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USIl1fIS HIDROfLfTft.ICfIS
TUllBII1HS
FUMARC/PUC-MG
BELO HORIZONTE
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FICHA CATALOGRÁFICA
(P reparada pela Biblioteca da Universidade Católica de Minas Gerais)
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Copyright © 1981 by Djalma Francisco Carvalho O 7·~ .. i li ~";Ir·~\·,";"i \
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H I.b \_.1 u 21~r'D C !.. / __.._ ~.-
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- A Gabriel Lustosa de Andrade, pelas excelentes aulas de "Maquinas Hi-
dráulicas" na Escola de Engenharia da UFMG e por dever-lhe o meu ingresso 110
magistério superior.
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,,\~~:;. - A Universidade Católica de Minas Gerais, simbolizada na pessoa de
"~Ar0! ~n. v,in~s - Dom Serafim Fernantles de Araújo, pela oportunidade de desenvolver um magis-
Capa: VOITl-I S/A - Máquitws e Equiparr,crlfos
tério sério e gratifica me.
Ilustrações e Fotos: VOITH S/A - A'láquinas e Equipamentos
José Eustàquio de Oliveira
o Autor.
ÍlíDlCE
Pág.
CAPÍTULO I - HIDROELETRlClDADE
1.1. Da roda d'água a turbina Hidráulica .. . . . . . . . . . . .. 11
1.2. A Hidroeletricidade para o Brasil __ . . . . . 14
CAPÍTULO
Anteprojeto de uma turbina Kaplan . . . . . . . . . . ..
/
CAPITULO Xl - REGULADORES DE VELOCIDADE I
II
Por essa época, primórdios da Revolução Industrial, começou a ser utili-
Em seu inicio, as rodas d'águas eram máquinas pesadas, toscas, de baixa zada a energia elétrica, e esta abriu os mais amplos horizontes ao uso da energia
velocidade e 'de reduzida eficiência. Exigiam, inclusive, o desvio de parte da água hidráulica, provocando o nascimento da técnica da Hidroeletricidade que cul-
para os mancais, a fim de que os mesmos fossem resfriados e pudessem girar. Ou minou pela transformação da tosca roda d'água na moderna turbina hidráu lica,
eram flutuantes ou de impulsão inferior, utUizando somente a energia da água Para tal, transformações e melhoramentos foram introduzidos através de
corrente, princípio por si só incapaz de produzir um rendimento satisfatório. estudos feitos por vários engenheiros como Fourneyron, Henschel, Jonval, Koe-
chlin, Fink, Voith, Schwankrug, Zuppinger, até que Francís,e Kaplan deram for-
rnas físicas finais às modernas turbinas de reação, e Peltõ~ e Doble às modernas
turbinas de ação, segundo resumo cronológico abaixo.
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j~ 1925 Posta em operação
mensões,
a primeira turbina Kaplan de grandes di-
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Observação: Vide figuras 5 a 11 rias páginas 17 a 23.
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•. ~,,:. B importante frisar, contudo, que mesmo após uma concreta definição de
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para geração de energia elétrica, um fato travou, inicialmente, o progresso tecno-
iKlI i"-':'/ p-" ''>1:.. lógico de construção das turbinas: a transmissão de forças por meio de engrena-
" li", " ",,:'-e-: J ;::-- gens era fator limitativo da potência unitária e das dimensões ela turbina.
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.' ...dJii~:' . . ,~, FIG. 4 - Roda d'água de irnpulsão superior
13
12
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ltaípu i POT8NClA UNIr.
- Somos um país care n te de petróleo e carvão, o que loma inviável ou pouco 18
Tucuruí 700MW
recomendável a alternativa da Terrnoeletricidade (pelo menos, enquanto existir 12
São Felíx 250 MW
disponibilidade de potencial hidráulico). 5
Xing6 260 MW
Em conseqüência disso, nossa energia elétrica é de origem predominante- 1 9
Paulo Afonso IV 3671\1W
mcn te h ídnca, c a Hídroele tricidade revela-se o caminho mais viável e econômico 2
Sobradinho 3751f1V
para levar o Brasil ií compor o quadro das nações industrializadas ou, mais con- 6
cretamente, para permitir ao Brasil resolver 05 grandes problemas econômico-
sociais de sua gente.
r Salto Santiago
São Simão
4
6
110 MW
333 MW
- Na década de 70, o Brasil esteve entre os países que mais cresceram no setor I DADOS: Revista Enerrsia Elétrica. da ELETROBRÁS
200MW
)
14
15
Para uma compreensão maior da importância e significado da Hidroele-
tricidade no Brasil, julgamos oportuno apresentar ainda os seguintes dados:
- A evolução da capacidade instalada
l 1985
1995
2000
45.400
104.000
153.000
Este quadro pressupõe, a partir de 1980: um crescimento médio anual da ordem de 10% e
leva em conta energia elétrica de outra origem, além da hídrica ( ').
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Por tudo isso, conclui-se pela importância vital da energia elétrica de ori-
gem hídrica para o Brasil e, conseqüentemente, da necessidade do estudo da Hi-
droeletricidade pelo engenheiro.
(') NOTA: Os inúmeros fatores que tornaram rcccssiva toda a conjuntura internacional, afc-
tararn, evidentemente, o dcscnvolvirncn to do setor cncrgético que indicou, em
1981, um crescimento inferior a 4%.
Conseqüentemente, o crescimento do setor deverá sofrer urna reprograrnação
provisória. Ao se levar em conta, contudo, a obrigação de crescimento imposto
pelas próprias características do país, entendemos que deverá haver uma reto-
mada do desenvolvimento na base de um crescimento médio anual da ordem de,
pelo menos, 7% a 8%.
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FIG. 6 -Corte longitudinal em instalação com turbina J onval e tubo aspirador (E) e uma roda Jonval com 3.850mm de diâmetro e potência de40cv.
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CfiPÍTULO II
NOÇÕES GERAIS SOBRE USINAS HIDROELETRICAS
1. GENERALIDADES
As configurações diversas que o capricho da natureza implanta na super-
fície terrestre fazem com que não seja possível encontrarmos duas bacias hidro-
gráficas ou mesmo dois rios que possam ser considerados iguais. Mesmo quando
se estreitam os limites da comparação, é sempre possível ·encontrar alguma sub s-
tancial diferença sob determinado ponto de vista, seja topográfico, geológico, cli-
mático, hldrológico ou geo-econômico.
Desse fato, resulta ser a implantação de uma usina hidroelétrica sempre
um caso particular, que pode, na melhor das hipóteses, apresentar uma no tável
similitude com instalações já existentes.
Isso se toma mais intensamente verdadeiro se o aproveitamento do curso
d'água tive r uma fm alidade mais ampla ou abrangente do que simplesmente age-
ração de energia elétrica. Nestas Condições, toma-se essencial listar as múltiplas
finalidades que pode apresentar um aproveitamento hídrico. Sao elas:
Controle de chefas e estiagens.
--, Navegação.
Irrigação.
Turismo e esportes.
Piscicultura.
Geração de energia elétrica.
Dent ro desse enfoque distinguem-se, portanto, dois tipo s de aproveita-
mentos (quanto a sua funç ão):
a) - Aprnn:itamento exclusivo para produç:ão de energia elétrica: é oca-
so mais comum em bacias hldrográficas montanhosas, quando as altas quedas im-
pedem a construção de eclusas para navegação e a pequena vazão não sugere seu
aproveitamento para irrigação. Há exceções, nesse caso, para as bacias montanho-
sas que sejam de grande superfície e grandes vazões on de a qu eda al ta pode im-
pedir a navegação; porém, a área da bacja e o caudal servem para uma barragem
de acumulação com múltiplos fms (controle de cheias e secas, irr igação, ge ração
de energia elétrica, saneamento).
b) - Aproveitamento múltiplo: caso típico de aproveitamen to de rios
com declividade acentuada e uniform e e de grande volume de água. Presta-se ,
sempre, a pelo menos duas ou mais das finalidades anteriormente listadas e cons-
titui a tendência modern a. (Três Marias é o exemplo brasil eiro mais notável desse
tipo de aproveitamento).
25
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o
o
o O propósito fundamental desse nosso curso é estudar principalmente a a) Usina de base: aquela que mantém cap acidade de g~ s~ão fim1e duran-
o produção de energia através dos recursos hidráulicos, não se podendo, contudo, te todo o tempo, signlficando , via de regra, que a usina opeua:om plena carga,
praticamente, duran te t odo o ano.
o deixar passar a oportunidade de mostrar ao engenheiro que o rio é um elemento
a serviço do homem, de outros seres vivos e do próprio meio. Seu aproveitamen- Em face da curva de carga do mercado que deve atendl r, este tipo de usi-
C1 to deverá processar-se de maneira sobretudo racional, sem ignorar o que se passa
r
i na preenche a base da referida curva de carga.
ao se u redor, respeitando, sempre que possível, as múltiplas formas de vida que o b) Usina de ponta: é aque la cuja fun ção é o atend iwen to dos picos da
1 c l
curva de carga. Sua plena capacidade não pode ser utilizadrn.rn caráter perma-
!c) mesmo abriga e nunca esquecendo ou ignorando a dependência natural e recíp ro-
ca entre o rio e a terra.
1
nente, mas apenas o tempo suficiente para atender as n ece silla d~s do mercad o
"
' 'r' 2. CLASSIF ICAÇÃO DAS USINAS HIDROELtTRICAS l1
Para ilustrar tais defin ições, a FIG. 1 mostra o campolfle operação dessas
usinas em relação à curva de carga. Nesta figura, a ordenad i .~ representa a po-
tência instalada em plena e permanente utilização da usina d!tllase, e a ordenada
,~
A existência de diferenças substanciais entre os aproveitamentos hidroelé-
tricos, seja sob o ponto de vista topográfico, geológico, climático ou geo-econô-
mico, torna sempre o enquadramento dos mesmos em tipos ou classes um fato
.l B representa a potência da usina de pont a, somente utilizadi::m pequena fração
de dia .
MW
extremamente relativo, tomando-se praticamente impossível instituir classifica-
1 C> ções precisas e apropriadas.
50
43
-1
( Por esta razão , prefere-se classificá-las sob vários pontos de vista, de ma-
1
44
( neira tal que a defmição de seu tipo, resultando de mais de uma característica, o
tome meil10r identificável, principalmente do ponto ele vista concepcional. --i 'J)
1
Assim, classificam-se as usinas hidroelétricas sob vá.rios pontos de vista.
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Dentre aqueles considerados clâssicos ou notáveis, destacamos: 35
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2.1. CLASSIF ICAÇÃO QUANTO À ALTURA DA QUEDA ~~
Distinguimos:
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a) Usinas de quedas baix.as: menos que 30m.
b) Usinas de quedas médias : entre 30m e 150m. / K:'' ,r/. ?;f',.Y,
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e) Usinas de quedas altas : acima de 150m. L(,
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Dentro dessa conccituação, cumpre informar serem convencionai s os li-
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mites acima estabelecidos. 12
A
A respeito dos limite s extremos da escala, nada se pode concluir de 1
absoluto; pode-se dizer, apenas, que o limite inferior nas usinas de queda baixa é
d a ordem de 3m, de vez ser praticamente inexeqüível compatibilizar o maquiná-
rio e mesmo o funcionamento com altura igual ou inferior a es te valor. Quan to
ao limite superior das usinas de queda alta, depende o mesmo do valo r da vazão
interven iente, preferindo-se fracionar o aproveitamento para vazõc s grandes; para
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vazões pequenas podé-se chegar quedas da ordem de 2.000m. f!G. l - Usinas de base e de ponta.
2.2. CLASSIFICAÇ.:Í.0 QUANTO À FUNÇ.Ã.0 DA USINA 2.3. CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DO PLA\O DE APROVEITA-
Segundo o ponto de vista operativo ou funcional, costuma-se classificar
MENTO DA FONTE DE POTENCIAL HIDRÁULICO
corretamente as usinas em: Tal classificação, mesmo pa rece ndo bas tante clari apresenta sempre um
26 27
.1
certo grau de relatividade. Segundo este critério, as usinas são divididas em dois equipamento s, de vez que estes foram dimensionados para a descarga tipo 95%
tipos: (Observação: não se usa a descarga mínima tipo l 00% porque es ta tem frequên-
a) Usinas a fio d'água: sáo aquelas que aproveJtam o curso d'água dire ta- cia insignificante, ou seja, da ordem poucos rcgis tros num período pluri-anual).
mente, depois de sua derivação, sem permitir propriamente uma acumulação; a.2) Usina a fio d'água com reservatório: a usina possui um pe queno re-
não significando literalmente, contudo, que n ão possam apresentar um reserva- servatório sem, contudo, possuir uma capacidade de regul ar ização da vazão supe-
t ório . rior ao período de um mês.
Poderíamos, assim, subdividi-las nos seguintes grupos, com as respectivas Consideremos aqui, para m aior clareza, o caso de uma usina isolada (des-
características fluviométri cas: tinada a atender ·certa região, apenas) e com descarga mfnima (tipo Q = 95%) ca-
a.L) Usina a fio d'água sem reservatório: é sempre u ma usina de base paz de gerar potência superior à potência média da curva de carga diária (FIG. 3).
que utiliza, durante 95% do tempo de operação, a descarga mínima do rio , ga- ;.~w
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1 ~ MÓDULO HORAS
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1 1 ~ 1 1 FIG. 3 - Considerações sobre uma usina a fio d'água com reservatório.
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1 : ! \ r-l--_I
r--... r--..._ A interpretação que se dá na FIG. 3 será, en tão, a seguinte :
DE SCARGA MÍN I MA~ )95 %
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1 1 -o - Em se tratando de uma usina isolada (par a atende r certa zo na), con si-
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1 _ _ T% derou-se conhecida a curva de carga.
oo 10 20 30 40 50 60 10 80 90 100 - Garantindo o rio uma potência firme de 38Mw, superior à media de
FJG. 2 -- Usina a fio d'igua sem reservatório , utilizando descarga minima durante 95% do 32Mw, desperdiçar-se-ia durante o dia o volume de água proporcional às áre as S ,,
tempo de opç ração.
S, e S, .
A pequena área hachurada na FIG. 2 significa que, em apenas 5% do tem- - Durante 5 horas diárias (de J 7 às 22 horas) há um a falta de águ a pro-
po de op eração, a usina não rec ebe água suficiente para a plena potência dos porcional à área S,
28 29
- A falta de água (proporcional à área S,) é, contudo, m en or qu e o ex- b) Aproveitamento repartido: quando a casa de fo rç a localiza-se longe
cesso (proporcional à área S, + S, + S, ). das obras de retenção do rio, caracterizando-se por possuir obr.as de transporte
- Assim, se , no decorrer das 19 horas em que há excesso de água, re ti- da água bastante extensas.
vermos no reservatório de regulaçã:o a água proporcional à área S, , poderá esta
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ser aduzida no período de 17 às 22 horas, pode ndo a usina atender, inclusive, a Lj"f;._,'])
ponta máxima da curva de carga.
Conseqüentemente, a usina opera a fio d'água na base e cobre a ponta às
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4. Canal de aduçao
5. Câmara d e carga
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l. 6. Condu tos for çados
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~V 7. Canal de fuga
8. Galeria em p ressil ci
i) --t 9. Chaminé de equilíbrio
- 1 FIG. 5 - Tipos clássico s de aproveitamento repartido.
LEGENDA
t 1. Barragem
2. Casa de força Modernamente (exceção feita a pequenas usinas, onde principalmente as
condições topográficas obrigam), apenàs um tipo de aproveitamento repartido
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2
vem se impondo. Trata-se do aproveitamento repartido com centrais subterrâ-
( neas (tipo cavernas), com a casa de força en cravada na rocha da montanha e que
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tem, em muitos casos, se mostrado como soluçao mais econômica ·do que as
2
centrais externas (caso brasileiro de Paulo Afonso, de Cubatão e da Usin a Hi-
r
droelétrica Governador Parigot de Souza, no Paraná, entre outros).
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30
31
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wna maneira geraJ, distinguim os em qualquer usina as seguintes partes princi pais:
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Obras de derivação e tomada.
Obras de transporte .
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-~il, . 1 - <=;1 J Obras de evacuação .
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Casa de força e subestação .
Obras de restituição.
/ f! As funções básicas de cada uma destas partes são:
11!}( - - Obras de derivação e tomada: form ada basicamente por uma barragem
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.. LEGENDA de derivação, cujo objetivo é represa r o rio de mo do a encaminhar parte defírúd a
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/,! 8. A - Canal de adução
B - Comportas
da vazão para a entrada da tomada d'água, sendo esta protegida por grades à qual
/ / w e - Condutas forçados se segue uma expansao chamada câmara de sedimentação (as .grades e a câmara
~(,'.jd'l D - Válvula de admissão de sedimentação têm por objetivo reter o material sólido do leito do rio).
