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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

1° Grupo

Conceito da Ética e deontologia e Ética e o Direito

Nampula

2019
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

1° Grupo

DISCENTES:

Débora Colher

Diana Pawandiwa

DinazardaLiomba

LezioElidio

LotMarvinCamanga

MurilloSibinde

Orlando Matos

Tomazia Tomo
Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de
Ética e Deontologia Jurídica, referente ao 1º
semestre, curso de Direito, 4º ano curso
diurno. Leccionada pelo Docente: M/A.
Tomas.

Nampula

2019
Lista de abreviaturas
-Pag-Pagina.

-ss-seguintes.

i
ÍNDICE
Lista de abreviaturas....................................................................................................................i

Introdução...................................................................................................................................2

CAPITULO I: Conceito de Ética e Conceito de Deontologia................................................3

1.1 Noções de Ética............................................................................................................3

1.2 Objecto de estudo da ética............................................................................................4

1.3 Tipologia da ética..............................................................................................................5

1.4 Noções de Deontologia.....................................................................................................5

CAPITULO II: Conceito de Ética e Deontologia Jurídica.....................................................7

2.1 Deontologia jurídica.....................................................................................................9

CAPITULO IV: ÉTICA E O DIREITO...............................................................................12

Conclusão..............................................................................................................................15

Referências bibliográficas.....................................................................................................16
Introdução

O presente trabalho que tem como tema ”conceito da ética e deontologia e Ética e o
direito. Comummente ao nos reportarmos ao vocábulo ética o confundimos com o conceito de
moral, engano justificável dada a similaridade da definição histórica entre ambos, pela qual o
termo "ética " vem do grego "ethos", que por sua vez, tem seu correlato no latim "morale",
com a mesma acepção, mas de diferentes significados. Na ciência do Direito, usualmente se
utiliza o termo Deontologia (deontos = dever e logos = estudo, tratado), introduzido por
Jeremy Bentham, em 1834, como referência aoramo da ética cujo objecto de estudo são os
fundamentos do dever e as normas morais, cujas principais subdivisões são a ética normativa
e a axiologia, disciplinando os direitos e deveres dos operadores do Direito e seus
fundamentos éticos e legais. Coloca-se a presente abordagem na conceituação dos institutos
da ética, moral, deontologia e direito, bem como características, similitudes e diferenças.

O trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: Lista de abreviaturas, índice,


introdução, desenvolvimento, conclusão e as referências bibliográficas usadas para a sua
elaboração tendo também integrado, quatro capítulos.

2
CAPITULO I: Conceito de Ética e Conceito de Deontologia
1.1 Noções de Ética
A ética encontra na mais robusta fonte de inquietações humanas o alento para sua
existência. É na balança ética que se devem pesar as diferenças de comportamentos, para
medir a utilidade, a finalidade, o direcionamento e consequências das acções humanas Mas,
afinal, o que seria ética? Cumpre esclarecer que, pela complexidade do tema, não iremos
conceituá-la, mas apenas traçar algumas características necessárias para a sua compreensão. A
origem etimológica de Ética, conforme lecciona NALINI é o vocábulo grego “ethos”, a
significar “morada”, “lugar onde se habita”. Mas também pode ser entendido como “modo de
ser” ou “carácter”. Preferimos abordar a ética não como morada e sim sob o modo de ser dos
homens em sociedade. 1

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra


ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao carácter.2

Nesse sentido, a ética traz na sua essência um conjunto de valores que norteiam o
comportamento do homem em relação aos outros em busca da pacificação social. Todavia, a
Ética não pode se limitar ao conjunto de regras ou valores, nem apenas ao estudo do
comportamento humano. Conforme ensina Korte, a ética: “é um campo de conhecimento em
que, à medida que avançamos, são feitas descrições, constatações, hipóteses, indagações e
comprovações [...] estudando as relações entre o indivíduo e o contexto em que está situado.
Ou seja, entre o que é individualizado e o mundo a sua volta”. A ética não deve ser posta,
apenas, no plano abstracto, em que se busca o seu aprimoramento teórico, bem como não
pode servir para engrandecer os discursos. Pelo contrário, deve ser utilizada para fortalecer a
moral e inspirar as condutas humanas voltadas para a prática do bem, para o ético.3

