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Gregorio Lucio
São Paulo (SP)
2014
UMBANDA DE
NEGO VÉIO
Compêndio de
Estudos
(Volume 1)
Gregorio Lucio
2014
1
Lucio, Gregorio Fernandes
2014: Umbanda de Nego Véio. Compêndio de Estudos (livro
eletrônico) / Gregorio Fernandes Lucio –
São Paulo (SP), 2014
Spinosa, Mario (foto de capa): As mãos, a cruz e o rosário
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Il.; ePUB
Umbanda – Religião – Estudo
2
Apresentação
Caro Leitor,
O autor.
3
Dedicatória
Gregorio Lucio
4
Sumário
Introdução.............................................................................. 09
Umbanda Religião Brasileira .............................................. 11
Kardecismo e Umbanda são iguais? ................................... 14
5
Simbolismo, Magia e Subjetividade na Umbanda (I) ....... 108
Simbolismo, Magia e Subjetividade na Umbanda (II) ...... 114
As Hierarquias na Umbanda ............................................. 122
6
Sensações Mediúnicas – Parte II (Fenomenologia Orgânica
e Psíquica do Transe)............................................................ 218
A Incorporação...........................................................................
A Manifestação ................................................................. 274
7
O Comando da Função Mediúnica.................................... 337
8
Introdução
Umbanda. É uma cultura religiosa popular. É o resultado
empírico da fé de um povo e não o produto do
desenvolvimento intelectual hegemônico de um missionário,
teólogo ou codificador. É a expressão mais próxima do
Socialismo dentro da Religião.
9
Contudo, é preciso estabelecer pontes e diálogos entre o
mundo subjetivo que contempla o sentido religioso, os
discursos pertinentes ao universo interno dos terreiros e da
Umbanda como um todo, com as outras formas de
interpretação e entendimento da individualidade humana,
para que esta bela cultura religiosa que emerge do âmbito
social com sua rica produção simbólica seja também colocada
como partícipe ativa na centralidade do campo religioso
brasileiro, uma vez que sempre esteve posta à margem deste.
Saravá a Umbanda!
10
Umbanda - Religião Brasileira
11
E, ainda, aqueles que reputam à Umbanda a pecha de
uma simples seita, destituída de corpo doutrinário, senso
racional e crítico, repleta de crenças e fetichismos, a qual
surgiu como um processo de degradação das religiões
predominantes ao longo do processo de desenvolvimento
social, notadamente nos centros urbanos das grandes
cidades brasileiras.
12
Ademais, em seu aspecto espiritual, também
particularmente, não cremos que a Umbanda disponha de
uma "missão" específica, como as religiões cristãs
predominantes (por exemplo, o Catolicismo, por meio de
sua Igreja procura arrebanhar fiéis e balizar sua conduta
religiosa para uma salvação; o protestantismo por sua
vez, busca a conversão do indivíduo à fé cristã para
também desta forma conseguir sua salvação; o
espiritismo "kardecista" pretende ser a Terceira
Revelação das religiões Abraâmicas, o Consolador
Prometido por Jesus Cristo). Sinceramente, não
cremos que a Umbanda disponha desta premissa na
constituição de sua práxis religiosa, bem como em seus
ensinamentos.
13
Kardecismo e Umbanda são
iguais?
1º Crença em Deus;
14
2º Crença na Imortalidade do Indivíduo;
3º Crença na Reencarnação;
15
Questão 553: Qual pode ser o efeito de fórmulas e
práticas com ajuda das quais certas pessoas pretendem
dispor da vontade dos Espíritos?
16
denuncia uma baixeza e uma fraqueza de idéias, que o
expõe aos Espíritos imperfeitos e zombeteiros.
17
assim como utilizamo-nos da palavra e do som para
congregarmos forças espirituais (a curimba, constituída
de pontos cantados, toque de atabaques, etc), vemos que
ai já estão as características fundamentais da prática
umbandista, as quais a distinguem drasticamente do
"Kardecismo".
18
forças ou aspectos não-fisicos interferem em processos
físicos).
19
nós a fim de nos trazer uma mensagem ou um conselho.
Usar sempre o bom senso.
20
Práticas Rito-Litúrgicas na
Umbanda
21
rezas, roupas, aparatos e posturas corporais, e até mesmo
o comportamento subjetivo (indicando concentração,
mentalização, silêncio, respeito, reciprocidade, etc)
realizados dentro do ritual.
1º Preparatória;
2º Atração de Forças;
22
Umbanda, de geração a geração, de sacerdote/sacerdotisa
ao iniciado, do mestre ao aluno.
23
obviamente colherá melhores e mais frutos abençoados
ao longo de sua jornada espiritual.
24
seja na condição de doentes em tratamento supera em
muito a quantidade de encarnados presentes no dia de
trabalho.
25
Das Entidades Espirituais da
Umbanda
27
arquetípica pertinente ao inconsciente pessoal e coletivo
do indivíduo).
28
Importante considerarmos também que os termos
"Caboclo", "Preto-Velho", "Criança", "Baiano", etc.,
mais do que a forma de apresentação destes Espíritos,
remetem ao grau espiritual concernente a cada um. Esse
grau espiritual não traduz uma relação vertical entre as
Entidades (por exemplo, Preto-Velho seria "mais
evoluído" que o Caboclo, e vice-versa). Ao contrário, as
relações do plano espiritual revelam-se horizontalmente
entre os Guias e Protetores, sendo dada a ascendência de
determinado Espírito sobre o médium pelo fato deste
guardar maior afinidade vibratória e kármica sobre o seu
tutelado. Embora seja verdade que muitos espíritos
tiveram pelo menos sua última encarnação como índios,
negros, nordestinos e sertanejos, isso não se torna uma
regra na qual possamos enquadrar todos as Entidades que
"baixam" nos templos de Umbanda.
29
Finalmente, e ainda sobre a atuação do Guia de frente,
na experiência do transe, ao longo da vivência
tempo/rito, poderão emergir os conteúdos
numinosos presentes no inconsciente do médium
proporcionando experiências místicas profundas e
alterações marcantes no seu comportamento e percepção
da vida, compreendo-se como Ser existente tanto na
realidade material (natureza/humanidade) quanto
espiritual (espiritualidade/divindade), como sujeito eterno
e constituído pelo Divino/Orixá.
30
As Ervas
32
religiosa com as mais diversas finalidades, possuem
então uma dimensão corpórea e vital (são seres vivos)
assim como uma dimensão espiritual/divina (estão
associadas às consciências espirituais ainda em estágio de
evolução neste reino anterior ao hominal, assim como
está contida nelas a manifestação direta dos Orixás).
33
Evidentemente existem práticas de fundamento
específicas dentro de cada terreiro que destinam-se
justamente a promover esse "despertar" das propriedades
espirituais das ervas. Para citar um exemplo, quando o
corpo de médiuns canta e dança para os Orixás junto ou
próximo às folhas que posteriormente serão utilizadas
nos trabalhos ritualísticos da casa, mesmo que muitos dos
presentes não o saibam, podemos estar certos de que
neste instante está ocorrendo uma verdadeira "agitação"
nos planos etéricos/espirituais em cujas dimensões
movimentam-se os aspectos curativos/espirituais de
nossas folhas sagradas, com as quais sempre poderemos
contar como abençoados remédios para o corpo e para as
questões espirituais, levando toda a negatividade, os
acúmulos nocivos de energias densas, afastando seres
espirituais de baixa frequência e nos colocando
vibratoriamente em contato com os Guias e Orixás de
nossa amada Umbanda!
34
A Defumação
35
A compreensão quântica do universo (preconizada pelo
eminente professor de Física da Universidade de Oregon,
Amit Goswami) postula que a Realidade é criada pela
Consciência, a qual escolhe, entre várias possibilidades
prováveis, quais os contextos que irão surgir como
realidades. Isso implica em dizer, sumariamente, que
nossa consciência objetiva ou de corpo (as sensações
corporais como calor, frio, dor, leveza, pressão sobre a
pele) e nossa consciência subjetiva ou psíquica
(percepção de individualidade, assim como sentimentos,
emoções, ideias, pensamentos), seriam causadas pela
ação da Consciência. A este princípio foi dado o nome de
causação descendente (a Consciência cria a realidade, o
cérebro e o corpo), implicando numa posição contrária ao
paradigma científico materialista, tido como causação
ascendente, o qual define o cérebro como criador da
consciência e do sentido de individualidade.
36
Individualidade, a qual está localizada em vários níveis
dimensionais (natural - espiritual - divino, por exemplo),
Ela (a Consciência) manifesta estruturas paralelas que
interagem dinamicamente e regulam-se umas as outras,
num movimento de equilíbrio. Essas estruturas, fazendo
uma ponte com os conhecimentos espiritualistas,
podemos chamá-las, didaticamente, de: corpo físico
(material), corpo vital ("semi-material" ou etéreo), corpo
psíquico (sutil) e corpo mental (sutilíssimo).
37
energias sutis provindas dos 4 elementos (ar, fogo, água e
terra).
38
momento da defumação, seus próprios "princípios
espirituais", verdadeiros "mananciais de luz",
direcionando-os para todos, formando uma verdadeira
"aura coletiva" da qual cada um retirará o que lhe seja
necessário.
39
O amigo leitor deve estar se perguntando agora: Ué... A
que tipos de Leis então essa prática de "transmissão de
forças" obedecerá?
Saravá!
40
O Banho de Ervas
42
O banho de erva, assim como a magia das fumaças (vide:
A Defumação), compõe a preparação fundamental de seu
adepto para o contato com o Sagrado, com os Numes da
Umbanda, os quais não somente valem-se do psiquismo
como também utilizam-se do corpo do médium, num
autêntico processo de incorporação.
43
No caso de uma influência espiritual negativa, as
emanações etéricas propiciadas pelo banho impactam
sobre o corpo astral da entidade obsessora, alijando-a da
ligação com seu "hospedeiro", favorecendo que este se
reestabeleça.
44
A Pemba, a Lei de Pemba e o
Ponto Riscado
45
seguida fosse lançado ao rio USIL, de maneira que fosse
devorado pelos crocodilos. M.Pemba, consternada com
tal tragédia e desilusão amorosa, para atestar sua dor e
pesar, cobria todo o seu corpo com o pó branco retirado
do monte Kabanda e à noite, para que seu pai não
soubesse desse ato de dor perante a morte de seu amor,
lavava-se nas margens do rio.
A Lei de Pemba.
46
ganham re-significação própria dentro da rito-liturgia
umbandista.
47
De acordo com Evans-Pritchard (2004), conforme consta
em Etiene Sales (2005), o símbolo religioso é uma
representação analógica do mundo invisível, sendo a
cultura a matriz geradora das formas simbólicas que
trazem à existência (mundo imanente) forças do mundo
espiritual.
Ponto Riscado
48
Orixás, Guias e Protetores (trataremos em artigos
futuros de maneira mais detalhada a respeito das
Hierarquias Espirituais da Umbanda).
49
espírito na condição de Guia ou Protetor é exatamente a
simbologia e interpretação expressa no Ponto Riscado.
50
que carece ser interpretado dentro do contexto religioso
de cada casa de Umbanda.
51
As Roupas Litúrgicas e as Fitas
52
Assim, a composição de sentidos estéticos para as
práticas espirituais não são fetichismos, mas são atos de
reconhecimento do espiritual naquilo que em sua
essência já o é. A matéria-prima utilizada na confecção
de todo o aparato litúrgico, contém essencialmente a
força espiritual por provir da Natureza, na qual estão
impressas, de forma latente, as irradiações dos Orixás.
53
seu status econômico, seu grau de intelecto, etc. -, para
inserir-se em um contexto religioso que o conduzirá a
uma vivência na qual a persona individual deve ser
deixada de lado para que haja a passagem para a persona
social, o sujeito integrante de um sistema maior, no qual
ele compõe um elo. Um dos vários elos da corrente
mediúnica.
54
modelos das roupas litúrgicas são estabelecidos pela casa
e devem ser utilizados por todos os seus médiuns, não
permitindo-se variações. Isso por que é óbvio que, no
aspecto coletivo, a roupa de santo visa dar uniformidade
ao grupo frequentador do templo.
55
Para refletirmos a respeito da utilização de um objeto tão
singelo e aparentemente de menor importância, um
adereço, na prática ritual, precisamos compreender a
natureza e a finalidade do símbolo dentro da vida humana
e, especialmente, das práticas religiosas.
