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Fabiano Saccone
Igualmente importante será referir que a operação bancária (ou qualquer ato
bancário), deve ser física e legalmente possível 280/1 CC. A determinabilidade do
ato também é fulcral, obrigando a recordar a distinção entre atos indeterminados e atos
indetermináveis. No primeiro caso, encontramos uma atuação desconhecida, aquando da
celebração do negócio, mas dotada de elementos que podem proporcionar a sua
determinação, antes do cumprimento; é o que sucede nas hipóteses do 400
“determinação da prestação” e 883 “determinação do preço” CC. No segundo, o ato é
indeterminável, porquanto, na celebração, não é, de todo, configurável a feição que ele
irá assumir no final (trata-se de um ato aleatório), pode facultar largas margens de
arbítrio e que pode ser inclusive configurado como uma doação de bens futuros, vedada
pelo 942/1 CC. A jurisprudência portuguesa tem vindo a invalidar negócios bancários
de conteúdo indeterminável.
O 281 CC configura a hipótese de apenas o fim do negócio jurídico ser
contrário à lei ou à ordem pública ou ofensiva dos bons costumes. Nessa
eventualidade, o negócio apenas seria nulo quando o fim fosse comum a ambas as
partes (a doutrina e a jurisprudência apontam numa lógica de não ingerência, por parte
do banqueiro, nos negócios do seu cliente, o que beneficia tanto o cliente como o
banqueiro que não se vê responsabilizado por finalidades que devia desconhecer).
Hoje em dia, segundo o RGIC, temos uma divisão tripartida dos sujeitos:
instituições de crédito; sociedades financeiras; e “empresas de investimento” – já o
Ccom. no art. º362 refere-se simplesmente os “bancos”.
1. Instituição de crédito 2/w RGIC “noção”: “a empresa cuja atividade consiste em
receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis e em conceder
crédito por conta própria;”
a. 3 RGIC Tipos de instituições de crédito: os bancos; as caixas
económicas; a caixa central de crédito agrícola mútuo e as caixas de
crédito agrícola mútuo; outras empresas que, correspondendo à definição
do artigo anterior, como tal sejam qualificadas pela lei;
b. 4/a) RGIC atividade que é exclusiva das instituições financeiras. Al. b) a
i), p), g), r) podem ser realizadas pelas instituições de crédito e pelas
sociedades financeiras.
i. A caixa geral de depósitos possui algumas especificidades
relativamente ao exercício da sua função (social e de interesse
público) – art. º3 do DL 287/93
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Doutrina de Coimbra – Retirado das aulas de Direito das obrigações I - Calvão da Silva
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parcialmente inválidas: uma coisa é a redução do contrato, art. 14.º, outra é a redução
das cláusulas. Se fosse possível a redução das cláusulas, estaríamos a premiar o infrator.
Conteúdo necessário
o Depósitos bancários (contrato de depósito à ordem3)
o Regulação da conta-corrente bancária: ficam assentes os termos em
que a conta, em termos de crédito e débito, é movimentada.
o Regulação do giro bancário: prevêem-se as regras sobre os seus
movimentos
Conteúdo eventual
o Convenção de cheque
o A emissão de cartões
o A concessão de crédito por descobertos em conta
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Sobre a natureza deste contrato prenunciar-me-ei mais para a frente. Fica só a nota que para MENEZES
Cordeiro este pode ser um negócio consensual que só produza efeitos obrigacionais.
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III. O depósito
i. O depósito comum 1185
Vem definido como “o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra uma
coisa, móvel ou imóvel, para que a guarde e restitua quando for exigida”. O nosso
código entendeu adotar a definição do código italiano, introduzindo-se na nossa
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subjetiva relativa à obrigação de restituição, ou seja, no depósito irregular não tenho que
devolver a mesma coisa, poderei devolver outra do mesmo género e qualidade.
Os elementos caracterizadores são os seguintes:
O 1206 manda aplicar, ao depósito irregular, na medida do possível, as
regras do mútuo, ou seja:
o Quanto aos efeitos, ao contrário do depósito comum, este
produz efeitos reais, havendo a transferência da propriedade
para o depositário 1149. A razão de ser da entrega da propriedade
é o facto da obrigação de restituição ser fungível – há uma
impossibilidade prática da destrinça da coisa depositada no
património do depositário.
o Aplicam-se as regras da forma 1143
o O 1147 do prazo no mútuo oneroso, presumindo-se
estabelecido a favor de ambas as partes (e não a favor do
depositante), sendo que o mutuário pode “antecipar o pagamento,
desde que satisfaça os juros por inteiro”.
o Da falta de fixação de prazo 1148
o 1149 da falta de género não se tratando de dinheiro
o São inaplicáveis as regras relativas ao mútuo oneroso 1145 e
seguintes.