- . ;'\ r/f E - Turbina
- Obras de transporte: podem começar pelo canal de adução aberto (ca-
J,,~Ji
F - Tubo de aspiração
G - Canal de fuga so de usinas menores) que vai até a câmara de carga, dond e partem as tubulações
H - Alternador forçadas (penstock) que levam a água até as turbinas no interior da casa de
l - Subestação e levadora
- !'l:
de voltagem
força.
J - Linllas de transmissão No caso de usinas maiores e com grandes reservatórios com níveis var iá-
K - Grades veis, podemos ter:
FIG. 6 - Corte longitudinal cm um a u sina hidroelétrica t ípica. a) Se o comprimento da linha adutora for pequeno , o can al aberto é
substi tuído diretamente pelas tu bulações forçadas (FIG. 6).
b) Se o referido comprimento for grande, os condu tos silo divididos em
:f?~ duas partes: a primeira, destinada principalmente a vencer distância, é geralment e
formada por uma galeria cm pressão de pequen a inclinação; a segunda, destinada
·-+ principalmente a vencer desn ívcl, funciona co mo tubulaç ão forç ada (pre ssões
maiores que a pressão atmosférica).
Nesse segundo caso, in tercalada entre a galeria em pressrro e a tub ulação
forçada, teremos a chaminé de equilíbrio, destinada a amo rtecer os efeitos do
golpe de ari ete .
- Obras de evacuação: constitufda pelos vertedores ou sang.radouros que
têm como funções básicas:
- Manter constante, dentro do possívcl, o nível do re se rvatório ou baci a
de acumulação, preestabelecendo dessa forma a vaza:o turbin ada.
- Pennitir o escoamen to de água no leito natural do ri o e:itrc a deriva-
ção e o ponto de restituição da vazão turbinad a , de modo a não causar prejuízos
aos proprietários ribeirinhos o u marginais entre os referidos po ntos.
- Casa de força e subestação : a casa de força, além de abrigar os grupos
turb inas-geradores, contém os apare U1os acessó rios hidráulicos e elé tric os, os dis ·
p ositivos de medida, proteç ão e controle, o s qu ad ros de manobra e de controle,
LEGENDA os serviços auxiliares e oficinas .
l. RcscrvJtório 4. Vertedores A subes tação visa, através princip alm ente dos transfo rmadores, a elevar a
2. Ba.rragcm 5 . Canal de fuga
6. Subestação e levadora voltagem da energia gerada com o objetivo d e diminuir os custos de sua transmis-
3. CasJ de força
são.
Obras de restituição: constituída inic ialmente pel o tubo de aspiração
FlG. 7 - Vi'>la gcr'11 da Usina Hidroelétri ca de Três Ma.ria s (M.G.). Cortesia VOITH S.A.
33
32
ou sucção que leva a vazão turbinada dos motores hidráulicos até o canal de fu-
/' '
ALGUMAS DAS MAJORES BARRAGENS DO MUNDO
ga, em geral aberto, que restitui a vazão utilizada ao leito natural do rio do qu al --···--·--· -- -·
EM VOLUME ESTRUTURAL EM ALTURA
foi desviada.
As figuras 6 e 7 mostram claramente os elementos componentes destes NOME/LOCAL VOLUME NOME/LOCAL/TIPO ALTURA(m)
vários tipos de obra, sobre os quais passamos a falar de modo mais completo, a 103 mJ
35
34
Nesse caso, são normalmente providas de um canal de descarga dotado de - Tomadas profundas: comuns em rese rvatórios maiores e sujeitos ava-
comporta que, ao ser manobrada, perrrúte a retirada e descarga do material sóli- ria ção de nível d'água considerável entre a época das chuvas e a es tiagem e quan-
do acumulado. do considerações econômicas imp õem a utilizaç ão total da que da disponível para
Normalmente, e em decorrência da centripetação dos materiais sólidos todas as situações de armazenamento.
produzida por trechos curvos dos rios, sugere-se posicionar a tomada na margem Podem ser protegidas por grades suficientemente inclinadas para permitir
externa (a convexa). sua limpeza pela orla do reservatório e dotadas de comportas manobráveis, de
Além destas partes principais, a tornada d'água pode possuir outros dispo- grande importância para regulação e intercept.ação da descarga.
~%81~ · ..
sitivos como:
- Comportas de vãos reguláveis para uma melhor adaptação aos vários
regimes do curso d'água.
- Aparelhamento especial para limpeza das grades.
- Dispositivos de fechamento, chamados de stop logs, para isolar (em ca-
so de necessidade) as comportas e, até mesmo, permitir reparos nas várias partes rN , . ~t t --
da tomada.
No caso de usinas com reservatórios, podemos te r dois tipos de tomadas
d'água:
Tomada d'água superficial: comuns em reservatórios menores e em la-
gos naturais sujeitos a p equenas variações de nível, sendo análoga àquelas descri-
tas anteriormente, com a diferença, porém, de náo necessitar de muitos dispositi-
vos de defesa contra corpos sóli do s, porque as águas já estão normalmente decan- LEGENDA:
tadas. I Tomada d'água
Sua embocadu ra, mesmo com nível míIJ.imo, é sempre imersa para defesa !' Grades
J" Comporta manobrável
contra corpos flutuantes . \
.............., w~~
5. OBRAS DE TRANSPORTE
Constituem o conjunto de obras destin ado a efetuar o transporte da mas-
FIG. 8 · - Uma torre de tomada (com comporta cil índrica). Cortesia VOITH S/A. sa d'água desde a tomada até o interior das turbinas .
36· 37
!
39
38
5.3. Tl.Jl3ULAÇÕES FORÇADAS
Ao contrário dos canais de adução e das galerias em pressão, as tu bula- .
ções forçadas ve12cem desníveis de modo a propiciar a conversão da energia po-
tencial de posição da água em energia cinética e de pressão.
Podem ser classificadas em dois tipos principais, segundo sua disposição:
- Aéreas ou externas: nestas condições exigem fixação sobre o nível do
solo, como blocos de ancoragem, por exemplo, e apresentam como grande van-
tagem a possibilidade de fácil manutenção.
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40 41
Ainda com rclaçao a sua disposição, podem ser previstas independentes - Vertedor superficial (tipo tulipa): a vazão excedente é coletada por
para cada unidade geradora ou uma tubulação única (até certo ponto) com rami- um tu bo vertical situado a montante da barragem e dentro do reservatório, le-
ficações próximas à casa de força, de modo a atender as unidades geradoras. vando a água para juzante da barragem.
A tubulação única com rarrúfições apresenta, corno vantagens, menor in- - Vertedores tipo comporta de setor: é o tipo mais usual nas usinas hi-
vestimento inicial e despesas de manutenção menores , sendo sua grande desvan- droelétricas, principalmente naquelas de maior porte e que, além de sua função
tagem a necessidade de paralisação total da usina no período de manutenção. básica, permite a remoção de sedimentos acumulados no reservatório.
Com relação ao percurso da tubulação forçada, deve o mesmo ser estuda-
do de maneira tal que seu trecho inferior, na medida do possível, não seja dirigi-
do contra a casa de força. Deve o mesmo, tanto quanto possível, ser posicionado 7. CASA DE FORÇA E SUBESTAÇÃO
lateralmente a fim de que, na eventualidade de ruptura da tubulação, a casa de
força não fique sujeita à ação direta das águas provenientes da ruptura. Conforme já dissemos no item 3 deste capítulo, a casa de força é a edili-
cação que abriga, al ém dos grupos geradores (composto por turbina, gerador e
excitatriz), todos os aparelhos hidráulicos e elét ricos e os dispositivos de medi-
da, pro teção e controle, os qu adros de manobra, os serviços auxiliares e oficinas).
'"
1· , ;
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vel ou vazão h1r&fuada, rusegurando a estabilidade da barragem e possibilitando,
em alguns casos, a irrigação de áreas para a agricultura e pecuária.
São chamados de vertedores ou sangradouros e os principais tipos usados
em usinas hidroelétricas são: /{!~;.~
barragem. FJG. 16 - CaS.'.1 de força subterrânea (1. conduto forçado; 2. válvulas; 3. canal de fuga;
4. g:ileria de acesso).
42
43
Para clareza maior, destacamos na casa de força, além dos grupos gerado- _, - '. 9· > a ~~
~.-:t- ·' - :%:?
res , os seguintes elementos:
- Posto de controle: constituído pelo quadros de manobra e chaves de
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comando. Neste está centralizado todo o aparelhamento paraJigação das máqui- ( ' ..•-- ~.
nas em paralelo e caracteríza-se, mode rnamente, pelo elevadí~imo índice de au-
tomaç[o.
Posto de proteção: compreende o sistema de relés e outros dispositivos
para proteção de todo o sistema.
- Posto de distribuição: constituído pelos quadros dos cabos alimenta-
dores com instrumento de medição, aparelhos indicadores e gráficos para o regis-
tro e controle da energia distribuída.
A esse conjunto de postos, podemos chamar de central de comando da
usina.
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...
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FIG. 18 - Regulador de governo em fomia de pajncl para 2 turbinas Kaplan. - Cortesia
~'~1!~7
gem, para fins de torn ar a transmissão da energia menos onerosa. Seus transfor-
madores recebem a energia gerada através de barras colctoras.
Finalmente, consideramos oportuno salientar que a prática mais comum
é a de transmitir energia em corre nte alternada, porém, mais recentemente e
principalmente no caso de enormes massas energéticas, está se tornando mais d i-
funclída a técnica de transmissão da ene rgia em corrente conUnua (assim, por
exemplo, será a transmissão de energi a de Itaipu).
F IG. 17 - Vista geral da ce ntral de comando da Usina Hidroelé trica de Macagua 1. - Corte-
sia VOITH S/A. 8. OBRAS DE RESTITUIÇÃO
Basicamente s[o constituídas por:
- Tubos de sucção ou aspiraçâG: são usuais apenas nas turbi nas de rea-
ção e conduze m a vaz.'ío turbinada ao ca nal de fuga.
Além desses elementos, destacam-se ainda o cham ado equipamento elétri- Seu enquadramento como sin1ples obra de restituição não é exato, de vez
co auxiliar, compreendido pelo conjunto de máquinas e circuitos destinados a que, além desta função, é parte integrante da turbina hidráulica no sentido de
fornecer energia ao consumo próprio da usina, bem como os reg uladores de ve- complementar o t rabalho desta como elemen to transformador de energia hidráu -
locidade destinados a fazer o grupo gerador funcionar em uma rotação constan- lica cm energia mecânica. Conforme aprecia.remos no capít ulo que tra ta especifi-
te, qualquer que seja a carga gerada, para, assim, manter constante a freqüência camente dos tubos de sucção, mostraremos que eles têm ainda as seguintes fun·
da energia ·gerada. ções:
44 45
1
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- ·1 FIG. 20-
FIG. 19 -
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Tubo de aspinção comum cm instalação com turbina franci s de eixo horizontal.
FATORES QUE INFLUEM NA LOCALIZAÇÃO DE UMA
9.
USINA HIDROELfTRICA
46 47
~~~~~.-:~~ - Efetividade de utifuaç.io da energia gerada: refere-se à localização da
central em relaçao à posição geográfica do centro consumidor , afetando, essen-
.-.: · ·.~ ~ ·:~ . --. . ·T ·:·..
.. .~ .... ··-,-··
... - -- .
~..:·~~--;-:::_ -;-:-. :-
cialmente, os custo s de transmissão da energia gerada.
Esta efetividade de utilização da energia gerada é particularmente válida
para as centrais independentes ou isoladas, já que, para os sistemas interligados,
diluem-se no próprio sistema os problemas de urna das centrais do mesmo.
··- ··
48 49
CfiPÍTULO III
POTENCIAL HIDRÁULICO
1. GENERALIDADES
Os elementos básicos de uma fonte de potencial lúdráulico são:
- rios e cursos d'águ a em geral;
- uma altura ou que da disponível que permita o aproveitament o do cau-
dal na produça:o de energia.
A potência lúdráulica bruta em um curso d'água é, assim, dada por:
( N· "= 1 ;sw J (1 )
onde:
N': potência hidráulica bruta, em CV.
Q: -vazão turbinada ou descarga derivável, em m 3 /s.
H*: altura bruta ou quedu topográfica entre as cotas do nível d'água de
montante e juza.nte, em rn.
51
visando conferir ao aproveitamento segurança para evitar os perigos de enchen-
vididos em dois grupos: _ tes para as propriedades de montante.
- Elementos relativos à bacia hidrográfica.
- Elementos relativos ao curso d'água.
3. F LUVIOMETRIA
ELEMENTOS RELATIVOS À BACIA HIDROGRÁFICA
2.1 .
2.LL Afluxo da bacia: volume total da precipitação na bacia em um da- A Pluviometria é a parte da Hidrologia que estuda a meclição das descar-
gas ou vazões dos rios ou outros c1usos d'água, medições estas necessárias à de-
do intervalo de tempo.
2.1.2. Altura do afluxo: espessura da lâmina d'água de volume igual ao tennin-ação do potencial hidráulico disponível.
afluxo da bacia, suposta unifonnemente distribuída na superfície da mesma. Estas descargas caracterizam-se por extrema variabilidade, muitas vezes,
2.1.3. Defluxo da bacia: volume total de água que deixa a bacia em um em amplos limites, sendo esta variabilidade ou grau de irregularidade medido pe-
la relação entre a descarga máxima e a mínima. À guisa de ilustração, o Quadro 1
dado intervalo de tempo.
2.1.4. Altura do defluxo: espessura da lâmina d'água de volume igual ao dá uma idéia do grau de irregularidade de alguns rios brasileiros.
defluxo, suposta uniformemente distribuída na superfície da bacia. 1'
QUADRO I
2.2. ELEMENTOS RELATIVOS AO CURSO D'ÁGUA /
2.2.1. Deflúvio: volume total de água que passa numa secção transversal
BACIA RIO 1 Qmáx/Qmín 1 REGIME DO RIO
de um curso d'água em determinado tempo.
Tem-se, assim, deflúvios anual, mensal e diário, expressos em milhões de 11.200 20,5
Paraná Grande = 1 estável
metros cúbicos.
547 1
3
2.2.2. Descarga: deflúvio na unidade de tempo, isto é, m por segundo.
2.133 22,7 1
2.2.3. Descarga diária: média aritmética das descargas que ocorrem du- Leste Paraiba do Sul --- =- - estável
94 1
rante o dia.
2.2.4. Descargas médias mensal e anual: média aritmética das descargas 8.336 11
São Francisco São Francisco --- = -- 1 uniforme
que ocorrem durante o mês e durante o ano, respectivamente. 757 1
2.2.S. Descarga rnfnima anual: menor descarga ocorrida durante o ano.
j 3.991 39
2.2.6. Descarga máxima anual: maior descarga ocorrida durante o ano. Paraná Iguaçu = regular
2.2.7. Descarga m:ix.ima absoluta: maior descarga que se presume possa 102,4 l
1
ocorrer, em qualquer tempo. 1 3.050 iCJ6
Lagoa dos Patos Jacuí --- = -- instável e
2.2.8. Descarga müúma absoluta: menor descarga que se sabe tenha 7,7 1 irregular
ocorrido em estiagem ex:cepcional e que pode reproduzir-se de longos cm longos 1
períodos.
2.2.9. Descarga média nonnal de n anos: média aritmética das descar-
Quanto aos processos empregados para a medição da vazão, cumpre res-
gas médias anuais para n anos consecutivos. saltar que a aplicação dos mesmos é, acima de tudo, função das condições locais.
Dentre esses elementos, influem diretamente no estudo básico de uma
Para se ter uma idéia da variedade destes processos, é suficiente dizer que, para a
usina hidfoclétrica: execução dos mesmos, lança-se mão desde o uso de simples flutuadores até o uso
- Descarga médw (diária, mensal ou anual): medida durante um período
de rádio-isótopos, em processos mais sofisticados e de maior responsabilidade.
de vários anos, toma-se valor básico para determinação da capacidade de usina e
Dentre estes tantos processos, as condições locais, quase sempre, possibi-
para ·estimativa da produção de energia. litam o emprego dos seguirrtcs:
- Descarga mínima: para avaliação da potência disponível e, muitas ve-
Flutuadores.
zes, serve de base para estabelecer a implantação de uma usina termoelétrica au-
Tubos de Pitot.
xiliar. Vertedores.