Segundo Heinz-Mohr:
56
vibratórias sob regência dos Orixás, servindo-se para isso
de seu formato característico e suas cores, intuindo os
planos de energias espirituais bem como sua irradiação
específica, simbolizada na coloração própria a cada
Orixá.
Os símbolos, na prática
religiosa, exprimem vivências espirituais e psicológicas
de uma individualidade ou coletividade, advindos das
profundezas do inconsciente, e por isso devem ser
objetos de uma experiência mais profunda do que a do
simples conhecimento (Malandrino, 2006).
57
Na prática umbandista, as Fitas destinam-se então a
propiciar um campo de proteção e descarga de energias
em relação ao corpo do médium, desde que utilizadas
sobre os ombros ou envoltas na cintura. Colocadas sobre
uma oferta ou atadas a algum elemento ritual, têm a
finalidade de manifestar, espacialmente, a vibração de
determinado Orixá.
58
As Guias
59
fluência de dois aspectos da realidade humana (espírito e
matéria) num ponto em comum.
60
Da mesma forma, as guias também servirão para criar um
movimento inverso, dinamizando suas forças (e as do
médium) para tornarem-se escudo e pontos de descarga
de vibrações negativas, oriundas do plano astral inferior,
e de formas-pensamento (idéias plasmadas no plano
astral) de teor perturbador desencadeadas pelos maus
sentimentos e pensamentos daqueles presentes aos
trabalhos (encarnados ou desencarnados) em condição de
desequilíbrio.
61
médium. Podem, entretanto, ser de utilidade ritual ou
espiritual. Em outras palavras, essas guias podem ser
destinadas a representar aquele templo de maneira
específica, ou servir de proteção ou defesa
para um adepto, num caso específico, a depender de sua
situação e necessidade naquele momento.
62
Queremos com isso colocar que não é pela quantidade e
nem pela beleza das guias que possamos ter em nossos
pescoços que iremos ter maiores ou melhores retornos e
gratificações em nossa vida espiritual, especificamente
no mediunismo umbandista.
63
As Velas
65
ligação do aspecto mágico ao religioso, invocando certas
vibrações do plano astral para aquele ambiente, naquele
instante. Por isso, é comum os congás, os cruzeiros, as
ofertas, etc, serem acompanhados de velas acesas, as
quais iluminam aqueles elementos, sustentando os
pedidos, louvores e agradecimentos.
66
apenas, os estímulos táteis no ritual, excetuando-se,
talvez, as palmas” (Morini, 2007).
67
pretende fazer luzir uma vela, em benefício de alguém ou
de si próprio.
68
Música e Movimento na
Umbanda
69
Na práxis umbandista, a palavra manifesta oralmente (a
fala) é claramente um de seus instrumentos mais
significativos para a comunicação de sua tradição e de
seus valores; para a preservação de sua memória
espiritual e coletiva; e, para o compartilhar da
experiência religiosa entre os adeptos. Em outras
palavras, a tradição umbandista é notadamente oral.
70
afinizadas com a corrente mediúnica e ligadas às
vibrações do plano espiritual de acordo com a ideia
simbólica representada no Ponto Cantado.
71
Existe uma certa confusão, e até mesmo um preconceito,
em nossa sociedade, a qual é marcada pela cultura
ocidental (espelhada na influência européia), que faz com
que a experiência sensorial seja desconsiderada ou jogada
a um plano secundário, para fazer prevalecer a expressão
verbal - geralmente a escrita, por ser esta uma
característica fundamental da cultura dominante em
nossa sociedade -.
72
Os estados espirituais, mentais, psicológicos e físicos dos
adeptos umbandistas, são comunicados essencialmente
pelo canto e pela dança ritualística. Estas expressões
produzem um determinado padrão estético e
simbólico característico para cada momento do trabalho
espiritual.
73
A Curimba e o Ponto Cantado
a) pontos de preparação;
b) pontos de abertura;
c) pontos de defumação;
74
h) pontos de sustentação;
j) pontos de louvação.
75
Dizemos "linguagem alternativa" pois, em nossa
sociedade, a escrita é a forma de comunicação tida como
a predominante e mais importante. No entanto,
ressaltamos que isso é um aspecto cultural e não devemos
relegar a um plano secundário outras formas de
expressão da subjetividade humana, conforme estas que
nos utilizamos fartamente na Umbanda.
76
refletem aquilo que já é sabido, de "senso comum", entre
os umbandistas.
77
espiritual. Quando os Guias trazem seus Pontos, marcam
na história daquela coletividade a sua memória, assim
como eternizam na lembrança do grupo aqueles Espíritos
e médiuns que participaram e compartilharam da
vivência dentro das Leis de Umbanda.
78
umbandista, abaixo, obviamente, do(a)
babalorixá/yalorixá.
a) Pandeiro;
b) Surdo;
c) Triângulo;
d) Agogô;
e) Ganzá;
f) Xequerê, etc.
79
A função da Curimba, segundo cremos, é sustentar o
ambiente espiritual dos trabalhos, e portanto, deve ser
executada por pessoas que dominem os instrumentos, e
saibam conduzir a ritmicidade e mesmo a modulação da
"altura" do som, de acordo com cada momento
ritualístico.
80
movimento pessoal e do outro" (Bárbara, apud Prandi
2005).
81
fazendo com que as pessoas saiam ao fim do trabalho
dizendo-se perturbadas, carregadas, etc.
82
O Atabaque
83
Segundo a função de cada um destes, basicamente o
Rumpi e o Lé estão destinados a manter o ritmo, a fazer o
toque de base, enquanto cabe ao Rum a execução de
repiques e técnicas percussivas específicas para
caracterizar os toques. Sendo assim, fica evidente que o
Rumpi e o Lé estão ligados àqueles tocadores com menor
vivência dentro do rito e também menor experiência no
domínio do instrumento, enquanto o Rum é destinado a
ser tocado pelo Ogã com maior tempo de casa e
consequente maior habilidade sobre o instrumento (o
Alabê, no caso do Candomblé e de algumas casas
umbandistas).
84
Atabaque, no Brasil tornou-se, portanto, um termo
genérico.
85
Segundo Cardoso (2006): As formas de tensão do couro
dos atabaques são várias: cunhas de madeira que
tensionam os aros, por meio de cordas presas no alto e
no meio da caixa acústica, chamados de "atabaques de
cunha"; o couro esticado por pinos de madeira, presos à
caixa de percussão, segundo Lody, chamados de "Sô"
(Lody, 1989, p. 23); ou tensão do couro "[...] feita por
parafusos presos à borda do instrumento"(Barros, p.
2000, 48).
86
terreiro, e mais especificamente dos médiuns da casa. Tal
conhecimento é obtido por meio da vivência e da
frequência destes às giras.
87
este é um instrumento musical, sob o qual lançam-se
técnicas específicas para que seja percutido
adequadamente, produzindo música. E neste caso, de
maneira ainda mais específica, musica sagrada, como
são as nossas curimbas.
88
No entanto, a música sempre permitirá o direcionamento
de nossos louvores, rogativas e agradecimentos para os
planos celestes, efetuando um processo de comunicação e
diálogo entre os homens e os Orixás.
89
giras. Evidente que isso é uma linguagem simbólica, pois
que os espíritos encontram-se no templo religioso muito
tempo antes dos próprios médiuns chegarem para os
trabalhos. Os Guias preparam e sustentam o ambiente
espiritual muitas horas antes do início das giras.
90
A Dança Ritualística na
Umbanda
91
A dança está, portanto, diretamente relacionada a cultura,
a religião e a arte.
92
Cosmo, reordenando em si as forças do universo,
reintegrando-as em nós mesmos.
93
um acontecimento visível, uma forma cinética para o
invisível" (Wosien, apud Fatima 2001).
94
propriedade simbólica de perfeição, ausência de divisão,
homogeneidade (Almeida, 2005).
95
Sachs fala das danças medicinais xamânicas. Nestas
práticas, o doente era colocado no centro do círculo, e
o xamãn, médico, curandeiro, dirigia a dança
circular, até que os dançarinos entrassem em êxtase,
até que subjugassem aquele espírito da enfermidade
que tomava aquele corpo doente, o afastassem, ou o
possuindo em si mesmo (no sentido da possessão)
pudessem vencê-lo (Almeida, 2005).
96
A prática da dança ritualística de maneira ordenada e
efetuada com conhecimento ocasiona uma condição de
saúde mental, valoriza a imagem corporal do indivíduo e
coloca-o em uma condição de relacionamento saudável
consigo mesmo e com a coletividade.
97
sempre, no fundo de nosso ser, a grandiosidade do Orixá
que vive dentro de nós e possamos compartilhar com a
vida os resultados desta busca, pela beleza e pela
musicalidade de nossas práticas espirituais, profundas em
sabedoria e sensibilidade.
98
A Mística Mistérica da
Umbanda
100
Dessa forma, a Mística Mistérica Umbandista irá
transpor suas diversas práticas e alcances de natureza
teológica e filosófica para o espaço e o veículo de
manifestação da religiosidade peculiar a esta,
como sejam o terreiro de Umbanda e o corpo/psiquismo
de seu adepto (médium). Ou seja, é no templo religioso
que o adepto vivência em si mesmo a sua experiência
mística, consumada no contato com o seu Orixá e o
mundo espiritual, representados pelos seus Guias e
Protetores.
101
transcendência, a qual será finalizada no entrelaçamento
de sua própria energia com a de seu Orixá, representado
pelo seu "guia-de-frente".
102
tradições umbandistas, nos valeremos de uma referência
cultual própria e ainda seguida por alguns poucos
templos das tradições da Umbanda Branca ou Umbanda
Cristã, as quais receberam grande influência do
Catolicismo Popular e do Kardecismo dentro de suas
práticas, interpretação do universo espiritual e
simbologias rituais. Citaremos, assim, a presença dos
Simirombas e sua forma de culto particular realizada
dentro do rito.
103
Em outras palavras, Simiromba é ao mesmo tempo o
termo pelo qual identifica-se uma ou mais entidades
espirituais ("homem puro"), as quais formam uma
Irmandade no plano espiritual, e a simbologia
que resguarda a prática do culto da oração e das rezas,
utilizadas por esses mesmos espíritos, como instrumentos
da contemplação do Sagrado e auxílio ao próximo,
segundo suas propostas de evangelização enquanto
encarnados na Terra ("sustentação espiritual").
104
Efetuando então uma transição entre o simbolismo
manifesto (o nome Simiromba para designar Francisco
de Assis, por exemplo) e a mística que vela a realidade
espiritual contida nesta palavra, entenderemos que é por
meio do rosário, das trezenas e dos terços que os adeptos
destas tradições umbandistas poderão identificar-se com
essas correntes espirituais, servindo-se destas práticas do
catolicismo popular para alcançar o estado
contemplativo e atingir a sintonia com a faixa
espiritual a que estes espíritos estão vinculados, os
quais tornaram-se grandes conhecedores da Vida e do
uso das orações e das rezas como elos mágicos para
criarem as irradiações que serão destinadas ao auxílio
de espíritos encarnados e desencarnados.
105
de caboclas de Oxossi (por exemplo). Ao mesmo tempo
em que é Uma, também torna-se várias entidades.
106
espirituais (copos ou garrafas com água dispostos no
Congá, a utilização de banhos e chás de ervas).
107
Simbolismo, Magia e
Subjetividade na Umbanda (I)
108
Dessa forma, a Magia é utilizada para movimentar as
estruturas sutis de tudo o que existe ou tem vida dentro
do espaço cósmico.
109
Os ritos de Umbanda são as formas esquematizadas e
elaboradas dentro da tradição religiosa para que os seus
adeptos possam estabelecer contato e contemplação da
Realidade espiritual.
110
conceito da física quântica), temos a passagem dos
pensamentos para o ato de realização do ritual magístico,
o qual é veiculado pela Vontade.
111
O mecanismo descrito acima é o mesmo tanto para
aquele que intenciona o Bem quanto para aqueloutro
que pretende o Mal.
112
daqueles pertencentes ao templo religioso. Tal relação,
perpetuada na prática coletiva do mediunismo e
na vinculação "filho-de-santo" - "babalorixá/yalorixá",
ocasiona compromissos de Filiação, os quais exigem
grande quota de consciência lúcida por parte daqueles
que encontram-se nesta condição, uma vez que estarão
sob as irradiações das correntes espirituais pertencentes
ao seu templo, e sob seus influxos receberão as
contrapartes e consequências do Bem ou do Mal que
venham a intencionar e/ou praticar.
