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Tema: “O Pianista”
1. Introdução
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explanação do lugar do Judaísmo na Europa, tentando-se identificar os aspectos
principais que contribuíram para o desenvolvimento do anti-semitismo em diversas
regiões do continente.
Após essa contextualização histórica, será proposta uma comparação entre esses
problemas históricos e os debates promovidos por Karl Marx e Bruno Bauer no
entardecer da primeira metade do século XIX. A importância desses debates está na
forma como eles se desdobraram nas décadas seguintes, e que vão, por fim, desencadear
no fortalecimento das idéias anti-semitas e nazistas, que dialogam com o tema proposto
pelo filme.
Esta seção pretende abordar em linhas gerais alguns fatos históricos, problemas
religiosos, filosóficos e políticos que contribuíram para o desenvolvimento de um
sentimento de ódio contra os judeus em boa parte das populações de diversas regiões da
Europa, desde a Antiguidade.
Aproximados setenta anos após esse evento, o Império Persa, liderada por Ciro,
dominou o Império Babilônico e permitiu que os judeus voltassem voluntariamente para
sua terra natal. Contudo, muitos judeus decidiram não retornar para Israel, optando por
continuar vivendo na Babilônia (que se tornara uma extensão do Império Persa). Uma
boa parte destes se dispersou por toda região do Oriente Médio, chegando,
posteriormente, ao continente europeu.
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O retorno da população judia a Israel foi marcada pela tentativa da retomada do
estilo de vida religioso e da autonomia política da qual a população judia gozava antes
da invasão babilônica. Estes objetivos nunca foram plenamente alcançados, pois o
Reino de Judá jamais obteve total autonomia política, sendo posteriormente dominado
pelo Império Grego e, mais tarde, pelo Império Romano.
3. Questões religiosas
Os judeus acreditam que são um povo escolhido por Deus, que são separados
dos demais povos, e que possuem a missão especial de obedecer a esse Deus. O
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monoteísmo professado pelos judeus está longe de ser apenas a prática do culto a um
Deus único, em contraste com os cultos politeístas de outros povos. Existe, além disso,
uma forma exclusivista de enxergar a religiosidade. Esse exclusivismo possui alguns
desdobramentos importantes na forma como o judeu encara a realidade, como já foi
dito.
Mais do que uma posição privilegiada, os judeus acreditavam que deviam evitar,
o quanto fosse possível, o contato com os outros povos. Esse tipo de conduta encontra-
se amplamente ensinado no livro sagrado dos judeus, a Torá. Esse livro ensina que, pelo
fato de os outros povos não seguirem os códigos morais, alimentares, familiares e rituais
por ele ensinados, os judeus se tornariam “impuros” caso mantivessem qualquer tipo de
relação com os “gentios”.
Não é difícil imaginar como o monoteísmo exclusivista dos judeus possa ter
contribuído para o isolamento étnico e cultural deles mesmos. Diferentemente dos
diversos povos politeístas, que encontravam na prática do sincretismo religioso
(especialmente em casos de choque populacional) uma solução pacífica de convívio, o
exclusivismo judaico pressupunha que a mistura com os outros povos e suas religiões,
ou até mesmo a flexibilização de certas práticas e costumes a favor de uma aproximação
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com a diversidade religiosa, era algo extremamente nocivo para a religião judaica e que
deveria ser evitada a todo custo.
Após a Segunda Diáspora (70 d.C.), a dificuldade do povo judeu de manter sua
identidade étnico-religiosa tornou-se ainda maior. Se antes eles podiam contar com uma
unidade religiosa e territorial que lhes assegurava certa estabilidade social, a partir de
então, os desafios enfrentados em sua dispersão por terras estrangeiras eram vistos
como um grande obstáculo a ser enfrentado, e uma grande ameaça à sua sobrevivência
como nação.
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a encarnação do próprio Deus na terra. Ao atribuir aos judeus a culpa pela execução de
Jesus, os cristãos estavam, consequentemente, acusando os judeus de terem cometido
“deicídio” (matar Deus).
Essa acusação, que a princípio pode parecer abstrata demais para se configurar
em medidas práticas no mundo real, foi na verdade amplamente usada para justificar as
diversas perseguições promovidas contra os judeus ao longo da história. Durante a
Idade Média e Moderna, os judeus sofreram perseguições por parte dos cristãos em
várias épocas e lugares. Como exemplo, temos a Inquisição, as Cruzadas católicas e as
perseguições protestantes (Martinho Lutero, por exemplo, ordenou que uma sinagoga
fosse incendiada com vários judeus dentro).
Houve algumas exceções com relação à pouca inserção dos judeus nas
sociedades européias. Um exemplo disso foi a participação dos judeus no Renascimento
italiano, especialmente em Florença. Os judeus dessa região contribuíram ativamente no
florescimento da ciência, literatura, música, filosofia e dança naquela época. Contudo,
ainda prevaleciam as hostilidades entre judeus e cristãos na Europa.