Diz-se isso porque a ética, Em Moçambique, encontra-se nos discursos, os mais


variados possíveis. Contudo, vem distanciando-se cada vez mais da sua essência valorativa
positiva, tornando-se termo vago, trivial, anémico, causando, em determinadas pessoas,

1
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 221.
2
DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. Pag. 80.
3
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 222.
3
verdadeira fobia por ser utilizada por personalidades envolvidas em escândalos morais e
submersas na corrupção.4

Nesse sentido, o essencial é reconhecer, como o fez NALINI que: “nunca foi tão
urgente, como hoje se evidencia, reabilitar a ética em toda a sua compreensão. A crise da
Humanidade é uma crise de ordem moral.5

1.2 Objecto de estudo da ética


A ética estuda as acções humanas. Sendo assim, seu objecto distingue-se em material e
formal. O objecto material diz respeito aos actos humanos que se devem distinguir dos actos
do homem. Os actos humanos são acções praticadas de forma livre, consciente, deliberada e
voluntária, acções essas que afectam a própria pessoa, a outras pessoas, ou a determinados
grupos sociais ou mesmo a sociedade no seu todo.6

Os actos do homem são aqueles praticados de modo inconsciente e involuntário, ou


seja, são aqueles actos em que a vontade humana não entra ou a sua liberdade não entra em
jogo. O estudo do objecto da ética leva-nos à conclusão de que a pessoa antes de praticar
qualquer acção deve analisar os prós e os contras e estar preparada para assumir os riscos e as
consequências. Por outras palavras, toda a acção ética deve visar algum bem. Portanto, ela
deve buscar todos os meios possíveis para alcançar esse tal bem.7

Os descaminhos da criatura humana, reflectidos na violência, na exclusão, no egoísmo


e na indiferença pela sorte do semelhante, assentam-se na perda de valores morais”. Assim,
faz-se necessário - de forma urgente, em nossa sociedade - uma reabilitação e
conscientização, não só em relação aos estudos do conceito de ética, mas também da
construção do seu sentido na prática, em busca de tornar os indivíduos mais humanos, menos
individualistas e crentes na construção de uma sociedade mais justa a partir de acções éticas
colectivas.8

4
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 223.
5
ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito, Martins Fontes, São Paulo: 2009. Pag 207.
6
____________. Conceito e validade do direito, Martins Fontes, São Paulo: 2009. Pag 208.
7
____________. Conceito e validade do direito, Martins Fontes, São Paulo 2009. Pag 210.
8
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 224.
4
1.3 Tipologia da ética
Existem vários tipos de ética, dentre eles podemos destacar os seguintes:

a) Ética filosófica: reflecte sobre o significado do ser ético. A questão fundamental que se
coloca aqui é, “o que significa ser ético?”;

b) Ética religiosa: faz o confronto entre a ética e a religião e vice-versa;

c) A ética cristã: reflecte sobre o agir cristão. Reflecte sobre a identidade ou originalidade
cristã;

d) Ética social: reflecte sobre o agir da sociedade, o ordenamento das instituições sociais, e se
correspondem aos padrões éticos;

e) Ética sexual: reflecte sobre os aspectos da ética que dizem respeito a questões da
sexualidade humana, incluindo o comportamento sexual humano. Em termos gerais, a ética
sexual diz respeito à conduta humana em relação a questões de consentimento, das relações
sexuais antes do casamento ou quando casado (tais como a fidelidade conjugal, sexo antes do
casamento e sexo fora do casamento);

f)Ética profissional: reflecte sobre o agir deontológico (deveres) e diciológico (direitos) na


profissão;

g) Ética económica: reflecte sobre o agir económico, o bom andamento ou funcionamento da


economia;

h) Ética política: reflecte sobre a conduta e o agir político.9

1.4 Noções de Deontologia


Surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “ logos” que se traduz
por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o conjunto de
deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional. A deontologia
é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício de uma profissão. A deontologia se
refere ao conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres — inerentes a u ma
determinada profissão.10

9
GÜNTHER, Klaus. Teoria da argumentação no direito e na moral: justificação e aplicação. São Paulo:,
2004. Pag 200
10
PERELMAN, C. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pag 200
5
Assim, cada profissional está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício
de sua profissão, conforme o Código de Ética de sua categoria. Neste caso, é o conjunto
codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício
de sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não
exactamente a qualidade moral mas a correcção de suas intenções e acções, em relação a
direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.11

Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que
significa ciência do dever e da obrigação.12