113
Simbolismo, Magia e
Subjetividade na Umbanda (II)
115
Deus e expressando-se por ato reflexivo e interiorizado
do indivíduo, o qual projeta a simbologia própria e
constituinte do imaginário de nossa tradição religiosa,
exercendo uma rememoração de como concebemos nossa
relação com o Sagrado e como este está manifesto na
realidade material.
116
Embora nossos sentidos físicos captem somente os
primeiros 3 estados da matéria, suas contrapartes etéricas
coexistem como estruturas sutis destes.
Esquematicamente temos:
117
Em decorrência deste mecanismo, cabe esclarecer
também a respeito às Leis de Sintonia, as quais
determinarão o encadeamento das partes supracitadas,
bem como o alcance sobre o objetivo visado. Assim,
todas as partes desta cadeia deverão estar
correlacionadas, identificadas, para que haja sintonia
entre ambas, e as evocatórias transitem entre esta
corrente.
118
espere contar com um Nume Celestial quando seu desejo
e aspiração ao realizar um trabalho mágico/espiritual é o
de atrair o mal sobre o próximo, angariar condições
financeiras ou sociais para as quais não se possua
méritos, etc.
119
desencadeando o Big-Bang, do qual resultou nosso
universo, suas galáxias e nosso planeta. Vemos então, a
ação da Mente como instrumento da Consciência
Cósmica (Orixá) na escala Universal, acionando os
processos que transmutam e dinamizam os elementos
materiais e sutis, repercutindo no tempo e no espaço, os
quais surgem a partir daí, ocasionando a concepção do(s)
universo(s) existente(s).
120
Percebamos que na prática mágica as barreiras entre o
concreto e o imaterial rompem-se, restando na base do
fenômeno as condições mentais que irão se colocar em
ação para influenciarmos e sermos influenciados pelas
forças sutis e inteligências variadas que permeiam e
povoam os planos extrafísicos. Tal efeito liga-nos a
mecanismos profundos de compensação e equilíbrio de
forças, tornando-nos doadores e receptores de energias de
diversas gradações, as quais irão influenciar nossa saúde
emocional, física e mental.
121
As Hierarquias na Umbanda
122
conforme avança e aprofunda-se na experiência
religiosa.
123
pela direção do templo e aplicar-se na prática da
experiência religiosa, mediante o trabalho com seus
Guias para que possa evoluir no domínio de sua função
mediúnica, cumprindo seus deveres de preparação
ritualística e espiritual, bem como adquirir cada vez mais
ciência a respeito dos ritos praticados dentro e fora do
templo, o cronograma destes ritos, os trabalhos de caráter
especial/iniciáticos, aliados a conhecimentos sólidos e
bem estruturados acerca de sua religião e de seu
mediunismo. Tudo isso para que possam tornarem-se
adeptos conscientes e críticos em torno de sua
religiosidade, além de suficientemente esclarecidos a
respeito dos fundamentos de sua prática religiosa.
124
O desenvolvimento mediúnico permite uma assimilação
das linguagens rituais e seu executar ao longo da prática
umbandista, cujo seu aprofundamento e integração no
psiquismo do médium, permitem-no uma cada vez mais
afetiva e segura incorporação – a firmeza do médium -,
fazendo com que esteja cada vez mais em evidência
perante o dirigente/sacerdote do terreiro, e possa aos
poucos ganhar o seu “consentimento para que represente
a experiência simbólica das entidades” (Victoriano,
2005) perante o próximo, contribuindo no atendimento e
participação na "linha de passe", na presença ativa nos
ritos de tratamento espiritual, nos ritos de iniciação, entre
outros.
125
daquele núcleo religioso. Por tanto, seguimos os
princípios de ascensão espiritual no tempo como atributo
principal de sustentação dos ritos e da raiz da tradição
seguida por cada templo, de maneira a perpetuar e
intensificar as noções de identidade espiritual do rito e,
consequentemente, de seus adeptos, vinculando-nos a
todos numa mesma dimensão consciencial de
entendimento da Vida e da realidade espiritual, portanto,
numa mesma egrégora.
126
Colhemos, pela diversidade de componentes e níveis de
manifestação da realidade espiritual expressa pela
Umbanda, vários momentos de felicidade e profundas
experiências mediúnico/espirituais, das quais guardamos
lembranças e convicções íntimas da imortalidade do
espírito e da beleza que se revestem os planos de
Aruanda, os quais podemos constatar durante os
trabalhos de ordem espiritual, ressignificando nosso
existir e agradecendo sempre por sermos discípulos de
tão grandiosa trilha de luz em mais esta encarnação, pois
aprendemos cada vez mais a rogar a cobertura de nossos
ancestrais, guardar carinho pelos nossos pais/mães-
espirituais, irmãos mais velhos de santo e assegurar o
respeito mais profundo pelos irmãos mais novos.
127
A Prática Oracular na
Umbanda
129
Bem, primeiramente, para que possamos adentrar à
questão de como os sistemas oraculares relacionam-se
com pontos de crença aparentemente divergentes,
precisamos entender como a prática divinatória
contempla, em seus métodos diversos, uma visão
profunda e abrangente a respeito.
130
Orunmilá tem justamente neste fundamento, portanto, a
explicação do porquê ele sabe e conhece a respeito da
vida de todos os homens, bem como quais são ou deverão
ser seus atos perante à vontade Divina.
131
motivos de dúvidas e receios, criou-se a concepção do
Destino.
132
No que pese não sermos senhores, neste atual estágio, da
totalidade de nossa realidade espiritual, estamos
vinculados e dirigidos por Consciências Superiores (os
Orixás), as quais direcionam nossos Destinos, no ciclo
reencarnatório.
133
amenizando impactos danosos e às vezes até desastrosos
na falta de tal orientação.
134
As Votividades e Oferendas na
Umbanda
135
As práticas votivas e ofertórias visam, segundo cremos,
propiciar que o adepto atinja a experiência do numinoso.
136
que o adepto abre-se ao acesso a diferentes níveis de
consciência.
137
A adoração na Umbanda, portanto, efetiva-se
especialmente com a elaboração de oferendas, cujos seus
símbolos são detentores de significados profundos,
mesmo passando despercebidos ou entendidos como
adereços.
138
Em outras palavras, os Guias e Protetores irão utilizar-se
de elementos que estejam vinculados à cultura e ao
inconsciente da coletividade que tutelam para poderem
estabelecer seus trabalhos no campo da fé e da orientação
espiritual.
139
contato com o divino, no ato de recolhimento pela prece,
reflexão e adoração.
140
Quando repetimos atos ritualísticos aprendidos no
ambiente do terreiro, estamos sintonizando-nos com as
correntes abertas e movimentadas nos trabalhos
espirituais próprios da casa, e nossos atos de
ofertas particulares serão assimilados por essa corrente de
energias superiores que já estão em movimento,
agregando-se àquela irradiação e, portanto, sendo
encaminhados aos planos celestes e retornando-nos, de
acordo com nossas necessidades.
141
O Psíquico e o Imaginário:
Relação entre Mundo Espiritual
e Materialidade
"Eu escutei
E olhei
No mundo
Procurando o desconhecido
No conhecido
Em meu assombro!"
(Rabindranath Tagore)
143
para a sua compreensão, respeitada a notável diversidade
cultural.
144
experiência carnal, no entanto, dotados de corporeidade.
A Aruanda, a Cidade da Jurema, os Reinos das Águas, o
Reino dos Astros, bem como os seus
habitantes Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, etc., são
alguns símbolos que aparecem dentro do imaginário
religioso umbandista, servindo como comunicadores da
existência de localidades e personalidades "Luminosas"
na dimensão extrafísica.
145
Os aspectos encobertos pelas comunicações simbólicas
dentro do campo místico da Umbanda, guardam em si a
apreensão de um senso de totalidade, comunicado pelas
entidades espirituais - e por seus cavalos, quando estes o
conseguem captar -, o qual leva a compreensão
essencial de uma profunda conexão entre tudo o que
existe e a não-separação original entre sujeito e objeto
dentro do mundo fenomenológico, embora suas relações
assim o pareçam. Portanto:
146
realidade imanente, o mundo da manifestação), o
idealismo postula um reino transcendente, arquetípico, de
ideias, como origem dos fenômenos materiais e mentais.
Importa reconhecer que o idealismo monista é, como o
nome implica, uma filosofia unitária. Quaisquer
subdivisões, como o imanente e o transcendente, situam-
se na consciência. A consciência, portanto, é a realidade
única e final". (Goswami, 2002).
147
mental, por intermédio do arrependimento e da
oração, veem-se em local completamente diverso, onde
podem ser tratados e orientados; entre outras.
148
Na Cultura Vedanta, Nama representa os arquétipos
transcendentes e Rupa as suas formas imanentes.
Brahman situa-se como a consciência universal, a qual
abarca ambas (Nama e Rupa).
149
"[...] Não obstante seja imediato o impacto estético e
sensorial dos seus ritos, a intencionalidade subjacente às
ações, entretanto, quando se alcança percebê-la,
manifesta-se pelo encadeamento dos seus símbolos, que
se revelam inteligíveis à medida que o interlocutor
progressivamente se afina com a sua linguagem e sistema
simbólico e passa a ser capaz de 'senti-los'". (Pagliuso;
Bairrão, 2010).
150
A Realidade Espiritual do
Terreiro de Umbanda
151
Desta forma, compreenderemos que cada indivíduo que
se integra aos trabalhos da casa (mesmo aqueles sentados
na assistência, bem se diga), traz para o interior do
terreiro todo o conjunto de suas possibilidades psíquicas
e anímicas, assim como todo o complexo de suas
relações espirituais, identificadas diretamente com sua
existência. Assim, cada participante do rito traz ao
terreiro os seus protetores espirituais e depositam ao
longo do rito, na irradiação (egrégora) formada ao longo
dos trabalhos, a sua contribuição em benefício de si
mesmo e de todos quantos estejam compartilhando do
momento da gira.
152
Isso porque serão trazidos ao campo de influência de sua
aura (irradiação) não somente aqueles espíritos que irão
comungar com o médium no momento do transe, mas
também aqueles espíritos que encontram-se
"adormecidos" no plano espiritual ou que estejam
influenciando negativamente determinada pessoa ou
local. Compreendamos tal fato ao considerarmos que o
indivíduo-médium, ao propor-se a realizar a sua iniciação
espiritual, passa a ampliar as suas relações com o mundo
espiritual, levando-o a um maior estado de sensibilidade
das influências espirituais (positivas e negativas)
verificadas em determinados ambientes e pessoas.
153
Movimentando as consciências de todos, no
momento, irmanados no sentimento religioso, para um
estado de equilíbrio psíquico, o rito Umbandista efetiva
desvincular os presentes (encarnados e desencarnados,
sempre vale lembrar) de mecanismos
emocionais perturbadores, afastando influências
espirituais negativas e dissipando acúmulos de energias
nocivas.
154
atraídos os espíritos recém-desencarnados ou aqueles
tantos ainda doentes e inconscientes de sua condição
espiritual.
155
encontrar novos rumos para a sua vida, mediante a
realidade de cada um.
156
A Obsessão Espiritual
158
consequências podem afigurar-se demasiadamente sérias.
A insistência e a repetição de pensamentos em torno de
questões deprimentes e perniciosas, vão, aos poucos,
sendo fixadas em nossos registros cerebrais, dotando-as
de automatismos estabelecidos nas conexões neuronais,
fisiologicamente, e programando, dessa forma, os
pensamentos que iremos primeiramente emitir, como
resposta aprendida pelo cérebro. Assim, formar-se-ão
padrões de pensamentos de caráter intrusivo, a repetirem-
se automaticamente, estabelecendo-se um mecanismo
estressante.
159
estabelecerá por períodos mais ou menos longos, com a
possibilidade de perdurar por uma ou várias encarnações
inteiras, a depender da gravidade e dos compromissos
que ligam os indivíduos envolvidos no processo
perturbador.
160
dispor para angariar forças e disposições íntimas a fim de
superar os seus conflitos e recuperar o equilíbrio
emocional.