Mantém a presunção de gratuidade do contrato de depósito.
É um contrato misto: Não é um verdadeiro depósito (não se aplicam as
regras relativas ao dever de custódia) mas também não é um verdadeiro
mútuo (o mútuo visa o interesse do mutuário, que pretende gastar a coisa
e, eventualmente do mutuante, através da receção de juros; já o depósito
irregular visa o interesse do depositante para a conservação daquele
valor).
iii. Depósito mercantil 403 e seguintes Ccom.
O depósito é considerado mercantil quando “…seja de géneros ou de mercadorias
destinadas a qualquer ato de comércio” – trata-se de um ato objetivamente comercial.
Ao contrário do depósito comum, dá, como regra, azo à remuneração 404. No omisso
aplicam-se, ao depósito mercantil, as regras relativas ao depósito comum.
iv. Depósito bancário 408 Ccom. e Decreto-Lei n. º430/91 de 2 de
novembro; entre outras legislações avulsas
O 408 refere os depósitos feitos em bancos ou sociedades os quais “…reger-se-
ão pelos respetivos estatutos em tudo quanto não se achar prevenido neste capítulo e
mais disposições legais aplicáveis” – a menção aos “estatutos” deve ser convolada para
uma referência aos usos bancários. De todo o modo, definiremos depósito bancário
como: o depósito feito, em dinheiro, por um cliente – o depositante – junto de um
banqueiro – o depositário (MENEZES CORDEIRO); ou, o contrato pelo qual o
depositante entrega ao banco – o depositário – uma soma de dinheiro ou bens móveis de
valor, para que este os guarde e restitua quando o depositante solicitar (PAULA
CAMANHO).
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É um instituto geral do código civil cuja função é definida na doutrina: quando duas
pessoas sejam, reciprocamente, credor e devedor, qualquer uma delas pode livrar-se da
sua obrigação, através da compensação com a obrigação do seu credor, verificados que
estejam os pressupostos legais. O crédito da pessoa que invoca a compensação é o
crédito compensatório ou ativo; o da pessoa contra a qual ele seja invocado diz
compensado ou passivo. Efetivamente, os diversos mecanismos de contas-correntes,
dos pagamentos e das transferências, funcionam por via da compensação.
A compensação reveste 3 modalidades:
Legal: opera automaticamente verificados os pressupostos legais da
compensação, porém esta modalidade não existe de forma pura no OJ
português, pois exige-se sempre declaração expressa do compensante pela
vontade de compensação 848/1. A declaração é um meio de eficácia, mas
não de validade, daí desencadear eficácia retroativa uma vez realizada – a
compensação vê-se como válida uma vez preenchidos os pressupostos
legais, operando a partir desse momento.
Convencional: opera por contrato entre as partes (podem convencionar
efeitos automáticos, não se sendo necessária posterior declaração). Note-se
que o banqueiro pode, livremente, ajustar com o seu cliente a realização de
operações de compensação, fora de quaisquer requisitos legais: com
ressalva, todavia, das regras imperativas que, porventura, possam ocorrer –
A LCCG no artigo 18ºh) impede o afastamento da compensação legal. Não
veda a sua facilitação (ou seja, a modalidade convencional).
Judicial: por decisão judicial.
Os pressupostos fixados no 847 e seguintes são:
Exigência de dois (ou mais) créditos recíprocos da titularidade do declarante
e do declaratário 847 e 851:
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i. A compensação bancária
A compensação bancária reveste diversas modalidades:
Convencional: estipulada contratualmente pelas partes com respeito pelas
regras imperativas. É frequente encontrarmos cláusulas no qual se diz que o
banco pode compensar uma conta com outra conta no qual a mesma pessoa
seja titular única ou solidária com outra.
