Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Imagem Corporal
de Obesos
Efeitos das Atividades Físicas em Academias na Imagem
Corporal dos Obesos.*
Fernando Rodrigues Vieira, M. Sc. (CREF 000020 - G/RJ) Yara Lacerda, Ph.D. (CREF 003916 - G/RJ)
PROCIMH – Universidade Castelo Branco / RJ - Brasil Universidade Gama Filho / RJ – Brasil
LABIMH – UCB / RJ Universidade Estácio de Sá / RJ – Brasil
Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos –RJ - Brasil Laboratório de Imaginário e Representação Social – LIRES – UGF / RJ
fofao@bodysystems.net yaralacerda@mls.com.br
Estélio Henrique Martin Dantas, Ph.D. (CREF 000001 - G/RJ) Jefferson da Silva Novaes, Ph. D. (CREF 01 – 0843 G/RJ)
PROCIMH – Universidade Castelo Branco / RJ - Brasil Bolsista da FUNADESP – SP / Brasil
LABIMH – UCB / RJ Laboratório de Biociências da Motricidade Humana LABIMH – UCB / RJ- Brasil
Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade - GDLAM Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-RJ) – Brasil;
Bolsista de Produtividade em Pesquisa – CNPq jnovaes@terra.com.br
estelio@cobrase.com.br
VEIRA, F. R.; DANTAS, E. H. M.; LACERDA, Y.; NOVAES, J. S. descritiva e inferencial (teste U de Mann - Whitney). Foi testada e
Efeitos das Atividades Físicas em Academias na Imagem Corporal negada a hipótese nula (H ) que não comprovaria uma diferença
0
dos Obesos. Fitness & Performance Journal, v. 4, n. 1, p. 19 - 27, significativa entre os dois grupos. De acordo com os resultados
2005.
do estudo, concluiu-se que houve uma diferença significativa de
RESUMO: O presente estudo teve por objetivo comparar os níveis p < 0, 05, entre os níveis de insatisfação da imagem corporal do
de insatisfação com a imagem corporal entre um grupo de obesos grupo de obesos sedentários, quando comparados aos do grupo
ativos (GA) e outro de obesos sedentários (GS). Os indivíduos da de obesos ativos, praticantes de exercícios físicos em academias.
amostra do grupo GA( n=25) deverão ser do sexo masculino, com Os praticantes apresentaram maior satisfação com a imagem
IMC ≥ 30, praticantes de exercícios aeróbicos em academias corporal. A partir dos resultados foram feitas as discussões e
com o mínimo de 6 meses de atividade e freqüência semanal de conclusões do estudo.
3 a 5 vezes. O GS (n=25) também deverá ser do sexo masculino,
Palavras-chave: Obesidade, atividade física, Imagem corporal e
com IMC ≥ 30 , porém sem nenhuma prática de exercício físi-
academia de ginástica.
co, ou seja, indivíduos considerados sedentários. Foi utilizado o
questionário BSQ “Body Shape Questionare”, adaptado e validado (*) O trabalho atende às “Normas de Realização de Pesquisa em Seres Humanos”,
resolução n.º 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/96 (BRASIL, 1996),
por Di Pietro et al., (2001) para avaliar os níveis de insatisfação tendo seu projeto de pesquisa sido submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
com a imagem corporal. A análise estatística foi feita de forma Envolvendo Seres Humanos da Universidade Castelo Branco (UCB-RJ).
INTRODUÇÃO
A obesidade atinge tanto os países ricos quanto os emergentes. O processo de formação da imagem corporal pode ser influen-
As mudanças ocorridas no estilo de vida das pessoas fizeram ciado por diversos fatores, tais como: sexo, idade, meios de co-
com que o peso da população mundial aumentasse de manei- municação, bem como pela relação do corpo com os processos
ra significativa no século passado. A Organização Mundial de cognitivos, como crença, valores e atitudes inseridos em uma
Saúde (OMS) estima que cerca de 7% da população mundial é cultura (BANFIELD; McCABBE, 2002; DAMASCENO, 2004;
obesa, ou seja, tem o Índice de Massa Corpórea – IMC acima RICCIARDELLI; McCABE; BANFIELD, 2000).
de 30 (COUTINHO, 2002; HOUSE OF COMMONS HEALTH
A insatisfação com a imagem corporal aumenta à medida que
COMMITTEE, 2004; OMS, 2003; WHO, 2000).
