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DJtILI1fi fRflI'ICISCO CfffiVfiLtIO


Professor Titular da PUC-MG
Professor Adjunto da UFMG e do CEFET MG

USIl1fIS HIDROfLfTft.ICfIS
TUllBII1HS

FUMARC/PUC-MG
BELO HORIZONTE
~
. -}

FICHA CATALOGRÁFICA
(P reparada pela Biblioteca da Universidade Católica de Minas Gerais)

Carvalho, Djalma Francisco,


C331 u Usinas Hidroelétricas. Turbinas. Belo Hori-
zonte, FUMARC;UCMG, 1982.
197p. ilust.
Inclui bibliografia.

1. Usinas hidroelétricas. 2. Turbinas hi-


dráulicas. L Título.
CDU: 621.311.21
I 621.224
DEDIClITOlUfl

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Copyright © 1981 by Djalma Francisco Carvalho O 7·~ .. i li ~";Ir·~\·,";"i \
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..- ..", ~)\·l.l.í "j \11 .
H I.b \_.1 u 21~r'D C !.. / __.._ ~.-
I ,._ ,O"~ .,~
- A Gabriel Lustosa de Andrade, pelas excelentes aulas de "Maquinas Hi-
dráulicas" na Escola de Engenharia da UFMG e por dever-lhe o meu ingresso 110
magistério superior.
~:~ ,) t)i 1.;;. '7
l~~::) ....\~)tS
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,,\~~:;. - A Universidade Católica de Minas Gerais, simbolizada na pessoa de
"~Ar0! ~n. v,in~s - Dom Serafim Fernantles de Araújo, pela oportunidade de desenvolver um magis-
Capa: VOITl-I S/A - Máquitws e Equiparr,crlfos
tério sério e gratifica me.
Ilustrações e Fotos: VOITH S/A - A'láquinas e Equipamentos
José Eustàquio de Oliveira

Di agramaçáo e Montagem: Walter Lara

Uire itos para esta edição reservados à


FUMARC - Fundação' Mariana Resen de Costa
Av, Dom José Gaspar, 500 - Cor. Eucan stico
Fone: 319-1190 - 30550 Belo Horizontc-MG

rara pedidos use o Código: B06j002


PKffflCIO

o objetivo fundamental deste trabalho é iniciar o estudante de Engenha-


ria no entendimento e dom inio dos assuntos relativos a geração de energia elétri-
ca através do aproveitamento de recursos 11 Li/ricos, principalmente em seus as-
pectos hidráulicos e mecânicos.

E evidente, em se tratando de assunto tão abrang ente e com tantas inter-


faces, que não pretendemos descer às minúcias e às espccificidcdes que o rema
comporta. Assim, cuidamos inicialmente de fornecer uma visão global da usina
hidroelétrica em si, para que a mesma venha permitir uma percepção mais con-
ereta do estudo especifico das turbinas hidráulicas, na realidade, o objetivo mais
direto e fundamental desse trabalho.
O fato de vivermos Ilum pais detentor de enormes reservas hidro-energcti-
cas, das maiores de todo o mundo, e de ter, fundamentatmente, a quase totalida-
de de energia que alimenta seus parques industriais provenientes destas fontes,
somada à ausência de literatura técnico-fundamenral sobre o tema em português,
constituiram o estimulo maior que nos induziu a realizar este trabalho.

Queremos consignar aqui nossos agradecimetuos a Universidade Católica


de Minas Gerais e a Fundação Mariana Resende Costa - FUMARC, por assumir
os encargos de edição; a VOITH S/A - Máquinas e Equipamentos por ler tão
gentilmente, franqueado o L[SO das fotos e ilustrações dos seus inúmeros catálo-
gos e, enfim, a todos aqueles que colaboraram diretamente na sua realização, em
especial, a Maria Nazareth Ferreira (datilografia dos originais}, José Eustáquio de
Oliveira (desenhos) e Walter Lara [diagramação e montagem}.

o Autor.
ÍlíDlCE

Pág.

CAPÍTULO I - HIDROELETRlClDADE
1.1. Da roda d'água a turbina Hidráulica .. . . . . . . . . . . .. 11
1.2. A Hidroeletricidade para o Brasil __ . . . . . 14

CAPÍTULO li - NOÇÕES GERAIS SOBRE USINAS HIDROELÉTRlCAS


11.1. Generalidades _ . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 25
li.2. Classificação das usinas hídroelétricas _ . . . .. 26
--p lI.2.1. Classificação quanto a altura da queda ... . .. 26
Il.2.2. Classificação quanto a função ela usina . . . . .. 26
---{;II.2.3. Classificação em função do plano de aproveita-
mento da fonte de potencial hidráulico. . . . .. 27
1I.2.4. Classificação quanto ao tipo de aproveitamento. 30
11.3. Descrição sumária de uma usina hidroelétrica típica .. 31
IIA. Obras de derivação ; ~. 34 •
11.4.l. Barragens . . . , 34
IIA.2. Tomada d'água, , . , , ' 35
11.4.3. Câmaras de sedimentação , , , ., 37
lU. Obras de transporte _ , . . . . .. 37
11.5.1. Canais de adução e galerias em pressão . , . , .. 38
lI.5.2. Chaminés de equilíbrio ,., . , . . . . . . .. 39
Il.5.3. Tubulações forçadas , .. , . . . . .. 40
H.6. Obras de evacuação ... , , , , . , ... ,. 42
11.7. Casa de força e subestação , , , . ,. " 43
11.8. Obras de restituição _ . . . . . . . . .. 45
1I.9, Fatores que influem na localização de urna usina hidro-
elétrica , ' , , , , , , , .. 47

CAPÍTULO m- POTENCIAL HIDRÁULICO


IlI.l. Generalidades , , , ,.,... 51
IIU. Definições de alguns termos comuns de Hidrologia , .. 51
IlI.2.l. Elementos relativos a bacia hídrográfica "" 52
I _ I. IlL2.2. Elementos relativos ao curso d'água ... , , " 52
l}(rj..:; 0:( ..•.----) "'~-
IIU. Fluviometria _ , , . . . . . . . . .. 53
'..':-{j0P . .J
---r) IlIJ.l. Uso de flutuadores ,, . ,. , , S4
-I> IIIJ.2. Uso de tubo de Pitot , , , . , . , . . . .. 55
-v llI.3.3. Uso de vertedores , , . . . .. 56
_vIII.3.4. Uso de molinetes .. , , " 59
DIA. Diâmetros econômicos das tubulações forçadas . 62
V.5. Anteprojeto de uma turbina Pclton 107
IlIA.1. Fórmulas empíricas . 62 .--1' V.5.l. Dimensionamento do injetar 107
IIIA.2. Método analítico . 63 V.5.1.I. Cálculo do diâmetro do jato livre (dI)' 108
;< m.5. Queda útil ou efetiva da usina. Perdas de carga a consi- V.S.l.2. Cálculo do diâmetro da secção de saída
derar . 64 (do) e do curso de agulha (so) . . . . .. 109
'j, IlI.6. Potência hidráulica disponível e potência efetiva da V.5 .1.3. Cálculo do diâmetro da agulha na seco
turbina .' . 65 ção de saída (ds) " 111
V.5.1.4. Cálculo do diâmetro do tubo adutor
X CAPÍTULO IV - GENERALIDADES SOBRE TURBINAS HIDRÁULICAS
(da) " 112
--t> N.l. Principais órgãos componentes .:. . . . . . . . . . . . . 67
V.;U.5. Outras dimensões. . . . . . . . . . . . .. 112
---ll IV.2. Classificação das turbinas hidráulicas . . . .. 70
V.5.2. Dimensionamento do rotor. . . . . . . . . . . . .. 113
IV.3. Variação da energia hidráulica em instalações com tur-
72 V.S.2.l. Cálculo do rotor de uma turbinaPelton 113
binas de ação e reação .
72 V.5.2.2. Determinação do número mínimo de
IV.3.l. Variação da energia em turbina de ação .
74 conchas do rotor 114
IV.3.2. Variação da energia em turbina de reação ..
75 V.5.2.3. Principais dimensões e ângulos da con-
IV A. Equação de Euler para as turbinas .
78 cha 115
N.s. Triângulos de velocidades .
IV.6. Rendimentos a considerar 82 ;. CAPÍTULO VI - TURBINAS FRANCIS
IV.6.l. Rendimentohidráulico 82 VI.!. Generalidades . 117
IV.6.2. Rendimento volurnétrico . . . . . . . . . . . .. 82 VI.2. Constituição mecânica da turbina Francis . . . . .. l1S
IV .6.3. Rendim en to mecânico . . . . . . . . . . . . . . . 83 VI.2.1. Rotor 119
IV.6A. Rendimento total. . . . . . . . . . . . . . . . .. 83 VI.2.2. Distribuidor _ . . . . . . . . . .. 122
Grau de reação . 84
IV.7. VI.3. Instalações com turbinas F rancis . . . . . . . . . . . . . .. 124
Semelhança mecânica ou teoria dos modelos . 85
IV.S. VIJ.1. Instalação aberta 124
IV.S.l. Semelhança geométrica . 85
VI.3.2. Instalação fechada 125
86
IV.8.2. Semelhança cinemática . -<1 VIA. Anteprojeto de uma turbina Francís " 127
IV.8.3. Semelhança dinâmica . 86
.4 VIA.1. Dados gerais 127
IV.8A. Fórmulas fundamentais de semelhança mecâ- c.:p VI.4.2. Dados de proje to 129
- nica . 87
-é VIA.3. Cálculo das principais dimensões do rotor
IV.9. Caracterís tícas unitárias de uma turbina . 89
Francis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 129
IV.l O. Características unitárias de uma série de turbinas se- VIAA. Cálculo das principais dimensões do distribui-
melhan tes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
dor 130
-------t> IV .1l. Velocidade específica .. , " . 91 VIA.4.l. Cálculo de Do e de Cio (inclinação
.~--:[7IV.12. Campo de emprego das turbinas hidráulicas. '.' . 92 máxima das palhe tas) 130
-o IV.l2.1. Introdução . 92 VIAA.2. Palhetas do distribuidor . . . . . . .. 131
~!Y.l2.2. A escolha da turbina . 93 VI.s. Detalhes gerais. de uma instalação com turbinas Francis , 132

CAPÍTULO V - TURBINAS PELTON -,/ CAPITULO VII - TURBú"IAS HÉLICE E KAPLAN


.--[...Y.l. Generalidades . 97 ~ÓVII.1. Desenvolvimento . 135
V.2. Constituição mecânica da turbina Pelton . 98 VII.2. Turbinas Hélice . 138
V.2.l. Rotor . 98 VIL2.1. Detalhes de construção' . 138
- .-\- V.2.2. Distribuidor . 101 VII.2.2. Detalhes de instalação . 139
V.3. Instalação com jatos múltiplos , . 103 VIl.3. Turbinas Kaplan . 139
V.4. Triângulos de velocidades - . 104 - VII.3.1. Detalhes de construção . 13?
VII.3.2. Detalhes de instalação . . . . . . . . . . . . . .. 142
~-;VIIA.

CAPÍTULO
Anteprojeto de uma turbina Kaplan . . . . . . . . . . ..

VIII - CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS TURBINAS


144
CfIPÍTULO I
VIIr.l. Generalidades 149
V1Il.2. Grandezas que in tervêrn no funcionamento de uma
turbina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 149 HIDROELETRICIDADE
VIII.3. Diagramas topográficos ou curvas de nível das turbinas. 151
1. DA RODA D'ÂGUA Ã TURBINA HI DRAULlCA
\1111.4. Curvas que podem ser obtidas dos diagramas topográ-
ficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 153 Perde-se na poeira dos tempos o uso da primeira roda d'água. Egípcios,
VIII.5. Escolha da turbina a ser empregada a partir da forma babilônios, chineses e indianos instalarrun-nas ao longo dos rios Nilo, Eufrates,
das curvas topográficas 156 Amarelo e Ganges, destinadas a elevar água para fins irrigatórios ou para moagem
VlII.6. Velocidade de disparo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 159 de grãos.

CAPÍTULO IX - TUBOS ASPIRADO RES


IX.! .Função e localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 161
IX.2. Recuperação da fração de queda " 162
IX.3. Recuperação da energia cinética residual. . . . . . . . .. 164
IXA. Forma ou perfil dos tubos difusores . . . . . . . . . . . .. 166
IXA.l. Tronco de cone . . . . . . . . . . .. 166
IXA.2. Tubo de Prasil . . . . .. . . . . . . . . . . .. 167
IX.5. Dimensionarnento de um tubo aspirador tipo Prasil . .. 168
IX.6. Exemplo numérico . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 172
IX.7. Outros tipos de tubos aspiradores 175
IX.7.!. TuboWhite 176
IX.7.2. Hidrocone de White .. :.............. 176
IX.7.3. Hidrccone de Moody. . . . . . . . . . . . . . . .. 177
FIG. 1 - Roda d'~gtlo primitiva conhecido por "nora chinesa"
IX.7A. Tubo de joelho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 177
-,;.~::;-~:'.--

CAPÍTULO X - ALTURA DE COLOCAÇÃO DE UMA TURBINA.


CAVITAÇÃO
--{:->
' X .,1 Alt ura d e co 1ocaçao
- d a tur bilna ., .. ' 1 ~Ll . 181
-·'C.' X.2. Exemplo numérico , .. 186
lX.3. Cavitação . 187
X.3.1. Natureza do fenômeno . 187 ",~-
X.3.2. Sistemas de prevenção , . 188
X.3.3. Reparos dos danos de cavitação . 188 I j

/
CAPITULO Xl - REGULADORES DE VELOCIDADE I

XL!. Introdução 191


Xl.2. Princípios de funcionamento _ . . .. . . . . . .. 192
XlJ. Regulagem de urna turbinaPelton 194

BiBLIOGRAFIA " 197


FIG. 2 - Antiga roda indiana

II
Por essa época, primórdios da Revolução Industrial, começou a ser utili-
Em seu inicio, as rodas d'águas eram máquinas pesadas, toscas, de baixa zada a energia elétrica, e esta abriu os mais amplos horizontes ao uso da energia
velocidade e 'de reduzida eficiência. Exigiam, inclusive, o desvio de parte da água hidráulica, provocando o nascimento da técnica da Hidroeletricidade que cul-
para os mancais, a fim de que os mesmos fossem resfriados e pudessem girar. Ou minou pela transformação da tosca roda d'água na moderna turbina hidráu lica,
eram flutuantes ou de impulsão inferior, utUizando somente a energia da água Para tal, transformações e melhoramentos foram introduzidos através de
corrente, princípio por si só incapaz de produzir um rendimento satisfatório. estudos feitos por vários engenheiros como Fourneyron, Henschel, Jonval, Koe-
chlin, Fink, Voith, Schwankrug, Zuppinger, até que Francís,e Kaplan deram for-
rnas físicas finais às modernas turbinas de reação, e Peltõ~ e Doble às modernas
turbinas de ação, segundo resumo cronológico abaixo.

RESUMO CRONOLóGICO DA EVOLUÇÃO DAS


TURBINAS HIDRÁULICAS
DATA FATO
1827 FOURNEYRON inventa o primeiro motor hidráulico, poste-
FIG. 3 - Roda d'água de impulsão inferior riormente transformado em turbina de reação (FIG. 5).
Naqueles tempos, e mesmo ainda há pouco mais de um século, o trabalho 1841 HENSCHEL e JONV AL, simultânea e independentemente,
realizado por estas máquinas não era de absoluta necessidade, nem tinha impor- constroem a primeira turbina de reação com tubo de aspiração.
tância vital. Se a instalação sofria alguma avaria, a parada temporária não era pre- (FIG.6).
judicial, porque o serviço em que a máquina era empregada (seja irrigação,
1848 SCHWANKRUG constrói a primeira turbina de ação, apropria-
moagem ou em serrarias) podia parar e o tempo perdido ser facilmente recupera-
da para grandes quedas e pequenas vazões (FIG. 7).
do após o conserto. .
Com o emergir dos primeiros núcleos industriais, passaram estes a usar ca- 1840 FRANCIS (FIG. 8).
da vez mais a força hidráulica e, em decorrência disso, melhoramentos se torna- 1872 FlNK construiu perfeito sistema de regulagem (distribuidor) de
ram imprescindíveis, principalmente no que diz respeito à segurança, regularida- vazão, até hoje empregado para turbinas de reação (Francis, Hé-
de e economia funcional. Evoluiu-se assim, lentamente, da roda de irnpulsão in- lice e Kaplan) (FIG. 9).
~--
ferior para a de impulsão superior, esta já usando a energia do peso da água, além
1873 VOlT H constrói a primeira turbina .Fr ancis com distribuidor
da água corrente. Fink.
~---,~

1880 PELTON aprimora a turbina de Schwan.krug, dando forma de- /


"il,:'" fínida às turbinas de ação (FIG. 10).
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, '~. J~-I 1912 Primeiras experiências com turbinas K.;.\.PLAN.

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j~ 1925 Posta em operação
mensões,
a primeira turbina Kaplan de grandes di-

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Observação: Vide figuras 5 a 11 rias páginas 17 a 23.

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•. ~,,:. B importante frisar, contudo, que mesmo após uma concreta definição de

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~.~'\1. '.[ II J Y
·I"V~ ',v"'· idéias a respeito da possibilidade de aproveitamento das grandes quedas d'água
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para geração de energia elétrica, um fato travou, inicialmente, o progresso tecno-
iKlI i"-':'/ p-" ''>1:.. lógico de construção das turbinas: a transmissão de forças por meio de engrena-
" li", " ",,:'-e-: J ;::-- gens era fator limitativo da potência unitária e das dimensões ela turbina.
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--va- _
.f1(~.' .'
.o:..t:Jo /' .
'-cQ..... .'
.' ...dJii~:' . . ,~, FIG. 4 - Roda d'água de irnpulsão superior
13
12
I

Dois fatos, entretanto, marcaram o início de uma completa revolução na


de energia elétrica.
técnica do uso das turbinas hidráulicas (Exposição de Frankfurt, em 1891):
- A viab ilização prática do transporte de grandes massas de energia elétrica a al- - Investiu-se no setor, anualmente, o equivalente a 1 bilhão de dólares entre
tas tensões e a grandes distâncias. 1971 e 1975, e 2 bilhões de dólares entre 1975 e 1979.
- A viabilidade de acoplarnento direto do gerador à turbina. - O crescimento a uma taxa cwnulativ3 entre 12% e 13% correspondeu, pratica-
Daí até os nossos dias, decorrência sumária da procura sempre crescente mente, a duplicar a capacidade instalada no país cada cinco ou seis anos.
de energia elétrica pelos parques industriais, foi implantado por todo o mun- - O Brasil é detentor, hoje, de algwnas das maiores usinas rudroelétricas do
do um sem número de usinas hidroelétt icas, desde usinas de pequeno porte até mundo, Como Ilha Solteira, Paulo Afonso, Jupíá, Fumas e Estreito, entre outras,
os fantásticos gigantes hidráulicos que alimentam as regiões mais industrializadas todas com potência instalada superior a 1.000.000 Kw. Isso sem se falar em
de todo o mundo. ltaipu, em fase de construção, que terá uma potência instalada de 12.600.000
Dentro desse con texto, pode-se, inclusive, afirmar que as usinas hidroelé- Kwe será das maiores de todo o mundo.
tricas evoluíram construtivamente das unidades seriadas para aquelas necessaria- Entretanto, o crescírnenm de nosso parque industrial exigirá, para a déca-
da atual, esforços maiores ainda:
mente fabricadas sob encomenda. Em outras palavras, evoluiu-se de usinas dota-
das de um grande número de pequenas unidades para usinas com um pequeno f - O crescimento industrial, para não sofrer atrofias, exigirá o aumento da atual
n úrnero de gigantescas unidades. potência instalada de 30.000.000 Kw para 90.000.000 Kw, aproximadamente,
em 1990.
Modemamente, a técnica de construção de turbinas atingiu tamanho de-
senvolvimento tecnológico que são comuns rendimentos próximos de 90%. Isso - Apesar de ser das maiores do mundo, seis anos após entrar em operação, a
significa ser a Hidroeletricidade, principalmente para regiões dotadas de grandes Usina de Itaipu será absorvida pelo crescimento do consumo de energia das re-
potenciais hidráulicos, uma das formas viáveis, senão a mais racional e econômi- giões Sudeste e Sul do Brasil e pela expansão da economia paraguaia.
ca, de geração de energia elétrica. - Consome-se, ainda, pouca energia elétrica no Brasil. A Região Sudeste (a mais
evoluída do país) apresentou, em 1980, um consumo médio da ordem de 2.000
Kwh(habitante, comparável ao consumo da Itália em 1974.
O consumo médio do Brasil é da ordem 1.000 Kwh(habitante, igual ao
2. A HIDROELETRICIDADE PARA O BRASIL consumo da Venezuela em 1972.
+
Para uma análise quase primária da importância da Hidroeletricidade para Para atendimento dessa crescente necessidade de energia, deverão ser ins-
o Brasil, basta considerarmos dois fatos: taladas, segundo previsões da ELETROBRÁS, mais de uma centena de grupos ge-
- O Brasil é um país possuidor de um dos maiores potenciais hidráulicos do radores de potência superior a 1.000.000 Kw cada, além de 18 unidades de 700
Mw de Itaipu, de características excepcionais.
mundo, ou seja, estimativas pessimistas (de vez que, na realidade, existem
rios praticamente desconhecidos) indicam um potencial disponível superior a Num panorarna atual, estão instaladas ou já encomendadas as seguintes
unidades:
150.000.000 Kw. Acrescente-se a isso a enorme disponibilidade do mesmo (nos-
sa potência instalada atual é da ordem 30.000.000 Kw) e o fato de ser este
potencial de explorabilidade econômica e relativamente fácil.
USINA
I N9 DE UNID.

rI
ltaípu i POT8NClA UNIr.
- Somos um país care n te de petróleo e carvão, o que loma inviável ou pouco 18
Tucuruí 700MW
recomendável a alternativa da Terrnoeletricidade (pelo menos, enquanto existir 12
São Felíx 250 MW
disponibilidade de potencial hidráulico). 5
Xing6 260 MW
Em conseqüência disso, nossa energia elétrica é de origem predominante- 1 9
Paulo Afonso IV 3671\1W
mcn te h ídnca, c a Hídroele tricidade revela-se o caminho mais viável e econômico 2
Sobradinho 3751f1V
para levar o Brasil ií compor o quadro das nações industrializadas ou, mais con- 6
cretamente, para permitir ao Brasil resolver 05 grandes problemas econômico-
sociais de sua gente.
r Salto Santiago
São Simão
4
6
110 MW
333 MW

Ciente disso, ingentes esforços concentram-se no setor, no sentido de de-


senvol vê-lo e, como resultados correre tos, podem-se ap resen lar os seguintes dados:
I Salto Osório
Foz de Areia
2
6
250 MW
175 MW

- Na década de 70, o Brasil esteve entre os países que mais cresceram no setor I DADOS: Revista Enerrsia Elétrica. da ELETROBRÁS
200MW
)

14
15
Para uma compreensão maior da importância e significado da Hidroele-
tricidade no Brasil, julgamos oportuno apresentar ainda os seguintes dados:
- A evolução da capacidade instalada

At~O POT.t:NCLA (em MW)


--------
1971 11.400
1975 20.000
1980 30.000

l 1985
1995
2000
45.400
104.000
153.000

Este quadro pressupõe, a partir de 1980: um crescimento médio anual da ordem de 10% e
leva em conta energia elétrica de outra origem, além da hídrica ( ').
------'"
'-

- O consumo não se distribui igualmente entre as várias regiões. Pelo contrário,


concentrou-se violentamente na Região Sudeste e foi praticamente inexpressivo
na Região Norte. O quadro abaixo tem como base o ano de 1973.

REGIÃO CONSUMO (em %)


NORTE 1,1
NORDESTE 2,1
CENTRO-OESTE 10,0
SUL 10,9
SUDESTE 75,9 .
I __ .-J
_ ... __ .- --- I
DADOS: Revista Energia Elétrica, da ELETROBRÁS

Por tudo isso, conclui-se pela importância vital da energia elétrica de ori-
gem hídrica para o Brasil e, conseqüentemente, da necessidade do estudo da Hi-
droeletricidade pelo engenheiro.

(') NOTA: Os inúmeros fatores que tornaram rcccssiva toda a conjuntura internacional, afc-
tararn, evidentemente, o dcscnvolvirncn to do setor cncrgético que indicou, em
1981, um crescimento inferior a 4%.
Conseqüentemente, o crescimento do setor deverá sofrer urna reprograrnação
provisória. Ao se levar em conta, contudo, a obrigação de crescimento imposto
pelas próprias características do país, entendemos que deverá haver uma reto-
mada do desenvolvimento na base de um crescimento médio anual da ordem de,
pelo menos, 7% a 8%.

FIG. 5 - Turbina de Fourneyron (primeira turbina industrial).

16
17
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FIG. 6 -Corte longitudinal em instalação com turbina J onval e tubo aspirador (E) e uma roda Jonval com 3.850mm de diâmetro e potência de40cv.

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FIC, 7 ~ Turb inn de Schwankrug,


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F!G . 1 O - Antigas formas cons trutivas dos rotores Pelton

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CfiPÍTULO II
NOÇÕES GERAIS SOBRE USINAS HIDROELETRICAS

1. GENERALIDADES
As configurações diversas que o capricho da natureza implanta na super-
fície terrestre fazem com que não seja possível encontrarmos duas bacias hidro-
gráficas ou mesmo dois rios que possam ser considerados iguais. Mesmo quando
se estreitam os limites da comparação, é sempre possível ·encontrar alguma sub s-
tancial diferença sob determinado ponto de vista, seja topográfico, geológico, cli-
mático, hldrológico ou geo-econômico.
Desse fato, resulta ser a implantação de uma usina hidroelétrica sempre
um caso particular, que pode, na melhor das hipóteses, apresentar uma no tável
similitude com instalações já existentes.
Isso se toma mais intensamente verdadeiro se o aproveitamento do curso
d'água tive r uma fm alidade mais ampla ou abrangente do que simplesmente age-
ração de energia elétrica. Nestas Condições, toma-se essencial listar as múltiplas
finalidades que pode apresentar um aproveitamento hídrico. Sao elas:
Controle de chefas e estiagens.
--, Navegação.
Irrigação.
Turismo e esportes.
Piscicultura.
Geração de energia elétrica.
Dent ro desse enfoque distinguem-se, portanto, dois tipo s de aproveita-
mentos (quanto a sua funç ão):
a) - Aprnn:itamento exclusivo para produç:ão de energia elétrica: é oca-
so mais comum em bacias hldrográficas montanhosas, quando as altas quedas im-
pedem a construção de eclusas para navegação e a pequena vazão não sugere seu
aproveitamento para irrigação. Há exceções, nesse caso, para as bacias montanho-
sas que sejam de grande superfície e grandes vazões on de a qu eda al ta pode im-
pedir a navegação; porém, a área da bacja e o caudal servem para uma barragem
de acumulação com múltiplos fms (controle de cheias e secas, irr igação, ge ração
de energia elétrica, saneamento).
b) - Aproveitamento múltiplo: caso típico de aproveitamen to de rios
com declividade acentuada e uniform e e de grande volume de água. Presta-se ,
sempre, a pelo menos duas ou mais das finalidades anteriormente listadas e cons-
titui a tendência modern a. (Três Marias é o exemplo brasil eiro mais notável desse
tipo de aproveitamento).

25
/O
o
o
o O propósito fundamental desse nosso curso é estudar principalmente a a) Usina de base: aquela que mantém cap acidade de g~ s~ão fim1e duran-
o produção de energia através dos recursos hidráulicos, não se podendo, contudo, te todo o tempo, signlficando , via de regra, que a usina opeua:om plena carga,
praticamente, duran te t odo o ano.
o deixar passar a oportunidade de mostrar ao engenheiro que o rio é um elemento
a serviço do homem, de outros seres vivos e do próprio meio. Seu aproveitamen- Em face da curva de carga do mercado que deve atendl r, este tipo de usi-
C1 to deverá processar-se de maneira sobretudo racional, sem ignorar o que se passa
r
i na preenche a base da referida curva de carga.
ao se u redor, respeitando, sempre que possível, as múltiplas formas de vida que o b) Usina de ponta: é aque la cuja fun ção é o atend iwen to dos picos da
1 c l
curva de carga. Sua plena capacidade não pode ser utilizadrn.rn caráter perma-
!c) mesmo abriga e nunca esquecendo ou ignorando a dependência natural e recíp ro-
ca entre o rio e a terra.
1
nente, mas apenas o tempo suficiente para atender as n ece silla d~s do mercad o

~. em suas horas de máxima solicitação.

