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O que é um meme na Internet?

Proposta para uma problemática da memesfera1

Fernando Fontanella2

Universidade Católica de Pernambuco


Universidade Federal de Pernambuco

Resumo

Este artigo sintetiza algumas perspectivas para um estudo sobre os memes na Internet,
propondo uma abordagem que enfatize as relações entre os memes com contexto cultural e
social em que se inserem. Para isso, inicialmente é realizada uma análise crítica da teoria dos
memes, proposta por Richard Dawkins e desenvolvida por um conjunto de seguidores,
buscando avaliar sua adequação para o estudo específico dos memes da Internet. Em seguida,
é discutido o conceito de “memesfera” como proposta que visa dar conta da conexões dos
memes dentro de uma perspectiva culturalista, na tentativa de abrir caminhos que permitam
uma aproximação empírica do fenômeno.

Palavras-chave

Meme; Internet; cultura digital trash; cibercultura.

Proposta geral do artigo


A enorme quantidade de “conteúdo gerado pelo usuário” que caracteriza o advento da
chamada Web 2.0 muitas vezes parece se constituir de uma vasta quantidade de piadas
internas de mau gosto, vídeos mal produzidos, fotos mal batidas e mensagens pessoais – um
conjunto de produtos que raramente atingiria qualidade e relevância mínimas para circular
além de um grupo mais próximo de amigos. No entanto, como bem nota Clay Shirky (2008,
p. 83-84), esse conteúdo não compreende somente a produção de pessoas comuns facilitada
pelo acesso às ferramentas criativas de novas tecnologias, mas também a ferramentas de
recriação, de produção colaborativa e de distribuição. Shirky assim advoga que a idéia de
conteúdo gerado pelo usuário demandaria não apenas uma teoria das capacidades criativas,
mas uma teoria social de relações mediatizadas.

1Artigo científico apresentado ao eixo temático “Entretenimento, práticas socioculturais e subjetividade”, do III
Simpósio Nacional da ABCiber.
2Professor da Universidade Católica de Pernambuco, mestre e doutorando em comunicação pela Universidade
Federal de Pernambuco. Email: ffontanella@uol.com.br.

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Nesse sentido, José Van Djick (2009, p. 44) defende que é crucial identificar os
diferentes níveis de participação para obter uma idéia mais precisa da cultura participatória. A
internet atrai uma combinação complexa de produções profissionais e amadoras, o que
presumiria que por trás da imagem de uma cultura caracterizada pela igualdade de
possibilidades de expressão criativa há na verdade diferentes articulações de capacidades que
geram possibilidades desiguais de agência cultural. Indivíduos que, mesmo sendo
“amadores”, possuiriam maior domínio das técnicas para a realização desses conteúdos teriam
mais chance de ver suas produções circularem mais e ganharem mais relevância.
Mas diversos fenômenos característicos da cibercultura, de produção coletiva anônima
ou semi-anônima, fundamentados no que Shirky chama de “divisão do trabalho não-
gerenciada” (2008, 117-122) oferecem uma perspectiva relativizada da análise de Van Djick,
ao desestabilizar a noção de um autor. Por outro lado, grande parte dos conteúdos que ganham
relevância na web são de qualidade técnica duvidosa, sendo que talvez o maior exemplo disso
são os memes.
Os memes são o conteúdo mais prolífico e infeccioso da Internet. Se espalhando de
forma viral, memes como os lolcats, rage guy, fail ou a brasileira tenso já se incorporaram ao
panorama cultural da web, e a cada dia novos memes emergem de cantos escuros para serem
compartilhados através de redes sociais. Mais recentemente, verifica-se a crescente tendência
de emergência das memes para o “mundo real” (HWANG, 2009): enquanto que as memes dos
primeiros anos da Internet raramente saíam daquele universo freqüentado por entusiastas da
tecnologia, hoje é possível observar memes aparecendo na mídia de massa, apropriadas por
programas de humor ou mesmo por campanhas publictárias.
Nas próximas páginas será apresentada uma proposta de estudo para os memes, no
entendimento que eles são uma ocorrência que oferece perspectivas centrais, mas ainda pouco
exploradas, sobre as dinâmicas da cibercultura. Para isso, será realizada inicialmente uma
exploração crítica da teoria geral dos memes como proposta originalmente por Richard
Dawkins, buscando avaliar suas vantagens e desvantagens para o estudo dos memes no
contexto específico da Internet. Em seguida se tentará construir uma cisão contextual do
fenômeno das memes ciberculturais a partir da noção de uma “memesfera”. Por fim, serão
apontados algumas conclusões obtidas a partir de análises empíricas.