161
Que a Luz de Aruanda Maior esteja iluminando-nos cada
vez mais, na medida em que nos permitimos ir ao Seu
encontro!
Saravá!
162
As Egrégoras (A Utilização das
Forças Naturais e Mentais no
Rito Umbandista)
164
elaborações psíquicas, memórias, sentimentos, sensações,
que passam a compor o complexo abstrato, energético, o
qual se enriquecerá conforme mais intenso e positivo
esteja o comportamento de seus criadores encarnados: a
corrente mediúnica do templo.
165
Porque seus criadores são dotados de vida e,
consequentemente, de existência, também as egrégoras o
são, e as suas expressões tornam-se possibilidades do
real, agentes veiculadoras e transmutadoras das
circunstâncias da vida, manancial criativo e dinâmico
onde o adepto poderá colher inspiração e sustentação
espirituais, por conta das práticas rito-comportamentais
aprendidas no templo, as quais são associadas pelo
adepto e realizadas em seu cotidiano particular (hábito da
oração e da mentalização, a firmeza de suas correntes,
banhos de ervas, o uso de guias e patuás, etc.).
166
Sendo assim, as Egrégoras sofrem a influência dinâmica
dos conteúdos mentalizados pelos seus criadores e suas
estruturas se expressarão luminosas ou sombrias a
depender das propostas de cada trabalho e gira a ser
realizada, de todo o bem que se deseja e pratica em favor
do próximo e de si mesmo.
167
Seguidos os tempos de prática e entrega ao círculo
religioso próprio à Umbanda, o seu adepto deparar-se-á
com um cadinho de lembranças afetivas, conhecimentos
adquiridos, maturidade alcançada, esperança na vida
futura, na certeza da imortalidade e na efetiva presença
de seus Guias e Protetores ao longo de sua jornada como
espírito encarnado.
168
desejo de praticar o Bem, para o próximo e para nós
mesmos.
Saravá a todos!
169
A Demanda
170
mais variadas, as quais são passíveis de serem
vivenciadas pelo homem na sociedade, como seja a
miséria, a violência, a marginalização, a doença.
Também englobando-se neste conjunto de adversidades,
aquelas vivências que não podem ser explicadas de
maneira totalmente racionalizada, entretanto, afigurando-
se de grande ascendência sobre o indivíduo que as
experimenta, tais como as perturbações entendidas como
sendo de ordem espiritual, imiscuídas em sensações e
pensamentos inquietantes, que se dão amiúde, na vida
cotidiana. Enfim, toda a causa de sofrimento, em que
duas forças de caráter opostos conflitam-se e se
verifiquem de grande peso emocional para o ser humano,
caracteriza-se como uma Demanda.
171
Este mesmo mecanismo, verificando-se em uma escala
ampliada, demonstrará como a coletividade de
espíritos cria o mundo no qual encarnam, bem como seus
níveis de inter-relação, a serem concebidos ao longo do
processo do desenvolvimento da humanidade, pela
formação de sociedades e culturas diversas.
172
existencial do homem, como reflexos de suas realizações
felizes ou de seus transtornos interiores, sintonizando-o
com as mais diversas formas e seres existentes no mundo
espiritual, com as quais estreitará relações,
primordialmente num nível inconsciente.
173
A utilização e manipulação de símbolos fazem-se
necessárias, pois estes interferem na estrutura psíquica do
homem, em seu inconsciente, trazendo à tona uma série
de significados carregados de energia psíquica
pulsante, unindo aspectos racionais e não racionais. O
símbolo contém em si, portanto, uma totalidade de
sentidos que comportam as instâncias conscientes e
inconscientes do ser e, por isso, estão carregados de
energia vital e existência no tempo e no espaço.
174
meio dela que se realizam os mistérios tão contestados
como reais da necromancia" (Levi, 1995).
175
que passam a atuar como intermediários e atores do
conflito" (Sillos, 2001).
176
São várias as egrégoras negativas atraídas aos templos de
luz ao longo da execução de suas giras, para justamente
serem interiorizadas ao seu campo de ação e influência, e
possam, dentro das correntes luminíferas afirmadas ao
longo do rito, ser desmanchadas e dissolvidas. Incluem-
se aí, aquelas tantas formadas pela inconsciência dos
seres que alimentam o mal, pelo uso inadequado e
vicioso que fazem das palavras, do comportamento, da
própria saúde, do dinheiro, da sexualidade, etc.
177
estabelecida pelos Mentores do Bem, cujos seus símbolos
possam ser projetados no plano espiritual e comunicados
ao mundo psíquico/emocional daqueles que se permitam
penetrar por sua irradiação, trará a cada um o equilíbrio e
a sustentação adequada para que se conserve em saúde,
serenidade e paz, conforme necessidade particular.
178
Tendo braços estendidos com amor, responsabilidade e
discernimento, faremo-nos faróis para muitos seres
errantes na escuridão, contribuindo, dentro de nossas
possibilidades, para a recuperação daqueles que sofrem e
são utilizados como veículos do mal, pelas mentes
endurecidas do mundo físico e espiritual, as quais ainda
são aguardadas pela Luz que um dia as colherá, para dar-
lhes alívio.
179
Descrevemos brevemente algumas paragens do plano
astral para chegarmos ao ponto de sequência do assunto
tratado no post anterior, enfocando a Demanda, dentro da
interpretação do universo simbólico e religioso da
Umbanda.
180
indivíduos, ocasiona-se, no mais das vezes, de conflitos
existentes entre pessoas de relacionamento próximo,
como sejam familiares em comum, sócios de empreitada
profissional, ex-amantes, etc. Tal fato deve-se aos laços
emocionais que ligam os seres de maneira muito estreita
e que podem ser facilmente desvirtuados - e não
destruídos - pela fragilidade psicológica de que muitos de
nossa sociedade se veem hoje afligidos.
181
Vejamos então, serem as profundas vinculações
emocionais os elementos de ligação entre as mentes em
estado de perturbação (obsessor-obsidiado). O amor de
um passado, subvertido em ódio e revolta por parte da
vítima, liga-se ao sentimento de culpa do então algoz,
unindo-os pela Lei Kármica com vistas ao reajuste e ao
perdão, que mais tarde logrará suceder-se.
182
imobilidade motora) ou infecciosos, alérgicos e até
mesmo, em casos muito complexos, tumorais.
183
vitimas, quando as vejam em estado de perturbação ou
desespero, para isso vinculando-as aos milhares de
sofredores inconscientes do mundo espiritual, num
mecanismo de reverberação mental, o qual torna-se cada
vez mais intenso e repetitivo no campo perceptivo do
indivíduo, verificando-se como recurso altamente
desgastante a exaurir suas forças mentais e vitais.
184
Os domínios do mundo psíquico passam a manifestar-se
por meio de um conjunto de ritos e trabalhos de ordem
espiritual que passarão a desenrolar-se, sejam
aqueles envolvendo o "paciente", como aqueles
realizados em secreto, por médium graduado na prática
Umbandista.
185
passará ao grau de trabalhador nas correntes espirituais
do templo.
186
umbandistas em torno da questão da
Demanda, desejando neste momento que mãe Iemanjá,
juntamente com todo o Povo do Mar, possa envolver-nos
a todos com suas irradiações luminosas, limpando-nos e
aos nossos lares, atraindo para si aqueles seres ainda
inconscientes e desesperados que vagam no mundo
espiritual, dando-lhes alívio e orientação.
Que nossa Mãe Iemanjá nos envolva com sua Luz e suas
Bênçãos!
187
Saúde e Cura na Umbanda
189
pontos centrais no processo de apoio na busca do
tratamento terapêutico. "Tais entidades e suas crenças
servem de base e de fator disseminador destas práticas de
cura, assim como estas as compõem fazendo parte de
seus principais rituais e práticas" (Andrade, 2005).
190
desequilíbrios na área da saúde, segundo a concepção
umbandista.
191
presentes ao rito em condições de sofrimento
e perturbação.
192
Tratamento Espiritual
193
Dessa forma, a ótica umbandista enfoca o entendimento
do processo doentio interessando-se pelos mecanismos
que irão influenciar na dimensão espiritual do indivíduo,
independentemente se a sua causa dá-se por questões de
ordem "material" ou "espiritual".
194
visam a reordenação das energias do Ser, uma vez que os
estados doentios propiciam com que o indivíduo irradie
de Si energias de caráter deletério, tornando-o "aberto" à
absorção de cargas negativas que resultariam por agravar
suas condições físicas ou psíquicas, até mesmo deixando-
o ao alcance de entidades espirituais de caráter
perturbador, comprometendo ainda mais sua existência.
195
racionalizado, equacionando-o. Seria, enfim, um
processo de transformação na percepção do indivíduo-
doente a respeito daquilo que este entenderia como
sendo "a doença", proporcionando uma passagem para
um contexto de saúde, de ressignificação.
197
doentes...Também aqueloutros existem, por sua vez, que
a despeito de padecerem sofrimentos inomináveis por
conta das limitações e dificuldades impostas por uma
saúde orgânica debilitada, tornam-se verdadeiros
mananciais de alegria, ânimo e esperança, contagiando a
todos ao seu redor, detentores que são, espiritualmente,
da saúde daquele que se ilumina por meio das
situações provacionais.
198
Vivência Religiosa e Bem-Estar
199
entre o adepto e o seu Orixá, por intermédio de seu Guia,
"Pai-de-Cabeça".
200
que este supere às constantes dúvidas e incertezas que
lhe povoam os pensamentos, dando-lhe uma direção e um
objetivo pelos quais lutar e seguir adiante em sua
caminhada existencial.
201
fazendo-se maduro emocionalmente, guardando uma
correspondente postura Ética em seu labor diário na
sociedade, na família, e dentro da comunidade religiosa.
202
interior, ligando-o ao seu Orixá, por meio do
entendimento de que sua conduta deverá ser a de buscar
sempre o melhor para si, com maturidade e
discernimento, evitando o sofrimento e contribuindo para
o seu próprio aprimoramento.
203
Todos estes instrumentos ritualísticos objetivam ser
veiculadores de energias curativas e desvincular-nos de
irradiações negativas, reestruturando nosso organismo,
por meio da harmonização de suas estruturas sutis.
204
O Mediunismo de Umbanda
Mediunismo e Mediunidade.
205
Médium - (Do latim - medium, meio, intermediário.) -
Pessoa que pode servir de intermediária entre os
Espíritos e os homens.
206
sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a
dos escreventes, ou psicógrafos.
207
Detalhando um pouco mais, podemos fazer a
diferenciação entre mediunidade e mediunismo, como
sendo a primeira, em termos de prática, dada ao
Espiritismo de maneira particular, enquanto o segundo às
práticas mediúnicas que extrapolam o contexto espiritista
ou "kardecista".
208
Assim é que a manifestação do mundo espiritual na
Umbanda revela-se por meio de espíritos que "deixam de
lado" sua individualidade referente à sua última
encarnação, comparecendo às giras utilizando-se de
nomes simbólicos, de fundamento, com o objetivo
premente de trazer a "luz do Orixá" para seus filhos de fé,
assim como estender as suas bênçãos a todos os
necessitados ou crentes em seu amparo e no seu poder.
209
contato com o mundo espiritual, marcada por fetichismos
ou práticas primitivas.
Saravá!
210
Sensações Mediúnicas – Parte I
(Fenomenologia Orgânica e
Psíquica do Transe Mediúnico)
1 - Tonturas e desmaios;
6 - Crises de choro;
212
9 - Ouvir vozes ou ter visões recorrentes;
213
de cabeça" (cefaleias ou enxaquecas). Da mesma forma,
pode provocar aumento no fluxo renal, predispondo a
formação de pedras nos rins (não havendo uma
proporção adequada de ingestão de líquidos), etc.
214
b) Espirituais: frequentar seu templo religioso com vistas
a uma gradativa adaptação e aprendizado a respeito de
sua realidade espiritual e suas possibilidades mediúnicas.
No caso da Umbanda, este irá iniciar o processo
assistindo as giras, recebendo passes, tomando seus
banhos de ervas (para que possa equilibrar as estruturas
sutis de seus corpos espirituais e fixar as irradiações
benéficas e curativas de seus Orixás), habituando-se ao
cultivo de momentos de oração, de concentração, de
meditação e de estudo das questões do Espírito.
215
- Sensação de objetividade e realidade profundas;
216
Por último, ressaltamos não crermos num "universo
espiritual" dissociado do "universo material".