"
' 'r' 2. CLASSIF ICAÇÃO DAS USINAS HIDROELtTRICAS l1
Para ilustrar tais defin ições, a FIG. 1 mostra o campolfle operação dessas
usinas em relação à curva de carga. Nesta figura, a ordenad i .~ representa a po-
tência instalada em plena e permanente utilização da usina d!tllase, e a ordenada

,~
A existência de diferenças substanciais entre os aproveitamentos hidroelé-
tricos, seja sob o ponto de vista topográfico, geológico, climático ou geo-econô-
mico, torna sempre o enquadramento dos mesmos em tipos ou classes um fato
.l B representa a potência da usina de pont a, somente utilizadi::m pequena fração
de dia .
MW
extremamente relativo, tomando-se praticamente impossível instituir classifica-
1 C> ções precisas e apropriadas.
50
43
-1
( Por esta razão , prefere-se classificá-las sob vários pontos de vista, de ma-
1

44
( neira tal que a defmição de seu tipo, resultando de mais de uma característica, o
tome meil10r identificável, principalmente do ponto ele vista concepcional. --i 'J)
1
Assim, classificam-se as usinas hidroelétricas sob vá.rios pontos de vista.
i
Dentre aqueles considerados clâssicos ou notáveis, destacamos: 35
' ' t;~ ~ &..

1
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2.1. CLASSIF ICAÇÃO QUANTO À ALTURA DA QUEDA ~~

Distinguimos:
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~t:i ~
,,, 1
a) Usinas de quedas baix.as: menos que 30m.
b) Usinas de quedas médias : entre 30m e 150m. / K:'' ,r/. ?;f',.Y,
7 "
·r .... r ;-;r,
~-- '"1'
,y;,~1' ~~ "" + !
e) Usinas de quedas altas : acima de 150m. L(,
1 'V 1 1
\ '/
Dentro dessa conccituação, cumpre informar serem convencionai s os li-
\1/ ' 1
mites acima estabelecidos. 12
A
A respeito dos limite s extremos da escala, nada se pode concluir de 1

absoluto; pode-se dizer, apenas, que o limite inferior nas usinas de queda baixa é
d a ordem de 3m, de vez ser praticamente inexeqüível compatibilizar o maquiná-
rio e mesmo o funcionamento com altura igual ou inferior a es te valor. Quan to
ao limite superior das usinas de queda alta, depende o mesmo do valo r da vazão
interven iente, preferindo-se fracionar o aproveitamento para vazõc s grandes; para
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22 24
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vazões pequenas podé-se chegar quedas da ordem de 2.000m. f!G. l - Usinas de base e de ponta.

2.2. CLASSIFICAÇ.:Í.0 QUANTO À FUNÇ.Ã.0 DA USINA 2.3. CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DO PLA\O DE APROVEITA-
Segundo o ponto de vista operativo ou funcional, costuma-se classificar
MENTO DA FONTE DE POTENCIAL HIDRÁULICO
corretamente as usinas em: Tal classificação, mesmo pa rece ndo bas tante clari apresenta sempre um

26 27
.1

certo grau de relatividade. Segundo este critério, as usinas são divididas em dois equipamento s, de vez que estes foram dimensionados para a descarga tipo 95%
tipos: (Observação: não se usa a descarga mínima tipo l 00% porque es ta tem frequên-
a) Usinas a fio d'água: sáo aquelas que aproveJtam o curso d'água dire ta- cia insignificante, ou seja, da ordem poucos rcgis tros num período pluri-anual).
mente, depois de sua derivação, sem permitir propriamente uma acumulação; a.2) Usina a fio d'água com reservatório: a usina possui um pe queno re-
não significando literalmente, contudo, que n ão possam apresentar um reserva- servatório sem, contudo, possuir uma capacidade de regul ar ização da vazão supe-
t ório . rior ao período de um mês.
Poderíamos, assim, subdividi-las nos seguintes grupos, com as respectivas Consideremos aqui, para m aior clareza, o caso de uma usina isolada (des-
características fluviométri cas: tinada a atender ·certa região, apenas) e com descarga mfnima (tipo Q = 95%) ca-
a.L) Usina a fio d'água sem reservatório: é sempre u ma usina de base paz de gerar potência superior à potência média da curva de carga diária (FIG. 3).
que utiliza, durante 95% do tempo de operação, a descarga mínima do rio , ga- ;.~w

rantindo a plena carga durante todo esse período. 50


1 POT. IN STALADA
Nesse caso, as obras de evacuação (vertedouros) aliviam durante 95% do 43 1
1 "\.
tempo a maior parte da descarga, de vez que há desperdício de água sempre que 44 i J r--...
1
a descarga ultrapassa a mínima. \
s, \
A FIG. 2 mo stra, em relação à curva de duração de descarga(% da descar- 40
POT. '-ON . DO RIO Q 95)
J
1 V
ga em orden adas contra% do tempo de operação em abscissas) a posição de uma
36
~ ., ~~
.,._,, ,v 1 ~ [$,[~ :;,>' ~T:
usina a fio d'água sem reservatório. ..& ~.1 ~/SJ
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l -l 6
1 ~ MÓDULO HORAS
30
1 1 ~ 1 1 FIG. 3 - Considerações sobre uma usina a fio d'água com reservatório.
20 1 i r--- ........ 1

1 : ! \ r-l--_I
r--... r--..._ A interpretação que se dá na FIG. 3 será, en tão, a seguinte :
DE SCARGA MÍN I MA~ )95 %
10 ~

1 1 -o - Em se tratando de uma usina isolada (par a atende r certa zo na), con si-
i 1 ' 1 1 1
""
1 _ _ T% derou-se conhecida a curva de carga.
oo 10 20 30 40 50 60 10 80 90 100 - Garantindo o rio uma potência firme de 38Mw, superior à media de
FJG. 2 -- Usina a fio d'igua sem reservatório , utilizando descarga minima durante 95% do 32Mw, desperdiçar-se-ia durante o dia o volume de água proporcional às áre as S ,,
tempo de opç ração.
S, e S, .
A pequena área hachurada na FIG. 2 significa que, em apenas 5% do tem- - Durante 5 horas diárias (de J 7 às 22 horas) há um a falta de águ a pro-
po de op eração, a usina não rec ebe água suficiente para a plena potência dos porcional à área S,

28 29
- A falta de água (proporcional à área S,) é, contudo, m en or qu e o ex- b) Aproveitamento repartido: quando a casa de fo rç a localiza-se longe
cesso (proporcional à área S, + S, + S, ). das obras de retenção do rio, caracterizando-se por possuir obr.as de transporte
- Assim, se , no decorrer das 19 horas em que há excesso de água, re ti- da água bastante extensas.
vermos no reservatório de regulaçã:o a água proporcional à área S, , poderá esta

~~
ser aduzida no período de 17 às 22 horas, pode ndo a usina atender, inclusive, a Lj"f;._,'])
ponta máxima da curva de carga.
Conseqüentemente, a usina opera a fio d'água na base e cobre a ponta às
\0
g G--1 1

custas do pequeno reservatório. A usina será caracterizada pela potência a fio


d'água de 38Mw, possuindo equipamento motriz instalado para cerca de 48Mw.
t1'
b) Usinas com bacia de acumulação ou com grande reservatório: são usi-
nas que tomam de um lago ou de um reservatório artificial, as vazões necessárias
ao seu funcioname nto, possuindo uma capacidade de regularização da vazão nun-
ca inferior à mensal e, quase sempre, anual e até mesmo pluri-anual.

2.4. CLASSlFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE APROVEITAi\1ENTO


Distinguimos:
LEGENDA
a) Aproveitamento conjugado: quando a casa de força localiza-se junto à l.
b ~
Barragem
barragem ou no interior da m esma, conforme mostram as disposições da FIG. 4. 0-- 2. Casa de força
\~
0-- 3. Tomnda d'água

~~
4. Canal de aduçao
5. Câmara d e carga
1 ~ }1111 11111nuail ~y,~
l. 6. Condu tos for çados
~z
~V 7. Canal de fuga
8. Galeria em p ressil ci
i) --t 9. Chaminé de equilíbrio
- 1 FIG. 5 - Tipos clássico s de aproveitamento repartido.
LEGENDA
t 1. Barragem
2. Casa de força Modernamente (exceção feita a pequenas usinas, onde principalmente as
condições topográficas obrigam), apenàs um tipo de aproveitamento repartido

l'j
2
vem se impondo. Trata-se do aproveitamento repartido com centrais subterrâ-
( neas (tipo cavernas), com a casa de força en cravada na rocha da montanha e que
l -r b um1u•1111uu11o j
tem, em muitos casos, se mostrado como soluçao mais econômica ·do que as
2
centrais externas (caso brasileiro de Paulo Afonso, de Cubatão e da Usin a Hi-

r
droelétrica Governador Parigot de Souza, no Paraná, entre outros).

"\ \

F IG. 4 -- Tipos cl:íssicos de aproveitamento conjugado.

3. DESCRIÇÃO SUMARIA DE UMA USINA HIDROEL~TRICA


HPICA
Trata-se de concepção bastante difundida modernamente e que apresenta
baixos custos, motivados, sobretudo, pelos pequenos comprimentos das obras de
A seguir, visando dar urna irléia geral, aprese n tar emo s (FIGs. 6 e 7) uma
transpo rte da ág ua.
usina lúdroelétrica típica e simple s, destacando cada um dos componen tes. De

30
31
~====
wna maneira geraJ, distinguim os em qualquer usina as seguintes partes princi pais:
'.
F&~~ ~
Obras de derivação e tomada.
Obras de transporte .

71
-~il, . 1 - <=;1 J Obras de evacuação .
/ )'j;p!f-»",~~ ··-

~
'" -'" ' r~4W'lf"iíf#J'P.7
..• .
Pl'"'~ . .
. ,o, : ~--"VF:s:i
_ .--< ·-
Casa de força e subestação .
Obras de restituição.
/ f! As funções básicas de cada uma destas partes são:
11!}( - - Obras de derivação e tomada: form ada basicamente por uma barragem
I·I ·{3?'
.. LEGENDA de derivação, cujo objetivo é represa r o rio de mo do a encaminhar parte defírúd a

'/ ;,i
/,! 8. A - Canal de adução
B - Comportas
da vazão para a entrada da tomada d'água, sendo esta protegida por grades à qual
/ / w e - Condutas forçados se segue uma expansao chamada câmara de sedimentação (as .grades e a câmara
~(,'.jd'l D - Válvula de admissão de sedimentação têm por objetivo reter o material sólido do leito do rio).
- . ;'\ r/f E - Turbina
- Obras de transporte: podem começar pelo canal de adução aberto (ca-

J,,~Ji
F - Tubo de aspiração
G - Canal de fuga so de usinas menores) que vai até a câmara de carga, dond e partem as tubulações
H - Alternador forçadas (penstock) que levam a água até as turbinas no interior da casa de
l - Subestação e levadora
- !'l:
de voltagem
força.
J - Linllas de transmissão No caso de usinas maiores e com grandes reservatórios com níveis var iá-
K - Grades veis, podemos ter:
FIG. 6 - Corte longitudinal cm um a u sina hidroelétrica t ípica. a) Se o comprimento da linha adutora for pequeno , o can al aberto é
substi tuído diretamente pelas tu bulações forçadas (FIG. 6).
b) Se o referido comprimento for grande, os condu tos silo divididos em
:f?~ duas partes: a primeira, destinada principalmente a vencer distância, é geralment e
formada por uma galeria cm pressão de pequen a inclinação; a segunda, destinada
·-+ principalmente a vencer desn ívcl, funciona co mo tubulaç ão forç ada (pre ssões
maiores que a pressão atmosférica).
Nesse segundo caso, in tercalada entre a galeria em pressrro e a tub ulação
forçada, teremos a chaminé de equilíbrio, destinada a amo rtecer os efeitos do
golpe de ari ete .
- Obras de evacuação: constitufda pelos vertedores ou sang.radouros que
têm como funções básicas:
- Manter constante, dentro do possívcl, o nível do re se rvatório ou baci a
de acumulação, preestabelecendo dessa forma a vaza:o turbin ada.
- Pennitir o escoamen to de água no leito natural do ri o e:itrc a deriva-
ção e o ponto de restituição da vazão turbinad a , de modo a não causar prejuízos
aos proprietários ribeirinhos o u marginais entre os referidos po ntos.
- Casa de força e subestação : a casa de força, além de abrigar os grupos
turb inas-geradores, contém os apare U1os acessó rios hidráulicos e elé tric os, os dis ·
p ositivos de medida, proteç ão e controle, o s qu ad ros de manobra e de controle,
LEGENDA os serviços auxiliares e oficinas .
l. RcscrvJtório 4. Vertedores A subes tação visa, através princip alm ente dos transfo rmadores, a elevar a
2. Ba.rragcm 5 . Canal de fuga
6. Subestação e levadora voltagem da energia gerada com o objetivo d e diminuir os custos de sua transmis-
3. CasJ de força
são.
Obras de restituição: constituída inic ialmente pel o tubo de aspiração
FlG. 7 - Vi'>la gcr'11 da Usina Hidroelétri ca de Três Ma.ria s (M.G.). Cortesia VOITH S.A.

33
32
ou sucção que leva a vazão turbinada dos motores hidráulicos até o canal de fu-
/' '
ALGUMAS DAS MAJORES BARRAGENS DO MUNDO
ga, em geral aberto, que restitui a vazão utilizada ao leito natural do rio do qu al --···--·--· -- -·
EM VOLUME ESTRUTURAL EM ALTURA
foi desviada.
As figuras 6 e 7 mostram claramente os elementos componentes destes NOME/LOCAL VOLUME NOME/LOCAL/TIPO ALTURA(m)
vários tipos de obra, sobre os quais passamos a falar de modo mais completo, a 103 mJ

seguir. Tarbela/Paquistão 149.961 Nureck/URSS/T 310


Fort Peck/EUA 92.000 G. Dixence/Suíça/C 284
Oahe/EUA 70.300 Inguri/URSS/C 272
Gardiner/Canadá 65.548 Vaion t/I tália/C 262
Mangla/Paquist!ío 65.651 Mica/Canadá/T 244
4. OBRAS D E DERIVAÇAO
As obras de derivação, quase sempre, podem ser divididas em três partes '-

principa.is: T: Terra ou enrocarnento .


Barragem. C: Concreto.
Tornada d'água.
Câmara de sedimentação. Como conseqüência da construção de barragens, surgiram alguns dos
maiores reservatórios de água do mundo, como mostra a Tabela 2 .
4.1. BARRAGENS
SJo funçõe s básicas de urna barragem em uma usina hidroelétrica: /'
'
Desviar o curso normal do rio. ALGUNS DOS MAIORES RESERVATÓRIOS DO MUNDO
Formar um reservatório ou bacia de acumulação para regular ização da
NOME DA BARRAGEM PAÍS CAP. BRUTA (EM 10 3 m 3 )
vazão.
Assegurar a queda necessária ao acionamento da turbina. Owen Falis Uganda 204.800.000
Sua \ocalizaçao e construçao, principalmente, constituem verdadeiros de- Bratsk URSS 169 .400.000
safios :l. experiência e à tecnologia de verdadeiras equipes de engenheiros e técni· Kariba Rhodésia 160.368.000
cos_ Seu alto custo e, sobretudo, a responsabilidade da obra demandam estudos HighAswan RAU 164.000.000
pormenorizados sobre a topografia e geologia do terreno, sobre sua conformação Akosombo Gana l 48_000.000
transversaf e longitudinal e, acima de tudo, sobre sua estabilidade e estanqueidade. '-.
Na prática, distinguem-se três principais tipos de barragens:
- Barragem de terra. NOTA: Para comparação, note-se que o s repres:imcntos das barragens de Fum as e
- Barragem tipo enrocamento (núcleo de argila e terra e taludes recober- Três Marias têm, respectivamentc, vo lume brut o de acumulução de 21 e 22 bilhões de metros
cúbicos.
tos de pedregulhos e cascalllo).
- Barragem de concre to.

4.2_ TOMADA D'ÃGUA


Na maioria dos casos das grandes usinas brasileiras, encontraremos barra-
Seu objetivo básico é po ssibilitar wna descarga preestabelecida ou regu lari-
gens mistas, formadas por um trecho de concreto, onde se localizam a casa de
zada, q ue será aduzida até as turbinas pelas obras de transporte.
força e os vertedores, e pelo trecho maior em terra ou, mais comumente, pelo ti-
No caso de usinas a fio d'água, a tomada d'água é constituída de abertu-
po enrocamento, em conse qüência do avanço da tecnologia de construção desse
ras ou vãos convenientemente dispostos ao lado e à montante da barragem, se n-
tipo de estrutura . do tais vãos protegidos por gra des coloca.das sobre urn a soleira (parede de alve na-
Para realç ar a importância e o vulto das o bras de construção de barragens,
ria) e dispostas de maneira a ob struir a p assagem do material só lido que se deslo-
as Tabelas 1 e 2 mostram, respectivamente, algumas das maiores barragens do
ca junto ao fundo do rio.
mu nd o em termo s de volume total da es trutura e em termos de altura.

35
34
Nesse caso, são normalmente providas de um canal de descarga dotado de - Tomadas profundas: comuns em rese rvatórios maiores e sujeitos ava-
comporta que, ao ser manobrada, perrrúte a retirada e descarga do material sóli- ria ção de nível d'água considerável entre a época das chuvas e a es tiagem e quan-
do acumulado. do considerações econômicas imp õem a utilizaç ão total da que da disponível para
Normalmente, e em decorrência da centripetação dos materiais sólidos todas as situações de armazenamento.
produzida por trechos curvos dos rios, sugere-se posicionar a tomada na margem Podem ser protegidas por grades suficientemente inclinadas para permitir
externa (a convexa). sua limpeza pela orla do reservatório e dotadas de comportas manobráveis, de
Além destas partes principais, a tornada d'água pode possuir outros dispo- grande importância para regulação e intercept.ação da descarga.
~%81~ · ..
sitivos como:
- Comportas de vãos reguláveis para uma melhor adaptação aos vários
regimes do curso d'água.
- Aparelhamento especial para limpeza das grades.
- Dispositivos de fechamento, chamados de stop logs, para isolar (em ca-
so de necessidade) as comportas e, até mesmo, permitir reparos nas várias partes rN , . ~t t --
da tomada.
No caso de usinas com reservatórios, podemos te r dois tipos de tomadas
d'água:
Tomada d'água superficial: comuns em reservatórios menores e em la-
gos naturais sujeitos a p equenas variações de nível, sendo análoga àquelas descri-
tas anteriormente, com a diferença, porém, de náo necessitar de muitos dispositi-
vos de defesa contra corpos sóli do s, porque as águas já estão normalmente decan- LEGENDA:
tadas. I Tomada d'água
Sua embocadu ra, mesmo com nível míIJ.imo, é sempre imersa para defesa !' Grades
J" Comporta manobrável
contra corpos flutuantes . \
.............., w~~

FIG. 9 - Corte longitudin al da Central Hidr oe létrica de Macagua I (Venezuela), desta -


cando-se o tipo da tomada d'água. Cortesia VOITH S/A.

4.3. CÂMARAS DE SEDIMENTAÇÃO


~-
São câi:naras destinadas a amortecer a velocidade da água, produzindo a
deposiçlfo, em seu fundo, do saibro grosso e do cascalho que , por efeito da tu r-
bu lência, atravessam normalmente os dispositivos de proteção da tomada d'água
e prejudicam o bom funcionamento das turbinas.
Para tal, sa:o dimensionadas de modo que a velocidade da água não supere
um de terminado valor, mesmo com descarga máxima, e de modo qu e o seu com-
primento pennita a comple ta queda dos grãos.
São também dotadas de dispositivos automáticos, iguais aos propostos
para os descarregadores de fundo para propiciar a descarga do material depositado.

5. OBRAS DE TRANSPORTE
Constituem o conjunto de obras destin ado a efetuar o transporte da mas-
FIG. 8 · - Uma torre de tomada (com comporta cil índrica). Cortesia VOITH S/A. sa d'água desde a tomada até o interior das turbinas .

36· 37
!

5.2. CHAMINÉS DE EQUILÍBRIO


São, nomrnlmcnte, divididas em duas partes principais: São usuais em aproveitamentos repartidos (casa de força longe da bar-
Canais de adução e galerias em pressão: transporte praticamente hori- ragem) onde o transporte da massa d'água destinado a vencer disÚncias se faz
zontal e destinado especialmente a vencer distância. através de galerias em pressão (linha em tubo).
- Tuhnlações forçadas (PensCock): transporte vertical destinado a baixar Nessas condições, o fechamento d os órg:ros de regulagem da vazão da tur-
a massa d'água até as turbinas hidráulicas. bina (distribuidor), produzido com a finalidade de rec!uzir a potência gerada para
atender uma redução de demanda, provoca variações da pressão ao longo da tu-
5.1. CANAIS DE ADUÇÃO E GALERIAS EM PRESSÃO lação forçada, denominadas de golpe de ariete. Quando o comprimento da tubu-
Os canais de adução (linha em canal aberto, propriamente) e galerias em laçao for muito grande, o golpe de aríete será muito elevado, podendo danificar
pressão (linha em tubo) conduzem a água normalmente à pressão atmosférica; a tubulação e interferir na própria regulação da turbina . .Nesse caso, usam-se as
sao usuais nos aproveitamentos repartidos (casa de força longe da barragem) e chaminés de equilíbrio, cujos p rincipais objetivos são:
têm por finalidade principal reduzir parcialmente o custo do transporte forçado. - Reduzir o golpe de ariete.
Normalmente, os canais de aduç:i:o terminam numa "câmara de carga", - Acelerar a coluna d'água no caso de tomada e desacelerá-la no caso de
enquanto as galerias de presslo tenninarn na "chaminé de equilfbrio". rejeição de carga.
- Armazenar água para favorecer a turbina no caso de tomada de carga.
Qualquer que seja o seu tipo, a chaminé de equillôrio é simplesmente um
tanque, via de regra, cilíndrico, de altura e diâmetro adequados, situado no final
.-.' da galeria em pressão (fim do trecho correspondenté ao transporte horizontal) e
. : ..~\
imediatamente antes do início da linha de tubulações forçadas.
Existem chaminés de equihbrio de vários tipos, dentre os quais destaca-
mos os scguin tes, com suas prin_cipais características construtivas :
'1
- Chaminés de equilfbrio simples: consta simplesmente de um tanque ci-
'· · --,~1 líndrico com a superfície superior livre.
·\ '
\
\ \. - Chaminé de equilíbrio com estrangulamento na base: a chaminé vem
LEGENDA dotada de uma redução de secção provocada por um diafragma com um orifício
1. B:irragcm (R io Capiv:ui) em sua base. A finalidade do orifício é provocar perda de carga e este tipo tem
2. Reservatório ação mais rápida e o seu volume é menor.
J_ Tomada d'3gua
4. G:ikri:i em pressão - Chaminé de equilíbrio diferencial: é constituída de um tanque cilín-
5. , 6 .• 9., 10. e 11 . Ja ncbs drico em cujo interior existe um tubo de men or diâmetro diretamente ligado ao
7. Ch:i.miné de equil íbrio conduto forçado. O tubo interno possui orifícios que o co munic<J.rn com o ~an­
8. Tubulações forçadas
12. Central geradora (subterrânea~ que cilíndrico.
13. Gakri:i de acesso Em caso de rejeição de carga, parte da água sobe pelo tubo interno e ou-
14. c~rnal de fuga tra vaza pelos orifícios, penetrando no tanque cilíndrico. De início, a chaminé
15. Rio Cachocin
de equilíbrio diferencial fu nc iona igualmente à chaminé com es trangulamento,
FIG. 10 - Corte longitudinal da Central Hidroelétrica Governador Parigot de Souza (Pa- até que a água, que sobe pelo tubo central, atinja seu topo e verta para de ntro do
raná), com de staque para as obrns de transporte (observe que o aproveitamento
produ z o desvio das águas do Rio Capivpi para o Rio Cachoeira). tanque cilíndrico.
- Chaminé com câmara de expansão : são escavadas em rochas e do ta d as
de câmaras que aumentam a :írea da chaminé e limitam os níveis máximo e míni-
mo da mesma.
Suas funções básicas ~o: - Chaminé vátedora: permite o transbordamento da água, diminuindo,
- Acumular uma certa quantidade de água (em usinas com variação de
assim, na altura. Exigem, contudo, obras que levem a água que transbordou ao
carga). Jeito do rio.
Viabilizar a conexão com as tubulações forç adas.

39
38
5.3. Tl.Jl3ULAÇÕES FORÇADAS
Ao contrário dos canais de adução e das galerias em pressão, as tu bula- .
ções forçadas ve12cem desníveis de modo a propiciar a conversão da energia po-
tencial de posição da água em energia cinética e de pressão.
Podem ser classificadas em dois tipos principais, segundo sua disposição:
- Aéreas ou externas: nestas condições exigem fixação sobre o nível do
solo, como blocos de ancoragem, por exemplo, e apresentam como grande van-
tagem a possibilidade de fácil manutenção.

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?f?~Y· -~>:~;··
•' > •,,.f,;n'' FIG. 12 - Galeria betonada para condução do caadal de alimcntJçio úas turbinas com 8,35m
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de diâmetro - Cort esia VOITH S/A .

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/. 1

FIG. 11 - Tubulações forçadas extern as fo:adas sobre blocos de ancoragem - Central de


----
lxtapantongo (México) - Cortesia VOITH S/A.

- Subterrâneas ou internas: apresen tam como maiores vantagens, além


do menor comprimento, a possibilidade de suportar pressões mais elevadas e de
dispensar qualquer tipo de fixação acima do nível do solo . São executadas em
chapas de aço e embutidas em túneis ou galerias escavadas cm rocha, inclusive, - ''\

e bloqueadas através da injeç:ro de concreto ou betão, costumando (grandes usi- ~,.J. r


nas) ter diâmetros tais, a ponto de serem fabricadas sob a forma de virolas, cuja f'IG . 13 - Virola de uma conduta forçada (fornecida em quartos e soldada no est aleiro da
soldadura é executada na própria obra. obra). - Cortesia VOITH Sí:\.

40 41
Ainda com rclaçao a sua disposição, podem ser previstas independentes - Vertedor superficial (tipo tulipa): a vazão excedente é coletada por
para cada unidade geradora ou uma tubulação única (até certo ponto) com rami- um tu bo vertical situado a montante da barragem e dentro do reservatório, le-
ficações próximas à casa de força, de modo a atender as unidades geradoras. vando a água para juzante da barragem.
A tubulação única com rarrúfições apresenta, corno vantagens, menor in- - Vertedores tipo comporta de setor: é o tipo mais usual nas usinas hi-
vestimento inicial e despesas de manutenção menores , sendo sua grande desvan- droelétricas, principalmente naquelas de maior porte e que, além de sua função
tagem a necessidade de paralisação total da usina no período de manutenção. básica, permite a remoção de sedimentos acumulados no reservatório.
Com relação ao percurso da tubulação forçada, deve o mesmo ser estuda-
do de maneira tal que seu trecho inferior, na medida do possível, não seja dirigi-
do contra a casa de força. Deve o mesmo, tanto quanto possível, ser posicionado 7. CASA DE FORÇA E SUBESTAÇÃO
lateralmente a fim de que, na eventualidade de ruptura da tubulação, a casa de
força não fique sujeita à ação direta das águas provenientes da ruptura. Conforme já dissemos no item 3 deste capítulo, a casa de força é a edili-
cação que abriga, al ém dos grupos geradores (composto por turbina, gerador e
excitatriz), todos os aparelhos hidráulicos e elét ricos e os dispositivos de medi-
da, pro teção e controle, os qu adros de manobra, os serviços auxiliares e oficinas).

Nas figuras 15 e 16, mostramos cortes longitudinais em duas casas de for-


ça comuns em aproveitamentos hidroelétricos: a primeira, uma casa de força ao
tempo e a segunda, uma casa de força subterrânea oú do tipo "caverna".

'"

I'JG. J 4 - Trecho inferior de tubulaçao forçad:i disposto latcrnlmcntc à casa de força.