A deontologia é um tratado dos deveres e da moral. É uma teoria sobre as escolhas dos
indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser
feito.13

O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham,
para falar sobre o ramo da ética em que o objecto de estudo é o fundamento do dever e das
normas. A deontologia é ainda conhecida como "Teoria do Dever".14

Immanuel Kant também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a
dividiu em dois conceitos: razão prática e liberdade.15

Para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação o seu valor moral; e por sua vez, a
perfeição moral só pode ser atingida por uma livre vontade.16

A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou


deveres de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia
própria para regular o exercício da profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua
categoria.17

11
HART, H. L. A. O conceito de direito: Martins Fontes, São Paulo 2009 pag 100 e ss
12
____________. O conceito de direito: Martins Fontes, São Paulo 2009 pag 105 e ss
13
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes,São Paulo, 2006. Pag 206
14
HART, H. L. A. O conceito de direito. Martins Fontes,São Paulo:, 2009 pag 105 e ss
15
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes,São Paulo, 2006. Pag 207
16
_____________. Teoria pura do direito. Ed Martins Fontes, São Paulo, 2006. Pag 208
17
HART, H. L. A. O conceito de direito.: Martins Fontes, São Paulo, 2009 pag 100 e ss
6
Para os profissionais, deontologia são normas estabelecidas não pela moral e sim para
a correcção de suas intenções, acções, direitos, deveres e princípios. O primeiro Código de
Deontologia foi feito na área da medicina, nos Estados Unidos.18

CAPITULO II: Conceito de Ética e Deontologia Jurídica

Improvável é pensar sobre ética, moral e deontologia jurídica, e não remeter-se a


conceitos clássicos da filosofia geral e jurídica e sociologia. No intuito de transcender
conceitos que são ínsitos na cultura e história da sociedade – universal e local – possuindo
divergências acerca de cada um dos institutos, sua análise tem por escopo a objectivo de
identificar elementos comuns, válidos, capazes que configurar os institutos supra como
princípios gerais.19

Desde os primórdios os seres humanos agrupam-se dados a necessidade de


sobrevivência. Diante disso, notou -se que essa convivência não se dava de qualquer forma,
passou ela a ser regida pela maneira como a maioria dos participes aceitava o comportamento
individual, onde uma acção individual espelhava a acção do grupo. Concluiu-se, então, que a
ideia de que os ditames condicionais de vivência em comunidade estão directamente
relacionados ao que se chama de ética.20

Isto posto, podemos conceituar ética como sendo um conjunto de valores e princípios
que norteiam a conduta humana na sociedade e tem como finalidade promover um equilíbrio
e bom funcionamento social, que muito embora não possa ser confundido com as leis, está
relacionado com o sentimento de justiça social, visto que edificado por uma sociedade com
base nos valores históricos e culturais.21

Nas palavras de BITTAR "... Enquanto se está a dissertar sobre a ética, se está a falar
sobre o comportamento tomado em sua acepção mais ampla, a saber, como realização exterior
(exterioridade), como intenção espiritual (espiritualidade), como conjunto de resultados úteis
e práticos (finalidade; utilidade). Esta é uma faceta da ética, ou seja, sua faceta investigativa".
22

18
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 228
19
PERELMAN, C. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005.pag 190
20
____________. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pag 192
21
_____________. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pag 192
22
PERELMAN, C. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pag 200
7
É sabido que o homem não vive sozinho, pois, como ser humano, coexiste com seus
hábitos, costumes e tradições dentro de uma resolução moral na qual suas atitudes, desde que
objectivem a promoção do bem, são reconhecidas como éticas. Para Adolfo Sanches Vazquez
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, a ética resultaria numa
ciência que estuda e observa o comportamento humano. Podemos concluir que a ética é
disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e elucidá-las, assim aprimora
e desenvolve o sentido moral do comportamento e a influência da conduta humana.
Compreender os conflitos existentes, buscar suas raízes, descobrir as razões com resultado do
direito, crenças e valores, e com base nisto estabelecer um comportamento que permitam a
convivência em sociedade, é o objectivo do estudo da ética.23

Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor
esse conceito examinando certas condutas do nosso dia-a-dia, quando nos referimos por
exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista,
advogado, empresário, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante
comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética
pública.24

A ética pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência, a lei tenha como
base princípios éticos. Porém, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido,
pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção
pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela
ética.25