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Memes e a memética como ciência
O conceito de meme surge no contexto da proposta revolucionária do etólogo Richard
Dawkins em sua obra O Gene Egoísta (2001). Darwinista entusiasta, e buscando uma solução
para contradições que permaneciam no seio da teoria da evolução, Dawkins propôs enxergar a
seleção natural como uma competição entre os genes, chamados por ele de “replicadores”.
Dawkins descreve esses replicadores como moldes ou modelos relativamente estáveis
que competem entre si em um ambiente de recursos limitados, através da capacidade de fazer
cópias de si mesmos (2001, p. 36-39). O autor originalmente fala de moléculas estáveis que,
formadas acidentalmente em um “caldo primitivo”, tenderiam a multiplicar-se por replicação,
sendo que as mais bem sucedidas se tornariam mais numerosas na terra. Eventualmente
surgiriam formas primitivas moléculas de DNA que compõem os genes, para os quais os seres
vivos não seriam mais do que “máquinas de sobrevivência”, utilizadas para aumentar as
chances de perpetuação nas unidades genéticas (ibidem, p. 43). Dessa forma, a teoria do gene
egoísta consiste na perspectiva que a seleção natural na verdade é uma competição pela
sobrevivência não entre espécies ou indivíduos, mas entre os genes.
A teoria de Dawkins é revolucionária, pois resolve uma série de impasses da teoria
original de Darwin, como por exemplo a contradição da constatação de diversos exemplos de
egoísmo e de altruísmo em diferentes espécies, que sugeriria por um lado a tendência a uma
luta pela perpetuação genética do indivíduo, e por outro a perpetuação de seu grupo ou
espécie (2001, p. 23 a 25). Ao localizar disputa pela sobrevivência nos genes, Dawkins
soluciona esse problema, pois os genes agiriam através de quais meios fossem necessários -
inclusive em detrimento do indivíduo - para reproduzirem-se.
O conceito de meme surge quando Richard Dawkins, acreditando ser a teoria
Darwiniana da seleção natural boa demais para limitar-se ao campo dos genes, sugere o
surgimento de um novo tipo de replicador, surgido no “caldo primordial” da cultura humana
(2001, p. 214). O autor propõe o nome “meme” ressaltando entre suas vantagens ser uma
abreviação do grego para “imitação” (mimeme) e por se aproximar da sonoridade de “gene”.
Dawkins oferece como exemplos de memes “melodias, idéias, “slogans”, modas do vestuário,
maneiras de fazer potes ou de construir arcos” (ibidem, p. 214).

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Mas por quais recursos os memes competem? Para Dawkins, os memes disputam a
nossa atenção e o limitado espaço de armazenamento de informações em nossos cérebros
(2001, p. 218). Essa noção é importante para o entendimento da atratividade oferecida pela
teoria dos memes para uma série de pesquisadores, preocupados com as razões pelas quais
algumas informações tem maior apelo para a circulação do que outras. E especialmente no
caso da Internet e do contexto de saturação da atenção do ambiente midiático contemporâneo,
alegadamente a memética seria capaz de oferecer razões empíricas para os fenômenos virais,
possibilitando inclusive o desenvolvimento de técnicas produzir mensagens com maior
probabilidade de espalhamento. Para os publicitários, seria como achar uma mina de ouro.
A hipótese de Dawkins angariou um conjunto de seguidores, que buscaram dar
continuidade a ela na forma de uma ciência dos memes, ou a memética. Uma das maiores
maiores defensoras dessa nova ciência é Susan Blackmore. Para ela, o meme é “tudo aquilo
que você aprendeu de outra pessoa através da imitação” (2000, p. 6).
Quando você imita alguém, algo é passado adiante. Esse “algo” pode então ser passado adiante
de novo, e de novo, e assim ganha uma vida própria. Nós podemos chamar essa coisa uma
idéia, uma instrução, um comportamento, um pedaço de informação... mas se nós vamos
estudá-la nós precisamos dar a ela um nome (BLACKMORE, 2000, p. 06)