Podem ainda ser usadas tubulações forçadas executadas em concreto e,


até mesmo, em madeira. Ambos os casos apresentam-se como raros: o concreto
usado em usinas com quedas baixas (inferiores a 20rn) e o concreto protendido
como solução técnica mais recente; as tubulaçOes de madeira são usadas nos Es- FIG. 15 - Cas.:i de força ao te mpo.
tados Unidos em quedas de até l 20m, não sendo utilizadas no Brasil.
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6. OBRAS DE EVACUAÇÃO /1:'1

Sãl' obras, via de regra, anexas à barragem e cujo objetivo é promover a


descarga da vazão e_x.cedente, pennitindo o preestabelecimento da descarga derivá-
t::lf ·· ,v :/ f } .

1· , ;
@
vel ou vazão h1r&fuada, rusegurando a estabilidade da barragem e possibilitando,
em alguns casos, a irrigação de áreas para a agricultura e pecuária.
São chamados de vertedores ou sangradouros e os principais tipos usados
em usinas hidroelétricas são: /{!~;.~

- Vertedor tipo crista: a vazão excedente verte sobre a própria crista da


}}7 ;t::f ,. '
•7.
~· ·'
.
. ,.

barragem. FJG. 16 - CaS.'.1 de força subterrânea (1. conduto forçado; 2. válvulas; 3. canal de fuga;
4. g:ileria de acesso).

42
43
Para clareza maior, destacamos na casa de força, além dos grupos gerado- _, - '. 9· > a ~~
~.-:t- ·' - :%:?
res , os seguintes elementos:
- Posto de controle: constituído pelo quadros de manobra e chaves de
-·~ -,-r...,~.
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_... --1
:
-- .. •'

comando. Neste está centralizado todo o aparelhamento paraJigação das máqui- ( ' ..•-- ~.
nas em paralelo e caracteríza-se, mode rnamente, pelo elevadí~imo índice de au-
tomaç[o.
Posto de proteção: compreende o sistema de relés e outros dispositivos
para proteção de todo o sistema.
- Posto de distribuição: constituído pelos quadros dos cabos alimenta-
dores com instrumento de medição, aparelhos indicadores e gráficos para o regis-
tro e controle da energia distribuída.
A esse conjunto de postos, podemos chamar de central de comando da
usina.
.. .
...
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.,,:~.;.;:;;:~.~ " '-.....
~ ...... ""~....~·}'!: .,.:-.:0.1~:~·:;:,
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FIG. 18 - Regulador de governo em fomia de pajncl para 2 turbinas Kaplan. - Cortesia

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VOITH S/A.

--1 Com relação il subestação, já afirmamos ser a mesma elevadora da volta-


· !-

~'~1!~7
gem, para fins de torn ar a transmissão da energia menos onerosa. Seus transfor-
madores recebem a energia gerada através de barras colctoras.
Finalmente, consideramos oportuno salientar que a prática mais comum
é a de transmitir energia em corre nte alternada, porém, mais recentemente e
principalmente no caso de enormes massas energéticas, está se tornando mais d i-
funclída a técnica de transmissão da ene rgia em corrente conUnua (assim, por
exemplo, será a transmissão de energi a de Itaipu).

F IG. 17 - Vista geral da ce ntral de comando da Usina Hidroelé trica de Macagua 1. - Corte-
sia VOITH S/A. 8. OBRAS DE RESTITUIÇÃO
Basicamente s[o constituídas por:
- Tubos de sucção ou aspiraçâG: são usuais apenas nas turbi nas de rea-
ção e conduze m a vaz.'ío turbinada ao ca nal de fuga.
Além desses elementos, destacam-se ainda o cham ado equipamento elétri- Seu enquadramento como sin1ples obra de restituição não é exato, de vez
co auxiliar, compreendido pelo conjunto de máquinas e circuitos destinados a que, além desta função, é parte integrante da turbina hidráulica no sentido de
fornecer energia ao consumo próprio da usina, bem como os reg uladores de ve- complementar o t rabalho desta como elemen to transformador de energia hidráu -
locidade destinados a fazer o grupo gerador funcionar em uma rotação constan- lica cm energia mecânica. Conforme aprecia.remos no capít ulo que tra ta especifi-
te, qualquer que seja a carga gerada, para, assim, manter constante a freqüência camente dos tubos de sucção, mostraremos que eles têm ainda as seguintes fun·
da energia ·gerada. ções:

44 45
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- ·1 FIG. 20-

FIG. 19 -
l/)~~,s~Jj}~,~;JB)~
Tubo de aspinção comum cm instalação com turbina franci s de eixo horizontal.
FATORES QUE INFLUEM NA LOCALIZAÇÃO DE UMA
9.
USINA HIDROELfTRICA

f: evidente que uma gama enorme de fatores de complex.idade variáve l


- Recuperar a energia correspondente à altura de queda entre a descarga influirao na escolha do local mais apropriado à construção da usina. Pretenden-
da turbina e o nívelcie água do canal de fuga. do, apenas, considerar aqueles considerados ma.is importa.ntes, senão absoluta-
- Recuperar a energia cinética residual, ou seja, promover o abaixamen- mente essenciais, destacilffios:
to da energia cinética entre a descarga da turbina e o nível do cinal de fuga. - Acessibilidade: traduzida pela existência de vias (rodoviária, ferroviária
Dentre os tipos de tubos de aspiração ou tubos difusores empregados mo- ou fluvial) capazes ele pe rmitir o tr3nsporte de equipam entos de elevado peso e
dernamente, destacamos o "tubo cm joelho", empregado cm usinas de grande tamanho (turbinas, geradores, pontes rolantes, tu bulações, e tc.) até o local da
porte e o tipo usual ern Turbinas Francis de eixo horizontal e de menor porte. obra.