a mídia expõe belos corpos, fato este que tem determinado,
O sedentarismo, induzido pela evolução da tecnologia, pode nas últimas décadas, uma compulsão pela busca da anatomia
levar o ser humano a tornar-se inativo e a contrair as doenças ideal (LABRE, 2002). As informações na mídia não representam
provocadas pelas hipocinesias, o que aponta que estes tipos necessariamente a verdade, nem sempre são educativas, nem
de acometimentos podem ser evitados com o incremento da formadoras de alicerces sólidos. O profissional de saúde não
atividade física regular (MATSUDO et al., 2002; SABA, 2003). pode estar alheio ao que acontece no mercado midiático. Cabe
Os indivíduos com sobrepeso ou obesos são mais propensos ao a esse profissional informar e orientar a população que o corpo
sedentarismo e a não estarem condicionados do que aqueles pode e deve ser pensado em suas múltiplas dimensões, não
com peso normal, porém a atividade física parece proteger con- se restringindo aos padrões estéticos ditados e impostos como
tra a morbidade por doenças crônicas e a mortalidade, mesmo modelos (BRAGA, 1999; NOVAES et al., 2002).
nesse subgrupo da população, considerado obeso (BRODNEY;
A mídia e a sociedade poupam mais os homens do que as
BLAIR; LEE, 2003).
mulheres, quando o assunto é perda de peso (KUPERMANN,
O excesso de peso para os obesos pode ser a principal barreira 2004). Os autores McCabe e Ricciardelli (2001) concluíram em
para adoção de atividade física regular, mas existem outras barrei- seus estudos que as mulheres são menos satisfeitas com seus
ras adicionais como: experiências negativas prévias, possibilidade corpos e que adotam estratégias para perder peso, enquanto os
de cair no ridículo, ser alvo de chacota, ter performance fraca e homens adotam estratégias para ter um corpo mais volumoso.
sentimento de inadequação (SCHUSTER, 2000). Os homens são significativamente mais satisfeitos do que as
mulheres, independente da faixa etária, e os indivíduos mais
A obsessão pela imagem corporal, por dietas que emagreçam
velhos, em ambos os sexos, são menos insatisfeitos com a ima-
e o modismo do físico atlético e musculoso, popularmente
gem corporal, quando comparados com os mais novos (DAVIS;
denominado “sarado”, estão se espalhando por quase todo o
COWLES, 1991; FORD et al., 1991; LOLAND, 2000).
mundo. Entretanto, o empenho em combater o tamanho e o
peso das pessoas a todo custo parece não estar surtindo os efeitos Segundo Martin e Lichtenberger (2002), nas últimas décadas
desejados (SCHUSTER, 2000). as pesquisas tentam confirmar a idéia de que a prática de ati-
p-valor 0,95 0,57 0,61 0,22 0,74 p<0,05; t = t calculado; p = p valor; gl = grau de liberdade.
p<0,05; Escore BSQ = Escores do questionário usado na pesquisa.
Quando se analisa a tabela 5, constata-se que, em relação as
Analisando-se os valores expostos na tabela 2, observa-se que o variáveis do Peso e IMC, os grupos apresentaram diferenças es-
grupo apresentou, para todas as variáveis avaliadas após o teste, tatisticamente significativas (p<0,05). Nas variáveis idade e esta-
uma distribuição normal (p>0,05). tura, a diferença entre os grupos GA e GS, não foi significativa.
A tabela 3 refere-se à análise descritiva do grupo obeso seden- A tabela 6 apresenta os valores referentes à estatística inferencial,
tário (GS). realizada através do Teste Mann-Whitney, para comparação da
TABELA 3 diferença entre médias dos escores do questionário aplicado dos
ESTATÍSTICA DESCRITIVA DO GRUPO OBESO SEDENTÁRIO (GS) grupos obesos ativos (GA) e dos obesos sedentários (GS).