217
Sensações Mediúnicas – Parte II
(Fenomenologia Orgânica e
Psíquica do Transe Mediúnico)
218
quais revelam-se provenientes de escritores e
pesquisadores Espíritas ("kardecistas").
219
possamos entrar em contato e comunicação com o
mundo espiritual.
220
Uma vez que possuímos um organismo dotado de
implementos para expressarem a faculdade mediúnica, o
corpo manifesta estados característicos, notadamente na
condição cerebral, predispondo-nos para a ocorrência do
transe.
221
a) Fenômenos de "Expansão" Espiritual: equivalem a
expansibilidade dos corpos espirituais além da
dimensão física. Ou seja, é a propriedade do Espírito
encarnado de "ir ao encontro" da dimensão
espiritual. Neste processo, o médium disponibiliza e
exterioriza energias orgânicas e psíquicas, por conta
do alto estado de relaxamento e concentração em que
se encontra. O médium, neste caso, adquire uma
percepção bastante dilatada do ambiente em que
encontra-se e até mesmo de suas dimensões físicas
(sensação de que o corpo está "dormente"
e "inflando"). Estão contempladas neste tipo de
fenômeno a clarividência, a clariaudiência, a
psicometria, a projeção mental (conhecida como
desdobramento), a materialização e a mediunidade de
cura.
222
o centro de sua consciência para que outra
Individualidade manifeste-se.
223
decorrente fica um tanto imprecisa e vaga, como se não
houvesse um sentido daquela sensação. Ocorre que o
contato, após ser registrado espiritualmente pelo
indivíduo, é transmitido ao cérebro pelas chamadas "vias
extra-leminiscais", implicando numa ativação sub-
cortical do cérebro e ocasionando essa percepção difusa.
224
No caso de um médium clarividente, por exemplo, a
captação espiritual é comunicada ao cérebro e
interpretada pela área correspondente, na sua superfície
(córtex), e por isso ele terá a visão clara do espírito,
podendo dar até detalhes de sua aparência, suas roupas,
etc.
225
Segundo os estudos do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira
(motivado pelas obras do espírito André Luiz que
versavam a respeito desta glândula), o corpo pineal é o
responsável por captar as influências espirituais e
desencadear no organismo as reações compatíveis. Tal
propriedade deste órgão deve-se ao fato de ser
constituída por cristais de apatita, os quais são minérios
produzidos pelo organismo (biomineralização), com
propriedades diamagnéticas (eles repelem e reverberam o
campo magnético dentro do cérebro).
226
Estes seriam os mecanismos básicos de funcionamento
orgânico para a manifestação mediúnica, tanto de
expansão quanto de aproximação. Para o médium
"desenvolvido" ou em "desenvolvimento", a vivência do
contato com o mundo espiritual automatiza esse
mecanismo, para que este torne-se saudável, promotor de
equilíbrio e saúde.
227
Importante considerar que a separação entre as duas
características fenomenológicas (expansão e
aproximação) é feita para fins de aprendizado e
observação do contato espiritual, no entanto devemos
lembrar que as possibilidades mediúnicas estão
contempladas umas nas outras. Não há uma divisão clara
e estática entre os fenômenos, pois classificamo-los de
acordo com a dominância do perfil mediúnico (qual
destes torna-se preponderante). Por isso é que podemos
ter, por exemplo, durante um fenômeno de psicografia ou
incorporação (aproximação espiritual) a correlação de
fenômenos de vidência ou visão espiritual à distância
(expansão espiritual).
228
personalidade, e os mais comuns a serem assimilados
pelo médium são os complexos de culpa (achar que deve
salvar a humanidade) ou de poder (sentir-se vaidoso,
portador de poderes acima das suas possibilidades e das
demais pessoas).
229
uma vez que esta ainda está construindo sua estrutura de
personalidade e consolidando seu Ego. Desde que a
criança demonstre experiências possíveis de serem de
ordem espiritual (uma vez que é um espírito encarnado e
ainda com uma ligação muito intensa com as faixas
espirituais), devemos acolhê-la com naturalidade, mas
sem incentivar a manifestação espiritual.
230
influenciações dos Numes Celestes tanto quanto dos
sofredores, ignorantes e maus.
231
O Médium de Umbanda
233
trabalho do médium umbandista, para isso buscando
atribuir-lhe significados e funções que, embora não
sejam equivocadas, não refletem uma realidade total a
respeito de suas possibilidades de trabalho espiritual e
campo de atuação religiosa.
234
Espíritos de categorias "inferiores", ignorantes e
primitivos, os quais, caso a orientação da casa fosse para
a prática do Bem, estariam sujeitos à supervisão de
outros Espíritos "superiores" e "esclarecidos".
235
Na vivência desta experiência religiosa, este poderá, ou
não, atuar em casos de "desmanche", de "desobsessões
complexas", de "curas", de "demandas", etc., o que é
natural, uma vez que a práxis umbandista dota-o de
conhecimentos e elementos que o capacitam a isso, mas
não que estas sejam o objetivo final de suas práticas.
236
Em suas práticas, a mediunidade "kardecista" também
destina-se a trazer mensagens consoladoras, por
intermédio da psicografia, para aqueles que "perderam"
seus entes queridos de formas as mais diversas.
Outrossim, a mediunidade espiritista também é colocada
a disposição de Guias e Protetores afins a essa
denominação religiosa, os quais trazem suas mensagens
de orientação e esclarecimento àqueles que lhes são
simpáticos às ideias. Fora isso, o socorro por intermédio
do passe reconfortante e curativo, também constitui
prática corrente dentro do círculo kardequiano.
237
exclusivamente da Umbanda ou do Espiritismo, a não ser
aquelas de ordem psicológica (sua herança familiar, seu
contexto cultural, sua dinâmica emocional, seu
patrimônio espiritual trazido de outras vidas, etc.), as
quais influirão na escolha do indivíduo a respeito de qual
denominação religiosa este irá seguir.
238
condições de auxiliá-los no mister mediúnico ou para que
possamos travar contato com eles. No entanto, a contínua
reflexão em torno de nossa conduta, a abstenção de
vícios e comportamentos inconsequentes servem-nos
para disciplinarmos nossos pensamentos, libertando-nos
das "distrações" que tanto nos atam às atitudes infelizes,
favorecendo que fortaleçamos a nossa Vontade, pois
somente por este mecanismo psíquico é que podemos
ampliar nossa condição de Espírito e possamos cada vez
mais identificarmo-nos com as Esferas de Luz dos
Mensageiros de Aruanda, sendo melhores médiuns e
melhores Homens.
239
A Espiritualidade Umbandista
Manifesta no Estado Superior
de Consciência
240
na tentativa sincera de entender os "porquês" da Vida, o
homem chega a percepção cada vez mais profunda sobre
a perenidade desta (sua eternidade), e a maneira como há
uma interconexão entre tudo e todos.
241
para os médiuns. Através dos sonhos, visões, devaneios e
pensamentos, estes têm acesso a esta realidade para nós
imperceptível, mas que não obstante, entendem como
objetiva". (Leme e Bairrão, 2003)
242
Queremos com isso deixar claro que há possibilidades
não experimentadas ou vivenciadas por nós em relação
ao mundo no qual estamos inseridos, e que estamos, na
maior parte do tempo, limitados em nosso campo
perceptivo.
243
As disciplinas envolvidas na prática mediúnica
(concentração, meditação e oração), assim como na
prática rito-litúrgica (utilização das ervas como banhos e
defumações, as curimbas e as danças), propiciam a
"quebra" dos padrões ordinários de consciência, para que
estejamos suscetíveis a estes novos padrões (E.S.C) e ao
mesmo tempo resguardando nossa individualidade e
nossa coerência subjetiva.
244
significando nossa vida na Terra, como espíritos
encarnados, em jornada espiritual.
245
Evidentemente, essa ocorrência máxima de nossa jornada
espiritual somente ocorrerá mediante nossa disposição
íntima em vivenciarmos este "aprofundar" no contato
com os Numes Espirituais, os quais não se cansam em
seus contínuos avisos e chamados, no entanto, como o
caminho espiritual é dado a cada um, cabe a nós que
estejamos "despertos", aplicando-nos as disciplinas
psíquicas, morais e ritualísticas, para que possamos
conduzir-nos a este processo em nós mesmos.
Saravá!
246
Processos Mentais e o Transe
Mediunista – Parte I
248
compreender a memória como uma função situada tanto
no psíquico quanto no somático, emotivo-cognitiva -
vinculada a uma ampla rede de associações de caráter
sensório e emocional -, sugerindo o "retorno da
experiência (e do sujeito, enquanto formado pela
experiência) ao passado, até o desligamento completo do
real" permeado pela reelaboração da experiência vivida,
no entanto, acrescida de novos elementos vivenciais
atuais do indivíduo, implicando em uma "[...] ideia de
atualização do vivido pelo presente [...]". (Leonardelli,
2008). Assim, memória implica na transposição contínua
para o presente das vivências contidas no complexo
psíquico do ser, avançando sobre as barreiras do tempo e
do espaço.
249
espirituais] se inserem, por conseguinte, num processo
histórico ao mesmo tempo individual e social. E não
apenas no processo histórico social de determinada
época, mas ao longo da existência da espécie. Depois de
passar por uma experiência psíquica radical, quase
sempre também mística, o indivíduo busca sua identidade
na realização com o grupo, no encontro com o próximo".
250
níveis. Ao contrário, o mecanismo visa uma manutenção
energética dos conteúdos da consciência, pela soma de
vários níveis de processamento psíquico, integrando-os
em um processo de sinergia. Portanto, o estado
mnemônico-emocional, além de servir de base para o
surgimento do estágio seguinte (pensamento-imagem)
também determinará a sua intensidade e configuração.
251
suas possíveis naturezas para que possamos entendê-lo
como um processo mental amplo e quando este está
ligado a experiências transcendentes (não
necessariamente mediúnica ou mediunista) ou, quando
deriva de outra ordem de fatores.
252
consciência (mediúnica ou não) e a de caráter
perturbador.
253
ou seja, possuidor de características saudáveis, não-
patológicas.
254
Processos Mentais e o Transe
Mediunista – Parte II
255
Espiritual que estreita vinculação com o psiquismo
mediúnico.
256
mecanismos atencionais sustentam a percepção do
somatório de ocorrências sucedidas tanto no campo
psíquico quanto fisiológico.
257
contrário, é psíquica. Podemos identificar nela a
cooperação de diversos processos psíquicos".
258
Entretanto, a culminância deste estado último de
completude só pode concluir-se e sustentar-se pela
utilização coordenada da atenção, a concentração, pela
qual o médium poderá selecionar os estímulos recebidos
e mantê-los no centro de seu interesse, sabendo mediar o
seu foco atencional para não perder-se em distrações, ao
mesmo tempo não alienando-se do que se passa ao seu
redor, conforme veremos adiante.
259
psiquismo, bem como sustentá-lo por um espaço de
tempo mais dilatado, escolhendo e extraindo do conjunto
de percepções, aquelas que merecerão a importância
adequada em vista do objetivo almejado.
260
seu papel Ético-religioso, implica na aplicação de
ordens Intelecto-Morais sobre a sua conduta. Em
palavras simples e diretas: o cérebro por si só nunca
será capaz de tornar alguém educado ou
comportamentalmente adequado, a não ser por
processos Educativos e Éticos que se receba
(Educação) e que se proponha vivenciar (Ética).
261
Quanto mais repete o exercício da Vontade, maiores se
tornam as possibilidades de realização e mais ampla sua
intensidade e predominância no comportamento.
262
Processos Mentais e o Transe
Mediunista – Parte III
263
Sendo assim, entendemos que há nas instâncias
superiores do inconsciente, uma formação sensível de
conteúdos que surgem pela condição captativa da
sensibilidade medianímica do Ser, cujos seus registros
encontram-se em estado de latência e passíveis de serem
acessados pela consciência, servindo de elementos
estruturais para novos contextos existenciais que o ser
poderá vivenciar, devido à grande intensidade energética-
emocional do qual são dotados. Esse, portanto, o Campo
Intuitivo. A passagem dos conteúdos anímicos latentes
no Campo Intuitivo implica em dois direcionamentos
psíquicos possíveis que se afigurarão como a ocorrência
de intuições acentuadas ou de impulsos criativos.
264
possa traduzir-se de maneira precisa ao consciente e ser
compreendida pelo ego.