46 47
~~~~~.-:~~ - Efetividade de utifuaç.io da energia gerada: refere-se à localização da
central em relaçao à posição geográfica do centro consumidor , afetando, essen-
.-.: · ·.~ ~ ·:~ . --. . ·T ·:·..
.. .~ .... ··-,-··
... - -- .
~..:·~~--;-:::_ -;-:-. :-
cialmente, os custo s de transmissão da energia gerada.
Esta efetividade de utilização da energia gerada é particularmente válida
para as centrais independentes ou isoladas, já que, para os sistemas interligados,
diluem-se no próprio sistema os problemas de urna das centrais do mesmo.

··- ··

FIG- 21 - Transporte da metade da tampa de uma turbina.

Em alguns casos, a acessibilidade à usina se reveste da mais ampla im-


portância, através da,, necessidade de construção de ro·dovias ou ferrovias espe-
ciais, importando, consec@entemente, na avaliação do próprio custo da usina.
- Fundação: costuma-se di:zcr ser uma usina hidroelétrica semelhante a
FIG. 22 -
um iceberg: sua parte visível (acima dos níveis d'água) é, quase sempre, inferior
cm volume e em custo ao conjunto de obras lmersas na água.
As fundações dependem, fundamentalmente, da configuração e textura
geológica do terreno e para suportar as pesadíssimas obras civis exigem rocha sólida
e pouco profunda (rochas profun das requerem fundações especiais, encarecendo
o custo da obra).
Além da estabilidade, reveste-se de importância fundamental o problema
da estanqueidade do terreno, para eliminar o problema da sobrepressao, possibi-
litando conferir ao conjunto de obras a segurança e responsabilidade que devem
ser inerentes a ele.
- Custos de desapropriação dos terrenos: tem reflexo direto nas chama-
das despesas fixas de construção, afetando, indiretamente, o custo do Kwh.
Cumpre destacar, nesse caso, a natureza da empresa concessionária (se
particular ou do poder público). Este, visando ao interesse público, vale-se , quase
sempre, da isenção de toda ordem de tributos e da desapropriaçao das terras
(quando •os proprie tá rios recebem, normalmente, valores bem menores que os vi-
gentes no mercado).

48 49
CfiPÍTULO III
POTENCIAL HIDRÁULICO

1. GENERALIDADES
Os elementos básicos de uma fonte de potencial lúdráulico são:
- rios e cursos d'águ a em geral;
- uma altura ou que da disponível que permita o aproveitament o do cau-
dal na produça:o de energia.
A potência lúdráulica bruta em um curso d'água é, assim, dada por:

( N· "= 1 ;sw J (1 )

onde:
N': potência hidráulica bruta, em CV.
Q: -vazão turbinada ou descarga derivável, em m 3 /s.
H*: altura bruta ou quedu topográfica entre as cotas do nível d'água de
montante e juza.nte, em rn.

De uma maneira geral a determinação da queda bruta é wn mero proble-


ma de Topografia. A de terminaç ão da descarga derivável e de suas variações é,
contudo, um problema que demanda estudos bem mais cuidadosos e demorados.
Tom a-se necessário, portanto, qu e o engenheiro de dicado à Hidroelctric i-
dade tenha bon s conhecimentos de Hidrologia para bem poder avaliar as,possibi-
lidades de um aproveitamento hidroelétrico. / /
A Hidrologia é, no seu sentido mais amplo, a ciência que estuda a ocor-
rência, a circulação e a distribuição de água na natureza, bem como responde pe-
la análise dos fcnômenos e pelas leis naturais que os explicam.
A avaliação da descarga derivável ou vazão turbinada requer, portanto, es-
ses conhecimentos de Hidrologia, importando, inclusive, o conhecimento de fa-
tores qu e afetam o regime do curso d':.'igua como precipitações, evaporação e in-
filtração das águas_

2. DEFINIÇÕES DE ALGUNS TERMOS COMUNS EM HIDRO-


LOGIA
Dentre um núme ro considerável destes, destacaremos aqueles que mais
comurnente comparecem em Hldroeletricidade e, inclusive, são imprescindíveis
ao estudo dos aproveitarncntós hidráulicos. Para maior clareza, srro os mesmos di-

51
visando conferir ao aproveitamento segurança para evitar os perigos de enchen-
vididos em dois grupos: _ tes para as propriedades de montante.
- Elementos relativos à bacia hidrográfica.
- Elementos relativos ao curso d'água.
3. F LUVIOMETRIA
ELEMENTOS RELATIVOS À BACIA HIDROGRÁFICA
2.1 .
2.LL Afluxo da bacia: volume total da precipitação na bacia em um da- A Pluviometria é a parte da Hidrologia que estuda a meclição das descar-
gas ou vazões dos rios ou outros c1usos d'água, medições estas necessárias à de-
do intervalo de tempo.
2.1.2. Altura do afluxo: espessura da lâmina d'água de volume igual ao tennin-ação do potencial hidráulico disponível.
afluxo da bacia, suposta unifonnemente distribuída na superfície da mesma. Estas descargas caracterizam-se por extrema variabilidade, muitas vezes,
2.1.3. Defluxo da bacia: volume total de água que deixa a bacia em um em amplos limites, sendo esta variabilidade ou grau de irregularidade medido pe-
la relação entre a descarga máxima e a mínima. À guisa de ilustração, o Quadro 1
dado intervalo de tempo.
2.1.4. Altura do defluxo: espessura da lâmina d'água de volume igual ao dá uma idéia do grau de irregularidade de alguns rios brasileiros.
defluxo, suposta uniformemente distribuída na superfície da bacia. 1'
QUADRO I
2.2. ELEMENTOS RELATIVOS AO CURSO D'ÁGUA /
2.2.1. Deflúvio: volume total de água que passa numa secção transversal
BACIA RIO 1 Qmáx/Qmín 1 REGIME DO RIO
de um curso d'água em determinado tempo.
Tem-se, assim, deflúvios anual, mensal e diário, expressos em milhões de 11.200 20,5
Paraná Grande = 1 estável
metros cúbicos.
547 1
3
2.2.2. Descarga: deflúvio na unidade de tempo, isto é, m por segundo.
2.133 22,7 1
2.2.3. Descarga diária: média aritmética das descargas que ocorrem du- Leste Paraiba do Sul --- =- - estável
94 1
rante o dia.
2.2.4. Descargas médias mensal e anual: média aritmética das descargas 8.336 11
São Francisco São Francisco --- = -- 1 uniforme
que ocorrem durante o mês e durante o ano, respectivamente. 757 1
2.2.S. Descarga rnfnima anual: menor descarga ocorrida durante o ano.
j 3.991 39
2.2.6. Descarga máxima anual: maior descarga ocorrida durante o ano. Paraná Iguaçu = regular
2.2.7. Descarga m:ix.ima absoluta: maior descarga que se presume possa 102,4 l
1
ocorrer, em qualquer tempo. 1 3.050 iCJ6
Lagoa dos Patos Jacuí --- = -- instável e
2.2.8. Descarga müúma absoluta: menor descarga que se sabe tenha 7,7 1 irregular
ocorrido em estiagem ex:cepcional e que pode reproduzir-se de longos cm longos 1

períodos.
2.2.9. Descarga média nonnal de n anos: média aritmética das descar-
Quanto aos processos empregados para a medição da vazão, cumpre res-
gas médias anuais para n anos consecutivos. saltar que a aplicação dos mesmos é, acima de tudo, função das condições locais.
Dentre esses elementos, influem diretamente no estudo básico de uma
Para se ter uma idéia da variedade destes processos, é suficiente dizer que, para a
usina hidfoclétrica: execução dos mesmos, lança-se mão desde o uso de simples flutuadores até o uso
- Descarga médw (diária, mensal ou anual): medida durante um período
de rádio-isótopos, em processos mais sofisticados e de maior responsabilidade.
de vários anos, toma-se valor básico para determinação da capacidade de usina e
Dentre estes tantos processos, as condições locais, quase sempre, possibi-
para ·estimativa da produção de energia. litam o emprego dos seguirrtcs:
- Descarga mínima: para avaliação da potência disponível e, muitas ve-
Flutuadores.
zes, serve de base para estabelecer a implantação de uma usina termoelétrica au-
Tubos de Pitot.
xiliar. Vertedores.
Descarga máxima: para permitir uma instalação segura, influindo na
Molinctcs.
escolha e dimensionamento adequado dos vertedores e comportas de segurança,

53
52
O levantamento da secção é feito da seg uinte maneira:
3.1. USO DE FLlITUADORES - Se o curso d'água é artificial (canal, p. ex.), basta medir a p rofundida-
Processo comumente empregado em cursos d'água de menor tamanho e de d a lâmina d'água e calcular a secção usando o perfil conhecido da planta de
que consiste em se lançar nos mesmos um flutuador, encaminhando-o para os construção.
pontos onde os filetes s..'io m:J.is velozes. Marcam-se, então, dois pontos do curso - Se o curso d'água é natural, o levantamento da secção é feito através
d'água afastados entre si pela distância 1 (1 variando de 20 l:I 30m) e mede-se, a da sondagem de uma secção previamente escolhida. Influem na escolha desta
seguir, o tempo t gasto pelo flutuador para percorrer esta distância. secção: paralelismo das margens, uniformidade da velocidade e fundo mais regu-
lar (quando possível).
A FIG. 2 ilustra com bastante clareza este rudiment ar processo de levan-
./
fu r,·
tamento da secção .

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FIG. 2 - Lcvant.:imcnlo de secção cio curso d'~ u a.
FIG. l Uso Lk flll tuaclorcs p:in medir velocidade média do curso d':Íb'Ua.

DesenJrndo o perfil levantado , pode-se avaliar a área, com maior precisão,


Nestas condições:

( Ymixim' - : J (2)
por meio de um planímetro ou, de forma mais expedita, considerando-a igual a
(caso da FIG. 2):

A =
e1 X f1

2
+
f1 + f2
2
ei +
f2 + f3
2
C3 +
f3 + f4
2
C4 +
Para a velocidade média, pode-se admitir, com razoável precisão, que:
f4 + fs f5 x e6
(3) C5 +
V média= 0,8 x Vmi.xima 2 2 (5)

Basta, agora, fazer o levantamento da secção transversal e aplicar a equa-


ção da continuicta9t;, ou seja:

e Q = A. Ymédia ) (4)
3.2. USO DE TUBO DE PITOT
Tem a finalidade de m edir a velocidade em um ponto da corrente d'água ,
sendo uma aplicação imediata do teorema de Bernoulli.
onde: Consiste em um tubo recurvado que é mergulhado eni um ponto do curso
3
Q: vazão, em m /s. d'água.
1
A: área de sccçao transversal, em m .
55
54
1- 2+Jm - - - -- - - ,.._!

N.A. h

--- -.,... ___

P1 1 V1 ~-·
- ",.;_o ....

FIG. 4

'://~.:· ~')~y/...Zy//:_,•//;:,.V a::...Yl"-W/,<.':y/.<,w//,"r ;),'/)/..\//J;\V) ,t:..y 1/:-'Y//S.Y 7.<..V


~,...'\.
Do ponto de vista terminológi co, tem-se nos vertedores:
F IG. 3 - Medição da velocidade através do tubo de Pitot. Crista ou soleira: é a borda horizontal d o vertedor.
Faces: são as bordas verticais.
A energia cinética é, então, tran sformada em energia de posição e, apli- Carga do verte dor: altura a tingida pelas águas acima da solei ra do ver-
cando o teorema de Bernoulli , podemos escrever: tedor e medida como se mostra na FIG. 4.

( o+ P,
7 + 2;4, - " o+ P. -+
1 h J ·- -· I
Assim, chamando de h a carga do vertedo r ou a espessura da lâmina d'água
acima de sua soleira, mostra-nos a FIG. 4 que:

(h=a-cJ (8)
Donde :

e Vi =Y2gh ) (6)
Examinando-se o escoamento da água em vertedores (do tipo retangular,
por exemplo), verifica-se que, quan do a largura L do vertedor é menor que a lar-
gura do canal, ocorrem contrações na lâmina vertente, ou seja, os file tes infe rio-
Devido ao atrito da água com o tubo d e Pitot, emprega-se um corretivo k, res, a rnont;mte , sobem e tocam a soleira , enquanto outros filete s abai,.-.,:arn-se. Se-
variável entre 0,5 e 1,0 de modo que a velocidade para cálculo da vazão passa a ser:

(V = k~J (7)

A seguir, e utilizànd o o p rocesso descrito no item 3 . 1., faz-se o levanta-


mento da secção e emp rega-se a equação da continuidade . \ \' \1
\ 1

3.3. , USO DE VERTEDORES


f um processo, como os anteriores, emp regado para medição de vazões \ 1
' \
pequenas e médias em cursos d'água naturais ou artificiais. 1
1
Os ve rtedores são aberturas ou entalhes de geometria definida, dispostos
tra nsversalmente a corrente e sob re os quais escoa a água. F IG. 5 - Vertedores com contrações (quando L < largura do canal).

56 57
gundo Francis , tudo se passa como se a efetiva largura do vertedor diminuísse, e
tal fato influi na mcdiçao. 3.4. USO DE MOLINETES
Assim, para o vertedor retangular sem contração da lâmina vertente, a O molinete é um aparelho usado para medir a velocidade média do curso
vazão é dada por: d'água, permitindo, assim, após o levantamento dá secção, que se calcule a vazão
em escoamento.
E;;-~nJ (9) Essencialmente (FIG. 7 e 8) um molinete consta de 3 partes principais:

Onde:
Q: vazão, em m 3 /s
L: largura do vertedor
d
h: carga do vertedor.

e; Para vertedores retangulares com contrações, teremos:

:~,-8;;-(~~-;~~~,
1
(10)
As expressões (9) e (1 O) são válidas para vertedores retangulares de pare-
des delgadas (chapa ou madeira chanfrada). Quando, contudo, a parede do ver-
tedor tem uma espessura e ~ 0 ,66h, o vertedor é considerado de parede espessa.

~!~~~"'-~"'~"
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1 -
FIG. 6 - Vert edores de parede espcss:i.

FJG. 7 - Molin ete comum FIG. 8 - Molinete tipo Ott.

Nestas condições, a vazão será dada por:


!. Um leme, que o orienta no sentido da corrente_
c;=L h V 2g01-~;
1 (11) 2. Um eixo, apoiado em dois pontos e capaz de girar em torno de si mes-
mo, tendo acoplado um sistema de duas a quatro hélices em sua extremidade (es-
Finalmente·;-éumpre-nos salientar que existe uma grande variedade de for- tas hélices sao inclinadas de um certo ângulo em relação ao eixo).
mas de vertedores, correspondendo a cada uma delas uma expressão para cálculo 3. Um conta-giros acionado pelo próprio eixo composto por um trem de
da vazão e que, melhor que o emprego de fórmulas gerais, o mais exato para engrenagens, formando um mecanismo de relojoaria.
obter-se a vazão é usar a curva de aferição do vertedor. Recomendamos, ass.im, Todo este conjun to é p reso (não rigidamente, porém) a uma barra ( 4)
qu e se consulte um manual de Hidráulica, para que o assunto seja entendido nu- que se fixa no fundo do curso d'água. Na parte superior desta barra (FIG. 7) está
ma extens~o maior. presa uma bateria (b), um carretel (a) para o cabo elétrico e um índice (d) que
indica a orientação do molinete.

58
59
O princípio de funcionamento do molinete consiste em fixar a barra no
fundo do rio e mergulhado o conjunto (1, 2 e 3) orienta-se o mesmo, pela ação
do leme, no sentido da corrente; esta, batendo contra as pás, imprime-lhes um b
movimento de rotação. Normalmente, a cada 50 rotações ou voltas do rotor, um ,_ 1 "';
6 ~ V V V
cantata elétrico emite um sinal gráfico num cronograma, um sinal acústico ou ml m2 [;13
V
rc.7
um sinal ótico e, nesses dois últimos casos, o operador conta o número de sinais
~
~
~.
e marca o tempo com um cronômetro, determinando o número de rotações por -
h
l . .
'
h2 ~ n3 h~/'.?
1
7 h/.
:·.: ,,.--:__é'/,
minuto do molinete. ·,.~-,·
__,, -- ... ...
..; ~

Conhecido o número de rotações em determinado tempo, calcula-se ave-


locidade pela fórmula:

( V= A·n +B J (12)
l
Onde: l l
A e B constantes características do aparelilo.
n: número de rotações por segundo.
b
Esta expressão (12) decorre do fato de haver uma proporcionalidade entre
a velocidade de rotação do aparelho e a velocidade da corrente.
Para medir a vazão, divide-se a secção do curso d'água em uma série de
espaços menores e, para cada área, mede-se a velocidade no seu baricentro ou a,

LV
aproximadamente, seis décimos da profunclidadc (velocidade que mais se aproxi- ~) º14 rs f"_,
ma da velocidade média).
r
O produto da velocidade assim obtida pela área de cada secção dá a vazão ~ ·'
em cada espaço e a soma destas vazães dá a vazão total.
Para medidas importantes em cursos d'água de maior largura, o processo,
além de inseguro, torna-se trabaU10so; nesse caso, é usual o emprego de uma ba-
1 Qi ,, VlTI i X hi 1 (10)
teria de molinetes (há casos de instalação de mais de cem molinetes funcionando
simultaneamente) instalados sobre barras ou hastes horizontais e/ou verticais e,
em cada vertical, mede-se a velocidade em diferentes pontos (entre 0,2 e O,S da
profundidade). A velocidade-média, cm cada vertical, segundo o Serviço Geológi- 1 Qm = z Qi/i ) (11)
co dos Estados Unidos (USGS) pode ser dado por:

Va,2 + Vo,s + 2Va,6 1 Q = Qm X b 1 (12)


Vmédio - (13)
4

Em cada linha vertical, o produto de sua velocidade média (vmi) pela sua FIG. 9 - Determinação da vazão de um curso d 'água, usando molinctcs.
profundidade (lú) corresponderá à vazão (Qi) de uma secção com área de largura
unitári:J. e profundidade igual à linha vertical. (rio com largura de 6.0m a 15.0m *)
Assim, a média aritmética das vazões obtidas será, com boa precisão, a Ainda sobre o uso de molinetes, julgan10s oportuno acresc1;ntar que os
vazão média por metro de largura do rio (Qm). O produto desta vazão média mesmos podem ser usados em cunos d'água de até 400m de largura (acima de
pela largura do rio dá a vazão total (Q). A FIG. 9 ilustra e esclarece esse proces- 400m há a necessidade de usar processos mais práticos e prec[sos), e que os pontos
so de determinação de vazão usando molinetcs. de sondagem e medição de velocidade têm espaça.rnento variável com a largura do
•ver QUADRO [[deste Capítulo. rio. O Quadro II mostra o espaçamento recomendável em funçao da largura.

60 61
Onde:
QUADRO U
"\ D: diâmetro econônúco, em ft.
/
ESPAÇAMENTO RECOMENDÁVEL N: potência da turbina, em HP.
LARGURA DO RIO
H: queda útil ou efetiva, em ft.
(m) (m)
até 3,0 0,30 NOTA: A determinação da perda da carga e da queda fiti! ou efetiva serão apresentadas no
0,50 item 5 e a determinação da potência da turbina no item 6.
3,0 a 6,0
6,0 a 15,0 1,00
15,0 a 30,0 2,00
30,0 a 50,0 3,00
4,00 4.2. MfTODO ANALITICO
50,0 a 80,0 De uma forma seqüencial, o método consiste em:
80,0 a 150 ,0 6,00
8,00 1. Calcula-se o diâmetro mais econôrrúco por meio de fórmulas empíricas
150,0 a 250,0 e considera-se, baseado nesse cálculo, um conjunto de diâmetros cÓrnposto do
250,0 a400,0 12,00
diâmetro calculado e de outros p rogre ssivame nte maiores.
\.. ·2. Orça-se, para cada diâmetro desse conjunto, o custo direto da tubula-
ção forçada, inclusive itens auxiliares (blo cos de ancoragem , escavaçõe s, mão-de-
4. DIAMETROS ECONOMICOS DAS TUBULAÇôES
obra para instalação etc.).
FORÇADAS 3. A seguir, detennina-se, para cada diâmetro, a perda de carga desde a
Determ inada a vazão turbinada, através de um dos processos hidrométri· tornada d'água até a entrada da turbina (ver item 5 deste capítulo), c;.üculando-
cos, pode-se, então, defmir o valo r do diâmetro que deverá ter o penstock. A se- se, a seguir, a perda de energia anual (em Kwh) devido a esta perda de carga por:
leção desse diimetro mais eco nômico e o dimensionamento geral da tubulação
forçada constitúi um dos problemas de maior importância no projeto da usina
hidroelétrica.
e Ep = 73.058 Q · 6H J (16)

Dois métodos são geralmente usados: Onde:


- F ó rmulas empíricas: usadas em est udos de viabilidade ou para servir Q: vazão turbinada, em m 3 /s
de base aos métodos analíticos. 6. H: pe rd:i de carga total, em m.
- Métodos analíticos: consiste em estimar custo para vários diâmetros 4. Multiplicando a perda anual de energia, em Kwh, pelo cu sto do
e calcular a energia perdida devida à perda de carga; o diâmetro mais econônúco Kwh, obtemos o valor atual da perda anual de energia (Vp ).
será aquele correspondente a um custo tot al mínimo (sendo esse a soma dos dois 5. O valor capitalizado da perda de energia durante o período de vida útil
valores acima citados). da usina (n) pode, então, ser dado por:
(1 + if - 1
4.1. FÓRMULAS EMP(RlCAS e Vp X
i (! X i)n
(17)
As duas fórmulas mais empregadas, no sistema inglês, são:

Onde, atém de C e Vp, temo s:


n: período de vida útil da usina, em anos.
N\ FÓRMULA DE NIEDERHOFF (14)
( D= ( 8) 0,466 i: taxa anual de juros.
6. A seguir, calcula-se o custo total d3 tubulaç ão forçada (somando-se
custo direto ao valor capitaliz:ido da pc rda de energia), usando-se esses valores
para traçar, em um diagrilllla cartesiano, a curva do cusio total cm função do
NUI' ~
(15) diâmetro.
D = 4,44 FÓRMULA DE SAKARL-'\
Ho,6s 7. A curva obtida passa por ttrn valor mínimo correspondente ao diâme-
tro mais econômico.

62 63
5. QUEDA ÚTIL OU EFETIVA DA USINA. PERDAS DE On de:
CARGA A CONSIDERAR Q: vazão ou descarga de ri vávcl, cm rn 3 /s_
S1 : secção transversal da tomada, em m 2 _
Conforme dissemos no item 1 deste capítulo, a queda bruta ou desn ível
to pográfico de um a usina é grandeza de fácil avaliação, principalmente se levar- Normalmente, o valo r de LIH 1 é pequeno, podendo, inclusive, ser despre-
zado em quedas altas.
mos em consideração o grande avan ço tecnológico e a precisão dos aparelhos to-
- · Perda de carga na linha adutora (61-1 ):
pográficos. 2

Assim, considerada conhecida a queda bruta ou desnível topográfico Considerando a linha adutora como uma galeria em pressão (linha em tu-
(H ) , a q ued a ú til ou efetiva de uma usina (H) leva em conta o fato de que a que- bos), a perda de carga na mesma pode ser dada pela fórm ula experimental de
Scobey, ou seja:
da bruta não é aprovei ta da integralmente devido às perdas de carga existentes.
Assim, a queda útil ou efe tiva é dada por: 410 k y~,9
61-l2
D~I (22)
cH--= ~- 6HJ (18)
Onde:
Onde 6 1-l, perda de carga total, é, por sua vez, dada por: Y2 : velocidade da água na linha ad u tora, em m/s_

e 6H = 6.H1 + 6H2 + Afl3 + Af4 J (19)


D2 :
k:
diâm e tro do tubo adutor, em m.
valor constante que depende do tipo de uni:ro dos tubos.
Pe.rda de carga nas tubulações forçadas (611 ):
3
Nessa exprcsão (1 9) : Além de ·poder ser detenninada pelos processos conhecidos na Mecânica
6H 1 : perda de carga na torna da d'água (grades), em m. dos Fluidos (Fórmulas de Hazen-Willians e de Darcy-Weissbach.), pode ser calcu-
6.H 2 : perda de carga no canal de adução ou galeria em pressão; em m. lada também pela fó rmula de Sc obey. No caso:
6.H 3 : perda de carga nas tubulações forçadas, cm m.
61-! 4 : perd a de carga no tu bo de sucção, cm m.
410k v~· 9
Essas parcelas, componentes da perda de carga total MI, podem ser calcu- l'iH3
ladas assim: ·· D~'1 (23)

Onde:
V3 : ve locidade da água no pc ns tock, em m/ s.
- Perda de carga n a tomada d'água (6Ht ): D 3 : diâmetro do penstock, em m .
Co nsiderando despréz ívcl a velocidade de aba ixamen to do nível de água
K : constante que depende do ti po de acoplamento dos tubos.
do reservató rio e sabendo que existe a necessidade de u ma carga inicial capaz de Perda de carga no tubo de sucção (61-l 4 ) :
promover o escoamento da água no canal de adução ou galeria em pressão, f calculada pe la expressão:
teremos:

( 6.H1 = +) (20) e~ Afl, ~: J (24)

Onde :
Onde : V4 : velocidade da água no início do tu bo de sucção, cm m/s.
V 1 : velocidade da água na tómada , em m/s_ g: aceleração da gravidade, em m/s 2 _
g: ace leração da gravidade, em m/s 2
A velocidade da água na tomada pode ser obtida através de:
6_
P OT~NCIA
~ (21)
POTtNCIA HIDRAULICA
EFETIVA DA TURBINA
DISPONrVEL E

~ Conhecida, corno descrito no item anterior, a queda útil ou efe tiva, a po- (

64 65
tência lúdráulica disponível no curso d'água e a potência efetiva ou potênci:l no
eixo da turbina hidr áulic a são dadas por:
CfiPÍTULO IV
( Ndisp. = ~ J (25)
GENERALIDADES SOBRE TURBINAS HIORAULICAS
( Ne = ~ x T1 J (26)
1. PRINCIPAIS ÓRGÃOS COMPONENTES

Em (25) e (26): A turbina hidráulica é um a máquina q•_ie trar.sfonna a energia hidr:íulica


em energia mecânica, modalidade esta de energia posteriormente transformada
Ndisp. : potência hidráulica disponível, em CV. em energia elé !rica pelo gerador.

potência efetiva ou potência no eixo da turbina lúdráulica·, em CV.


Ne:
EH EM EE
---<> --<> ~

3
Q: vazão turbinada, em m /s.
TURBINA GERADOR

H: Queda útil ou efetiva, em m.


T/: rendimento da turbina, em%.

Sobre o rendimento da tu rbina, será o mesmo definido detalhadamente


FlG. 1 - Transfomiaçõcs efetuadas na natureza da energia pelas m3q uin as de urna central
no Capítulo 4. Para estimativas ou cilculos expeditos, pode o mesmo ser ton!ado hidroelétrica. -
em torno de 85%.

Basicamente, qual q uer turbina hi drául ica é constituída d e do is órgãos:

O rotor: é um órgão móvel , sobre o qual a tua a água <lduzida pelo dis·
tribuidor. É dotado de p:is (que formam canais) ou de conchas sobre as quais
atua a água em escoame nto, sendo que as forças decorre nt es da vel ocidad e da
água originam um conjugado de rotação que dá ao eixo a potência e o movimen-
to desejado.

- O distribuidor: é um órgão fixo, ao qual competem as fun ções de bem


conduzir (cürecionar) a água até o rotor, regulando a vazão turbinada e conver-
tendo energia de pressão em energia cinética.
Os detalhes de construção mecânica, tanto do rotor como do di stribui-
dor, variam com o tipo da turbina e serão abordados, em detalhes, ao estud=os
cada um deles, separadamente. Para já p ossibilitar uma form ação de idéias ares-
peito dos mesmos, as FIGs. 2, 3 e 4 mostram estes órgãos em turbinas hidr áuli cas
do tipo Pelton , Francis e Kaplan, que são os tipos de turbinas modernamente
empregados em us.inas hidroelétri cas.

66 67
Afoda dentro do objetivo de formar idéias, as FIGs. 5, 6 e 7 mostram cor-
tes longitudinais em instalações com turbinas do tipo Pelton, Francis e Kaplan.

nG. 2 - Rotor Pelton (R) e seu distribuidor ( D)

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~~ FIG. 5 - Corte Jopgitudinal em uma instalação c;om turbina Pel ton, destacando-se o rotor

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(R) e os dis1ribuidores ( D). Central de Cipreses (Chile) - Cortesia VOITH S/ A.

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FIG. 3 - Ro tores do tjpo Francis (F) e do tipo Kaplan (K)


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FIG. 6 - Corte longitudinal em uma instabção com turbina Francis. mostrando o rotor
FIG. 4 - Distribuidor (do tipo Fink) usado cm tur binas Francis e Kaplan
(R) e o distribui do r (D). Ccntr:i.l de Macagua (Venezuela) - Cortesia VOlTH S/A.
(Nota: os rotores são instalados dentro do distribuidor).

68 69
2. A água, ao incidir contra o rotor, está dolada, exclusivamente, de
energia cinética.
3. Não existe diferença de pressão entre a parte superior e inferior do
rotor, verificando-se num e noutro local a pressão atmosférica.
- - #n 4. O rotor não se encontra em contato com o nível inferior da água, pois
está suspenso sobre o mesmo.
vr1 5. Há uma perda de queda correspondente ao desnível entre o rotor e o
nível inferior da água.
Tmbina de reação
1. Seu modo de funcionar baseia-se no princípio da reação.
~'
1 1

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'~ 1//
1
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?j: y,·

FIG. 7 - Corte longitudinal em uma instil:ição com turbina K:iplan, destacando-se o rotor
( R) e o distribuidor (D) - CortesiJ. VO!TI! S/A. · 2. A água, ao entrar no rotor, está dotada de energia cinética e energia de
pressão.
CLASSIFICAÇÃO DAS TURBINAS HIDRAULICAS 3. Existe uma diferença de pressão entre a parte superior e inferior do
2_
rotor.
A mais importante classificação das turbinas é aquela que atende ao 4. O rotor encontra-se em conlato com o nível inferior da água (canal de
modo d e atuar da água e, segundo este critério, são as turbinas classificadas em: fuga), através do tubo de sucção.
- Turbinas de ação ou de impulsão ou de jato livre. 5. Há um aproveitamento total da queda, devido ao uso de tubo de aspi-
- Turbinas de reação ou de jato forçado. ração ou de sucção.
Como principais características dos dois tipos, podemos citar:
Dentro desta classificação, os modernos tipos de turblnas hidráulicas são
Turbina de ação assim enquadrados:
1. Funciona segundo o princípio da ação_

Ação: (Pelton

1 . 1J ---=:_-cc-~c-:C Turbinas
Reação:
Francis
Hélice:•
( Kaplan

•NOTA : Conforme veremos, a turbina do tipo Hélice difere da do tipo Kap!an por ter as
p:ís do rotor fixas, enquanto a segunda tem pis ajustáveis.

71
70
Uma outra classificação das turbin as, porém, menos importante, é aquela pª/'
feita em função da traj et ória da água em relação ao rotor. Segundo esse critério,
temos:
! 7 Ir - H--1
- Turbina tangencial: nesta , a água incide sobre o rotor na dire ção tan- hl
gencial (ReYeja FIGs . 2 e 5). :i >--+-- - --,<----!

Exemplo: Turbina Pelton.


- Turbina radial: na qual a água penetra no rotor na direção radial e é,
posteriormente, desviada para a direção axial. (Reveja FIG. 6).
Exemplo: Turbina Francis. 2
c2
- Turbina axial : a água, em relação ao rotor, desenvolve urna trajetória
31 1 - J""""Tc.!1