2.1 Deontologia jurídica

A deontologia jurídica é a ciência que se preocupa em cuidar dos deveres e dos direitos
dos profissionais que trabalham com a justiça.26

Exemplo: Advogados, juízes são alguns dos profissionais abrangidos pela deontologia
jurídica.27
23
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
24
FORST, R. Contextos da Justiça. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010 pag. 100
25
PERELMAN, C. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Pag 203
26
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
27
FORST, R. Contextos da Justiça. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010 pag. 100
8
A Deontologia Jurídica deixa de pertencer tão-somente à Filosofia Moral – onde
mantém seus fundamentos – para se consolidar como um ramo/especialização da ciência do
Direito, ao tratar das normas jurídicas e princípios doutrinários sistematizados para regular a
conduta dos operadores do Direito no tocante aos seus deveres de ordem profissional.28

As regras especiais contidas no Estatuto e no Código de Ética da Ordem dos


Advogados de Moçambique e nas Leis Orgânicas do Ministério Público e da Magistratura
judicial representam o fundamento codificado de Direito positivo objeto da Deontologia.
Pela observância destas regras e dos outros amplos aspectos filosóficos embaixadores da
matéria, constantes da doutrina, dos princípios gerais do Direito, etc., podem os seus agentes
caminhar com parâmetros indicadores de que, a cada dever, corresponde uma garantia
asseguradora de estabilidade e inibidora de arbitrariedades, dentro de um sistema em que se
busca a justiça.

O estudo da Deontologia no âmbito da moral jurídica em seja, desta forma, a uma


revitalização do próprio alento de fidelidade processual, onde a técnica não pode estar
dissociada da verdade, que deve dar o tom à manipulação legal.

Além disso, também a vocação dos operadores do Direito é estimulada na disposição


de viver e exercitar o Direito com zelo e consciência, desejo de vitória e justiça, mas sempre
legitimados pelas necessárias limitações que o respeito impõe.29

Assim, o fim próprio da compreensão deontológica é responder ao problema de como


usar e aplicar o Direito com ética, ou seja, com comportamento (moral) traduzido em ação
humanitária, coerente e equitativa, que deve ser justa e verdadeira tanto quanto mais for
possível.30

CAPITULO III: DIFERENCIAÇÃO ENTRE MORAL E ÉTICA

Como já exposto, moral tem como ideia principal o conceito de bem que em uma
definição empírica, pode ser tido como a qualidade de excelência ética que leva a um
entendimento mais amplo do amor, da irmandade, da solidariedade da sabedoria, ou seja,
todos os sentimentos ou valores que promovem e desenvolvem o ser humano. Partindo dessa

28
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
29
___________, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
30
FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva profissional, Intersaberes Editora,
Brasil, 2012, pag. 230
9
premissa basilar, são garimpados os princípios e directrizes que nos conduzem às regras
morais, que influenciam o comportamento e a mentalidade humana.

Segundo NALINI"A moral é objecto da ética. Mas a relação que se estabelece entre a
ética, um dos capítulos da teoria da conduta e a moralidade positiva, como fato cultural, é a
mesma que pode ser encontrada entre uma doutrina científica e seu objecto". 31

Em situações quotidianas os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o


seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser
cumpridas.32

A diferenciação prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim ética é
uma espécie de legislação do comportamento moral das pessoas. Mas a função fundamental é
a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.33

Segundo José Ferrater Moral, os termos “ética” e “moral” são usados, por vezes,
indistintamente. Contudo, o termo moral tem usualmente uma significação mais ampla que o
vocábulo 'ética'.34

Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre, posto que ambos
significam "respeitar e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vai construindo ou
destruindo seu meio ambiente, apoiando ou subjugado a natureza.35

Entre os jus positivistas, Kelsen abordava a Moral sob o enfoque da capacidade de


previsibilidade e de reforço de seus postulados, como uma ordem social altamente variável
espacial e temporalmente, cujas sanções não eram institucionalizadas, possuindo força
meramente transcendental.36

A Ética, de outro lado, seria o nome dado ao campo científico no lado dos pós-
positivistas, Dworkin difere os dois conceitos de acordo com a abordagem colectiva do
primeiro e individualista do segundo, no sentido de que a Moral é composta pelos argumentos
sobre qual o tratamento que uma pessoa deve correctamente dispensar às outras, de modo a
harmonizar a convivência em comunidade da melhor maneira possível, enquanto, de outro
lado, a Ética foca a perspectiva dos julgamentos pessoais que devem ser feitos por cada um