Blackmore reproduz assim a definição de Daniel Dennett, outro importante defensor


da hipótese, que descreve o meme como uma idéia que é passada adiante (apud
BLACKMORE, 2000, p. 63).
O conceito de replicador e a analogia entre o meme e o gene estão na base das
formulações da memética. Um exemplo disse está na afirmação de que o algoritmo
evolucionário da variação, seleção e retenção se aplica para o entendimento dos memes
(BLACKMORE, 2000, p. 14). No caso das memes, a variação se refletiria no fato de que as
cópias de uma meme não seriam sempre perfeitas, gerando “mutações” que aumentam a
chance de a idéia permanecer viva, mesmo que modificada. Por seleção, o fato de que
algumas memes atraem a atenção e são retransmitidas, enquanto outras falham. Por fim, a
retenção envolve a permanência de algumas idéias ou comportamentos em uma meme
retransmitida, de forma que o processo possa ser considerado uma imitação.
Da mesdma forma, considerando que a razão de ser dos replicadores é produção de
cópias por imitação, Dawkins sugere que os três critérios para identificar um meme bem

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sucedidos são os mesmos apontados para os genes: longevidade, fecundidade e fidelidade de
cópia (2001, p. 216), embora muitas vezes haja ênfases em um ou outro dos três
(BLACKMORE, 2000, p. 58). Dessa forma, os memes poderiam ser comparados com base
em sua maior ou menor capacidade de permanência na memória coletiva (longevidade), sua
probabilidade de propagação (fecundidade) e a capacidade de reter características do meme
original (fidelidade de cópia).
A possibilidade de comparar memes dentro de valores de replicação poderia facilitar a
identificação de causas para o sucesso ou fracasso de memes. Kate Distin é uma das que
seguem por esse caminho. Recusando a afirmação de Daniel Dennett e de Susan Blackmore
de que as pessoas seriam apenas veículos para as memes (ou “máquinas de memes”, como
fala Blackmore), Distin procura construir uma abordagem que a evolução memética é
consistente com a ação consciente, intencional e responsável de agentes livres (2005, p.
04-05).
Para Distin, memes sobrevivem por mutação (2005, p. 50). A cultura é vasta e diversa,
então memes terão diferentes níveis de variabilidade (mutabilidade). Diferente da mutação
randômica dos genes, no entanto, Distin afirma que os memes podem ter sua mutação
determinada por decisões humanas conscientes. Segundo a autora, é possível constatar que as
memes são mais facilmente lembradas quando são idéias novas, se são melhor absorvidas em
uma rede de idéias aceitas pré-existente ou se são úteis em um contexto (ibidem, p. 44-45).
Tentando dar conta a agência humana nesses critérios de seletividade, Distin identifica
três fatores dos quais depende o sucesso de um meme: o conteúdo do meme e o apelo por ele
produzido; a maneira com a qual o meme se relaciona com uma rede de outros memes já
aceitos pelos indivíduos e pelo grupo; e a capacidade do meme em se relacionar com o
ambiente externo em que vivem as pessoas que entram em contato com ele (2005, p. 57).
Dessa forma, para Distin a seleção favorecerá memes que são mais capazes de aproveitar o
ambiente cultural em que se inserem (ibidem, p. 59).