preponderantemente axfal (Reveja FIG. 7).
Exemplos: Turbinas Kaplan e Hélice.
4 f--f---+-----1

Si 1 h2 k 1

6 - l / ~-
3. VARIAÇÃO DA ENERGIA HIDRAULICA EM INSTALA- ......-
ÇÕES COM TURBINAS DE AÇAO E DE REAÇÃO TRABALHO CEDI DO Ã TL 1'BINA

O principal objetivo desse estudo é estabelecer uma distinção entre as tur- FIG. 8 - Variação de energia em uma instaL'.lção com turbina de ação.
binas de ação e de reação em termos das transformações de energia que se pro-
cessam em seus órgãos principais (rotor e distribuidor).
ASsirn, constataremos que: 1
- Na turbina· de ação, toda a conversão da energia potencial em energia
cinética se processa no distribuidor. A energia potencial de pressão apresenta os Esse diagrama de variação da energia, assim se explica:
mesmos valores antes e dep ois de tocar o rotor e, nesse, a energia cinética é trans- 1. A energia total da partícula é a soma da energia potencial de posição
formada em energia mecânica. H (supondo já deduzida a perda de carga 6H) e da energia de pressão Pah (pres·
- Na turbina de reação, a energia potencial de pressão é convertida par- são atmosférica).
cialmente em energia cinética no distribuidor, completando-se a transformação 2. En tre 1 e 2, houve uma diminuição da energia potencial de H para h 1 ,
no próprio rotor, onde a pressão à saída é m enor que à entrada. que oco rreu porque a energia de pressão aumentou de pa/-y para p 2 /r. e a energ:ia
cinética aumentou de zero para CV2g.
3. Entre 2 e 3, a energia de queda continuou caindo de h 1 para h 1 , en·
quanto a energia de pressão aumentou de p 2 /t para p 3 /-y. (A energia cinética
3 . 1. VARIAÇÃO DA ENERGIA EM TURBINA DE AÇÃO permaneceu inalterada devido à constância da vazão e ao
diâmetro da tubula·
Considere-se a instalação da FIG. &, onde trabalha urna turbina de ação ção) .
(Pclton) Nesta figura, es tão assinalados seis pontos notáveis, a saber: 4. De 3 a 4, a energia da queda manteve-se con stante , enquanto a.energia
l . Níve l de montan te. de pressão caiu de p 3 /r para p 4 /-y, convertendo-se em energia cinética (C~/2g >
2. , Entrada da tomada d'água. n12g).
3. Final da tubulação forçada e princípio do distribuidor. 5. De 4 a S, nenhuma tran sformação energética considerável se processou
4 . Final do distribuidor. (Psh == p4fr e CV2g == CU2g).
5. Posição d a partícula imediatamente an tes de bater contra a concha. 6. De 5 a 6, notamos a transformação da ene rgia cinética cm energia me-
6.: Posição da partícula imediatamen te após bater contra a concha. cânica.

72 73
3.2. VARIAÇÃO DA ENERGIA EM TURBlt"lA DE REAÇÃO 3. Entre 2 e 3, a energia potencial continua a cair até h2, enquanto a
A FIG. 9 representa uma instalação com turbina de reação (Francís), energia de pressão aumenta até P31r, ficando constante a energia cinética devido
onde se assinalam sete pontos notáveis: a vazão e diâmetro da tubulação serem invariáveis.
1. Nível de montante. 4. Entre 3 e 4, ternos o distribuidor da turbina, que transforma uma par·
2. Entrada da tomada d'água. cela de energia de pressão em energia cinética , devido à uma diminuição na área
3. Final da tubulação. de escoamento; a energia potencial se mantém.
4. Saída do distribuidor. 5. De 4 para 5, as energias de pressão, potencial e cínética se mantêm
5. Entrada do roia r. constantes, sem haver transformações de energia.
6. Saída do rotor. 6. Entre 5 e 6, está situado o rotor da turbina, onde há cessão de energia
7. Saída do tubo aspirador e nível de jusante (canal de fuga). cinética e de pressão. Note-se que, na saída do rotor, existe uma região de baixa
pressão, podendo haver neste local o perigo de cavitação.
7. Corno existe ainda a energia potencial h3, o trabalho cedido ao rotor
Pa/Õ
1 H da turbina seria relativamente pequeno. Para recuperar uma parcela das energias
1
potencial e cinética perdidas, existe o tubo aspirador, que é cõnico-divergente,
onde, como mostra o diagrama entre. 6 e 7, a enegia cinética vai-se transforman-
2f-
do em energia de pressão, devido ao aumento gradativo do diâmetro do tubo,
Em 7, a água sai com uma energia de pressão P7 Ir e uma energia cinética
;/2g
C~/2g (ambas não foram cedidas à turbina); o restante é o trabalho cedido ao
rotor pela partícula fluida, desde que não existe mais a energia de queda.

11
4. EQUAÇAO DE EULER PARA AS TURBINAS(*)
2
I Na instalação hidrcelé trica apresentada na FIG. 10, consideremos os se-
fi
h1
guintes pontos notáveis:

5 k\\y'

T'
L.. \:\\\\\\d5

h
2

7IU/A '" VJ7

--~-----

F te. 9 -- Variação de energia em instalação com .turbina s de reação.

1. Em 1, a energia total da partícula de água considerada é a soma da h,


energia da pressão atmosférica Palr e da energia potencial H (já descontadas as
perdas de carga).
J.
2. De 1 até 2, a energia de queda diminui de H para h.. aumentando, em
conseqüência, a energia ciné tica de zero a C~/2g e a energia de pressão de Pah
atép2h_
FIG. 10 - Uma instalação hidroelétrica

74
75
PONTO A - Nível do reservatório de acumulação. Somando membro a membro as expressões (1), (2), (3) e (4) e fazendo:
PONTO O - Saída do distribuidor da turbina.
PONTO 1 Entrada do rotor da turbina. ( 6HA-----+O + 6HO----'1 + 6H1----'2 + 6H2->3 = 6BT + 6H)
PONTO 2 Saída do rotor da turbina.
PONTO 3 Saída do tubo aspirador.
Onde 6HT é a perda de carga na turbina e 6H a perda de carga até a
entrada da turbina (perda de carga nas obras de transporte).
Consideremos uma partícula fluida situada no ponto A c acompanhemos E considerando que:
a sua trajetória até à saída do tubo difusor (para isto recorreremos ao teorema de
Bernoullí).
Aplicando o teorerna de Bernoulli entre A e O teremos:
(~~"~-+hJ
2
Teremos:
2'A- + CA
+ ZA
Po
+
c2
~O_ + Zo + 6HA----' O (1) ç~--~---~CA------C2--------2-2-----'\
'Y 2g 'Y 2g
A - (Z3 + h ) + --
3 2g
- l\H _ ~
2g
_ MI
T
= UI - D
~
2
+
c1 - C'i. +!
onde: w;-wj ,,2g )
6HA ----' O as perdas de carga até à saída do distribuidor
Aplicando o teorerna de Bcrnoulli entre O e 1:
da turbina.
l 2g /(5)

P
~+~_O_+ZO
'Y
C1
2g .
PI
+ -:ri- + Z[ +
CZ
6Ho->1 (2) Da FIG. 9, tiramos ainda que:
'Y
(ZA - (Z3 +h3) + Cf>..j2g =H-*)
E por defmição, a queda útil efetiva é dada por:
Entre 1 e 2, considerando o rotor em movimento, o teorema de Bernoulli
para o espaçogirante nos fornece: (H = H* - 6H)
Assim, chamando de 1)H a um número menor que 1 e que leva em conta

wi
- + --
PI Di
- -- + Zl = --
wi
+ --
p2
- --
m + Z"2 + 6H1 --+ "2 (3)
a perda de carga na turbina e a energia cinética residual, o primeiro membro de
(5) pode ser escrito.
2g 'Y 2g 2g 'Y 2g

( H - C~j2g - 6HT = T}H x ~ (6)

Aplicando o teorerna de Bemoulli entre 2 e 3, teremos:

Donde, comparando (5) e (6):


P2 ci P3 c~
~ + -2- + Z2 + 2g
+ Z3 + 6H2 -)- 3 (4)
I g 'Y
T}H x H 1[2g [(U~ -U~) + (C~ -C~) + (\V~ - W~) 1 (7)

Esta equação (7) {chamada de equação de Euler ou equação geral para as


(,) NOTA: Para melhor entendimento, ver definição dos triângulos de velocidades no item
seguinte (item 5). turbinas hidráulicas.

77
76
Esses triângulos de velocidade podem dar origem a outros triângulos,
5. TRIANGULOS DE VELOCIDADES
cujos lados são coeficientes adirnensionais.
Consideremos na FIG. l Los pontos 1 e 2, respectivamente a entrada e
saída do rotor de uma turbina (Francis, no caso):
KW
KC 1
1
KC KW
2

0(2

K KUr
U1 KCu L

2
FIG. 13 - Triângulos adímensionais de velocidades.

Na figura 13:

FlG. 11 - 65 de velocidades à entrada e saída do rotor.

A água penetra no rotor com urna velocidadeabsoluta


-->-
C1, que tem a di-
[ Kc, ~
C1

V2g H
e KC2 =
~~:Il
J (8)

reção da tangente à pá do distribuidor em 1.


Esta velocidade pode ser decomposta em uma velocidade relativa W 1 que
é tangente à palheta do rotor, se nela admitirmos um número sufici~nte de pás
para guiar perfeitamente a veia líquida, e uma velocidade tangencial UI que tem
-->-

í KUJ =
U1
ffgH
e KU2 = I
U2
V2g H
(9)

a direção da tangente à circunferência externa do roto r, no ponto 1- -


-+
Mutatis mutandi~ no ponto 2, teremos a velocida~ absoluta C2, resul-
tante das componentes W1, tangente à pá do rotor em 2 e U2 tangente à circun- W1 W2
ferência interna do rotor. KWJ =
-JTg1i
e KW2 =
.j2g1f I (10)
Em decorrência disto, obtemos os triângulos de velocidades apresentados
na FIG. 12.

/~\'lC

KcUl=
eu,
y'2gH
e KCu2=
CU2
..j2g1I I (11)

('(J

C u1 ~ ~U2
·C. Esses coeficientes adirnensionais de velocidades (e as próprias velocidades)
'1 '2 são da maior importância para o cálculo das turbinas.
Costuma-se, tamanha a sua importância em termos de cálculos, escrever a
FIG. 12 - Triângulos de velocidades à entrada e à saída do rotor, equação de Euler sob forma adir.iensional.

78 79
Assim, combinando (7), (8), (9), (10) e (11) temos: Mas, como:

T/H == ~1_ (C" _ C" + U2 _ U2 + W2 _ W2) \

Logo:
2g H 1 1 1 2 2 1

( Kcl . cosal = KCUl e K~2 • COSCXl =Kc~~J


7)H KC2
1
- Kc'2 + KU"1 - KU2
2
+ KW22 - KWl
I
(12)
Teremos também:

Os coeficientes adimensionais K são características de um certo tipo de


( T/H == 2 (KU1 KcUl -=-~~l. KCu)] (16)
\

turbina (trabalhando com rendimento máximo ou próximo dele). Estes coefici-


entes são tabelados, em função do tipo da máquina.
Esta equação (16) pode ser ainda assim trabalhada:
Dos triângulos adímensionais, considerando as relações da geometria
plana, temos:

UI CUl U2 CUl
KW2 == Kc'I + KU' - 2KC . KU C050:1 (13) 7)H== 2 ( X -- x
I I I 1 v'2gH ,j2gH -J2gH .j2g}I)

" UI CUI - U, CU,


Kw22 == Kc2 + KU22 - 2]( ~
''-t,;2
• KU 2 C050:1 (14) T/H == 2
1
2gB

Donde, se pode concluir que:


Combinando as relações (13) e (14) com a equação (12), temos:

r=:':
7]H = Kc~ - Kc~ + KU; - KU~ + KC~ + KU; - 2KC1 KU2 cOSCX2 - Kc~ - KU~
C H· T/H == lfg (UI CUI - U2 C-U~ (I 7)

[ + 2Kc, KU, cosn , J Se o 6. de saída de uma turbina for retângulo em 0:1, teremos C2 perpen·
dicular a U2, sendo nula a projeção de C2 sobre U2. Assim, Cu , sendo nulo, ;J

equação (17) ficará:


Donde:

UI CUI
TlH == (18)
gH
7)H=2(Kul• KCl • coso , -KU • Kc COS0(1) (15)
2 l

que é a condição de máximo rendimento hidráulico das turbinas.

80 81
6. RENDIMENTOS A CONSIDERAR
Pa(3 se fazer o cálculo da potência efetiva no eixo de uma turbina, deve-
se sempre levar em conta as perdas hidráulicas, volurnétricas e mecânicas nela
existentes. Assim, temos de considerar os seguintes rendimentos:
(:v ~ Q-(rq,l J (20)

6.1_ RENDI,\lliNTO HIDRÃULICO Apresentamos, a seguir, um quadro que mostra os valores usuais do ren-
Leva em conta as perdas de carga ao longo da trajetória percorrida pela dimento volumétrico para os vários tipos de turbinas:
água dentro da turbina (6HT) e a perda devida à energia cinética residual de saí-

T
l -l
da (C~ f2g), sendo calculada pela seguin te expressão:
TIPO DE TURBINA FRAt"lCIS LENTA I KAl'LAN I PELTO?'!

-,
T~
Tlv
95% 100%
"H zz H- cl .- L\HT
(19)
o rendimento volurnétríco de uma turbina Pelton é da ordem de 100%,
porque ojato de água à saída do distribuidor está dotado de elevada energiaciné-
Onde H é a queda útil ou efetiva.
tica, tornando-se, por isso, maciço e coeso, sendo totalmente amparado pelas
conchas do rotor.
6.2. RENDIMENTO VOLUMÉTRICO
O volume de água na unidade de tempo que passa pelo rotor de uma tur-
bina é sempre menor que a vazão que flui nas tubulações; isto porque existem
perdas volurnétricas devido às folgas existentes entre o rotor e a carcaça da tur- 6.3. RENDIl',1ENTO MECÂNICO
bina, )
Considera as perdas mecânicas de atrito nos mancais, resistência da água
Este volume líquido (que flui sem ceder energia ao rotor) pode tomar ao giro do rotor. r; calculado pela ex press 3:0:
dois diferentes caminhos (FIG. 14), um superior e outro inferior. A perda volu-
métrica superior existe, porque 530 necessários os furos que ligam a parte supe-
rior do rotor ao tubo de sucção, a fim de que haja equilíbrio dinâmico no eLXO
da turbina. Se qi são as perdas volumétricas inferiores e qs as perdas volurnétrícas (21)
superiores:
onde:
N: potência cedida ao rotor pela água (potência efetiva).
6N: perda de potência devida aos fatores antes mencionados.
Normalmente, esta perda de potência é tanto maior quanto menor for a
potência da turbina.

6.4. RENDIMENTO TOTAL


O rendimento que deve ser usado para se calcular a potência no eixo da
turbina é o rendimento total, obtido pela expressão:
qi

FlG. 14 - Perd.is volumétricas superior c inferior e 111 11111'1 turbina Francis,


C TI == 1)H x lIy x Tlm) (22)

82
83
I BIBLIOTECA
GRAU DE REAÇAO 8. SEMELHANÇA MECANICA OU TEORIA DOS MODELOS
7.
Define-se o grau de reação das turbinas como sendo a relação entre a par- No cálculo e projeto de uma turbina interferem, via de regra, muitos fato-
cela de energia potencial transformada no rotor e a energia total ou queda efe- res cujas grandezas não são exatamente conhecidas, ficando os mesmos, assim,
sujeitos a urna certa insegurança.
tiva.
Assim, considerada a FIG_ 15: Em se tratando de turbinas de grande porte, tal insegurança pode redun-
dar em um fracasso c, assim, provocar grandes prejuízos econ~micos para o fabri-
I cante.
A semelhança mecânica ou teoria dos modelos compreende um conjunto
de leis e conhecimentos através dos quais se toma possível prever o comporta-
1 mento da turbina de grande porte a partir da atuação ou desempenho de uma
Pi/Õ turbina menor.
Em seu sentido mais amplo, a teoria dos modelos permite deduzir o com-
portamento de um protótipo ou máquina industrial a partir do comportamento
\ de uma máquina modelo, desde que entre uma e outra sejam cumpridos deter-

r
minados requisitos.
Assim, para haver semelhança entre duas turbinas, toma-se necessário

I sejam satisfeitos os seguintes requisitos:

"j-
P21Í~
í _

\
t
Que haja semelhança geométrica.
Que haja semelhança cinemática.
Que haja semelhança dinâmica.

8.1_ SEMELHANÇA GEOMÉTRlCA


-; Existe semelhança geométrica entre duas turbinas (FIG_ 16), quando en-
Z2
tre as suas dimensões lineares horuólogas existir sempre a mesma relação K, dita
FIG. 15 _ Grandezas que influem no grau de reação das turbinas. "razão de semelhança" e quando os ângulos homólogos forem iguais.

(PJy + Zd - (P2/')' + Z2) (23)


H

onde:
PI i')' : energia potencial de pressão, à entrada.
ZI : energia potencial de posição, à entrada. dil dz ~&.t:l
~, I',
P2i')' : energia potencial de pressão, à saída.
Z2 : energia potencial de posição, à saída.
H : energia total ou queda útil ou efetiva.
Evidentemente, para as turbinas Pclton:
PI i')' '" Pllt == palt (pressão atmosférica) PROTOTIPO (1) HODELO (m )

~ ZI == Z2
Logo, resulta r == O. FIG. 16 - Semelhança geométrica entre turbinas.

84 85
Assim, existirá semelhança geométrica quando: Onde:

d, i do·
-I
d3i 1.
i
K (24)
[Re -7-) e
= V: velocidade,ern m/s.
D: difm1etro, em m.
d1m d2m d3rn 1m v: viscosidade cinemãtica, em m1/s.

8.4. FÕRMULAS FUNDAMENTAIS DA SEMELHANÇA MECÂNICA


8.2. SEMELHANÇA CINEMAnCA Satisfeitos os requisitos de semelhança geométrica, cincmática e dinâmi-
Há semelhança cinernãtica entre duas turbinas, quando houver semelhan- ca, dizem-se, então, mecanicamente semelhantes as duas máquinas (protótipo e
ça dos triângulos de velocidade nos pontos homólogos, modelo). Nestas circunstâncias, pode-se, a partir do funcionamento de uma delas
Considerando, então, cortes cilíndricos nos reteres do protótipo e do (o modelo), aferir o comportamento da outra (o protótipo), uma vez que:
modelo: O comportamento é idêntico em idênticas situações.
As perdas são proporcionais.
Ul
Os rendimentos são iguais.
O coeficiente de cavitação é o mesmof'<).
E sendo mecanicamente semelhantes, entre as grandezas que caracterizam
~ os comportamentos do protótipo e do modelo, existem as seguintes relações:

w} c2
~
.
nn.
_~1 _
-
1
K jJIL
__ H·
I
(28)
m Em
(i) {m}

FIG. 17 - Condição de semelhança cinernática.

Assim, existirá semelhança cinernática quando:


[~~~ K' j~ J (29)

N·J H·
Cli \VIi UIi N- = K
2 (~I_)312
(30)
(25) rn Em
Cim \VIm VIm
Nestas expressões:

C2i \V2i U2i


_ K = ~ : Razão de semelhança geométrica entre protótipo
(26)
C2m W2m U2m dm c modelo.

Hi' Qi' Nj, ni : grandezas relativas ao protótipo.

8.3. SEMELHANÇA DINÂMICA Hm' Qm' Nm, nm: grandezas relativas ao modelo.
Existe semelhança dinâmica entre um protótipo e um modelo de turbi-
nas, quando o número de Reynolds (característica do escoamento) for o mesmo Tais expressões podem ser escritas de maneira diferente (em função de
para protótipo e modelo. rotações), o que, dependendo da natureza do problema, pode contituír-se em
uma forma de mais fácil aplicabilidade.
( Rei = Rem) (27)
4 NOTA: O fenômeno da Cavitação é assunto abordado no Capitulo X.

86 87
N' nJ3 N' r' n,3
(38) ou x - (39)
N 03 N n3
I

9. CARACTERfsTICAS UNITÁRIAS DE UMA TURBINA


São grandezas que caracterizam o comportamento- da turbina ao operar
sob a queda de 1m e cujo conhecimento permite fazer-se previsões sobre o
comportamento da mesma ao operar sob qualquer queda.
Suponhamos certa turbina:
posta a operar sob uma queda H
abastecida pela vazão Q
gerando urna potência N
tendo em seu eixo n rpm
a) Tais fórmulas foram determinadas para o protótipo e o modelo ope- com um rendirnen to 17.
rando o mesmo fluido (pesos específicos iguais). Se os fluidos forem diferentes, -' Suponhamos, agora, que esta mesma turbina seja posta a operar sob a
às fórmulas (30) e (33) tomam-se, respectivamente: queda de 1m e que, nesta nova situação, apresente o mesmo rendimento 7J.
Chamam-se características unitárias da turbina às grandezas Q [. n, e N I,
que caracterizam o seu comportamento sob a queda de 1rn,
Ni Hi ri
=o K- (__
7
)3/2 X -- (34) O uso das fórmulas fundamentais da semelhança mecânica (o que é pos-
Nm Hm 'Ym
sível por causa da igualdade dos rendimentos) permitir-nos-á determinar, então,
1
as expressões de n [, Q 1 e N 1.

1\j. 3 1'.l SITUAÇÃO 1~ SITUAÇÃO:


- I
5
nl y
li
__

Nm =o K X 7m ." 1m (35)
Hi =o H = lm
Hm
o, = Q Qm = Ql
N-I N l\m = N1
b) Se protótipo e modelo forem iguais (duas turbinas iguais trabalhando
n.I n nm = DI
em situações diferentes ou a mesma turbina trabalhando em duas situações dife-
7]- 7J
rentes), teremos K = 1 c as fórmulas fundamentais da semelhança mecânica são, I 1)m = 1)
então, chamadas de equações de Ra tcaux.
Teremos então:
Passam a ser escritas assim:

(%=+J (36)
n

nl
= ff 1
-+
[n, ;w Jo
(40)

H'
H=7
n,2
(37)
Q
Ql
~
1
--+
(Q, Je J (41)

88 89
N
N1
H
(_)3/2
1
--,
[N' ~ II :-aJ (42) SL
Q!1
=~
1
fi. 1
-, {;',~ J ti' ~fl-
(44)

OBSERVAÇÕES:
a) Nas expressões acima, temos K = 1 (mesma máquina).
~
N 11
=~
1
(~)3!2
1
---7

r Nll = d2'I:~
(45)

b) O conhecimento das características unitárias da turbina (n 1, Ql e N 1) Donde, a conclusão:


permite a determinação de n, Q e N para uma queda H qualquer (logicamente,
- O conhecimento das características unitárias da série de turbinas seme-
para o mesmo rendimento TI).
lhantes (nlJ, Q11 e Nll) permite prever o comportamento de qualquer uma das
c) As características unitárias da turbina variam com o rendimento. To- turbinas da série, ao operar sob qualquer altura.
davia, caracterizam a turbina porque, nominalmente, são determinadas para o - As características unitárias da série variam com o rendimento. Toda-
máxirno rendimento e, para estas condições, são constantes da turbina. via, caracterizam e identificam todas as turbinas da série, quando expressas para
a situação de máximo rendimento, uma vez que, para estas condições, são cons-
tantes de todas as turbinas.
10. CARACTERrSTICAS UNITÁRIAS DE UMA SÉRIE DE TUR-
BINAS SEMELHANTES
Tais grandezas podem espelhar o comportamento de qualquer uma das 11. VELOCIDADE ESPECrFICA
turbinas da série, quando postas a operar sob uma queda qualquer. É uma outra grandeza importantíssima no estudo das turbinas, principal-
São determinadas em função do comportamento da turbina da série de mente porque define a geometria ou o tipo da turbina.
diâmetro unitário e posta 3 operar sob a queda de 1rn. ' É também chamada, se bem que menos usualmente, de "número especí-
De uma maneira semelhante à exposta no item anterior, tendo em vista, fico ou número característico de rotações" e é assim definida: velocidade espe-
contudo, o fato de estarmos a comparar duas turbinas de diâmetros (uma de diâ- cífica (ns) de uma turbina é a rotação da turbina semelhante capaz de produzir a
metro unitário e a outra de diâmetro qualquer) diferentes, teremos: potência de 1CV sob a queda de Irn,
Sua expressão é determinada eliminando K entre as equações abaixo:
TURBINA MODELO: TURBlNA.QUALQUER:
nj = n fim = ns
dm = lm di = d
I-Im == 1m Hi = H Ni = N Nm = lCV

Qm = Qll Qi = Q Hi = H H = lm
T/i = 11 11m == 11
Nm Nu Ni N
nm nl! ni = n
Tl rJ 17i = TI
m ~
ns
__
- K
1_
-J ~
IH ~1 _- K2 ~
( 1 )
312

Pela semellianç,~.mecânica:

Obteremos:
n

nu
~d IH
V~1 --> n-d]
y'H
(43)
ns =
n NlI]
~ (46)

90
91
Nesta expressão, deveremos ter: qualquer valor da queda H e da descarga Q; entretanto, apenas um pequeno nú-
mero delas terá um rendimento aceitável, compatível com a prática. Assim, cada
n: emrpm
tipo de turbina só trabalhará com bom rendimento para valores de ns compreen-
N: emCV dido entre determinados limites.
H: emm ~ Podemos dizer, então, que a queda H, a descarga Q e a velocidade especí-
! fica ns são as grandezas que caracterizam qual o tipo de turbina a ser usada em
i uma dada usina hidroelétrica; dependendo destas grandezas, ?~deremos ter uma
A um certo valor de ns faz-se corresponderuma turbina com determinada :~yrimeira orientação para a escolha mais conveniente da turbina.
geometria, de modo tal que todas as turbinas geometricamente semelhantes, tra- Entretanto, ao contrário do que parece à primeira vista, o campo real de
balhando com n, H e N de máximo rendimento, deverão ter o mesmo ns. aplicação das turbinas hidráulicas não se nos apresenta de uma maneira rígida e
absoluta. São tantas as variáveis envolvidas, tanto de ordem técnica quanto eco-
Temos, assim:
nômica, que somente a experiência obtida em longos anos de vivência no assunto
permitirá que se considere apenas aquelas que são realmente relevantes em cada
ns TIPO DE TURBINA caso particular. Assim a escolha definitiva da turbina só deve ser feita após uma
consulta às firmas construtoras.
10 a 50 Pe1ton
50 a 100 Francis lenta
12.2. A ESCOLHA DA TURBINA
100 a 200 Francis normal Após os estudos hidrológicos locais, nos quais se determinam tanto a
200 a 400 Francis rápida queda quanto a vazão disponíveis ao longo de um período, passa-se à escolha do
350 a 700 Hélice alternador e da turbina hidráulica. Fixado o número de pares de pólos do alter-
400 a 1200 Kaplan nador, teremos condições de escolher o tipo de turbina, porque se tomam co-
'- ) nhecidas as grandezas necessárias para tal, a saber:
A vazão Q disponível.
Normalmente, os construtores de turbinas procuram aumentar sempre a .;
A altura de queda H.
velocidade específica das turbinas, aumentando a rotação n com o que conse-
A rotação n da turbina.
guem geradores mais econômicos e uma maior facilidade de acoplamento direto
A velocidade específica ns.
da turbina ao gerador.
Com o auxílio destas grandezas, fica fácil a determinação do tipo de má-
A esse aumento da velocidade específica, contudo, cor respondem maio-
quina a ser usada.
res perdas por atrito nas pás do rotor (devido as .grandes velocidades) e maior
Na FIG. 18, apresentamos (em função da altura da queda, em pés, e da
perda de energia pelo aumento da velocidade residual (de saída).
velocidade específica, calculada no sistema inglês), um ábaco que nos permite
Cumpre-nos ressaltar que a tabela acima refere-se à construção normal; selecionar o tipo mais conveniente de turbina.
em construções especiais, todos esses valores têm sido ultrapassados nos dois sen-
tidos: há exemplos de turbinas Francis com ns = 550rpm e de turbinas Kaplan Todos os pontos, situados à esquerda de cada curva, indicam sempre um
com ns = 320rpm. (Tabela idêntica, porém, mais completa é apresentada nesse mesmo tipo de turbina. Para uma queda de 4000 pés, por exemplo, i velocidade
capítulo, no final do item 12.2.). específica de 3 rpm, encontramos como solução a adoção de uma turbina Pelton
Finalmente, torna-se necessário salientar que, nos livros e catálogos de de 1 jato. Para uma queda de 30 pés e velocidade específica 160rpm, adotar ía-
língua inglesa, a velocidade específica é a rotação da turbina semelhante que, ao mos uma turbina Kaplan,
operar na queda efetiva de I ft, gera a potência de 1 HP. Podemos observar que a turbina Pclt on, ao contrário da Kaplan, apresen-
ta baixa velocidade específica, trabalhando sob quedas elevadas. As turbinas de
grandes velocidades específicas são denominadas "turbinas velozes" porque para
12. CAMPO DE EMPREGO DAS TURBINAS H!DRAULlCAS grandes potências e pequenas quedas, têm grandes velocidades específicas. Em-
bora a turbina Kaplan seja "veloz", ela trabalha com pequenas rotações (n em
12.1,. INTRODUÇÃO
:tsempre possível construir turbinas de mesma velocidade específica para torno de 100 rprn), enquanto a Peiton trabalha com elevadas rotações (n em ter-

n 93
no de 1200rpm), embora seja uma turbina "lenta". Esta aparente contradição é
facilmente compreendida com um simples exame da fórmula da velocidade espe-
cífica. Vemos que se tivermos elevada potência c pequena queda, mesmo com
H (m) J baixa rotação, temos grande velocidade específica.
A fábrica de turbinas Riva, da Itália, após longos e exaustivos estudos,

5000 ,--- I determinou, em função da queda em metros e vazão em metros cúbicos por se-
gundo, um diagrama de aplicação das turbinas hidráulicas de sua fabricação, ins-
taladas na Itália, com unidades Kaplan acima de 1000 CV e Pelton e Francis
4000m
acima de 5000CV-; é o que mostra a FIG. 19. Se analisarmos a figura, veremos
3000 !
que existem certas áreas comuns a dois tipos de turbinas, o que nos leva a ter
2500 1 1 1\1 1 II~,I ! !41 I I I I II I II 11: I:
uma opção para o melhor tipo a se usar.

r~:~:H
Para a queda de 400m e descarga de 15 m3/seg., por exemplo, podería-
2000
mos optar tanto por uma turbina Pelton quanto por uma Francis. Assim, tere-

1000
I II '\
11 11111111111 i
/'
mos de considerar novos fatores para uma seleção econômica da turbina. Entre
/7 outras, apresentamos as seguintes vantagens de uma turbina Francis em rclaçãSl a
~ em altas quedas:
Maior aproveitamento da energia da água, com o auxílio do tubo difu-
.

-+---If-+-f--I-Il=+-Cf±\Pe-I;~~'\r I 1 I I I ! I I I i I sor.
Menor peso.

1111:I ! Flll~Tm 1111II


500 f-----t-- Maior rendimento máximo.
450 I----~ I I i Casa de máquinas com-menor área (em planta).
300 _____
,_, . I I J As desvantagens são:
ll Maior dificuldade de manutenção.

t
T
200
Turbinas
1--_
f----t-H :I Menor rendimento com cargas parciais.
Menor robustez.
Pelton ! I Al ternador com maior número de pólos; conseqücn te rnen te, mais caro.

150
.
I Jato _i_~!
I lI i
I .
Regulagem mais complicada.
I Infra-estrutura mais cara.
t-;;-;-----t-1...J...LLI1----r-+-+----+--+.-LCI'
r I !:
~c _,c_"- --

--+-'H
2jo
I I j f-+-I II ! \íl i '( Problema semelhante ocorre, por exemplo, para uma queda de 30m e des-
carga de 20m3/seg.; poderíamos escolher uma turbina Francis ou uma Kaplan.

RI;;; i ~t~
4 joto~ GTlT I i Tr C-2f!1~~as turbi!las..KªpiW_t:..n:!J.elaçãoàs Francís ._tefllQS:
11fT
50r--

40f-1 I! /' - Rendimento melhor com a diminuição da queda.

30 ~t-+--[[Irlh. tj""'i' Melhor rendimento com cargas parciais.


As desvantagens são:

20 1I
f--- U ! I I I I I I I _
Hélice e
l-,Iaior custo.
Alternador com maior número de pólos.
I

Fundações maiores e mais caras.

4 10
I 20 30
111U f"1"rl I,,,
100
Maior perigo de cavitação.
Apresentamos, finalmente, no quadro a seguir, uma tabela que também
nos permite obter uma seleção criteriosa dos tipos de turbinas. Esta tabela tarn-
British (n s ) bém mostra, em certos casos, duas opções para a escolha de turbinas hidráulicas
FIG_ 18 - Ábaco para seleção de tipo de turbina. trabalhando nas mesmas condições.

94 95
1300

1200
A H (

_L .:"
CHPÍTULO V
1100 I
1000 I
'.
900

800

700
r-·G
600
TURBINAS PELTON
500

400
1. GENERALIDADES
~" ~@~
300

200
l]S'" ,"~~ ~
-, Ê O moderno tipo de turbina de ação empregado, com êxito, em instala-
ções com as seguintes características:

150
~I ,