31
ZANON, Júnior, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.pag 13
32
_____________, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.pag 13
33
_____________, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.pag 13
34
_____________,. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 200.
35
KELSEN, Hans, Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 200.
36
ZANON, Júnior, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.pag 13
10
para conduzir sua vida com o objectivo de atingimento de resultados bons para si, de forma
virtuosa. Sem embargo, para o referido autor, “anethicaljudgmentmakes a
claimaboutwhatpeopleshould do to livewell: whattheyshouldaim to
beandachieveintheirownlives. A moral judgmentmakes a
claimabouthowpeoplemusttreatotherpeople”.37

Como a intenção aqui não é efectuar um levantamento de como os doutrinadores têm


diferenciado ambas categorias, cabe apresentar conceitos operacionais para cada uma que
possam se articular melhor com as demais premissas adoptadas e, assim, auxiliar a proposição
de superação do Jus positivismo a ser elaborada na sessão seguinte deste trabalho.38

CAPITULO IV: ÉTICA E O DIREITO


A Ética, de outro lado, representa os valores sociais fluidos dentro de
determinado grupo, cuja importância é determinante para fixação das políticas públicas a
serem implementadas, pois estas são reflexivas das opiniões axiológicas compartilhadas em
Sociedade. Cabe referir que a etnicidade pode viger em uma corporação, em uma cidade e,
mesmo, em um país inteiro (sendo discutível, ainda, a existência de padrões éticos
mundialmente compartilhados), embora quanto maior a população abrangida, menor tende a
ser a área de convergência de opiniões axiológicas.39

E, por fim, o Direito representa o instituto imprescindível para orientação das decisões
em Sociedade, porquanto consubstancia a fixação segura das políticas públicas a serem
promovidas e dos padrões axiológicos prevalecentes em determinada comunidade, plasmados
em um corpo unificado (geralmente, em textos legislativos ou em precedentes judiciais) e
passíveis de adjudicação forçada institucionalmente, em caso de inobservância. Conforme
Jürgen Habermas, “as instituições jurídicas distinguem-se de ordens institucionais naturais
através de seu elevado grau de racionalidade; pois nelas, se incorpora um sistema de saber
mantido dogmaticamente, isto é, articulado, trazido para um nível científico e interligado com
uma moral conduzida por princípios”.40

Cada uma das ordens de conduta não pode existir sem a outra, como uma relação
complementar inafastável. Tal confluência decorre, a um, da mencionada relação derivativa,

37
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 200.
38
FORST, R. Contextos da Justiça. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010 pag 107
39
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 200.
40
KELSEN, Hans,Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 200
11
na medida em que uma origina a outra, partindo da moralidade, passando pela eticidade e, por
fim, chegando à juridicidade, consoante a abordagem histórica antes exposta.41

A dois, também porque as referidas esferas são reciprocamente condicionantes, na


medida em que aquilo tido por cada pessoa como correcto (moralidade) é determinante para
deliberar quais os valores e interesses convergentes dos grupos sociais majoritários e
minoritários (eticidade), os quais, consequentemente, acabam influenciando as autoridades
públicas e tal condicionamento também faz o sentido inverso, haja vista que a interpretação da
legislação, por via reflexiva, também influencia o que cada um entende por certo e justo, de
modo a estabelecer um refluxo da juridicidade sobre a eticidade e a moralidade. E, a três,
porque todas as três categorias são voltadas ao direcionamento das decisões em Sociedade,
tanto para permitir a previsibilidade de determinadas condutas, como para estabelecer as
consequências quanto. À observância ou não dos postulados morais, éticos e jurídicos. Daí ser
“possível provar, sob pontos de vista funcionais, por que a estrutura pós-tradicional de uma
moral orientada por princípios depende de uma complementação através do direito
positivo”.42

Ademais, a fixação de postulados jurídicos dificilmente se sustenta sem que esteja


efectivamente lastrada na percepção da moralidade e da eticidade compartilhada pelo grupo
social, haja vista que haverá uma tendência de descomprimento, em razão da convicção de
que não representa os valores socialmente importantes. De outro lado, um preceito normativo
que tenha sido fixado pelo legislador reflectindo estreitamente os interesses amplamente
prevalecentes no contexto social, certamente terá maior aceitação espontânea. Ora, “uma
moral dependente de um substrato de estruturas da personalidade ficaria limitada em sua
eficácia, caso não pudesse atingir os motivos dos agentes por um outro caminho, que não o da
internalização, ou seja, o da institucionalização de um sistema jurídico que complementa a
moral da razão do ponto de vista da eficácia para a acção”.43