Descarga máxima: para permitir uma instalação segura, influindo na
Molinctcs.
escolha e dimensionamento adequado dos vertedores e comportas de segurança,
53
52
O levantamento da secção é feito da seg uinte maneira:
3.1. USO DE FLlITUADORES - Se o curso d'água é artificial (canal, p. ex.), basta medir a p rofundida-
Processo comumente empregado em cursos d'água de menor tamanho e de d a lâmina d'água e calcular a secção usando o perfil conhecido da planta de
que consiste em se lançar nos mesmos um flutuador, encaminhando-o para os construção.
pontos onde os filetes s..'io m:J.is velozes. Marcam-se, então, dois pontos do curso - Se o curso d'água é natural, o levantamento da secção é feito através
d'água afastados entre si pela distância 1 (1 variando de 20 l:I 30m) e mede-se, a da sondagem de uma secção previamente escolhida. Influem na escolha desta
seguir, o tempo t gasto pelo flutuador para percorrer esta distância. secção: paralelismo das margens, uniformidade da velocidade e fundo mais regu-
lar (quando possível).
A FIG. 2 ilustra com bastante clareza este rudiment ar processo de levan-
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tamento da secção .
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fs:.._-· f 3 - --·
( Ymixim' - : J (2)
por meio de um planímetro ou, de forma mais expedita, considerando-a igual a
(caso da FIG. 2):
A =
e1 X f1
2
+
f1 + f2
2
ei +
f2 + f3
2
C3 +
f3 + f4
2
C4 +
Para a velocidade média, pode-se admitir, com razoável precisão, que:
f4 + fs f5 x e6
(3) C5 +
V média= 0,8 x Vmi.xima 2 2 (5)
e Q = A. Ymédia ) (4)
3.2. USO DE TUBO DE PITOT
Tem a finalidade de m edir a velocidade em um ponto da corrente d'água ,
sendo uma aplicação imediata do teorema de Bernoulli.
onde: Consiste em um tubo recurvado que é mergulhado eni um ponto do curso
3
Q: vazão, em m /s. d'água.
1
A: área de sccçao transversal, em m .
55
54
1- 2+Jm - - - -- - - ,.._!
N.A. h
P1 1 V1 ~-·
- ",.;_o ....
FIG. 4
( o+ P,
7 + 2;4, - " o+ P. -+
1 h J ·- -· I
Assim, chamando de h a carga do vertedo r ou a espessura da lâmina d'água
acima de sua soleira, mostra-nos a FIG. 4 que:
(h=a-cJ (8)
Donde :
e Vi =Y2gh ) (6)
Examinando-se o escoamento da água em vertedores (do tipo retangular,
por exemplo), verifica-se que, quan do a largura L do vertedor é menor que a lar-
gura do canal, ocorrem contrações na lâmina vertente, ou seja, os file tes infe rio-
Devido ao atrito da água com o tubo d e Pitot, emprega-se um corretivo k, res, a rnont;mte , sobem e tocam a soleira , enquanto outros filete s abai,.-.,:arn-se. Se-
variável entre 0,5 e 1,0 de modo que a velocidade para cálculo da vazão passa a ser:
(V = k~J (7)
56 57
gundo Francis , tudo se passa como se a efetiva largura do vertedor diminuísse, e
tal fato influi na mcdiçao. 3.4. USO DE MOLINETES
Assim, para o vertedor retangular sem contração da lâmina vertente, a O molinete é um aparelho usado para medir a velocidade média do curso
vazão é dada por: d'água, permitindo, assim, após o levantamento dá secção, que se calcule a vazão
em escoamento.
E;;-~nJ (9) Essencialmente (FIG. 7 e 8) um molinete consta de 3 partes principais:
Onde:
Q: vazão, em m 3 /s
L: largura do vertedor
d
h: carga do vertedor.
:~,-8;;-(~~-;~~~,
1
(10)
As expressões (9) e (1 O) são válidas para vertedores retangulares de pare-
des delgadas (chapa ou madeira chanfrada). Quando, contudo, a parede do ver-
tedor tem uma espessura e ~ 0 ,66h, o vertedor é considerado de parede espessa.
~!~~~"'-~"'~"
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t~~i~~~~i~:-
1 -
FIG. 6 - Vert edores de parede espcss:i.
58
59
O princípio de funcionamento do molinete consiste em fixar a barra no
fundo do rio e mergulhado o conjunto (1, 2 e 3) orienta-se o mesmo, pela ação
do leme, no sentido da corrente; esta, batendo contra as pás, imprime-lhes um b
movimento de rotação. Normalmente, a cada 50 rotações ou voltas do rotor, um ,_ 1 "';
6 ~ V V V
cantata elétrico emite um sinal gráfico num cronograma, um sinal acústico ou ml m2 [;13
V
rc.7
um sinal ótico e, nesses dois últimos casos, o operador conta o número de sinais
~
~
~.
e marca o tempo com um cronômetro, determinando o número de rotações por -
h
l . .
'
h2 ~ n3 h~/'.?
1
7 h/.
:·.: ,,.--:__é'/,
minuto do molinete. ·,.~-,·
__,, -- ... ...
..; ~
( V= A·n +B J (12)
l
Onde: l l
A e B constantes características do aparelilo.
n: número de rotações por segundo.
b
Esta expressão (12) decorre do fato de haver uma proporcionalidade entre
a velocidade de rotação do aparelho e a velocidade da corrente.
Para medir a vazão, divide-se a secção do curso d'água em uma série de
espaços menores e, para cada área, mede-se a velocidade no seu baricentro ou a,
LV
aproximadamente, seis décimos da profunclidadc (velocidade que mais se aproxi- ~) º14 rs f"_,
ma da velocidade média).
r
O produto da velocidade assim obtida pela área de cada secção dá a vazão ~ ·'
em cada espaço e a soma destas vazães dá a vazão total.
Para medidas importantes em cursos d'água de maior largura, o processo,
além de inseguro, torna-se trabaU10so; nesse caso, é usual o emprego de uma ba-
1 Qi ,, VlTI i X hi 1 (10)
teria de molinetes (há casos de instalação de mais de cem molinetes funcionando
simultaneamente) instalados sobre barras ou hastes horizontais e/ou verticais e,
em cada vertical, mede-se a velocidade em diferentes pontos (entre 0,2 e O,S da
profundidade). A velocidade-média, cm cada vertical, segundo o Serviço Geológi- 1 Qm = z Qi/i ) (11)
co dos Estados Unidos (USGS) pode ser dado por:
Em cada linha vertical, o produto de sua velocidade média (vmi) pela sua FIG. 9 - Determinação da vazão de um curso d 'água, usando molinctcs.
profundidade (lú) corresponderá à vazão (Qi) de uma secção com área de largura
unitári:J. e profundidade igual à linha vertical. (rio com largura de 6.0m a 15.0m *)
Assim, a média aritmética das vazões obtidas será, com boa precisão, a Ainda sobre o uso de molinetes, julgan10s oportuno acresc1;ntar que os
vazão média por metro de largura do rio (Qm). O produto desta vazão média mesmos podem ser usados em cunos d'água de até 400m de largura (acima de
pela largura do rio dá a vazão total (Q). A FIG. 9 ilustra e esclarece esse proces- 400m há a necessidade de usar processos mais práticos e prec[sos), e que os pontos
so de determinação de vazão usando molinetcs. de sondagem e medição de velocidade têm espaça.rnento variável com a largura do
•ver QUADRO [[deste Capítulo. rio. O Quadro II mostra o espaçamento recomendável em funçao da largura.
60 61
Onde:
QUADRO U
"\ D: diâmetro econônúco, em ft.
/
ESPAÇAMENTO RECOMENDÁVEL N: potência da turbina, em HP.
LARGURA DO RIO
H: queda útil ou efetiva, em ft.
(m) (m)
até 3,0 0,30 NOTA: A determinação da perda da carga e da queda fiti! ou efetiva serão apresentadas no
0,50 item 5 e a determinação da potência da turbina no item 6.
3,0 a 6,0
6,0 a 15,0 1,00
15,0 a 30,0 2,00
30,0 a 50,0 3,00
4,00 4.2. MfTODO ANALITICO
50,0 a 80,0 De uma forma seqüencial, o método consiste em:
80,0 a 150 ,0 6,00
8,00 1. Calcula-se o diâmetro mais econôrrúco por meio de fórmulas empíricas
150,0 a 250,0 e considera-se, baseado nesse cálculo, um conjunto de diâmetros cÓrnposto do
250,0 a400,0 12,00
diâmetro calculado e de outros p rogre ssivame nte maiores.
\.. ·2. Orça-se, para cada diâmetro desse conjunto, o custo direto da tubula-
ção forçada, inclusive itens auxiliares (blo cos de ancoragem , escavaçõe s, mão-de-
4. DIAMETROS ECONOMICOS DAS TUBULAÇôES
obra para instalação etc.).
FORÇADAS 3. A seguir, detennina-se, para cada diâmetro, a perda de carga desde a
Determ inada a vazão turbinada, através de um dos processos hidrométri· tornada d'água até a entrada da turbina (ver item 5 deste capítulo), c;.üculando-
cos, pode-se, então, defmir o valo r do diâmetro que deverá ter o penstock. A se- se, a seguir, a perda de energia anual (em Kwh) devido a esta perda de carga por:
leção desse diimetro mais eco nômico e o dimensionamento geral da tubulação
forçada constitúi um dos problemas de maior importância no projeto da usina
hidroelétrica.
e Ep = 73.058 Q · 6H J (16)
62 63
5. QUEDA ÚTIL OU EFETIVA DA USINA. PERDAS DE On de:
CARGA A CONSIDERAR Q: vazão ou descarga de ri vávcl, cm rn 3 /s_
S1 : secção transversal da tomada, em m 2 _
Conforme dissemos no item 1 deste capítulo, a queda bruta ou desn ível
to pográfico de um a usina é grandeza de fácil avaliação, principalmente se levar- Normalmente, o valo r de LIH 1 é pequeno, podendo, inclusive, ser despre-
zado em quedas altas.
mos em consideração o grande avan ço tecnológico e a precisão dos aparelhos to-
- · Perda de carga na linha adutora (61-1 ):
pográficos. 2
Assim, considerada conhecida a queda bruta ou desnível topográfico Considerando a linha adutora como uma galeria em pressão (linha em tu-
(H ) , a q ued a ú til ou efetiva de uma usina (H) leva em conta o fato de que a que- bos), a perda de carga na mesma pode ser dada pela fórm ula experimental de
Scobey, ou seja:
da bruta não é aprovei ta da integralmente devido às perdas de carga existentes.
Assim, a queda útil ou efe tiva é dada por: 410 k y~,9
61-l2
D~I (22)
cH--= ~- 6HJ (18)
Onde:
Onde 6 1-l, perda de carga total, é, por sua vez, dada por: Y2 : velocidade da água na linha ad u tora, em m/s_
Onde:
V3 : ve locidade da água no pc ns tock, em m/ s.
- Perda de carga n a tomada d'água (6Ht ): D 3 : diâmetro do penstock, em m .
Co nsiderando despréz ívcl a velocidade de aba ixamen to do nível de água
K : constante que depende do ti po de acoplamento dos tubos.
do reservató rio e sabendo que existe a necessidade de u ma carga inicial capaz de Perda de carga no tubo de sucção (61-l 4 ) :
promover o escoamento da água no canal de adução ou galeria em pressão, f calculada pe la expressão:
teremos:
Onde :
Onde : V4 : velocidade da água no início do tu bo de sucção, cm m/s.
V 1 : velocidade da água na tómada , em m/s_ g: aceleração da gravidade, em m/s 2 _
g: ace leração da gravidade, em m/s 2
A velocidade da água na tomada pode ser obtida através de:
6_
P OT~NCIA
~ (21)
POTtNCIA HIDRAULICA
EFETIVA DA TURBINA
DISPONrVEL E
~ Conhecida, corno descrito no item anterior, a queda útil ou efe tiva, a po- (
64 65
tência lúdráulica disponível no curso d'água e a potência efetiva ou potênci:l no
eixo da turbina hidr áulic a são dadas por:
CfiPÍTULO IV
( Ndisp. = ~ J (25)
GENERALIDADES SOBRE TURBINAS HIORAULICAS
( Ne = ~ x T1 J (26)
1. PRINCIPAIS ÓRGÃOS COMPONENTES
3
Q: vazão turbinada, em m /s.
TURBINA GERADOR
O rotor: é um órgão móvel , sobre o qual a tua a água <lduzida pelo dis·
tribuidor. É dotado de p:is (que formam canais) ou de conchas sobre as quais
atua a água em escoame nto, sendo que as forças decorre nt es da vel ocidad e da
água originam um conjugado de rotação que dá ao eixo a potência e o movimen-
to desejado.
66 67
Afoda dentro do objetivo de formar idéias, as FIGs. 5, 6 e 7 mostram cor-
tes longitudinais em instalações com turbinas do tipo Pelton, Francis e Kaplan.
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~~ FIG. 5 - Corte Jopgitudinal em uma instalação c;om turbina Pel ton, destacando-se o rotor
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,,<;<"A
(R) e os dis1ribuidores ( D). Central de Cipreses (Chile) - Cortesia VOITH S/ A.
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FIG. 6 - Corte longitudinal em uma instabção com turbina Francis. mostrando o rotor
FIG. 4 - Distribuidor (do tipo Fink) usado cm tur binas Francis e Kaplan
(R) e o distribui do r (D). Ccntr:i.l de Macagua (Venezuela) - Cortesia VOlTH S/A.
(Nota: os rotores são instalados dentro do distribuidor).
68 69
2. A água, ao incidir contra o rotor, está dolada, exclusivamente, de
energia cinética.
3. Não existe diferença de pressão entre a parte superior e inferior do
rotor, verificando-se num e noutro local a pressão atmosférica.
- - #n 4. O rotor não se encontra em contato com o nível inferior da água, pois
está suspenso sobre o mesmo.
vr1 5. Há uma perda de queda correspondente ao desnível entre o rotor e o
nível inferior da água.
Tmbina de reação
1. Seu modo de funcionar baseia-se no princípio da reação.
~'
1 1
------ r
'~ 1//
1
\ 1 1
----<>
. . _____ l'( 't '
\ 1 1
.;;~:c;;;;::~(J.:;;;;:: :;~~~'.;;"",
'.·<;'l_,~"~0}"'l/;-.;>;-%.::::,;;..%~ ---
l= "~:!~iWff~~'.~fX
<:;--
.,.-------
~
?j: y,·
FIG. 7 - Corte longitudinal em uma instil:ição com turbina K:iplan, destacando-se o rotor
( R) e o distribuidor (D) - CortesiJ. VO!TI! S/A. · 2. A água, ao entrar no rotor, está dotada de energia cinética e energia de
pressão.
CLASSIFICAÇÃO DAS TURBINAS HIDRAULICAS 3. Existe uma diferença de pressão entre a parte superior e inferior do
2_
rotor.
A mais importante classificação das turbinas é aquela que atende ao 4. O rotor encontra-se em conlato com o nível inferior da água (canal de
modo d e atuar da água e, segundo este critério, são as turbinas classificadas em: fuga), através do tubo de sucção.
- Turbinas de ação ou de impulsão ou de jato livre. 5. Há um aproveitamento total da queda, devido ao uso de tubo de aspi-
- Turbinas de reação ou de jato forçado. ração ou de sucção.
Como principais características dos dois tipos, podemos citar:
Dentro desta classificação, os modernos tipos de turblnas hidráulicas são
Turbina de ação assim enquadrados:
1. Funciona segundo o princípio da ação_
Ação: (Pelton
1 . 1J ---=:_-cc-~c-:C Turbinas
Reação:
Francis
Hélice:•
( Kaplan
•NOTA : Conforme veremos, a turbina do tipo Hélice difere da do tipo Kap!an por ter as
p:ís do rotor fixas, enquanto a segunda tem pis ajustáveis.
71
70
Uma outra classificação das turbin as, porém, menos importante, é aquela pª/'
feita em função da traj et ória da água em relação ao rotor. Segundo esse critério,
temos:
! 7 Ir - H--1
- Turbina tangencial: nesta , a água incide sobre o rotor na dire ção tan- hl
gencial (ReYeja FIGs . 2 e 5). :i >--+-- - --,<----!
Si 1 h2 k 1
6 - l / ~-
3. VARIAÇÃO DA ENERGIA HIDRAULICA EM INSTALA- ......-
ÇÕES COM TURBINAS DE AÇAO E DE REAÇÃO TRABALHO CEDI DO Ã TL 1'BINA
O principal objetivo desse estudo é estabelecer uma distinção entre as tur- FIG. 8 - Variação de energia em uma instaL'.lção com turbina de ação.
binas de ação e de reação em termos das transformações de energia que se pro-
cessam em seus órgãos principais (rotor e distribuidor).