/
- Grandes quedas.
- Pequenas vazões.
Seu rendimento é bastante elevado (cerca de 90%) e entre suas principais

100
~ @ ~
I
. 1 vantagens, podemos citar:
i ! - Construção mecânica mais robusta.
50 1 Contato menos íntimo com a água, o que significa menor perigo de
erosão.
I.~////;··
/! !/////iLl f2?l.b.@/ "//I~~~Id'1/;
j/! /! /; I////!!/! , Manutenção e regulagem mais fáceis.

o ~11 10 15- ~
I I
20 30 40
I~I
50 60 70 80 100 120 14() 160
1
160
'-
200
I
_________
- Infra-estrutura mais leve.
A. figura 1 apresenta uma turbina Pelton completa.

FIG. 19 - Âbaco para seleção de turbinas.


Q (m'/s)

TIPO DA TURBINA VELOCIDADE ESPECiFICA QUEDA RECOMENDÁVEL Na figura 1, ternos:

PELTON - 1 jato
3
12
-
-
13
20
1800
1300
a 1300 metros
a 550 metros
•• CD Distribuidor ou injetar (tipo Do bJe)

20 - 30 550 a 300 metros C] Jato


30 - 60 300 a 200 metros
PELTON - 2jatos
I
Q) Rotor Pelton
I
FRANCIS LENTA 50 - 120 350 a 150 metros I @ Conchas do rotor
120 - 220 150 a 80 metros
FRANCIS
FRANCIS
NORMAL
RÁPIDA 220 - 350 80 a 35 metros @ Chanfradura da concha
fRANCIS EXTRA-
350 - 450 35 a 20 metros Cll Válvula esférica
RÁPIDA
® Penstock
KAPLAJ\ E HJ2LICE 350 - 600 45 a 18 metros (j) Servo-motor (para comando do injetor)
600 - 800 18 a 12 metros
800 - 1200 12 a 3 metros ® Blindagem do canal de fuga
)
@ Carcassa

96
97
!I'
~
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0

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.. ;.!;;j~.'~
>'\:..
j~). -
FIG. 2 - Desvio do jato pelas conchas de um ro tor Pelton ,
:""";~~~litl±:~~ ~ As conchas podem ser fundidas separadamente e fixadas ao disco For
~,
"c' /Afr
t\..1'1.
,_:,.~_
'1"
i.,},
1
} •
" meio de parafusos ou podem ser fundidas conjuntamente Com o disco. Emr ela-
. \
<' çãoa tais- prQcessosde"Construção;=pode_se -diier~-
..

I
,:3,
~.~t- i 1
Conjunto fundido em urna única peça (FIG.3)
Vantagem: distribuição de tensões mais uniforme no disco.
..•."'-_1,'. Desvantagens: fundição e usinagem posterior mais difíceis .

FlG. 1 - Turbina Pe\ton.

''', Como turbina de ação, toda a conversão de energia potencial em energia


...i~.~::'
-":,,",
o"~

cinética se faz no distribuidor ou injetor. No rotor, a energia potencial de pressão \. ....•.


-4; ,
',

I não mais se transforma em energia cinética (a pressão é igual antes e após tocar a .)i'
" ..
\ concha), havendo apenas transformação de energia cinética em energia mecânica.

2. CONSTITUIÇAO MECANICA DA TURBINA PEL TON


FlG. 3 - Ro tor Pelton de fundição conjunta.
2.1. ROTOR
É constituído~d~ uma série de conchas ou cubas (FIG. 2), dispostas sime-
tricamente em relação ao plano médio do disco, preso este ao eixo por meio de
',chavetas. Disco e conchas fundidos separadamente (FIG. 4)
As conchas ou cubas (FIG. 2) são meras superfícies desviantes, onde se
Vantagens: fundição mais fácil, com usinagem mais fácil e precisa.
processa a transformação da energia cinética em trabalho mecânico cedido ao
Desvantagem: transmissão localizada de esforços, abreviando a vida
rotor. útil da máquina.

98
99
Quanto ao material empregado na construção das conchas, é comum o
uso do bronze para pequenas turbinas e de ferro ou aço fundido para as grandes
turbinas.
Em relação à usinagem do interior das conchas, deve a mesma ser muito
cuidadosa, uma vez que tanto o septo como a chanfradura originam formas com
quinas vivas e sujeitas a intensa erosão.

.'-.. 2.2. DISTRIBUIDOR


No caso das turbinas Pelton, o distribuidor normalmente usado é do tipo
Doble e é também chamado de injetor ou, simplesmente, bocal.
-. Ele constitui a parte terminal da tubulação forçada e tem como principais

J
finalidades a regulagem da vazão e a formação de um jato d'água compacto que
incida sobre as conchas, como mínimo de dispersão.

FIG. 4 - Rotar Pcltcn com disco c conchas fundidas separadamente.

Como detalhes mais importantes de construção das conchas, podemos


salientar (FIG. 5):
_ Um septo central que bifurca o jato incidente contra a concha, repar-
tindo-o, com o que se consegue um perfeito equilíbrio de forças.
_ Uma chanfradura ou reentrância na parte central da concha, cuja fina-
lidade é desviar a saída do jato sem que o mesmo possa íncidir contra o costado
da concha anterior, o que, se ocorrer, produz uma ação de frenagem, diminuindo
o rendimento da turbina.
FIG. 6 - Jato efluerite de um injetar tipo Doblc,

~j, I'" "


<="
1f~t:" _~- Para tal, torna-se necessário conseguir uma perfeita adesão dos metes en-
lf: ," tre si e com a agulha, parte componente do injetor que tem a faculdade de deslo-

-r ~~;;~:./ car-se axialmente a Em de aumentar ou diminuir a secção de saída do jato (o que


possibilita a reguJagem da vazão).
A figura 7 mostra um injetar completo e desmontado, o que permite
visualizar, com muita clareza, todas as suas peças componentes.
FlG. 5 Septo central c chanfradura das conchas.

101
100
mento não pode, inclusive, ser feita mais rapidamente devido ao perigo do golpe
de aricte na tubulação de chegada.
O defletor é, então, o dispositivo mecânico usado para retirar a carga mo-
c:
6,
tora da turbina. Ele fica entre o bocal e a roda, evitando que o jato atinja as con-
chas durante o período de fechamento da agulha.

2'

/'5') :;'
~
í~
,I f
l-r ~,+ -'---
/-._-.
FIG. 8 - o dcfle tor de jato do injetar.
~
.~ A distância entre o defletor e a roda deve ser a estritamente necessária
~
para que o defletor possa ser introduzido e exercer sua ação.
'3·
~- Quanto ao acabamento superficial e interno do distribuidor Doble, cum-
pre ressaltar que o mesmo deve ser o melhor possível, para evitar que o mau
LEGENDA: acabamento facilite o aparecimento da cavitação originada pela alta velocidade
do jato d'água.
CD Bocal
0) Agulha @ Corpo do injetor
CD Haste GJ Aletas diretoras
3. INSTALAÇAO COM JATOS MÚLTIPLOS
@) Servo-motor ® Furos da agulha (pau entrada de ar através do oco da
0) Volante do servo-motor haste para atenuar cavitação). Instalações deste tipo (FIG. 9) começaram a surgir acompanhando a ten-
dência então existente de aumentar a velocidade específica.
FIG. 7 - Distribuidor ou injetar tipo Doble.

Essencialmente, mostra a Figura 7, o injetor é constituído de um bocal


CD ' dentro do qual desloca-se axialmen te a agulha Q) presa a uma haste (]) , sen-
do servo-motor®responsávcl pela translação do conjunto haste-agulha (além da
translação feita pelo servo-motor, pode o injetar possuir um sistema manual
tipo volante 0)., capaz de permitir o mesmo efeito).
Um acessório especial do distribuidor é o defletor de jato, cuja finalidade
pode ser assim definida: quando o rotor tende a disparar, devido ao seu desaco-
plamento do gerador, motivado por algum defeito da rede (um curto-circuito ou
uma descarga elétrica que retira a carga da linha), imediatamente o servo-motor é
acionado provocando o avanço da agulha no bocal, a fim de reduzir e cortar o
jato d'água. Todavia, tal avanço é lento (cerca de 20 a 40 segundos), espaço de
tempo suficiente para que a turbina atinja uma velocidade perigosa e superior à
velocidade crítica de giro do eixo (velocidade de disparo). Tal manobra de fecha- FIG. 9 - Instalaçâo de turbina Pelton Com jatos múltiplos.

102 103
Entretanto, surgiram três problemas construtivos relativamente sérios, sobre as superfícies em forma de concha.
principalmente em turbinas de eixo horizontal:
- Dispor os jatos na coroa de modo
de uma concha sem perturbar a saída de água
tal a permitir a evacuação da água
das outras.
- T~i'OI do .ro t.o r

- Projetar a carcassa de modo que a água saia sem circular pela periferia
da roda.
- Realizar de forma conveniente a conexão dos injetores.
Tais dificuldades, se bem que contornáveis, limitaram na prática o núme-
ro de ínjetores:
- Turbinas de eixo horizontal: dois injetares. -"
- Turbinas de eixo vertical: dois, três ou quatro injetores.
Estes valores, todavia, não são definitivos, e pode ser que osmais diversos
fatores possam indicar um maior número de injetores (há caso de turbina Pelton
de eixo horizontal com 6 injetores).
Tecnicamente falando, a finalidade da instalação com jatos múltiplos é
obter-se uma maior velocidade específica, com o que se consegue uma máquina
mais econômica e que se acopla diretamente ao gerador com mais facilidade.
Realmente, podemos aumentar a rotação no eixo usando "o mesmo tipo
de Pclton com mais de um ínjetor. Assim, para uma dada instalação com I inje-
tor, sendo TI Nl/2
TIs = }iSf4 ;?
FIG. 10 - O desvio do jato sobre a concha do rotor Pclton.
'I
Teremos: i
A maior parte do jato, tanto à entrada como à saída, mantém-se a uma

l
~~
n=ns 7N j /I (1) mesma distância do eixo de rotação, disto resultando ser:

Se subdividirmos a vazão usando Z bocais ou Z reteres, teremos:

n' = TI
s ~
H5/4
-
n H5/4
S .
r-r-r-r-r
rz--
yL.
I
C~l~ (3)

(
------
n' = n VZ J (2)
Onde:
U: velocidade tangencial
1 e 2: índices que se referem, respectivamente, à entrada c saída da con-
Logo, uma turbina Pelton de dois jatos terá sua rotação aumenta- cha.
da para 1,41 n. A equação de Bernouili generalizada, aplicada entre a entrada e saída da
concha (movimento relativo), nos diz que:

4. TRIANGULOS DE VELOCIDADES w2
w22
I PI . Li
_ .. _ P2 U~
o jato,
que o inje tor Doble cria, atinge o septo da concha (de direção
0
2g + -'Y - 2g + Z, -zg-+ 'Y 2g
+ Z2 I (4)
aproximadamente radial) e sofre, a seguir, um desvio de, mais ou menos, 180

104 105
Como: Disto resultaria C2 = 0, hipótese que leva a uma impossibilidade prática
de funcionamento, de vez que significa o acúmulo da água em um ponto da con-
PI P2 cha, sem poder sair.
----
l' I Assim toma-se necessário dar a C2 um certo valor, de modo a permitir
que a água deixe a concha. Consegue-se isso, dando a ~2 um valor diferente de
ZI = Z2 zero, de modo a fazer com que o desvio sofrido pela velocidade relativa seja infe-
rior a 180°.
UI = U2
1'1
2
Teremos:
-~
(W I = wJ (5)
1'1
A equação de Euler para as turbinas nos revela que o trabalho útil cedido
será tanto maior, quanto menor for o valor de C2, considerando fluxo radial. C
2
1'1
1
,. ...--7///,(1 _~u ": uI
U
2
C'[~~
Th = T)H • I-I-ljg (U l - CI coso , - U2 • C2 casal) (6) U
2

Assim, fazendo a velocidade tangencial à entrada igual à metade de C, FIG. 12 - Triângulos de velocidade à entrada e à saída (reais).
(U, = CI/2) e lembrando que, se U1 e C, têm a mesma direção, também WI a
5. ANTEPROJETO DE UMA TURBINA PEL TON
terá, vem
Apresentamos aqui as normas ou procedimentos para cálculo de algumas
(7) das principais dimensões do rotor e distribuidor (ou injetor) de uma turbina
WI = Cd2 e tll = O "
'r
Pelton.
Fazendo ~2 = O, resultarão triângulos de velocidades à entrada e à saída Deve-se frisar, em termos gerais, a simplicidade desses cálculos e a reco-
mendação, determinada por condições mecânicas de resistência, de não se proje-
deformados, degenerados em reta dupla.
tar turbinas Pelton com rotações que gerem velocidades tangenciais acima de
SOm/s, quando se optar pela fundição separada de conchas e coroa da roda: Nes-
sas condições, a força een trífuga desenvolvida poderá dificultar a ligação das
conchas à coroa do rotor.

CI U ~ "i ~ Uz 5.1. DIMENSIONMiENTO DO INJETaR


A FIG_ 13 representa esquematicarnente o bocal de uma turbina Pelton,
destacando suas principais dimensões:

Cl U2 ~ til ~ C/2

,_~C,
W ~ wl ~ C/2
2
f------~ ...
---~

Ul~C/2 1\~C/2

FIG. 11 - Tr iângulos de velocidade à entrada e à saída (teóricos). FIG. 13 - Principais dimensões do b0C31 ou injetor Doble.

106 107
Ncstafigura 13, sejam: Considerando: KC1 = 0,989
dI : diâmetro do jato livre g = 9,806m/s2

do diâmetro da secção de saída Q/ v'H = Ql (características unitárias da turbina)

ds diâmetro da agulha na secção de saída


Vem:
da
Ao
diâmetro do tubo adutor
área lateral de tronco de cone de revolução,
to AB
gerado pelo segmen- 0 1- =O,~41-5 ~J (10)

ao comprimento da geratriz AB
Io raio do ponto médio (centro de gravidade)
50 curso total da agulha
5_1-2. Cálculo do diâmetro da secção de saída (do) c do curso da agu-
8 2$,. que faz o eixo da agulha com a tangente ao perfil da agulha lha (so)
,J 2$,. que faz o eixo da agulha com a tangente ao perfil do bocal A secção de saída do bocal é uma superfície de revolução,cuja geratriz é
o segmento ao. Sendo esta superfície de revolução a superfície lateral de um
Co velocidade do jato na secção de saída do bocal
tronco de cone, teremos (aplicando o teorerna de Guldin):
C1 velocidade do jato livre
Ca : velocidade da água no tubo adutor (Ao = 2Tf ro - ao) (I 1)

Da figura 13, tiramos:


5.1.1. Cálculo do diâmetro do jato livre (d
J
j )

A velocidademáxima do jato livre C 1, que ocorre adiante da secção de .L (Ao = 50 " seu 8 (12)
saída, pode ser dada por:
(ro = do/2 - ao/2"cose) (13)

Donde:
( C1 = KC1 ~ / (8) .

IO = do/2 - so/2 . serre cose


sendo KC1 variável, para os modernos bocais Doble, entre 0,97 e 0,99 e H a
queda útil ou efetiva da usina. Ou seja:

C~-=-d~/2- so/2.sen28) (14)

ASSlITl,o diâmetro di do jato livre, chamando de Q a vazão turbinada, Levando (14) em (lI), vem:

será: (~l q},= (9) Ao == 27T (do/2 - so/2"sen2e) sosen8

Ou seja:
Donde:
....22....)
~l
j 4Q
Ao rr d6 (1 _ sen 2
2
e
do
So
do
sen e (15)
7TKC1T ~

108 109
Se considerarmos que: Disto resulta:
- O valor mais usual de 8 é 25°. Q
- A prática recomenda fazer o curso da agulha So em certa relação com Ao := 0,741 d6
Kc y'2g H
o diâmetro de saída do e que esta relação recomendável é: o

Donde:
(16
rt:':
do := VO,74l (21)
A equação (15) se transformará em:

(Ao - 0,741 d~) (17)


Ou:

(AO = *J
Ao poderia ser dado simplesmente

Contudo, verifica-se que:


pela fórmula:

- A velocidade do jato não é uniforme, sendo nula junto à agulha e à


( 18)
do
J K Co ~ 0,741
(22)

parede do bocal.
- Devido à curvatura, a pressão junto à agulha é maior do que junto às
Como Q IFH:= Q) (características unitárias das turbinas)
paredes do bocal.

Vem ainda:

Logo: do = j KC ~0_741
fi H
o
A pressão em Ao é superior à pressão atmosférica.
- E a energia cinética é inferior à correspondente velocidade de queda Ou finalmente:
livre.
(dO = constante y'(1"J (23)
Donde:
E para o curso da agulha, teremos:

(Co

E:
= KCo~J
(19)
G-~~;;J (24)

CQ - =- Ao·' ~o·~J;;~;-J (20)


4.1.3. Cálculo do diâmetro da agulha na secção de saída (dJ
O diâmetro ds da agulha correspondente ao ponto A pode ser calculado,
considerando-se que a máxima abertura seja de 30 a 40% da abertura total. As-
Dados colhidos em turbinas de grandes instalações permitem escrever:
sim, para:

KCo = 0,91 -----+ 0,83


t t 2 . dIo
N(CV):= 100 ~ 10.000 ~
4
:= (0,30 a 40) 7T "4-

J 10 11 I
Relernbra-se aqui, para resguardar o maior rigor e a própria segurança, que
Teremos:
o projeto exato do distribuidor requer análises mais profundas e que levem em
conta, por exemplo, o empuxo hidrodinâmico sobre a agulha e sua influencia no
(25)
ds = (0,55 a 0,63) do dimensionamento do servo-motor e, inclusive, detalhes construtivos, como aque-
le determinado pela necessidade de transformar a ponta do bocal em peça de
reposição por causa da erosão provocada pelas partículas de areia carregadas pelo
4.1.4. Cálculo do diâmetro do tubo adutor (da)
jato_
É determinado, partindo-se da escolha de um valor para a velocidade Ca
que diminua as perdas e a erosão, sem, contudo, chegar-se a um valor exagerado
para o diâmetro do tubo.
Assim, recomenda a boa prática adotar-se:

C Ca = (0,12 a 0,14) J2gH J (26)

Calculado ea, teremos (desprezada a obstrução feita pela haste):

(d," j~J (27)

FlG. 15 - Ponta do bocal subs tituível.

4.1.5. Outras dimensões Assim, o projeto mais rigoroso e completo exige conhecimentos mais pro-
Para cálculos expeditos, pode-se tornar como norma constru tiva (FIG. 14): fundos e que, certamente, fogem do objeto deste trabalho. .

5.2. DIMENSIONAMENTO DO ROTOR


dm = (1,5 a 1,6) di
1 Dentro da mesma filosofia de cálculos mais sumários e que visam funda-
L = (4,5 a,5,5) di mentalmente à ordem de grandeza, apresentamos:
G = 25°
5.2.1. Cálculo do rotor de uma turbina Pelton
~ 42°
O valor de DI (FIG. 16), diâmetro da circunferência à qual é tangente o
eixo do jato, pode assim ser obtido:
<,
/ '- ,
" \

,d
1
/~

\
\

\
.,»,
~)
D

/
\
I

I 1 " /
, ~
--- - ~- o

;,..-- t
F1G. 16 - Diâmetro da roda tangente ao eixo do jato.
FIG. 14' - Outras dimensões do bocal Doblc.

113
112
KU1
DI 11 DI n
84,5
DI n
.JH
2. Para TIl < 12 -------+ cz:u ~~ O,4~J• (32)

,/:2i H 60 y'2g H
Se Z resultar fracionãrio, adota-se o número inteiro imediatamente supe-
rior.
Onde: Taygun, após experiências mais recentes, estabeleceu para 6 < m < 35:
n: número de rotações por minuto.
g: aceleração da gravidade (aqui tomada igual a 9,806 m/s2). C Z = 15 + 0,5 m ) (33)

5.2.3. Principais dimensões e ângulos da concha


Donde resulta:
O quadro de dimensões e ângulos abaixo indicado é aquele que, segundo

(DI = 84,5 ~n -JH-=J (28)


.,
:
as esperiências, fornece os melhores resultados para as conchas.

i I
SEÇÕES E ÂNGULOS I DIMENSÕES PRL'íCIP AIS
{31= 30° a 40° B = (2,8 a 3,2) di
Na expressão (28):
II - {32= 200 a 30° L = (2,3 a 2,8) di
L KU deve ser tomado em função da velocidade específica (ns)' Assim, lU - {32= 100 a 20° T = (0,6 a 0,9) di
1 0
para turbinas Pelton: IV {32= 05 a 10° a = (0,95 a 1,05) di
0
Ku 1
ns
=

= 32
0,44 -->

-----+
0,46
10
-, V - {32 = 0 a 5° b = (0,18 a O,20)dJ

2. n será função da freqüência que se deseja obter e do número de pares +


de pólo do gerador. Assim:

(no 12:' J (29)

II

Onde:
III
p: número de pólos do gerador L
f: freqüência que se deseja obter (no Brasil f = 60 ciclos por segundo)
-rv

5.2.2. Determinação do número mínimo de conchas do rotor


Chama-se número característico de uma turbina Pelton (m) à relação entre r
o di5metro da roda (D I) e o diâmetro do jato (di)'
j'J 2 ,J 2

~ (30) --.1'--
I

~ T
-.,...
Assim, o número m ínirno de conchas do reter Pelton, segundo Dubs,
pode ser obtido por:
I.Param>12 ------->- (z = 17 + vrn) (31 ) F1G. 17 - Vistas de uma concha do rotor Pc1tono

115
114
CfiPÍTULO VI
TURBINAS FRANCIS

1. GENERALI DADES
É uma típica turbina de reação, na qual o rotor recebe a água sob pressão
na direção radial e a descarrega numa direção preponderantemente axial, haven-
do transformação tanto de energia cinética como de energia de pressão em traba-
lho.

.:'y-..
!i:-:>'

r:m
i,

~
~
.
: 7
,
,

,
l~·~~_
FlG. 1 - Instalação com turbina Francis (modelo do grupo).
Central de ~lacagu~ I (Vcnczucla) Cortesia VOITH S/A.

117
Na FIG. 1, destacamos:
CD Rotor Francis.
G> Distribuidor (envolvendo o rotor) tipo Fink.
G) Eixo ou veio da turbina.
@ Alternador.
G) Caixa espiral ou voluta.
® Tubo de aspiração.
(j) Saída para o canal de fuga.
LEGENDA:

CD Rotor
Percebe-se através desta figura 1, que a vazão trazida até as turbinas pelos (}) Distribuidor
condutos forçados é coletada pela voluta, dirigindo-se, através do distribuidor,
em direção radial para o rotor e, ao sair deste, ganha uma direção preponderante-
o Caixa espiral

mente axial, indo para o canal de fuga através do tubo de aspiração.


O campo de emprego das turbinas Francis caracteriza-se como interme-
diário entre os campos das turbinas Pelton e Kaplan, ou seja, em usinas com FIG. 2 - .Principais partes componentes de uma turbina Francis (Usina Hidroelétrica de
quedas e vazões médias. Churchill Fulls com reteres de 648.000HP).
O rotor Francis apresenta ainda, como uma de suas principais caracterís-
ticas, um íntimo contato com a água que percorre os seus canais, não sendo, por 2.1. ROIOR
isto, recomendável o seu emprego em usinas cuja água possua alto teor de sólidos De acordo com sua constituição física, encontraremos três tipos de roto-
em suspensão, o que acarretaria excessivo desgaste do rotor por erosão. Como res Francis: lento (pás aproximadamente retas); rápido (pás bem encurvadas) e
exemplo notável relativo a essa circunstância, citamos o caso da Central de Cipre- normal (situação intennediária).
ses - Chile, onde, a despeito da queda e da vazão recomendar o emprego de tur- Cronologicamente, surgiram primeiramente os rotares lentos e evoluiu-se,
binas Francis, utilizou-se, contudo, turbinas Pelton por causa do alto teor de pe- posteriormente, para os tipos normal e rápido, reteres êsses nos qúais se conse-
dra pornes na água (terrenos vulcânicos), conferindo-lhe alta capacidade erosiva. gue maior velocidade angular e maior potência, graças à maior curvatura dos
canais.

2. CONSTITUIÇAO MECANICA DA TURBINA FRANCIS


Em essência e como em qualquer turbina, a turbina Francís é também
constituída basicamente de duas peças principais:
- O rotor: órgão giratório sobre o qual age a água que foi conduzida a
de pelo distribuidor. ~

't
- O distribuidor: órgão fixo, constituído de pás (móveis em torno de seu
eixo) que formam canais, através dos quais se conduz a vazão turbinada para o
rotor.
A FIG. :1 mostra, com bastante clareza, estas duas peças principais da tur-
bina Francis, às quaís se soma ainda J. caixa espiral ou voluta (que circunda o dis- (LENTO) (NORMAL) ( R.I\.P I DO )
tribuidor) e à qual compete a tarefa de recolher a vazão c encaminhá-Ia para o
distribuidor. FlG. 3 - Diferentes tipos de rotores Francis,

118 119
Esta tendência de construir rotores velozes (com velocidades específicas Em seu projeto e construção, devem ser tomados todos os cuidados ne-
cada vez mais altas) chegou ao ponto da construção de rotores do tipo Francis cessários a fim de que:
extra-rápidos (ns igual a 450rpm). - sejam reduzidas ao mínimo as perdas por atrito nos canais formados
pelas pás;
- seja reduzida a velocidade absoluta da água à sua saída (velocidade
grande à saída é sinal de que grande parte da energia cinética deixou de ser usada
no acionamento do rotor).
A primeira condição pode ser atingida através de uma boa usinagcm (o
que é fácil, principalmente em grandes turbinas), ao passo que se satisfaz a se-
gunda condição com o uso do chamado tubo de aspiração (objeto dc estudo do
Capítulo IX).

<QiY~,,_.~;~

"-0':-.·."
~"'. ~~~~~~ .:

FIG. 4 - Rolar Francis extra-rápido (corte axíal).

Mecanicamente e independente do seu tipo, o rotor Francis é constituí-


do de uma série de pás normalmente fundidas conjuntamente (rotores menores)
ou separadamente e depois soldadas (rotores maiores) ao cubo do rotor, forman-
do um todo, por onde a água penetra radialmente, incidindo contra suas pás c
saindo na direção preponderantemente
~___ .~ --. ~_,~__ axial.
-...t y="_ -::- .• ",_~,=,,,",,,~,

- ./F ---,

FIG. 6 Esrncrilamento das faces das pós e das arestas de entrada e saída de um rolar
Francís. Cortesia VOlTH S/A.

Quanto ao material cornumente empregado na fabricação de rotores


Francis, é comum o emprego de:
Aço inoxidável ou aço doce.
Aço fundido.
Bronze.
O aço tem a vantagem de poder ter os seus defeitos de fundição e desgas-
te corrigidos por solda elétrica.
Quando as condições justificam o custo, emprega-se o rotor fundido em
aço inoxidável, com percentagem de 12% a 14·% de cromo. Esta liga metálica
apresenta grande resistência à erosão cavital e à erosão comum.
fIG. 5 - 'Rotor Francis. Cortesta vorTH SI A,

120 121
o emprego dc aço doce ocorre quando se pretende fazer economia em ... ~~-;:;:;..
relação à liga acima citada, procedendo-se apenas a um revestimento de aço ino-
xidável, por meio de solda elétrica.

2.2. DISTRIBUIDOR
Para as turbinas Francis, bem como para qualquer outro tipo de turbina
de reação, o distribuidor empregado é o do tipo Fink.
É constituído essencialmente de diversas pás dispostas em torno do rotor
e que podem girar em torno de seus eixos, orientados por um comando especial,
de modo a dar, para cada valor da descarga, o ângulo de entrada mais convenien-
te para o rotor.

FI G_ 8 - Comando das pás do distribuidor (o anel de regularização é acionado por servo--


motores parcialmente encastrados no pavimento) _Cortesia VOlT!-] S/A.

A regularização acima referida pode ser:


De comando interno: quando o anel de regularização está irnerso na
+ água que aciona a turbina e as bielas de ligação estão diretamente articuladas
sobre os eixos das pás corno indica a FIG. 9 (caso pouco comum atualmente-e só
existente em pequenas instalações).

FIG. 7 -- Anel c pás diretrizes do distribuidor (em fase de montagem).


Cortesia VOITH SI A_

o eixo de cada uma das pás é paralelo ao eixo da turbina e são comanda-
das pelo anel de regularização (FIG. 8), mecanismo constituído por um anel con-
cêntrico ao distribuidor e ligado às pás por meio de bielas que são acionadas por
uma alavanca angular. Deste modo, as pás podem girar simultaneamente de um
mesmo ângulo, fazendo a secção de escoamento variar de um máximo até o fe-
chamento total. Consegue-se assim a variação de descarga, com o que se obtém
a regularização do movimento e a constância da rotação.
FIG. 9 - Regularizaç50 de comando interno. Cortesia VOITI-I S/A.

122
123
Quando a turbina é de eixo vertical, nota-se ainda:
- De comando externo: quando o anel de regularização está situado
- A existência de duas câmaras: a câmara superior ou de entrada e a
externamente em relação ao invólucro da turbina (caixa espiral) e as bielas de li-
câmara inferior ou de desagüe (canal de fuga).
gação atuam sobre manivelas fixadas às extremidades dos eixos das pás (FIG. 8).
- A existência de comportas ou a dufa, destinada a pôr a seco a turbina,
quando se pretende repará-Ia.
- A existência de um tubo protetor envolvendo o eixo, cuja finalidade
3. INSTALAÇOES COM TUR~INAS FRANCIS
é livrá-lo dos efeitos erosivos da água.
O modo de instalar uma turbina Francís depende essencialmente da altu- Já em relação à instalação aberta e com eixo horizontal (FIG. 11), perce-
ra de queda; de acordo com este critério e com o modo como a turbina recebe a be-se que o tubo de aspiração começa por uma curva, sendo o distribuidor apa-
água podemos ter: rafusado a esta curva.
Instalação aberta: de eixo vertical e de eixo horizontal.
- Instalação fechada: de eixo. vertical e de eixo horizontal.

3.1. INSTALAÇÃO ABERTA


A turbina é colocada em um poço, ao qual vem ter a água trazída por um
canal de adução.

FrG. 11 - Instalação de turbina Francis de eixo horizontal em câmara aberta.


Cortesia VOITII S/A.

FlG. 10 - Instalação com turbinas Francis de eixo vertical em câmara aberta.


3.2. INSTALAÇÃO FECHADA
Cortesia VOlTH S/A. É o tipo mais empregado modcm arncnte , podendo ser também de eixo
horizon tal ou vertical.
~ O tipo de instalação normalmente empregado em pequenas quedas,
A turbina vem envolvida em uma caixa espiral, composta de diversos
quando se evita, então, o emprego de eixos longos e paredes de espessuras exage-
setores, tal como apresenta a EG. 12.
radas.

125
124
Faz parte também da caixa espiral um conjunto de palhetas fixas, locali-
zadas junto à entrada do distribuidor e ligadas à parte em chapas por meio de
rebites ou solda. Este conjunto de pás fixas é chamado de "pró-distribuidor' e
sua finalidade é, além de melhorar as condições de fluxo, transmitir à fundação a
,carga do manca!. Serve também para dar rigidez à caixa espiral.
I
-\

I
I

:!

FIG. 12 - Caixa espiral ou voluta de turbinas Francis,

No caso de grandes instalações, a principal finalidade de divisão em seto-


res é facilitar o transporte e, então, no local da usina, estes diversos setores são
ligados por meio de flanges.

FIG. 14 - Pré-distribuidor tripartído, em construção soldada. Usina de Três Manas.


Cortesia VOITH S/A.

4. ANTEPROJETO DE UMA TURBINA FRANCIS


Cumpre, inicialmente, ressaltar que não apresentaremos aqui os triângu-
los de velocidade à entrada e à saída de um rotor Francis, de vez que os mesmos
já foram mostrados no Capítulo IV- item 5.
Ressaltamos ainda que, nesse item, objetiva-se, apenas, apresentar o di-
mensionamento de algumas das principais grandezas da turbina Francis.

4.1. DADOS GERAIS


Como já é enorme a experiência na construção de turbinas de todos os
tipos (inclusive do tipo Francis), é possível, após análise das muitas instalações
existentes, escolher, para dado valor da velocidade específica, aquelas turbinas
que apresentaram máximo rendimento e que, assim, podem ser consideradas

··~"~·-·I
itL:\· .: ~" I