Problemas com a memética


Sintetizados alguns conceitos centrais que orientam a memética, cabe agora o
questionamento sobre qual a contribuição que ela poderia oferecer para o estudo dos memes

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na Internet. Embora o uso coloquial do termo na Web tenha de certa forma se desconectado
do contexto acadêmico original, os preceitos da hipótese formulada por Dawkins e seus
sucessores parece ser um ponto de partida natural. No entanto, serão levantados dificuldades e
limitações da memética para a abordagem de fenômenos culturais, para então partirmos para o
caso específico das memes ciberculturais.
O antropólogo Maurice Bloch (2005, p. 87-101) enxerga problemas conceituais e
práticos na teoria dos memes que comprometem seriamente a sua validade para o
entendimento de fenômenos culturais. O primeiro ponto apontado por Bloch é o fato de que,
ao contrário do conceito de gene, não há uma definção precisa para o que seria uma meme
(ibidem, p. 91). O que seria essa “unidade de informação”?
Como foi apontado anteriormente, a grande vantagem da teoria da replicação genética
de Dawkins está no fato de que ela soluciona sérios impasses da teoria da evolução de Darwin
passando a focar nos genes identificado como unidades replicadoras. Para aplicar a mesma
lógica para os memes é preciso identificar de forma consistente qual seria essa unidade
replicadora na esfera das idéias. Nas definições estabelecidas são vagas, e a opção quase que
invariavelmente é sustentar a idéia de meme a partir de exemplos que na prática não permitem
um entendimento preciso. No caso de uma piada de papagaio que se difunde, o que seria a
meme? A piada em sim, o uso de papagaios, a prática de contar piadas? Dawkins (2001, p.
220-221) e Blackmore (2000, p. 19-20) buscam resolver esse problema através da idéia de
“memeplexos”, ou combinações de memes que aumentam o seu potencial replicador. No
entanto essa é uma tentativa frustrada, pois como afirma Bloch (2005, p. 92), não é possível
estabelecer os contornos de um memeplexos mais do que de um meme.
As memes precisam ter uma forma definida no mundo, e não podem permanecer como
uma forma arbitrária de análise. Sem a existência de uma unidade replicadora definida, a
memética perde sua força, pois passa a limitar-se a oferecer uma alternativa estéril para a
explicação dos fenômenos de difusão cultural – e o que é pior, ignorando compreensões sobre
o fenômeno da cultura desenvolvidos e debatidos por décadas em disciplinas como a
antropologia e a sociologia.
Ao oferecer avanços e novos modelos de análise que claramente tornassem defasadas
hipóteses anteriores, a memética poderia argumentar com facilidade a sua validade (e sua

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vantagem como explicação fenomenológica). No entanto, depois de anos desde sua
proposição, a memética pouco produziu além de um conjunto de taxonomias e constatações
que já haviam sido atingidas antes por outras teorias.
Um segundo grande problema da teoria dos memes apontado por Bloch está no fato de
que a analogia entre memes e genes busca enfatizar a semelhança entre os dois (2005, 90-91).
Embora os defensores da memética afirmem que as duas coisas são diferentes, pois seriam
feitos de diferentes substâncias (BLACKMORE, 2000, p. 16-18), a questão sempre volta ao
que é semelhante entre os dois: o fato de ambas serem replicadoras e estarem submetidas
portanto ao algoritmo Darwinista. Essa é a “novidade” da memética, a base que sustenta a sua
promoção como uma hipótese revolucionária e vantajosa em relação a explicações anteriores.
No entanto, a conseqüência dessa analogia é a tendência a enxergar a cultura como sendo
composta por um conjunto de unidades de informação distinguíveis que teriam uma vida
própria. Também nessa perspectiva, o desenvolvimento cultural só teria sentido se visto do
ponto de vista de um “sucesso replicador” dos memes (BLACKMORE, 2000, p. 37-38).
Há problemas flagrantes nessa proposta, pois não enxergar a cultura como sendo mais
do que um conjunto de unidades (BLOCH, 2005, p. 98) significa, por exemplo, ignorar o
papel as práticas culturais no fluxo da vida cultural cotidiana. Além disso, há o risco constante
de minimizar a capacidade do indivíduo de criar diferença no curso de eventos (GIDDENS,
2003, p. 17). Como foi visto anteriormente nas análises de Kate Distin, dentro dos próprios
defensores da memética há a emergência de um incômodo com essa omissão em relação à
questão da agência das pessoas.
Um sintoma dos problemas encontrados pela memética em produzir resultados está no
encerramento do Journal of Memetics em 2005. A publicação, considerada uma referência
entre os entusiastas dessa teoria, após oito anos não teria conseguido resolver desafios
considerados cruciais, e definidos pelos próprios memeticistas, para a sobrevivência da
memética como teoria científica (EDMONDS, 2005), especialmente a necessidade de
ofecerer algum entendimento realmente novo para o fenômenos culturais, no máximo se
limitando a “redescrever” fenômenos dentro do modelo da memética.