265
A elaboração daquilo que constituíra-se como
intuição, provirá das instâncias superiores
do inconsciente, porquanto seus conteúdos formadores
serão aqueles conquistados por consequência do ato da
vontade concentrada em torno de determinada realização
ou conhecimento. O médium, voltando-se sobre Si-
mesmo, reelabora os conteúdos adquiridos (racionais e
não racionais), reordenando-os de forma totalmente
inovadora, surgidos do Campo Intuitivo, no qual poderão
ser abarcadas as dimensões mais profundas e abrangentes
da Consciência.
266
"Criatividade é a expressão de um potencial humano
de realização, que se manifesta através das atividades
humanas e gera produtos na ocorrência de seu
processo" (Sakamoto, 1999).
267
Poder olhar a vida sob novos significados, o que não quer
dizer uma fuga da realidade - antes sendo uma mudança
de ótica sobre um dado acontecimento existencial -,
propicia um enquadramento das estruturas psíquicas do
Ser em novos contornos do seu existir, aumentando-lhe a
resiliência diante das ocorrências que não pode mudar e
angariando em seu íntimo aquelas ideações que lhe
servirão de amparo para a contínua busca de seu
significado existencial.
268
pano de fundo para a experimentação de tudo quanto
percebemos dentro e fora de nós.
269
"Criar é o verbo por excelência do existir humano, já
que Criar é para o ser humano, o mesmo que existir e o
mesmo que evoluir. É sempre construir e expressar para
os seres humanos e, o mesmo que ampliar a consciência
do ser, do sentir e do agir. É penetrar o universo das
infinitas possibilidades e a partir desta experiência,
modelar parcelas de realidade, trazendo à luz da
consciência, verdades humanas" (Sakamoto, 1999).
270
sejam caraterizadas pelas possibilidades de
enriquecimento de seu patrimônio interior.
271
torno de sua realidade e dos seus campos de atuação, de
maneira que os seus experimentadores (médiuns) possam
também ampliar o seu saber, fazendo-se mais úteis e
conscientes de seu papel e responsabilidades.
272
possibilitando-lhe vivenciar suas experiências, dentro e
fora da vida religiosa, de forma a reter em seu mundo
interior vivencias que sejam relevantes para si, dotando-
as de sentido existencial e dilatando-se a esperança diante
da Vida e a confiança na sobrevivência ao fenômeno da
desencarnação.
273
A Incorporação
1) A Manifestação;
3) A Relação Médium/Guia;
4) A Ascensão da Consciência;
A Manifestação
Seguiremos estabelecendo considerações a respeito do
primeiro tema: Incorporação - A Manifestação.
274
A questão a pontuarmos, para tratar do fenômeno de
incorporação e sua manifestação, é a de justamente
falarmos, sucintamente, do que representa este tipo de
transe como experiência espiritual e corroborarmos o
nome "popular" dado a esta modalidade mediúnica,
dando-lhe senso de identidade e validade
cultural/espiritual.
275
entrelaçamento psíquico e de energias pode ser tão
intenso a ponto de deixar transparecer sinais patentes da
Individualidade Espiritual que presentifica-se no
momento do transe mediúnico.
276
assistência, estão envolvidos nos trabalhos espirituais e
compõem elos da corrente que forma-se dentro do congá,
no espaço simbólico-espiritual, onde irão ocorrer as
manifestações transcendentes e por onde as Entidades
irão fazer-se presentes.
277
Como umbandistas, nossa vida religiosa está centrada na
vivência do fenômeno de ordem espiritual como sendo a
porta de acesso direto à Divindade, representada pelas
Entidades Espirituais próprias do contexto cultural-
religioso em que estamos inseridos. Portanto, o veículo
mediador desta experiência é o corpo. O médium é o
próprio templo dos Orixás, de seus Guias e Protetores.
278
com que tipo de energias está sendo influenciado neste
momento.
279
Assim, o médium "sente a presença" ou a "aproximação"
de seu Guia, o qual "acosta-se", "irradia", dando a
entender ainda um estado de transição "branda" entre o
médium e o Espírito. A prática da dança ritualística e da
oração consolida o momento desta experiência e facultam
ao adepto o estado de concentração mental e correlação
corporal adequada para o estreitamento da ligação entre
ambos.
280
não é essencial para a vivência do adepto em relação ao
seu contato com o mundo espiritual, sendo antes de tudo
a condição de comunhão mental e espiritual a
experiência preponderante no estado de plenificação e
sentido da vivência religiosa.
Saravá!
281
282
A Interpretação Psíquica e
Espiritual do Fenômeno
284
Entendemos ser este "afastamento" do corpo espiritual do
médium a condição de fluência e dinâmica de nossos
padrões de percepção consciente, os quais transitam
continuamente, da dimensão biológica a dimensão
psicológica, sob cuja condição o indivíduo percebe (torna
consciente) desde um estímulo em determinada região de
seu organismo, por um determinado espaço de tempo,
para em seguida entregar-se a pensamentos e reflexões
mais ou menos envolventes, desapercebendo-se da
realidade "exterior", do mundo que o cerca.
285
inspirando-o (num primeiro instante) a elevar sua
condição mental, por meio da oração e das práticas
ritualísticas já mencionadas.
286
As Entidades Espirituais, ao ligarem-se ao corpo
espiritual do médium, manipulam-no por intermédio dos
chakras, também conhecidos como centros de
iluminação. Estes centros de força estão localizados na
dimensão astral (corpo espiritual) e encontram
correspondência em nosso organismo físico. Vejamos:
287
espiritual. Ao mesmo tempo em que o medianeiro sente
sua consciência tomada por pensamentos, imagens e uma
"impulsividade" intrusivas e incontroláveis (como se uma
força superior o dominasse, embora de maneira
voluntária), o Ser Espiritual envolvido no mecanismo
mediúnico irá deixar-se também tocar pelas sensações
de "imergir" no complexo orgânico, sentindo-lhe de
maneira intensa as irradiações eletromagnéticas, a
temperatura, o fluxo sanguíneo, os batimentos cardíacos,
etc, vendo-se interpenetrar numa câmara escura e
reacendendo sua percepção lúcida após a conclusão deste
momento em que há a confluência das forças de ambas as
dimensões para culminar na "chegada em terra" da
entidade manifestante.
288
Outro ponto a tratarmos neste texto refere-se ao campo
vibratório identificador do médium, o qual é único e
demarcador de sua identidade espiritual. Este campo está
assignado a um determinado Guia/Protetor de nossa
Corrente Astral de Umbanda, o qual é o responsável por
"abrir" e "fechar" o campo mediúnico, de maneira que as
ocorrências espirituais perpassem sempre por esta "tela
dimensional" situada entre as irradiações do médium e do
seu Guia/Protetor "pai-de-cabeça", "guia-de-frente", entre
outros nomes que este possa receber.
289
Incorporação equilibrada e suave, evitando desgastes e
perturbação por parte do médium e também do Ser
Espiritual, os quais poderão ressentir-se demasiadamente
em ocasião de uma "união" ou "ruptura" brusca e
repentina entre ambos. Aliás, por isso é que recomenda-
se falar ao médium, quando este está em transe, com
suavidade evitando tocar-lhe de maneira abrupta, uma
vez que está em estado acentuado de sensibilidade
psíquica e orgânica.
290
Essa dinâmica objetiva fazer com que a fluência destes
conteúdos não entrave o processo de recepção da
corrente de pensamentos e as irradiações dos Espíritos
Guias, as quais chegam à nossa percepção consciente por
intermédio do nosso psiquismo.
291
Assim, como indivíduos seguros e maduros em torno
daquilo que represente nosso próprio mundo interior,
saberemos diferenciar-nos e situar nossa postura psíquica
para servirmos ao nosso propósito de relação profunda
com os Orixás, Guias e Protetores, tornando-nos
melhores Espíritos e médiuns, ativos e cooperadores,
espelhando de forma cristalina o pensamento dos Numes
da Espiritualidade, auxiliando o próximo e plenificando a
nós mesmos.
292
A Relação Médium-Guia na
Umbanda
293
Estabelecemos nos dois parágrafos acima as premissas de
que nos utilizaremos para dissertar a respeito deste novo
texto, o qual trata do fenômeno do transe
de Incorporação sob a perspectiva da relação
Médium/Guia Espiritual.
294
cérebro físico, o qual funciona como modulador destas
mesmas funções.
295
com um segundo Guia de suas correntes uma relação
mais estreita de parceria e afinidade.
296
processo de transformação íntima, como experiência
espiritual, a tão falada "evolução espiritual".
297
espirituais primevas (as irradiações), trazendo-as para o
tempo atual e reencaminhando-as para todos aqueles que
pertencem, ou pertenceram, às correntes Astral e
Mediúnica daquele templo.
298
está em seu patrimônio psicológico/espiritual, bem como
daquilo que é próprio do Outro com o qual relaciona-se,
também merecedor de apreciação e respeito.
299
A Ascensão da Consciência
300
Partindo das experiências do indivíduo ainda em
Educação Mediúnica, entendemos que a conjunção de
pensamentos e sensações parecerão assomar-se de
maneira confusa, causando insegurança e dúvidas várias.
Um sentido de “perturbação” poderá ser experimentado,
inclusive incidindo, de maneira mais ou menos
incômoda, em sintomas físicos e psíquicos, conforme já
tratado em artigos anteriores. Tal ocorrência verifica-se
por conta da abertura do canal de sensibilidade próprio ao
médium, o qual encontra-se ainda em “estado bruto”,
transitando da inconsciência à consciência. Aliás, adimos
que a grande maioria dos seres humanos transita em
estados mediúnicos mais ou menos acentuados,
entretanto, por conta destes ainda estarem situados numa
vivência inconsciente, embora o sujeito ressinta-se de
seus efeitos, seu comportamento apontar-se-á como
algo doentio e inquietante em determinados aspectos,
influenciando sua saúde física e emocional.
301
A apreensão dos registros e experiências que podem
integrar-se na consciência do médium, ao longo de sua
vivência mediúnica, é de caráter profundamente
particular e não pode ser explicada em sua totalidade
utilizando-nos da racionalidade e intelectualidade. Não
pode ser transmitida e abarcada por conceitos, conforme
nos diz Otto (2005), ao referir-se às experiências
religiosas profundas:
302
de "despertar" aquilo que está latente no inconsciente do
médium, mais especificamente na região "transmarginal",
como conceituaria William James, onde jazem todos os
conteúdos plenificadores e também aqueles de caráter
perturbador, próximos à consciência.
303
mentais de caráter profundo). Sempre as sensações
corporais acompanharão a vida mediúnica do indivíduo.
304
Primeiramente, por reconhecer-se como Espírito em
relações diversas com o mundo espiritual. De igual
forma, o médium também definirá sua pertença ritual,
onde terá "assentados" (firmados) os seus Orixás, Guias e
Protetores, com nomes, pontos e firmezas estabelecidos,
bem como verificar-se-á a sua identificação social, como
sujeito participante de uma coletividade específica (do
templo religioso, o terreiro), com cujos demais membros
este comungará e trocará irradiações (em sua coroa
mediúnica) colhendo em campo íntimo todo o Bem a
que se proponha doar de Si.
305
luz de sua condição divina, processo pelo qual
jornadeamos e lograremos conquistar no suceder de
várias vidas.
306
Visões do Transe de Possessão
307
O fenômeno do transe foi visto durante muito tempo
como um estado doentio e demoníaco. Na Idade Média
pessoas que praticavam o transe (mesmo aquelas que se
viam "tomadas" pelo fenômeno, de maneira involuntária)
eram vistas como praticantes de bruxaria, ritos pagãos
ou como estando sob possessão demoníaca e de espíritos
malignos, etc.
308
recentemente, na quarta edição do Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorder (DCM-IV),
aparecendo como Transtorno de Possessão, dentro do
grupo de Transtornos Dissociativos, trouxe uma
dimensão tendente a classificar os fenômenos de caráter
complexo, como os fenômenos de transe mediúnico,
como entidades nosológicas (denominação referente a
doenças).
309
Com Roger Bastide, René Ribeiro, Pierre Verger e
Octavio da Costa Eduardo, a prática do transe mediúnico
(também chamado de “transe místico”), passa a ter um
valor e uma função social, representando em si uma
“metáfora” cultural, pela qual expressariam-se os
sentidos de protesto de uma determinada coletividade
(composta em sua maioria por indivíduos marginalizados
ou oprimidos) em oposição a ordem social vigente.