Grupo Desvio TABELA 6
N Mínimo Máximo Média Mediana CV
Sedentário padrão ESTATÍSTICA INFERENCIAL DOS ESCORES DOS GRUPOS GA E GS
Idade 25 28,00 53,00 35,64 34,00 6,83 19,16 Variáveis GA GS U z p-valor
Massa corporal 25 91,50 190,00 128,47 130,40 18,92 14,73 Escores 13,84 37,16 21,00 -5,65 0,00
Estatura (m) 25 1,67 1,96 1,77 1,77 0,07 0,04 U = Mann-Whitney; Z = escore z; p<0,05
IMC 25 31,24 62,04 40,94 42,16 6,10 14,90
Escores BSQ 25 76,00 151,00 125,08 127,00 15,78 12,62 Observa-se na tabela 6, a partir dos resultados obtidos para
CV = Coeficiente de Variação os escores relativos ao questionário aplicado no estudo, que
BSQ= Questionário utilizado nesta pesquisa
os grupos GA e GS apresentaram diferenças estatisticamente
significativas (p<0,05) para esta variável.
Analisando-se a tabela 3 constata-se que os valores da média
e da mediana, ambas medidas de tendência central, são bem AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO BSQ
próximos. Observa-se, também, que no grupo sedentários houve
uma superioridade de 41 pontos, comparando as medianas dos O Questionário “Body Shape Ouestionnarie” – BSQ, usado neste
escores do questionário entre os dois grupos. estudo, é um questionário fechado em escala ordinal para gru-
pos independentes, sendo assim, foi tomada a decisão por uma
A tabela 4 apresenta valores referentes ao teste de homoge- abordagem não paramétrica, utilizando o teste de Mann-Whitney
neidade (Teste de Kolmogorov-Smirnov) do grupo de obesos e tendo a mediana como a medida de tendência central. O BSQ
sedentários. é um questionário simples e auto-aplicável, com trinta e quatro
DAVIS, C.; COWLES, M. Body image and exercise: A study of relationships and comparisons PLINER, P.; CHAIKEN, S.; FLETT, G. L. Gender differences in concern with body weight and
between physically active men and women. Sex Role, n.25, p. 33-44, 1991. physical appearance over the life span. Personality and Social Psychology Bulletin, n.16,
p.263 -273, 1990.
DAVIS, C.; KENNEDY, S. H.; RALEVSKI, E.; DIONNE, M. The role of physical activity in the
development and maintenance of eating disorders. Psychological Medicine, n. 24, p. 957- POPE JR, R.G.; GRUBER A.J.; MANGWET, B.; BOREAU B.; DECOL C.; JOUVERT; HUDSON,
967, 1994. J.I., Body Image Perception among Men in three Countries. American Journal Psychiatry,
n.157, p. 1297-1301, 2000.
DILORENZO, T., BARGMAN, E. Long-term effects of aerobic exercise on psychological outcomes.
Preventive Medicine, 28(1): 75-85, 1999. POPE JR, H.G.; PHILLIPS, K. A; OLIVARDIA, R. O complexo de Adônis: Obsessão masculina
DI PIETRO, M.C. Validade Interna, dimensionalidade e desempenho da escala “Body Shape pelo corpo. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
Questionnarie. 2001. Dissertação de Mestrado. Escola Paulista de Medicina, Universidade RICCIARDELLI, L.A; McCABE, M.P; BANFIELD, S. Body lmage and body methods in ado-
Federal de São Paulo. lescent boys role of parents, friends and the media. Journal Psychomatic Research, v.49, p.
FEINGOLD, A; MAZZELLA, R. Gender differences in body image are increasing. Psychological 189-197, 2000.
Science, n.9, p.190-195, 1998. ROSS, C.E. Overweight and depression. Journal of Health and Social Behavior, n.35(1),
FLEGNER, Á. J; DIAS, J. C.. Pesquisa & metodologia: Manual completo de pesquisa e redação. p.63-79, 1994.
Rio de Janeiro: Ministério do Exército, 1995.
SABA, F. Mexa-se; Atividade física, saúde e bem estar. São Paulo: Takano, 2003.
FORD, H.T; PUCKETT, J.R.; REEVE, T.G.; LAFAVI, R.G. Effects of selected physical activities on glo-
SAFRAN, M. R.; McKEAG, D. B; CAMP, S. P. V. Manual de medicina esportiva. São Paulo:
bal self-concept and Body-Cathexis Score. Phychological Reports, n.68, p.1339-1434, 1991.
Manole, 2002.
GARNER D.M. The Body Image survey results. Psychology Today, n.30, p. 30-78, 1997.
SCHUSTER, D. L. Market of substance. CBI IHRSA, v.21, n.10, 2000.
HAKALA, D. Thin is just a four – letter word. New York: Dell Publish, 1999.