Compensação imprópria/anómala ou em conta-corrente: Um dos elementos
básicos da conta corrente é, precisamente, o fluxo contínuo de compensações
anómalas que permite, em cada momento, disponibilizar um saldo (o próprio
346/3 Ccom. refere este aspeto). Enquanto efeito natural (e legal) da conta-
corrente e, daí, da própria abertura de conta, não tem restrições: tudo o que
seja levado à conta pode ser compensado. Vigora aqui o princípio da
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Professora sobre a homogeneidade: (i) Segundo MC, o facto de dois depósitos terem natureza diversa - à
ordem e a prazo - reflete-se na homogeneidade do direito de crédito (ao saldo) que daí resulta para o
depositante: não são dois direitos de crédito homogéneos, substituíveis perfeitamente entre si e, por isso,
não são passíveis de compensação nos termos do art. 847.º. A ausência de homogeneidade resultará de um
poder ser exercível a todo o tempo (não tem prazo, nunca teve - não se esgotou porque nunca existiu) e
outro não. Para a PC a questão é meramente de exigibilidade.
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A professora Joana Farrajota não concorda com a posição de PAULA CAMANHO por razões práticas
do comércio bancário. É supérfluo cingir o depósito bancário (a prazo) de hoje com uma função simples
de guarda: em primeiro lugar porque a função primordial será mesmo de razão económica (receber os
juros); em segundo lugar, o setor bancário tem uma oferta de soluções tão vasta que o vencimento
antecipado do depósito não impede que o cliente deposite aquele dinheiro noutro banco cumprindo a
função de guarda que se pretende tutelar – Isto não é uma citação.
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A Professora na aula não refere esta inclinação jurisprudencial.
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Sumário do acórdão (muito bem resumido)
II. As contas à ordem podem ser singulares e coletivas; as coletivas, por sua vez, podem ser solidárias ou
conjuntas. Há ainda a possibilidade de qualquer das contas coletivas ser mista, sendo solidária quanto a
alguns dos titulares e conjunta quanto a outros. As contas bancárias solidárias têm um regime que resulta
das respetivas aberturas de conta. No omisso, caberá recorrer às regras gerais sobre obrigações solidárias,
verificando, caso a caso, as adaptações que se mostrem necessárias.
Cada depositante tem a vantagem de poder movimentar sozinho, o saldo; tem a desvantagem de poder ser
despojado do seu valor, por acto unilateral do seu parceiro.
III. Perante uma conta solidária, pode o banqueiro compensar o crédito que tenha sobre algum dos seus
contitulares, até à totalidade do saldo. O único aspeto restritivo poderia advir das condições de
movimentação acordadas. Assim, se estas não facultarem débitos em conta por despesas e créditos do
banqueiro em geral, o banqueiro terá de ter o cuidado de proceder a uma declaração avulsa de
compensação, compensando com o saldo disponível.”
IV. Um facto só é notório quando é do conhecimento geral – art. 514.º-1 do CPC.
Ora só se pode afirmar que é do conhecimento geral aquilo que toda a gente conhece.
Estando o contrato de abertura de conta sujeito a cláusulas contratuais gerais e/ou especiais negociadas
entre banqueiro e cliente, só quem conhece os termos em que foi negociado o contrato é que
verdadeiramente pode estar dentro dele.
Pelo que é absolutamente insustentável dizer ser um facto notório (ou seja, do conhecimento geral) que a
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forma de movimentação de contas solidárias à ordem só pode fazer-se através de documento escrito.
(autorização ou ordem dada por todos os titulares da conta).
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O banqueiro não pode, de facto, escolher perante qual dos depositantes solidários se pode exonerar
porque, em regra, ele não pode exonerar-se pura e simplesmente. Ligado por um contrato de abertura de
conta, fonte de uma situação essencialmente duradoura, o banqueiro deve tolerar (porque a isso se
obrigou contratualmente) todos os depósitos que os seus clientes queiram fazer nas respetivas contas.
Agora: nos casos, contratualmente previstos, em que o banqueiro possa pôr termo ao contrato de abertura
de conta (…) dando por terminada a relação bancária complexa (…) o banqueiro pode prevalecer-se do
528/1 CC para entregar o saldo a algum dos depositantes solidários, deste modo se exonerando.
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Argumento da merda.
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Relembre-se que este não é um elemento de eficácia contratual ou uma obrigação do mutuante, mas
sim uma condição de validade do contrato, um elemento constituinte.