ASsirn, constataremos que: 1
- Na turbina· de ação, toda a conversão da energia potencial em energia
cinética se processa no distribuidor. A energia potencial de pressão apresenta os Esse diagrama de variação da energia, assim se explica:
mesmos valores antes e dep ois de tocar o rotor e, nesse, a energia cinética é trans- 1. A energia total da partícula é a soma da energia potencial de posição
formada em energia mecânica. H (supondo já deduzida a perda de carga 6H) e da energia de pressão Pah (pres·
- Na turbina de reação, a energia potencial de pressão é convertida par- são atmosférica).
cialmente em energia cinética no distribuidor, completando-se a transformação 2. En tre 1 e 2, houve uma diminuição da energia potencial de H para h 1 ,
no próprio rotor, onde a pressão à saída é m enor que à entrada. que oco rreu porque a energia de pressão aumentou de pa/-y para p 2 /r. e a energ:ia
cinética aumentou de zero para CV2g.
3. Entre 2 e 3, a energia de queda continuou caindo de h 1 para h 1 , en·
quanto a energia de pressão aumentou de p 2 /t para p 3 /-y. (A energia cinética
3 . 1. VARIAÇÃO DA ENERGIA EM TURBINA DE AÇÃO permaneceu inalterada devido à constância da vazão e ao
diâmetro da tubula·
Considere-se a instalação da FIG. &, onde trabalha urna turbina de ação ção) .
(Pclton) Nesta figura, es tão assinalados seis pontos notáveis, a saber: 4. De 3 a 4, a energia da queda manteve-se con stante , enquanto a.energia
l . Níve l de montan te. de pressão caiu de p 3 /r para p 4 /-y, convertendo-se em energia cinética (C~/2g >
2. , Entrada da tomada d'água. n12g).
3. Final da tubulação forçada e princípio do distribuidor. 5. De 4 a S, nenhuma tran sformação energética considerável se processou
4 . Final do distribuidor. (Psh == p4fr e CV2g == CU2g).
5. Posição d a partícula imediatamente an tes de bater contra a concha. 6. De 5 a 6, notamos a transformação da ene rgia cinética cm energia me-
6.: Posição da partícula imediatamen te após bater contra a concha. cânica.
72 73
3.2. VARIAÇÃO DA ENERGIA EM TURBlt"lA DE REAÇÃO 3. Entre 2 e 3, a energia potencial continua a cair até h2, enquanto a
A FIG. 9 representa uma instalação com turbina de reação (Francís), energia de pressão aumenta até P31r, ficando constante a energia cinética devido
onde se assinalam sete pontos notáveis: a vazão e diâmetro da tubulação serem invariáveis.
1. Nível de montante. 4. Entre 3 e 4, ternos o distribuidor da turbina, que transforma uma par·
2. Entrada da tomada d'água. cela de energia de pressão em energia cinética , devido à uma diminuição na área
3. Final da tubulação. de escoamento; a energia potencial se mantém.
4. Saída do distribuidor. 5. De 4 para 5, as energias de pressão, potencial e cínética se mantêm
5. Entrada do roia r. constantes, sem haver transformações de energia.
6. Saída do rotor. 6. Entre 5 e 6, está situado o rotor da turbina, onde há cessão de energia
7. Saída do tubo aspirador e nível de jusante (canal de fuga). cinética e de pressão. Note-se que, na saída do rotor, existe uma região de baixa
pressão, podendo haver neste local o perigo de cavitação.
7. Corno existe ainda a energia potencial h3, o trabalho cedido ao rotor
Pa/Õ
1 H da turbina seria relativamente pequeno. Para recuperar uma parcela das energias
1
potencial e cinética perdidas, existe o tubo aspirador, que é cõnico-divergente,
onde, como mostra o diagrama entre. 6 e 7, a enegia cinética vai-se transforman-
2f-
do em energia de pressão, devido ao aumento gradativo do diâmetro do tubo,
Em 7, a água sai com uma energia de pressão P7 Ir e uma energia cinética
;/2g
C~/2g (ambas não foram cedidas à turbina); o restante é o trabalho cedido ao
rotor pela partícula fluida, desde que não existe mais a energia de queda.
11
4. EQUAÇAO DE EULER PARA AS TURBINAS(*)
2
I Na instalação hidrcelé trica apresentada na FIG. 10, consideremos os se-
fi
h1
guintes pontos notáveis:
5 k\\y'
T'
L.. \:\\\\\\d5
h
2
--~-----
74
75
PONTO A - Nível do reservatório de acumulação. Somando membro a membro as expressões (1), (2), (3) e (4) e fazendo:
PONTO O - Saída do distribuidor da turbina.
PONTO 1 Entrada do rotor da turbina. ( 6HA-----+O + 6HO----'1 + 6H1----'2 + 6H2->3 = 6BT + 6H)
PONTO 2 Saída do rotor da turbina.
PONTO 3 Saída do tubo aspirador.
Onde 6HT é a perda de carga na turbina e 6H a perda de carga até a
entrada da turbina (perda de carga nas obras de transporte).
Consideremos uma partícula fluida situada no ponto A c acompanhemos E considerando que:
a sua trajetória até à saída do tubo difusor (para isto recorreremos ao teorema de
Bernoullí).
Aplicando o teorerna de Bernoulli entre A e O teremos:
(~~"~-+hJ
2
Teremos:
2'A- + CA
+ ZA
Po
+
c2
~O_ + Zo + 6HA----' O (1) ç~--~---~CA------C2--------2-2-----'\
'Y 2g 'Y 2g
A - (Z3 + h ) + --
3 2g
- l\H _ ~
2g
_ MI
T
= UI - D
~
2
+
c1 - C'i. +!
onde: w;-wj ,,2g )
6HA ----' O as perdas de carga até à saída do distribuidor
Aplicando o teorerna de Bcrnoulli entre O e 1:
da turbina.
l 2g /(5)
P
~+~_O_+ZO
'Y
C1
2g .
PI
+ -:ri- + Z[ +
CZ
6Ho->1 (2) Da FIG. 9, tiramos ainda que:
'Y
(ZA - (Z3 +h3) + Cf>..j2g =H-*)
E por defmição, a queda útil efetiva é dada por:
Entre 1 e 2, considerando o rotor em movimento, o teorema de Bernoulli
para o espaçogirante nos fornece: (H = H* - 6H)
Assim, chamando de 1)H a um número menor que 1 e que leva em conta
wi
- + --
PI Di
- -- + Zl = --
wi
+ --
p2
- --
m + Z"2 + 6H1 --+ "2 (3)
a perda de carga na turbina e a energia cinética residual, o primeiro membro de
(5) pode ser escrito.
2g 'Y 2g 2g 'Y 2g
77
76
Esses triângulos de velocidade podem dar origem a outros triângulos,
5. TRIANGULOS DE VELOCIDADES
cujos lados são coeficientes adirnensionais.
Consideremos na FIG. l Los pontos 1 e 2, respectivamente a entrada e
saída do rotor de uma turbina (Francis, no caso):
KW
KC 1
1
KC KW
2
0(2
K KUr
U1 KCu L
2
FIG. 13 - Triângulos adímensionais de velocidades.
Na figura 13:
V2g H
e KC2 =
~~:Il
J (8)
í KUJ =
U1
ffgH
e KU2 = I
U2
V2g H
(9)
/~\'lC
KcUl=
eu,
y'2gH
e KCu2=
CU2
..j2g1I I (11)
('(J
C u1 ~ ~U2
·C. Esses coeficientes adirnensionais de velocidades (e as próprias velocidades)
'1 '2 são da maior importância para o cálculo das turbinas.
Costuma-se, tamanha a sua importância em termos de cálculos, escrever a
FIG. 12 - Triângulos de velocidades à entrada e à saída do rotor, equação de Euler sob forma adir.iensional.
78 79
Assim, combinando (7), (8), (9), (10) e (11) temos: Mas, como:
Logo:
2g H 1 1 1 2 2 1
UI CUl U2 CUl
KW2 == Kc'I + KU' - 2KC . KU C050:1 (13) 7)H== 2 ( X -- x
I I I 1 v'2gH ,j2gH -J2gH .j2g}I)
r=:':
7]H = Kc~ - Kc~ + KU; - KU~ + KC~ + KU; - 2KC1 KU2 cOSCX2 - Kc~ - KU~
C H· T/H == lfg (UI CUI - U2 C-U~ (I 7)
[ + 2Kc, KU, cosn , J Se o 6. de saída de uma turbina for retângulo em 0:1, teremos C2 perpen·
dicular a U2, sendo nula a projeção de C2 sobre U2. Assim, Cu , sendo nulo, ;J
UI CUI
TlH == (18)
gH
7)H=2(Kul• KCl • coso , -KU • Kc COS0(1) (15)
2 l
80 81
6. RENDIMENTOS A CONSIDERAR
Pa(3 se fazer o cálculo da potência efetiva no eixo de uma turbina, deve-
se sempre levar em conta as perdas hidráulicas, volurnétricas e mecânicas nela
existentes. Assim, temos de considerar os seguintes rendimentos:
(:v ~ Q-(rq,l J (20)
6.1_ RENDI,\lliNTO HIDRÃULICO Apresentamos, a seguir, um quadro que mostra os valores usuais do ren-
Leva em conta as perdas de carga ao longo da trajetória percorrida pela dimento volumétrico para os vários tipos de turbinas:
água dentro da turbina (6HT) e a perda devida à energia cinética residual de saí-
T
l -l
da (C~ f2g), sendo calculada pela seguin te expressão:
TIPO DE TURBINA FRAt"lCIS LENTA I KAl'LAN I PELTO?'!
-,
T~
Tlv
95% 100%
"H zz H- cl .- L\HT
(19)
o rendimento volurnétríco de uma turbina Pelton é da ordem de 100%,
porque ojato de água à saída do distribuidor está dotado de elevada energiaciné-
Onde H é a queda útil ou efetiva.
tica, tornando-se, por isso, maciço e coeso, sendo totalmente amparado pelas
conchas do rotor.
6.2. RENDIMENTO VOLUMÉTRICO
O volume de água na unidade de tempo que passa pelo rotor de uma tur-
bina é sempre menor que a vazão que flui nas tubulações; isto porque existem
perdas volurnétricas devido às folgas existentes entre o rotor e a carcaça da tur- 6.3. RENDIl',1ENTO MECÂNICO
bina, )
Considera as perdas mecânicas de atrito nos mancais, resistência da água
Este volume líquido (que flui sem ceder energia ao rotor) pode tomar ao giro do rotor. r; calculado pela ex press 3:0:
dois diferentes caminhos (FIG. 14), um superior e outro inferior. A perda volu-
métrica superior existe, porque 530 necessários os furos que ligam a parte supe-
rior do rotor ao tubo de sucção, a fim de que haja equilíbrio dinâmico no eLXO
da turbina. Se qi são as perdas volumétricas inferiores e qs as perdas volurnétrícas (21)
superiores:
onde:
N: potência cedida ao rotor pela água (potência efetiva).
6N: perda de potência devida aos fatores antes mencionados.
Normalmente, esta perda de potência é tanto maior quanto menor for a
potência da turbina.
82
83
I BIBLIOTECA
GRAU DE REAÇAO 8. SEMELHANÇA MECANICA OU TEORIA DOS MODELOS
7.
Define-se o grau de reação das turbinas como sendo a relação entre a par- No cálculo e projeto de uma turbina interferem, via de regra, muitos fato-
cela de energia potencial transformada no rotor e a energia total ou queda efe- res cujas grandezas não são exatamente conhecidas, ficando os mesmos, assim,
sujeitos a urna certa insegurança.
tiva.
Assim, considerada a FIG_ 15: Em se tratando de turbinas de grande porte, tal insegurança pode redun-
dar em um fracasso c, assim, provocar grandes prejuízos econ~micos para o fabri-
I cante.
A semelhança mecânica ou teoria dos modelos compreende um conjunto
de leis e conhecimentos através dos quais se toma possível prever o comporta-
1 mento da turbina de grande porte a partir da atuação ou desempenho de uma
Pi/Õ turbina menor.
Em seu sentido mais amplo, a teoria dos modelos permite deduzir o com-
portamento de um protótipo ou máquina industrial a partir do comportamento
\ de uma máquina modelo, desde que entre uma e outra sejam cumpridos deter-
r
minados requisitos.
Assim, para haver semelhança entre duas turbinas, toma-se necessário
"j-
P21Í~
í _
\
t
Que haja semelhança geométrica.
Que haja semelhança cinemática.
Que haja semelhança dinâmica.
onde:
PI i')' : energia potencial de pressão, à entrada.
ZI : energia potencial de posição, à entrada. dil dz ~&.t:l
~, I',
P2i')' : energia potencial de pressão, à saída.
Z2 : energia potencial de posição, à saída.
H : energia total ou queda útil ou efetiva.
Evidentemente, para as turbinas Pclton:
PI i')' '" Pllt == palt (pressão atmosférica) PROTOTIPO (1) HODELO (m )
~ ZI == Z2
Logo, resulta r == O. FIG. 16 - Semelhança geométrica entre turbinas.
84 85
Assim, existirá semelhança geométrica quando: Onde:
d, i do·
-I
d3i 1.
i
K (24)
[Re -7-) e
= V: velocidade,ern m/s.
D: difm1etro, em m.
d1m d2m d3rn 1m v: viscosidade cinemãtica, em m1/s.
w} c2
~
.
nn.
_~1 _
-
1
K jJIL
__ H·
I
(28)
m Em
(i) {m}
N·J H·
Cli \VIi UIi N- = K
2 (~I_)312
(30)
(25) rn Em
Cim \VIm VIm
Nestas expressões:
8.3. SEMELHANÇA DINÂMICA Hm' Qm' Nm, nm: grandezas relativas ao modelo.
Existe semelhança dinâmica entre um protótipo e um modelo de turbi-
nas, quando o número de Reynolds (característica do escoamento) for o mesmo Tais expressões podem ser escritas de maneira diferente (em função de
para protótipo e modelo. rotações), o que, dependendo da natureza do problema, pode contituír-se em
uma forma de mais fácil aplicabilidade.
( Rei = Rem) (27)
4 NOTA: O fenômeno da Cavitação é assunto abordado no Capitulo X.
86 87
N' nJ3 N' r' n,3
(38) ou x - (39)
N 03 N n3
I
Nm =o K X 7m ." 1m (35)
Hi =o H = lm
Hm
o, = Q Qm = Ql
N-I N l\m = N1
b) Se protótipo e modelo forem iguais (duas turbinas iguais trabalhando
n.I n nm = DI
em situações diferentes ou a mesma turbina trabalhando em duas situações dife-
7]- 7J
rentes), teremos K = 1 c as fórmulas fundamentais da semelhança mecânica são, I 1)m = 1)
então, chamadas de equações de Ra tcaux.
Teremos então:
Passam a ser escritas assim:
(%=+J (36)
n
nl
= ff 1
-+
[n, ;w Jo
(40)
H'
H=7
n,2
(37)
Q
Ql
~
1
--+
(Q, Je J (41)
88 89
N
N1
H
(_)3/2
1
--,
[N' ~ II :-aJ (42) SL
Q!1
=~
1
fi. 1
-, {;',~ J ti' ~fl-
(44)
OBSERVAÇÕES:
a) Nas expressões acima, temos K = 1 (mesma máquina).
~
N 11
=~
1
(~)3!2
1
---7
r Nll = d2'I:~
(45)
Qm = Qll Qi = Q Hi = H H = lm
T/i = 11 11m == 11
Nm Nu Ni N
nm nl! ni = n
Tl rJ 17i = TI
m ~
ns
__
- K
1_
-J ~
IH ~1 _- K2 ~
( 1 )
312
Pela semellianç,~.mecânica:
Obteremos:
n
nu
~d IH
V~1 --> n-d]
y'H
(43)
ns =
n NlI]
~ (46)
90
91
Nesta expressão, deveremos ter: qualquer valor da queda H e da descarga Q; entretanto, apenas um pequeno nú-
mero delas terá um rendimento aceitável, compatível com a prática. Assim, cada
n: emrpm
tipo de turbina só trabalhará com bom rendimento para valores de ns compreen-
N: emCV dido entre determinados limites.
H: emm ~ Podemos dizer, então, que a queda H, a descarga Q e a velocidade especí-
! fica ns são as grandezas que caracterizam qual o tipo de turbina a ser usada em
i uma dada usina hidroelétrica; dependendo destas grandezas, ?~deremos ter uma
A um certo valor de ns faz-se corresponderuma turbina com determinada :~yrimeira orientação para a escolha mais conveniente da turbina.
geometria, de modo tal que todas as turbinas geometricamente semelhantes, tra- Entretanto, ao contrário do que parece à primeira vista, o campo real de
balhando com n, H e N de máximo rendimento, deverão ter o mesmo ns. aplicação das turbinas hidráulicas não se nos apresenta de uma maneira rígida e
absoluta. São tantas as variáveis envolvidas, tanto de ordem técnica quanto eco-
Temos, assim:
nômica, que somente a experiência obtida em longos anos de vivência no assunto
permitirá que se considere apenas aquelas que são realmente relevantes em cada
ns TIPO DE TURBINA caso particular. Assim a escolha definitiva da turbina só deve ser feita após uma
consulta às firmas construtoras.