310
extravasando-as em um regime controlado, exercendo,
portanto, um caráter regulador da vida psíquica.
Transeterapia, é a denominação cunhada por esse autor
para denominar o efeito da prática reguladora do transe.
311
O transe na umbanda não é nem estritamente
individual (como no kardecismo) nem propriamente
representação mítica (como no candomblé) ...(Barros).
312
fraternos, contribuiremos para que joguemos luz às
dúvidas que ainda cercam os fenômenos espirituais,
eliminando aos poucos de nossa sociedade o preconceito
e dando mostras do quão poderosas e profundas são
nossas Leis, nosso Saber e nossa Prática.
313
Desenvolvimento Mediúnico na
Umbanda
314
Aprofundaremos, então, nossos estudos enfocando a
perspectiva psicológica sob a qual dão-se as adaptações
das estruturas psíquicas do médium, de maneira a fazer
surgir a experiência simbólica das entidades, por meio do
transe, com o consequente atingimento da função
mediúnica, salvaguardando o eixo e o centro da
individualidade medianeira.
315
psíquicas envolvidas na elaboração dessa experiência
religiosa e a sua preponderante relação com o campo
subjetivo do adepto umbandista.
316
A realização da experiência mediunista obedece a um
processo de aprendizado a ser realizado pelo adepto, ao
longo de sua jornada espiritual. Este deverá passar por
vários momentos em seu aprendizado ritual, pelos quais
estará cada vez mais integrado a vida religiosa dentro de
seu terreiro. A presença frequente e interessada nos ritos
da casa, nas giras, garante ao médium o cabedal de
experiências que aos poucos guardará em sua memória,
aprofundando seu conhecimento e contato com os
fundamentos da casa, avançando os degraus de sua
iniciação e aprimorando sua sensibilidade psíquica.
317
mesma e ruma em direção a transcendência do ego, na
busca da libertação do ciclo kármico.
318
experienciador. Portanto, o fenômeno por si só não é
capaz de fornecer ao campo íntimo a possibilidade de
elevação do médium e daqueles que o buscam. Somente
quando ligada a uma concepção de vida bem elaborada,
pautada em princípios capazes de produzir benefícios
psicológicos para a vida é que a medianimidade poderá
operar a construção de valores duradouros, internos à
tradição umbandista na qual se manifeste, assim como a
orientação de cunho libertador, a qual não engana, não se
liga a interesses pessoais ou ao comércio espiritual,
visando primordialmente a alegria de servir e a conquista
de valores nobres para o engrandecimento de todos.
319
finalidade é a iluminação da consciência, por meio da
qual será possível viver a própria existência carregada de
expressões felizes e de momentos gratificadores. Logo,
desenvolvimento mediúnico não é um breve trecho da
história religiosa do adepto de Umbanda. É
aprimoramento e ampliação das possibilidades de
interação com a Vida, em quaisquer planos que esta se
apresente. Dessa forma, desenvolvimento mediúnico é
trabalho de evolução íntima que ao médium cabe
cumprir, do primeiro ao último passo de sua jornada
mediúnica.
Saravá!
320
Função Anímica e Mecanismos
Adaptativos
322
Entendamos a alma como sendo não identificada
diretamente com a consciência, a qual é composta por
duas partes, a saber, o consciente e o inconsciente; tão
pouco a alma identifica-se com as nossas emoções,
sentimentos ou processos psicofisiológicos que dão-se
em nosso organismo, em nosso cérebro; a alma é um
campo que vai para além do tempo e do espaço e une
todas estas partes (consciência, emoções, sentimentos,
sensações, corpo físico), em um todo maior e dotado de
identidade.
323
servem como comunicadoras da função anímica do
médium, denunciando seus estados de transe,
independente da intensidade na qual este ocorra. Imagens
psíquicas de caráter simbólico e pensamentos fugidios
também assomam ao consciente como sendo os primeiros
movimentos da alma do médium na tentativa do
intercâmbio espiritual.
324
simbologia dada ao imaginário umbandista, variando de
acordo com a tradição e a ritualística de cada terreiro.
325
amadurecimento emocional, por conta de uma construção
salutar e segura que realizou em seu processo de
"desenvolvimento mediúnico".
326
busca de conhecimentos sólidos em torno de nossa
religião de Umbanda, retirando-nos da condição de
marginalidade a que nos vemos colocados, muitas vezes
por falta de preparo e esclarecimento de nossos próprios
adeptos.
327
A Construção dos Papéis
Estruturantes
328
Isso porque, ao adentrar no universo imaginário próprio
da mística de Umbanda, sua percepção a respeito de si-
mesmo (pessoa) passará a identificar-se como sendo a de
um ser transpessoal, essencial, cuja sua origem está
atrelada a um Todo mais amplo, abstrato e integrador, o
Espírito Imortal, o qual, justamente por estar imerso em
um universo mais amplo do que este apreendido no sentir
e no observar da experiência psíquica imediata de objetos
e sensações da realidade física, tem em si a possibilidade
de interagir em diversas dimensões da vida, pois é sujeito
da experiência de sua própria individualidade, conquanto
também propagador de consciências outras que por seu
intermédio manifestam-se e fazem presentificar-se.
329
O médium em desenvolvimento deve, portanto,
constituir-se por um mecanismo de aprendizado, no qual
este recebe, por parte dos médiuns mais experientes e,
também, do babalorixá ou yalorixá da casa, uma atenção
destinada a adequar suas manifestações dentro destas
estruturas fundamentais do culto. Por isso, a conversa
alternada realizada pelos "orientadores" do médium em
seu processo de educação mediúnica, ora falando com a
entidade incorporada, ora com o próprio médium, de
maneira que se definam os papéis e se desperte no
medianeiro a fluência na expressão de seus estados de
transe.
330
Para ratificarmos nossas colocações expostas acima
(referentes à conjunção de processos psíquicos com
elementos socioculturais para a formação da experiência
religiosa-mediunista na Umbanda), em nossa intenção de
abordar a questão mediunista na Umbanda pelo viés
psicológico-cultural-espiritual, transcrevemos um trecho
do artigo científico de Zangari (2003):
331
[...] o desenvolvimento da função mediúnica
[...]atravessaria seis estágios ou processos específicos,
que atuariam de forma concomitante e independente:
332
médium exercitará seu sistema nervoso de modo a que
funcione de acordo com as crenças do grupo, agora
também crenças da médium, uma vez que ela também é
parte do grupo. (Zangari, 2003, p. 176)
333
no qual encontra-se. Há um sistema de estímulo-resposta
e de elaboração simbólico-ritual que alimenta a esfera
não-racional do psiquismo do médium, de maneira que
seu inconsciente torne-se preenchido e criativamente
ressignificado, na medida em que este vai se
assenhoreando da vivência dos ritos, das giras, das
preparações, dos trabalhos...
334
onde estão os sedimentos simbólicos, as arquetipias, e o
substrato da mundivivência realizada por cada um, como
Ser Espiritual, que comporão a expressão profunda do
intercâmbio com o mundo espiritual, pois "[...] o
inconsciente resume no psiquismo uma modalidade
múltipla da realidade, ao passo que o ego corresponde a
uma modalidade fixa e parcial do real”. (Lima, 1997)
335
da mente, pela qual o adepto aos poucos vai adentrando
ao entendimento de que ao ser acessado pelas Entidades
Astralizadas (Guias e Mentores de Luz), este estabelece
contato direto com a Divindade que por ele flui e irradia-
se, espalhando as bênçãos dos Orixás para o mundo
físico, onde por ora nos encontramos.
336
O Comando da Função
Mediúnica
338
espiritual e suas consequentes necessidades de expressão
pelo psiquismo de intermediação.
339
Quando o indivíduo, médium, não compreende essa
questão, suas comunicações e seus estados de transe
ocorrem da mesma forma, entretanto, como não há o
Comando da Função Mediúnica, este fica à mercê do que
os seus Guias e Protetores - ou entidades outras, caso
esteja em estado de perturbação espiritual - poderão
realizar pelo seu intermédio, apesar de sua ignorância.
340
por uma outra inteligência, com a qual comunga dessa
experiência espiritual.
341
Por fim, podemos dizer que, além do sentir a Vitalidade
Interior e um Estado de Completude, o Comando da
Faculdade Mediúnica, deve produzir um sentido de
utilidade prática para a vida do seu experienciador. E, o
que podemos esperar do "retorno" dessa viagem interior,
ao longo das práticas nos trabalhos espirituais de
Umbanda, é a Experiência saudável com o Real.
342
A Identificação do
Supraconsciente e a Expressão
Criativa
344
altruísta, a genialidade e os estados de contemplação,
iluminação e êxtase" (Tabone, 1988).
345
deveríamos dizer que das duas não-consciências,
consideradas em relação com a consciência lúcida de
superfície, a superconsciência se estende em
profundidade, nas zonas interiores, avança para Deus e
tende para a unificação com o todo, a que se chega pois,
por introspecção. A subconsciência, ao contrário,
estende-se em direção oposta, não sob, mas para o
exterior da superfície, é filha das experiências do mundo
exterior e nele é abandonada. O eu avança entre duas
zonas igualmente não lúcidas, mas sua progressão é
para o interior, sua evolução o afasta do subconsciente e
o leva para o superconsciente. Valores opostos: o
primeiro é um resíduo, o segundo, uma conquista; o
primeiro é uma zona inferior, de que nos distanciamos, e
uma escória que abandonamos; o segundo é uma zona
superior, de que nos aproximamos, não contém os
remanescentes da vida, ainda que no momento sejam
necessários, mas o futuro da vida. A passagem do
subconsciente ao superconsciente é uma expansão para o
interior, se assim podemos expressar-nos, uma expansão
em profundidade, em que o ser, aprofundando-se para o
centro, se eleva aos planos mais altos que lhe são a
aproximação. Nesse caminho, o eu é como um núcleo
que se enriquece, dilatando por estratificações suas
potencialidades, através das experiências da vida, que
são exatamente o agente revelador daquele mistério
íntimo em cuja profundeza está Deus (manifestação).
Assim, esse mistério é continuamente exteriorizado
naquele plano de consciência lúcida que, como se vê, e
uma consciência de trabalho e de transição, em marcha
do subconsciente ao superconsciente, cuja posição é
portanto relativa, assaz diversa de indivíduo para
346
indivíduo, segundo sua história e sua maturidade
evolutiva" (Ubaldi, 1983).
1. O Inconsciente Inferior
2. O Inconsciente Médio
4. O Campo da Consciência
6. O Self Superior
7. O Inconsciente Coletivo
347
permitir que haja o acesso a este campo de construção
interior, para que a produção medianímica possa ganhar
força emocional suficientemente capaz de impulsionar o
seu experimentador ao caminho da libertação do seu
próprio sofrimento e da autocura espiritual.
348
"consciente" são adjetivos, ou seja, condições
temporárias do fato psíquico" (Assagioli, 2009).
349
humanos, individuais ou sociais. Fazem-no
enquadrando-os em uma realidade mais ampla,
reduzindo-os a sua justa proporção, permitindo valorizá-
los de forma distinta e muito mais justa. De tal modo que
os problemas, ou já não nos preocupam mais e se
evaporam, ou aparecem em uma luz superior, de modo
que a solução é apresentada com clareza e concisão"
(Assagioli, 2009).
350
limitações a que todos estamos sujeitos, sem perder o
sentido existencial. Encontrar formas criativas para a
resolução ou, ao menos, o minimizar das agruras e
problemas é a chave para a conservação da saúde e a
garantia de encontrar-se sempre em sintonia com a
Aruanda Maior, a benefício de si-mesmo e de todos
aqueles que, mais que nós próprios, sofrem e necessitam
de solidariedade e compaixão. Estas virtudes, nada mais
são do que as bases da Caridade.
351
bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o
homem mau, do mau tesouro tira o mal. Porque, do que
está cheio o coração, disso é que fala a boca". (Lucas,
VI: 43-45)
352
Educação e Consciência
Mediúnica
354
mais amplas de estabelecer programas educativos,
saudáveis e felicitadores para a sua existência.
355
Assim é que, dentro dessa perspectiva de Educação, os
Centros Espíritas e os Terreiros têm modificado a
nomenclatura e a conceituação a respeito dos trabalhos
de Desenvolvimento Mediúnico, passando a tratá-lo
como Educação Mediúnica.