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4. O judeu e o “Estado cristão” alemão
Por não ser um Estado Laico, mas ter o Cristianismo como religião oficial e
basear-se no apoio das igrejas cristãs para a legitimação política, apenas os cristãos
eram capazes de exercer cidadania plena (dentro das limitações que o regime
estabelecia), como ocupar cargos jurídicos ou do serviço público.
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para respeitar a sua própria lei, a Torá. Também se negavam a participar do processo
histórico em que encontrava toda a sociedade, para se apegar a uma esperança religiosa
de um futuro messiânico, prometido por Deus ao seu “povo escolhido”.
Não cabe aqui discutir o conceito de progresso e/ou finalidade histórica. Bauer
era hegeliano e como tal compreendia esses conceitos e os aplicava à sua interpretação
da política e dos processos históricos. Ao constatar que os judeus se negavam a
participar do processo histórico (crido como inevitável), Bauer, dentro da sua
interpretação de mundo, afirmava que o judeu, pelo seu isolamento, privava-se de
participar e interferir nas decisões que poderiam de fato mudar o curso da história. Eles
faziam isso se baseando numa esperança infundada de um futuro brilhante ao qual eles
acreditavam estar predestinados.
Enfim, para Bauer, a não participação política dos judeus não tinha suas origens
na hostilidade que eles sofriam por parte do resto da sociedade. O problema estava na
visão de mundo dos próprios judeus, uma visão anti-social, exclusivista, voltada para os
próprios interesses, irreal, ilusória, prepotente e auto-suficiente. Eram essas
características que os afastavam do convívio social e da participação política.
Qual seria, então, a solução para essa controvérsia? Para Bauer, o problema
estava inserido numa contradição entre a religião e o Estado, entre a prisão religiosa e a
libertação política. O judeu, acorrentado a suas questões religiosas, estava ele próprio se
impedido de se emancipar. Enquanto as leis de sua religião o impedissem de participar
plenamente da vida política e de cumprir seus deveres com o Estado e com os demais
cidadãos, (como exemplo, eles não participavam de reuniões da Câmara dos Deputados
aos sábados, por ser esse dia considerado sagrado e de descanso), o judeu não seria livre
para exercer cidadania.
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Nesse sentido, Bauer acreditava que o judeu deveria abandonar a fé judaica para
se comprometer com os deveres de cidadão. Na medida em que ele abandonasse a sua
lei para se comprometer com o Estado, ele deixaria de ser judeu. Portanto, Bauer
entendia o “ser judeu” como um tipo de filosofia de vida e não como um grupo de
pessoas com uma linha genealógica específica e um passado comum.
Por fim, Bauer entendia que a emancipação política estava intimamente ligada à
emancipação humana. O filósofo acreditava que a crença religiosa era uma fase do
desenvolvimento humano. Para que as contradições entre Estado e religião por ele
identificadas fossem definitivamente destruídas, os indivíduos, sejam eles cristãos ou
judeus, deveriam abrir mão de sua crença religiosa. Ao abolir a religião, também se
aboliriam as antíteses entre as diferentes religiões e, por conseguinte, os enfrentamentos
religiosos. As discussões entre os distintos grupos sociais se direcionariam para o plano
político, crítico, científico. Nesse plano, segundo ele, a razão e a ciência tratariam, elas
mesmas, de resolver as novas questões que daí suscitariam.
Para embasar essa afirmação, Marx deu o exemplo dos “Estados livres da
América do Norte”. Segundo ele, naquela época já era possível identificar nesse país
que a questão judaica não mais se apresentava no campo teológico, mas a presença dos
judeus e os problemas políticos ligados a eles eram tratados de forma secular, como
qualquer outro problema de ordem política.
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comportamento pouco honesto em questões financeiras. Em última instância, os cristãos
que apresentassem uma atitude como essa estaria se tornando um “judeu prático”.
Portanto, o “ser judeu” para Marx não é uma questão puramente religiosa, mas ele
relacionava a religião judaica com algumas práticas próprias da sociedade burguesa de
sua época.
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5. Disposições Finais
Para manter sua unidade e coesão interna, os judeus pagaram um preço muito
caro: durante quase dois mil anos eles tiveram que enfrentar a fúria daqueles que o viam
como inimigos, como intrusos e párias da sociedade. A persistente exclusão social,
política e pública dos judeus, já em tempos de liberdade política, foi a expressão
máxima da rejeição sofrida por esse povo, tão isolado e tão estranho à maioria das
pessoas.
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6. Referências Bibliográficas
___________. Ideologia Alemã. Alemanha:1845-1846
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