10 a 50 Pe1ton
50 a 100 Francis lenta
12.2. A ESCOLHA DA TURBINA
100 a 200 Francis normal Após os estudos hidrológicos locais, nos quais se determinam tanto a
200 a 400 Francis rápida queda quanto a vazão disponíveis ao longo de um período, passa-se à escolha do
350 a 700 Hélice alternador e da turbina hidráulica. Fixado o número de pares de pólos do alter-
400 a 1200 Kaplan nador, teremos condições de escolher o tipo de turbina, porque se tomam co-
'- ) nhecidas as grandezas necessárias para tal, a saber:
A vazão Q disponível.
Normalmente, os construtores de turbinas procuram aumentar sempre a .;
A altura de queda H.
velocidade específica das turbinas, aumentando a rotação n com o que conse-
A rotação n da turbina.
guem geradores mais econômicos e uma maior facilidade de acoplamento direto
A velocidade específica ns.
da turbina ao gerador.
Com o auxílio destas grandezas, fica fácil a determinação do tipo de má-
A esse aumento da velocidade específica, contudo, cor respondem maio-
quina a ser usada.
res perdas por atrito nas pás do rotor (devido as .grandes velocidades) e maior
Na FIG. 18, apresentamos (em função da altura da queda, em pés, e da
perda de energia pelo aumento da velocidade residual (de saída).
velocidade específica, calculada no sistema inglês), um ábaco que nos permite
Cumpre-nos ressaltar que a tabela acima refere-se à construção normal; selecionar o tipo mais conveniente de turbina.
em construções especiais, todos esses valores têm sido ultrapassados nos dois sen-
tidos: há exemplos de turbinas Francis com ns = 550rpm e de turbinas Kaplan Todos os pontos, situados à esquerda de cada curva, indicam sempre um
com ns = 320rpm. (Tabela idêntica, porém, mais completa é apresentada nesse mesmo tipo de turbina. Para uma queda de 4000 pés, por exemplo, i velocidade
capítulo, no final do item 12.2.). específica de 3 rpm, encontramos como solução a adoção de uma turbina Pelton
Finalmente, torna-se necessário salientar que, nos livros e catálogos de de 1 jato. Para uma queda de 30 pés e velocidade específica 160rpm, adotar ía-
língua inglesa, a velocidade específica é a rotação da turbina semelhante que, ao mos uma turbina Kaplan,
operar na queda efetiva de I ft, gera a potência de 1 HP. Podemos observar que a turbina Pclt on, ao contrário da Kaplan, apresen-
ta baixa velocidade específica, trabalhando sob quedas elevadas. As turbinas de
grandes velocidades específicas são denominadas "turbinas velozes" porque para
12. CAMPO DE EMPREGO DAS TURBINAS H!DRAULlCAS grandes potências e pequenas quedas, têm grandes velocidades específicas. Em-
bora a turbina Kaplan seja "veloz", ela trabalha com pequenas rotações (n em
12.1,. INTRODUÇÃO
:tsempre possível construir turbinas de mesma velocidade específica para torno de 100 rprn), enquanto a Peiton trabalha com elevadas rotações (n em ter-
n 93
no de 1200rpm), embora seja uma turbina "lenta". Esta aparente contradição é
facilmente compreendida com um simples exame da fórmula da velocidade espe-
cífica. Vemos que se tivermos elevada potência c pequena queda, mesmo com
H (m) J baixa rotação, temos grande velocidade específica.
A fábrica de turbinas Riva, da Itália, após longos e exaustivos estudos,
5000 ,--- I determinou, em função da queda em metros e vazão em metros cúbicos por se-
gundo, um diagrama de aplicação das turbinas hidráulicas de sua fabricação, ins-
taladas na Itália, com unidades Kaplan acima de 1000 CV e Pelton e Francis
4000m
acima de 5000CV-; é o que mostra a FIG. 19. Se analisarmos a figura, veremos
3000 !
que existem certas áreas comuns a dois tipos de turbinas, o que nos leva a ter
2500 1 1 1\1 1 II~,I ! !41 I I I I II I II 11: I:
uma opção para o melhor tipo a se usar.
r~:~:H
Para a queda de 400m e descarga de 15 m3/seg., por exemplo, podería-
2000
mos optar tanto por uma turbina Pelton quanto por uma Francis. Assim, tere-
1000
I II '\
11 11111111111 i
/'
mos de considerar novos fatores para uma seleção econômica da turbina. Entre
/7 outras, apresentamos as seguintes vantagens de uma turbina Francis em rclaçãSl a
~ em altas quedas:
Maior aproveitamento da energia da água, com o auxílio do tubo difu-
.
-+---If-+-f--I-Il=+-Cf±\Pe-I;~~'\r I 1 I I I ! I I I i I sor.
Menor peso.
t
T
200
Turbinas
1--_
f----t-H :I Menor rendimento com cargas parciais.
Menor robustez.
Pelton ! I Al ternador com maior número de pólos; conseqücn te rnen te, mais caro.
150
.
I Jato _i_~!
I lI i
I .
Regulagem mais complicada.
I Infra-estrutura mais cara.
t-;;-;-----t-1...J...LLI1----r-+-+----+--+.-LCI'
r I !:
~c _,c_"- --
--+-'H
2jo
I I j f-+-I II ! \íl i '( Problema semelhante ocorre, por exemplo, para uma queda de 30m e des-
carga de 20m3/seg.; poderíamos escolher uma turbina Francis ou uma Kaplan.
RI;;; i ~t~
4 joto~ GTlT I i Tr C-2f!1~~as turbi!las..KªpiW_t:..n:!J.elaçãoàs Francís ._tefllQS:
11fT
50r--
20 1I
f--- U ! I I I I I I I _
Hélice e
l-,Iaior custo.
Alternador com maior número de pólos.
I
4 10
I 20 30
111U f"1"rl I,,,
100
Maior perigo de cavitação.
Apresentamos, finalmente, no quadro a seguir, uma tabela que também
nos permite obter uma seleção criteriosa dos tipos de turbinas. Esta tabela tarn-
British (n s ) bém mostra, em certos casos, duas opções para a escolha de turbinas hidráulicas
FIG_ 18 - Ábaco para seleção de tipo de turbina. trabalhando nas mesmas condições.
94 95
1300
1200
A H (
_L .:"
CHPÍTULO V
1100 I
1000 I
'.
900
800
700
r-·G
600
TURBINAS PELTON
500
400
1. GENERALIDADES
~" ~@~
300
200
l]S'" ,"~~ ~
-, Ê O moderno tipo de turbina de ação empregado, com êxito, em instala-
ções com as seguintes características:
150
~I ,
/
- Grandes quedas.
- Pequenas vazões.
Seu rendimento é bastante elevado (cerca de 90%) e entre suas principais
100
~ @ ~
I
. 1 vantagens, podemos citar:
i ! - Construção mecânica mais robusta.
50 1 Contato menos íntimo com a água, o que significa menor perigo de
erosão.
I.~////;··
/! !/////iLl f2?l.b.@/ "//I~~~Id'1/;
j/! /! /; I////!!/! , Manutenção e regulagem mais fáceis.
o ~11 10 15- ~
I I
20 30 40
I~I
50 60 70 80 100 120 14() 160
1
160
'-
200
I
_________
- Infra-estrutura mais leve.
A. figura 1 apresenta uma turbina Pelton completa.
PELTON - 1 jato
3
12
-
-
13
20
1800
1300
a 1300 metros
a 550 metros
•• CD Distribuidor ou injetar (tipo Do bJe)
96
97
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0
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j~). -
FIG. 2 - Desvio do jato pelas conchas de um ro tor Pelton ,
:""";~~~litl±:~~ ~ As conchas podem ser fundidas separadamente e fixadas ao disco For
~,
"c' /Afr
t\..1'1.
,_:,.~_
'1"
i.,},
1
} •
" meio de parafusos ou podem ser fundidas conjuntamente Com o disco. Emr ela-
. \
<' çãoa tais- prQcessosde"Construção;=pode_se -diier~-
..
I
,:3,
~.~t- i 1
Conjunto fundido em urna única peça (FIG.3)
Vantagem: distribuição de tensões mais uniforme no disco.
..•."'-_1,'. Desvantagens: fundição e usinagem posterior mais difíceis .
I não mais se transforma em energia cinética (a pressão é igual antes e após tocar a .)i'
" ..
\ concha), havendo apenas transformação de energia cinética em energia mecânica.
98
99
Quanto ao material empregado na construção das conchas, é comum o
uso do bronze para pequenas turbinas e de ferro ou aço fundido para as grandes
turbinas.
Em relação à usinagem do interior das conchas, deve a mesma ser muito
cuidadosa, uma vez que tanto o septo como a chanfradura originam formas com
quinas vivas e sujeitas a intensa erosão.
J
finalidades a regulagem da vazão e a formação de um jato d'água compacto que
incida sobre as conchas, como mínimo de dispersão.
101
100
mento não pode, inclusive, ser feita mais rapidamente devido ao perigo do golpe
de aricte na tubulação de chegada.
O defletor é, então, o dispositivo mecânico usado para retirar a carga mo-
c:
6,
tora da turbina. Ele fica entre o bocal e a roda, evitando que o jato atinja as con-
chas durante o período de fechamento da agulha.
2'
/'5') :;'
~
í~
,I f
l-r ~,+ -'---
/-._-.
FIG. 8 - o dcfle tor de jato do injetar.
~
.~ A distância entre o defletor e a roda deve ser a estritamente necessária
~
para que o defletor possa ser introduzido e exercer sua ação.
'3·
~- Quanto ao acabamento superficial e interno do distribuidor Doble, cum-
pre ressaltar que o mesmo deve ser o melhor possível, para evitar que o mau
LEGENDA: acabamento facilite o aparecimento da cavitação originada pela alta velocidade
do jato d'água.
CD Bocal
0) Agulha @ Corpo do injetor
CD Haste GJ Aletas diretoras
3. INSTALAÇAO COM JATOS MÚLTIPLOS
@) Servo-motor ® Furos da agulha (pau entrada de ar através do oco da
0) Volante do servo-motor haste para atenuar cavitação). Instalações deste tipo (FIG. 9) começaram a surgir acompanhando a ten-
dência então existente de aumentar a velocidade específica.
FIG. 7 - Distribuidor ou injetar tipo Doble.
102 103
Entretanto, surgiram três problemas construtivos relativamente sérios, sobre as superfícies em forma de concha.
principalmente em turbinas de eixo horizontal:
- Dispor os jatos na coroa de modo
de uma concha sem perturbar a saída de água
tal a permitir a evacuação da água
das outras.
- T~i'OI do .ro t.o r
- Projetar a carcassa de modo que a água saia sem circular pela periferia
da roda.
- Realizar de forma conveniente a conexão dos injetores.
Tais dificuldades, se bem que contornáveis, limitaram na prática o núme-
ro de ínjetores:
- Turbinas de eixo horizontal: dois injetares. -"
- Turbinas de eixo vertical: dois, três ou quatro injetores.
Estes valores, todavia, não são definitivos, e pode ser que osmais diversos
fatores possam indicar um maior número de injetores (há caso de turbina Pelton
de eixo horizontal com 6 injetores).
Tecnicamente falando, a finalidade da instalação com jatos múltiplos é
obter-se uma maior velocidade específica, com o que se consegue uma máquina
mais econômica e que se acopla diretamente ao gerador com mais facilidade.
Realmente, podemos aumentar a rotação no eixo usando "o mesmo tipo
de Pclton com mais de um ínjetor. Assim, para uma dada instalação com I inje-
tor, sendo TI Nl/2
TIs = }iSf4 ;?
FIG. 10 - O desvio do jato sobre a concha do rotor Pclton.
'I
Teremos: i
A maior parte do jato, tanto à entrada como à saída, mantém-se a uma
l
~~
n=ns 7N j /I (1) mesma distância do eixo de rotação, disto resultando ser:
n' = TI
s ~
H5/4
-
n H5/4
S .
r-r-r-r-r
rz--
yL.
I
C~l~ (3)
(
------
n' = n VZ J (2)
Onde:
U: velocidade tangencial
1 e 2: índices que se referem, respectivamente, à entrada c saída da con-
Logo, uma turbina Pelton de dois jatos terá sua rotação aumenta- cha.
da para 1,41 n. A equação de Bernouili generalizada, aplicada entre a entrada e saída da
concha (movimento relativo), nos diz que:
4. TRIANGULOS DE VELOCIDADES w2
w22
I PI . Li
_ .. _ P2 U~
o jato,
que o inje tor Doble cria, atinge o septo da concha (de direção
0
2g + -'Y - 2g + Z, -zg-+ 'Y 2g
+ Z2 I (4)
aproximadamente radial) e sofre, a seguir, um desvio de, mais ou menos, 180
104 105
Como: Disto resultaria C2 = 0, hipótese que leva a uma impossibilidade prática
de funcionamento, de vez que significa o acúmulo da água em um ponto da con-
PI P2 cha, sem poder sair.
----
l' I Assim toma-se necessário dar a C2 um certo valor, de modo a permitir
que a água deixe a concha. Consegue-se isso, dando a ~2 um valor diferente de
ZI = Z2 zero, de modo a fazer com que o desvio sofrido pela velocidade relativa seja infe-
rior a 180°.
UI = U2
1'1
2
Teremos:
-~
(W I = wJ (5)
1'1
A equação de Euler para as turbinas nos revela que o trabalho útil cedido
será tanto maior, quanto menor for o valor de C2, considerando fluxo radial. C
2
1'1
1
,. ...--7///,(1 _~u ": uI
U
2
C'[~~
Th = T)H • I-I-ljg (U l - CI coso , - U2 • C2 casal) (6) U
2
Assim, fazendo a velocidade tangencial à entrada igual à metade de C, FIG. 12 - Triângulos de velocidade à entrada e à saída (reais).
(U, = CI/2) e lembrando que, se U1 e C, têm a mesma direção, também WI a
5. ANTEPROJETO DE UMA TURBINA PEL TON
terá, vem
Apresentamos aqui as normas ou procedimentos para cálculo de algumas
(7) das principais dimensões do rotor e distribuidor (ou injetor) de uma turbina
WI = Cd2 e tll = O "
'r
Pelton.
Fazendo ~2 = O, resultarão triângulos de velocidades à entrada e à saída Deve-se frisar, em termos gerais, a simplicidade desses cálculos e a reco-
mendação, determinada por condições mecânicas de resistência, de não se proje-
deformados, degenerados em reta dupla.
tar turbinas Pelton com rotações que gerem velocidades tangenciais acima de
SOm/s, quando se optar pela fundição separada de conchas e coroa da roda: Nes-
sas condições, a força een trífuga desenvolvida poderá dificultar a ligação das
conchas à coroa do rotor.
Cl U2 ~ til ~ C/2
,_~C,
W ~ wl ~ C/2
2
f------~ ...
---~
Ul~C/2 1\~C/2
FIG. 11 - Tr iângulos de velocidade à entrada e à saída (teóricos). FIG. 13 - Principais dimensões do b0C31 ou injetor Doble.
106 107
Ncstafigura 13, sejam: Considerando: KC1 = 0,989
dI : diâmetro do jato livre g = 9,806m/s2
ao comprimento da geratriz AB
Io raio do ponto médio (centro de gravidade)
50 curso total da agulha
5_1-2. Cálculo do diâmetro da secção de saída (do) c do curso da agu-
8 2$,. que faz o eixo da agulha com a tangente ao perfil da agulha lha (so)
,J 2$,. que faz o eixo da agulha com a tangente ao perfil do bocal A secção de saída do bocal é uma superfície de revolução,cuja geratriz é
o segmento ao. Sendo esta superfície de revolução a superfície lateral de um
Co velocidade do jato na secção de saída do bocal
tronco de cone, teremos (aplicando o teorerna de Guldin):
C1 velocidade do jato livre
Ca : velocidade da água no tubo adutor (Ao = 2Tf ro - ao) (I 1)
A velocidademáxima do jato livre C 1, que ocorre adiante da secção de .L (Ao = 50 " seu 8 (12)
saída, pode ser dada por:
(ro = do/2 - ao/2"cose) (13)
Donde:
( C1 = KC1 ~ / (8) .
ASSlITl,o diâmetro di do jato livre, chamando de Q a vazão turbinada, Levando (14) em (lI), vem:
Ou seja:
Donde:
....22....)
