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A REPRESENTAÇÃO DO DISCURSO OUTRO COMO ESTRATÉGIA

ARGUMENTATIVA NO TWITTER

Carlos Eduardo Silva Pinheiro


Mônica Magalhães Cavalcante

RESUMO: A Linguística Textual tem assumido o pressuposto teórico de que a alteridade e a


argumentação são condições constitutivas dos textos e dos discursos. Nesse sentido, o presente
trabalho objetiva investigar como o gerenciamento das vozes exteriores que atravessam textos
publicados no Twitter constituem estratégias argumentativas. Para tanto, convocamos a reflexão de
Authier-Revuz (2020) sobre a Representação do Discurso Outro (RDO), conceito formulado para
atualizar a noção tradicional de “Discurso Reportado”. A RDO é um desenvolvimento recente da
Teoria das Heterogeneidades Enunciativas, formulada pela autora na década de 1980. Nessa teoria,
Authier-Revuz (1982) articula os fundamentos da psicanálise freudo-lacaniana e do dialogismo
bakhtiniano para estruturar uma teoria da enunciação que classifica e analisa formas linguísticas
que revelam a presença de vozes exteriores nos discursos. A autora justifica a convocação dessas
duas abordagens não linguísticas argumentando que ambas destituem o sujeito do domínio do seu
dizer, pois, enquanto o dialogismo situa o sujeito em uma relação fronteiriça com o exterior,
dispondo-o sempre em uma relação constitutiva com o outro, a psicanálise assume a descentração
do sujeito e sua clivagem ao inconsciente, colocando-o como efeito de linguagem. Assumimos que
as escolhas linguísticas que o sujeito realiza na tentativa ilusória de ter domínio de seu dizer podem
ser analisadas como estratégias, pois inscrevem a sua subjetividade e os seus modos de negociar
linguisticamente com a alteridade. Se olhadas de modo puramente descritivo, as formas de RDO
não interessariam a uma análise discursivo-textual, mas, se colocadas a serviço dos interesses da
Linguística Textual, em interface com a Teoria da Argumentação nos Discursos, de Amossy
(2018), essas formas do heterogêneo se tornam marcas textuais que assinalam modos de
administrar as vozes na enunciação na construção argumentativa dos textos. Nosso interesse em
analisar essas marcas em textos publicados no Twitter justifica-se pelas particularidades
tecnológicas, linguísticas e interacionais que essa mídia digital disponibiliza para a construção dos
sentidos dos textos que nela circulam. Por isso, defendemos uma articulação teórica necessária ao
estudos de textos que se originam e circula na internet, a saber, a Análise do Discurso Digital, de
Paveau (2017). Os resultados mostraram que o gerenciamento textual das vozes exteriores pode
desempenhar diversas estratégias argumentativas, como o apelo às emoções do auditório, a
desqualificação do outro e a convocação do argumento de autoridade. Além disso, verificou-se a
necessidade de considerar o uso de recursos tecnolinguageiros, como as hashtags e retweets, como
modos de representar o discurso outro no Twitter.

Palavras-chave: Representação do Discurso Outro. Argumentação. Twitter.

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