SIEGEL, J.M.; YANCEY, A. K.; ANESHENSEL, C.S.; SCHULER, R. Body image, perceived pubertal
HETHERINGTON, M.M.; BURNETT,L. Ageing and pursuit of slimness: dietary restraint and timing and adolescent mental health. Journal of adolescent health, n.25, p.155-165, 1999.
weight satisfaction in elderly women. British Journal of Clinical Psychology, n.33, p. 391-
400, 1994. STERNFELD, B.; CAULEY, J.; HARLOW, S.; LIU, G.; LEE, M. Assessment of physical activity
with a single global question in large, multiethnic sample of midlife women. Am. J. Epidemiol.,
HOFFMANN-MULLER, B.; AMSTAD, H. Body Image, weight and eating behavior in adolescents.
n.152, p. 678- 687, 2000.
Schweizerische Rundschau fur Medizin Praxis, v.83, n.48, p.1336-1342, 1994.
TAVARES, M C. G. C. F. Imagem corporal - Conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole,
HOUSE OF COMMONS HEALTH COMMITTEE. Obesity. London: Stationery Office. Disponível
2003.
em: <http://www.publications.parliament.uk/pa/cm200304/cmselect/cmhealth/23/23.pdf>
Acesso em: 28 Maio 2004. TIGGEMANN, M. Body image across the adult life span: stability and change. Body Image,
KRUEL, L. F. M; COERTJENS, M.; TARTARUGA, A.; PUSCH, H. Validade e fidedignidade do n.1, p.29-41, 2004.
consumo máximo de oxigênio predito pelo freqüencímetro polar M52. Rev. Bras. de Fisiologia TUCKER, L.; MORTELL, R. Comparison of the effects of walking and weight training programs
do Exercício, v.2, n.2, Maio – Agosto de 2003. on body image in middle-aged women: an experimental study. American Journal Health
KUPERMANN, D. Fascinação da feiúra. In: KATZ, C.S.; KUPERMANN, D.; MOSÉ, V. (Orgs.). Promotion, v. 8, n.1, p. 34-42, 1993.
Beleza, Feiúra & Psicanálise. Rio de Janeiro: Contra Capa, p.39-48, 2004. TRIOLA. M. F. Introdução à estatística. 7. ed, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
LABRE, M. P. Adolescent boys and the muscular male body ideal. Journal of Adolescent Health, 1999.
v. 30, p. 233 -242, 2002.
VIEIRA, F. R. Efeitos das atividades físicas em academias na imagem corporal dos obesos.
LEIT, R. A.; GRAY, J. J.; POPE JR, H. G. The Media´s representation of the ideal male body: a cause 2004,152f. Dissertação de Mestrado em Ciência da Motricidade Humana, Universidade Castelo
for Muscle Dysmorphia? International Journal of Eating Disorders, n.31, p.334-338, 2002. Branco, UCB, RJ.
LEVINE, M. P.; SMOLAK, L. Body image development in adolescence. In: CASH, T. F.; PRU- VIEIRA, F. R; JUNIOR, L. I. S.; DAMASCENO, V. O.; NOVAES, J. S. Obesos ativos x magros
SINSKY, T. Body Image: A Handbook of Theory, Research, and Clinical Practice. New York: sedentários: Mudando paradigmas. Anais da FIEP, 2004.
Guilford Press, Cap 9, p.74 -82, 2002.
WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of WHO Consultation
LIMA, J. R. P.; ORLANDO, F. B.; TEIXEIRA, M. L. P.; MENEZES, F.; TRINDADE, S. Imagem corporal on Obesity. World Health Organization, Geneva, 2000.
de praticantes de musculação. Anais do XXIV Simpósio Internacional de Ciências do Esporte.
São Paulo, 10-12 Outubro, 2002. WlLLIAMS. P. A; CASH, T .F. Effects of a Circuit Weight Training Program on the Body Images of
College Students. International Journal of Eating Disorders, n.30, p. 75-82, 2001.
LOLAND, N. W. The Aging Body: Attitudes toward bodily appearance among physically active
and inactive Women and Men of Different Ages. Journal of Aging and Physical Activity, n.8, WING, R. R; JAKICIC, J. M. Mudando o estilo de vida de sedentário a ativo. In: BOUCHARD,
p.197.213, 2000. C. Atividade Física e Obesidade. São Paulo: Manole, 2003.