~l
j 4Q
Ao rr d6 (1 _ sen 2
2
e
do
So
do
sen e (15)
7TKC1T ~
108 109
Se considerarmos que: Disto resulta:
- O valor mais usual de 8 é 25°. Q
- A prática recomenda fazer o curso da agulha So em certa relação com Ao := 0,741 d6
Kc y'2g H
o diâmetro de saída do e que esta relação recomendável é: o
Donde:
(16
rt:':
do := VO,74l (21)
A equação (15) se transformará em:
(AO = *J
Ao poderia ser dado simplesmente
parede do bocal.
- Devido à curvatura, a pressão junto à agulha é maior do que junto às
Como Q IFH:= Q) (características unitárias das turbinas)
paredes do bocal.
Vem ainda:
Logo: do = j KC ~0_741
fi H
o
A pressão em Ao é superior à pressão atmosférica.
- E a energia cinética é inferior à correspondente velocidade de queda Ou finalmente:
livre.
(dO = constante y'(1"J (23)
Donde:
E para o curso da agulha, teremos:
(Co
E:
= KCo~J
(19)
G-~~;;J (24)
J 10 11 I
Relernbra-se aqui, para resguardar o maior rigor e a própria segurança, que
Teremos:
o projeto exato do distribuidor requer análises mais profundas e que levem em
conta, por exemplo, o empuxo hidrodinâmico sobre a agulha e sua influencia no
(25)
ds = (0,55 a 0,63) do dimensionamento do servo-motor e, inclusive, detalhes construtivos, como aque-
le determinado pela necessidade de transformar a ponta do bocal em peça de
reposição por causa da erosão provocada pelas partículas de areia carregadas pelo
4.1.4. Cálculo do diâmetro do tubo adutor (da)
jato_
É determinado, partindo-se da escolha de um valor para a velocidade Ca
que diminua as perdas e a erosão, sem, contudo, chegar-se a um valor exagerado
para o diâmetro do tubo.
Assim, recomenda a boa prática adotar-se:
4.1.5. Outras dimensões Assim, o projeto mais rigoroso e completo exige conhecimentos mais pro-
Para cálculos expeditos, pode-se tornar como norma constru tiva (FIG. 14): fundos e que, certamente, fogem do objeto deste trabalho. .
,d
1
/~
\
\
\
.,»,
~)
D
/
\
I
I 1 " /
, ~
--- - ~- o
;,..-- t
F1G. 16 - Diâmetro da roda tangente ao eixo do jato.
FIG. 14' - Outras dimensões do bocal Doblc.
113
112
KU1
DI 11 DI n
84,5
DI n
.JH
2. Para TIl < 12 -------+ cz:u ~~ O,4~J• (32)
,/:2i H 60 y'2g H
Se Z resultar fracionãrio, adota-se o número inteiro imediatamente supe-
rior.
Onde: Taygun, após experiências mais recentes, estabeleceu para 6 < m < 35:
n: número de rotações por minuto.
g: aceleração da gravidade (aqui tomada igual a 9,806 m/s2). C Z = 15 + 0,5 m ) (33)
i I
SEÇÕES E ÂNGULOS I DIMENSÕES PRL'íCIP AIS
{31= 30° a 40° B = (2,8 a 3,2) di
Na expressão (28):
II - {32= 200 a 30° L = (2,3 a 2,8) di
L KU deve ser tomado em função da velocidade específica (ns)' Assim, lU - {32= 100 a 20° T = (0,6 a 0,9) di
1 0
para turbinas Pelton: IV {32= 05 a 10° a = (0,95 a 1,05) di
0
Ku 1
ns
=
= 32
0,44 -->
-----+
0,46
10
-, V - {32 = 0 a 5° b = (0,18 a O,20)dJ
II
Onde:
III
p: número de pólos do gerador L
f: freqüência que se deseja obter (no Brasil f = 60 ciclos por segundo)
-rv
~ (30) --.1'--
I
~ T
-.,...
Assim, o número m ínirno de conchas do reter Pelton, segundo Dubs,
pode ser obtido por:
I.Param>12 ------->- (z = 17 + vrn) (31 ) F1G. 17 - Vistas de uma concha do rotor Pc1tono
115
114
CfiPÍTULO VI
TURBINAS FRANCIS
1. GENERALI DADES
É uma típica turbina de reação, na qual o rotor recebe a água sob pressão
na direção radial e a descarrega numa direção preponderantemente axial, haven-
do transformação tanto de energia cinética como de energia de pressão em traba-
lho.
.:'y-..
!i:-:>'
r:m
i,
~
~
.
: 7
,
,
,
l~·~~_
FlG. 1 - Instalação com turbina Francis (modelo do grupo).
Central de ~lacagu~ I (Vcnczucla) Cortesia VOITH S/A.
117
Na FIG. 1, destacamos:
CD Rotor Francis.
G> Distribuidor (envolvendo o rotor) tipo Fink.
G) Eixo ou veio da turbina.
@ Alternador.
G) Caixa espiral ou voluta.
® Tubo de aspiração.
(j) Saída para o canal de fuga.
LEGENDA:
CD Rotor
Percebe-se através desta figura 1, que a vazão trazida até as turbinas pelos (}) Distribuidor
condutos forçados é coletada pela voluta, dirigindo-se, através do distribuidor,
em direção radial para o rotor e, ao sair deste, ganha uma direção preponderante-
o Caixa espiral
't
- O distribuidor: órgão fixo, constituído de pás (móveis em torno de seu
eixo) que formam canais, através dos quais se conduz a vazão turbinada para o
rotor.
A FIG. :1 mostra, com bastante clareza, estas duas peças principais da tur-
bina Francis, às quaís se soma ainda J. caixa espiral ou voluta (que circunda o dis- (LENTO) (NORMAL) ( R.I\.P I DO )
tribuidor) e à qual compete a tarefa de recolher a vazão c encaminhá-Ia para o
distribuidor. FlG. 3 - Diferentes tipos de rotores Francis,
118 119
Esta tendência de construir rotores velozes (com velocidades específicas Em seu projeto e construção, devem ser tomados todos os cuidados ne-
cada vez mais altas) chegou ao ponto da construção de rotores do tipo Francis cessários a fim de que:
extra-rápidos (ns igual a 450rpm). - sejam reduzidas ao mínimo as perdas por atrito nos canais formados
pelas pás;
- seja reduzida a velocidade absoluta da água à sua saída (velocidade
grande à saída é sinal de que grande parte da energia cinética deixou de ser usada
no acionamento do rotor).
A primeira condição pode ser atingida através de uma boa usinagcm (o
que é fácil, principalmente em grandes turbinas), ao passo que se satisfaz a se-
gunda condição com o uso do chamado tubo de aspiração (objeto dc estudo do
Capítulo IX).
<QiY~,,_.~;~
"-0':-.·."
~"'. ~~~~~~ .:
- ./F ---,
FIG. 6 Esrncrilamento das faces das pós e das arestas de entrada e saída de um rolar
Francís. Cortesia VOlTH S/A.
120 121
o emprego dc aço doce ocorre quando se pretende fazer economia em ... ~~-;:;:;..
relação à liga acima citada, procedendo-se apenas a um revestimento de aço ino-
xidável, por meio de solda elétrica.
2.2. DISTRIBUIDOR
Para as turbinas Francis, bem como para qualquer outro tipo de turbina
de reação, o distribuidor empregado é o do tipo Fink.
É constituído essencialmente de diversas pás dispostas em torno do rotor
e que podem girar em torno de seus eixos, orientados por um comando especial,
de modo a dar, para cada valor da descarga, o ângulo de entrada mais convenien-
te para o rotor.
o eixo de cada uma das pás é paralelo ao eixo da turbina e são comanda-
das pelo anel de regularização (FIG. 8), mecanismo constituído por um anel con-
cêntrico ao distribuidor e ligado às pás por meio de bielas que são acionadas por
uma alavanca angular. Deste modo, as pás podem girar simultaneamente de um
mesmo ângulo, fazendo a secção de escoamento variar de um máximo até o fe-
chamento total. Consegue-se assim a variação de descarga, com o que se obtém
a regularização do movimento e a constância da rotação.
FIG. 9 - Regularizaç50 de comando interno. Cortesia VOITI-I S/A.
122
123
Quando a turbina é de eixo vertical, nota-se ainda:
- De comando externo: quando o anel de regularização está situado
- A existência de duas câmaras: a câmara superior ou de entrada e a
externamente em relação ao invólucro da turbina (caixa espiral) e as bielas de li-
câmara inferior ou de desagüe (canal de fuga).
gação atuam sobre manivelas fixadas às extremidades dos eixos das pás (FIG. 8).
- A existência de comportas ou a dufa, destinada a pôr a seco a turbina,
quando se pretende repará-Ia.
- A existência de um tubo protetor envolvendo o eixo, cuja finalidade
3. INSTALAÇOES COM TUR~INAS FRANCIS
é livrá-lo dos efeitos erosivos da água.
O modo de instalar uma turbina Francís depende essencialmente da altu- Já em relação à instalação aberta e com eixo horizontal (FIG. 11), perce-
ra de queda; de acordo com este critério e com o modo como a turbina recebe a be-se que o tubo de aspiração começa por uma curva, sendo o distribuidor apa-
água podemos ter: rafusado a esta curva.
Instalação aberta: de eixo vertical e de eixo horizontal.
- Instalação fechada: de eixo. vertical e de eixo horizontal.
125
124
Faz parte também da caixa espiral um conjunto de palhetas fixas, locali-
zadas junto à entrada do distribuidor e ligadas à parte em chapas por meio de
rebites ou solda. Este conjunto de pás fixas é chamado de "pró-distribuidor' e
sua finalidade é, além de melhorar as condições de fluxo, transmitir à fundação a
,carga do manca!. Serve também para dar rigidez à caixa espiral.
I
-\
I
I
:!
··~"~·-·I
itL:\· .: ~" I
como modelo das demais turbinas de mesmo ns.
Pode-se, então, tabelar as grandezas características da série de turbinas
- _.- - :-. ,,;,.1
.'~--- semelhantes em função da velocidade específica ou, em outras palavras, tomar
essas turbinas-modelo para cada valor de ns e reduzir, pelas fórmulas da seme-
FIG. 13 - Caixa espiral fabricada em duas metades. lhança mecânica, suas dimensões e grandezas características à queda H 0= 1m e ao
126 127
diâmetro D =o l m. Assim procedendo, obtém-se o quadro abaixo:
4.2. DADOS DE PROJETO
0,43
H: queda útil ou efetiva da usina.
75 0,175 0,0665 1 0,59 0,18 0,62 0,62
°°°
84,5 0,223 0,085 1 0,585 0,18 0,66 0,66 0,43 n: rotação de acíonamento.
95,5 0,280 0,1065 1 0,58 0,18 0,72 0,72 0,43
109 0,345 0,128 0,98 0,57 0,185 0,78 0,76 0,43
124,5
144
0,430
0,535
0,155
0,188
0,96
0,94
0,555
0,535
0,190
0,195
0,85
0,92
0,81 2°
5'
° 0,43
4.3. CÁLCULO DAS PRINCIPAIS DIMENSÕES DO ROTOR FRANCIS
Inicia-se °
problema, calculando o valor da velocidade específica para,
0,85 0,43
169 0,680 0,233 0,92 0,520 0,20 1,00 0,90 8° 0,42
en tão, ser possível usar os valores tabelados no quadro do item 4.1.
200 0,845 0,282 0,87 0,490 0,205 1,09 0,95 11° 0,42 Assim, a velocidade específica será:
235 0,950 0,300 0,82 0,465 0,218 1,12 1,01 14° 0,41
279 1,065 0,320 0,76 0,435 0,228 1,15 1,03 16° 0,40 n N1/2
339 1,195 0,340 0,67 0,400 0,240 1,15 1,05 18° 0,39 ns =o (2)
H5/4
414 1,325 0,3 0,58 0,365 0,270 1,15 1,08 19' 0,36
onde:
;---------------~
da série de turbinas semelhantes e que é dada pela
[N~ 7QH J 75 x 1/ (3)
Qu =o (1 )
Em primeira aproximação, pode-se adotar como provável rendimento da
turbina Francis um valor igual a 90%.
KCo: coeficiente da velocidade absoluta à saída do distribuidor.
Calculada a velocidade especifica, o quadro de valores do item 4_1. nos
KCrn : coeficiente da velocidade mcridiana à saída do distribuidor. fornecerá o valor de 011.
o
Usando o valor tabelado de Ql1, o valor de O 1 será:
Asdernais grandezas tabeladas têm o significado da FIG. 15.
[o. Ji~HJ c
(4)
_4 ~f ,D
2
mo" Quanto ao cálculo do diâmetro
da equação de continuidade:
D2, decorre o mesmo de aplicação direta
J
----~~- --- -- -._-- -- ---~~
( Q = rr~ • em,
FIG_ 15 ~ Principais dimensões de uma turbina Francis,
128 129
r--
Donde: A inclinação máxima das palhetas, que corresponde à máxima abertura
=_~~~~_l
do distribuidor, será, então, dada por:
(D _2
(5)
ao=arctg ~
Cmo
(8)
Onde: Onde:
--~~J
Vem:
KC : _coeficiente de velocidade absoluta a saída do distribuidor.
F
o
KC : coeficiente de velocidade meridiana à saída do distribuidor. Q
- (11)
mo rrBo Cmo
4.4.1. Cálculo de Do e de 0:0 (inclinação máxima das palhetas):
Consideremos a FIG. 16
- ~\ 4.4_2. Palhetas do distribuidor:
O número de palhetas do distribuidor é escolhido em função do diâmetro
/"
Do, segundo a tabela:
/
/ z ----+ 8 (10-12-14) 16 (20-22-24-28-32) 36
/
t i t
Do ----+ 250mm 1.OOOmm 7.000mm
~
-, Assim, fixado o número de palhetas segundo esta tabela, deverão as mes-
I
/
, I
/
mas obedecer às seguintes determinações:
<,
I I - O comprimento das palhetas deverá ser tal que, mesmo em sua máxi-
!. I
- I ,\ ma abertura, um observador colocado no centro da roda não consiga ver do lado
-- O '" \ externo (FIG. 16). .
O , -,
, ,\
<, " - Por razões de economia e sirnpl.icidade, uma das faces da palheta será
FIC. 16 ~ Inclinação m.íxima das p alhe tas (ao) e Do' ' feita plana (e não com as duas faces curvas, como seria ideal).
130 ,,
s _
rna x
/.
I~ I
'1
(INDUSTRIAL) (IDEAL)
z 8 36
t t
l/smax 7 11
Finalmente, cumpre-nos relcmbrar que aqui objetiva-se, apenas, determi- flG. 18 - Corte longitudinal em uma usina com turbinas Francis.
Central de Saucclle (Espanha ). Cortesia VOITH S/A.
nar algumas dimensões principais da turbina Francis. Na realidade, um estudo
mais completo nos mostraria, por exemplo, ser o número e a forma das palhetas
um assunto vasto e delicado que exigirá análise das forças hidráulicas que se
desenvolvem sobre as palhetas e dos ernpuxos cíclicos da água sobre as palhe tas Nesta figura, destacamos:
do rotor (cada vez que uma palheta do rotor passa em frente a uma palheta do
distribuidor o exrnpuxo se anula; nessas condições, o diagrama de ernpuxos sobre CD Tubulação forçada
cada palheta será cíclito, havendo o perigo de coincidirem as fases dos diagramas
de todas as palhetas.Tevando sua superposição a uma série inconveniente de má-
Q) ~aixa espiral ® Servo-motores do distribuidor
ximos e mínimos do momento motor sobre o eixo). G) Pré-distribuídor @ Anel de regularização
@) Pás diretrizes do distribuidor @ Regulador de velocidades
5.. DETALHES GERAIS DE UMA INSTALAÇÃO COM TURBI-
1'fJ Rotor Francis (íl) Gerador
NAS FRANCIS '.~
Visando, finalmente, dar uma idéia geral de uma instalação com turbina
@ Veio (eixo da turbina) @ Tubo de aspiração
Francis, a FIG. 18 apresenta o corte longitudinal da Central de Saucclle (Espa- (J) Churnaceira do guiarnento (íj) Cam.! de fuga
nha), através do qual destacamos suas várias partes componentes.
133
132
CfiPÍTULO VII
TURBINAS HÉLICE E KAPLAN
1. DESENVOLVIMENTO
A tendência e também a necessidade de construir reteres mais velozes já
havia levado à construção de rotores do tipo Francis rápido e extra-rápido, com
velocidades específicas até ns = 450rpm.
Em tais reteres, já se renunciara à perfeita ação de guia da água (existên-
cia de um grande espaço vazio entre o rotor e distribuidor), o que permitiu a
obtenção de melhores rendimentos, graças a uma diminuição do atrito ..
FIG. 1 - Rotor Francis do tipo extra-rápido, onde se percebe o maior afastamento entre
a ro tor e a distribuidor.