como modelo das demais turbinas de mesmo ns.
Pode-se, então, tabelar as grandezas características da série de turbinas
- _.- - :-. ,,;,.1
.'~--- semelhantes em função da velocidade específica ou, em outras palavras, tomar
essas turbinas-modelo para cada valor de ns e reduzir, pelas fórmulas da seme-
FIG. 13 - Caixa espiral fabricada em duas metades. lhança mecânica, suas dimensões e grandezas características à queda H 0= 1m e ao

126 127
diâmetro D =o l m. Assim procedendo, obtém-se o quadro abaixo:
4.2. DADOS DE PROJETO

D,mín D, max D,mín Os dados de projeto são, corno sempre:


Os QIl Bo/D, Kco Kc D,/D, -~
- Q: vazão disponível ou descarga derivável.
D, mo D, D,

0,43
H: queda útil ou efetiva da usina.
75 0,175 0,0665 1 0,59 0,18 0,62 0,62

°°°
84,5 0,223 0,085 1 0,585 0,18 0,66 0,66 0,43 n: rotação de acíonamento.
95,5 0,280 0,1065 1 0,58 0,18 0,72 0,72 0,43
109 0,345 0,128 0,98 0,57 0,185 0,78 0,76 0,43
124,5
144
0,430
0,535
0,155
0,188
0,96
0,94
0,555
0,535
0,190
0,195
0,85
0,92
0,81 2°
5'
° 0,43
4.3. CÁLCULO DAS PRINCIPAIS DIMENSÕES DO ROTOR FRANCIS
Inicia-se °
problema, calculando o valor da velocidade específica para,
0,85 0,43
169 0,680 0,233 0,92 0,520 0,20 1,00 0,90 8° 0,42
en tão, ser possível usar os valores tabelados no quadro do item 4.1.
200 0,845 0,282 0,87 0,490 0,205 1,09 0,95 11° 0,42 Assim, a velocidade específica será:
235 0,950 0,300 0,82 0,465 0,218 1,12 1,01 14° 0,41
279 1,065 0,320 0,76 0,435 0,228 1,15 1,03 16° 0,40 n N1/2
339 1,195 0,340 0,67 0,400 0,240 1,15 1,05 18° 0,39 ns =o (2)
H5/4
414 1,325 0,3 0,58 0,365 0,270 1,15 1,08 19' 0,36

onde:

Neste quadro de valores:


- Qn
expressão:
: vazão unitária

;---------------~
da série de turbinas semelhantes e que é dada pela
[N~ 7QH J 75 x 1/ (3)

Qu =o (1 )
Em primeira aproximação, pode-se adotar como provável rendimento da
turbina Francis um valor igual a 90%.
KCo: coeficiente da velocidade absoluta à saída do distribuidor.
Calculada a velocidade especifica, o quadro de valores do item 4_1. nos
KCrn : coeficiente da velocidade mcridiana à saída do distribuidor. fornecerá o valor de 011.
o
Usando o valor tabelado de Ql1, o valor de O 1 será:
Asdernais grandezas tabeladas têm o significado da FIG. 15.

[o. Ji~HJ c
(4)

Conhecido o valor de DI para um dado valor do os' pode-se calcular as


demais dimensões principais, de acordo com os valores do referido quadro (Bo
usando-se a coluna 3, DI rnin usando-se a coluna 4, D2 rnax usando-se a coluna 8
e D2 min usando-se a coluna 9).

_4 ~f ,D
2
mo" Quanto ao cálculo do diâmetro
da equação de continuidade:
D2, decorre o mesmo de aplicação direta

J
----~~- --- -- -._-- -- ---~~

( Q = rr~ • em,
FIG_ 15 ~ Principais dimensões de uma turbina Francis,

128 129

r--
Donde: A inclinação máxima das palhetas, que corresponde à máxima abertura

=_~~~~_l
do distribuidor, será, então, dada por:

(D _2
(5)

ao=arctg ~
Cmo
(8)

Onde: Onde:

( Cm, oKcm, • ~2gli J (6)

(cmo =~~o-~J (9)


Em (6), experiências realizadas para turbinas Francis permitiram con-
cluir-se que, çom razoável aproximação, KCm2 pode ser dada por:
( C'o = Kco V2gH ) (10)
no + 0,82 IlS (7)
KC =
1.000
m2
Da equação da continuidade, tira-se o valor de Do. Assim, sendo:
4.4. CÁLCULO DAS PRINCIPAIS DIMENSÕES DO DISTRlBUlDOR
O quadro do item 4.1., conhecidos IlS e DI, fornece-nos os seguintes valo-
Q = lT Do Bo Cmo
res relativos ao distribuidor:
Bo : altura da pá (obtida da relação Bo/Dl - terceira coluna).

--~~J
Vem:
KC : _coeficiente de velocidade absoluta a saída do distribuidor.

F
o
KC : coeficiente de velocidade meridiana à saída do distribuidor. Q
- (11)
mo rrBo Cmo
4.4.1. Cálculo de Do e de 0:0 (inclinação máxima das palhetas):
Consideremos a FIG. 16
- ~\ 4.4_2. Palhetas do distribuidor:
O número de palhetas do distribuidor é escolhido em função do diâmetro
/"
Do, segundo a tabela:

/
/ z ----+ 8 (10-12-14) 16 (20-22-24-28-32) 36
/
t i t
Do ----+ 250mm 1.OOOmm 7.000mm

~
-, Assim, fixado o número de palhetas segundo esta tabela, deverão as mes-
I
/
, I
/
mas obedecer às seguintes determinações:
<,
I I - O comprimento das palhetas deverá ser tal que, mesmo em sua máxi-
!. I
- I ,\ ma abertura, um observador colocado no centro da roda não consiga ver do lado
-- O '" \ externo (FIG. 16). .
O , -,
, ,\
<, " - Por razões de economia e sirnpl.icidade, uma das faces da palheta será
FIC. 16 ~ Inclinação m.íxima das p alhe tas (ao) e Do' ' feita plana (e não com as duas faces curvas, como seria ideal).

130 ,,
s _
rna x

/.

I~ I
'1

(INDUSTRIAL) (IDEAL)

FIG. 17 - Formas industrial c ideal das palhetas.


Da mesma maneira, ao invés de palhctas com espessura nula na cauda
(como seria ideal, para fortalecer a palhctas contra impacto de corpos sólidos
que atravessam a turbina), recomenda-se adotar uma espessura mínima na cauda
variável com o material deconstrução. Assim, teremos:

Aço laminado -- S mín = (2 a 5) mm


Aço fundido -----+ S mín = (3 a 8) rnrn
Ferro fundido - S rnín = (5 a IO)min
Para a espessura maxima, por razões de resistência, toma-se por base a
seguinte norma (função do comprimento da palheta); .

z 8 36
t t
l/smax 7 11

Finalmente, cumpre-nos relcmbrar que aqui objetiva-se, apenas, determi- flG. 18 - Corte longitudinal em uma usina com turbinas Francis.
Central de Saucclle (Espanha ). Cortesia VOITH S/A.
nar algumas dimensões principais da turbina Francis. Na realidade, um estudo
mais completo nos mostraria, por exemplo, ser o número e a forma das palhetas
um assunto vasto e delicado que exigirá análise das forças hidráulicas que se
desenvolvem sobre as palhetas e dos ernpuxos cíclicos da água sobre as palhe tas Nesta figura, destacamos:
do rotor (cada vez que uma palheta do rotor passa em frente a uma palheta do
distribuidor o exrnpuxo se anula; nessas condições, o diagrama de ernpuxos sobre CD Tubulação forçada
cada palheta será cíclito, havendo o perigo de coincidirem as fases dos diagramas
de todas as palhetas.Tevando sua superposição a uma série inconveniente de má-
Q) ~aixa espiral ® Servo-motores do distribuidor
ximos e mínimos do momento motor sobre o eixo). G) Pré-distribuídor @ Anel de regularização
@) Pás diretrizes do distribuidor @ Regulador de velocidades
5.. DETALHES GERAIS DE UMA INSTALAÇÃO COM TURBI-
1'fJ Rotor Francis (íl) Gerador
NAS FRANCIS '.~

Visando, finalmente, dar uma idéia geral de uma instalação com turbina
@ Veio (eixo da turbina) @ Tubo de aspiração
Francis, a FIG. 18 apresenta o corte longitudinal da Central de Saucclle (Espa- (J) Churnaceira do guiarnento (íj) Cam.! de fuga
nha), através do qual destacamos suas várias partes componentes.
133
132
CfiPÍTULO VII
TURBINAS HÉLICE E KAPLAN

1. DESENVOLVIMENTO
A tendência e também a necessidade de construir reteres mais velozes já
havia levado à construção de rotores do tipo Francis rápido e extra-rápido, com
velocidades específicas até ns = 450rpm.
Em tais reteres, já se renunciara à perfeita ação de guia da água (existên-
cia de um grande espaço vazio entre o rotor e distribuidor), o que permitiu a
obtenção de melhores rendimentos, graças a uma diminuição do atrito ..

FIG. 1 - Rotor Francis do tipo extra-rápido, onde se percebe o maior afastamento entre
a ro tor e a distribuidor.

Mais tarde, passou-se a prescindir da coroa externa do rotor, obtendo-se,


assim, o chamado rotor de hélice oblíqua (ns ~ 500 rprn) consti tu (do sim ples-
mente de robusto cubo cênico do qual saem as palhetas com suas extremidades
livres .

..

FIG. 2 - Rotor de hélices oblíquas (ns '" 500rpm).

135
Por volta de 1912, Victor Kaplan construiu urna turbina semelhante à do
tipo Francis, na qual a água penetrava na direção radial e, após deixar o distribui- '2
dor, circulava sobre o rotor e caía completamente livre, atingindo o mesmo com
direção preponderantemente axial, conforme mostra a FIG. 3. 1.

o.
FIG. 4 - CUIY:l 1') = f (a) para rotor Hélice.

Daí, foi um passo para se descobrir que havia urna estreita relação entre a
posição das hélices do rotor, a abertura do distribuidor e o rendimento ótimo.
- Pensou-se, então, em construir uma turbina dotada de um dispositivo
de regulagem que possibilitasse as hélices do rotor acompanhar a variação de
posição das pás do distribuidor, tendo-se sempre a correspondência ótima entre
~1 (ângulo que define a posição das pás ou hélices do rotor) e o: (ângulo que de-
fine a abertura das pás do distribuidor).

FIG. 3 - Idéia inicial de Victor Kaplan.

A partir daí, uma série de aperfeiçoamentos produziu a evolução da idéia


inicial até as formas atuais, tanto dos rotores Hélice como dos rotores Kaplan,
Assim:
- Como primeiro estágio do aperfeiçoamento, suprimiu-se a coroaexte-
rior do rotor.
- A seguir, decorrência natural de pesquisas e experiências, percebeu-se
que a curva do rendimento em função das diversas aberturas das pás do distribui- ~
dor apresentava-se sempre muito aguçada para o rotor com hélices fixas, sinal de ~
que tal turbina só operava com bons rendimentos para determinadas posições das
pás do distribuidor (aberturas correspondentes a vazões próximas da vazão de
I ~
FIG. 5 Angulos C1. e {l, que definem as posições das pás do distribuidor e rotor, respec-
projeto). tivamente.

136 137
Apresentam máximo rendimento com uma admissão um pouco inferior à
Assim, as turbinas deste tipo, com pás móveis no rotor, passaram a ser
máxima (Q == 80%) e seu rendimento alcança 80%, não ultrapassando em muito
chamadas de turbinas Kaplan , enquanto as de pás fixas receberam a denomina-
este valor devido ao choque da água com as pás do rotor.
ção de turbinas Hélice. Relativamente às turbinas Kaplan , possuem um maior número de pás,
Resulta, assim, ser a curva da turbina Kaplan a envoltória das curvas de
com o que se visa melhorar a condução da água, sendo ainda as suas pás geral-
rendimento de diversas turbinas-hélice. mente maiores que as da correspondente turbina Kaplan,

rz 2.2. DETALHES DA INSTALAÇÃO


São normalmente instaladas com eixo vertical, pois as turbinas Hélice são
TURBINA KAPLAN empregadas em instalações com pequenas quedas e porque tal disposição oferece
maiores facilidades de montagem.
A montagem pode ser em câmara aberta ou em caíxa espiral, esta normal-
mente de concreto revestido de chapas de aço.
Quanto ao sistema de rcgulagem, pode-se facilmente perceber ser o mes-
mo bem mais simples que o usado nas turbinas Kaplan , uma vez que o sistema
])2 somente atuará sobre as pás do distribuidor.
Cumpre ressaltar, por final, que as turbinas Hélice têm emprego difundi-
do apenas nas chamadas usinas de base, onde trabalham com bom rendimento,
pois tais usinas, que normalmente atendem a parte invariável do diagrama de
consumo, não operam com bruscas variações de carga.
Não dispondo de mecanismos de regulagem das pás do rotor, são bem
Ó--
o: ci' d.' mais baratas que as turbinas Kaplan.

FIG. 6 - Curva '] = f (a) de uma turbina Kaplan,


3. TURBINAS KAPLAN
2. TURBINAS H~L1CE
3.1. DETALHES DE CONSTRUçAo
2.1. DETALHES DE CONSTRUÇÃO Diferem, em essência, das turbinas Hélice pelo fato de terem as pás do
constituída de uma ogiva fundida juntamente com as hélices, sendo
rotor móveis.
É

normalmente todo o conjunto de aço fundido e preso ao flange do eixo por meio A FIG. 8 mostra as principais partes da turbina propriamente dita.
de parafusos.

FIc. 8 "- Principais peças de uma turbina Kaplan.


FlG. 7 - Turbina Hélice.

139
138
Na figura 8:
P: pás do rotor (móveis).
:;:,;:,'-~-"
D: pás do distribuidor (tipo Fink),
R: vareta de regulagem das pás do rotor.
H.~ eixo oco.
S:: luva de proteção.
r: anel de regulagem (pás do distribuidor).
Abordando, em separado, as diversas partes, temos:
- Rotor: Tem o formato de uma ogiva cônica, o que melhora a condu-
ção da água até o tubo de aspiração.

~
FIG. 10 - Eixo ou veio de uma das turbinas Kaplan de Três Marias.

CD Servo-motor da roda.
I]) Êmbolo do servo-motor.
Q) Anel de impulso.

@ Flange (ao qual será preso o cubo do rotor).


G) Hélice ou pá do rotor.

FIG. 9 - Rotor Kaplan visto do fundo do tubo de aspiração.

- Distribuidor: ,É do tipo Fink, o mesmo empregado nas turbinas


Francis, porém situado bem mais acima do rotor.
Suas pás podem ser também executadas em aço fundido e o número
delas varia com o tamanho da turbina. A parte inferior apeia-se sobre um aro
A parte em que são acopladas as hélices é chamada de "cubo do rotor", embutido no próprio concreto e sua parte superior é vazada pelos eixos de suas
sendo as hélices, normalmente, de aço fundido. pás, cujas mudanças de posição são feitas pelo anel de regularização comandado
O "cubo do rotor" ou corpo da roda é preso ao flange de um eixo oco, por servo-motores.
assim construído para permitir a passagem da vare ta reguladora emcuja extremi- Do ponto de vista funcional e construtivo, trata-se do mesmo distribuidor
dade existe uma cruzeta. O conjunto vareta reguladora-cruzeta é preso ao êmbo- usado em turbinas do tipo Francis. A diferença maior fica por conta do seu posi-
lo do servo-motor, podendo, então, deslocar-se no sentido axial, com o que se cionamento em relação ao rotor, ou seja, no caso das turbinas Kaplan é o mesmo
torna possível, por meio de hastes c alavancas, fazer com que a hélice ou pá gire colocado um pouco acima do rotor, de maneira tal que, após deixar o distribui.
em torno do seu eixo (regulagern das pás do rotor). dor, a água circula sobre o rotor e cai completamente livre, atingindo-o (ao ro-
tor) com direção preponderantcmenr- axial.

140
141
FIG. 12 - Instalação típica de pequena potência.

- Instalações de grande potência: Empregada onde existem grandes


vazões ou valores maiores da altura.

FIG. I I - Corto longitudinal de uma usina com Turbina Kaplan. Cortesia VOlTH S;A.

Nesta figura 11, que fornece a idéia global, destacamos:

CD Rotor Kaplan.
(2) Anel de regularização.
@ Distribuidor Fink,
® Tomada d'água com grades e máquinas
® Caixa espiral.
limpa-grades.
FIG. 13 - Instalação com turbina Kaplan para grandes vazões.
@ Eixo ou veia da turbina. @ Porta de acesso ao rotor.
® Manca! guia-inferior. @ Tubo de sucção. Quando a queda útil ou efetiva ultrapassa, normalmente, 30 metros, é
mais comum a instalação mostrada na FIG. 14.
® Mancal de escora. @ Gerador.
(j) Mancal guia-superior. Q3l Canal de fuga.
® Servo-motor. © Ponte rolante.

3.2. DETALHf;:SDE INSTALAÇÃO


São, de preferência, instaladas com eixo vertical, se bem que instalações
com eixo inclinado ou horizontal também existam.
Normalmente, o tipo da instalação depende dos valores de H e Q. Assim,
aprcsen turnos:
Instalação típica de baixos valores de H e Q: FIG. 14 - Instalação com turbinas Kaplan (H> 30m).

14:' 143
zada através da análise extraída da experiência com numerosas instalações exis-
_ Instalação com eixo horizontal: A ·FIG. 15 mostra um arranjo raro e
tentes.
somente usado quando condições locais particulares assim o exigirem.

ns Ql1 Do/Dl Kc KCo v=ddD1 Z


mo

300 1,15 1,10 0,262 0,432 0,56 8


400 1,31 1,10 0,280 0,412 0,45 5 ou 8
500 1,47 1,10 0,295 0,397 0,43 5
600 1,62 1,10 0,305 0,388 0,41 5
700 L78 3,10 0,312 0,382 0,40 4 ou 5
800 1,93 1,10 0,320 0,380 0,38 4
900 2,09 1,10 0,326 0,378 0,36 4
IODO 2,25 1,10 0,332 0,377 0,35 3 ou 4

Nesta tabela, as grandezas têm o significado das FIGs. 16 e 17.


FIG. 15 _ Instalação de turbina Kaplan com eixo horizontal.

4. ANTEPROJETO DE UMA TURBINA KAPLAN


Aqui, como flzemos 'para as turbinas Francis, apresentaremos o dimensio-
namento, apenas, de algumas das principais grandezas da turbina Kaplan.
Cumpre salientar, contudo, que o dimensionamento segue a teoria clássi-
'-i
ca de Euler (teoria,monodimensional), sendo o mesmo aplicável, preferencial-
mente, a turbinas Kaplan de menor ns' Para turbinas de grande velocidade espe- ////
cífica, esta teoria de dimensionamcnto afasta-se bastante da realidade, roman-
do-se imprescindível aplicar a teoria bi-dimensional (que aqui não apresentamos).
O procedimento de cálculo é, então, o seguinte: . v/
"" L,V
r, ...
..7 DO
_ Considerados como dados de projeto os valores de TI, Q e n e adotado
um rendimento total segundo quadro abaixo.

100 1.000 50.000 Di


N(CV)
90 93
1] (%) 88

Calcula-se N e TIs de acordo com:

(N -'-it-nJ
c
(1)

TINII2 (2)
/
ns == 5/4
//
H
FIG. 16 - Principais dimensões da turbina Kaplan.
Obtida a velocidade específlca TIs' consulta-se a tabela abaixo, organi-

145
144
Cmo KC y2gH (7)
mo "
/

KC : fornecido pela tabela.


mo

- O número de palhetas do distribuidor é fixado em proporção com o


o
O diâmetro Do. Aconselha-se tomar:"

Do(mm) --+ 1.000 2.000 7.000

z --+ 16 24 - 28 ~ 32 - 36

- A curva de concordância superior (FIG. 15) é uma elipse de CLXO verti-


cal a c horizontal b definidos por:

FIG. 17 - f., de velocidades à saída do distribuidor.


G=~) (8)
_ Retirado
culamos D, e Do, assim:
da tabela o valor de Qll para o valor de ns dado por (2), cal-
(b == D 1
~d1 J (9)

Q (3)
Qtl == D1..jH Onde:

Donde:
G:3 (v fornecido pela tabela) (10)

- A curva de concordância inferior é uma circunferência cujo raio r e é


definido por:
Di == j Q
(4) ~------
Do -DI J
( re == 2 (11)

Da tabela temos, ainda Do/Di = 1,1. Logo:

(5)
(Do=1,[Dl)

_ Altura 80 do distribuidor será, então:

Q (6)
Bo ==
7T Do Cmo

Onde:
147
146
CfiPÍTULO VIII
CURVAS CARACTERfsTICAS DAS TURBINAS

1. GENE RALlDADES
Ao engenheiro que projeta uma turbina hidráulica ou mesmo àquele que
vive o ambiente cotidiano de uma usina h idroelétrica, toma-se necessário conhe-
cer o comportamento de urna turbina, quando se fizer variar algumas das grande-
zas que intervêm no seu funcionamento, a fim de se poder estabelecer o campo
de emprego da mesma, dentro da faixa em que o rendimento é considerado ainda
aceitável.
Via de regra, uma turbina, como qualquer outra máquina, é sempre proje-
tada com a fmalidade de executar um certo serviço; entretanto, circunstâncias
de ação isolada ou simultânea vêm, quase sempre, exigir o funcionamento da
mesma em situações diferentes daquela para a qual foi construfda, Dentre estas
circunstâncias, podemos citar:
- Variação na demanda da energia gerada;
- Variação da queda, no decorrer do ano, em função dos períodos de
estiagem e cheia (especialmente em instalações com barragens e nas de baixa
queda);
- Variação na freqüência da energia gerada. Isto ocorre em países onde
;'.: não é uníficada a freqüência da rede elétrica, quando uma usina for solicitada a
operar cm série com usinas que geram energia em freqüência diferente.
Para atender, então, a esta necessidade, a primeira usina deverá gerar
energia em outra freqüência, o que implica a necessidade de operar em nova rota-
ção.

2. GRANDEZAS QUE INTERVEM NO FUNCIONAMENTO DE


UMA TURBINA
Intervêm no funcionamento de uma turbina hidráulica 6 grandezas, a
saber:
A queda disponível H
A descarga Q
A potência útil N
A velocidade do rotor n
O momento de torsão M
O rendimento 7)

149
Estas grandezas, muito ao contrário de serem independentes, interligam- o conhecimento destas duas grandezas permitirá a determinação da potência efe-
se por meio de equações distintas, formando um sistema de três equações com tiva N (usando-se a expressão 2).
três variáveis independentes. - A determinação do rendimento se obtém através do uso da fórmula:

l~EQUAÇÃO: N (potência efetiva)


11

(N=~ . ') . 75 x 11
(1)
Onde:
N+ (potência disponível)
(4

Onde N é a potência útil ou efetiva no eixo da turbina.

2aEQUAÇÃO:
(w ~ 7~H J emCV (5)

( N= M-W)
~-
75
(2) N
tt
lYfn (6)
30 x 75

7fxn
Onde w = =:-- é a velocidade angular e M o momento de torsão.
30

33 EQUAÇÃO:
t:
a equação que fornece o rendimento, levando-se em consideração a in-
fluência dos elementos constitutivos da turbina, como o formato de suas pás e o 3. DIAGRAMAS TOPOGRAFICOS OU CURVAS DE NíVEL
estado superficial de suas paredes. DAS TURBINAS
Por não ser possível obter uma expressão simples que interligue estas cau-
sas e seus efeitos, há a necessidade de recorrer-se a processos experimentais de Tais curvas constituem o retrato do funcionamento da turbina nas mais
diversas si tuações.
medição.
Os meios que empregaremos e que nos possibilitarão medir, a cada instan- _ A obtenção das mesmas consegue-se assim:
te, as grandezas l-I (altura útil) Q (vazão), N (potência efetiva), n (rotação) e - A turbina será ensaiada sob a queda de 1m. Assim, os valores obtidos
11 (rendimento), serão, respectivamente: serão as características unitárias (N,. Ql e ri.) da máquina.
~ A instalação de manôrnetros c vacuômetros, à entrada e à saída da tur- - Tomaremos a abertura Ct das pás do distribuidor (com o que fica deter-
bina, e cuja soma das leituras, feita convenientemente, permitirá determinar a minada a vazão) como parâme tro de cada curva.
altura útil H. - As equações usadas serão as equações (4), (5) e (6)-
Tal grandeza (altura útil) pode ser obtida também por meio da fórmula: O procedimento passa, então, a ser o seguinte:
- Para uma abertura a constante das pás do distribuidor, atua-se sobre o
C H = H* - 6[-! ) (3) freio Prony de modo tal a fixar, para cada instante, o valor do momento de t or-
são M e faz-se, para cada valor de M, a leitura da correspondente rotação no eixo
H': queda topográfica
(n) com o tacômetro ou o estroboscÓpio.
61-1 : perda decarga nas o bras de transporte da água para a turbina.
A cada par de valores Me n corrcsponderão valores N e TI, determinados
- Ver te dores ou outros processos de medição que permitam determinar a partir das equações acima especificadas,
a vazão Q (constituída pela vazão que cede energia à turbina e pela vazão de - Em um diagrama cartesiano (N 1 em ordenadas c nl em abcíssas, mar-
ruga). cam-se os diversos pon tos (N 1, n.), ao lado dos quaís escreve-se o correspondente
- Freio de Pr ony que permitirá determinar o momento de torsão e taco- valor do rendimento.
me tro ou cstroboscópio que permitirá determinar a rotação n no eixo da turbina. Obteremos, assim, para uma certa abertura ('(o mostrado pela Figura 1_

150 151

BIBLIOTECA -i
l
4. CURVAS QUE PODEM SER OBTIDAS DOS DIAGRAMAS
N TOPOG RAFICOS
1
Dentre as muitas curvas interessantes que podem ser extraídas dos diagra-
mas topográficos, duas merecem um destaque especial pela importância das in-
formações fornccidas: são as curvas 7)::: f(a) e Ql ::: f (ri.).

- Curva 7) = f (a):

É traçada para n (rotação) e H (queda) constantes, o que implica ter-se


DI (rotação unitária) constante, de vez que: .


(u, ;R-J
c
(7)

No diagrama topográfico, determinado o valor de TI1 por ele traça-se uma


n
1
paralela ao eixo das ordenadas, obtendo-se para cada valor da abertura a cor- °
respondente valor do 7) da turbina.
FIG. 1 - Diagrama N I ~ f (nl) para c constante. As curvas obtidas terão aspectos diferentes de acordo com, o' tipo da tUT-
bina, como mostra a Figura 3.
A repetição do procedimento para as diversas aberturas das pás do dis-
tribuidor e, posteriormente, a união dos pontos de igual rendimento nos levará à
Figura 2. '7

+>
N
.• n(ll-
1

d.. 5

K
0:.
A
4 p
L
A
N

o:
FIG. 3 - Curva 1] ~ r (a) para os diferentes tipos de turbina.

n A análise destas curvas leva-nos às seguintes conclusões:


1
- O rendimento de uma turbina Kaplan rnan térn-se com um valor eleva-
do para quase toda a faixa de variação da abertura 0:, o que a indica como a tur-
bina mais adequada para trabalhar em instalações com grande oscilação de carga.
FlG. 2' - Diagrama topográfico ou curva de nível da turbina.

152 153
- A turbina Pelton, se bem que em escala menor que a Kapian, é tam-
bém uma turbina que aceita variações de carga (principalmente nas vizinhanças Q1
do ponto de máximo rendimento, sem afetar em muito o rendimento).
- A turbina Hélice não uma turbina adequada para instalações onde há
é

variação de carga, uma vez que seu rendimento cai assustadoramente tão logo
seja posta a operar em abertura diversa da de máximo rendimento.
- Finalmente, a turbina Francís apresenta uma curva intermediária entre
a Pelton e a Hélice.
- Curva Ql = f (n.}:
Procedendo-se a ensaios, verifica-se que essa curva assume um andamento 0:2
para cada tipo de turbina.
- Para as turbinas Pelton , a representação de Ql é uma paralela ao eixo
de 111> significando que, nessas turbinas, e apenas nessas, a vazão é rigorosamente
I
I
'~
------~-~------------~
n
independente da rotação. 1
FiG. 5 - Curva Q, = f [n,) para turbinas Francis lenta.

- Para as turbinas Francis rápida, Hélice ou Kaplan, a curva Q I = f (nl) é


ascendente, tanto mais ascendente quanto maior for a velocidade específica (n,)_
Q1 Isso recomenda o uso dessas turbinas para as instalações de baixa queda.
cO De fato, nestas instalações o nível de montante (geralmente o de um reservatório)
é mantido constante duran te todo o ano, sendo, geralmente, o que corresponde à
cota máxima do reservatório; o nível de juzante é, porém, uma função das cheias,
CÀ.2 subindo por ocasião dessas. Com isso diminui-se a queda, podendo-se, todavia,
sustentar a potência N, uma vez que com o aumento de n I (H diminui para a
mesma rotação) aumenta a vazão, compensando o descréscimo de H.
CJ\...1

(
°1
n1 o: 2
(:(1

FIG. 4 - Curva Q, ~ 1(0,) par" turbina Pclton ,

- Para as turbinas Fr ancis lentas, a curva Ql = f (nl) é descendente, DI


significando que a vazão diminui quando aumenta a rotação ou quando baixa a
queda.
fIG. 6 - Curva Q, = f (n,) paro turbinus Francís rápida, Hélice e Kuplnn

154
155
OBSERVAÇÕES:
Diversas outras curvas podem ainda ser obtidas dos diagramas topográfi- N -+
1
cos, mediante o emprego conveniente das fórmulas fundamen tais da semelhança
mecânica.
Assim, por exemplo:
N '" f (H) {n" constante
Q '" f (H) para
1] '" f (H) Q'" constante
c{"
N zz f (a) { n cc constante
Q '" f (a) para
T]'" f (a) H'" constante ri'

TIl
FIG_ 7 - Turbina com diagrama em vértice íngreme (funcionamento instável).

Turbina com colina de rendimento terminando em um pla tcau acha-


tado. A turbina serve tanto ao funcionamento em queda variável quanto em car-
ga variável.
5. ESCOLHA DA TURBINA A SER EMPREGADA A PARTIR
DA FORMA DAS CURVAS TOPOGRAFICAS N
---, 1
É possível escolher a turbina apropriada para uma certa instalação sim-
plesrnen te investigando a forma da colina de rendimento no diagrama topográ-
fico.
Pelo já exposto, quando H varia, permanecendo n constante, o ponto de
funcionamento se desloca para a direita ou para a esquerda no sentido de nl'
Quando a carga varia, variando conseqüentemente N, o ponto de fun-
cionamento se desloca para cima ou para baixo na direção de N I'
Conseqüentemente, as turbinas próprias para trabalhar com H variável c("
são aquelas cujas curvas de nível se estendem paralelamente a nl, de forma a
fazer com que, mesmo para grandes variações de

nl =' 7H
n
'o rendimento
.
pouco se; altere.

n
o inverso poderia dizer-se para as turbinas que devam trabalhar sob carga 1
FIG. 8 - Turbina com diagrama tipo platenn acharado.
variável: o andamento das curvas de nível deve acompanhar a direção do eixo N.
Examinemos os cases dos diagramas das figuras 7, 8, 9 elO: As curvas de rendimento acompanham, alongarias, o andamento das
- Turbina com diagrama terminando em um vértice íngreme (curvas curvas de potência, estendendo-se prevalentemeI1te na direção do eixo nl'
muito próximas). Traduz um funcionamento instável, caindo o rendimento rapi- São turbinas especialmente adaptadas ao trabalho sob queda variável (n
s
damente tanto para variação de queda quanto para variação de carga. variável - caso das turbinas Hélice). Tais turbinas não servem, entretanto, para o
funcionamento com carga variável.

156
157
( .
6. VELOCIDADE DE DISPARO
Nl
Chama-se assim aquela. velocidade sob a qual toda a potência motora da
turbina é absorvida pelas resistências parciais. Não há, pois, trabalho útil, sendo
nulo o rendimento.
importante conhecer-se exatamente o valor máximo que pode atingir
É

essa velocidade. Evidentemente, esse valor máximo se dará quando a abertura


for total.
C(I\ De fato, se não tiver sido prevista, no dímensionamento do rotor, a soli-
citação devida à força centrífuga desenvolvida sob a velocidade de disparo, pode-
rá ocorrer uma ruptura perigosa quando a mesma se verificar. .