356
Estados Alterados de Consciência, buscando estudá-los e
compreendê-los em sua relação com a subjetividade
humana. Didaticamente, De Ropp classificou-os como:
357
qualquer conteúdo psicológico afligente,
atingindo a iluminação.
5. Consciência Cósmica: Dissolução de toda
contradição e a vinculação integral ao Logos
(Pensamento) Divino.
358
menor amplitude mental de que somos portadores,
verificaremos que:
359
Uma vez que o exercício de intercâmbio com o mundo
espiritual, em sua qualidade, dependerá do nível de
consciência em que o médium estagia, a prática regular e
equilibrada poderá fazer com que a faculdade mediúnica
sirva, como já vimos dizendo, como impulsionadora da
Ascensão Consciencial do médium, uma vez que este
pode, e deve, integrar-se aos conteúdos psíquicos novos e
superiores que são trazidos pelos Guias Espirituais,
introjetando-os em seu pensamento e comportamento,
para que tornem-se, por sua vez, cargas despertadoras de
seus próprios conteúdos, contribuindo para a sua
maturidade e individuação.
360
abrangente do que podemos entender como o
Desenvolvimento Mediúnico na Umbanda.
361
A Visão de um Adepto
O Processo de Ensino-Aprendizagem
na Umbanda
363
de um saber-fazer que só pode ocorrer na prática e na
experimentação direta e interessada nas giras, nos
trabalhos espirituais de toda e qualquer natureza que se
desenvolvem dentro do terreiro. Essa condição que é
dada ao filho-de-santo, a de “estar presente”, é que
colabora para a gradual construção de
uma “compreensão intuitiva” a respeito da realidade
espiritual e dos sentidos profundos que estão “velados”,
ocultos, nos trabalhos espirituais.
364
Falando da oralidade, quero dizer que a fluência do
ensino é transmitida da “boca ao ouvido”. Da boca do
Chefe de Terreiro ao ouvido do(s) médium(ns). Isso tem
uma força simbólica muito grande, pois ouvir
diretamente um conhecimento transmitido por aquele que
tem o papel reconhecido como o de Mestre, vai muito
além do que ler algo distante e descontextualizado
daquela tradição na qual o médium está inserido.
365
de crendices e práticas perigosas para a saúde
psiquiátrica das pessoas.
366
“boca a ouvido” entre Pai(Mãe)-de-Santo e Filho-de-
Santo...entre Mestre e discípulo.
367
de Apoio e Sustentação vibratória do ambiente, no qual
estão sendo desenvolvidos os trabalhos.
368
Médiuns Ostensivos (“médiuns de trabalho”, no dizer
popular, pode ser médium de incorporação, vidente,
psicógrafo, etc..a depender do tipo de trabalho);
369
Na Umbanda encontramos esse papel sendo
desenvolvido, dentro da corrente mediúnica da casa,
especificamente pelos Cambones e Ogãs/Curimbeiros.
Também os demais médiuns que não estejam em trabalho
em um momento qualquer também servem como um
Sustentador.
370
Vale lembrar também que todos os recursos humanos que
estão disponíveis no ambiente de trabalho são utilizados
pelos Mentores de Luz, seja a pessoa médium de trabalho
ou não. Eles se utilizam das emanações de energia
positiva que são geradas por cada pessoa, quando estas se
encontram envolvidas em pensamentos saudáveis, em
oração, etc. Com o passar do tempo, é até comum que
determinadas pessoas que antes só atuavam como
Sustentadores passem a ter afloradas em si, expressões
mediúnicas belas e ostensivas, direcionando-as para que
passem a também tornarem-se médiuns de trabalho.
371
suas irradiações possa ocorrer e assim também provocar
a manifestação mediúnica (incorporação, psicofonia,
psicografia, etc.).
372
podem manter-se em prece, mentalizando coisas boas
para também alimentar o trabalho dos demais.
373
o caminho que escolhemos, por vontade própria, trilhar
nessa jornada espiritual de evolução e busca de
iluminação para nós mesmos e para todos que nos
cercam. E devemos fazer isso vigiando constantemente,
em nossas vidas, as nossas palavras e atitudes. Tratando
especificamente do ambiente de trabalho espiritual, essa
atenção precisa ser redobrada, pois necessitamos ter uma
conversação digna e uma postura coerente com o local
em que nos encontramos, em respeito a todos que
compartilham do mesmo ambiente conosco e,
principalmente, em respeito àqueles que batem em nossas
portas em busca de alívio e socorro.
374
Sendo assim, o conjunto de experiências e atividades que
constituem o ensino religioso promovido dentro do
Templo, formam o manancial de sentidos que cada
frequentador deve encontrar para a sua própria jornada,
nos diferentes momentos de sua existência.
375
E o que isso quer dizer? Quer dizer que o frequentador
passa a ver o templo somente como um ponto de
expressão de seu sentimento religioso. Um lugar para
onde vai, junto com outras pessoas, viver experiências
que ele não percebe como tendo profunda participação no
restante de sua vida diária. Muitas vezes até, essa
vivência no templo pode tornar-se composta de intenções
particularistas e momentos absolutamente egoístas, pois
não há vínculos com sentidos mais amplos naquela
experiência.
376
O papel da Instituição Religiosa é, mais do que servir
como um lócus cultural para a expressão do religioso,
fornecer um conjunto de princípios norteadores para a
vida. E essa função inerente ao templo religioso só pode
ocorrer por meio da Educação.
377
manifestação de comportamento menos feliz ou
inadequada, sempre com tranquilidade, brandura e
educação, embora com austeridade.
378
O adepto deve, então, encontrar no templo religioso um
ambiente consolidado em princípios educativos, no qual
lhe seja possibilitado avançar de um ponto a outro em
suas questões existenciais e produzir modificações
interiores, sinalizadas por momentos simbólicos. A
passagem de um grau de iniciação a outro, por exemplo.
A amplitude de sua participação em atividades
específicas da casa. Por exemplo, existem Centros
Espíritas e Templos de Umbanda, nos quais não é
permitida a participação do trabalhador que traz
determinados hábitos (se fumante, se se alcooliza, se
alimenta-se mal) em trabalhos de saúde e cura. A
depender do comportamento manifesto do adepto (aqui,
dizendo mais especificamente em relação aos
trabalhadores da casa) e de como esse empreende a sua
modificação (ou não), o seu nível de acesso as atividades
e atribuições dentro templo, ficam mais ou menos
restritos.
379
proceder da mesma forma, mesmo que lhe faltem,
naquele momento, conquistas mais profundas neste
sentido. Seus hábitos ainda estão arraigados. Suas
expressões grosseiras e impulsivas ainda estão consigo.
Seus vícios ainda o inquietam. Mas, o ambiente não lhe
permite expressá-los, contribuindo para que se veja
induzido a ajustar-se a este novo meio, possivelmente,
lapidando essas arestas e, gradualmente, abrindo-lhe
espaço para novos hábitos, pensamentos e
comportamentos.
380
nunca impossível) que ela vá se melhorar, de maneira
significativa, a curto e, muito menos, a longo prazo.
381
fracasso no processo educativo, mesmo considerando-se
a possibilidade do livre-arbítrio de cada um.
382
Confessar amor a Jesus Cristo está íntima e
obrigatoriamente ligado em assumir uma vinculação
integral a uma proposta ética que lança o indivíduo a
um novo patamar de vida nos seus aspectos individual e
coletivo. Isso é muito diferente deste “Cristianismo
adocicado” (como dizem alguns teólogos) que mistura
frases do Evangelho, conceitos de auto-ajuda e de
empreendedorismo norte-americano, conforme andamos
vendo proliferar nos núcleos religiosos cristãos da nossa
sociedade.
383
outros. De outra forma, estaremos sempre em desacordo
com a Educação do Cristo.
384
Por isso é que a vivência no ambiente religioso deve
servir justamente para que estas expressões possam ser
objetivamente cerceadas (cortadas), dando a ideia clara
para o frequentador, principalmente se for um
trabalhador, de que aquela maneira de se portar, de
falar e até mesmo de se vestir não são bem-vindas, pelo
menos no ambiente interno à Instituição, cumprindo-lhe
adequar-se.
385
inadequadas e situações que desvirtuem a proposta
religiosa do templo.
386
A Ética do Filho-de-Santo
387
expectativas que esta pessoa possui em sua busca
espiritual.
388
frequenta, assim como os Guias e Mentores da Casa e os
irmãos-de-santo que lhe compartilham da vivência
religiosa. Fazer piadas e debochar do Mestre demonstra
uma personalidade infantil e ególatra, que se pretende ser
autossuficiente e substituir a figura do pai/mãe-de-santo
pela sua própria. Mostrar despeito e desconsideração para
com os ensinamentos e/ou advertências do líder religioso
é achar-se melhor capacitado e mais experiente do que
seu próprio mestre.
389
discussão pública dentro do terreiro. Porque muitas
vezes, as razões que levaram o líder religioso a tomar
determinadas posturas e medidas estão de acordo com a
visão que este possui na sua condição de líder e de pessoa
mais experiente, e que ainda escapa ao filho-de-santo
uma compreensão integral a respeito, justamente por sua
inexperiência. Sendo assim, na ética imposta ao filho-de-
santo, jamais este deve fazer da figura, das atitudes e das
palavras de seu pai/mãe-de-santo um motivo de piadas,
de deboches e de despeito, denotando completo
desrespeito para com seu líder religioso, assim como para
com a comunidade que o rodeia.
390
despesas do templo religioso, existem atividades
necessárias para o bom andamento da casa e que
demandam trabalhadores voluntários para a sua
realização, podendo o filho-de-santo integrar-se as
equipes de limpeza e organização da casa. Pois, quanto
mais pessoas interessadas e dispostas a ajudar, menos
sobra para um pequeno grupo de irmãos-de-terreiro que
acabam ficando sobrecarregados, apesar de sua boa-
vontade em ajudar sem enfado, nem reclamação.
391
com dificuldades no lar, desempregadas, vivendo dramas
os mais variados e inimagináveis. Elas merecem um
ambiente sereno e silencioso, onde podem orar e
encontrar paz interior, contando com pessoas (filhos-de-
santo) educadas, respeitosas e atenciosas? Ou merecem
ver pessoas como se estivessem num clube social, em
conversações despreocupadas, barulhentas, sobre coisas
que nada tem a ver com o ambiente religioso onde estão?
392
dentro de cada tradição umbandista, são eles que detém
as chaves da iniciação e a experiência construída antes de
nós, capazes de nos ligar ao Sagrado e nos orientar na
jornada espiritual dentro das Leis de Umbanda que
escolhemos seguir, por vontade própria, os quais
devemos honrar a todo momento, com nossa atitude de
respeito, carinho e, acima de tudo, com nossos exemplos
de retidão de conduta e melhoria como seres humanos
dentro e fora do terreiro.
Fraternalmente.
393
Conclusão
394
Nós, umbandistas, temos vindo empregando, há décadas,
muito tempo, palavras, livros, discursos, buscando
legitimizar nossos cultos, templos e “doutrinas”,
estabelecendo-os como sendo portadores de força
simbólica, vocação e identidade própria. Dedicamos
trabalho nesta seara para atender aos necessitados,
aflitos, doentes – e curiosos, até – que acorrem aos
nossos núcleos, o que decorre também na preocupação
em acolher e congregar fiéis (sem proselitismo, bem se
diga). Tudo isso culminando no crescimento e
consolidação da Umbanda como religião autêntica
dentro do cenário religioso brasileiro
395
aguçando o olhar reflexivo-analítico e deixando o
fascínio que toma conta de nossas percepções,
interpretações e discursos que, muitas das vezes, giram
sempre em torno de “lugares comuns” e conceitos
emprestados de outras crenças. É preciso centrar-se, em
momentos de meditação interior, e buscar a lucidez para
analisar sobre esse universo, abdicando da exaltação
dos sentidos que é provocada pelo contato fantástico
com esse mundo de energias e intuições característico da
Umbanda, a qual facilmente nos envolve em seus
encantos.
396
Onde está o teu propósito de vida?
Saravá!
398
Sobre o Autor
399
intermédio destes Guias e Protetores que, até então,
permaneciam ocultos, embora os sentisse mui
claramente, à minha consciência. Tornei-me umbandista.
400
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