..
135
Por volta de 1912, Victor Kaplan construiu urna turbina semelhante à do
tipo Francis, na qual a água penetrava na direção radial e, após deixar o distribui- '2
dor, circulava sobre o rotor e caía completamente livre, atingindo o mesmo com
direção preponderantemente axial, conforme mostra a FIG. 3. 1.
o.
FIG. 4 - CUIY:l 1') = f (a) para rotor Hélice.
Daí, foi um passo para se descobrir que havia urna estreita relação entre a
posição das hélices do rotor, a abertura do distribuidor e o rendimento ótimo.
- Pensou-se, então, em construir uma turbina dotada de um dispositivo
de regulagem que possibilitasse as hélices do rotor acompanhar a variação de
posição das pás do distribuidor, tendo-se sempre a correspondência ótima entre
~1 (ângulo que define a posição das pás ou hélices do rotor) e o: (ângulo que de-
fine a abertura das pás do distribuidor).
136 137
Apresentam máximo rendimento com uma admissão um pouco inferior à
Assim, as turbinas deste tipo, com pás móveis no rotor, passaram a ser
máxima (Q == 80%) e seu rendimento alcança 80%, não ultrapassando em muito
chamadas de turbinas Kaplan , enquanto as de pás fixas receberam a denomina-
este valor devido ao choque da água com as pás do rotor.
ção de turbinas Hélice. Relativamente às turbinas Kaplan , possuem um maior número de pás,
Resulta, assim, ser a curva da turbina Kaplan a envoltória das curvas de
com o que se visa melhorar a condução da água, sendo ainda as suas pás geral-
rendimento de diversas turbinas-hélice. mente maiores que as da correspondente turbina Kaplan,
normalmente todo o conjunto de aço fundido e preso ao flange do eixo por meio A FIG. 8 mostra as principais partes da turbina propriamente dita.
de parafusos.
139
138
Na figura 8:
P: pás do rotor (móveis).
:;:,;:,'-~-"
D: pás do distribuidor (tipo Fink),
R: vareta de regulagem das pás do rotor.
H.~ eixo oco.
S:: luva de proteção.
r: anel de regulagem (pás do distribuidor).
Abordando, em separado, as diversas partes, temos:
- Rotor: Tem o formato de uma ogiva cônica, o que melhora a condu-
ção da água até o tubo de aspiração.
~
FIG. 10 - Eixo ou veio de uma das turbinas Kaplan de Três Marias.
CD Servo-motor da roda.
I]) Êmbolo do servo-motor.
Q) Anel de impulso.
140
141
FIG. 12 - Instalação típica de pequena potência.
FIG. I I - Corto longitudinal de uma usina com Turbina Kaplan. Cortesia VOlTH S;A.
CD Rotor Kaplan.
(2) Anel de regularização.
@ Distribuidor Fink,
® Tomada d'água com grades e máquinas
® Caixa espiral.
limpa-grades.
FIG. 13 - Instalação com turbina Kaplan para grandes vazões.
@ Eixo ou veia da turbina. @ Porta de acesso ao rotor.
® Manca! guia-inferior. @ Tubo de sucção. Quando a queda útil ou efetiva ultrapassa, normalmente, 30 metros, é
mais comum a instalação mostrada na FIG. 14.
® Mancal de escora. @ Gerador.
(j) Mancal guia-superior. Q3l Canal de fuga.
® Servo-motor. © Ponte rolante.
14:' 143
zada através da análise extraída da experiência com numerosas instalações exis-
_ Instalação com eixo horizontal: A ·FIG. 15 mostra um arranjo raro e
tentes.
somente usado quando condições locais particulares assim o exigirem.
(N -'-it-nJ
c
(1)
TINII2 (2)
/
ns == 5/4
//
H
FIG. 16 - Principais dimensões da turbina Kaplan.
Obtida a velocidade específlca TIs' consulta-se a tabela abaixo, organi-
145
144
Cmo KC y2gH (7)
mo "
/
z --+ 16 24 - 28 ~ 32 - 36
Q (3)
Qtl == D1..jH Onde:
Donde:
G:3 (v fornecido pela tabela) (10)
(5)
(Do=1,[Dl)
Q (6)
Bo ==
7T Do Cmo
Onde:
147
146
CfiPÍTULO VIII
CURVAS CARACTERfsTICAS DAS TURBINAS
1. GENE RALlDADES
Ao engenheiro que projeta uma turbina hidráulica ou mesmo àquele que
vive o ambiente cotidiano de uma usina h idroelétrica, toma-se necessário conhe-
cer o comportamento de urna turbina, quando se fizer variar algumas das grande-
zas que intervêm no seu funcionamento, a fim de se poder estabelecer o campo
de emprego da mesma, dentro da faixa em que o rendimento é considerado ainda
aceitável.
Via de regra, uma turbina, como qualquer outra máquina, é sempre proje-
tada com a fmalidade de executar um certo serviço; entretanto, circunstâncias
de ação isolada ou simultânea vêm, quase sempre, exigir o funcionamento da
mesma em situações diferentes daquela para a qual foi construfda, Dentre estas
circunstâncias, podemos citar:
- Variação na demanda da energia gerada;
- Variação da queda, no decorrer do ano, em função dos períodos de
estiagem e cheia (especialmente em instalações com barragens e nas de baixa
queda);
- Variação na freqüência da energia gerada. Isto ocorre em países onde
;'.: não é uníficada a freqüência da rede elétrica, quando uma usina for solicitada a
operar cm série com usinas que geram energia em freqüência diferente.
Para atender, então, a esta necessidade, a primeira usina deverá gerar
energia em outra freqüência, o que implica a necessidade de operar em nova rota-
ção.
149
Estas grandezas, muito ao contrário de serem independentes, interligam- o conhecimento destas duas grandezas permitirá a determinação da potência efe-
se por meio de equações distintas, formando um sistema de três equações com tiva N (usando-se a expressão 2).
três variáveis independentes. - A determinação do rendimento se obtém através do uso da fórmula:
(N=~ . ') . 75 x 11
(1)
Onde:
N+ (potência disponível)
(4
2aEQUAÇÃO:
(w ~ 7~H J emCV (5)
( N= M-W)
~-
75
(2) N
tt
lYfn (6)
30 x 75
7fxn
Onde w = =:-- é a velocidade angular e M o momento de torsão.
30
33 EQUAÇÃO:
t:
a equação que fornece o rendimento, levando-se em consideração a in-
fluência dos elementos constitutivos da turbina, como o formato de suas pás e o 3. DIAGRAMAS TOPOGRAFICOS OU CURVAS DE NíVEL
estado superficial de suas paredes. DAS TURBINAS
Por não ser possível obter uma expressão simples que interligue estas cau-
sas e seus efeitos, há a necessidade de recorrer-se a processos experimentais de Tais curvas constituem o retrato do funcionamento da turbina nas mais
diversas si tuações.
medição.
Os meios que empregaremos e que nos possibilitarão medir, a cada instan- _ A obtenção das mesmas consegue-se assim:
te, as grandezas l-I (altura útil) Q (vazão), N (potência efetiva), n (rotação) e - A turbina será ensaiada sob a queda de 1m. Assim, os valores obtidos
11 (rendimento), serão, respectivamente: serão as características unitárias (N,. Ql e ri.) da máquina.
~ A instalação de manôrnetros c vacuômetros, à entrada e à saída da tur- - Tomaremos a abertura Ct das pás do distribuidor (com o que fica deter-
bina, e cuja soma das leituras, feita convenientemente, permitirá determinar a minada a vazão) como parâme tro de cada curva.
altura útil H. - As equações usadas serão as equações (4), (5) e (6)-
Tal grandeza (altura útil) pode ser obtida também por meio da fórmula: O procedimento passa, então, a ser o seguinte:
- Para uma abertura a constante das pás do distribuidor, atua-se sobre o
C H = H* - 6[-! ) (3) freio Prony de modo tal a fixar, para cada instante, o valor do momento de t or-
são M e faz-se, para cada valor de M, a leitura da correspondente rotação no eixo
H': queda topográfica
(n) com o tacômetro ou o estroboscÓpio.
61-1 : perda decarga nas o bras de transporte da água para a turbina.
A cada par de valores Me n corrcsponderão valores N e TI, determinados
- Ver te dores ou outros processos de medição que permitam determinar a partir das equações acima especificadas,
a vazão Q (constituída pela vazão que cede energia à turbina e pela vazão de - Em um diagrama cartesiano (N 1 em ordenadas c nl em abcíssas, mar-
ruga). cam-se os diversos pon tos (N 1, n.), ao lado dos quaís escreve-se o correspondente
- Freio de Pr ony que permitirá determinar o momento de torsão e taco- valor do rendimento.
me tro ou cstroboscópio que permitirá determinar a rotação n no eixo da turbina. Obteremos, assim, para uma certa abertura ('(o mostrado pela Figura 1_
150 151
BIBLIOTECA -i
l
4. CURVAS QUE PODEM SER OBTIDAS DOS DIAGRAMAS
N TOPOG RAFICOS
1
Dentre as muitas curvas interessantes que podem ser extraídas dos diagra-
mas topográficos, duas merecem um destaque especial pela importância das in-
formações fornccidas: são as curvas 7)::: f(a) e Ql ::: f (ri.).
- Curva 7) = f (a):
cÀ
(u, ;R-J
c
(7)
+>
N
.• n(ll-
1
d.. 5
K
0:.
A
4 p
L
A
N
o:
FIG. 3 - Curva 1] ~ r (a) para os diferentes tipos de turbina.
152 153
- A turbina Pelton, se bem que em escala menor que a Kapian, é tam-
bém uma turbina que aceita variações de carga (principalmente nas vizinhanças Q1
do ponto de máximo rendimento, sem afetar em muito o rendimento).
- A turbina Hélice não uma turbina adequada para instalações onde há
é
variação de carga, uma vez que seu rendimento cai assustadoramente tão logo
seja posta a operar em abertura diversa da de máximo rendimento.
- Finalmente, a turbina Francís apresenta uma curva intermediária entre
a Pelton e a Hélice.
- Curva Ql = f (n.}:
Procedendo-se a ensaios, verifica-se que essa curva assume um andamento 0:2
para cada tipo de turbina.
- Para as turbinas Pelton , a representação de Ql é uma paralela ao eixo
de 111> significando que, nessas turbinas, e apenas nessas, a vazão é rigorosamente
I
I
'~
------~-~------------~
n
independente da rotação. 1
FiG. 5 - Curva Q, = f [n,) para turbinas Francis lenta.
(
°1
n1 o: 2
(:(1
154
155
OBSERVAÇÕES:
Diversas outras curvas podem ainda ser obtidas dos diagramas topográfi- N -+
1
cos, mediante o emprego conveniente das fórmulas fundamen tais da semelhança
mecânica.
Assim, por exemplo:
N '" f (H) {n" constante
Q '" f (H) para
1] '" f (H) Q'" constante
c{"
N zz f (a) { n cc constante
Q '" f (a) para
T]'" f (a) H'" constante ri'
TIl
FIG_ 7 - Turbina com diagrama em vértice íngreme (funcionamento instável).
nl =' 7H
n
'o rendimento
.
pouco se; altere.
n
o inverso poderia dizer-se para as turbinas que devam trabalhar sob carga 1
FIG. 8 - Turbina com diagrama tipo platenn acharado.
variável: o andamento das curvas de nível deve acompanhar a direção do eixo N.
Examinemos os cases dos diagramas das figuras 7, 8, 9 elO: As curvas de rendimento acompanham, alongarias, o andamento das
- Turbina com diagrama terminando em um vértice íngreme (curvas curvas de potência, estendendo-se prevalentemeI1te na direção do eixo nl'
muito próximas). Traduz um funcionamento instável, caindo o rendimento rapi- São turbinas especialmente adaptadas ao trabalho sob queda variável (n
s
damente tanto para variação de queda quanto para variação de carga. variável - caso das turbinas Hélice). Tais turbinas não servem, entretanto, para o
funcionamento com carga variável.
156
157
( .
6. VELOCIDADE DE DISPARO
Nl
Chama-se assim aquela. velocidade sob a qual toda a potência motora da
turbina é absorvida pelas resistências parciais. Não há, pois, trabalho útil, sendo
nulo o rendimento.
importante conhecer-se exatamente o valor máximo que pode atingir
É
n
1
pode permanecer bOI1L ;:\:10 são adequadas, entretanto, para trabalho cm instala-
ção onde há variação de queda (n, variando, cai muito o rendimento). I
ú'
N
1
r
I
velocic:J.de de disparo
cf.\\
FIG. 11 - Diagrama mostrando" situação de velocidade de disparo.
1-;:;:: 159
- I 'I
!
CfiPÍTULO IX
ns 200 350 500
1
-
FRANCIS
I nmáx/n 1,9 2,3 I 2,5
TUBOS ASPIRADORES
I
I
( I
ns 400 600 I 900
HÉLICE E KAPLAt'i I
2,4 2,2 2,0 1. FUNÇÃO E LOCALIZAÇÃO
nmáx(n
I Os tubos aspiradores difusores são empregados somente em instalações
hidroelétricas com turbinas de reação (Kaplan, Hélice e Francis) e sua localização
corresponde à posição mostrada no esquema abaixo.
[ n~,áx = 1,9 J
LEGENDA
CD Reservatório
o Barragem
(}) Pcnstock (Tubulações forçadas)
0D Turbina
CD Tubo aspirador L- --'
.:_::~:
® Cmal de fuga
161
160
Esta energia cinética residual à saída não é grande em instalações com Onde:
turbina Pelton (apenas de 1% a 2% da queda), mas em instalações com turbina
Kaplan pode ser superior a 50% da energia total da queda. Th -----+ trabalho motor.
Os tubos aspiradores têm, então, uma dupla função:
I. Recuperar a energia correspondente à altura de queda entre a descarga
Chamando de H à queda útil (onde já se levou em conta a perda de carga
da turbina e o nível da água a juzante (canal de fuga). ao longo das tubulações forçadas), teremos:
2. Recuperação da energia cínétíca residual, ou seja, promover o abaixa-
mento da energia cinética da água entre as duas secções citadas.
PI Ci
H = h, +- -- +- -2- + L1HD
'Y g (2)
2. RECUPERAÇÃO DA FRAÇÃO DE QUEDA
Onde:
Consideremos o esquema abaixo, onde se nota existência de um tubo
reto adaptado à saída do rotor e tendo sua outra extremidade imersa no canal de
L'lHD : perda de carga no distribuidor.
fuga.
-T
H* L1H
TIl P2 C~ ~
H - h2 - -- - ~ - (i'lI-IR +- MID)
'Y 2g (3)
lJ ]h,
11
1 'I !I~~~
H - Cª/2g - L'lEr
7)I-I
j ")
- - - - ~
H
------------
- - - --
Donde:
162
163
Aplicando Bernoulli entre 2 e o nível de água à juzante (ponto 3). tere-
Logo.
mos:
(6)
~--------------------------------~
( Th ~ 17H - H-h2] P2 C~ cj
-- + -- + h2 = -- + 6Ht (9)
'1 2g . 2g
2. Havendo um tubo de aspiração cilíndrico:
Aplicando Bernoulli entre (2) e (3) (nível da água à juzante).
P2 C~ c1 (7)
h2 + + -2-
g
= O + O+ -.,-
~g
+ [Ü1t . C~
'1 Desprezando 6Ht e considerando ~ = 0, teremos:
P2
h2 =' - I
Esta expressão nos mostra [comparando-a com (6)] que, com o tubo
cilíndrico, houve uma recuperação de energia correspondente à fração de queda
c~
h2·
Th T]w H + (11 )
2g
Tal expressão nos mostra que, em relação ao trabalho motor dado pela
expressão (8) (tubo cilíndrico), houve um acréscimo do mesmo num valor igual
à energia cinética residual.
c1 não é nula. Logo:
Na verdade, entretanto,
2g
Ci - C5
Th = ~H' H + 2g
(! 2)
Pode-se, então, após esses raciocínios, criar o quadro abaixo (um resumo
comparativo):
FIG. 3 - Tubo de aspiraç;lo cônico-divcrgen te.
165
164
4.2. TUBO DE PRASIL
SITUAÇÃO TRABALHO MOTOR A fim de corrigir o inconveniente do tubo de perfil tronco-cônico, Prasil
propôs um tubo em que houvesse uma recuperação uniforme de pressão ao longo
Sem tubo aspirador Th '" T/H . H - h2 do eixo do tubo.