Memes na Internet

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Como foi visto, um dos problemas da memética está em sua dependência de um
conceito preciso sobre o que é a unidade replicadora. Uma tentativa de se aplicar as bases da
memética aos memes da Internet experimentaria a mesma dificuldade, tendo em vista que na
web o termo “meme” é usado de forma coloquial para definir um conjunto bastante
heterogêneo de fenômenos.
Raquel Recuero oferece um exemplo notório de uma proposta de estudo das memes
fortemente baseada na memética, ao formular uma classificação que permita o estudo das
memes (2009, p. 122-134), A intenção de Recuero é claramente conectar a difusão de memes
à produção de capital social pelos indivíduos conectados através de redes sociais. Embora seja
sem dúvida uma perspectiva interessante, o objetivo de Recuero somente pode ser atingido
pelo fato de ela visualizar a agência dos sujeitos envolvidos, ao adotar a noção de que estes
que seriam os replicadores para as memes (ibidem, p. 123).
Da mesma forma que Dawkins e Blackmore, Recuero mantém a avaliação dos memes
com base nas três características relacionadas à competição pela memória: longevidade,
fecundidade e fidelidade de cópia, acrescentando uma dimensão de alcance (se são memes
locais ou globais), fundamentando sua classificação nessas variáveis. No entanto, não fica
claro como esses aspectos determinam o sucesso de um meme – apenas é oferecida uma
metodologia para a constatação do sucesso ou não da meme nos aspectos apontados.
De forma não intencional, Recuero mostra que a teoria dos memes talvez não deva ser
completamente descartada quando se trata de estudar os memes da Internet. A idéia de
replicadores é atraente: ela permite visualizar um fenômeno caracterizado pela constante
emergência e difusão viral desses memes ciberculturais. No entanto, é necessário desenvolver
um modelo analítico que busque claramente superar as limitações da memética, especialmente
na sua perspectiva sobre a cultura e sobre a agência humana.
Convém iniciar pela proposição de um conceito mais ou menos claro para as memes
da Internet que permita tratar de suas especificidades. Se abandonarmos a insistência na
analogia entre genes e memes, a adoção de uma definição abrangente torna-se menos um
problema e mais uma vantagem nesse momento exploratório inicial. No entanto, o desafio de
uma conceituação mínima permanece.

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Coloquialmente os memes são entendidos como idéias, brincadeiras, jogos, piadas ou
comportamentos que se espalha através de sua replicação de forma viral, e caracterizados pela
repetição de um modelo formal básico a partir da qual as pessoas podem produzir diferentes
versões da mesma meme3 . Dessa forma, os memes de diferenciam dos vídeos virais, pois
presumem que, à medida em que a meme se espalhe pela rede, surjam versões alteradas da
idéia original.
A vantagem para a utilização da idéia de replicador no contexto específico da Internet
está no fato de que torna-se possível identificar qual seria a unidade replicadora, na forma de
um molde comum (ou templates, como são chamados algumas vezes) a partir do qual são
geradas as diferentes versões das memes.
A meme conhecida como rage guy (também conhecida como ffffuuuu) bastante
popular a partir do final de 2008, oferece um exemplo útil sobre como isso ocorre. A
brincadeira por trás da meme é bem simples: a partir de um modelo comum (figura 1),
facilmente encontrado através de uma busca de imagens no Google.