A velocidade de disparo no diagrama (7), n), corresponde ao ponto para
o qual 7) é nulo (FIG. 11).

n
1

FiG. 9 .- Turbina própria paro H vari.ível e Q constante.


1
_ As curvas de rendimento são alonga das na direção do eixo N i- de-
mon st ran do qll~ mesmo para largas variações de carga (potência) o rendimento CJ...
\\

pode permanecer bOI1L ;:\:10 são adequadas, entretanto, para trabalho cm instala-
ção onde há variação de queda (n, variando, cai muito o rendimento). I
ú'

N
1

r
I
velocic:J.de de disparo

cf.\\
FIG. 11 - Diagrama mostrando" situação de velocidade de disparo.

Nesse diagrama, a velocidade de disparo paf:l Ci == (20% a 13%) de abertu-


ra corr esponde, aproximadamente, à rotação normal da turbina. Esse ponto
n
1 de funcionamento é conhecido corno "marcha em vazio".
De acordo com o tipo da turbina, a velocidade de disparo máximo (Ci ==
FlG. 10 - Turbina própria para H constante e carga vari.ivcl. 100%) é uma função da velocidade normal de regime n , segundo o quadro:

1-;:;:: 159
- I 'I
!
CfiPÍTULO IX
ns 200 350 500
1
-
FRANCIS
I nmáx/n 1,9 2,3 I 2,5
TUBOS ASPIRADORES
I
I
( I
ns 400 600 I 900
HÉLICE E KAPLAt'i I
2,4 2,2 2,0 1. FUNÇÃO E LOCALIZAÇÃO
nmáx(n
I Os tubos aspiradores difusores são empregados somente em instalações
hidroelétricas com turbinas de reação (Kaplan, Hélice e Francis) e sua localização
corresponde à posição mostrada no esquema abaixo.

Para as turbinas Pelton, em média:

[ n~,áx = 1,9 J

LEGENDA

CD Reservatório
o Barragem
(}) Pcnstock (Tubulações forçadas)
0D Turbina
CD Tubo aspirador L- --'
.:_::~:
® Cmal de fuga

FiG. 1 - Localização do tubo de aspiração.


~"''_v/

Seu emprego é conseqüência dos seguintes fatos:


1. Não convém, por razoes construtivas, colocar a turbina subrncrsa c
nem muito próxima do nível d'água do canal de fuga (perigo de inundação da
casa de máquinas e facilidade de inspeção).
2. Se a turbina for colocada muito alta e se a água abandona o rotor à
pressão atmosférica, perder-se-a, além de uma considerável fração da queda, uma'
certa quantidade de energia ciné tica correspondente à velocidade da água que
abandona o rotor.

161
160
Esta energia cinética residual à saída não é grande em instalações com Onde:
turbina Pelton (apenas de 1% a 2% da queda), mas em instalações com turbina
Kaplan pode ser superior a 50% da energia total da queda. Th -----+ trabalho motor.
Os tubos aspiradores têm, então, uma dupla função:
I. Recuperar a energia correspondente à altura de queda entre a descarga
Chamando de H à queda útil (onde já se levou em conta a perda de carga
da turbina e o nível da água a juzante (canal de fuga). ao longo das tubulações forçadas), teremos:
2. Recuperação da energia cínétíca residual, ou seja, promover o abaixa-
mento da energia cinética da água entre as duas secções citadas.
PI Ci
H = h, +- -- +- -2- + L1HD
'Y g (2)
2. RECUPERAÇÃO DA FRAÇÃO DE QUEDA
Onde:
Consideremos o esquema abaixo, onde se nota existência de um tubo
reto adaptado à saída do rotor e tendo sua outra extremidade imersa no canal de
L'lHD : perda de carga no distribuidor.
fuga.

-T

I Combinando (1) e (2):

H* L1H
TIl P2 C~ ~
H - h2 - -- - ~ - (i'lI-IR +- MID)
'Y 2g (3)

f'TIl~n A definição de rendimento hidráulico nos permite escrever:

lJ ]h,
11
1 'I !I~~~

H - Cª/2g - L'lEr
7)I-I
j ")
- - - - ~
H

------------
- - - --
Donde:

FIG. 2 - Instalação com tubo de aspiração cilmdrico ,


C H - C~ /2g - 61IT == 7) H . H)
(4)
Se a água percorre o referido tubo sem contato com o ar, podemos espe·
Levando esse valor em (3):
rar que seja criada urna depressão à saída do rotor.
Caracterizando a seção de entrada do rotor pelo índice 1, a saída pelo
índice 2, teremos aplicando Bernoulli entre I e 2 e chamando de i'll-lR as perdas
no rotor, decorrentes .doatrito:
[ T h ~ "fl . 11- h, .. ~ J cxp'''''''' ""Ido Th (5 )

2 1. Não havendo tubo de aspiração:


hI +
PI +- C 1 h2 +- P2 +
C~
+ L1HR +- Th (1)
'Y 2g 'Y eao pz
'Y
o (pressJo atmosférica em termos de pressão efetiva).

162
163
Aplicando Bernoulli entre 2 e o nível de água à juzante (ponto 3). tere-
Logo.
mos:
(6)
~--------------------------------~
( Th ~ 17H - H-h2] P2 C~ cj
-- + -- + h2 = -- + 6Ht (9)
'1 2g . 2g
2. Havendo um tubo de aspiração cilíndrico:
Aplicando Bernoulli entre (2) e (3) (nível da água à juzante).

P2 C~ c1 (7)
h2 + + -2-
g
= O + O+ -.,-
~g
+ [Ü1t . C~
'1 Desprezando 6Ht e considerando ~ = 0, teremos:

Desprezando 6H (perda de carga no tubo de aspiração)


t
que C2 = C3 (tubo cilíndrico), vem:
e considerando
[-:-~--:,~~ (10)

P2
h2 =' - I

Levando esse valor no. expressão geral de Th:


Levando (10) na expressão geral de Th (expressão 5):

( Th =' ~H'HJ ." ...


(8)
Th = ~H - H-h2 -(-h2 -
c2
2~)

Esta expressão nos mostra [comparando-a com (6)] que, com o tubo
cilíndrico, houve uma recuperação de energia correspondente à fração de queda
c~
h2·
Th T]w H + (11 )
2g

3. RECUPERAÇÃO DA ENERGIA CINÉTICA RESIDUAL

Tal expressão nos mostra que, em relação ao trabalho motor dado pela
expressão (8) (tubo cilíndrico), houve um acréscimo do mesmo num valor igual
à energia cinética residual.
c1 não é nula. Logo:
Na verdade, entretanto,
2g

Ci - C5
Th = ~H' H + 2g
(! 2)

Pode-se, então, após esses raciocínios, criar o quadro abaixo (um resumo
comparativo):
FIG. 3 - Tubo de aspiraç;lo cônico-divcrgen te.

165
164
4.2. TUBO DE PRASIL
SITUAÇÃO TRABALHO MOTOR A fim de corrigir o inconveniente do tubo de perfil tronco-cônico, Prasil
propôs um tubo em que houvesse uma recuperação uniforme de pressão ao longo
Sem tubo aspirador Th '" T/H . H - h2 do eixo do tubo.
Seus estudos, orientados no sentido de evitar movimentos turbilhonares,
Com tubo cilíndrico Th",T/H· H fizeram com que se adotasse a hipótese de que o turbilhonarnento não ocorreria
se o retardamento da água no tubo fosse proporcional ao valor da velocidade
Com tubo divergente Th == T/H . H + (C~/2g - C~/2g) . J axial, o que o fez chegar à seguinte lei de variação para as paredes do tubo:

4. FORMA OU PERFIL DOS TUBOS DIFUSORES


c~:~~~ (13)

Onde:
A determinação do perfil mais conveniente para o tubo aspirador tem
Z: distância da seção genérica de raio r a um plano de referência normal
sido uma preocupação constante tanto do projetista como do fabricante de tur-
ao eixo.
binas. '
r: raio de seção genérica.
Assim, o perfil do tubo de sucção tem sofrido, com o passar do tempo,
diversas modificações no sentido da procura do perfil que possa manter a conti-
nuidade do movimento com o menor número de perdas hidráulicas e, nesta evo-
lução, o tubo aspirador apresentou os seguintes perfis:

4.1. TRONCO DE CONE


É o tipo mais simples e primitivo de tubo aspirador.
Tem o aspecto mostrado na FIG. 4, e seu inconveniente principal decorre
do fato de fazer com que a maior parte da conversão de energia cinética em ener-
gia de pressão se processe na parte inicial do tubo, não sendo, conseqüentemen-
te, uniforme a recuperação de pressão, o que dá origem a movimentos turbilho-
nares que diminuem o rendimento do tubo e provocam ruídos incômodos.

/)
f!/
)j
T z

I
nc. 5 - Tubo Prasil.

A FIG. 6 faz uma comparação entre o perfil de um tubo Prasil e um tubo


tronco-cônico. Vemos nela que o ângulo de difusão é - para o .tubo Prasü _
FIC. 4 - Tubo aspirador tipo tronco de cone. menor à entrada e maior à saída.

166 167
Para determinar a posição do plano de referência, consideremos a FIG 8.

-.
2
~
I

H
A

Z2

- - - - -
Z3

FIG. 6 - Comparação entre o tubo Prasil e o tronco-cônico.

FIG. 8 - Determinação da posição do plano de referência.


5. DIMENSIONAMENTO DE UM TUBO ASPIRADOR TIPO
PRASIL
.É essencial no dimen.sion;unento de um tubo aspirador tipo Prasil a esco- "•.• --- 1
<

lha do plano de referência, pois, quando tomado muito próximo da seção [mal, - O diâmetro D3 (correspondente à seção de cota igual à do nível de
leva a um tipo de tubo onde ocorre o dcsloc;unento da veia líquida, conseqüên- água no canal de fuga) deverá ser tal que, nesta seção, a energia cinética residual
cia de um ângulo de difusão muito exagerado à saída (FIG_ 7). seja a correspondente a uma velocidade inferior a 1% da velocidade de queda
livre (para a altura H).

Assim:

(C 3 = (0,005 a 0,01) ~ (14)

[ DJ = J -- 4xQ
X C3
tt
J (15)

O diâmetro D2 pode ser assim obtido: tendo sido realizado um exame


de grande número de turbinas dos mais diversos tipos e tamanhos e tomando por
base aquelas que apresentaram rendimentos considerados bons, constatou-se que
entre suas diversas dimensões ex.istiam relações mais ou menos constantes para
um mesmo valor da velocidade específica. Então, tabelas foram feitas correlacio-
nando dimensões e 'mesmo outras grandezas em função da velocidade específica;
estas tabelas são as seguintes:
FIG. 7 -' Difusão c descolamento da veia líquida.

169
168
Do

~:::~,}~ . D
DI 1min
o

~ ~il D2m~~

o----------+-----D2m~x

fIG. 10 - Turbina Francis (dimensões principais).

* TURBINAS FRANCIS

/
Do DlmiJl D2 D2ma.,x. D2min
Kc
FIG. 9 - Turbina Kaplan (dimensões principais).
ns o.: -
DI DI DI DI DI
KC
mo mo

75 0,175 0,0665 1 0,62 0,62 0,43 0,59 0,180


1

85 0,223 0,085 1 0,66 0,66 0,43 0,585 0,180


96 0,880 0,1065 1 0,72 , 0,72 0,43 0,58 0,180
* TUREIN AS KAPLAN 0,345
'\ 109 0,128 0,98 0,78 0,76 0,43 0,57 0,185
di 125 0,430 I 0,155 0,96 0,85 0,81 0,43 0,555 0,190

ns QI1
Do KC
mo
Kco -
DI
Z 144 0,535 I 0,188 0,94 0,92 0,85 0,43 0,535 0,195
DI 169 0,680 0,233 0,92 1,00 0,90 . 0,42 0,520 0,200
8 200 0,845 0,282 0,87 1,09 0,95 0,42 0,490 0,205
0,262 0,432 0,56
300 1,15 235 0,950 0,300 0,82 1,12 1,01 0,41 0,465 0,218
0,280 0,412 5 ou 6
400 1,31 \~ 1,10 0,280 0,40 0,435
0,43 5 279 1,065 0,320 0,76 1,15 1,03 0,228
1,47 1,10 0,295 0,397
500 0,41 5 339 1,195 0,340 0,67 1,15 1,05 0,39 0,400 0,240
1,62 1,10 0,305 0,388
600 4 ou 5 414 1,325 0,360 0,58 1,15 1,08 0,36 0,365 0,27~
1.72 1,10 0,312 0,382 0,40
700 4 -~- --
1,10 0,320 0,380 0,38
800 1,93
\ 0,326 0,378 0,36 4
900 2,09 1,10
0,337 0,35 30u4 De posse destas 'tabelas, a seqüência no raciocínio é, calculada a velocida-
0,332
1000 2,25
I 1,10
i de específica, tirar das tabelas o valor correspondente ao engolimento (QIl).

170 171
Como: SOLUÇÃO:

Q a) Potência:
QlI ==
Di v'fI N = --
7QH
x1)t
1000x 10 x 105
x 0,9 12.600CV

-·_~
75 75
Teremos:
b) Tipo de Turbina:

G J =
_

Com o conhecimento
Q
. QI1-JH

de DI e D2/DI (tabela turbina Francís), temos o


(16) ns ==
nNI/2
H5/4
360 x -J 12.600
1051,25
120rpm

(FRANCIS NOillviAL)

valor de D1 (no caso de turbinas Kaplan D1 DI). ='


Podemos armar, então, o seguinte sistema de equações:
c) Máxima altura de colocação:
Z2 X ri = Z3 X d
Pa ~ I _ o- H
Z2 == Z3 + HA HA== -7· (expressão deduz ida no Capo X)

Deste sistema, tiramos os valores de Z2 e Z3, com o que fica conhecida a


Pa
constan te K.
/
10 - 0,0012 x A = 10 - 0,0012 x 710 =' 9,1501
K = Z1 . ri == Z3 . r~ =Z . r" (17) ~I
Pv 322
I 1000 == 0,322m (Tabela de Tensão de Vapor)
Arbitrando valores para Z, teremos os correspondentes valores de r. Por
pontos, então, podemos traçar o perfil do tubo aspirador.
O tubo aspirador deve ficar mergulhado no canal de fuga cerca de :W a a (pará ns = 120) == 0,055 (Tabela Capo X)
30cm.

Donde:

EXEMPLO NUMt:RICO
rIA = 915 - 0,322 - 0,055 x I 05 =' 3,21 m

Dimensionar um tubo aspirador tipo PrasiJ para a seguinte instalação: d) Cálculo de dI> dl e d}:
H = 105m
Para ns = 120 --.,. Qll = 0,395 (Tabela de Turbina Fr ancis, neste
Q = lOm3fseg.
Capítulo)
n = 360rpm d2
~==0,79 (Idem, idem)
T)t = 0,9
Temperatura da água: 25°C Q
Como: QlI =
Altitude da instalação: 71 Orn, di yfH

172 173
Donde pode-se obter o seguinte quadro de valores:
Temos:

j 10
1,565m
Z K r=yKjZ 1
dI
jQ!1~ 0,395 ..Ji05
5,26 2,05 0,63
4,26 2,05 0,68
Donde: 3,26 2,05 0,78
2,26 2,05 0,85
d2 = d , x0,79 = 1,565 x 0,79 = 1,26m
2,05 2,05 1,00
1,85 2,05 1,05
C3 ==0,5% a I % deJ(2g H) = 0,005 -/2 x 10 x 105 == 3,2m/seg. .)

Como:
CONCLUSÃO: Traça-se, então, por pontos, a cU0Ia do perfil do tubo aspirador.

TI • d~ X C3
Q ==

Vem:
4
--r- - - - 7 I ,- - ....
\

dJ j TI
4xQ
x C3
J3- TI
x 10
x 3,2
= 2,Om
I
I
Armamos, então, o sistema:
Z2 t I \ H
A

Z1 X d == Z3 X d --+ Z1 X (0,63)1 = Z3 X (1)1

Z2 = Z3 + HA --+ Z1 = Z3 + 3,21 I +r-:

~
Resolvendo, encontraremos:
Z4 Z3
Z1 ==5,26m

Z3 ==2,05m
I
Z4 ==Z3 - 0,20 (afundamento) = 1,85m
FIG. 11 - Traçado do perfil do tubo aspirador por pontos.

K = Z3 X d == 2,Ó5 X 1 == 2,05

7. OUTROS TIPOS DE TUBOS ASPIRADORES


Como:
Dificuldades contrutivas como o descolarnento da veia líquida das pare-
K== Z x r1 .JK;z des do tubo foram,entre outras, as razões que levaram os contrutores de tur bí-

174 175
nas a pcsquísar outros tipos de tubos aspiradores, que melhor se adaptassem a 7.3. HIDROCONE DE MOODY
certas condições especiais.
uma simplificação do hidrocone de White, com a inovação de uma
É

caixa espiral à saída do difusor como mostra a FIG. 14. Nesta caixa há transfor-
7.1. TUBO WHITE
mação de energia cinética em energia de pressão.
fo~inado de uma parte tronco-cênica (1-4) onde o fluxo é axial e de
É

uma parte (2·3), onde o fluxo é radial.


A FIG. 12 apresenta o tubo de White e um método empírico para o seu
dimensionamen to.
:f um tipo de tubo usado em instalações onde é pequena a altura dispcní-
vel para a recuperação da energia ciné tica.

0,8D
r----4
~1 :

I
I
I
I

O,56D·

FIG. 14 - Hidrocone de Moody.

e. ---, 7.4. TUBO DE JOELHO

FIG. 12 - Tubo Wh.itc.


:f o tipo de tubo aspirador empregado em instalações com turbinas Kaplan
e Francis modernas e de grande porte.

7.2. HlDROCONE DE WHITE


uma variante do tubo de White, no qual suprimiu-se o cone 1-4 e a
É

recuperação da energia cinética se processa pela difusão radial da água entre


planos paralelos .

. FIG. 13 - Hidrocone de Wh.itc. FIG. 15 - Tubo de sucção cm joelho.

176 177
Sua secção transversal evolui de circular (à saída" do rotor) para retan-
gular (as soltar a água no canal de fuga).
Em seu trecho final (retangular), apresenta uma divisória que serve de '>'.

guia à água e impede o descolamento das paredes laterais. ..-;./


As figuras apresentadas a seguir mostram os vários estágios da construção 'f~"--~

de um dos tubos aspiradores da Central Hidroelétrica de Macagua I, na Venezue-


Ia (Cortesia VOITH S/A).

.;~~

fIG. 18 - O tubo de aspiração 1 está completamente betonado e a blindagem do segundo


já está montada. Em cima, vêem-se os blocos para a tomada de água e à esquer-
da começa a ser construída a central, com o auxílio da respectiva ponte ro-
lante.
r~c::"::- -<.,A'-_-_

FIG. 16 - Depois de efe tuadas as escavações na rocha e de executadas as fundações, ini- E, finalmente, para completar idéias, a FIG. 19 mostra uma vista de
cia-se a montagem da parte inferior da blindagem da chapa de aço do tubo de juzante de uma casa de força, vendo-se claramente as saídas dos tubos de sucção
aspiração do gr:,po 1.
(cada um subdividido pela parede divisória que serve de guia para a água e evita

:r"~~<~~f,i~!
.,
seu descolamente das paredes laterais).

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FIG. 17 - A blindagem do primeiro tubo de aspiração está completamente montada,
~
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~:.,.r )"'":
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.. '

---'/~
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estando a ser preparada a forma do trecho horizontal do tubo de aspiração, a
--'" _,0
.,. [ -' '" :'
executar em betão, Ã esquerda, atrás, estão a ser realizadas as fundações para FlG 19
Vista de juzan te de uma casa de força, dcsL1cando-se as saídas dos tubos aspi-
a condu ta forçada. radores.

178
179
CHPÍTULO K
ALTURA DE COLOCAÇAo DA TURBINA. CAVITAÇAo

1. ALTURA DE COLOCAÇAO DA TURBINA


A aplicação de Bcrnoullí entre a entrada e a saída de uma turbina nos
permite escrever:

cl-c~ + (h, - h2) + PI -P2


Th = 2g - l:lHR (1)
'Y

~
Sabendo, de antemão, que não podemos alterar h2 e c~
f2g, percebe-se
que o aumen to de T h só poderá ser conseguido às custas de uma redução conve-
mente da pressão à saída do rotor P21s-
Tal redução da pressão à saída pode ser obtida ligando-se a turbina ao
nível de juzante por meio de um tubo estanque ao ar (tubo aspirador) de seção
crescente e no qual a pressão aumenta de um valor inferior à pressão atmosférica
até atingir a mesma.
Contudo, este abaixamento ou redução da pressão à saída elo rotor não
poderá processar-se de modo descontrolado ou aleatório, pois tão logo a pressão
se tomar inferior à pressão de vaporização, a água começará a vaporizar-se dando
origem à formação de bolhas gasosas que, ao atingirem regiões de maior pressão,
sofrerão irnplosões arrancando o material da turbina.
Providências, portanto, deverão ser tomadas no sentido de fazer com que
a pressão no ponto de míníma pressão seja sempre superior à pressão de vapor,
com o que se evitará a cavitação,
Consideremos, então, a instalação abaixo e seja A o ponto ele mínima
pressão em toda a instalação (esse ponto A é muito vizinho da seção de saída ':10
ro tor , sendo, inclusive, confundido propositadamente por muitos fabricantes de
turbina com a seção de saída).

181
A expressão entre parênteses pode ser escrita assim:

C~ -c~ c~- C~
- i\.Ht = 77 t x 2g (4)
2g

Donde:
" " ", o;, ',o,O/,O
U o . '() ''--J,
.s : / Ú " , . 'LJ 'O""
': c!. o':"~ :0 '/' -, .', (;5 ,
)" • '" "U,' O ;0- \
' , O "' e :, l> , Ô, " p '" ' ~:
I C2 -C3 2
2 _
AHt
D.
/\:,II "~.' ú
L!- l>
LJ
• _. ,
'O"': li ,,'
';~.
,' •• 1)t
2g
(5)
" "'Q"', P, " ci -C5
;>":D:O D 2g
o
:0' ,.'
'0,.-'

(J'n } 1) t: rendimento do tubo aspirador.


D ' •• 'u
" DU "u-
-I ....•..

'D':· _ _ I
) Levando (5) em (3):
. Cl ~..•. _cc\ -- ~ I I
)ú D c:: o(] - -~x=- __ _ J P2
-- +
Pa
ho =--
C~ - C~
- 71t---- (6)
D'Ll,P,'o: -_ - _'-.-----.. ~/- I - r 2g
.:" '[j ,,"6 - _ - _ - _ - _- -
) De:>, .
Aplicando agora Bemoulli entre A e 2 (espaço giratório):
FIG, I - Ponto A é o ponto de mínima pressão.
2 2 .., 1:
Pv WA UA P2 \Vi U1
HA + -- + -- - -- = h + -- + -- - -- (7)
I 2g 2g 2 J 2g 2g

A aplicação do te orerna de Bemoulli entre as seções 2 e 3 nos dá: NOTA: i\.HA ---+ 2 é desprez ível,

Combinando estas duas últimas expressões (6 e 7), teremos:


P2
r
+ cª
2g
+ h1
r
C2 +
.EL + _3_
2g
~Ht (2)
H
A
= Pa
-/----I·-71t
Pv e -e27
3 (WÀ -w; -UA U~)
(8)
-g 2g
Onde ~Ht é a perda de carga no tubo aspirador.

Desta ex pressão (2) tiramos:


Nesta expressão (8):

J2.... + h= Pa
-I _ c~- C~ (3) Pv : pressão de vapor (mínima pressão possível no ponto A).
2 - ~Ht)
I 2g HA rnáxirna altura possível do pan to A.

182 183
Estudos teóricos e experimentais realizados por Thoma, na Suíça, de-
monstraram que se pode escrever: TENSÃO DE VAPOR E DENSIDADE DA ÁGUA
I
,

'"., ------ WÃ- W; - DA - U;


C; - c~ + _.----------~---- o. H (9)
TEMPERATURA TENSÃO DE VAPOR DENSIDADE
t '2g 2g °c 2
mrn Hg kgfcm I

-
15 12,7 0,0174 0,999
20 17,4 0,0233 0,998
25 23,6 0,0322 0,997
Onde: 30 31,5 0,0429 0,996
c : coeficiente de cavitação da turbina ou coeficiente de Thoma. 35 41,8 0,0572 0,994
40 54,9 0,0750 0,992
H : queda útil ou efetiva.
45 71,4 0,0974 0,990
50 92,0 0,1255 0,988
Introduzindo (9) em (8), teremos:
/

1,7
.. ------- .. _--

[HA~+-~aH (10)

a coeficiente de cavitação da turbina. Ensaios e estudos realizados


por Thorna e Büchi mostraram que seu valor é urna função do tipo
Na expressão (iO): da máquina e, conseqüentemente, da velocidade específica da tur-
bina. A tabela apresentada por Büchi é a seguinte:
HA: máxima altura de colocação da turbina (na prática HA = 112). É ne-
cessário frisar que, por medida de segurança, na prática, sempre se
coloca a turbina a uma altura inferior ao HA calculado. VALORES DE o EM FUNÇÃO DO 115

"
~ . pressão atmosférica local, cujo valor corrigido para a altitude da 115
o mín TIS amin
'Y . instalação é dado pela expressão:
70 0,035 500 0,540

[ -";- e \O - 0,0012 A J,~ (ll)


100
150
200
300
0,045
0,070
0,100
0,:200
600
700
800
900
0,780
1,040
1,340
1,710
Onde: 400 0,350 1000 2,050
../

A: altitude da região, em m.
NOTA: A tabela mostra que, mesmo sendo pequena a altura !-IA de colocação
da turbina, a cavitação é um sério problema nas máquinas de elevada
P--",- • pressão de vaporização da água a temperatura ambiente, cujos
velocidade especifica.
T . valores poderão ser tirados da tabela abaixo.

184 185
2. EXEMPLO NUM~RICO
Deterrriinar a altura de colocação de uma turbina que deverá trabalhar em
CfiPÍTULOXI
uma usina hidroelétrica localizada a 600m de altitude, gerando energia na fre- 1
qüência de 60Hz e acoplada a um altemador
H =o: SOm
com 6 pares de pólos.
l REGULADORES DE VELOCIDADE
3
Q =o: 5m jseg.
7Jí = 0,82 1 L INTRODUÇÃO

SOLUÇÃO:
a) Rotação:
l Nos primórdios da indústria elétrica, o controle da freqüência era, de um
modo geral, assunto de pouca importância, sendo então considerado relevante
apenas o con trole da tensão. Como a indústria foi se tomando cada vez msís au-
. tomatizada, descobriu-se que a maior parte da carga das usinas elétricas era de tal
f = pxn
caráter que não somente seria desejável mas, em muitos casos, absolutamente es-
60
sencial o controle rigoroso da freqüência. Assim, para manter constante, dentro
60 xf 60 x 60 de estreitos limites, a freqüência da corrente gerada, a turbina hidráulica deverá
n=~~-OO 600rpm
p 6 trabalhar com a rotação aproximadamente constante, ou, o que é a mesma coisa,
com pequena variação de velocidade.
b) Potência gerada: A variação da velocidade é provocada pelo desequilíbrio de uma das par-
celas do segundo membro da equação de regime das máquinas:
l' Q H 1000 x 5 x 80
N = -- x 1)t == x 082 =,4.380CV
75 75'
··.·c' -. t--- - .- ... t
c) Tipo de turbina:
S~ m d t- -5 2 (Nu + Np) dt
(1)
tI tI
n N1I2 600 x J438Q 180rpm
ns =
HS/4 801,15 Onde:
,(FRANCIS NORMAL)
Nm: potência motora
Nu: potência útil
d) Coeficiente de cavitação:
Np: potência passiva
a (para ns = 165) =' 0,100 (tabela anterior)

e) Pressão atmosférica e pressão de vapor:


Se em um determinado instante a potência útil for alterada, proveniente

=r :Pa 1O-0,0012xA= IO-O,0012x600=9,28m


de uma variação da demanda de energia, é necessário que se tenha um dispositi-
vo que também altere a potência motora, de modo que a equação de regime seja
sempre satisfeita. A esse dispositivo dá-se o nome de "regulador de velocidade".
Pv 174- Assim, os "reguladores de velocidade" são órgãos que, variando a velccidade da
- --y- =o: 1000 = 0,174m
máquina além ou aquém da velocidade de regime, entram em ação, atuando so-
bre as pás do distribuidor (turbinas Hélice, Kaplan e Francis) ou sobre a agulha e
NOTA: Consideramos a temperatura da água como sendo lSoC e desprezamos defletor (turbina Pelton), de modo a restabelecer o equilíbrio, com velocidade
3
a variação no peso específico para essa temperatura (r 0= 999Kg/m ). igual ou próxima à anterior ao regime.

186 191
2. PRINCCl:"IOS.bE FUNCIONAMENTO
l'
A presentamos na FIG. 1 o esquema de um regulador, onde clistinguimos:
,, ~ ._._~-
Um mecanismo de regulaçao r. ,
Um,a alavan ca h.
Uni servo-motor composto de !lma válvula St e de um êmbolo K. 1 a 2,
1

I
I
---.I
2'
Posição 1 a 2 mecanismo em repouso.
Posição I.' a 2' válvula St permite a passagem do óleo com pressão.
Posição I' a' 2 ~ nova posição de equilíbrio, mecanismo novamente crn repouso ,

FIG. 2 ~ Posições relativas de alavanca.

Para que se tenha uma rotação variando entre limites ainda mais estreitos,
constroem-se reguladores que, para cada variação na demanda de energia, resta-
belecem automaticamente a rotação normal. Este novo regulador está apresen-
FIG. 1 ~ Esquema de um regulador
tado no esquema da FIG. 3. O seu funcionamento pode ser assim descrito:

Admitamos que o mecanismo estivesse em repouso relativo e que, em um 1 a

determinado instante, .se desligassem todas as máquinas de uma grande fábrica,


i
diminuindo a demanda de energia elétrica, e, conseqüentemente, a potência útil.
A rotação do altemador e da turbina iriam se elevar, porque, apotência matara
l
mantendo-se constante, a inércia do sistema girante iria crescer para compensar a
diminuição da potência útil. Deste modo, o regulador passa a agir assim:
1. A rotação do eixoE aumentou (ele está ligado à turbina), fazendo
com que a força centrífuga nas duas esferas seja maior. Elas se elevam, fazendo
com que a luva do regulador suba no eixo. A subida da luva correspondc a um gi-
ro da alavanca h em tomo de um ponto ·a, baixando a válvula St e impelindo o
óleo com pressão para a parte inferior do cilindro,
2. Oêmbolo K sobe e fecha as palhetas do distribuidor da turbina. OLEO em,
3. Simultaneamente, com o fechamento das palhetas do distribuidor, a PRESSÃO
subida do êmbolo provoca um novo giro. na alavanca h, em torno do ponto 1,
fazendo com que a válvula St volte à sua posição original.
4. O mecanismo voltou ao repouse, 'embora, no novo estado de equilí-
brio, a luva do regulador se encontre mais alta, implicando uma rotação maior
. do que a anterior no eixo E e, conseqüentemente, na turbina.
-$- VARETA
Na FIG. 2, apresen tamos as diversas posições relativas que a alavanca h
toma dura~te a regulação. FIG. 3 ~ Regulador com rcstabclecirncnlo automático de rotação.

192 193
I

I
1. O mecanismo está na posição da figura, O regulador se encontra em re- i
pouso e a rotação é normal.
2. Há um aumento da rotação, motivado pela diminuição da potência
útil, acarretando a subida da luva do regulador. A válvula St baixa devido ao giro
da alavanca.
3. O êmbolo tem um movimento ascendente e fecha as palhetas do distri-
buidor da turbina.
4. Com a subida do êmbolo, a alavanca h gira cm torno do ponto 1', c a
válvula St volta à sua primitiva posição.
5. Simultaneamente com a subida doêrnbolo K, o disco b, que até então
se encontrava parado, passa a girar, por estar agora solidário com a periferia do
disco C. Girando, o disco b se enrosca na parte aparafusada do eixo D, trazendo
a alavanca h para a posição em que ela se encontrava antes de se iniciar a regulação.
t evidente que, neste tipo de regulador, a luva retoma a sua primitiva po-
sição e a rotação volta a ser normal, Na FIG. 4 estão representadas esquematíca-
men te as posições da alavanca h, durante a regulação.

I
l'
r--..-:::::
I
1

1 a
a
,--.

--- ------
--.....
2' ,
I
-~
!
~.-._.
FIG. 5 - Regulação em Uma turbina Pelton,
--- -.... '
2'
Suponhamos que tenha havido um curto circuito nas linhas de transmis-
Posição 1 a 2 - mecanismo em repouso, rotação normal. são que saem da central e que a turbina tenha sido bruscamente descarregada. O
Posição l ' a 2' - válvula St permite a passagem do óleo. regulador gira, como já vimos anteriormente, e levantará a válvula St, de modo
Posição l' a' 2 - disco b começa a rodar. que o óleo com pressão entrará no cilindro fazendo o êmbolo K baixar. A alavan-
Posição 1 a 2 - mecanismo volta ao repouso, rotação normal. ca h girará em tomo do ponto b e o desviador de jato (defletor) cortará o jato de
água, desviando uma parte dele. A agulha que estava retida pela alavanca h não
avança junto com ela, devido à existência do rasgo S. A agulha descerá lentamen-
FIG. 4 - Posições relativas da alavanca.
te, porque água com pressão passa pelo orifício O e atua sobre o êmbolo v. A
agulha avança até encontrar, de novo, o topo do rasgo S, sendo retido novamente
pela alavanca h.
Se, ao contrário, a potência útil aumenta, o êmbolo K sobe, trazendo a
alavanca h e a agulha n (a água que ficara retida acima do êmbolo v sai por urna
válvula). Assim, o defletor volta a sua posição original.
3. REGULAGEM DE UMA TURBINA PELTON
Para exemplíficar, apresentamos na FIG. 5 o esquema de urna regulagern
com turbina Pelton.

194 195
.I

I
~.

lJIBLlOGIUlfIfi

T PFLElDERER C. e PETERMAN H. - Máquinas de Fluxo, Rio de Janeiro , Li-


vros Técnicos e Científicos Editora S_A., 1979
, GREGORIG R - Máquínos Hidráulicas, Belo Horizonte, Edições Engenharia,
T
i UFMG, VaI. I, II e m, 1960
QUANTZ L. -Motores Hidráulicos, Barcelona, Editora Custava Cile, 1961
ANDRADE G. L. - Máquinas Motrizes Hidráulicas, Edições Engenharia, UFMC,
1969
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Quinto Volume, Tomo I, Capítulo Ill, 1964
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