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Embora, denota a professora, tratando-se de dinheiro, o género não se extingue com a transferência do
risco (como dita a regra), pois esta é uma prestação extremamente fungível
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Relembrando o regime geral do incumprimento das obrigações:
- A mora do devedor 842/2 define-se por: atraso na prestação; imputável ao devedor; prestação ainda
possível; obrigação de facere. Os efeitos da mora: obriga o devedor a reparar os danos do credor pelo
atraso culposo; lança o risco da impossibilidade da prestação – direito a indemnização pelos danos
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Os falsos mútuos de escopo, como o crédito pessoal e o crédito ao consumo, são na realidade mútuos
classificados (para fins comerciais) mas não existe alguma vinculação contratualmente estabelecida.
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A data conta-se a partir do momento em que os fundos são postos à disponibilidade até à data da última
prestação. Os prazos podem ser alterados devido a visccitudes, pode dar-se a renovação do prazo e a
prorrogação (artigo 3 e 5/2).
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AVISO 8671/2016, 30.06 (2º sem. 2016)
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recurso ao crédito, tipo spotify grátis durante 3 meses, e partir daí por apenas
6,99€)
Relativamente aos juros de mora só é admissível a capitalização mediante
acordo das partes, reduzido a escrito, e no âmbito de reestruturação ou
consolidação de contratos de crédito (fica no ar o que é que isto significa).
o Relembrar! O DL 58/2013 vem introduzir um novo regime da
mora: juros moratórios vêm fixar-se numa sobretaxa máxima de 3%
relativamente aos remuneratórios (8/3); para a cobrança de outros
montantes com fundamento em mora (artigo 9º), no nº1 estabelece-se
uma proibição geral de cobrança de comissões e imputação de
despesas e os números seguintes vêm enumerar exceções ao nº1
(praticamente uma chulice pura no qual tudo é exceção, atenção à
contradição entre o nº2 e nº8, abraços.)
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RELEMBRAR! Pode ser requerida forma especial se a abertura de crédito incluir negócios que exijam
garantia real.
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Retirado da aula, temos ainda:
Antecipação bancária - É uma antecipação pelo banco ao cliente de um montante correspondente a um
crédito titulado, antes do respetivo vencimento, com prévia de dedução dos juros até ao vencimento do
crédito cedido + encargos do banco; Desconto - Figura em declínio. Trata-se também de uma antecipação
de um montante pelo banco ao cliente, que diz respeito a crédito titulado, antes do respetivo vencimento,
com a prévia dedução dos juros até ao vencimento do crédito cedido + encargos do banco. O desconto
pode ser realizado com recurso, ou seja, pode-se voltar para o cedente e dizer que não conseguiu reaver o
crédito. Tem taxa livre, não está regulado, é inútil.
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STJ 28.5.2015, vai ao encontro de uma maior proteção do cliente. Não sendo
celebrado por escrito não é um contrato de mútuo, é apenas uma relação de
facto: sucede que o banco pode exigir a qualquer momento o pagamento do
saldo, vencendo-se desde logo juros moratórios. Para que se exijam juros
remuneratórios, a IC tem o ónus de alegar (5 NCPC) que o descoberto em conta
constitui a concretização de um mútuo bancário em que foram estipulados juros
remuneratórios, caso contrário, não há juros remuneratórios para ninguém. Caso
se prova, não havendo juros convencionados, abre-se apenas a possibilidade de
juros remuneratórios legais 7% ou 9% (no máximo, acrescida a sobretaxa,
conforme seja ou não garantido). A professora comenta que a fundamentação é
pouco sólida por não explicar como é que vamos ao regime dos juros supletivos
se não se reconhece a existência de um contrato de mútuo sem os formalismos
legais estarem prescritos (pois a prova da sua existência não significa que a
forma esteja lá)
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produtivo ou, sequer, útil. Devido a todas estas limitações, os locadores encarecem o
produto, onerando o locatário com encargos – haverá, pois, que procurar um equilíbrio,
assente numa repartição razoável e equitativa de riscos. O 15 do DL 149/95 estipula que
salvo “convenção em contrário, o risco de perda ou deterioração do bem corre por
conta do locatário”.
3º momento. A própria locação financeira consigna depois, em regra, uma opção de
compra, a favor do locatário, por um preço residual correspondente a uma percentagem
do valor da coisa locada. Surge por vezes a obrigação de celebração de outros contratos:
seguros e garantias – a locação torna-se um núcleo apto a suportar contratos mistos.