Figura 1: Modelo básico para meme rage guy4

A partir do modelo, pode-se produzir uma pequena história em quadrinhos, cujo final é
sempre o mesmo – o quadrinho com o rosto desesperado, desenhado de forma tosca, gritando
“ffffuuu” (a primeira metade da palavra inglêsa “fuck” e de sua equivalente brasileira

3 As definições para memes da Internet propostas aqui são uma tentativa de delinear um conceito a partir de
diversos usos do termo, constatados no curso de uma pesquisa empírica sobre memes.
4 Todas as versões da meme rage guy reproduzidas neste artigo foram obtidas no 4chan (www.4chan.org), que as
mantém disponível por um período curto de tempo antes de apagá-las, e portanto não serão oferecidas
referências para as imagens. No entanto, centenas de versões da meme podem ser facilmente encontradas no
endereço http://knowyourmeme.com/memes/rageguy-fffuuuu.

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“fudeu”). As histórias invariavelmente se referem a situações frustrantes, que podem ser
cotidianas ou fruto de uma criatividade que só a inteligência coletiva pode oferecer.

Figura 2 e 3: Exemplos do meme rage guy

Se no caso de rage guy o replicador é o modelo básico da história em quadrinhos, no


caso de outros memes ele pode tomar formas variadas, mas que não apresentam problemas
para sua identificação. Por exemplo, no caso dos chamados image macros, imagens às quais é
adicionado um texto que compõe o efeito humorístico, o “modelo” pode ser a combinação
entre a imagem de um gato com um texto mal escrito (como no caso dos famosos lolcats) ou
de uma imagem de um acidente adicionado da palavra “fracasso” (como no caso da meme
fail).
Como foi mencionado, a apropriação do conceito de replicadores aqui realizada
pretende manter em vista uma perspectiva da agência dos indivídos que interagem com a
meme. Seguindo a perspectiva de Kate Distin anteriormente apresentada, é possível
identificar como as versões de rage guy dependem da ação criativa e consciente das pessoas,
dentro de uma enorme gama possibilidades oferecidas pelo replicador original. Além disso,
alguns usuários se permitem variações não inicialmente previstas (figuras 3 e 4), podendo
assumir formas extremamente distintas do modelo original e eventualmente gerando novos
memes. A noção de uma competição pela atenção dos usuários não é abandonada, já que é
possível constatar que alguns modelos e versões de memes claramente tornam-se mais
populares e duradouros. No entanto, essa competição é diretamente determinada pelos agentes
no processo de produção e difusão do meme.

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Figura 3 e 4: Exemplos do meme rage guy

A identificação de uma unidade replicadora que compreende a agência humana por si


só não elimina completamente os riscos apontados na hipótese dos memes. É preciso dar
conta também das práticas culturais que se dão a partir da apropriação tática desses
replicadores, no mesmo sentido apontado por Michel de Certeau (1994, p. 39) sobre os usos
que as pessoas fazem de materiais culturais.
Nesse sentido, foi apontado que os memes se diferenciam dos vídeos virais por serem
orgânicas, cada um faz sua versão. Os vídeos virais são passados adiante, mas geram pouco
envolvimento (DUTTA, 2009). Paradoxalmente, no caso dos memes da Internet os
replicadores são justamente um elemento que estimula a participação das pessoas comuns,
pois como o modelo básico é simples e a qualidade demandada para as intervenções não é
muito exigente, torna-se muito fácil participar produzindo uma versão “original”, ao invés de
apenas retransmitir um já existente.

Memes e Memesfera
Mas ainda resta a tarefa de propor uma problemática de análise para os memes da
Internet que dê conta da diversidade prevista no conceito, e da agência humana descrita e ao
mesmo tempo do seu caráter replicador. Essa problemática torna-se possível através do
conceito de memesfera.
Memesfera tem a vantagem de ser um conceito já presente na cibercultura
(PICKARD, 2008), e de se aproximar do bastante difundido termo blogosfera. Como foi

