, por não ser pessoa jurídica (STF, Pet. 3.674/DF);

VI – DIREITO DE CERTIDÃO

Diz o art. 5º, XXXIV da Constituição Federal:

16
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª edição, p. 1.166. Editora Saraiva.
“São a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas:
a) (...)
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.”

Trata-se de um direito líquido e certo para a defesa de um direito, demonstrado o


interesse legítimo. Dessa forma, o Estado tem por obrigação fornecer as informações
solicitadas, salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo (segurança nacional). A negativa
estatal configura o desrespeito a um direito líquido e certo por ilegalidade ou abuso de poder,
passível, dessa forma, de correção por meio do mandado de segurança.

São pressupostos necessários para a utilização do direito de certidão: (i) legítimo


interesse; (ii) ausência de sigilo; (iii) fato/ato já ocorrido.

VII – DIREITO DE PETIÇÃO

Diz o art. 5º, XXXIV da Constituição Federal:

“São a todos assegurados, independentemente do pagamento de


taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) (...).”

Trata-se de uma prerrogativa democrática em prol da defesa da legalidade e do


interesse público geral, que independe da existência de lesão a interesses próprios do
peticionário. Tem por finalidade noticiar fato ilegal ou abusivo ao Poder Público para que
providencie as medidas necessárias ou encaminhe à autoridade competente, quando for o
caso.

Conforme disciplina José Afonso da Silva, o direito de petição

“se reveste de dois aspectos: pode ser uma queixa, uma reclamação,
e então aparece como um recurso não contencioso (não jurisdicional)
formulado perante as autoridades representativas; por outro lado,
pode ser a manifestação da liberdade de opinião e revestir-se do
caráter de uma informação ou de uma aspiração dirigida a certas
autoridades”.17

Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira tem o direito de apresentar


petição aos Poderes Públicos contra ilegalidade ou abuso do poder. A autoridade a quem é
dirigida a petição não pode se escusar de respondê-la, deve, ainda apresentar os motivos que
a levaram a acolher ou não o peticionamento. Do contrário, será cabível mandado de
segurança.

17
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 38ª edição, p. 446. Editora
Malheiros.

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