A locação financeira reveste diversas modalidades
Net leasing e gros leasing: consoante as despesas corram pelo locatário ou pelo
locador
Short leasing e long leasing: conforme dure menos ou mais de 10 anos
First ou secondhand leasing: quando se reporte a bens novos ou usados
Sale lease back leasing: quando o interessado venda o bem ao financiador o qual lhe
devolve em locação financeira
Terme leasing e revolving leasing: respetivamente para os contratos de duração pré-
definida ou de duração indeterminada, à vontade do locatário
Kommunal leasing: constituídos por autarquias, para equipamentos públicos
Leasing mobiliário e imobiliário: consoante a natureza dos bens locados.
Relativamente ao regime vigente, tomando-o na sua globalidade a locação
financeira é um contrato oneroso, sinalagmático, bivinculante, temporário, mas
originando relações duradouras e de feição financeira. Na Alemanha está regulado por
cláusulas contratuais gerais, já aqui em Portugal, dispõe de completas regulamentações
– aspeto que não impede os contatos de locação financeira contenham, sendo contratos
de adesão, cláusulas contratuais gerais. Este contrato é essencialmente um negócio de
crédito ainda que vertido nos moldes da velha locação: o locador deve assegurar a
entrega da coisa; o locador é o possuidor da coisa em termos de propriedade, exercendo
a sua posse através do locatário; transmitida a propriedade do bem locado para o locador
aplica-se o 1057 CC; entre outras (ver página 740 MC para mais informação):
Nos PW destacamos, quanto ao DL 149/95:
Objeto: bens suscetíveis de locação 2/1
Forma: simples documento escrito 3
Prazo máximo: (1) não pode ultrapassar o prazo que “corresponde ao período
presumível de utilização económica da coisa” 6/1; (2) 30 anos (6/2)
Obrigações do locador 9: a) adquirir/constituir bem a locar; b) conceder o gozo do
bem; c) vender o bem ao locatário.
Obrigações do locatário 10/1
Direitos do locatário 10/2
Transmissão da posição do locatário 11: porém é necessário distinguir
o Casos de bens de equipamento: a posição do locatário é transmissível sem
necessidade de consentimento do locador, se ocorrer no quadro do trespasse
de um estabelecimento comercial (115 do DL 321B/90
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STJ 28.4.2009: vem estabelecer que caso exista uma situação de impossibilidade
da prestação ou de incumprimento definitivo, carece o autor (locador) de base
legal para proceder à resolução do contrato.
STJ 1.7.1999: para que o procedimento cautelar de entrega judicial e de
cancelamento de registo seja procedente, o requisito a cumprir à priori é a
resolução do contrato e não a restituição do bem locado.
RL 1.2.1996: o reconhecimento do direito de propriedade do locador, carece da
“eficácia extintiva do contrato de locação financeira à declaração de resolução
emitida pelo locador, impõe-se que esta alegue e prove, pelo menos com
probabilidade série quando se pretende providência cautelar não especificada
tendente à restituição, a causa concreta do incumprimento, a factualidade
constitutiva da violação das obrigações assumidas pelo locatário.
RL 3.2.2005: “o tribunal deverá ordenar a providência requerida se a prova
produzida revelar probabilidade séria da verificação dos requisitos enunciados
no (…) no 21 (…)”.
STJ 10.7.2012: 2. Pode aceitar-se como possível, em caso de incumprimento do
contrato de locação financeira, por banda do locatário, e em alternativa à
resolução do mesmo, sem violação das regras da boa fé ou de quaisquer outras
exigíveis, a perda do benefício do prazo para o locatário, podendo o locador
exigir o pagamento das rendas vencidas e não pagas (acrescido dos
correspondentes juros de mora) assim como o das rendas antecipadamente
vencidas (sem juros), mantendo o locatário, neste último caso, o direito a utilizar
e gozar o equipamento locado até final, assim se vencendo antecipadamente a
sua obrigação pecuniária resultante de um contrato com uma duração definida e
certa. 3. É nula a cláusula contratual geral do contrato de locação financeira que
estabelece, para o caso de incumprimento do locatário, e em alternativa ao
direito de resolução do locador, a título de cláusula penal, a obrigação, por banda
daquele, do pagamento do valor residual do equipamento locado.
STJ 7.3.1991: I - A faculdade de comprar ou não comprar a coisa locada, no fim
do contrato, constitui um dos elementos essenciais do contrato de locação
financeira imobiliária. II - E absolutamente proibida (artigo 18 e 21 do DL
446/85, de 25 de outubro) e nula a opção clausulada que conceda a parte
economicamente mais forte a vantagem de receber todas as quantias devidas e
obrigar a parte faltosa a adquirir a coisa locada, pois e contra a natureza do
contrato e contra o seu elemento mais importante (o direito a não adquirir).