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afirmado, é preciso buscar alternativas conceituais e metodológicas que evitem ver a cultura
como um simples ajuntado de memes. Nesse sentido, há indícios de que os memes formam
uma subcultura, estabelecendo relações dinâmicas entre si à medida em que sujeitos
interagem através delas. Portanto, a intenção é aproveitar a noção de um ambiente integrado,
permitindo o estudo dos memes dentro de sua relação complexa com fatores tecnológicos,
sociais, econômicos e políticos, evitando tanto o determinismo tecnológico e ao mesmo tempo
que considerando os impactos culturais da tecnologia. Além disso, o conceito permite pensar
em pessoas “ativas na memesfera”, ou seja, essa metáfora de ambiente facilita também
problematizar a agência. Em síntese, trata-se de um conceito que abre caminho para uma
abordagem contextual dos memes.
A proposta geral de memesfera se aproxima do que o pesquisador americano Tim
Hwang chama de memescape5 (2009). Hwang parte do princípio de que há uma ligação entre
os memes da internet – tanto entre memes que estão circulando em um dado momento, quanto
entre memes de diferentes períodos. Os memes não são fenômenos culturais aleatórios, e são
coletivamente articulados com outras esferas da vida social.
Mais especificamente, podemos abordar a memesfera a partir dos artefatos, práticas e
arranjos sociais envolvidos (LIEVROUW e LIVINGSTONE, 2007). O estudo dos artefatos
envolve o entendimento de como as memes emergem estimuladas por novas tecnologias de
produção e distribuição. Por um lado, é bastante provável que a produção e difusão de memes
é afetada pela popularização de computadores que possibilitam a sua produção e difuão, assim
como de softwares que facilitam a edição de imagens, vídeos e textos, de forma que um
número cada vez maior de pessoas pode produzir suas memes de formas cada vez mais
diversas. Além disso, o aumento do número de equipamentos que permitem produzir imagens
(câmeras fotográficas e de vídeo, scanners) também oferece um número maior de “matéria
prima” para a emergência de novos memes. É fácil constatar que o número de memes vêm
aumentando com o crescimento da rede mundial de computadores, assim como aumentam
ssuas formas e canais de interação. Também é interessante notar a relação das possibilidades
conbinatórias das memes, fundamentadas em modelos básicos facilmente conectáveis a

5 De fato, memesphere pode ser tomado como um sinônimo do que Hwang chama de memescape, inclusive em
diversas definições conceituais feitas pelo americano. Mas como o conceito do americano ainda não tem uma
formulação estável, foi feita a opção de manter o uso do termo memesfera, que além do mais se adapta melhor
ao uso na língua portuguesa.

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imagens, sons e vídeos para a produção de mashups, ao conceito de modularidade das novas
mídias identificado por Lev Manovich (2001, p. 51-52).
Quanto às práticas, compreende-se as atividades nas quais as pessoas se envolvem
quando interagem com os memes e através delas. Essa é uma forma também de dar conta da
agência das pessoas, de sua tentativa de construir subjetividades através dos memes. Os
memes se incorporam a práticas culturais já existentes (LIVINGSTONE, 1999, p. 61). Nesse
sentido, é preciso contextualizar a sua articulação com os ambientes sociais em que elas se
inserem: o espaço privado do lar, o ambiente do trabalho, as diferentes relações sociais
estabelecidas entre as pessoas que trocam memes entre si.
Por fim, por arranjos sociais entende-se as organizações e instituições que se formam
em torno das memes. Subculturas inteiras são criadas em torno de memes específicas, como é
o caso dos lolcats, que originaram uma comunidade persistente voltada para eles em torno do
blog I Can Has Cheezburger 6, administrado por uma empresa completamente voltada para a
exploração comercial de cultura dos memes através da venda de espaço publicitário no blog e
a venda de produtos temáticos (PICKARD, 2008).