Seus estudos, orientados no sentido de evitar movimentos turbilhonares,
Com tubo cilíndrico Th",T/H· H fizeram com que se adotasse a hipótese de que o turbilhonarnento não ocorreria
se o retardamento da água no tubo fosse proporcional ao valor da velocidade
Com tubo divergente Th == T/H . H + (C~/2g - C~/2g) . J axial, o que o fez chegar à seguinte lei de variação para as paredes do tubo:
Onde:
A determinação do perfil mais conveniente para o tubo aspirador tem
Z: distância da seção genérica de raio r a um plano de referência normal
sido uma preocupação constante tanto do projetista como do fabricante de tur-
ao eixo.
binas. '
r: raio de seção genérica.
Assim, o perfil do tubo de sucção tem sofrido, com o passar do tempo,
diversas modificações no sentido da procura do perfil que possa manter a conti-
nuidade do movimento com o menor número de perdas hidráulicas e, nesta evo-
lução, o tubo aspirador apresentou os seguintes perfis:
/)
f!/
)j
T z
I
nc. 5 - Tubo Prasil.
166 167
Para determinar a posição do plano de referência, consideremos a FIG 8.
-.
2
~
I
H
A
Z2
- - - - -
Z3
lha do plano de referência, pois, quando tomado muito próximo da seção [mal, - O diâmetro D3 (correspondente à seção de cota igual à do nível de
leva a um tipo de tubo onde ocorre o dcsloc;unento da veia líquida, conseqüên- água no canal de fuga) deverá ser tal que, nesta seção, a energia cinética residual
cia de um ângulo de difusão muito exagerado à saída (FIG_ 7). seja a correspondente a uma velocidade inferior a 1% da velocidade de queda
livre (para a altura H).
Assim:
[ DJ = J -- 4xQ
X C3
tt
J (15)
169
168
Do
~:::~,}~ . D
DI 1min
o
~ ~il D2m~~
o----------+-----D2m~x
* TURBINAS FRANCIS
/
Do DlmiJl D2 D2ma.,x. D2min
Kc
FIG. 9 - Turbina Kaplan (dimensões principais).
ns o.: -
DI DI DI DI DI
KC
mo mo
ns QI1
Do KC
mo
Kco -
DI
Z 144 0,535 I 0,188 0,94 0,92 0,85 0,43 0,535 0,195
DI 169 0,680 0,233 0,92 1,00 0,90 . 0,42 0,520 0,200
8 200 0,845 0,282 0,87 1,09 0,95 0,42 0,490 0,205
0,262 0,432 0,56
300 1,15 235 0,950 0,300 0,82 1,12 1,01 0,41 0,465 0,218
0,280 0,412 5 ou 6
400 1,31 \~ 1,10 0,280 0,40 0,435
0,43 5 279 1,065 0,320 0,76 1,15 1,03 0,228
1,47 1,10 0,295 0,397
500 0,41 5 339 1,195 0,340 0,67 1,15 1,05 0,39 0,400 0,240
1,62 1,10 0,305 0,388
600 4 ou 5 414 1,325 0,360 0,58 1,15 1,08 0,36 0,365 0,27~
1.72 1,10 0,312 0,382 0,40
700 4 -~- --
1,10 0,320 0,380 0,38
800 1,93
\ 0,326 0,378 0,36 4
900 2,09 1,10
0,337 0,35 30u4 De posse destas 'tabelas, a seqüência no raciocínio é, calculada a velocida-
0,332
1000 2,25
I 1,10
i de específica, tirar das tabelas o valor correspondente ao engolimento (QIl).
170 171
Como: SOLUÇÃO:
Q a) Potência:
QlI ==
Di v'fI N = --
7QH
x1)t
1000x 10 x 105
x 0,9 12.600CV
-·_~
75 75
Teremos:
b) Tipo de Turbina:
G J =
_
Com o conhecimento
Q
. QI1-JH
(FRANCIS NOillviAL)
Donde:
EXEMPLO NUMt:RICO
rIA = 915 - 0,322 - 0,055 x I 05 =' 3,21 m
Dimensionar um tubo aspirador tipo PrasiJ para a seguinte instalação: d) Cálculo de dI> dl e d}:
H = 105m
Para ns = 120 --.,. Qll = 0,395 (Tabela de Turbina Fr ancis, neste
Q = lOm3fseg.
Capítulo)
n = 360rpm d2
~==0,79 (Idem, idem)
T)t = 0,9
Temperatura da água: 25°C Q
Como: QlI =
Altitude da instalação: 71 Orn, di yfH
172 173
Donde pode-se obter o seguinte quadro de valores:
Temos:
j 10
1,565m
Z K r=yKjZ 1
dI
jQ!1~ 0,395 ..Ji05
5,26 2,05 0,63
4,26 2,05 0,68
Donde: 3,26 2,05 0,78
2,26 2,05 0,85
d2 = d , x0,79 = 1,565 x 0,79 = 1,26m
2,05 2,05 1,00
1,85 2,05 1,05
C3 ==0,5% a I % deJ(2g H) = 0,005 -/2 x 10 x 105 == 3,2m/seg. .)
Como:
CONCLUSÃO: Traça-se, então, por pontos, a cU0Ia do perfil do tubo aspirador.
TI • d~ X C3
Q ==
Vem:
4
--r- - - - 7 I ,- - ....
\
dJ j TI
4xQ
x C3
J3- TI
x 10
x 3,2
= 2,Om
I
I
Armamos, então, o sistema:
Z2 t I \ H
A
~
Resolvendo, encontraremos:
Z4 Z3
Z1 ==5,26m
Z3 ==2,05m
I
Z4 ==Z3 - 0,20 (afundamento) = 1,85m
FIG. 11 - Traçado do perfil do tubo aspirador por pontos.
K = Z3 X d == 2,Ó5 X 1 == 2,05
174 175
nas a pcsquísar outros tipos de tubos aspiradores, que melhor se adaptassem a 7.3. HIDROCONE DE MOODY
certas condições especiais.
uma simplificação do hidrocone de White, com a inovação de uma
É
caixa espiral à saída do difusor como mostra a FIG. 14. Nesta caixa há transfor-
7.1. TUBO WHITE
mação de energia cinética em energia de pressão.
fo~inado de uma parte tronco-cênica (1-4) onde o fluxo é axial e de
É
0,8D
r----4
~1 :
I
I
I
I
O,56D·
176 177
Sua secção transversal evolui de circular (à saída" do rotor) para retan-
gular (as soltar a água no canal de fuga).
Em seu trecho final (retangular), apresenta uma divisória que serve de '>'.
.;~~
FIG. 16 - Depois de efe tuadas as escavações na rocha e de executadas as fundações, ini- E, finalmente, para completar idéias, a FIG. 19 mostra uma vista de
cia-se a montagem da parte inferior da blindagem da chapa de aço do tubo de juzante de uma casa de força, vendo-se claramente as saídas dos tubos de sucção
aspiração do gr:,po 1.
(cada um subdividido pela parede divisória que serve de guia para a água e evita
:r"~~<~~f,i~!
.,
seu descolamente das paredes laterais).
~.:c..;-ttr'
>~
! .~-
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FIG. 17 - A blindagem do primeiro tubo de aspiração está completamente montada,
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estando a ser preparada a forma do trecho horizontal do tubo de aspiração, a
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executar em betão, Ã esquerda, atrás, estão a ser realizadas as fundações para FlG 19
Vista de juzan te de uma casa de força, dcsL1cando-se as saídas dos tubos aspi-
a condu ta forçada. radores.
178
179
CHPÍTULO K
ALTURA DE COLOCAÇAo DA TURBINA. CAVITAÇAo
~
Sabendo, de antemão, que não podemos alterar h2 e c~
f2g, percebe-se
que o aumen to de T h só poderá ser conseguido às custas de uma redução conve-
mente da pressão à saída do rotor P21s-
Tal redução da pressão à saída pode ser obtida ligando-se a turbina ao
nível de juzante por meio de um tubo estanque ao ar (tubo aspirador) de seção
crescente e no qual a pressão aumenta de um valor inferior à pressão atmosférica
até atingir a mesma.
Contudo, este abaixamento ou redução da pressão à saída elo rotor não
poderá processar-se de modo descontrolado ou aleatório, pois tão logo a pressão
se tomar inferior à pressão de vaporização, a água começará a vaporizar-se dando
origem à formação de bolhas gasosas que, ao atingirem regiões de maior pressão,
sofrerão irnplosões arrancando o material da turbina.
Providências, portanto, deverão ser tomadas no sentido de fazer com que
a pressão no ponto de míníma pressão seja sempre superior à pressão de vapor,
com o que se evitará a cavitação,
Consideremos, então, a instalação abaixo e seja A o ponto ele mínima
pressão em toda a instalação (esse ponto A é muito vizinho da seção de saída ':10
ro tor , sendo, inclusive, confundido propositadamente por muitos fabricantes de
turbina com a seção de saída).
181
A expressão entre parênteses pode ser escrita assim:
C~ -c~ c~- C~
- i\.Ht = 77 t x 2g (4)
2g
Donde:
" " ", o;, ',o,O/,O
U o . '() ''--J,
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(5)
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'0,.-'
'D':· _ _ I
) Levando (5) em (3):
. Cl ~..•. _cc\ -- ~ I I
)ú D c:: o(] - -~x=- __ _ J P2
-- +
Pa
ho =--
C~ - C~
- 71t---- (6)
D'Ll,P,'o: -_ - _'-.-----.. ~/- I - r 2g
.:" '[j ,,"6 - _ - _ - _ - _- -
) De:>, .
Aplicando agora Bemoulli entre A e 2 (espaço giratório):
FIG, I - Ponto A é o ponto de mínima pressão.
2 2 .., 1:
Pv WA UA P2 \Vi U1
HA + -- + -- - -- = h + -- + -- - -- (7)
I 2g 2g 2 J 2g 2g
A aplicação do te orerna de Bemoulli entre as seções 2 e 3 nos dá: NOTA: i\.HA ---+ 2 é desprez ível,
J2.... + h= Pa
-I _ c~- C~ (3) Pv : pressão de vapor (mínima pressão possível no ponto A).
2 - ~Ht)
I 2g HA rnáxirna altura possível do pan to A.
182 183
Estudos teóricos e experimentais realizados por Thoma, na Suíça, de-
monstraram que se pode escrever: TENSÃO DE VAPOR E DENSIDADE DA ÁGUA
I
,
-
15 12,7 0,0174 0,999
20 17,4 0,0233 0,998
25 23,6 0,0322 0,997
Onde: 30 31,5 0,0429 0,996
c : coeficiente de cavitação da turbina ou coeficiente de Thoma. 35 41,8 0,0572 0,994
40 54,9 0,0750 0,992
H : queda útil ou efetiva.
45 71,4 0,0974 0,990
50 92,0 0,1255 0,988
Introduzindo (9) em (8), teremos:
/
1,7
.. ------- .. _--
[HA~+-~aH (10)
"
~ . pressão atmosférica local, cujo valor corrigido para a altitude da 115
o mín TIS amin
'Y . instalação é dado pela expressão:
70 0,035 500 0,540
A: altitude da região, em m.
NOTA: A tabela mostra que, mesmo sendo pequena a altura !-IA de colocação
da turbina, a cavitação é um sério problema nas máquinas de elevada
P--",- • pressão de vaporização da água a temperatura ambiente, cujos
velocidade especifica.
T . valores poderão ser tirados da tabela abaixo.
184 185
2. EXEMPLO NUM~RICO
Deterrriinar a altura de colocação de uma turbina que deverá trabalhar em
CfiPÍTULOXI
uma usina hidroelétrica localizada a 600m de altitude, gerando energia na fre- 1
qüência de 60Hz e acoplada a um altemador
H =o: SOm
com 6 pares de pólos.
l REGULADORES DE VELOCIDADE
3
Q =o: 5m jseg.
7Jí = 0,82 1 L INTRODUÇÃO
SOLUÇÃO:
a) Rotação:
l Nos primórdios da indústria elétrica, o controle da freqüência era, de um
modo geral, assunto de pouca importância, sendo então considerado relevante
apenas o con trole da tensão. Como a indústria foi se tomando cada vez msís au-
. tomatizada, descobriu-se que a maior parte da carga das usinas elétricas era de tal
f = pxn
caráter que não somente seria desejável mas, em muitos casos, absolutamente es-
60
sencial o controle rigoroso da freqüência. Assim, para manter constante, dentro
60 xf 60 x 60 de estreitos limites, a freqüência da corrente gerada, a turbina hidráulica deverá
n=~~-OO 600rpm
p 6 trabalhar com a rotação aproximadamente constante, ou, o que é a mesma coisa,
com pequena variação de velocidade.
b) Potência gerada: A variação da velocidade é provocada pelo desequilíbrio de uma das par-
celas do segundo membro da equação de regime das máquinas:
l' Q H 1000 x 5 x 80
N = -- x 1)t == x 082 =,4.380CV
75 75'
··.·c' -. t--- - .- ... t
c) Tipo de turbina:
S~ m d t- -5 2 (Nu + Np) dt
(1)
tI tI
n N1I2 600 x J438Q 180rpm
ns =
HS/4 801,15 Onde:
,(FRANCIS NORMAL)
Nm: potência motora
Nu: potência útil
d) Coeficiente de cavitação:
Np: potência passiva
a (para ns = 165) =' 0,100 (tabela anterior)
186 191
2. PRINCCl:"IOS.bE FUNCIONAMENTO
l'
A presentamos na FIG. 1 o esquema de um regulador, onde clistinguimos:
,, ~ ._._~-
Um mecanismo de regulaçao r. ,
Um,a alavan ca h.
Uni servo-motor composto de !lma válvula St e de um êmbolo K. 1 a 2,
1
I
I
---.I
2'
Posição 1 a 2 mecanismo em repouso.
Posição I.' a 2' válvula St permite a passagem do óleo com pressão.
Posição I' a' 2 ~ nova posição de equilíbrio, mecanismo novamente crn repouso ,
Para que se tenha uma rotação variando entre limites ainda mais estreitos,
constroem-se reguladores que, para cada variação na demanda de energia, resta-
belecem automaticamente a rotação normal. Este novo regulador está apresen-
FIG. 1 ~ Esquema de um regulador
tado no esquema da FIG. 3. O seu funcionamento pode ser assim descrito:
192 193
I
I
1. O mecanismo está na posição da figura, O regulador se encontra em re- i
pouso e a rotação é normal.
2. Há um aumento da rotação, motivado pela diminuição da potência
útil, acarretando a subida da luva do regulador. A válvula St baixa devido ao giro
da alavanca.
3. O êmbolo tem um movimento ascendente e fecha as palhetas do distri-
buidor da turbina.
4. Com a subida do êmbolo, a alavanca h gira cm torno do ponto 1', c a
válvula St volta à sua primitiva posição.
5. Simultaneamente com a subida doêrnbolo K, o disco b, que até então
se encontrava parado, passa a girar, por estar agora solidário com a periferia do
disco C. Girando, o disco b se enrosca na parte aparafusada do eixo D, trazendo
a alavanca h para a posição em que ela se encontrava antes de se iniciar a regulação.
t evidente que, neste tipo de regulador, a luva retoma a sua primitiva po-
sição e a rotação volta a ser normal, Na FIG. 4 estão representadas esquematíca-
men te as posições da alavanca h, durante a regulação.
I
l'
r--..-:::::
I
1
1 a
a
,--.
--- ------
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2' ,
I
-~
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~.-._.
FIG. 5 - Regulação em Uma turbina Pelton,
--- -.... '
2'
Suponhamos que tenha havido um curto circuito nas linhas de transmis-
Posição 1 a 2 - mecanismo em repouso, rotação normal. são que saem da central e que a turbina tenha sido bruscamente descarregada. O
Posição l ' a 2' - válvula St permite a passagem do óleo. regulador gira, como já vimos anteriormente, e levantará a válvula St, de modo
Posição l' a' 2 - disco b começa a rodar. que o óleo com pressão entrará no cilindro fazendo o êmbolo K baixar. A alavan-
Posição 1 a 2 - mecanismo volta ao repouso, rotação normal. ca h girará em tomo do ponto b e o desviador de jato (defletor) cortará o jato de
água, desviando uma parte dele. A agulha que estava retida pela alavanca h não
avança junto com ela, devido à existência do rasgo S. A agulha descerá lentamen-
FIG. 4 - Posições relativas da alavanca.
te, porque água com pressão passa pelo orifício O e atua sobre o êmbolo v. A
agulha avança até encontrar, de novo, o topo do rasgo S, sendo retido novamente
pela alavanca h.
Se, ao contrário, a potência útil aumenta, o êmbolo K sobe, trazendo a
alavanca h e a agulha n (a água que ficara retida acima do êmbolo v sai por urna
válvula). Assim, o defletor volta a sua posição original.
3. REGULAGEM DE UMA TURBINA PELTON
Para exemplíficar, apresentamos na FIG. 5 o esquema de urna regulagern
com turbina Pelton.
194 195
.I
I
~.
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197