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UNIVERSIDADE ABERTA

Daniela Maria Rodrigues De Brito Gonçalves – 1501287

ÉTICA E EDUCAÇÃO - E-fólio B

‘Qual poderá ser o papel da escola e dos seus atores na superação da crise de valores
contemporânea’

O texto facultado1 faz referência ao trabalho do proeminente filósofo francês Michel Serres.
No seu livro Hominiscências 2, o autor reflete sobre uma nova experiência antropológica que
a humanidade está a vivenciar no mundo contemporâneo. A noção de ‘hominiscência’ é pois
um neologismo que designa um novo patamar da evolução humana: se o conceito de
‘hominização’ se refere a uma etapa inicial do desenvolvimento do homem (pre-histórica), a
‘hominiscência’ designa o surgimento de uma nova humanidade, tal como o termo
‘adolescência’ designa a passagem da infância para a idade adulta. Segundo Serres este novo
conceito tem de ser analisado à luz de três dimensões: o corpo; o mundo; os outros. Deste
modo, a reflexão que faz da condição humana abrange vários aspetos da vida e das ciências
que vão desde o existencialismo, espiritualidade, cultura, economia, política, biologia,
genética, tecnologias.

Transpondo este conceito para o plano educacional, importa perceber de que forma a Escola,
no seu conceito mais lato, se tem vindo a relacionar com o homem moderno e como tem
acompanhando as suas transformações. Muitos referem que a educação moderna está em
crise; Sílvio Gallo, define esta crise como “a percepção do descompasso entre a instituição
escolar moderna e as práticas educativas modernas e os seres humanos atuais, […] produtos
desta hominescência que ora vivemos.” Ainda que, assumindo este desfasamento entre
processos educativos e evolução da sociedade moderna, parece-me algo excessiva e até
caricatural a descrição que faz da relação educador-educando: “[…]estes outros que vemos
como alienígenas e que nos olham de dentro de sua solidão, com olhos de incompreensão para
nós e para nosso mundo […].”

1
GALLO, Sílvio, Desafios Contemporâneos à Educação em um Mundo em Rede, in TEIXEIRA, A. M.,
FERREIRA, M. L. R., Ensinar e Aprender Filosofia num Mundo Digital, Lisboa, CFUL, 2014, pp.97-
109.
2
SERRES, Michel, Hominescência, Instituto Piaget, 2005.
Considerando uma correspondência biunívoca entre Escola e Sociedade, de que forma
poderão estar relacionadas a ‘crise da educação’ com a ‘crise de valores contemporânea’? A
Escola, moldada à imagem e semelhança da sociedade onde se insere, estará a ser
‘contaminada’ por esta, pela sua crise de valores morais e éticos ou, antes pelo contrário, a
crise na educação está a contribuir para que a Escola falhe na sua missão conciliadora e
norteadora de responsabilidades e de interações humanas, contribuindo assim para a crise de
valores na Sociedade? Será inevitável considerar responsabilidades de parte a parte.

Parece-me pois importante recentrar o papel da Escola em dois vetores, a meu ver,
complementares: a transmissão de conhecimento e a instauração de valores.

A Escola sempre teve e terá como função preservar e transmitir o saber acumulado ao longo
de gerações, com um espírito crítico e inovador. Sustentada por uma verdadeira revolução
tecnológica, a capacidade de observação tem vindo a evoluir de forma exponencial, bem
como as faculdades da própria espécie humana A globalização e uma nova organização social
em rede tem levado a Escola a não ser já a detentora exclusiva do saber. Desta forma a relação
do eu com o coletivo e o acesso global à informação adquirem uma nova importância.
Também a criatividade deverá ser uma parte fundamental do processo de aprendizagem. A
instituição Escola tem a responsabilidade de tomar em consideração estas novas realidades e
de continuar a estimular a sua implementação, diminuindo assim o fosso entre educadores e
educandos, entre Escola e Sociedade.

Numa altura em que o Homem tem um domínio genético do seu próprio corpo, de todos os
seres vivos, da paisagem que o rodeia, torna-se fundamental que este poder ‘quase divino’
seja acompanhado de uma reavaliação dos seus valores éticos e morais, repensando as suas
culturas e filosofias. Neste processo a Escola deve ter um papel fundamental, trazendo à
discussão todos os seus agentes: educadores, pais, educandos, administradores e políticos e
mesmo agentes culturais e comunicação social. Deve recair sobre todos a responsabilidade de
projetar um futuro, onde um pensamento global e abrangente sobre a educação e sociedade se
possa refletir localmente nas ações de cada um.

Em suma, a Escola e os seus atores podem ter um papel fundamental na superação da crise de
valores estando cada vez mais próxima das novas realidades sociais e tecnológicas,
promovendo no seu seio uma reflexão sobre estas, acompanhando-as de forma cada vez mais
exigente e apontando caminhos a seguir, tendo por base valores éticos e morais adaptados a
este novo paradigma.

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