Perspectivas para o estudo da memesfera


A maior parte dos memes bem sucedidas surge longe dos lugares mais conhecidos da
web, nos cantos escuros e pouco regulados da Internet, como os caóticos fórums de discussão
ou os chans7, onde a maioria dos freqüentadores permanece anônima. A partir dali é que eles
emergem para circular através de blogs e de redes sociais como o Myspace, Facebook, Orkut
ou Twitter.
É curioso observar como esse que o ambiente caótico e de recursos extremamente
limitados fomenta a criatividade das memes. Tim Hwang (2009) chama de “paradoxo do
4chan” o fato de que grande parte das memes da Internet surge no website, o mais conhecido
chan do mundo ocidental, e não nas redes sociais mais populares. Buscando uma razão para
esse fato, Hwang formula a hipótese de que os chans, paradoxalmente por oferecerem um

6 Endereço: www.icanhazcheezburger.com.
7Os chans são uma espécie de fórum para o compartilhamento de imagens conhecidos em inglês como image
boards, originalmente populares no Japão e difundidos no ocidente pelos amantes da cultura japonesa. Entre as
características dos chans está o fato de que a maioria dos participantes permanece anônima (o que estimula a
completa liberdade de expressão) e que os tópicos são apagados depois de algum tempo.

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número menos de ferramentas para interação, acabam estimulando interações mais
espontâneas e envolventes para seus participantes. Enquanto que no 4chan existem duas
formas gerais de interagir – através do uso de imagens ou de textos em uma postagem – em
um rede social como o Facebook há diversas formas embutidas na própria mecânica do
website. Da mesma forma que a baixa qualidade estética exigida nos memes permite que
qualquer pessoa realize sua versão, minimizando o papel da habilidade técnica individual, os
poucos recursos de interação do 4chan abre espaço para um número maior de possibilidades
de expressão das memes.
Além disso Hwang diz que as memes do 4chan de multiplicam de forma derivativa.
Cada versão criada de uma meme é uma modificação da original, e à medida em que vão
aparecendo novas versões a meme vai ganhando “vida própria”, assumindo formas
impossíveis de se prever originalmente; novamente, é o caso dos já citados lolcats, surgida
originalmente no 4chan.
No entanto, as redes sociais também apresentam suas memes típicas, como aquelas
chamadas por Raquel Recuero de “memes miméticas” (2009, p. 126). No entanto, tratam-se
de memes com muito menor variação e riqueza, e que embora se espalhem com mais rapidez,
também tendem a ter uma vida mais curta, já que esgotam facilmente suas possibilidades e se
desgastam em seu contexto social de uso. O mesmo ocorre com os memes que emergem no
Twitter na forma de hashtags, como os boatos falsos sobre a morte de celebridades, que
muitas vezes não conseguem perdurar por mais de um dia.
Além de diferentes memes que se espalham pelos diferentes canais, é possível também
constatar o surgimento de “gêneros” entre as memes. Tim Hwang (2009) enxerga nisso
indícios de que as memes estariam criando seu próprio universo auto-referente de conteúdo.
Os memes estabelecem entre si uma série de relações intertextuais que desestabilizam a
concepção de um autor, e talvez por isso a forte associação da memesfera com canais que
privilegiam o anonimato como os chans.
Essa constatação certifica a coerência da memesfera com a cultura digital trash
(FONTANELLA, 2009), caracterizada pela estética tosca, a ironia e a paródia. De fato, é
possível afirmar que os fluxos da memesfera são os principais definidores das dinâmicas
dessa cultura, sendo assim o estudo das memes crucial para a sua compreensão.

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Conclusão
Foi realizada nesse artigo uma exploração que contribui para o estabelecimento de
bases para estudos empíricos que possibilitem formular um corpo consistente de hipóteses
sobre a memesfera. Uma das demandas imediatas nesse aspecto está no entendimento das
diferentes variáveis que determinam o sucesso ou não da replicação de uma meme específica.
Embora essa seja uma intenção presente no estudo de Raquel Recuero, trata-se de um modelo
ainda pouco desenvolvido e que não estabelece uma relação clara com os aspectos
problemáticos da memética no qual se baseia.

A problemática aqui proposta para as memes da Internet talvez represente ainda um


relutante passo inicial para um estudo mais consistente e sistemático dos memes e da
memesfera. No entanto, é preciso ressaltar a percepção da importância de se estabelecer um
papel mais claro para a memética nesse esforço, especialmente nas dificuldades que ela
representa para aqueles que se propõem a pensar a cibercultura evitando o determinismo
tecnológico e mantendo uma perspectiva humanista.

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