RL 26.6.1993: I - Por ofensiva da boa fé e das normas sobre resolução dos
contratos a constituir uma execução forçada do contrato, é nula a cláusula que,
na locação financeira, permite ao locador, em caso de incumprimento do
locatário, pedir as rendas vincendas acrescidas do valor residual. II - Nos
contratos de locação financeira os riscos dos locadores - repartidos pelos
locatários são cobertos pelas rendas. III - As rendas destinam-se a cobrir não só a
amortização financeira global do custo ou investimento como também a
remuneração dos tais riscos.
Assente em todas estas dificuldades, a jurisprudência encaminhou-se para admitir
a inclusão de cláusulas penais – estabelecendo-se como limite indemnizatório que o
locador ganhe mais, com o incumprimento, do que com a comum execução do contrato.
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Embora isto não resulte do DL.
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RELEMBRAR! Distingue-se da sub-rogação, ligada ao pado passivo da relação obrigacional, trata-se
de um cumprimento da assunção de dívidas no qual só se assumem as obrigações (e não os direitos, como
ocorre na cessão).
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Embora seja duvidoso falar aqui de um contrato-promessa do 410/1 CC, pois o contrato-quadro de
factoring não individualiza nenhum contrato, pois implica uma atividade ulterior jurígena (existe aqui a
(teoria) da absorção, combinação e a analogia (típica dos contratos mistos).
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Garantia – o factor, por exemplo num full factoring, assume todos os riscos de
incumprimento de crédito. Tecnicamente só se o risco de incumprimento do terceiro
se transferir para o factor há cessão.
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Estes são os nomes mais utilizados, dada a liberdade contratual podem surgir novas modalidades ou
outras que distorçam estas.
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O banqueiro não é responsável pelas situações de força maior 36 (catástrofes naturais, tumultos,
comoções civis, guerras) não ficando obrigado a transferir o crédito documentário (exceto se assim o tiver
previsto 38/a).
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Índice
1. Enquadramento do Direito Bancário ........................................................................ 2
i. Direito fragmentário e dependência científica....................................................... 2
ii. Situação jurídica bancária: Operações bancárias 362 CCom. e 4 RGIC ............... 3
iii. Sujeitos da atividade bancária ............................................................................ 4
iv. Deveres gerais: deveres de competência, de adequação e de eficiência. ........... 5
v. As cláusulas contratuais gerais .............................................................................. 7
2. O contrato de abertura de conta (relação bancária geral, continuação…) ................ 9
I. A conta corrente bancária .................................................................................... 10
II. O giro bancário ................................................................................................ 11
III. O depósito ........................................................................................................ 11
i. O depósito comum 1185 .................................................................................. 11
ii. O depósito irregular 1205 e seguintes .......................................................... 12
iii. Depósito mercantil 403 e seguintes Ccom. .................................................. 13
iv. Depósito bancário 408 Ccom. e Decreto-Lei n. º430/91 de 2 de novembro;
entre outras legislações avulsas .............................................................................. 13
v. Depósito de Escrow (com base na aula suplementar de 29 de novembro) .. 15
IV. A compensação de créditos 847 CC .................................................................... 16
i. A compensação bancária ..................................................................................... 17
V. Crédito bancário – Mútuo Civil 1142 CC .............................................................. 22
VI. Crédito bancário - O mútuo bancário .................................................................. 23
a. Os Juros (a obrigação de juros) 559 a 561 CC .................................................... 24
VII. Contratos especiais de crédito – abertura de crédito ........................................... 27
VIII. Contratos especiais de crédito – descoberto em conta ou facilidades de caixa 28
IX. Contratos especiais de crédito – o leasing ou locação financeira DL 149/95 e DL
72/95 (para as SLF) ........................................................................................................ 29
X. Contratos especiais de crédito – o contrato de factoring ou cessão financeira DL
171/95 ............................................................................................................................. 33
XI. Contratos de financiamento e cláusulas acessórias (ver 12ª aula – 21/9/2016)... 35
XII. Os créditos documentários .................................................................................. 35
XIII. As garantias bancárias (garanta bancária Francisco Cortez e cópia da 13ª
(22.9.2016) aula) ............................................................................................................ 37
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