E o Direito é o instituto artificialmente criado para cristalizar os parâmetros morais e


éticos de tomada de decisão e para fixar as consequências quanto à sua observância ou não, as
quais são reforçadas institucionalmente, mediante estruturas políticas criadas para esta
finalidade.44

41
____________ ,Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 202.
42
____________, Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006. Pag 202.
43
FORST, R. Contextos da Justiça.: Boitempo Editorial, São Paulo, 2010 pag 109
44
DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. Pag. 99
12
Tal conceito operacional deixa claro que a ligação intrínseca do Direito é efetivamente
com a Decisão Jurídica, porquanto se trata de um conjunto prevalecente de direcionamentos
de cunho moral e ético, reduzido a uma forma linguística, para orientar condutas, de modo a
conferir segurança aos integrantes do grupo social (certeza jurídica).45

O caráter coativo, outrora tido como central à definição, é apenas uma condição para
sua eficácia social global, sob pena de se tornar inócuo, haja vista que as consequências
artificialmente fixadas no sistema jurídico não são uma decorrência natural do
descumprimento dos padrões decisórios, demandando um esforço institucional de
implementação, de modo a estimular a observância generalizada Ou seja, os juspositivistas
clássicos estavam errados não só porque Direito é muito mais Decisão do que coação, mas
também porque este se encontra permanentemente ligado, numa relação complexa e reflexiva,
com a Moral e com a Ética.46

Portanto, aqui se apresenta esta versão da correlação entre Moral, Ética e Direito, para
que sirva de base para construção de um novo modelo disciplinar, superador da abordagem
juspositivista, em seus aspectos descritivo e prescritivo, nos termos antes expostos.47

45
DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. Pag. 99
46
_________________.Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. Pag. 98
47
_________________. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo
jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. Pag. 100
13
Conclusão
Chegado ao fim do presente trabalho concluímos que a importância da consciência
individual do que é ética e do que é moral é de extrema importância quando se trata da
formação de um jurista. Ele precisa ter bem formados tais conceitos, bem como entendê-los a
partir das visões dos filósofos jurídicos de teorias expoentes. Ocorre, porém, que, numa
análise ampla do contexto actual, o ensino jurídico ou mesmo a produção de conhecimento
jurídico, em seus diversos âmbitos, não parece demonstrar preocupação com a formação do
jurista nesse sentido.

Também pode-se afirmar que em Moçambique por exemplo, a difusão do


conhecimento jurídico é, de uma forma geral e em grande parte, fundada na memorização e
reprodução de textos legislativos, doutrinários e jurisprudenciais, sem buscar a essência,
história, formação, eficiência e problematização dos institutos jurídicos.

Contudo Não há uma preocupação nítida na formação de profissionais com alicerces


éticos, morais e jurídicos, e sim apenas legalistas, já que nas faculdades estuda-se o
positivismo como dogma, desconsiderando as demais correntes jus-filosóficas, entre elas o jus
naturalismo e o realismo judicial. Pouco se aborda sobre o neo constitucionalismo - com a
busca pela efectivação dos direitos humanos, tendo a pessoa humana como centro do
ordenamento jurídico e a supremacia da Constituição em detrimento dos demais actos
normativos; quase não se discute sobre a necessidade da confrontação das normas com os
valores de justiça e equidade; a disciplina de ética, normalmente, não goza de prestígio nas
academias, sendo matéria relegada para o estudo positivista do Direito Civil e Penal.

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Referências bibliográficas

 ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito, Martins Fontes, São Paulo: 2009;
 DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e
defesa do pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Método, 2006;
 FELIZARDO, Aloma Ribeiro, Ética e direitos humanos: uma perspectiva
profissional, Intersaberes Editora, Brasil, 2012.
 FORST, R. Contextos da Justiça.: Boitempo Editorial, São Paulo, 2010;
 KELSEN, Hans. Teoria pura do direito.Ed Martins Fontes São Paulo, 2006;
 PERELMAN, C. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
 ZANON, Júnior, Teoria Complexa do Direito. CEJUR: Florianópolis, 2013.

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